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Direito Administrativo

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. Agentes públicos (cont.) ......................................................................................... 3
1.1 Direito de greve ................................................................................................ 3
1.2 Nepotismo......................................................................................................... 3
2. Licitações ................................................................................................................ 7
2.1 Conceito de licitação ......................................................................................... 8
2.2 Finalidades ........................................................................................................ 8
2.3 Fundamento constitucional da licitação ........................................................... 8
2.4 Pressupostos da Licitação ................................................................................. 9
2.5 Pessoas sujeitas a licitação ............................................................................. 10
2.5.1 Situações Especiais .................................................................................... 11
2.5.1.1 Organizações sociais .......................................................................... 11
2.5.1.2 Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) .......... 12
2.5.1.3 Serviços Sociais – Sistema “S” ............................................................ 12
2.5.1.4 Conselhos de Classe ........................................................................... 13
2.5.1.5 Empresas públicas e sociedades de economia mista ........................ 13
2.5.1.6 Fundos Especiais ................................................................................ 15
2.6 Competência para legislar sobre licitação ...................................................... 15
2.7 Princípios específicos da licitação ................................................................... 17
2.7.1 Princípio da vinculação a um instrumento convocatório .......................... 18
2.7.2 Princípio do julgamento objetivo .............................................................. 18
2.7.3 Princípio do sigilo das propostas ............................................................... 18
2.7.4 Princípio da competitividade ..................................................................... 19
2.7.5 Princípio da indistinção.............................................................................. 20
2.7.6 Princípio da inalterabilidade do edital....................................................... 22
2.7.7 Princípio do formalismo procedimental .................................................... 22
2.7.8 Princípio da adjudicação compulsória ....................................................... 22
2.8 Modalidades de licitação ................................................................................ 23

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2.8.1 Concorrência, tomada de preços e convite ............................................... 23


2.8.2 Concurso .................................................................................................... 24
2.8.3 Leilão .......................................................................................................... 25
2.8.4 Consulta ..................................................................................................... 25
2.8.5 Pregão ........................................................................................................ 26
2.9 Tipos de licitação............................................................................................. 26
2.10 Anulação da licitação................................................................................... 28
2.11 Revogação da licitação ................................................................................ 29
2.12 Contratação direta ...................................................................................... 31
2.12.1 Dispensa de licitação ............................................................................... 31
2.12.2 Inexigibilidade de licitação ...................................................................... 35
2.12.3 Licitação vedada ou proibida ................................................................... 36
2.12.4 Licitação dispensada ................................................................................ 36
2.12.5 Lei n. 12.232/2010 ................................................................................... 38

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1. Agentes públicos (cont.)


1.1 Direito de greve
O art. 37, VII da CRFB garante aos servidores públicos estatutários o direito de greve,
mas o garante em conformidade com lei específica.
CRFB. Art. 37. VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em
lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Ocorre que esta lei não foi editada e, por isso, iniciou-se uma discussão doutrinária. A
doutrina entende que esta seria uma norma de eficácia limitada. Norma de eficácia limitada
é aquela que exige regulamentação em lei para produzir efeitos, sendo assim, o art. 37, VII,
CRFB não é autoaplicável.
Então, para o exercício do direito de greve seria necessária a edição de uma lei
prevendo e regulado a greve. Esta lei não foi editada, o Supremo declarou o Congresso
Nacional em mora por diversas vezes e, no julgamento de três mandados de injunção, o STF
resolveu dar uma solução para o problema.
No julgamento dos Mandados de Injunção n. 670, 708 e 712 o Supremo declarou a
omissão do Congresso Nacional e foi além, adotando a chamada “teoria concretista geral”.
Ou seja, estende os efeitos do MI para todos. Determina que, por analogia, seja aplicada aos
servidores públicos a lei que rege o direito de greve na iniciativa privada, que é a Lei n.
7783/89. Agora, a aplicação da lei deve sofrer adaptações necessárias, sempre à luz do caso
concreto tendo em vista o princípio da continuidade dos serviços públicos.
Observação1. A jurisprudência recente diz que não se pode punir/demitir servidor
público em estágio probatório por ter aderido à greve. Então, mesmo aqueles que estão em
estágio probatório, não podem ser punidos e nem demitidos por terem aderido à greve, pois
a greve é direito previsto constitucionalmente.
Observação2. O art. 142, § 3º, CRFB veda o exercício do direito de greve aos militares.
Observação3. STF e STJ entendem que, quando a greve dos servidores públicos
representar uma paralização nacional, o órgão nacional competente para decidir este direito
será o STJ.

1.2 Nepotismo
Nepotismo é termo utilizado para se referir ao favorecimento de parentes ou de
amigos próximos em detrimento de outras pessoas, que seriam mais qualificadas para o
cargo. Normalmente é termo utilizado para se referir à nomeação ou à elevação em cargos
públicos.

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Nepotismo é palavra de origem latina “nepos” que significa neto ou descendente. A


proibição ao nepotismo objetiva dificultar que algumas pessoas sejam favorecidas em razão
de parentescos ou amizades.
 Importante saber! O nepotismo é incompatível com a CRFB desde sua ediaçã,
isto porque o art. 37, CRFB traz princípios que o afastam, são eles, eficiência,
impessoalidade, isonomia e moralidade - princípios absolutamente
incompatíveis com a prática do nepotismo.
Além da previsão constitucional destes princípios, a própria Lei n. 8112/90, que rege
os servidores público federais, tem disposição específica neste sentido, é o art. 117, VIII. Este
dispositivo proíbe que o servidor mantenha, como subordinado direto, um parente ou o
cônjuge em um cargo ou função de confiança.
Art. 117. Ao servidor é proibido:
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge,
companheiro ou parente até o segundo grau civil;

A Constituição no texto originário já traz princípios que são incompatíveis com a


prática de nepotismo, além disto, a Lei n. 8112/90 já continha disposição específica também
no sentido de vedar o nepotismo.
Pois bem. A previsão dos princípios na Constituição não foi o suficiente para evitar
que a ocorrência dos favorecimentos nas várias esferas de poder. Após a criação do CNJ,
laçou-se uma regulamentação para a matéria, trata-se da Resolução n. 07/2005 do CNJ que
veda o nepotismo no âmbito do Poder Judiciário.
Esta resolução bastante questionada, alegou-se sua inconstitucional por criar deveres
sem amparo em lei. Para acabar com as dúvidas sobre a constitucionalidade desta resolução,
foi proposta uma ação direta de constitucionalidade, é a ADC 12.
O Supremo, ao julgar a ADC 12, decidiu que a Resolução n. 07/2005 do CNJ não é
inconstitucional, isto porque ela só explica, pormenoriza restrições que já constavam na
Constituição (moralidade, impessoalidade, eficiência e igualdade). Como a restrição ao
nepotismo decorre diretamente da Constituição não é necessário que haja lei tratando do
assunto e não haveria problemas do CNJ regular a matéria.
EMENTA: AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE, AJUIZADA EM PROL DA
RESOLUÇÃO Nº 07, de 18.10.05, DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. ATO
NORMATIVO QUE "DISCIPLINA O EXERCÍCIO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES POR
PARENTES, CÔNJUGES E COMPANHEIROS DE MAGISTRADOS E DE SERVIDORES
INVESTIDOS EM CARGOS DE DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO, NO ÂMBITO DOS ÓRGÃOS
DO PODER JUDICIÁRIO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. Os
condicionamentos impostos pela Resolução nº 07/05, do CNJ, não atentam contra a

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liberdade de prover e desprover cargos em comissão e funções de confiança. As


restrições constantes do ato resolutivo são, no rigor dos termos, as mesmas já impostas
pela Constituição de 1988, dedutíveis dos republicanos princípios da impessoalidade, da
eficiência, da igualdade e da moralidade. 2. Improcedência das alegações de desrespeito
ao princípio da separação dos Poderes e ao princípio federativo. O CNJ não é órgão
estranho ao Poder Judiciário (art. 92, CF) e não está a submeter esse Poder à autoridade
de nenhum dos outros dois. O Poder Judiciário tem uma singular compostura de âmbito
nacional, perfeitamente compatibilizada com o caráter estadualizado de uma parte dele.
Ademais, o art. 125 da Lei Magna defere aos Estados a competência de organizar a sua
própria Justiça, mas não é menos certo que esse mesmo art. 125, caput, junge essa
organização aos princípios "estabelecidos" por ela, Carta Maior, neles incluídos os
constantes do art. 37, cabeça. 3. Ação julgada procedente para: a) emprestar
interpretação conforme à Constituição para deduzir a função de chefia do substantivo
"direção" nos incisos II, III, IV, V do artigo 2° do ato normativo em foco; b) declarar a
constitucionalidade da Resolução nº 07/2005, do Conselho Nacional de Justiça. (ADC 12,
Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 20/08/2008, DJe-237
DIVULG 17-12-2009 PUBLIC 18-12-2009 EMENT VOL-02387-01 PP-00001 RTJ VOL-00215-
PP-00011 RT v. 99, n. 893, 2010, p. 133-149)

