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Hamanda Machado de Meneses Fontenele

DO TRABALHO FORÇADO AO ANÁ-


LOGO À ESCRAVIDÃO: reflexões sobre
as condições de trabalho no ciclo da cera de
carnaúba no Piauí (1930-1990)
Hamanda Machado de Meneses Fontenele1

Resumo
A presente pesquisa é desdobramento de uma pesquisa do Programa de Bolsas de
Iniciação Científica - PIBIC. O trabalho escravo no ciclo da cera de carnaúba cons-
titui-se como um problema que ganhou visibilidade após sucessivas denúncias ao
Ministério Público do Trabalho no Piauí. Data da década de 1930 a criação dos
primeiros aparatos legislativos de regulamentação do trabalho, paralelo a essa or-
ganização, destaca-se no Piauí o vulto econômico da produção cera de carnaúba.
Assim objetivamos compreender a aplicação da legislação na cadeia produtiva
através do paralelo entre a literatura sobre o ciclo produtivo da carnaúba e as do-
cumentações encontradas nos arquivos digitais, públicos e por meio de fontes orais,
para constatar que o trabalho escravo, nessa cadeia produtiva caracteriza-se como
contínuo, ocorrendo quando o sujeito perde direitos concedidos pela legislação ela-
borada e aplicada pelo Estado.
26 Palavras-Chave: trabalho; escravidão; carnaúba.

Abstract
The present research is the result of a research of the Program of Scientific Initia-
tion Grants - PIBIC. The slave labor in the carnauba wax cycle constitutes a pro-
blem that gained visibility after successive denunciations to the Public Ministry of
Labor in Piauí. In the 1930s, the creation of the first legislative machinery for labor
regulation, parallel to this organization, stands out in Piauí the economic value of
the production of carnauba wax. Thus we aim to understand the application of le-
gislation in the production chain through the parallel between the literature on the
production cycle of the carnauba and the documentation found in the digital files,
public and through oral sources, to verify that the slave labor, in this productive
chain, is considered to be continuous, occurring when the subject loses rights gran-
ted by the legislation elaborated and applied by the State.
Keywords: work; slavery; carnauba.

1
Graduanda do curso de Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual do Piauí - UESPI.
Email: hamandafontenele@gmail.com

ISSN 2447-7354
Revista Piauiense de História Social e do Trabalho. Ano III, n. 05. Julho-Dezembro de 2017. Parnaíba-PI

Introdução ples figurantes, força sua entrada em


O trabalho degradante caracteriza-se cena.” Assim, pretendemos também
como uma prática continuada que per- analisar os sujeitos marginais envolvi-
petua-se da antiguidade aos dias atuais, dos nesse contexto, a partir de suas vi-
embora com características que tendem vências na prática da produção da cera
a diferenciar a prática ao longo do tem- de carnaúba, sob a ótica da História
po. Assim, o trabalho degradante, prin- Social, partindo do pressuposto de que
cipalmente no meio rural piauiense vem seria insustentável conceber a Lei Áurea
ganhando amplo espaço de debates nos como ponto final da prática escravocra-
órgãos de manutenção do trabalho co- ta. Nesse sentido, os sujeitos da força de
mo o Ministério Público do Trabalho, trabalho serão analisados através da
uma vez que os flagrantes de trabalho “experiência vivida” pensada por
degradante na cadeia produtiva da cera Edward Thompson (1981), ou seja, não
de carnaúba vem se tornando algo fre- somente do ponto de vista econômico,
quente. Essas denúncias atuais possibili- mas da reação dos sujeitos a um sistema
tou-nos questionar as condições da mão produtivo conforme sua cultura constru-
de obra na produção da cera de carnaú- ída a partir da vivência em sociedade.
ba no Piauí no século XX, devido prin- Para isso, foi de suma importância a
cipalmente ao fato de que constitui-se coleta de fontes em arquivos públicos e
como momento de ampla discussão digitais, bem como a Hemeroteca Digi-
sobre trabalho e trabalhadores, levando tal, o Arquivo Público do Piauí - Casa
o Brasil a tornar-se signatário de diver- Anísio Brito, o Instituto Brasileiro de
sos tratados internacionais1 que implica- Geografia e Estatística - IBGE entre
ram diretamente na inserção do Brasil outros. Além do conhecimento da lite- 27
na OIT - Organização Internacional do ratura sobre a temática, pois conforme
Trabalho, corroborando também para assinala Umberto Eco (Eco, 1932 p.77)
implantação de órgãos e legislações que “fazer uma bibliografia significa procu-
regulamentam as condições de trabalho, rar aquilo de que não se conhece ainda
paralelo a formulação desse aparato a existência”, tal afirmativa coincide
legislativo, a cera de carnaúba começa a com a escolha do objeto de pesquisa,
se destacar no cenário econômico pi- uma vez que a literatura apresenta a
auiense, recebendo uma ampla mão de cadeia produtiva da cera de carnaúba
obra invisibilizada nos discursos histo- sob um viés economicista, omitindo os
riográficos e oficiais. sujeitos, o que possibilitou hesitações no
Conforme assinala Edward Thomp- que discorre sobre a economia através
son (Thompson, 2001, p.24), “à medida dos atores sociais que a compõe, pois
em que alguns atores principais da his- conforme assinala Edward Thompson
tória – políticos, pensadores, empresá- (Thompson, 1981, p.398) “não são as
rios, generais – retiram-se da nossa estruturas que constroem a história; são
atenção, um imenso elenco de suporte, as pessoas carregadas de experiências”.
que supúnhamos ser composto de sim- Ademais, as fontes orais também foram
de irrevogável importância para essa
1
Tratados internacionais de proteção aos direitos pesquisa, pois o objeto de pesquisa pas-
humanos: Declaração dos Direitos Humanos sa a ser narrado a partir das palavras de
(1948); a Convenção de Genebra sobre a escrava- quem vivenciou a experiência e se pron-
tura (1926) e a Convenção Suplementar sobre a tifica a narrar suas subjetividades sobre
Abolição da escravatura (1956); a Convenção N° tal, apresentando-nos perspectivas não
29 e N° 105 da OIT sobre trabalho forçado; e etc. inclusas em fontes arquivísticas. Sobre o

