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GUIA DE

BOAS PRÁTICAS
DO SETOR
FUNDIÇÃO

Realização
GUIA DE
BOAS PRÁTICAS
DO SETOR
FUNDIÇÃO
MENSAGEM DO PRESIDENTE

Diversificada, moderna, tecnologicamente desenvolvida, inserida nos grandes mercados


mundiais e efetivamente comprometida com os princípios e valores sobre os quais se
fundamenta a responsabilidade social empresarial. São estes os atributos que definem a
indústria mineira do século 21 e que, em seu conjunto, explicitam claro compromisso com o
desenvolvimento sustentável.

Com a publicação desse Guia de Boas Práticas Ambientais do Setor de Fundição reafirmamos
este compromisso e também a crença de que a construção do desenvolvimento sustentável
é missão coletiva e participativa, que pressupõe o debate amplo e o efetivo respeito aos
interesses maiores da sociedade.

Nesta caminhada, quatro são os pilares que se completam e se complementam para


sustentar e fomentar a promoção do verdadeiro desenvolvimento - social, cultural, ambiental
e econômico. Estão, todos, presentes ao longo do texto deste Guia, com destaque para as
questões ambientais e econômicas. Sua leitura atenta vai mostrar a importância da indústria
da fundição para Minas Gerais como instrumento de geração de riqueza, de inclusão e
transformação social, sobretudo pela via da geração de empregos.

Mostrará, igualmente, a preocupação e os cuidados dos empresários que atuam no setor diante
da questão ambiental por meio da adoção de boas práticas capazes de harmonizar produção e
preservação. Ao idealizar e produzir este Guia, o Sindicato da Indústria de Fundição do Estado
de Minas Gerais cumpre a missão de consolidar estas práticas e divulgá-las. É uma iniciativa
que a FIEMG através da sua Gerência de Meio Ambiente apoia e aplaude com a convicção de
que representa importante contribuição ao desenvolvimento sustentável em nosso estado.

Boa leitura,

ROBSON BRAGA DE ANDRADE


Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG
APRESENTAÇÃO OBJETIVOS
BOAS PRÁTICAS NA FUNDIÇÃO
O Manual de Boas Práticas do setor de fundição vem a contribuir enormemente para a O presente Guia de Boas Práticas Ambientais do Setor de Fundição é um compromisso
divulgação do setor e, consequentemente, mostrar à sociedade sua importância no cenário fundamental para somar bases sólidas ao setor frente aos novos desafios mercadológicos
econômico nacional. Trata-se de uma publicação em que o setor mostra, à sociedade, seu impostos pela variável sustentabilidade. O campo empresarial não pode se furtar a esta
modus operandi, realizado com estrita observação acerca das questões ambientais, de corrente que busca essencialmente a construção de um mundo saudável para as atuais e
sustentabilidade e de compromisso com o ser humano. futuras gerações, integrando com a competitividade.

A indústria de fundição vem buscando se adequar ao novo modelo de desenvolvimento, O setor de fundidos é um dos segmentos mais representativos em Minas Gerias, fazendo
onde a premissa mais notória diz respeito ao meio ambiente. A tônica de que o mercado parte da cultura histórica do Estado, sendo assim, é um importante ator neste processo
vem buscando, a partir de exigências, sejam elas através de barreiras mercadológicas ou de desenvolvimento que se redesenha. A indústria da fundição vem impondo sua potência
de proteção ambiental faz-se real e aplicável ao setor de fundição em Minas Gerais. Neste na pauta de exportação, mostrando sua vitalidade para a economia mineira e o enorme
sentido, a valorização e o desenvolvimento de metodologias de gerenciamento ambiental potencial de crescimento, mesmo diante das dificuldades identificadas, principalmente na
baseado em boas práticas ambientais é uma importante ferramenta a ser incorporada à rotina área ambiental. É com tal intenção que a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
produtiva do setor de fundidos. – Fiemg, por meio da sua Gerência de Meio Ambiente, Senai Centro Tecnológico de Fundição

Aproximar o empresariado das boas práticas ambientais, demonstrando a simplicidade de Marcelino Corradi (localizado em Itaúna e reconhecido como o maior e mais moderno de toda

aplicação no dia a dia da cadeia de fundidos, torna a leitura deste Guia obrigatória para a América Latina) e Sindicato da Indústria de Fundição no Estado de Minas Gerias – SIFUMG,

aqueles que almejam estar alinhados com as novas exigências de mercado. Temos o prazer elabora esta importante publicação em parceria com a Fiemg Regional Centro Oeste Mineiro,

de participar da construção desta importante empreitada demonstrando o nosso compromisso importante polo da indústria metalúrgica mineira.

inequívoco com a responsabilidade socioempresarial.