Posteriormente esta mesma questão foi analisada em um recurso extraordinário


submetido à sistemática da repercussão geral, trata-se do RE 579.951.
EMENTA: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. VEDAÇÃO NEPOTISMO. NECESSIDADE DE LEI
FORMAL. INEXIGIBILIDADE. PROIBIÇÃO QUE DECORRE DO ART. 37, CAPUT, DA CF. RE
PROVIDO EM PARTE. I - Embora restrita ao âmbito do Judiciário, a Resolução 7/2005 do
Conselho Nacional da Justiça, a prática do nepotismo nos demais Poderes é ilícita. II - A
vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática. III -
Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da
Constituição Federal. IV - Precedentes. V - RE conhecido e parcialmente provido para
anular a nomeação do servidor, aparentado com agente político, ocupante, de cargo em
comissão. (RE 579951, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno,
julgado em 20/08/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-202 DIVULG 23-10-2008
PUBLIC 24-10-2008 EMENT VOL-02338-10 PP-01876)

Ainda nesta linha, é preciso saber que o Supremo editou a súmula vinculante n. 13.
Esta súmula é bastante criticada, porque até a sua edição não existiam muitas decisões
sobre o assunto. Ademais, é criticada por seu texto confuso:
STF. Súm. Vin. n. 13. A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta(1),
colateral(2) ou por afinidade(3), até o terceiro grau(4), inclusive, da autoridade nomeante
ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes

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da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste


mediante designações recíprocas(5), viola a Constituição Federal.

(1) Parente em linha reta significa ascendentes e descendentes.


(2) Linha colateral, significa parente do mesmo tronco, porém não ascendente ou
descente.
(3) Parente por afinidade, significa parentes do cônjuge.
(4) “até o terceiro grau” é importante, porque nos diz onde termina a restrição.
(5) “ajuste mediante designações recíprocas” é o que se chama de nepotismo
cruzado, v.g., a autoridade nomeante1 nomeia a irmã da outra autoridade nomeante2 e vice
versa.
 Uma governadora pode nomear a própria irmã para ser secretária de estado?
R. Sim, porque o Supremo decidiu que a vedação de nepotismo não alcança
nomeação de parentes para cargos políticos, decisão no seguinte julgado Rcl-MC-AgR
6650/PR.
AGRAVO REGIMENTAL EM MEDIDA CAUTELAR EM RECLAMAÇÃO. NOMEAÇÃO DE
IRMÃO DE GOVERNADOR DE ESTADO. CARGO DE SECRETÁRIO DE ESTADO. NEPOTISMO.
SÚMULA VINCULANTE Nº 13. INAPLICABILIDADE AO CASO. CARGO DE NATUREZA
POLÍTICA. AGENTE POLÍTICO. ENTENDIMENTO FIRMADO NO JULGAMENTO DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO 579.951/RN. OCORRÊNCIA DA FUMAÇA DO BOM DIREITO. 1.
Impossibilidade de submissão do reclamante, Secretário Estadual de Transporte, agente
político, às hipóteses expressamente elencadas na Súmula Vinculante nº 13, por se tratar
de cargo de natureza política. 2. Existência de precedente do Plenário do Tribunal: RE
579.951/RN, rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 12.9.2008. 3. Ocorrência da fumaça do
bom direito. 4. Ausência de sentido em relação às alegações externadas pelo agravante
quanto à conduta do prolator da decisão ora agravada. 5. Existência de equívoco
lamentável, ante a impossibilidade lógica de uma decisão devidamente assinada por
Ministro desta Casa ter sido enviada, por fac-símile, ao advogado do reclamante, em
data anterior à sua própria assinatura. 6. Agravo regimental improvido. (Rcl 6650 MC-
AgR, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 16/10/2008, DJe-222
DIVULG 20-11-2008 PUBLIC 21-11-2008 EMENT VOL-02342-02 PP-00277 RTJ VOL-00208-
02 PP-00491)

 MPF/2013. Questão 31. Consoante a jurisprudência dominante do Supremo


Tribunal Federal, é correto afirmar que:
a) ( ) A nomeação de pessoa com vínculo de parentesco, em linha reta ou
colateral, limitado ao segundo grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de

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servidor da mesma pessoa jurídica, investido de cargo de direção, chefia ou


assessoramento, para exercício de cargo em comissão ou de confiança,
configura nepotismo, violando o art. 37, caput, da Constituição Federal.
b) ( ) O nepotismo constitui prática atentatória aos princípios da moralidade e
da impessoalidade, e sua vedação no âmbito da Administração Pública
imprescinde de lei formal para dar-lhe concretude.
c) ( ) Somente a vedação de nepotismo na esfera do Judiciário independe de lei
formal, haja vista a autonomia administrativa desse Poder.
d) ( ) Exclui-se da vedação concernente ao nepotismo a nomeação de irmão de
Governador para exercício do cargo de Secretário de Estado, por se tratar de
agente político.
 Comentários:
Na assertiva (a) não consta o parentesco por afinidade. Segundo problema, dispõe
“até o segundo grau”, quando na verdade a súmula vinculante n. 13, STF prevê a vedação
para os parentes de “até terceiro grau”. Assertiva (a) errada.
A assertiva (b) usa o termo “imprescinde”, significa “precisa”. A vedação ao
nepotismo não precisa de lei formal para ter concretude, pois já existe previsão
constitucional sobre o assunto. Assertiva (b) errada.
A assertiva (c) está errada, pois a vedação do nepotismo abrange todas as esferas,
esta vedação decorre da Constituição.
A assertiva (d) está correta.
 Gabarito: D.

Encerra-se aqui a matéria “agentes públicos”.

2. Licitações
 Recomendação inicial: indica-se a leitura dos seguintes diplomas legislativos
sobre a matéria, é bom lembrar que o texto de lei é sempre muito cobrado em
prova.
- Lei n. 8666/93 – Lei de Licitações;
- Lei n. 10.520/02 – Lei do Pregão;
- Decreto n. 5450/05 – regulamento federal do pregão eletrônico;
- Lei n. 12.232/10 – licitação para serviços de publicidade;

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- Lei n. 12.462/11 – RDC – regime de contratação diferenciada;


- Observação. Atenção para lei recente, Lei n. 12.598/12 – licitações e contratações
de produtos e sistemas de defesa.

2.1 Conceito de licitação


Hely Lopes Meirelles: “Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a
Administração seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse”.
José dos Santos Carvalho Filho: “Licitação é procedimento vinculado”. Isto é, fixadas
as regras para a licitação o administrador deve observá-las rigorosamente.

2.2 Finalidades
1) Escolha da proposta mais vantajosa para o poder público.
Proposta mais vantajosa não é necessariamente a proposta mais barata.
2) Oferecer iguais condições a todos que queiram contratar com a Administração
Pública.
A licitação é uma projeção concretizadora do princípio da impessoalidade, permite
uma escolha impessoal. Assemelha-se, neste ponto, ao concurso público.
3) Promover o desenvolvimento nacional sustentável.
Este terceiro objetivo foi incluído recentemente na Lei n. 8.666/93, através da Lei n.
12.349/10.

2.3 Fundamento constitucional da licitação


A licitação está prevista no art. 37, XXI, CRFB:
CRFB. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

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Neste inciso XXI está previsto o procedimento licitatório para estas compras e para a
contratação de serviços.

2.4 Pressupostos da Licitação


Existe muita divergência doutrinária em relação aos pressupostos da licitação e com
relação aos efeitos destes pressupostos.
1) Pressuposto Lógico: Pluralidade de objetos e de ofertantes
2) Pressuposto Jurídico: Interesse Público
3) Pressuposto Fático: Interesse de Mercado
O primeiro pressuposto é a pluralidade de objetos e de ofertantes, sem isto não
haverá competitividade. Se o pressuposto lógico não estiver presente, haverá contratação
direta por inexigibilidade de licitação. As hipóteses de inexigibilidade acontecem diante da
inviabilidade de competição.
Exemplo: A Administração Pública pretende adquirir materiais produzidos por um
produtor exclusivo, somente uma pessoa vende o material, não faria sentido promover um
procedimento licitatório para uma pessoa apenas.
O segundo pressuposto é a existência de interesse público na realização do
procedimento licitatório (pressuposto jurídico). Então, é preciso que a conveniência e
oportunidade estejam presentes na contratação e no procedimento. Isto quer dizer que,
diante do caso concreto, a licitação é meio apto para atender o interesse público. A licitação
não é fim em si mesmo e sim um meio para atingir determinado resultado. Ausente o
pressuposto jurídico, poderemos estar diante de duas situações: i) inexigibilidade ou ii)
dispensa de licitação.
Exemplo1: A Administração pretende adquirir um bem de valor muito baixo, não faria
sentido promover um processo licitatório. A licitação é um procedimento demorado e caro,
não razoável para adquirir um bem de valor ínfimo. Assim, a Lei de Licitações dispensa o
administrador de licitar quando o objetivo é a aquisição de bens com valores mais baixos.
Exemplo2: As empresas públicas atuam no mercado em situação de competição.
Assim, dispensa-se a licitação para as contratações que envolvam o exercício da atividade
fim. Entende-se que exigir a licitação as colocaria em situação e desvantagem exagerada, o
que poderia até impedir o seu funcionamento. Nestas hipóteses, entende-se não ser
razoável exigir licitação, por falta o pressuposto jurídico, falta de existência de interesse
jurídico.

