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Motrivivência Ano XXV, Nº 41, P. 101-114 Dez.

/2013

http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2013v25n41p101

MEGAEVENTOS ESPORTIVOS:
competições esportivas ou políticas/econômicas?

Ana Paula Prestes de Souza1


Doralice Lange de Souza2
Suélen Barboza Eiras de Castro3
Fernando Marinho Mezzadri4

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi desenvolver algumas reflexões acerca do envolvimento


dos governos com o esporte no contexto dos megaeventos esportivos e acerca dos reais
“jogadores” destes grandes eventos. Concluímos que diante do jogo de interesses e de
poder que se estabelece entre diferentes agentes envolvidos nestes eventos, a pauta da
realização dos mesmos pouco se direciona ao desenvolvimento do esporte. Ela se volta
principalmente para a projeção da imagem e desenvolvimento econômico do país e de
alguns grupos influentes. Ou seja, os interesses se voltam mais para o âmbito político
e econômico do que para o âmbito esportivo.

Palavras-chave: Megaeventos Esportivos; Jogos Olímpicos; Copa do Mundo; Governo.

1 Mestranda em Educação Física. Universidade Federal do Paraná. Coritiba/Paraná, Brasil.


E-mail: ana_aej@hotmail.com.
2 Doutora em Educação. Universidade Federal do Paraná. Coritiba/Paraná, Brasil.
E-mail: desouzdo@yahoo.com.br.
3 Doutoranda em Educação Física. Universidade Federal do Paraná. Coritiba/Paraná, Brasil.
E-mail: sueleneiras@hotmail.com.
4 Doutor em Educação Física. Universidade Federal do Paraná. Coritiba/Paraná, Brasil.
E-mail: fmezzadri@uol.com.br.
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INTRODUÇÃO relaciona com diferentes esferas da socie-


dade, como a política, a economia, a mídia,
Os próximos anos constituirão um entre outras, diferentes agentes acabam se
marco na história do Brasil, pois o país envolvendo no processo de candidatura
estará sediando dois “megaeventos espor- de uma cidade e/ou país para sediar um
tivos”: a Copa do Mundo FIFA 2014 e os megaevento, cada qual com seus interesses
Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. específicos. Exemplos destes agentes são:
Nesse contexto, a utilização de termos o Comitê Olímpico Internacional (COI); a
como megaeventos tornaram-se parte do Federação Internacional de Futebol Asso-
cotidiano, sendo necessário conceituá-lo. ciado (FIFA); os governos federal, estadual
Sintetizando o conceito a partir de al- e municipal; os patrocinadores internacio-
guns autores (HALL, 2006; MALFAS; nais e nacionais; as empresas da área da
THEODORAKI; HOULIHAN, 2004; indústria e da construção civil; redes de
ROCHE, 2000; 2003), Souza e Castro
jornal e televisão; trabalhadores do setor
(2013, p. 1) definem megaevento como: da construção e do turismo. No presente
estudo focaremos em um destes agentes, os
Eventos de caráter extraordinário5, de governos, entendidos como “organizações
grande escala (envolvem um grande formais com o poder de fazer e cumprir
número de participantes de diferentes
nações), e que, a despeito do signifi-
as regras em um determinado território ou
cativo período de tempo necessário conjunto de pessoas” (COAKLEY, 2009,
para a sua preparação, se efetivam em p. 438, tradução nossa).
um curto período de tempo. Eles são Mais especificamente, temos como
amplamente divulgados pela mídia in-
ternacional e assistidos por milhares de objetivo desenvolver algumas reflexões
pessoas ao redor do mundo. Possuem acerca do envolvimento dos governos com
um alto grau de complexidade organi- o esporte no contexto dos megaeventos
zacional e envolvem a mobilização de esportivos e acerca dos reais “jogadores”
organizações nacionais e internacio-
nais, governamentais ou não governa- destes grandes eventos. Visamos oferecer
mentais, de caráter público e privado. subsídios que possam fomentar discussões
Normalmente envolvem grandes inves- sobre a temática, uma vez que estaremos
timentos em infraestrutura e geram um
protagonizando tanto a Copa do Mundo
impacto social e ambiental significativo
nas cidades, regiões e países anfitriões em 2014 quanto os Jogos Olímpicos e
antes e depois de sua efetivação. Estes Paralímpicos em 2016.
eventos se constituem em importantes
“marcadores de tempo, história e pro-
gresso” e interferem com a construção
de um senso de identidade e cidadania OS GOVERNOS, O ESPORTE E OS MEGA-
das pessoas que vivem nas cidades, re- EVENTOS ESPORTIVOS
giões e países onde ocorrem.
São várias as razões para o envol-
Considerando que o esporte, no vimento dos governos, em suas diferentes
contexto dos megaeventos esportivos, se esferas, com o esporte. Jay Coakley (2009),