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uso das fontes orais, Alessandro Portelli vidão que se mantinham na sociedade
nos diz que: desde o final do século XIX2, nesse con-
texto, começou a vigorar a Consolida-
Fontes orais contam-nos não apenas o que o povo ção das Leis Trabalhistas, o Ministério
fez, mas o que queria fazer, o que acreditava está do Trabalho, Indústria e Comércio em
fazendo e o que agora pensa que fez. Fontes orais 1930 e da Justiça do Trabalho em 1934
podem não adicionar muito ao que sabemos, por em busca de fiscalizar e amparar a rela-
exemplo, ao custo material de uma greve para os ção trabalho-capital. Com isso, Ângela
trabalhadores envolvidos; mas contam-nos bas-
de Castro Gomes (Gomes 1982 p.151)
tante sobre os seus custos psicológicos. (POR-
TELLI, 1997, p.31) afirma que “os anos 1930 e 1940 são
verdadeiramente revolucionários no que
Compreendendo as objeções que di- diz respeito ao encaminhamento da
recionaram a elaboração desse estudo, é questão do trabalho no Brasil”.
preciso também compreender o contex-
to histórico a qual se insere. Trata-se Do trabalho escravo
inicialmente a primeira metade do sécu- ao trabalho análogo à escravidão
lo XX, momento em que o Brasil viven- Ao tratar dessa temática, é preciso
ciava uma efervescência política e eco- considerar e perceber a singularidade de
nômica em decorrência das eleições cada contexto, pois há um espaço entre
republicanas, bem como o surgimento a experiência vivida e a experiência nar-
de novos ideais políticos voltados espe- rada que permite-se alterar com as no-
cialmente para o âmbito do trabalho e vas concepções que o tempo apresenta,
28 dos trabalhadores. Segundo Nascimen-
to, (1994, p12-13 apud Pereira, 2015,
nesse sentido Edward P. Thompson
(Thompson, 1981, p.17) afirma que
p.50) “no Piauí esse movimento foi “frente a essas experiências, velhos sis-
marcado pela derrota dos “coronéis” temas conceituais podem desmoronar e
donos de latifúndios e pela vitória de novas problemáticas podem insistir em
um grupo que tinha suas atividades impor presença”. Assim, quando fala-se
mais ligadas ao comércio”. No Piauí, a sobre escravidão, tende-se a remeter a
primeira metade do século XX ficou discussões abolicionistas do século XIX,
marcado economicamente pelo declínio porém a abolição da escravidão é deri-
da pecuária e destaque dos ciclos extra- vado de um processo que advém do fi-
tivistas, principalmente da cera de car- nal do século XIX, voltado para uma
naúba, mas também de babaçu, algo- conjuntura de leis que propunham o fim
dão, maniçoba entre outros. Nesse sen- da escravidão negra e caracteriza-se
tido, a produção e exportação represen- como marco inicial no Brasil para liber-
tavam prosperidade para a receita esta- dade no que diz respeito ao trabalho.
dual, ainda que o referido momento No entanto a mentalidade escravocrata
fosse de corte orçamentário em decor- e de cerceamento da liberdade individu-
rência da crise derivada pela Segunda al permeiam nos dias atuais, nesse caso,
Grande Guerra (PIAUÍ, 1938, p.15).
No âmbito da política nacional, Ge- 2
A escravidão contemporânea analisada aqui é
túlio Vargas assumiu a presidência na- diferente da escravidão que se processava antes
cional através de um governo provisório da assinatura da Lei Áurea. Esta primeira não é
estendido de 1930 a 1934 a qual iniciou- caracterizada pela perda da liberdade, isto é, por
se a estruturação de um Novo Estado, ser propriedade, mas sim, pela perda dos direitos
de cidadania e não só de direitos sociais do traba-
onde tornaram-se vigentes políticas que lho (GOMES, 2012).
objetivavam apagar os traços de escra-