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O terceiro pressuposto é o fático, que corresponde ao interesse de mercado.


Interesse de mercado é a exigência de que, no dia da licitação, compareçam pessoas
efetivamente interessadas em contratar com a administração pública.
Em resumo, se licitação é escolha, é necessário que haja mais de uma opção
(pressuposto lógico), isto é, muitos objetos e muitos concorrentes para justificar o
procedimento licitatório. A licitação tem que ser meio apto a atingir o objetivo (pressuposto
jurídico), é preciso existir interesse público na contratação.
E ainda, é preciso que, além da pluralidade de ofertantes, haja interesse de mercado
naquela contratação (pressuposto fático). Quando não há mais de uma pessoa interessada
em contratar com administração, haverá a situação de licitação deserta, que está prevista
no art. 24, V da Lei n. 8666/93. A consequência da licitação deserta é a permissão para a
contratação direta:
Art. 24. É dispensável a licitação:
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não
puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as
condições preestabelecidas;

A contratação direta é permitida quando a licitação não puder ser repetida sem
prejuízo para a administração. A licitação deserta ocorre quando o procedimento licitatório
ocorreu, mas não atraiu nenhum interessado em contratar com o poder público.
Celso Antônio cita mais um caso de ausência de pressuposto fático para a licitação, é
a situação em que a administração pública pretende contratar um jurista famoso para
elaborar um parecer, ou um advogado famoso para fazer sustentações orais.

2.5 Pessoas sujeitas a licitação


Neste tópico, analisa-se quem precisa licitar e quem não precisa. O art. 1º, p.u. da Lei
n. 8666/93 faz esta distinção:
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos
pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no
âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração
direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Como regra geral, toda a administração pública direta e indireta é obrigada a licitar.

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2.5.1 Situações Especiais


Sobre a obrigação de licitar, há algumas situações especiais.

2.5.1.1 Organizações sociais


Relaciona-se ao tema “Terceiro Setor”. Organização social é uma pessoa jurídica de
direito privado sem fins lucrativos. É uma pessoa jurídica que não integra a estrutura da
administração pública. Uma pessoa jurídica recebe a qualificação de “organização social”
quando atende a requisitos da Lei n. 9637/98. Esta qualificação concede alguns benefícios,
v.g., isenção fiscal, repasse de bens, dentre outras vantagens.
Quando se fala em “organização social” e “licitação”, é preciso atentar basicamente
para dois dispositivos, o primeiro é o art. 24, XXIV da Lei n. 8.666/93:
Art. 24. É dispensável a licitação:
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações
sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
contempladas no contrato de gestão.

Assim, v.g., se a pessoa jurídica é classificada como organização social pela União, o
ente federado não precisará licitar para contratar com ela. Isto se reproduz nas demais
esferas, desde que, a organização social seja contratada para desempenhar atividades
contempladas em contrato de gestão.
 O art. 24, XXIV da Lei n. 8.666/93 dispensa licitação para quem?
R. Primeiro, o dispositivo não estabelece dispensa para a “organização social”
contratar com outras pessoas, o art. 24, XXXIV, da Lei n. 8.666/93 se destina à administração
pública. Aplicável quando a administração pública for contratar com organizações sociais.
É preciso lembrar que as organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado.
A princípio, as organizações sociais não precisam licitar, porque estão fora da estrutura da
administração pública, não existe regra que as obriguem licitar. Assim, a dispensa do art. 24,
XXIV é dirigida à administração pública, quando a mesma contrata com uma organização
social.
Regra geral: organização social não é obrigada a fazer licitação, mas temos uma
exceção prevista no Decreto n. 5504/2005:
Art. 1º Os instrumentos de formalização, renovação ou aditamento de convênios,
instrumentos congêneres ou de consórcios públicos que envolvam repasse voluntário de
recursos públicos da União deverão conter cláusula que determine que as obras,
compras, serviços e alienações a serem realizadas por entes públicos ou privados, com os

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recursos ou bens repassados voluntariamente pela União, sejam contratadas mediante


processo de licitação pública, de acordo com o estabelecido na legislação federal
pertinente. (...)

Este dispositivo refere-se a pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado,


traz disposição que afeta as organizações privadas. Em regra, as organizações sociais não
precisam licitar, porque não estão abrangidas pelo disposto no art. 1º, p.u., da Lei n.
8666/93. Porém, existe uma situação em que as organizações sociais precisaram licitar (art.
1º do Decreto 5504/05), quando utilizarem bens ou recursos repassados voluntariamente
pela União.
Este dispositivo do Decreto n. 5504/05 possui uma finalidade, procura evitar a burla
do procedimento licitatório. Pretende evitar que a União repasse verbas para a organização
social e que ela contrate sem licitação. Este dispositivo evita que a organizações sociais
sejam usadas como meio de fraude ao procedimento licitatório. Evita que as organizações
sociais sejam utilizadas maliciosamente, como intermediárias em contratações da União, pra
fraudar o dever de licitar.

2.5.1.2 Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP)


A OSCIP, da mesma forma que a OS, é pessoa jurídica de direito privado sem fins
lucrativos, também alheia à estrutura da administração. Recebe esta denominação/status
por atender a requisitos de uma lei específica, a Lei n. 9.790/99.
Quando a OSCIP e a OS recebem esta qualificação, passam a ter alguns benefícios,
v.g., isenções ficais, repasses de verbas, etc. Como são pessoas jurídicas de direito privado,
alheias à estrutura da administração, a princípio, não precisam de licitação para contratar,
porém terão que utilizar procedimento licitatório sempre que receberem recursos
repassados voluntariamente pela União, nos termos do art. 1º do Decreto 5504/05.

2.5.1.3 Serviços Sociais – Sistema “S”


As entidades que integram o Sistema “S” (v.g., SESI, SENAI, SEBRAE, SENAC, etc.) são
pessoas jurídicas de direito privado criadas mediante autorização legislativa. Elas não
pertencem ao Estado, mas são mantidas por contribuições compulsórias. Observando esta
situação a doutrina diz: são pessoas sujeitas ao dever de licitar, pois são mantidas por
recursos provenientes de contribuições tributárias.
O TCU diz que são sujeitas ao dever de licitar, mas não precisam seguir o específico
procedimento licitatório da Lei n. 8.666/93. Quer dizer, essas entidades precisam seguir o

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procedimento licitatório, mas não necessariamente o previsto na Lei n. 8666/93. Podem


editar regulamento interno com procedimento próprio previsto em seus regimentos
internos, neste sentido é a Decisão 47/2005 do TCU.

2.5.1.4 Conselhos de Classe


 Qual a natureza jurídica de um conselho de classe?
R. São autarquias profissionais, integram a administração pública indireta, portanto,
se submetem a Lei de Licitações.
Porém, destaque-se a situação especial da OAB. A OAB tem uma posição muito
particular. O STF entende que a OAB seria uma entidade sui generis, sua natureza jurídica é a
de “serviço público independente”. Isto porque, a OAB não se limita a defesa da categoria de
advogados, vai muito além, defende o próprio Estado Democrático e a Constituição. Assim, a
OAB não poderia ser vista como um conselho de classe comum, não tem natureza jurídica de
autarquia.
A OAB é entendida como entidade “sui generis”, “entidade impar”, “serviço público
independente” e, portanto está liberada do dever de licitar. A OAB tem um tratamento
específico (o Supremo não especificou qual), mas afirmou que a OAB não integra a
administração. Isto significa que ela, v.g., não precisa de concurso público para contratar
seus membros e não precisa se sujeitar à Lei de Licitações.