5 Eles são considerados de caráter extraordinário dado as suas grandes dimensões e impactos e variabilidade de
locais/nações onde ocorrem. Ou seja, eles não são parte rotineira da vida das pessoas (ROCHE, 2000).
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sociólogo dedicado aos estudos do espor- a aumentar em tempos de megaeventos


te, ressalta as seguintes: garantir a ordem esportivos, uma vez que, considerando a
pública; garantir a equidade e proteger os magnitude deste evento, existem riscos de
direitos humanos; promover a saúde e a ataques terroristas, protestos e ações por
aptidão; promover o prestígio e o poder parte da população e multidões (COAKLEY,
de uma comunidade ou nação; promover 2009). Este tipo de situação ocorreu, por
identidade e unidade entre os cidadãos; exemplo, nos Jogos de Munique em 1972
reproduzir valores consistentes com a e de Atlanta em 1996. Também nos Jogos
ideologia política dominante; aumentar de Pequim 2008, mesmo com o grande
o apoio aos líderes políticos e governos; número de policiais, houve atentados na
e facilitar o desenvolvimento econômico capital e em outros estados. Neste caso, para
e social (COAKLEY, 2009). Também são garantir a ordem, houve rígida censura sob
várias as razões do envolvimento dos go- aqueles que buscaram criticar o sistema, os
vernos com a realização de megaeventos quais acabaram sendo presos ou afastados
esportivos: estimular a economia; promover dos olhares da mídia (UVINHA, 2009). Ao
uma imagem positiva dos países onde os longo da Copa das Confederações da FIFA
mesmos são realizados; fomentar a prática no Brasil em junho de 2013, o Brasil tam-
da atividade física e esportiva (MALFAS, bém enfrentou uma série de protestos que
THEODORAKI, HOULIHAN, 2004), den- colocaram em risco a segurança pública e,
tre outras. Aprofundaremos a seguir cada consequentemente, a imagem do país. Esta
uma das razões para o envolvimento dos situação demandou pronta ação dos gover-
governos com o esporte, segundo Coakley nos em suas diferentes esferas para garantir a
(2009), aproximando esta discussão com a ordem e tentar preservar a imagem do país,
temática “megaeventos esportivos”. considerando que a mídia internacional
noticiava os acontecimentos ocorridos no
Brasil durante o período da Copa.
Garantir a ordem pública Com os megaeventos, a visibilida-
de internacional do país é ampliada, e a
Os governos são responsáveis pela ordem pública e a segurança passam a se
manutenção da ordem em áreas públicas tais constituir aspectos que tendem a afetar a
como parques, praças e ruas. Assim, regulam imagem do país e a sua “capacidade” de
questões relativas à prática esportiva determi- realizar de forma organizada e pacífica um
nando, por meio de leis e decretos, quando evento. Ou seja, a imagem e capacidade
e em que circunstâncias ela pode ocorrer dos governos são colocadas em evidência
em espaços e equipamentos públicos. Eles quando se refere a questões de segurança
investem também no esporte enquanto meio e ordem pública. Neste sentido, os gover-
para manter jovens longe das drogas e outras nos tendem a fazer altos investimentos em
situações de risco, bem como para preparar segurança pública, a exemplo do que vem
militares, policiais e bombeiros para o seu acontecendo no Brasil, com a ampliação das
ofício (COAKLEY, 2009). Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), o
A responsabilidade do governo treinamento das forças policiais, e a compra
em termos de segurança pública tende de equipamentos de segurança milionários.
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Todo este investimento em segurança pú- No Brasil, os megaeventos esporti-