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a prática se reinventa e recebe o concei- No Brasil essa terminologia foi subs-


to de escravidão contemporânea ou tra- tituída pelo “trabalho análogo à escra-
balho análogo à escravidão, pois o pon- vidão” com intuito de causar o impacto
to central dessa prática volta-se para da escravidão moderna (séc. XVI-XIX)
tentativa de transgressão de direitos co- como prática com sutis continuidades
muns a todos sujeitos inseridos no mer- históricas. Nessa analogia, o trabalho
cado de trabalho. degradante tende a ofender a dignidade,
É nesse sentido que os conceitos se humilhar, desconsiderar a humanidade,
renovam, pois ao analisarmos o pano- ofender a honra e pôr em risco a inte-
rama histórico da humanidade, perce- gridade do trabalhador. Com isso, tra-
bemos que a escravidão é uma prática tados internacionais foram base para
que permanece imbricado em todos os intervenção internacional no plano de
espaços sociais e se perpetua como con- erradicação do trabalho escravo no Bra-
tinuidade histórica. Desse modo, a es- sil, a exemplo o Tratado de Genebra
cravidão ganha novo significado tanto sobre a escravatura de 1926 e a declara-
enquanto conceito, como em prática, ção de Direitos Humanos de 1948.
configurando-se e reconfigurando-se A OIT3 foi criada em 1919, como
como um mal de raízes extensas e sóli- parte do Tratado de Versalhes, que pôs
das e também, grande mácula da biogra- fim à Primeira Guerra Mundial, sendo
fia humana. As bases bibliográficas que responsável pela formulação e aplicação
discorrem sobre a temática nos apresen- das convenções e recomendações inter-
ta uma pluralidade de conceitos e for- nacionais do trabalho. Nesse sentido,
mas de escravidão que translada da an- desempenhou um papel importante na
tiguidade ao tempo presente em todos definição das legislações trabalhistas e 29
os continentes. O que a classifica e atri- na elaboração de políticas econômicas e
bui conceitos que tornam práticas dife- sociais durante boa parte do século XX.
rentes, são as leis, símbolos e indivíduos Em 1950 a OIT se instala no Brasil, que
que a analisam. por sua vez se auto reconhece internaci-
Nesse sentido, Ângela de Castro onalmente como um país escravocrata.
Gomes (2012) nos atém ao fato de que o Com isso, o país firmou o compromisso
século XX foi marcado por um fenôme- de promoção do trabalho decente atra-
no identificado como “trabalho forçado”, vés de convenções, decretos e artigos de
terminologia adotada pela OIT - Orga- leis voltados para o melhor desempenho
nização Internacional do Trabalho para das condições de trabalho
designar as convenções de 1920. Sobre O crescimento desse fenômeno nas
essa terminologia, Cristiana Rocha sociedades e na economia do século XX
afirma que: foi acompanhado da atenção da OIT e
de inúmeras organizações não gover-
O trabalho forçado, referia-se às formas de explo- namentais, especialmente no período
ração impostas por um Estado em época de neo- compreendido entre as duas guerras
colonialismo, em regiões de pequeno desenvolvi- mundiais, devido a massiva imposição
mento industrial, portanto algo distinto do que do trabalho forçado em campos de con-
são as novas formas de trabalho compulsório
identificadas nas últimas décadas do séc. XX, 3
que no caso específico do Brasil, ganhou denomi- Essa instituição tem o papel de promover o “tra-
balho decente” com objetivos voltados para liber-
nação de trabalho análogo à escravidão. (RO-
dade sindical, abolição do trabalho forçado e
CHA, 2015, p.18)
infantil, a proteção social bem como a promoção
de emprego de qualidade.

