O Serviço Social no Rio de Janeiro e a Sistematização da Atividade Social
A formação técnica especializada para a prática da assistência surge no Rio de Janeiro
de variadas iniciativas. O Rio de Janeiro naquele período concentrava-se os centros econômicos e políticos do país, contando com um proletariado numeroso e onde desenvolveram a infra-estrutura de serviços básicos dentre eles, os assistenciais com forte participação do Estado. Mesmo com a diversidade de iniciativas, verifica-se uma participação mais intensa das instituições públicas, seja através de Juízo de Menores ou através de personalidades ligadas aos órgãos públicos de assistência médica, sanitária e social com apoio da administração federal, cúpula da hierárquica da Igreja e movimento Católico Laico. Em 1936 ocorre a Primeira Semana de Ação Social do Rio de Janeiro considerada como marco para a introdução do Serviço Social, na capital da República, sua formação e origem do movimento laico, tem como objetivo dinamizar a Ação Social e o apostolado laico. A Ação Social tem o patrocínio da Sra. Darcy Vargas, representantes dos três poderes, do exército e de diretores de departamentos, juntamente com senhoras da alta sociedade. Nesse momento a Igreja recomenda a tutela estatal para a classe operária e reclama da necessidade de liberdade de ação para o desenvolvimento de sua ação social e subsidio do Estado, já o Governo reafirmará o principio da cooperação, uma sistematização da atividade social, onde sua intervenção é complementada pela Igreja, atuando ambos solidariamente, ou seja, a igreja, classes altas e Estados para reerguimento da classe trabalhadora. Nessa Semana de Ação Social têm-se duas realizações: a Associação Lar proletário destinado à construção de habitações populares com apoio do sistema financeiro oficial, terá em sua presidência, a Sra. Darcy Vargas e o Instituto de Educação Familiar e Social que permanece no campo das iniciativas mais restritas a própria ação Católica, mas com apoio de governo. O centro do debate será a falta de formação doutrinária e técnica, bem como a sua pouca eficiência social. A necessidade de formação técnica especializada para a prática da assistência é vista não apenas como uma necessidade do movimento laico, mas pelo Estado e o empresariado. A visão da possibilidade de profissionalização do Apostolado Social é dada de forma sutil na medida em que se encarece a necessidade de colaboradores para as obras particulares e prevêem a demanda de pessoal permanente para as instituições oficiais e patronais. Outra iniciativa para a formação de pessoas especializadas na assistência parte de um setor especifico da assistência Pública, o Juízo de Menores, com apoio a nível federal. Em 1936 é realizado o primeiro curso intensivo de Serviço Social com duração de três meses, com ênfase para o problema da infância abandonada, paralelamente realizou-se um curso prático onde foram requisitadas as duas primeiras assistentes sociais paulistas recém-formadas na Bélgica, em 1938 começa a funcionar sob orientação leiga o curso regular de Escola Técnica de Serviço Social. Finalmente em 1940 é introduzido o Curso de Preparação em Trabalho Social na Escola de Enfermagem Ana Nery que dará origem a Escola de Serviço Social da Universidade do Brasil, sendo de pouco significado devido a diversos fatores, dentre eles a Segunda Guerra Mundial, no entanto é a primeira iniciativa do governo federal para formação de Assistentes Sociais. Na década de 40 surgem diversas escolas de Serviço Social nas capitais dos Estados, em 1947 ocorre o I Congresso Brasileiro de Serviço Social, a maioria se formará sob influência Católica, e contará com apoio financeiro da Legião Brasileira de Assistência. Ainda em 1947 é observado que as escolas ainda estão em estado embrionário sendo que apenas a de Pernambuco havia alcançado a formação de sua primeira turma com apenas uma diplomada. A existência de Assistentes Sociais diplomadas se limitará por um longo período no Rio de Janeiro e São Paulo. Até o fim da década de 40 será um pouco superior a 300 concentrando-se na cidade de São Paulo e no Distrito Federal, em sua maioria mulheres.