blica, no entanto, vem sendo questionado vos têm inclusive orientando a formulação
pois ao mesmo tempo em que os recursos de políticas públicas para o esporte e o
destinados a este fim tendem a favorecer lazer no país, o que pode ser observado no
determinados fins e agentes, prejudicam redirecionamento das ações do Ministério
outros (MELO; GAFFNEY, s/d). do Esporte. Quando o Partido dos Trabalha-
dores assumiu a presidência da República,
este tinha como compromisso a garantia do
Garantir a equidade e proteger os direitos acesso ao esporte como direito social. No
humanos entanto, diante da realidade dos megaeven-
tos, o governo tem focalizado suas ações
Os governos normalmente intervêm
no sentido de buscar projetar o país como
nos esportes através de leis, políticas públi-
uma potência no cenário esportivo mundial.
cas e mediando casos judiciais no sentido
A democratização do acesso às práticas
de proteger os direitos de todos os cidadãos
esportivas não parece ser mais prioridade
– homens, mulheres, crianças, jovens,
do Ministério do Esporte (MASCARENHAS
idosos, pessoas com deficiência, etc. – e
et al., 2012).
garantir o seu acesso à espaços e programas
O privilégio do esporte de rendimen-
esportivos. Eles também tendem a intervir
to frente às demais manifestações esportivas
no âmbito do esporte de rendimento no
pode ser observado até mesmo nas propostas
sentido de promover os direitos dos atletas
(COAKLEY, 2009). de legados dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
No Brasil, de acordo com a Consti- Souza et al. (no prelo) ao analisarem o Dossiê
tuição, é dever do Estado fomentar o esporte de Candidatura e os Cadernos de Legados,
como direito de cada um, observando-se “a apontam que várias das propostas para o
destinação de recursos públicos para a pro- esporte educacional e de participação apre-
moção prioritária do desporto educacional sentam lacunas quanto ao seu planejamento
e, em casos específicos, para a do desporto e orçamento. Já o planejamento e orçamento
de alto rendimento” (BRASIL, 2013, p. 36). relacionados com a construção das estruturas
Ainda que o esporte seja entendido como que servirão ao esporte de alto rendimento
um direito e que a prioridade orçamentária estão melhor definidos.
deva ser para o esporte educacional, a ex- Outra discussão pertinente a este
pressão “casos específicos” tem possibilita- tópico se refere à desigualdade presente
do uma “brecha jurídica”. Se levarmos em no acesso da população às infraestruturas
consideração todos os eventos esportivos construídas para os megaeventos e ao
que o Brasil sediou e sediará como “casos próprio esporte. Os altos gastos com os
específicos”, teremos ao longo de uma megaeventos, sobretudo na construção de
década o direcionamento de verbas que estádios, têm sido justificados pela noção
supostamente deveriam ir para o esporte de que após a construção das infraestruturas
educacional sendo destinadas ao esporte de eles servirão como espaços para a promoção
rendimento (ALMEIDA; MARCHI JR, 2010) do espírito de comunidade e memórias
e a não garantia do esporte como um direito positivas duradouras. No entanto, confor-
de cada um. me se pode verificar no caso de países que
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sediaram ou vão sediar estes eventos, os e bens públicos e mobilidade e; segurança