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centração motivado por conflitos de lho no Piauí, porém no ano de 1934 foi
gênero político e ideológico. São exem- implantado o Serviço de Identificação
plos desses campos, os gulags soviéticos Profissional pelo decreto-lei n. 21.175 a
espalhados na Sibéria e na Ucrânia, os qual o encarregado foi Luiz Gonzaga
campos de concentração Nazista na Menezes. Segundo informações do Cen-
Alemanha, Áustria e Polônia, o campo tenário da Parnaíba:
conhecido como Villa Grimaldi na Amé-
rica do Sul, Crystal City localizado na Em setembro de 1939, esteve em Parnaíba (umas
América do Norte, entre outros espa- das principais cidades produtoras de cera de car-
lhados pelo Globo. naúba) o Dr. Ubirajara Índio do Ceará, então
Segundo Norberto Ferreras (Ferreras, Delegado Regional do Trabalho, no Piauí. Teve
a oportunidade de verificar a vida dos parnaiba-
2016, p.496) ‘para a OIT a escravidão
nos, nos seus múltiplos aspectos do trabalho, e
significava uma forma extrema de de- compreendeu a necessidade da criação de um
gradação do ser humano, e portanto, Posto Permanente de Fiscalização do M.T.I.C.
não dizia respeito às suas condições, (O Livro do centenário da Parnaíba, p. 241)
vinculadas ao trabalho legal”. Desse
modo, o que estava em análise não era à Esse relato nos leva a questionar so-
liberdade, mas sim o trabalho, de modo bre o que foi visto pelo então Delegado
que o indivíduo é analisado através do Regional do Trabalho, principalmente
prisma da liberdade, ou seja, da capaci- os “múltiplos aspectos” levados em
dade de venda da força de trabalho e consideração para implantação de um
não da posse, isto é, do indivíduo en- posto fiscal permanente, pois sabe-se do
quanto propriedade de outro.
30 Em teoria, o trabalhador brasileiro
contraste entre a vida de trabalhadores e
empregados tanto no tempo presente
encontra-se amparado por uma legisla- quanto em décadas passadas sobre isso,
ção que objetiva a proteção da dignida- é inegável a nitidez do fato. Não obstan-
de humana. Esses sujeitos também en- te, somente no ano de 1952 foram insta-
contram-se salvaguardados pela Decla- lados três postos de fiscalização nas ci-
ração Universal dos Direitos Humanos dades de Parnaíba, Campo Maior e Flo-
(1948) a qual dispõe que “todos os ho- riano - até então, as grandes produtoras
mens nascem livres e iguais em dignidade e de cera - visando principalmente a higi-
direitos” e reafirma o princípio a qual ene e segurança do trabalho. (CARIRI,
“ninguém será mantido em escravidão ou 1952). Outro questionamento diz respei-
servidão”. Para além disso, houve a im- to a ação dos postos de trabalho, uma
plantação do Ministério do Trabalho, vez que ainda estava em estado inicial
uma das primeiras medidas trabalhistas de organização e trabalho.
implantada no Brasil no Estado Novo. Em contrariedade aos trabalhadores
Juntamente a esse órgão, foi implantada urbanos que passaram a ser alvo de todo
a Justiça do Trabalho, criada em 1934 aparelhamento legislativo e trabalhista
em decorrência do artigo n°122 da na década de 1930, os trabalhadores
Constituição de 1934, objetivando jul- rurais somente passaram a ser ampara-
gar e conciliar os conflitos surgidos, in- dos legalmente a partir da década de
dividual ou coletivamente, entre empre- 1960, sob a presidência de João Goulart
gados e empregadores, bem como (1961-1964), que junto ao Parlamento
quaisquer controvérsias surgidas no legitimou a lei n°4.214, denominada
âmbito das relações de trabalho. Estatuto do Trabalhador Rural, que dis-
Em 1935 inicia-se a organização do põe de forma sistemática sobre condi-
serviço regular do Ministério do Traba- ções políticas e econômicas do contrato