A todos, boa leitura!

AFONSO GONZAGA
Vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG
Presidente do Sindicato da Indústria de Fundição no Estado de Minas Gerais - SIFUMG

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SUSTENTABILIDADE E FUNDIÇÃO resultado é que o setor empresarial reconhece a necessidade de agir em prol do meio ambiente para
assegurar no futuro itens como matéria-prima e água.

Para a dimensão social um bom indicador é o número das certificações SA 8.000. Trata-se de uma
norma internacional para atestar a responsabilidade social das empresas, baseada em convenções
Desde o limiar da percepção mundial dos problemas ambientais na década de 60, a inserção da
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e em outras convenções das Nações Unidas (ONU).
variável ambiental no setor produtivo continua figurando entre os maiores desafios relacionados à
Essa diretiva inclui erradicação do trabalho infantil, trabalhos forçados, discriminação, promovendo a
sustentabilidade. Conceito este que surge na década de 80 com o lançamento do relatório “Nosso
saúde e segurança, liberdade de associação, práticas disciplinares, benefícios e as responsabilidades
Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland, liderado pela Comissão Mundial das
da organização em manter e melhorar as condições do trabalho. O número de certificações nos últimos
Nações Unidas para o Ambiente e o Desenvolvimento. Desde então, sustentabilidade se tornou uma
anos vem crescendo significativamente no Brasil, revelando uma classe empresarial preocupada em
expressão corriqueira no cenário internacional e motivação para a crescente preocupação com as
integrar elementos sociais com o desenvolvimento corporativo. A responsabilidade social terá mais um
questões ambientais. Mas afinal, o que significa sustentabilidade? Existem várias linhas conceituais
impulso em 2010 com a publicação da ISO 26.000, com o mesmo propósito de promover a integração
envolvendo premissas, pilares, relações, modelos e controvérsias, mas todas denotam a mesma
voluntária da responsabilidade social nos princípios de gestão. As empresas não são mais vistas como
essência: Um mundo mais saudável e justo para todos, que não se limita apenas em preservação
simples supridoras de demandas, mas também pelas facetas que desenvolvem com a sociedade e
ambiental, relacionando-se também às questões sociais, econômicas e culturais.
meio ambiente. O respeito aos princípios éticos, culturais e morais desempenhados por uma empresa
A percepção de sustentabilidade vai além das definições, não obedecendo padrões lineares e velhos alinham-se com indicadores financeiros e são incorporados na temática da sustentabilidade.
chavões. O mundo vive em estado constante de transformações, forçando revisões contínuas em
Nos mesmos passos, caminha a sociedade civil. O Instituto Akatu, uma das mais importantes
nossos conceitos e abordagens. O cenário atual é uma prova para a tônica: Estamos à beira de uma
organizações quando o assunto é consumo consciente no Brasil, publica regularmente pesquisas
virada no cenário econômico, mudanças de valores, dos desejos coletivos e individuas, derrubando
relacionadas com o tema. Em um resultado recente, revelou-se que 37% dos consumidores participantes
a velha ideia que desenvolvimento econômico significa a simples geração de riquezas. Em suma, a
da pesquisa estão dispostos a pagar mais por um produto ecologicamente correto. O consumidor
sustentabilidade está se tornando uma lei em linguagem universal para o desenvolvimento humano.
brasileiro destaca-se na América Latina como o mais interessado no que tange as relações corporativas.
Para o setor empresarial isso significa aperfeiçoar seus processos atingindo eficiência produtiva aliada
Tal posicionamento potencializa a necessidade empresarial de integrar o comprometimento do negócio
à ótica da sustentabilidade. Traduz-se em lançar mão de uma gestão responsável, integrando produção,
com ações ambientais e filantropia.
colaboradores, clientes, fornecedores, meio ambiente, sociedade e poder público. Se posicionar a favor
da sustentabilidade não significa desviar investimentos e onerar custos à empresa. É simplesmente É neste sentido, baseando no pilar ambiental que envolve a temática ambiental, que colocamos à
um convite para o exercício de um futuro comum e desejável, tornando-se competitivo. disposição das empresas do setor de fundição uma publicação que norteie as linhas de ações no campo
de processos. A imposição de uma nova postura, com novos padrões de conduta ambiental, econômica
Já há evidências claras que o desenvolvimento sustentável já atua no meio corporativo, norteando
e social, é o principal desafio para assimilação do setor de fundição. Mais uma vez elucidamos a
planejamentos estratégicos e tornando um importante requisito de negócio. Como evidência há o
importante contribuição para o desenvolvimento ambiental no setor de fundidos em Minas Gerais,
International Business Report 2009 (IBR), um relatório lançado anualmente sobre as opiniões dos
através de um processo educativo sistemático, prático e contínuo.
executivos de todo o mundo, que conta com mais de 7.200 empresas de 36 países incluindo o Brasil.
Na pesquisa, 51% das empresas concordam em abrir mão de parte da sua lucratividade para investir
estrategicamente em proteção ambiental. O mesmo documento demonstra que a média da comunidade ENG. BRENO AGUIAR DE PAULA
empresarial brasileira disposta a agir à luz da sustentabilidade chega a 43%. Um outro relevante
Analista Ambiental – Gerência de Meio Ambiente FIEMG