2.5.1.5 Empresas públicas e sociedades de economia mista


Sobre licitação e empresas públicas/sociedades de economia mista, a primeira
distinção importante leva em conta o tipo de atividade elas desempenham.
Quando for “prestadora de serviços públicos”, ela precisará respeitar a Lei de
Licitações. Agora, quando se trata de uma “exploradora de atividade econômica” é
necessário diferenciar as atividades meio destas empresas, das atividades fim.
As empresas públicas e sociedades de economia mista que atuam em atividade meio
precisam sim observar a Lei de Licitações, observando a Lei n. 8.666/93. Isto porque, ainda
não foi editada a lei prevista no art. 173, § 1º, III, CRFB:
CRFB. Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos
da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção

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ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada


pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os
princípios da administração pública; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

Este dispositivo permite que estas “empresas públicas e sociedades de economia


mista prestadoras de atividade econômica” adotem estatuto próprio para licitações e
contratos que substituiria a Lei n. 8.666/93.
Isto é permitido, porque a Lei n. 8.666/93 é muito burocrática e o procedimento
licitatório ali previsto demanda muito tempo. Percebeu-se que o modelo tradicional de
licitação dificultava a competitividade destas empresas no mercado. Ocorre que a lei
prevista no art. 173, § 1º, III, CRFB ainda não foi editada, enquanto isto, aplica-se a Lei n.
8.666/93.
E com relação às atividades fim deste tipo de empresa, boa parte da doutrina (Celso
Antônio, Carvalho Filho e o TCU) entende que “empresas públicas e sociedades de economia
mista exploradoras de atividade econômica” não precisam licitar. Exigir que licitassem em
suas atividades fim, seria impor um ônus muito grande, o que inviabilizariam suas atividades
em um mercado competitivo. Para estes autores, a Lei de Licitações não se aplicaria para as
atividades fim, por absoluta impossibilidade jurídica.
Exemplo: Criou-se uma empresa pública para vender medicamento por valor inferior
ao de mercado, para atender pessoas de baixa renda. A atividade fim é a venda de
medicamentos, para vender o medicamento não será necessário observar qualquer
procedimento licitatório. Agora, para distribuir este medicamento a empresa precisará
comprar um caminhão, esta compra não se relaciona com a atividade fim, sendo assim,
exige-se o procedimento licitatório que segue a Lei n. 8.666/93.
Quando se fala em sociedade de economia mista exploradora de atividades
econômicas temos uma situação especial, a Petrobras. A Lei n. 9.478/97 prevê que a
Petrobras pode utilizar um procedimento licitatório simplificado para suas as atividades
meio, porém não precisa licitar para a atividade fim. Este procedimento simplificado está
previsto no Decreto n. 2.745/98.
Enquanto que o TCU e o STJ não são simpáticos a este decreto, o Supremo tem
admitido o uso do referido diploma legal em algumas decisões de turma e em algumas
suspensões de segurança. Por conta desta divergência sobre o Decreto n. 2.745/98, a
questão foi afetada ao Pleno e deve ser resolvida no julgamento do RE 441.280. Recomenda-
se acompanhar este julgamento.

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2.5.1.6 Fundos Especiais


Previsto no parágrafo único do art. 1º, da Lei n. 8.666/93.
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos
pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no
âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração
direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Este parágrafo único prevê que os fundos especiais deverão realizar licitação. Ocorre
que esta referência não faz sentido. Isto é um equivoco legislativo. Um fundo é uma reserva
monetária, os fundos especiais são despidos de personalidade jurídica, são reservas
financeiras criadas pela lei que sempre outorga a sua administração a algum órgão público,
que, por sua vez, está obrigado a licitar.
Observação. As empresas privadas não estão sujeitas ao dever de licitar, nem as
permissionárias, nem as concessionárias de serviços públicos.
 Dica de prova: na dúvida se o ente deve licitar ou não, verifique se este ente
recebe ou não recursos públicos. Quando o ente recebe recursos públicos,
normalmente precisará licitar.

2.6 Competência para legislar sobre licitação


A competência para legislar sobre licitação está prevista no art. 22, XXVII, CRFB:
CRFB. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Parece ser uma previsão contraditória “compete privativamente à União legislar


sobre normas gerais”. Apesar de a previsão estar no art. 22, da CRFB, que trata da
competência privativa da União, a competência para legislar sobre licitações e contratos é
uma competência concorrente, à União cabe apenas legislar sobre as normas gerais.
E ainda, cabe aos Estados elaborar normas específicas para a esfera estadual, aos
municípios elaborar normas específicas para a esfera municipal e à União elaborar (também)
normas específicas para a esfera federal.

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Em regra, a Lei n. 8.666/93 tem aplicação no âmbito nacional, porém, em algumas


situações a Lei de Licitações traz normas específicas que fogem à competência de normas
gerais da União. Algumas normas específicas foram impugnadas e levadas ao exame do
Supremo na ADI 927.
O Supremo reconheceu que a União não se limitou a editar normas gerais, porém a
Corte não declarou as normas específicas como inconstitucionais, preferiu dar
“interpretação conforme”. Entendeu que, quando a União edita normas específicas, estas
disposições não se aplicam nem aos estados e bem aos municípios, aplicam-se apenas à
esfera federal. Em resumo, à União cabe editar normais (aplicáveis a todos) e a editar
normas específicas (aplicáveis apenas ao âmbito federal).
Um destes dispositivos examinados foi o art. 17 que trata da alienação de bens da
administração pública. O Supremo disse que o art. 17, II, b, da Lei n. 8.666/93 será aplicado
exclusivamente à União.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de
interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos
seguintes casos:
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração
Pública;

Segue acordão da ADI 927:


EMENTA: CONSTITUCIONAL. LICITAÇÃO. CONTRATAÇÃO ADMINISTRATIVA. Lei n. 8.666,
de 21.06.93. I. - Interpretação conforme dada ao art. 17, I, "b" (doação de bem imóvel) e
art. 17, II, "b" (permuta de bem movel), para esclarecer que a vedação tem aplicação no
âmbito da União Federal, apenas. Identico entendimento em relação ao art. 17, I, "c" e
par. 1. do art. 17. Vencido o Relator, nesta parte. II. - Cautelar deferida, em parte. (ADI
927 MC, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/11/1993, DJ
11-11-1994 PP-30635 EMENT VOL-01766-01 PP-00039)

Outra questão sobre competência legislativa na licitação: decisão proferida pelo


Supremo no RE 423560. O Supremo examinou lei local que proibia agentes políticos de
participar de licitação e que contratassem com os entes federativos aos quais pertenciam.
O Supremo entendeu que a disposição era constitucional, isto porque estados e
municípios têm competência para editar matérias locais sobre licitação. O Supremo também
disse que existe uma lacuna no art. 9º da Lei de Licitações. Tal disposição trouxe várias
vedações, mas não previu a proibição do agente político contratar com a administração. Por

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isto, não há problema de estados e municípios vedarem esta situação. Ademais, a vedação
está de acordo com os princípios da moralidade e da impessoalidade.
Licitação: lei orgânica e restrição – 1 A 2ª Turma deu provimento a recurso
extraordinário para declarar a constitucionalidade do art. 36 da Lei Orgânica do
Município de Brumadinho/MG, que proibiria agentes políticos e seus parentes de
contratar com o município (“ O Prefeito, o Vice-Prefeito, os Vereadores, os ocupantes de
cargo em comissão ou função de confiança, as pessoas ligadas a qualquer deles por
matrimônio ou parentesco, afim ou consangüíneo, até o 2º grau, ou por adoção e os
servidores e empregados públicos municipais, não poderão contratar com o Município,
subsistindo a proibição até seis meses após findas as respectivas funções”). Asseverou-se
que a Constituição outorgaria à União a competência para editar normas gerais sobre
licitação (CF, art. 22, XXVII) e permitiria que estados-membros e municípios
legislassem para complementar as normas gerais e adaptá-las às suas realidades.
Afirmou-se que essa discricionariedade existiria para preservar interesse público
fundamental, de modo a possibilitar efetiva, real e isonômica competição. Assim, as
leis locais deveriam observar o art. 37, XXI, da CF, para assegurar “a igualdade de
condições de todos os concorrentes”. RE 423560/MG, rel. Min.Joaquim Barbosa,
29.5.2012. (RE-423560)

Licitação: lei orgânica e restrição – 2 Registrou-se que o art. 9º da Lei 8.666/93


estabeleceria uma série de impedimentos à participação nas licitações, porém não
vedaria expressamente a contratação com parentes dos administradores, razão por que
haveria doutrinadores que sustentariam, com fulcro no princípio da legalidade, que não
se poderia impedir a participação de parentes nos procedimentos licitatórios, se
estivessem presentes os demais pressupostos legais, em particular, a existência de vários
interessados em disputar o certame. Não obstante, entendeu-se que, ante a ausência de
regra geral para o assunto — a significar que não haveria proibição ou permissão acerca
do impedimento à participação em licitações em decorrência de parentesco —, abrir-se-
ia campo para a liberdade de atuação dos demais entes federados, a fim de que
legislassem de acordo com suas particularidades locais, até que sobreviesse norma geral
sobre o tema. Por fim, consignou-se que a referida norma municipal, editada com base
no art. 30, II, da CF, homenagearia os princípios da impessoalidade e da moralidade
administrativa, bem como preveniria eventuais lesões ao interesse público e ao
patrimônio do município, sem restringir a competição entre os licitantes. RE 423560/MG,
rel. Min.Joaquim Barbosa, 29.5.2012. (RE-423560)

2.7 Princípios específicos da licitação


Como visto, a licitação tem natureza jurídica de procedimento administrativo, por
isto, incidem sobre os princípios gerais como legalidade, impessoalidade, moralidade,

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eficiência, etc. Porém, além dos princípios gerais, há também a incidência de princípios
específicos.