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do trabalhador rural. Esse Estatuto foi carnaúba se deu durante a década de


revogada pela Lei n° 5.889 de 8 de ju- 1930 e seu declínio em 1950, ainda as-
nho de 1973 ao estender as disposições sim, sua produção e exportação se es-
da Consolidação das Leis Trabalhistas tende até os dias atuais, em menores
(CLT) aos trabalhadores rurais. proporções e significação para a receita
Contudo, na prática, todas essas me- devido a grande concentração de renda.
didas de organização trabalhistas não Como afirma Oscar D’Alva (D’alva,
foram suficientes para erradicar focos de 2004, p.20) “de carnaubais esquecidos e
exploração da mão de obra principal- trabalhadores miseráveis, a cera vai ao
mente no meio rural. Com isso, o Brasil mundo globalizado para virar chip no
firmou compromisso com a Organiza- computador de última geração e batom
ção Internacional do Trabalho – OIT, de marca sofisticada em bocas elegan-
para erradicação total dessa forma de tes”.
trabalho, adotando para esse fim a Con- Inicialmente a produção da cera foi
venção n° 29, vigente no Brasil desde empregada para fabricação de velas,
1958, denominada “Convenção sobre Tra- porém, sua utilização posteriormente foi
balho Forçado de 1930” e discorre sobre empregada na produção de graxa, ver-
obrigatoriedade dos serviços, carga ho- nizes, encerados, isolantes para cabos
rária, pagamento e condições do traba- elétricos e etc., todavia, sua maior nota-
lho, além de estabelecer pena para o não bilidade deu-se na extração de ácido
cumprimento das normas da lei. Para pícrico para feitio de pólvora na Primei-
reafirmar a causa, em 1965 o Brasil ado- ra Grande Guerra. Em relatório do go-
ta a convenção n° 105 que proíbe sob verno de Leônidas de Castro Melo (PI-
pena de multa, toda forma de trabalho AUÍ, s/d) descreve-se que “muitas são 31
obrigatório por meio de opressão ou as aplicações desse produto, sobretudo
coerção. Segundo Ângela Maria de Cas- na indústria bélica – o que explica sua
tro Gomes (Gomes, 2012) o ponto de incessante procura na atual emergência,
partida identificado para as investiga- ou seja, durante o período de guerra”.
ções data da década de 1970, onde já se O Piauí representava também o mai-
tem uma base estabelecida para o de- or exportador do gênero em território
senvolvimento investigativo. brasileiro, superando o Ceará e o Rio
Grande do Norte. Os dados estatísticos
A cera de carnaúba históricos do Piauí (Piauí, p.74, 1935) de
Paralelo ao aparato legislativo que 1935 acusa que “os seis municípios pi-
nasce na primeira metade do século XX, auienses produtores de cera de carnaúba
encontra-se o desenvolvimento econô- eram Campo Maior, Piracuruca, Flori-
mico da cera de carnaúba no Piauí. ano, Oeiras, Pedro II e Castelo do Pi-
Como afirma Teresinha Queiroz (Quei- auí, excetuando Parnaíba, que além de
roz, 1998, p.47) “dentre as atividades entreposto comercial, também constitui-
extrativistas desenvolvidas no Piauí, se como cidade produtora” e os princi-
esta foi a que provocou efeitos mais sig- pais países compradores da cera de car-
nificativos sobre a estrutura econômico- naúba piauiense eram Estados Unidos,
social” e segue afirmando que “as modi- Alemanha, França, Holanda, Bélgica e
ficações apenas esboçadas na região da Itália. Como consta no Almanaque da
borracha ganharam toda sua expressão Parnaíba (Parnaíba, 1929, p.37) “do
nas áreas em que houve predomínio da valor da cera de carnaúba, cuja aplica-
cera de carnaúba” (QUEIROZ, 1998, ção cada dia se torna mais desenvolvida
p.47). O auge da produção de cera de em novas indústrias, é índice flagrante o