estádios têm sido projetados para atender pública (MEGAEVENTOS..., 2012).
os requisitos e interesses dos organizadores
e patrocinadores, e não as necessidades
da população (COAKLEY; SOUZA, 2013). Manter a saúde e a aptidão
Mediante a preparação para os
megaeventos no país, tem havido uma Os governos também se envolvem
“flexibilização” da Constituição brasileira. com os esportes para promover a saúde e
A aprovação de leis, ou o descumprimento aptidão física dos cidadãos, o que pode,
delas, tem sido usada a favor de alguns acreditam eles, reduzir os custos com cui-
agentes (ex. empresários, FIFA e COI), em dados médicos. Os megaeventos esportivos
detrimento de outros (população como são percebidos como catalisadores desta
um todo). A respeito disso, Carlos Vainer meta. Esta crença pode ser observada, por
(2011b) afirma que estamos vivendo um pe- exemplo, na promessa do governo de Lon-
ríodo de “exceção”. Ele cita, por exemplo, dres, onde o mesmo afirmou que um dos
o Ato Olímpico, que estabelece algumas legados da realização dos Jogos Olímpicos
vantagens comerciais para o Comitê Olím- de 2012 seria um maior envolvimento da
pico; a isenção de tributos de vários tipos, população em atividade física. O país apre-
nos níveis federal, estadual e municipal; sentou várias ações no sentido de promover
a criação de uma legislação especial para a atividade física em diferentes espaços,
defender a marca FIFA; e a tipificação de tais como escolas, centros comunitários,
crimes especiais colocada a favor desta espaços públicos, etc. (DEPARTMENT
instituição. A extrema flexibilização da FOR CULTURE, MEDIA AND SPORT,
legislação Brasileira tem chamado a aten-
2007; 2012). No entanto, os níveis de ati-
ção do Ministério Público Federal, que
vidade física da população de 2005/2006
atualmente está investigando artigos da Lei
a 2011/2012 aumentaram apenas 1,5 %
Geral da Copa que violam os princípios
(THORNTON, 2012).
de igualdade de todos os cidadãos perante
Souza e Castro (2013) realizaram
a lei presentes na Constituição Federal
uma revisão da literatura internacional
(REBELLO; KOCHINSKI, 2013).
A não garantia da equidade e dos di- sobre legados esportivos de megaeventos
reitos sociais no contexto dos megaeventos esportivos e com base na literatura con-
pode ser observado em diferentes áreas. Esta cluíram que a capacidade de se promover
questão vem sendo amplamente discutida a atividade física através de grandes eventos
no Brasil e pode ser encontrada, por exem- esportivos é limitada. Até o momento, não
plo, no “Dossiê da Articulação Nacional dos há evidências suficientes que comprovem
Comitês Populares da Copa – Megaeventos que a realização de megaeventos provoque
e Violações de Direitos Humanos no Bra- o aumento nos níveis de atividade física da
sil”. Este documento aborda seis diferentes população.
temas referentes a direitos humanos que têm A promoção da atividade física é
sido violados: moradia; trabalho; acesso à encontrada como uma das propostas de
informação, participação e representação legados dos Jogos Rio 2016. Entretanto,
populares; meio ambiente; acesso a serviços os documentos abordam esta questão de
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maneira vaga e apresentam poucas propos- Outros exemplos também podem


tas para tal. Os documentos apontam apenas ser observados como o caso do Canadá, que
para a criação e ampliação de estruturas tais viu nos megaeventos – Jogos Olímpicos de
como parques e praças (SOUZA et al., no Verão em Montreal 1976 e de Inverno em
prelo). Não existem propostas concretas Calgary 1988, uma forma promissora de se
de programas de promoção de atividade promover no cenário mundial, colocar-se
no mapa, mostrando aos visitantes e po-
física além da ampliação do Programa de
tenciais investidores que eles eram eco-
Esporte e Lazer da Cidade (PELC) que se
nomicamente dinâmicos e culturalmente
destina a apenas uma parcela mais carente
sofisticados (WHITSON; HORNE, 2006).
da população. No entanto, embora o go- Muitas cidades e países “periféricos”
verno tenha prometido ampliar os recursos e com menor visibilidade internacional bus-
do PELC, conforme o Diário Oficial da Re- cam se utilizar dos megaeventos para mos-
pública Federativa do Brasil, em 2012 não trar ao mundo uma imagem positiva, visan-
houve dotação orçamentária para o mesmo do garantir um lugar como “grandes jogado-
(BRASIL, 2012). ras” na economia mundial, além de buscar
É dever do Estado garantir o aces- atrair o turismo internacional (WHITSON;
so à prática de atividade física a todos HORNE, 2006). No caso de Pequim, Tom-
os cidadãos. Os megaeventos seriam linson (2010) demonstra que o motivo pelo
uma oportunidade de promover políticas qual a cidade chinesa se interessou em
sediar os Jogos Olímpicos de 2008 foi, além
públicas que proporcionassem isso. No
da possibilidade de mostrar sua cultura,
entanto, conforme citamos anteriormente,
identidade, modernidade e sua potência
em tempos de megaeventos, a pauta da
como um dos principais países do mundo,
política acaba sendo a ampliação do apoio a oportunidade de reforçar a legitimidade
ao esporte de alto rendimento e outras ações do Partido Comunista Chinês. A busca por
não relacionadas diretamente ao mesmo reconhecimento e espaço, visibilidade
(MASCARENHAS et al., 2012). internacional, demonstração de poder e
“abertura ao mundo” por meio dos megae-
ventos se estende também a outros países
Promover o prestígio e o poder de uma asiáticos que sediaram os Jogos Olímpicos
comunidade ou nação – Tóquio 1964 e Seul 1988. Essa “abertura”
proporcionada pelos megaeventos permite
O governo também investe em aos países a criação ou recriação de sua
esporte motivado pela busca de reconhe- imagem para o resto do mundo. Isto aconte-
cimento e prestígio de uma comunidade ceu no caso dos países asiáticos, os quais se
ou nação. Nesse sentido, Coakley (2009) utilizaram dos Jogos Olímpicos para mostrar
discorre sobre os Jogos Olímpicos como a passagem de uma fase de desestruturação,
um meio para se atingir essa meta. O autor pobreza e, no caso de Tóquio, destruição
cita o exemplo dos Jogos Olímpicos de pós-guerra, para uma fase mais estruturada
Pequim 2008, onde se buscou apresentar a e moderna, alcançando os patamares dos
China como uma nação poderosa, dinâmica países desenvolvidos, como no caso de Seul
e atraente para o turismo e investimentos. (ALMEIDA; MARCHI JR, 2013).
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Entre os países considerados “poten- sentimento de identidade, pertencimento