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SUMÁRIO
1. Metodologia 10
2. Características do setor de Fundição 12
2.1 Histórico da Fabricação Mecânica 12
2.2. O Processo de Fundição - Pequeno histórico 15
2.2.1. A Fundição no Brasil 17
2.3 Perfil Econômico do Setor 17
3. O Processo de Fundição 23
3.1 Produção de uma peça fundida 26
3.2 Etapas do Processo de Moldação de uma Peça 28
4. Setores de uma Fundição 34
4.1 Preparação de areias 34
4.2 Moldagem 37
4.3 Macharia 37
4.4 Fusão 38
4.4.1 Recomendações para utilização de fornos de fusão 39
4.5 Acabamento, Usinagem e Expedição 42
5. Fundição e Meio Ambiente 44
5.1 Introdução 44
5.2 Aspectos e Impactos Ambientais nas Indústrias de Fundição 46
5.2.1 Resíduos Sólidos 47
5.2.2 Efluentes Líquidos 47
5.2.3 Emissões Atmosféricas 47
5.3 Diagramas dos Processos de Fundição 48
5.4 A Produção Mais Limpa como Diferencial Competitivo 52
6. Legislação Ambiental 56
6.1 Legislação Ambiental aplicável à indústria de Fundição 58
6.2 Licenciamento Ambiental e Autorização Ambiental de Funcionamento 63
7. Produção mais limpa 66
7.1 Oportunidades Resíduos Sólidos/Materiais 68
7.2 Oportunidades Efluentes 70
7.3 Oportunidades Emissões 70
8. Considerações Finais 72
Referências Bibliográficas 75

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1. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do presente trabalho, a elaboração de um extenso grupo de discussão para


as possíveis abordagens e as complexas tipologias e portes que compreendem o setor de fundidos em
Minas Gerais foi um dos elementos fundamentais para a empreitada. Entre as ações propostas para
afinarmos a assunto e nos embasar em praticas de qualidade foram:

Desenvolvimento de pesquisas bibliográficas sobre o tema;

aplicação de questionários voltados para empresas do setor para refinamento e clareza de



determinadas premissas;

formação de equipe para análise crítica para apuração e interpretação dos resultados dos questionários
anteriormente aplicados;

identificação de levantamento de aspectos e impactos no que concerne às atividades do setor de


fundição envolvendo também prestadores e fornecedores envolvidos na cadeia produtiva;

coleta de informações e dados junto às associações produtivas e sindicatos, bem como especialistas
do setor de fundidos;

seleção e convite de um conjunto de empresas para visitas técnicas de parte da equipe envolvida;

condução de uma análise crítica do conjunto de informações coletadas.