2.7.1 Princípio da vinculação a um instrumento convocatório


O primeiro princípio específico é o da vinculação a um instrumento convocatório.
Significa que, tanto a administração pública, quanto os participantes da licitação, além de
estarem vinculados às normas legais, também devem atender aos requisitos do instrumento
convocatório (o edital da licitação). Por isto que se diz que “o edital é lei da licitação”. Assim,
tanto o participante da licitação, quanto a própria administração estarão vinculados ao
edital.
 Edital exige determinado requisito que não é cumprido por nenhum dos
participantes da licitação. A administração pública pode dispensar a exigência
constante no edital?
R. Não pode, porque a administração está vinculada ao edital. O procedimento
correto seria mudar o edital e reabrir as inscrições. O instrumento convocatório se dirige
tanto ao participante, quanto à administração pública. É por isto que o edital “é a lei da
licitação”.

2.7.2 Princípio do julgamento objetivo


Este princípio significa que o edital deve prever, de forma clara, o critério de
julgamento adotado na licitação para determinar o seu vencedor.
A doutrina diz que esta objetividade do edital não será sempre absoluta, quando
houver a necessidade de observar a qualificação técnica dos participantes sempre haverá
certa margem de subjetivismo.

2.7.3 Princípio do sigilo das propostas


Como regra, as propostas são sigilosas, elas são entregues em envelopes lacrados. As
propostas permanecem em sigilo até que estes envelopes sejam abertos em uma seção
pública.
Há uma exceção ao princípio do sigilo das propostas, o leilão, nele as propostas são
feitas de forma oral e aberta.
 Qual a consequência de uma violação indevida ao sigilo das propostas?

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R. Primeira coisa, esta violação implica no crime de fraude à licitação. Segunda


consequência, representa um ato de improbidade administrativa quando envolver agente
público.

2.7.4 Princípio da competitividade


A licitação, tal qual o concurso público, visa selecionar a proposta mais benéfica para
a administração pública. Ora, a administração só pode escolher se tiver opções, se houver
ampla competitividade.
As exigências para a participação em licitação, especialmente as de qualificação
técnica e econômica, devem ser imprescindíveis para o cumprimento das obrigações. Todas
as exigências devem representar a garantia mínima de que o contratado cumprirá o
contrato. Não é possível fazer exigências injustificadas, ou exigências desnecessárias ao
cumprimento do contrato.
Sobre o assunto, atentar para o seguinte julgado do STJ que mitiga o princípio da
competitividade.
Segunda Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA DE QUALIFICAÇÃO TÉCNICA EM LICITAÇÃO. É
lícita cláusula em edital de licitação exigindo que o licitante, além de contar, em seu
acervo técnico, com um profissional que tenha conduzido serviço de engenharia similar
àquele em licitação, já tenha atuado em serviço similar. Esse entendimento está em
consonância com a doutrina especializada que distingue a qualidade técnica profissional
da qualidade técnica operacional e com a jurisprudência do STJ, cuja Segunda Turma
firmou o entendimento de que “não fere a igualdade entre os licitantes, tampouco a
ampla competitividade entre eles, o condicionamento editalício referente à experiência
prévia dos concorrentes no âmbito do objeto licitado, a pretexto de demonstração de
qualificação técnica, nos termos do art. 30, inc. II, da Lei n. 8.666/93” (REsp 1.257.886-
PE, julgado em 3/11/2011). Além disso, outros dispositivos do mesmo art. 30 permitem
essa inferência. Dessa forma, o § 3º do art. 30 da Lei 8.666/1993 estatui que existe a
possibilidade de que a comprovação de qualificação técnica se dê por meio de serviços
similares, com complexidade técnica e operacional idêntica ou superior. Ainda, o § 10 do
art. 30 da mesma lei frisa ser a indicação dos profissionais técnicos responsáveis pelos
serviços de engenharia uma garantia da administração. RMS 39.883-MT, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 17/12/2013.

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2.7.5 Princípio da indistinção


Significa que a administração não pode estabelecer distinções infundadas entre os
participantes. Ou seja, são vedadas preferências entre os participantes em relação à
naturalidade, sede e domicílio dos licitantes.
Este princípio está previsto no art. 3º, § 1º, I, da Lei n. 8.666/93.
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
§ 1o É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância
impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto
nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991;
(Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)

O mais importante é saber que existem exceções a este princípio, aliás são mais
cobradas em prova que o próprio princípio. A primeira dela está no art. 3º, § 5º e seguintes
da Lei n. 8.666/93. Esta primeira exceção permite que se dê preferência para produtos
manufaturados e nacionais, significa que estes produtos podem ser até um pouco mais caros
se for estabelecida esta “margem de preferência”.
Art. 3º. § 5o Nos processos de licitação previstos no caput, poderá ser estabelecido
margem de preferência para produtos manufaturados e para serviços nacionais que
atendam a normas técnicas brasileiras. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide
Decreto nº 7.546, de 2011)

Observação. Esta “margem de preferência” pode ser estendida para produtos e


serviço do Mercosul.
A segunda exceção ao princípio da indistinção está prevista no art. 3º, § 12, da Lei n.
8.666/93, está relacionada com a contratação de sistemas da tecnologia da informação e
comunicação que sejam considerados estratégicos. Nestas situações, a lei admite que a
licitação seja restrita a bens e serviços com tecnologia desenvolvidas no Brasil.
Art. 3º. § 12. Nas contratações destinadas à implantação, manutenção e ao
aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de informação e comunicação,
considerados estratégicos em ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser

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restrita a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País e produzidos de acordo


com o processo produtivo básico de que trata a Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001.
(Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)

Art. 45. § 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a administração


observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em
conta os fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamento o tipo
de licitação "técnica e preço", permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos
indicados em decreto do Poder Executivo. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

No mesmo sentido o art. 3º, § 1º, I e II, da Lei n. 8.666/93 prevê que se pode dar
preferência para produtos de informática e automação produzidos por empresas de capital
nacional.
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos. (Redação dada pela Lei nº 12.349, de
2010) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento)
§ 1o É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância
impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto
nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de
1991; (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010)
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista,
previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no
que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos
financiamentos de agências internacionais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte
e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991.

Uma das exceções mais importantes é a prevista no art. 3º, § 2º, da Lei n. 8.666/93.
Este dispositivo estabelece o critério de desempate, traz vários critérios sucessivos: 1)
preferência de bens e serviços produzidos no Brasil; 2) bens e serviços produzidos/prestados
por empresas brasileiras; 3) bens e serviços produzidos/prestados por empresas que
invistam em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia no Brasil.

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Art. 3º. § 2o Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada


preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:
I - produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional; (Revogado
pela Lei nº 12.349, de 2010)
II - produzidos no País;
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no
desenvolvimento de tecnologia no País. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

Observação. Sobre o princípio da indistinção temos a LC 123/06 que traz tratamento


diferenciado (e mais benéficos) para as micro e pequenas empresas. Dentre estas
disposições, a LC 123/06 traz disposições específicas sobre licitação que são mais benéficas
para estas empresas. Destaquem-se os arts. 42 a 49 desta lei.

2.7.6 Princípio da inalterabilidade do edital


Significa que, em regra, o edital de licitação não pode ser modificado após a sua
publicação.
Se houver necessidade de alteração no edital será preciso conferir ampla publicidade
a esta alteração. Além disto, é preciso devolver o prazo, abrindo a oportunidade para
aqueles que deixaram de participar do edital (por conta da cláusula que foi modificada)
enviem suas propostas.

2.7.7 Princípio do formalismo procedimental


Este princípio diz que as regras aplicáveis ao procedimento licitatório são as previstas
em lei e no edital.
Caso haja descumprimento destas formalidades, só haverá nulidade da licitação se
houver comprovação do prejuízo – “pas de nullité sans grief” – não existe nulidade sem
prejuízo.

2.7.8 Princípio da adjudicação compulsória


Este princípio proíbe que a administração pública atribua o objeto da licitação a
alguém que não o seu vencedor. Significa que o objeto deverá ser atribuído ao vencedor e
não à outra pessoa.
O vencedor tem direito a adjudicação (atribuição do objeto da licitação), se a
administração pública for contratar, contratará com ele. O vencedor não tem direito a

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contratação imediata. A administração pode licitamente revogar a licitação, anular a


licitação, ou até adiar o contrato. Ou seja, o princípio da adjudicação compulsória não
significa que o vencedor tem direito ao contrato, significa apenas que ele tem direito ao
objeto da licitação. Isto é, se a administração for contratar terá que contratar com o
vencedor.

2.8 Modalidades de licitação


Modalidades de licitação são os ritos previstos para o processamento da licitação.
Estas modalidades estão previstas no art. 22 da Lei n. 8.666/93. São sete modalidades:
1) Concorrência (Lei n. 8.666/93)
2) Tomada de preços (Lei n. 8.666/93)
3) Convite (Lei n. 8.666/93)
4) Concurso (Lei n. 8.666/93)
5) Leilão (Lei n. 8.666/93)
6) Consulta (art. 55 da Lei n. 9.472/97)
7) Pregão (Lei n. 10.520/02)

2.8.1 Concorrência, tomada de preços e convite


Sobre concorrência, tomada de preços e convite, é preciso destacar que estas três
modalidades, estes três ritos, se diferenciam em relação ao valor da contratação. Quanto
maior o valor da contratação, mais exigente e mais complexo será o procedimento.
Convite é estabelecido para contratações de menor valor, tomada de preços para
valor intermediário e concorrência para os maiores valores. Quanto maior o valor, maiores
serão as exigências de ampla concorrência.
Com relação a estas três modalidades, cabem algumas observações.
Observação1. É sempre possível utilizar a modalidade mais rigorosa diante do valor
do objeto, art. 23, § 4º da Lei de Licitações. Exemplo: A administração precisa comprar algo
que está incluído na modalidade “tomada de preços”. Então a administração não poderá
fazer mediante convite, mas pode fazer por concorrência.
Art. 23. § 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a
tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.