cias mundiais” os megaeventos esportivos e unidade entre os cidadãos. Eles tendem
são utilizados para demonstrar superiorida- a fazer este tipo de investimento quando
de, reconhecimento e legitimidade interna- identificam que existe uma paixão por parte
cional. Já as nações menores utilizam do da população ou nação por determinados
esporte para mostrar que eles são capazes esportes, atletas ou e/ou equipes. A expec-
de ganhar, ao menos no esporte, dos países tativa é de que esse apego possa reafirmar
ricos e poderosos, além de ser uma opor- lealdade nacional em vários aspectos,
tunidade de se mostrarem iguais às nações desde a história e tradição do povo até o
que os colonizaram (COAKLEY, 2009).
seu lugar na economia e política mundial
É relevante salientar que a imagem
(COAKLEY, 2009).
que ficará do país após a realização dos
No contexto dos megaeventos
megaeventos pode ser tanto positiva quanto
negativa. Nesse sentido, há cidades que são esportivos o futebol durante a Copa do
lembradas por suas dívidas como é o caso dos Mundo é um claro exemplo da realidade
Jogos Olímpicos de 1976 que resultou em mencionada acima. Este esporte tem sido
grandes prejuízos e dívidas para a cidade de comumente promovido com pretensões
Montreal. Por outro lado, há cidades que são políticas, uma vez que tem o poder de atuar
conhecidas por seu superávit, como Calgary, como catalisador de paixões, promotor de
nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1988, sentimentos de pertencimento e de exalta-
que registrou lucro de mais de 130 bilhões de ção da nacionalidade (MARCZAL, 2011).
dólares (WHITSON; HORNE, 2006). Mas, conforme apontam alguns autores, a
No entendimento de Coakley exemplo de Houlihan (1997), o simbolismo
(2009), os governos acreditam ainda que promovido por um megaevento, ao mesmo
ganhar medalhas nos Jogos Olímpicos tempo em que pode ser intenso, pode
também melhora a imagem da nação, sim- também extremamente breve, se limitando
bolizando poder nacional. A respeito disso,
ao período do evento. Também conforme
Uvinha (2009) afirma que para a China, os
reforça Manzenreiter (2006) a exibição em
Jogos Olímpicos foram importantes não
massa de símbolos nacionais durante os
apenas para mostrar superioridade eco-
megaeventos não correspondem necessa-
nômica, mas também esportiva diante de
alguns países, como EUA e Reino Unido. riamente a atitudes nacionalistas.
Para obter essa superioridade também nos Coakley (2009) alerta ainda que
esportes, governos como os da China, EUA a identidade nacional é uma construção
e Rússia, têm oferecido uma grande quantia social. Por isso, ela muda de acordo com
em dinheiro para os atletas que ganharem fatores tais como as condições econômicas,
medalhas nos Jogos (COAKLEY, 2009). políticas, e tempos de paz e de guerra de um
determinado país. Ele também ressalta que
a identidade e unidade emocional geradas
Promover identidade e unidade entre os por megaeventos esportivos não mudam a
cidadãos realidade política, social e econômica da
vida. Afinal, “quando os jogos terminam,
Os governos também investem em as pessoas seguem caminhos separados”
esporte com o intuito de promover um (COAKLEY, 2009, p. 446, tradução nossa).
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Ou seja, o senso de identidade e unidade o fortalecimento de seu projeto de nação