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interesse que o Europeu e o Norte Ame- pontos iniciais voltado para as finanças
ricano tomam em adquiri-la”. no governo de Leônidas de Castro Melo
Segundo Carlos Eugênio Porto (Por- estava voltado para estimulação da ri-
to, 1974 p.114) “a riqueza dos carnaú- queza para o desenvolvimento da pro-
bas gerou uma multiformidade na estru- dução no Estado. Com isso, o governo
tura econômica do Estado e desequilí- do Estado vinha se empenhando pelo
brio na uniformidade nos padrões soci- plantio e cultivo racional da carnaubei-
ais piauiense”, pois o valor obtido na ra, sendo já apreciáveis os resultados
comercialização da cera da carnaúba alcançados em alguns municípios na
trouxe para a sociedade uma nova clas- década de 1940.
se de ricos que reverteram suas riquezas Devido a seu incentivo às riquezas
em automóveis de luxo e objetos luxuo- estaduais apresentados pelo então inter-
sos e de pouca utilidade. O autor ainda ventor federal Leônidas de Castro Melo,
destaca que essa “nova classe de ricos” a exportação da cera de carnaúba se
é diminuta em relação ao povo, que em sobressaiu nacionalmente. Sua assistên-
sua maioria, não teve ganho significati- cia voltava-se principalmente aos produ-
vo. Porto (Porto, 1974, p.113) segue tores e a melhoramento das vias de
afirmando que “por volta da década de transporte para escoamento da produ-
1940, os trabalhadores eram remunera- ção, através de uma crescente malha
dos por três arrobas com o vencimento rodoviária e ativação do porto de Amar-
de 15 a 20 cruzeiros, sendo Inegavel- ração, bem como utilização do porto de
mente barata”. Passados mais de meio Tutóia no Maranhão, que no mais tar-
século, só recentemente os trabalhado- dar, trouxe conflitos para exportação
32 res tiveram seus direitos trabalhistas devido aos altos preços alfandegários.
reconhecidos, com a assinatura da car- Nesse momento, a produção da cera
teira de trabalho temporária e diversos da carnaúba foi a maior conhecida,
direitos que acompanha. Atualmente os atingindo o total de 4.500.000 kg. Rea-
trabalhadores ganham por quinzena ou firmando a valiosidade da cera de car-
semana, esses, em sua maioria depen- naúba para o Piauí Renato Castelo
dem primariamente do plantio de roça e Branco (Castelo Branco, 1970, p.127)
de auxílios do Governo, devido ao fato salienta que “para enfatizar a importân-
que a produção da cera é sazonal. Vale cia da carnaúba, basta dizer que em
ressaltar que essas roças costumam ser 1940, a exportação de sua cera ocupou
plantadas em terrenos arrendados, pois o sexto lugar nas estatísticas nacionais”.
maioria dos trabalhadores não possuem Esses fatores nos leva a refletir sobre a
terras para plantio. proporção de trabalho relativo a produ-
Tal prosperidade econômica é vista ção, entendendo que se a produção
nas mensagens de governo do Interven- atingiu picos até então desconhecidos,
tor federal Leônidas de Castro Melo subentende-se, por consequência, que
(1935-1943) a Getúlio Vargas, onde houve um grande número de mão de
sempre é ressaltada a prosperidade do obra envolvida na atividade. Contingen-
Estado, bem como a multiplicação da te este, costumeiramente escondido pe-
receita. O desempenho favorável das los números de estatísticas econômicas,
exportações dos produtos extrativistas uma vez que números não são capazes
do Estado coincidiu com o governo ge- de revelar por si só uma condição geral
tulista, sendo atribuído aos métodos do do panorama que se deseja apresentar.
Estado a responsabilidade pelo alto ín-
dice de exportação da matéria. Um dos

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através da circularidade cultural e das


Trabalho e trabalhadores na cadeia produ- subjetividades individuais e não por um
tiva da cera de carnaúba coletivo adotado pelo marxismo orto-
Ocorre que a literatura pouco fala doxo.
sobre a classe trabalhadora dos carnau- Analisando a mão de obra formadora
bais, o que ainda é possível encontrar da classe extrativista e o modus operandi
são as divisões da mão de obra. Isso é da produção, nota-se pouca diferença na
justificado pela própria historiografia do experiência vivida e narrada, que por
século XX, construída com base em consequência nos leva a refletir sobre o
fontes oficiais, e que nesse caso, encon- distanciamento pela qual perpassa as
tram-se mais empenhadas em discutir a ações trabalhistas e o nível de informa-
prosperidade do Estado e ocultar as mi- ções nos lugares mais carentes do país.
sérias inclusas no meio social. Partindo Narrando sua trajetória nos carnaubais,
dessa historiografia tradicional forma- o senhor Valdinar Oliveira (58 anos),
dora da narrativa acerca do extrativis- natural do povoado Brandão, localizado
mo, percebe-se que a análise historiográ- no município de Luís Correia, no Piauí
fica das principais atividades extrativas afirma ter trabalhado em carnaubais a
brasileiras são realizadas em “ciclos”, mais de 15 anos junto a seu pai, local
isto é, sob uma perspectiva teleológica, onde também iniciou sua família e so-
à exemplo o ciclo do pau brasil, das bretudo, dentro dos anos vivenciados
drogas do sertão, da borracha e até em carnaubais, segue afirmando que
mesmo da cera de carnaúba. Em outras poucas coisas sofreram alteração ao
longo dos anos. Edward Thompson as-
palavras, o interesse do estudioso parte
do momento de efervescência econômi- sinala que: 33
ca, e após o final do ciclo, passa a ser
vista como resquício da história. Entre- A experiência passa a ser entendida como
tanto, as análises contemporâneas mos- sentimento, como parte da vida cotidiana,
tram que ainda há muito a ser explora- que é Incorporada na cultura em seu sentido
do nas narrativas históricas do meio mais concreto: normas criadas, obrigações
econômico em questão, seja o trabalho, familiares e de parentesco, organização da
a cultura, ou a própria mentalidade da- vida urbana ou rural. Passa a constituir um
queles que o fazem. conjunto de valores que atuam impercepti-
Nesse sentido, ao nos despir do tradi- velmente nos meandros da vida inteira dos
cionalismo historiográfico, percebemos indivíduos e das classes assim constituídas.
que classe de trabalhadores extrativistas (THOMPSON,1981, p. 126)
é formada por sujeitos históricos dentro
de um tempo e de um espaço, que atu- Nesse sentido, a conjuntura de traba-
almente vivenciam formas de trabalho lho, também passa a confundir-se com a
que por vezes se distinguem de experi- situação familiar do trabalhador. Outra
ências narradas em décadas passadas questão importante a ser ressaltada diz
através da historiografia. Edward P. respeito a exploração da mão de obra
Thompson (Thompson, 1981, p.406) dos trabalhadores, pois ao tornar-se par-
conceitua a classe como “resultado das te do cotidiano, o trabalho escravo pas-
experiências comuns de homens que sa a ser naturalizado no meio social des-
sentem e articulam a identidade de seus ses trabalhadores, que por décadas tra-
interesses entre si, e contra outros ho- balharam em condições sub-humanas,
mens cujos interesses diferem dos seus”. sem conhecer o aparato legislativo que
Assim, a classe passa a ser analisada lhes garante direitos e deveres. Devido a