Observação2. Exemplo: A administração precisa comprar um número enorme de


cadeiras para suprir um órgão inteiro. A contratação está na faixa da tomada de preços,
como esta é modalidade muito dispendiosa o administrador resolve fazer uma manobra,

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aivide a compra em dois lotes de modo que sejam duas compras que se adequem a faixa do
convite. A administração não pode fazer este procedimento.
Se houver fracionamento do objeto, divisão do objeto, cada parte licitada deve
utilizar a modalidade cabível para o valor integral. Esta regra visa proibir que o
fracionamento de objeto seja utilizado como forma de “fugir” da modalidade correta de
licitação.
O TCU entende que não há problema dividir o objeto e comprar em dois lotes, mas
não se pode fugir da modalidade exigida para o valor integral, porque implica em fraude a
licitação.
Observação3. Admite-se que o legislador estadual ou municipal estabeleça a
concorrência como única modalidade em sua esfera legislativa. Viu-se que não há problemas
em utilizar a modalidade mais gravosa que a devida. De todas as modalidades, a
concorrência é a mais gravosa. Ademais, estados e municípios editam regras específicas para
atender as suas peculiaridades.
Observação4. Após realizada a licitação e celebrado o contrato este não poderá ser
alterado para além do valor da modalidade.
Exemplo: A administração celebra contrato para serviço de engenharia no valor de
150 mil reais, foi utilizada a modalidade convite, que só pode ser utilizada até justamente o
valor de 150 mil reais. Se este é o teto da modalidade, não será possível alterar o contrato
resultado de licitação na modalidade convite, já que o valor está no limite.
É por isto que, em muitos casos, o administrador utiliza modalidades de licitação
acima, justamente para poder realizar ajustes futuros no contrato, que ultrapassem aquela
margem.

2.8.2 Concurso
Modalidade licitatória também prevista na Lei n. 8.666/93. Ele se destina a um
trabalho técnico, científico ou artístico. Em contrapartida, paga-se à pessoa um prêmio ou
remuneração.
Observação. Não confundir o concurso previsto na Lei n. 8.666/93 com o concurso
voltado para o provimento de cargos previsto na Constituição.

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2.8.3 Leilão
Também previsto na Lei de Licitações, modalidade licitatória que só serve para uma
coisa: alienação. Ela ocorre quando a administração pública pretende vender alguns de seus
bens.
Lei n. 8.666/93. Art. 22. § 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de
produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis
prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação.

2.8.4 Consulta
Prevista no art. 55 da Lei n. 9.472/97, é modalidade de licitação exclusiva da ANATEL.
É modalidade de licitação específica prevista na lei da ANATEL, que será realizada por
procedimento especificado através de atos normativos da própria ANATEL. Este
procedimento não poderá ser utilizado para a contratação de serviços de engenharia.
Art. 55. A consulta e o pregão serão disciplinados pela Agência, observadas as
disposições desta Lei e, especialmente: (Vide Lei nº 9.986, de 2000)
I - a finalidade do procedimento licitatório é, por meio de disputa justa entre
interessados, obter um contrato econômico, satisfatório e seguro para a Agência;
II - o instrumento convocatório identificará o objeto do certame, circunscreverá o
universo de proponentes, estabelecerá critérios para aceitação e julgamento de
propostas, regulará o procedimento, indicará as sanções aplicáveis e fixará as cláusulas
do contrato;
III - o objeto será determinado de forma precisa, suficiente e clara, sem especificações
que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição;
IV - a qualificação, exigida indistintamente dos proponentes, deverá ser compatível e
proporcional ao objeto, visando à garantia do cumprimento das futuras obrigações;
V - como condição de aceitação da proposta, o interessado declarará estar em situação
regular perante as Fazendas Públicas e a Seguridade Social, fornecendo seus códigos de
inscrição, exigida a comprovação como condição indispensável à assinatura do contrato;
VI - o julgamento observará os princípios de vinculação ao instrumento convocatório,
comparação objetiva e justo preço, sendo o empate resolvido por sorteio;
VII - as regras procedimentais assegurarão adequada divulgação do instrumento
convocatório, prazos razoáveis para o preparo de propostas, os direitos ao contraditório
e ao recurso, bem como a transparência e fiscalização;
VIII - a habilitação e o julgamento das propostas poderão ser decididos em uma única
fase, podendo a habilitação, no caso de pregão, ser verificada apenas em relação ao
licitante vencedor;

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IX - quando o vencedor não celebrar o contrato, serão chamados os demais participantes


na ordem de classificação;
X - somente serão aceitos certificados de registro cadastral expedidos pela Agência, que
terão validade por dois anos, devendo o cadastro estar sempre aberto à inscrição dos
interessados.

2.8.5 Pregão
O pregão está previsto em lei própria, qual seja, a Lei n. 10.520/02. O pregão é
modalidade licitatória obrigatória para a União e facultativa para os demais entes, no que
tange a aquisição de bens comuns ou contratação de serviços comuns.
 O que são bens e serviços comuns?
R. São aqueles que podem ser objetivamente conceituados no edital com expressão
usual no mercado, v.g., guardanapo, papel ofício.
Atenção! Um bem/serviço comum não é necessariamente um bem/serviço simples,
pode ser bem/serviço complexo, v.g., refrigerador, máquina de cópias. O decreto que
regulamenta a pregão, Decreto n. 3555/2000, traz uma lista de bens/serviços comuns.
O pregão pode ser presencial ou eletrônico (aquele que é feito em ambiente virtual).
Sobre pregão, vide material auxiliar que a professora disponibilizará.

2.9 Tipos de licitação


Tipos de licitação são os diferentes critérios a serem adotados para os julgamentos
da proposta.
Viu-se que existe o princípio do julgamento objetivo, segundo o qual o critério
adotado deve estar apresentado de forma clara no edital. Os tipos de licitação dizem quais
os critérios que podem ser adotados. São quatro tipos previstos no art. 45 da Lei n.
8.666/93:
1) Menor preço
2) Melhor técnica
3) Técnica e preço
4) Maior lance ou oferta

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Os critérios “melhor técnica” e “técnica e preço” são utilizados exclusivamente para


serviços de natureza intelectual. Os procedimentos previstos para esta avaliação técnica
estão no art. 46, § 1º e § 1º da Lei n. 8.666/93.
O “maior lance ou oferta” é critério utilizado no procedimento do leilão. Se a
administração pública está vendendo, por obvio, almeja o melhor lance.
Sobre os tipos de licitação cabem algumas observações:
Observação1. Para a contratação de bens e serviços de informática a Lei de Licitações
obriga a utilização do tipo “técnica e preço”. Mas é possível utilizar outro tipo, desde que
previsto em decreto do Poder Executivo, art. 45, § 4º da Lei n. 8.666/93.
Art. 45. (...) § 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a administração
observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em
conta os fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamento o tipo
de licitação "técnica e preço", permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos
indicados em decreto do Poder Executivo.

Observação2. No concurso, o tipo escolhido é o do “melhor trabalho”, art. 22, § 4º,


Lei n. 8.666/93.
Art. 22. (...) § 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados
para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de
prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

Observação3. No pregão utiliza-se o tipo “menor preço”, art. 4º, X da Lei n.


10.520/02.
Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e
observará as seguintes regras:
X - para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de menor
preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações técnicas e
parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital;

Observação4. No art. 45, § 5º, a Lei n. 8.666/93 proíbe a utilização de qualquer outro
critério para o julgamento das propostas.
Art. 45. (...) § 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação não previstos neste
artigo.

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 Sobre modalidades de licitação e critérios o que mais cai em prova é a


diferença entre tipo de licitação e rito de licitação. O examinador tenta
confundir o candidato entre tipo e modalidade.
Para não confundir os institutos, a professora criou recurso mnemônico,
lembrar que: TIPO ≠ RITO. Rito dá ideia de sequência, refere-se à
modalidade. Definindo o rito têm-se, por exclusão, o que é tipo (critério).

TIPO RITO (ideia de sequência)

Tipo é o menor preço, Rito dá ideia de sequência, então não será critério de
melhor técnica, são julgamento, pode-se falar em concorrência, tomada de preços
critérios. ou convite.