nacionais tendem a ficar limitadas ao perío- e sua identificação junto à população”
do dos megaeventos. (MARCZAL, 2011, p. 11).
É importante pensarmos que o es-
porte e outras manifestações sociais estão
Reproduzir valores consistentes com a conectados com a sociedade como um todo
ideologia política dominante e por isso tendem a refletir a lógica social e
a ideologia política dominante das nações.
Os governos também se utilizam Assim, por exemplo, no caso de sociedades
do esporte para promover determinadas que enfatizam a competição e o consumis-
ideologias e valores entre seus cidadãos. mo, manifestações esportivas tendem a
As narrativas enfatizadas no esporte são manifestar as mesmas características.
propícias, por exemplo, para a afirmação O processo de preparação para a
do sistema capitalista de produção que realização de megaeventos esportivos tam-
enfatizam que a competição é a melhor bém reflete a lógica hegemônica da socieda-
forma de se conseguir sucesso pessoal e de. Nesse contexto, as cidades são pensadas
recompensas (COAKLEY, 2009). como empresas que, por sua vez, competem
No contexto de megaeventos es- umas com as outras para atrair eventos, ca-
portivos, os governos também se utilizam pital e turistas (VAINER, 2011b). Reforça-se
do esporte para promover suas ideologias. assim a ideia de “cidades-empresa”, onde
Isto aconteceu, por exemplo, no caso dos as mesmas são “entregues” aos que enten-
Jogos Olímpicos de Berlim em 1936, no dem de negócios, ou seja, a empresários
qual Adolf Hitler utilizou a ocasião para bem sucedidos (VAINER, 2011a). Pode-se
promover a ideologia nazista. Outro caso observar, por fim, que governos se utilizam
ilustrativo pode ser observado nos eventos dos megaeventos esportivos para promover
que ocorreram durante a Guerra Fria, onde a ideologia política dominante e reforçar as
os países, principalmente EUA e a antiga lógicas social e econômica hegemônicas.
URSS, se utilizavam dos Jogos Olímpicos,
e outros eventos esportivos, para mostrar a
sua superioridade econômica e ideológica Aumentar o apoio aos líderes políticos e
(COAKLEY, 2009). governos
Outro exemplo de como o esporte
pode ser utilizado para promover o status Os políticos podem usar o esporte
quo, pode ser observado na época da como meio de manter sua legitimidade.
conquista da Copa do Mundo de 1970 Muitos partem do princípio de que se eles
pela seleção brasileira. Esta vitória – e a apoiarem o que os cidadãos valorizam, eles
consequente imagem de país vencedor – foi podem manter a sua legitimidade como go-
utilizada pelos governantes como um meio vernantes. Desta forma, buscam projetar sua
de se construir um imaginário político ideo- imagem como simpatizantes do esporte, de
lógico favorável ao regime militar. Ou seja, atletas e de equipes vencedoras (COAKLEY,
o governo buscou “canalizar os sentimentos 2009). Na ocasião de megaeventos espor-
e o apelo proporcionado pelo futebol para tivos estas situações são potencializadas
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e os políticos otimizam oportunidades de financiar e apresentar projetos de longo