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2. CARACTERÍSTICAS DO SETOR

2.1 Histórico da Fabricação Mecânica


No início o homem utilizava-se da pedra lascada, desenvolvendo as operações de desbastar, cortar
e furar; e posteriormente, diante das novas necessidades desenvolveu as ferramentas e armas em
madeira, pedra e ossos para facilitarem o processo de fabricação, sendo este intimamente ligado à
sua sobrevivência.

O desenvolvimento da cerâmica abriu ao homem as portas para o definitivo salto tecnológico, ou seja,
o processamento dos metais, que se iniciou por volta de 4000 a.C.

Antes de 4000 a.C. os homens das cavernas empregavam ouro, cobre nativos e meteoritos ricos em
ferro, sem fundi-los, para a confecção de pequenos artefatos metálicos. Estes metais eram martelados
e aquecidos ande adquiriram à forma desejada para tais ferramentas. Começando pelo cobre, depois
o bronze e finalmente o ferro, o homem foi vagarosamente dominando a tecnologia de utilização dos
metais (forjamento, soldagem, afiação, etc.)

Por volta de 500 a.C. os artesãos já eram capazes de elaborar uma grande variedade de ferramentais
de ferro para seu próprio uso: tenazes, punções e martelos.

As técnicas continuaram a se aprimorar e então surgiram as máquinas, que no início eram rudimentares,
mas cujos princípios são os mesmos empregados em nossas modernas máquinas.

Deste tempo até a atualidade, os processos da utilização da conformação mecânica evoluíram


significativamente e estão presentes em praticamente tudo que utilizamos.

12
Conforme relatório produzido pela entidade Internacional Iron Ore (2004), China vem se tornando a 2.2. O Processo de fundição - Pequeno histórico
principal fonte de demanda de ferro no mundo. Para efeito de exemplo, a média de demanda de
Admite-se que o ferro tenha sido descoberto quando, no período neolítico, fragmentos desse minério,
1992 a 2003 cresceu incrivelmente 9% ao ano, revelando um espantoso crescimento afetando todos
que circundavam as fogueiras feitas para aquecer os homens nas cavernas, foram reduzidos a metal
os grandes produtores mundiais de ferro. Frente a esta questão, as três maiores reservas de ferro
sólido pelo calor e o contato com a madeira carbonizada.
localizadas no Brasil e na Austrália investiram significativamente em produção, pesquisa e
Encontraram-se contas de ferro nas tumbas de Al-Gezirat, Egito, datadas de 4000 a.C. Os portões da
tecnologia para satisfazer a necessidade chinesa.
Babilônia de Nabucodonosor, no século VI a.C., foram reforçados com ferro. Com o passar do tempo, o
homem foi utilizando crescentemente os materiais para melhorar o seu padrão de vida.
Atualmente, são fabricados desde pequenas peças como agulhas e pregos até os majestosos navios,
A grande barreira para a utilização dos metais e ligas é que quase todos os metais ocorrem na natureza
utilizando processos de fundição, conformação, mecânica, soldagem, usinagem, dentre outros. Na
combinados com outros elementos químicos, isto é, na forma termodinamicamente mais estável. No
Figura 1 a seguir são colocados os principais processos de fabricação mecânica:
século XVIII, a química experimentou grandes progressos e os químicos conseguiram isolar (extrair),
purificar e identificar inúmeros novos elementos químicos. A revolução industrial, iniciada na Grã-
Bretanha no fim do século XVIII, representou a transição da sociedade agrária e têxtil para a sociedade
- Fundição
Processos que dão - Metalurgia do Pó industrial, que se baseava em combustíveis fósseis, e no ferro, como matéria-prima fundamental para
- Conformação Mecânica
forma ao produto - Usinagem a fabricação das máquinas.
- Outros
No último século, crescentemente estudos refinados sobre a estrutura dos metais e ligas, associados
Operações Processos que - Tratamentos Térmicos aos estudos sobre a relação entre as estruturas das ligas e suas propriedades, levaram ao nascimento
de Processos conferem propriedades - Outros
da ciência metalúrgica.