Critérios Modalidade

2.10 Anulação da licitação


A anulação da licitação será decretada quando houver vício de legalidade, e não
basta que haja vício, é preciso que ele seja insanável, pois não existe nulidade sem prejuízo.
Esta anulação será decidida pela administração pública com base no seu poder de
autotutela.
A licitação tem natureza jurídica de procedimento administrativo, ou seja, são vários
atos concatenados. Então a anulação de um desses atos implica a nulidade de todas as
etapas posteriores que dependam/decorram deste ato. O art. 38, IX da Lei de Licitações
exige que o despacho que anula a licitação seja fundamentado.
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo
administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização
respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao
qual serão juntados oportunamente:
IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação, quando for o caso,
fundamentado circunstanciadamente;

Além disto, o art. 49 da Lei n. 8.666/93 diz que a autoridade competente para anular
o procedimento é a mesma autoridade competente para aprovar este procedimento.
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá
revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente
devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo

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anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer


escrito e devidamente fundamentado.

O art. 49, § 1º, da Lei n. 8.666/93 determina que a anulação do procedimento


licitatório, por si só, não gera a obrigação de indenizar.
§ 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera
obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.

E o art. 49, § 2º, da Lei n. 8.666/93 diz que a nulidade do procedimento licitatório
induz a nulidade do contrato.
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o disposto
no parágrafo único do art. 59 desta Lei.

 A nulidade do contrato gera dever de indenização por parte da administração


pública?
R. A nulidade do contrato não exonera a administração pública do dever de indenizar
o contratado, desde que a causa da nulidade não possa ser imputada ao contratado.
 Quando o contratado não concorre à nulidade, ele terá direito a indenização.
Mas, ele será indenizado pelo quê?
R. Ele será indenizado pelo que já houver executado até a data em que a nulidade foi
declarada. Além disto, ele será indenizado por outros prejuízos que conseguir comprovar.
Esta previsão está no art. 59, p.u., Lei n. 8.666/93.
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente
impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de
desconstituir os já produzidos.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o
contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por
outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável,
promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.

2.11 Revogação da licitação


Revogação da licitação é o desfazimento dos efeitos de licitação já concluída por
razões de interesse público.
Normalmente, a administração pública pode revogar um ato administrativo
discricionário por razões de conveniência ou oportunidade, com base no poder de
autotutela. Já na Lei de Licitações a situação é diferente, são estabelecidas algumas
restrições, algumas condições para a revogação. A revogação só pode acontecer nas

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hipóteses previstas no art. 49 da Lei n. 8.666/93. É por isto que para a Lei de Licitações fala-
se em “revogação condicionada”.
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá
revogar a licitação por razões de interesse público(1) decorrente de fato superveniente (2)
devidamente comprovado, pertinente e suficiente(3) para justificar tal conduta, devendo
anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer
escrito e devidamente fundamentado(4). (...)

(1) A primeira exigência é que a revogação seja feita em razão de interesse público.
(2) A segunda exigência, a revogação da licitação não poderá ocorrer por um fato
anterior, só pode acontecer por fato superveniente.
(3) Além de ser fato superveniente, o fato dever ser devidamente comprovado,
pertinente e suficiente, o que exige um ônus argumentativo da administração pública na
caracterização do fato.
(4) O quarto requisito é o parecer devidamente fundamentado.

Ainda há outra situação expressamente prevista como hipótese de revogação, está


no art. 64, § 2º da Lei de Licitações. O adjudicatário (o vencedor da licitação) é convocado
para assinar o contrato, pode ser que ele não compareça ou que se recuse a assinar o
contrato. Nestes casos, abrem-se duas possibilidades para a administração: 1) convocar os
classificados seguintes; 2) revogar a licitação.
Art. 64. (...) § 2o É facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo
de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições
estabelecidos, convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para
fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado,
inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório, ou
revogar a licitação independentemente da cominação prevista no art. 81 desta Lei.

Sobre revogação cabem algumas observações:


Observação1. Depois de assinado o contrato, a revogação da licitação não será mais
possível. Aí está a diferença entre anulação e revogação. A anulação pode ocorrer a qualquer
tempo, mesmo após assinado o contrato, viu-se inclusive as consequências disto para o
contratado que não participa da nulidade, ele tem direito a indenização.
Observação2. Ainda existe divergência doutrinária sobre a existência ou não de
indenização no caso de revogação, para os que admitem a indenização, persiste a discussão
sobre os limites desta indenização no caso da revogação.

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2.12 Contratação direta


Viram-se os procedimentos a serem adotados nos casos de realização da licitação.
Agora, vejam-se os casos em que serão dispensados os procedimentos. A contratação direta
é aquela feita sem licitação.
O estudo da contratação direta nos revela a existência de quatro institutos
diferentes:
1) Dispensa da licitação
2) Inexigibilidade de licitação
3) Licitação vedada ou proibida
4) Licitação dispensada

2.12.1 Dispensa de licitação


É sinônimo de licitação dispensável, é situação em que é possível fazer licitação, mas
opta-se por não fazer.
Nos casos de dispensa de licitação a competição é possível, o procedimento
licitatório, em tese, poderia ser realizado, acontece que a realização do procedimento pode
não ser conveniente ou oportuno em razão do interesse público. É por esta razão que a lei
libera o administrador do dever de licitar.
Nestes casos, a contratação direta é uma decisão discricionária da administração
pública, isto é, o administrador pode escolher se fará a licitação ou se procederá à
contratação direta. Estas hipóteses de dispensa de licitação são excepcionais, previstas
taxativamente no art. 24 da Lei n. 8.666/93. Recomenda-se decorar este artigo.
Várias situações diferentes dão ensejo à dispensa de licitação, uma delas é o valor da
contratação. Se a contratação for de um valor muito baixo, não valerá a pena promover um
procedimento licitatório, pois ele é extenso e custoso.
Atenção porque os valores são diferentes para obras e serviços de engenharia e para
outros serviços e compras, é preciso decorar estes dois limites, pois são muito cobrados em
prova, hipótese prevista no art. 24, I e II da Lei n. 8.666/93.
Art. 24. É dispensável a licitação:
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas
de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no
mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;

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II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na
alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei,
desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de
maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;

É preciso saber também que quando a contratação é feita por consórcio público,
sociedade de economia mista, empresa pública, autarquia ou fundação qualificada na lei
como agência executiva, a previsão do limite para a dispensa irá dobrar, art. 24, § 1º, da Lei
n. 8.666/93. Então a depender de quem contrata os limites podem dobrar.
Art. 24. § 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20%
(vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos,
sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação
qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715, de
2012)

Em julgado recente, REsp 1.356.260, o STJ analisou a dispensa de licitação para


contratação de bancas para concursos públicos, levou em conta o valor da contratação.
Quando a entidade da administração resolve fazer um concurso público, almeja uma banca
confiável para realizar o certame e evitar impugnações/anulações posteriores. Assim, é
temerário realizar licitação para escolher uma banca e se submeter ao resultado desta
licitação.
O STJ ponderou que, até determinado valor, é possível contratar a banca sem
licitação, mas é preciso levar algumas coisas em consideração para determinar este valor. Os
órgãos públicos consideravam apenas o valor do contrato como parâmetro para dispensar a
licitação. O STJ entendeu que para definir o valor, que autoriza ou não a dispensa, não basta
olhar o valor do contrato, é preciso observar o valor arrecadado a título de taxa de inscrição.
Assim, ainda que o valor do contrato seja inferior do valor estabelecido por lei para a
dispensa, se o valor do contrato somado ao valor da taxa de inscrição superar o valor da
dispensa, aí terá que realizar o procedimento licitatório.
DIREITO ADMINISTRATIVO. LIMITE DE DISPENSA DE LICITAÇÃO PREVISTO NO ART. 24, II,
DA LEI N. 8.666/1993. Não se amolda à hipótese de dispensa de licitação prevista no art.
24, II, da Lei n. 8.666/1993 a situação em que, contratada organizadora para a
realização de concurso público por valor inferior ao limite previsto no referido
dispositivo, tenha-se verificado que a soma do valor do contrato com o total arrecado a
título de taxa de inscrição supere o limite de dispensa previsto no aludido inciso. A
Constituição da República estabelece como regra a obrigatoriedade da realização de
licitação, que é desnecessária nas excepcionais hipóteses previstas em lei, como na
dispensa para a contratação de serviços de valor inferior ao limite estabelecido no art.
24, II, da Lei n. 8.666/1993. Não cabe ao intérprete criar novos casos de dispensa,

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sobretudo porquanto a licitação é destinada a garantir a observância do princípio


constitucional da isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração
(art. 3º da Lei n. 8.666/93). Nesse contexto, ainda que os valores recolhidos como taxa
de inscrição não sejam públicos, a adequada destinação deles é de interesse público
primário. Mesmo que a contratação direta de banca realizadora de concurso sem
licitação não afete o interesse público secundário (direitos patrimoniais da
Administração Pública), é contrária ao interesse público primário, pois a destinação de
elevado montante de recursos a empresa privada ocorrerá sem o processo competitivo,
violando, dessa maneira, o princípio da isonomia. REsp 1.356.260-SC, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 7/2/2013.