promoção de imagem e ampliação de rede prazo, que de outra forma permaneceriam
de relações: no arquivo pendente há muitos anos”
(MALFAS; THEODORAKI; HOULIHAN,
Os políticos que estão envolvidos na
2004, p. 215, tradução nossa). No caso
organização de eventos esportivos de
prestígio, tais como os Jogos Olímpicos, dos Jogos Olímpicos Rio 2016, os mesmos
têm a oportunidade de melhorar a sua têm sido justificados pela ideia de serem
imagem política, associando-se com o um catalisador de obras e investimentos,
evento, bem como para desenvolver as
suas relações públicas através de con- além se constituírem uma possibilidade de
tatos com as autoridades esportivas e dinamizar a economia e fortalecer a imagem
organizações comerciais envolvidas da cidade e do país no mercado mundial
no evento (COAKLEY; SOUZA, 2013,
p. 448, tradução nossa).
(MASCARENHAS et al., 2012).
Em vários casos, os gastos públicos
Faz-se importante ressaltar, no tem se relacionado com projetos privados
entanto, que ao mesmo tempo em que o que servem para aumentar o capital de al-
envolvimento dos políticos com o esporte guns empresários e renovar áreas destruídas
pode promover uma imagem positiva dos ou em declínio (COAKLEY, 2009). A respei-
mesmos, um efeito contrário pode ocorrer. to disso, Coakley e Souza (2013) reforçam
Um exemplo disso é o que ocorreu durante que os governos, bem como as empresas e
a Copa das Confederações no Brasil. Na as organizações não governamentais, tais
abertura dos jogos houve protestos contra como o COI e a FIFA, têm se utilizado do
a realização da Copa do Mundo no país e discurso do esporte como promotor de de-
muitos vaiaram a presidente Dilma Rous- senvolvimento para justificar os altos gastos
seff e o presidente da FIFA Joseph Blatter de dinheiro público com os megaeventos.
(LOZETTI; CANÔNICO, 2013). Após o perío- Esse desenvolvimento, no entanto, é defi-
do de manifestações, as pesquisas de popu- nido a partir de uma lógica neoliberal, na
laridade da presidente Dilma indicaram uma qual os interesses corporativos e de líderes
visível queda (POPULARIDADE..., 2013). políticos são privilegiados e visam a expan-
são do fluxo de capital e atração de elites
globais para investimentos. Diante disso,
Facilitar o desenvolvimento econômico os autores acreditam que hospedar um
e social
megaevento não é a melhor estratégia para
produzir desenvolvimento que beneficie a
Os governos também têm se envol-
população como um todo. Também é fato
vido com o esporte buscando, por meio
que a organização de um evento composta
dele, facilitar o desenvolvimento econô-
mico de sua cidade ou país (COAKLEY, por líderes cívicos e empreendedores, com
2009). No contexto dos megaeventos es- suas próprias motivações e interesses, não
portivos, estes são justificados como sendo é a organização mais apropriada para pro-
catalisadores de projetos. Ou seja, eles se mover um desenvolvimento que maximize
constituem como “uma oportunidade para o bem comum (COAKLEY; SOUZA, 2013).
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JOGADORES NOS MEGAEVENTOS políticas e programas, são os mais benefi-


ESPORTIVOS ciados (COAKLEY, SOUZA, 2013). Whitson
e Horne (2006), por exemplo, constataram
Os megaeventos esportivos envol- que o projeto de sediar os Jogos Olímpicos
vem diferentes agentes: COI, FIFA, gover- no Canadá e no Japão partiu das elites políti-
nos, empresários, sociedade civil, entre cas e empresariais de ambos os países e que
outros. Estes agentes se relacionam entre os benefícios gerados por estes Jogos não fo-
si, cada qual com seu potencial de poder e ram para todos. Os benefícios centraram-se,
seus interesses específicos, e estabelecem sobretudo, nas empresas e fornecedores da
alianças que definem quem de fato se be- construção civil, empresas de segurança
neficiará com os megaeventos. locais, arquitetos, engenheiros, mídia, pro-
A decisão de sediar um megaevento fissionais da área do marketing, publicidade,
não parte apenas dos governos locais ou relações públicas, e aqueles que trabalham
regionais, mas envolvem, muitas vezes, com o desenvolvimento urbano e mercado
corporações empresariais. Nesse sentido, imobiliário (WHITSON; HORNE, 2006).
alianças lucrativas tendem a ser estabele- Outro exemplo de relação entre
cidas entre elites empresariais e políticos os diferentes agentes pode ser observado
locais. Estas alianças normalmente envol- entre o COI ou a FIFA, “donos” dos Jogos
vem, entre outras coisas, campanhas com Olímpicos e da Copa do Mundo, com os
o intuito de convencer os cidadãos da governos. Estas instituições impõem rígi-
cidade-sede, como no caso dos Jogos Olím- das condições para os países/cidades que
picos, de que o evento irá transformar a almejam sediar as respectivas competições.
cidade, justificando assim o uso do dinheiro Os governos devem seguir a risca todas as
dos impostos (MALFAS; THEODORAKI; exigências, chegando inclusive a mudar sua
HOULIHAN, 2004). legislação para poder atendê-las, a exemplo
Os investimentos públicos em da recente promulgação da Lei Geral da
infraestrutura e esporte beneficiam alguns Copa no Brasil como um preparativo para
grupos em detrimento de outros. Na maioria a Copa do Mundo FIFA 2014.
das vezes, favorecem grupos ou pessoas Conforme apontam Coakley e Souza
bem posicionadas e capazes de influenciar (2013), a promoção de desenvolvimento
a política (COAKLEY, 2009; COAKLEY; e legados associados com megaeventos
SOUZA, 2013). Assim, os que têm mais esportivos são resultados intencionais de
poder e mais conhecimento sobre a política alianças políticas que começam no pro-
e suas interfaces tendem a receber maiores cesso de candidatura e continuam após
benefícios. os eventos. Ou seja, eles são definidos
O processo de candidatura dos por líderes políticos, empresários, COI,
países/cidades para sediar megaeventos FIFA e patrocinadores para seus próprios
também envolve algumas aproximações interesses políticos e econômicos. Assim,
entre os agentes. Aqueles que participam os principais beneficiados são aqueles que
dos processos iniciais de planejamento representaram e tiveram voz na fase inicial
onde se define o que vai ser realizado, do processo de candidatura. Ou seja, os
a alocação de recursos, a formulação de ganhos podem ser muitos para aqueles que
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têm o poder de influir no fluxo de capital investimentos em detrimento do esporte