- Limpeza Acredita-se que o ferro, a princípio, tenha sido obtido por um processo que não chegava a extraí-
Processos de - Polimento
- Gravação
lo do minério, nem a liquefazê-lo, mas tornava-o maleável. Assim foram fabricados os primitivos
Processos de tratamento superficial - Recobrimento e deposição instrumentos de trabalho, como machados, martelos e pontas-de-lança.
Fabricação - Outros
A produção de peças acabadas para serem utilizadas na indústria seja para compor novas máquinas
Processos de união - Soldagem e equipamentos, seja para repor peças avariadas tem hoje uma grande gama de processos através
- Colagem adesiva
permanente de partes - Outros dos quais estas peças e componentes são produzidos. O avanço tecnológico e a necessidade de
Operações
de Montagem equipamentos e máquinas de menores pesos e que possam consumir menos combustível para sua
Processos - Rebitagem
- Prensagem
utilização leva a cada dia que antigos e novos processos se adequem cada vez mais a peças de
Mecânicos - Outros precisão e qualidade que possam equipar as indústrias.

A qualidade e a precisão de processos posteriores à fabricação destes componentes exige que o


Fonte: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul acabamento superficial resultante do processo de fabricação utilizado seja melhorado para que possam
ser usinados nos modernos processos de usinagem hoje disponíveis.
Figura 1 - Classificação dos principais processos de Fabricação Mecânica

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Poucos são os setores industriais de manufatura cujos produtos cobrem faixas tão amplas de tamanhos, 2.2.1. A Fundição no Brasil
pesos e complexidade como o setor industrial de fundição. As menores peças fundidas podem ser
No Brasil, o primeiro registro de forno de ferro da América aponta sua instalação em São Paulo, no fim
tão diminutas pesando algumas frações de grama, enquanto as maiores podem atingir dezenas de
do século XVI. O mineral havia sido descoberto no Brasil no início do século XVI, pelos jesuítas, que
toneladas e serem tão altas quanto uma casa. Peças fundidas são frequentemente utilizadas em
logo passaram a fabricar, com o metal obtido na forma primária da redução do minério, anzóis, facas
automóveis, instalações hidráulicas, locomotivas, aviões e em outros tipos de equipamentos.
e outros tipos de ferramenta.
O que distingue a fundição de outros processos de manufatura para a produção de componentes
Disseminou-se em Minas Gerais e São Paulo o processo de fabricação de ferro em forjas e cadinhos.
metálicos é a sua capacidade de gerar formas muito complexas, tanto externas quanto internas, e
O metal era utilizado para ferrar cascos de animais de tração e em aros de carros de bois.
dimensões muito próximas daquilo que se deseja no produto acabado, resultando em economia de
Foi a partir de 1921 que realmente se iniciou o desenvolvimento da produção brasileira de ferro-
tempo, trabalho e materiais.
gusa, com a instalação de diversos altos-fornos. Já em 1936 fabricavam-se no país cerca de oitenta
As aplicações de peças fundidas podem ser tão triviais quanto um contrapeso para um trator agrícola
mil toneladas. Na década de 30, a país lançou um modelo econômico audacioso e decisivo para o
ou tão críticas quanto uma palheta de turbina de motor a jato.
setor industrial, creditando importância à industrialização, investindo fortemente na criação da infra-
O ramo industrial que mais demanda peças fundidas, consumindo cerca de metade da produção estrutura para este setor. Parte do desenvolvimento foi focado nas regiões do Rio de Janeiro, Minas
das fundições em termos de valor, é a indústria automotiva, para a qual a flexibilidade oferecida Gerias e São Paulo, despriorizando os interesses agrários-comerciais. Período este também conhecido
pelo processo de fundição é particularmente importante. Exemplos de componentes automotivos como limiar da Revolução Industrial Brasileira. Com a instalação, em 1941, da Companhia Siderúrgica
produzidos a partir de peças fundidas são: blocos de motor, cabeçotes, tuchos de válvulas, balancins, Nacional, em Volta Redonda RJ, a produção de ferro iniciou uma nova época de desenvolvimento
eixos comando de válvulas, pistões e seus anéis, camisas de pistão, coletores de admissão e de com incentivo estatal, a estratégia foi liderada pro Getúlio Vargas e teve como principal objetivo uma
escape, girabrequins, cárteres, caixas de engrenagens e esboços de engrenagens usados nos sistemas respeitosa base de infraestrutura industrial: indústria de base e energia.
de transmissão, burrinhos, pinças, discos e sapatas de freio, elementos da suspensão etc.
No fim do século XX, o Brasil figurava entre os três países possuidores das maiores reservas conhecidas
Embora seja uma grande consumidora de rejeitos metálicos, tanto os próprios como os gerados por de minério de ferro em todo o mundo. Passou de terceiro a segundo lugar após a descoberta de
outros setores industriais metalúrgicos (a maior parte da carga metálica dos fornos de fusão das riquíssimas reservas no norte de Minas Gerais e na serra de Carajás, no Pará.
fundições é constituída de sucatas provenientes de estamparias, cutelarias, forjarias e mesmo de
sucatas geradas por obsolescência de equipamentos), a indústria de fundição ainda é tida como
altamente poluidora do ar. Essa colocação tem fundamentos históricos, sendo devida, em parte, ao 2.3 Perfil Econômico do Setor
fato de o leigo frequentemente confundir a atividade de fundição com a de siderurgia e, em parte, Minas Gerais foi o berço da siderurgia nacional, abrigando as primeiras casas de fundição do território
pela efetiva carga poluente que era despejada na atmosfera pelos fornos de fusão do tipo cubilô. brasileiro que foram criadas pelo Império Português em meados do século XVII, por ordem de El-Rei
Entretanto, os cubilôs ou foram equipados com filtros adequados, ou foram substituídos por fornos D. Sebastião.
elétricos não poluentes.
Honrando seu pioneirismo, no ramo siderúrgico, Minas responde hoje por 28,5% da produção nacional
Hoje, os grandes problemas das fundições em termos ambientais são os resíduos sólidos, a maior de fundidos, ocupando o segundo lugar. As indústrias mineiras têm produtividade de 49 toneladas/
parte destes constituídos de excedentes de areias usados na confecção dos moldes e machos. homem/ano. A capacidade instalada é de 2.000.000 toneladas/ano, considerando a produção de aço,
ferro, alumínio, bronze e latão.