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essa naturalização, o conhecimento das Quanto às etapas de produção, na


salas de aula costumeiramente ficou primeira etapa de retirada da palha, rea-
para segundo plano para muitos jovens lizada pelo vareiro munido de foice e
habitantes dos interiores do país, pois o escada, ocorre o corte da palha. Em
trabalho braçal tomava o posto princi- seguida, o apanhador conduz a palha
pal. Atualmente, o desejo dos pais tra- até o meio de transporte, que geralmen-
balhadores de carnaubais é que seus te é carroça. Durante dois ou quatro
filhos tomem como plano inicial, os dias, a folhas são expostas ao sol até
estudos, denotando uma mudança de secarem. Nesse estado, a folha é cortada
mentalidade dos mesmos. e entregues ao batedor, que tem por
Quanto ao modus operandi, até chegar função bater a palha até que o pó se
na produção da cera, o processo envolve deposite em lençóis. Após esse proce-
diversas etapas que emprega tanto ho- dimento, o pó é levado a tachos de me-
mens quanto mulheres e apresentaram tal e em seguida é levado ao fogo até
diversos riscos para ambos os sexos entrar em processo de fusão, tornando-
quando realizadas sem materiais de se- se perigosamente inflamável e prejudici-
gurança, além disso, essas etapas per- al ao sistema respiratório.
manecem como continuidades históri- Quando questionado sobre as mu-
cas, sem mecanização, permanecem tão danças no desenvolvimento da ativida-
rústicas quanto a divisão da mão de de, o senhor Valdinar afirmou:
obra no processo de produção. Nesse
sentido, é possível, principalmente per- Naquele tempo num tinha nada, num tinha
ceber que o modus operandi da cadeia
34 produtiva da cera de carnaúba apresenta
problema nenhum, o pessoal ia pro mato do
jeito que dava né. Pegava um saco de roupa,
uma característica que se diferencia de passava uma semana trabalhando fora, na
outros ciclos extrativistas, que consiste mata, todo mundo dormia na mata, já hoje
na reunião tanto do gênero feminino não tem mais isso. Aquele tempo era bebendo
quanto masculino operando dentro do água de cacimba né, água saloba. Hoje não,
mesmo ciclo, em atividades distintas, o a pessoa vai, todo mundo leva as garrafas
que fortalece a tese de que tal atividade d’água. (OLIVEIRA, Valdinar, 2015)
desenvolve-se no âmbito familiar, onde
a produção apresenta-se de forma rudi- Sobre a alimentação, continuou:
mentar, desenvolvida por homens, mu- “[atualmente] leva a comida, naquele
lheres e crianças da mesma família. tempo não, era lata desse tamanho aí,
Quanto ao trabalho infantil - que não é feito arrozão brabo, cunzinhado com
realidade distante dos carnaubais, prin- lenha no meio da mata” (OLIVEIRA,
cipalmente nos primeiros anos de pro- 2015). Além disso, afirma que dormia
dução - o Estado somente passou a re- na mata junto ao grupo de trabalhado-
conhecer após a década de 1990 quando res durante os primeiros anos de traba-
passou criminalizar o trabalho escravo lho. Sobre a Carteira de trabalho, afir-
infantil no artigo n° 149 do Código Pe- mou que somente teve conhecimento
nal brasileiro de 1940, com o agravante desse instrumento legal no ano anterior
introduzida pela lei n° 10.803, de 11 de a entrevista e que a utilização de equi-
Dezembro de 2003 quando amplia o pamentos de segurança também são
conceito de trabalho análogo à escravi- novidades, acrescentou que “Hoje tá
dão de modo a abranger também crian- tudo moderno né! Porque coisa que a
ças e adolescentes e redobrando a pena gente nunca esperava era trabalho em
nesses casos. carnaubal desse jeito.” (OLIVEIRA,