relacionado ao evento. Para aqueles que educacional e com fins ao lazer e saúde. (5)
não têm informação, acesso à recursos e Existe uma falsa crença na possibilidade de
poder de decisão, os benefícios são raros. construção de uma “identidade nacional”.
O desenvolvimento e legados favorecem Esta suposta identidade tende a rapidamente
então “aqueles posicionados para formar se esvanecer. (6) Ao mesmo tempo em que
parcerias com empresas globais ou para os megaeventos podem se constituir em
acessar diretamente o aumento do fluxo de oportunidade de promoção da ideologia
capital que acompanha os eventos” (COAK- política dos governos e de apoio aos líderes
LEY; SOUZA, p. 585, tradução nossa) e não políticos, eles podem também depor contra
a população local. os mesmos. (7) O desenvolvimento econô-
mico e social que supostamente deveria fa-
vorecer o país como um todo normalmente
CONSIDERAÇÕES FINAIS favorece apenas alguns poucos agentes bem
posicionados.
Os governos se envolvem com o Diante do jogo de interesses e de
esporte em várias ocasiões e por vários poder que se estabelece no contexto de
motivos. No contexto dos megaeventos megaeventos esportivos, a pauta da reali-
esportivos, o envolvimento dos governos zação dos mesmos pouco se direciona ao
com os mesmos ocorre a seu próprio favor desenvolvimento do esporte. Ela se volta
e de seus aliados: empresários, COI, FIFA principalmente para o desenvolvimento
e determinados segmentos da mídia. Ob- econômico e projeção da imagem do país
servamos as seguintes situações na relação e de alguns grupos influentes. Ou seja, a
dos governos com megaeventos esportivos: grande competição se dá mais no âmbito
(1) Os megaeventos são percebidos como político e econômico do que no âmbito
meio de se obter reconhecimento e prestígio esportivo propriamente dito. Além de al-
das cidades e nações, de se atrair novos guns esforços no sentido de se promover
investimentos e turismo, e de se fomentar o esporte de alto rendimento através de
a economia. Isto, no entanto pode ter um ações pontuais, o esporte tende a ganhar
efeito contrário: a imagem e a economia das projeção somente durante o curto período
cidades/nações promotoras destes eventos de realização dos eventos.
podem ser prejudicadas. (2) A ordem pú-
blica tende a ser reforçada, principalmente
nas áreas próximas onde os megaeventos REFERÊNCIAS
ocorrem, uma vez que a intensa exposição
midiática da cidade/país durante os even- ALMEIDA, B. S.; MARCHI JR, W. A
tos pode afetar diretamente a imagem da política e os megaeventos
nação. (3) A equidade entre os cidadãos e a esportivos: uma revisão conceitual.
garantia dos direitos humanos tendem a ser In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
violados em detrimento daqueles que não CIÊNCIAS DO ESPORTE, 18 [E]
detêm capital político e econômico. (4) O CONGRESSO INTERNACIONAL DE
esporte de rendimento tende a receber mais CIÊNCIAS DO ESPORTE, 5. 2013,
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SPORT MEGA-EVENTS: sports competitions or political/economic?

ABSTRACT

The goal of this paper was to present some thoughts about the involvement of the
government with sport in the context of sport mega-events and about the real “players”
of these events. We conclude that considering the battle of interests and power that takes
place between different actors involved in these events, the government agenda dos not
prioritize sport development. It is concerned mainly with the projection of the image
and with the economic development of the country and of some influential groups. In
other words, the interests turn more to the political and economic context than to sport.

Keywords: Sport Mega-event; Olympic Games; World Cup; Government.

Recebido em: outubro/2013


Aprovado em: outubro/2013

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