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Minas conta hoje com 398 empresas, sendo 32% das empresas do setor do Brasil, que são responsáveis significativo o fato de que 58% das empresas pesquisadas reconheceram a necessidade de realizar
por empregos diretos e indiretos de 76 mil trabalhadores. Destas empresas 28% são de microempresas, investimentos em inovação e admitiram não terem condições para fazê-los.
56% de pequenas empresas, 14% de empresas de médio porte e 2% de empresas de grande porte.
Como estratégias a serem adotadas para os próximos cinco anos têm-se a diversificação das
Tais dados denotam os grandes desafios superados por Minas Gerais ao longo de sua história para estratégias de negócios, busca de novos mercados, novos produtos, novos processos de produção,
fazer jus aos relevantes indicadores da sua indústria da fundição. O setor vem buscando manter sua novas estratégias de marketing e expansão da capacidade produtiva, atuações compatíveis com o
competitividade em meio às dificuldades inerentes ao mercado e às crises que afetam a sobrevivência novo ambiente de competição da economia brasileira.
de tantas indústrias. Porém, muitas iniciativas ainda são isoladas e de difíceis implementações devido
As ações em benefício dos investimentos em logística e em design serão mais relevantes do que no
a várias questões tais como investimento em inovação e desenvolvimento tecnológico.
período passado, apesar de não terem sido percebidas como essenciais pelas empresas.
A realização da IV Feira da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais demonstrou uma destas
O principal objetivo das estratégias de investimento em tecnologia no setor de fundição, em 80% das
iniciativas possibilitando ao setor discutir e alavancar importantes ações de melhorias imediatas e em
empresas é melhorar a qualidade de produtos, seguido da ampliação da produção, reduzindo custos
médio prazo para o setor
com mão de obra e adequando-se a normas, padrões e regulamentações técnicas.
Com o objetivo de consolidar o apoio ao setor, o Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas
Esses objetivos referem-se à qualidade, produtividade, custos e adequação, que são requisitos básicos
Gerais - SIFUMG, em parceria com importantes instituições como o Instituto de Desenvolvimento
para a ampliação da competitividade da indústria, tanto no mercado interno quanto no externo. Tal fato
Industrial de Minas Gerais - INDI, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
reflete a preocupação das indústrias com a obtenção de pré-requisitos para adquirir novos mercados
- SEBRAE-MG e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG, lança a
no ambiente competitivo.
MINASFUND’2010 - Feira da Indústria da Fundição de Minas Gerais, colocando Minas Gerais mais
As empresas sentem as dificuldades em implementar muitas destas ações fundamentado principalmente
uma vez no merecido circuito oficial de feiras do setor de fundidos.
na excessiva carga tributária, flutuação cambial e dificuldade na obtenção de recursos financeiros. Tais
O Instituto Euvaldo Lodi - IEL, em parceria com o SENAI-MG e SEBRAE-MG, realizou importante
obstáculos podem ser amenizados com maior organização e cooperação entre as indústrias do setor.
pesquisa para o setor de fundição, dando origem ao Diagnóstico das Indústrias da Fundição do Estado
Como principais fontes de informação para realizar estratégias de desenvolvimento, destacaram-se os
de Minas Gerais. Este diagnóstico retrata questões da indústria de fundidos no Brasil e em Minas, sua
clientes, as fontes da própria empresa, os fornecedores, os Sindicatos, o IEL, o SENAI e o SEBRAE.
distribuída no estado, principais evoluções, ações e estratégias de investimentos nos últimos 5 anos
Inserido neste contexto tecnológico, o setor de fundição mineiro caracteriza-se por um número
e ações e estratégias de investimentos para os próximos 5 anos, a questão tecnológica, principais
expressivo de empresas de pequeno porte, que requerem programas de aperfeiçoamento e de
produtos e mercados e o processo produtivo.
qualificação. A produção deste setor destina-se principalmente para o Estado de Minas Gerais, São
Pontos-chave importantes observados pelos empresários como inovação tecnológica, gestão para a
Paulo e comercio exterior.
competitividade e abertura de novos mercados são alvos de iniciativas promovidas pelo SEBRAE e o
Pressionadas por melhores performances e aberturas de novos mercados, as empresas do setor de
Sistema FIEMG - MG.
fundição vêm inserido nos planos estratégicos valores e ações mercadológicas, o que às vezes podem
Reconhecida como estratégica por quase a totalidade das empresas pesquisadas, a inovação
representar barreiras para as pequenas empresas que precisam aprimorar níveis mais complexos de
tecnológica foi considerada necessária por 99% das empresas, sendo que 40% das empresas já
integração. Diante da problemática o SIFUMG vem buscando promover a cooperação entre os pares de
investem em tecnologia, adaptando-se a um ambiente em constante transformação. Entretanto é
negócios no ambiente empresarial, fortalecendo a competitividade e contribuindo para os resultados