ISSN 2447-7354
Revista Piauiense de História Social e do Trabalho. Ano III, n. 05. Julho-Dezembro de 2017. Parnaíba-PI

2015). No entanto, a obrigatoriedade de ração não são tão díspares e que a falta
disposição de equipamentos de proteção de uma consciência sobre o conceito de
individual fornecidos pela empresa tor- exploração, permite que durante os anos
naram-se obrigatórios em 1977, como trabalhadores exerçam atividades em
parte do Artigo 158 da Consolidação condições degradantes tal qual citadas
das Leis Trabalhistas, incluído pela Lei ao longo dessa pesquisa.
n°6.514, de 22 de dezembro de 1977 a Outra questão relevante diz respeito
qual discorre que: ao descaso do Estado em relação ao
meio rural, que por sua vez constitui o
Cabe aos empregados: principal pilar econômico do país. Ao se
I - observar as normas de segurança e medi- colocar como responsável por sanar a
cina do trabalho, inclusive as instruções de escravidão e condicionar dignas condi-
que trata o item II do artigo anterior; ções de trabalho no meio rural, através
Il - colaborar com a empresa na aplicação da elaboração de leis e instituições, o
dos dispositivos deste Capítulo. Estado apresenta um retrocesso, enten-
Parágrafo único - Constitui ato faltoso do dendo que a vigência de uma legislação
empregado a recusa injustificada: vasta e com textos semelhantes em prol
a) à observância das instruções expedidas de uma única causa, sem acompanha-
pelo empregador na forma do item II do arti- mento de uma fiscalização que só pode
go anterior; ser empreendida unicamente pelo esta-
b) ao uso dos equipamentos de proteção indi- do, torna-se ineficaz. E assim como o
vidual fornecidos pela empresa. (LEI Nº ditado brasileiro para leis ou regras con-
sideradas demagógicas e que não são
6.514, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977)
cumpridas na prática, a legislação de 35
Como visto, segundo a legislação combate à escravidão torna-se “lei para
trabalhista, desde a década de 1970, inglês ver” bem como as primeiras leis
cabe ao empresário cumprir com a abolicionistas que tinham como função
norma de segurança e medicina do tra- ofuscar a prática escravocrata para o
balho, caso contrário, sofrerá penalida- mercado capitalista internacional.
de, tendo em vista que este torna-se res-
ponsável pelo empregado. Ainda assim, Referências:
a prática se distancia do que a legislação ALMANAQUE DA PARNAÍBA. Edi-
exige, como fica claro na fala do traba- ção do autor: Parnaíba, 1929.
lhador. ALMANAQUE DO CARIRI, 1952.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5452, de 1º de
Considerações finais maio de 1943. Aprova a Consolidação
Ao nos depararmos com a fala de um das Leis do Trabalho. Diário Oficial
homem que vivenciou o trabalho em [dos] Estados Unidos do Brasil, Poder
carnaubais em temporalidades distintas, Executivo, Rio de Janeiro, DF, 9 ago.
é possível primeiramente reafirmar o 1943. Secção 1, p. 11937-11984.
esquecimento do trabalhador rural, visto D’ALVA, Oscar Arruda. O extrativis-
que o entrevistado por vezes denota um mo da Carnaúba no Ceará. 2004. Dis-
tom de surpresa em suas palavras refe- sertação (Mestrado em Desenvolvimen-
rentes a medidas trabalhistas e recebe to e Meio Ambiente) - Núcleo de Pós-
como novo o que permeia desde o início Graduação Programa Regional de Pós-
do século XX nos meios do trabalho. É Graduação em Desenvolvimento e
preciso reiterar também que do século Meio Ambiente, Universidade Federal
XX aos dias atuais, as práticas de explo- do Ceará, Fortaleza.

ISSN 2447-7354
Hamanda Machado de Meneses Fontenele

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