Além do pequeno valor, temos outras situações de dispensa de licitação relacionadas


no art. 24, Lei n. 8.666/93: 1) situações excepcionais como guerra e calamidade pública; 2)
hipóteses de dispensa relacionadas ao objeto da licitação, v.g. comprar gêneros perecíveis;
3) bens destinados a pesquisas; 4) questões referentes a cisternas e outras tecnologias de
acesso à água; 5) transferência de tecnologia e produtos estratégicos para o SUS; 6) dispensa
de licitação, relacionadas às pessoas com quem a administração está contratando, v.g.,
existe dispensa para entidades sem fins lucrativos, quando administração contrata pessoa
administrativa, associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis.
Ainda sobre o art. 24 da Lei n. 8.666/93 cabem dois destaques:

a) O art. 24, IV, Lei n. 8.666/93


Art. 24. (...) IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou
comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens,
públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da
situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam
ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a
prorrogação dos respectivos contratos;

Sobre a dispensa de licitação do inciso IV, algumas coisas precisam ser observadas
para evitar burla ao procedimento licitatório.
Observação1. O contrato emergencial decorre de um eminente perigo, mas este
perigo não pode ser uma situação criada pelo administrador, seja por desídia, seja por
descuido ou por má-fé.

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Se existe desídia, havendo situação emergencial, pode até acontecer uma


contratação direta, mas é preciso responsabilizar o agente público que deixou a situação
chegar ao ponto de emergência.
Observação2. O contrato emergencial tem como objeto obras e serviços que podem
ser concluídos no prazo de 180 dias ininterruptos. Este prazo começa a ser contado da data
em que surgiu o perigo, não é contado da assinatura do contrato.
Observação3. Os bens/serviços contratados através de dispensa de licitação em casos
emergenciais, são apenas aqueles bens necessários para atender as situações emergenciais.
As hipóteses dos art. 24 são sempre interpretadas de forma restritiva, porque são
excepcionais.
Observação4. Este contrato emergencial não pode ser prorrogado.

b) O art. 24, V da Lei n. 8.666/93


Outra situação que merece destaque é a situação do art. 24, V da Lei n. 8.666/93:
Art. 24. V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta,
justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas,
neste caso, todas as condições preestabelecidas;

O inciso V traz o que se chama de “licitação deserta”, é aquela licitação em que


nenhum interessado comparece à licitação. Ela permite que seja feita uma contratação
direta, desde que sejam observados os seguintes requisitos: 1) o procedimento licitatório
não puder ser repetido sem prejuízo para a administração, v.g., a administração pode não
ter tempo; 2) exige-se também que se mantenham todas as condições previstas no edital.
É preciso fazer uma distinção: a licitação deserta não se confunde com a chamada
licitação fracassada. Licitação fracassada é aquela em que todos os licitantes são
desclassificados por não cumprirem os requisitos. Como regra, a licitação fracassada não
gera hipóteses de dispensa de licitação, sua consequência está no art. 48, § 3º da Lei n.
8.666/93:
Art. 48. (...) § 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas as propostas
forem desclassificadas, a administração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias
úteis para a apresentação de nova documentação ou de outras propostas escoimadas
das causas referidas neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução deste prazo
para três dias úteis.

No caso de licitação fracassada, a administração pode conceder prazo para que os


desclassificados ajustem suas propostas.

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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Mas há uma situação em que a licitação fracassada pode dispensar a licitação, está
no art. 24, VII, da Lei n. 8.666/93. É o caso de licitação fracassada em que, mesmo depois de
concedido o prazo de adequação pela administração, os concorrentes não conseguem se
adequar. Somente nesta hipótese a administração poderá optar pela contratação direta.
Art. 24. (...) VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente
superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados
pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48
desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou
serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;
(Vide § 3º do art. 48)

2.12.2 Inexigibilidade de licitação


É preciso distinguir a dispensa de licitação e a inexigibilidade licitação.
Na dispensa existe a possibilidade de realizar o procedimento, mas o legislador
autoriza que a administrador opte por não fazê-lo. Já a inexigibilidade corresponde àquelas
situações em que a realização do procedimento licitatório é logicamente impossível, porque
existe uma inviabilidade de competição.
A inviabilidade de competição ocorre quando: 1) o fornecedor é exclusivo, só existe
uma pessoa no mercando oferecendo o bem/serviço desejado; 2) o objeto é singular, ou
seja, só há um objeto específico que atende ou uma única pessoa capaz de prestar o serviço.
Como a inexigibilidade corresponde a situações em que inexiste possibilidade de
competição, em que o procedimento licitatório é logicamente impossível, as hipóteses de
inexigibilidade são prevista exemplificativamente na lei, pois a lei nunca consegue prever
todas as hipóteses de inviabilidade. O art. 25 da Lei n. 8.666/93 nos dá algumas hipóteses:
fornecedor exclusivo, artista consagrado e serviços técnicos especializados.
Atentar que o art. 25 não exige licitação para contratação de serviços técnicos e
especializados, mas ressalva a contratação de serviços de publicidade e divulgação, para
estes será necessária a licitação (art. 25, II, “vedada a inexigibilidade para serviços de
publicidade e divulgação”).
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos
por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de
marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido
pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou
o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas
entidades equivalentes;

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II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza


singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a
inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através
de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião
pública.
§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no
campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências,
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e
indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado
superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o
fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de
outras sanções legais cabíveis.

2.12.3 Licitação vedada ou proibida


Muitos doutrinadores não reconhecem esta categoria. A Prof. Maria Sylvia Di Pietro
não fala dela, o Prof. José dos Santos Carvalho Filho também não, mas pode cair em prova.
Licitação vedada ou proibida são situações especiais, indicadas por parte da doutrina,
mas sem tem previsão expressa em lei. Nestas situações, entende-se o procedimento
licitatório violaria o interesse público, em razão de uma urgência excessiva em obter certos
bens ou contratar determinado serviço.
Nestes casos de urgência extrema, não pode ser feita a licitação, pois a realização
afrontaria valores também muito importantes.
Exemplo: Uma epidemia muito grave está assolando o Brasil, ora não dá para fazer
licitação para comprar vacina, não dá para esperar. Se existe a vacina, que se faça a
contratação direta. Aqui a contratação direta corresponde a uma decisão vinculada da
administração pública.

2.12.4 Licitação dispensada


O último instituto sobre contratação direta é a licitação dispensada. As hipóteses de
licitação dispensada são hipóteses, relativamente recentes, identificas pela doutrina. Estas
hipóteses não envolvem a possibilidade discricionária da realização do procedimento
licitatório.

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Quando se falou em dispensa de licitação, viu-se que o art. 24 da Lei n. 8.666/93


trazia hipóteses em que o administrador poderia licitar ou optar pela contratação direta. Nas
hipóteses de licitação dispensada não existe esta escolha, aqui a contratação direta é uma
decisão vinculada do administrador, ele não pode licitar nem se quiser.
 Qual a diferença entre licitação vedada e licitação dispensada?
A licitação vedada não tem previsão legal, já a dispensada está prevista no art. 17 da
Lei de Licitações. Outra distinção, na licitação vedada existe uma urgência pela atuação da
administração e na dispensada não existe esta urgência.

O art. 17 da Lei n. 8.666/93 traz as hipóteses de licitação dispensada, ele versa sobre
a alienação de bens da administração pública, fala de bens móveis e imóveis e também dos
requisitos para a alienação.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de
interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:

O primeiro requisitos é a autorização legislativa e o segundo, uma avaliação prévia e


de licitação na modalidade de concorrência (inciso I). Porém, o mesmo inciso I prevê a
dispensa da licitação.
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração
direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração
pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas
alíneas f, h e i; (Redação dada pela Lei nº 11.952, de 2009)
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art.
24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de
governo;
(...)

Enquanto o art. 17, I fala dos bens imóveis, o inciso II trata dos bens móveis. Para os
móveis já não precisa de autorização legislativa, precisa apenas de avaliação prévia e de
licitação. O inciso II também traz hipótese de dispensa.

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II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos


seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação
de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de
outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração
Pública;
(...)

Observação. Muitos autores não reconhecem a diferenciação entre a licitação


dispensável (onde existe a discricionariedade) e a licitação dispensada prevista no art. 17 da
Lei n. 8.666/93. Para autores como a Prof. Maria Sylvia Di Pietro falar de licitação
dispensável é falar das hipóteses dos art. 24 e das hipóteses dos art. 17 da Lei n. 8.666/93.

2.12.5 Lei n. 12.232/2010


Existe uma lei específica que se dirige a licitação e contratação de serviços de
publicidade. A Lei n. 8.666/93 já previa a necessidade de licitação para este tipo de serviço,
porém esta lei não foi o suficiente para impedir os procedimentos inadequados neste tipo de
contratação.
Por conta de denúncias de favorecimento de publicitários, que atuavam em
campanhas eleitorais, foi editada a lei específica.
Esta lei traz algumas normas específicas, determinar a aplicação subsidiária da Lei n.
8.666/93 e vem sendo muito cobrada em prova na sua literalidade.

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