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positivos. Promover o associativismo é um valor exercitado na família sindical, nas ações em equipe e Para atender a tais segmentos, as indústrias mineiras de fundidos utilizam principalmente o forno
com as empresas integradas à FIEMG. O tema faz jus à velha tônica promovida pela Federação: Juntos cubilô, com moldação manual em areia sintética. As questões ambientais, de logística e processos,
somos mais. são necessidades que as indústrias do setor de fundição se mostram interessadas em se adequarem
aos padrões exigidos pelo ambiente competitivo no qual estão inseridas.
Os segmentos de utilidades domésticas, saneamento e construção civil destacam-se por serem
atendidos pelo maior número de empresas. As indústrias de fundição fornecedoras para o setor A partir deste contexto, Minas Gerais conta hoje com o apoio do Governo do Estado, através da
automobilístico (Figura 2) respondem pela maior produtividade e faturamento. Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia - SECT e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de
Minas Gerais - SEDE, do SEBRAE-MG e da FIEMG, sendo considerado o setor como Arranjo Produtivo
Prioritário.

O
O CCOR
ORAÇ
AÇÃO
ÃO DO
DO AU
AUTTOM
OMÓV
ÓVEE LL F erro F u ndid o
A lum ínio
Ma gné s io

2%

Fonte: Autores

Figura 2 - Algumas partes componentes de um automóvel produzidos em fundição

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3. O PROCESSO DE FUNDIÇÃO

A Fundição é um processo de fabricação de peças que representa o caminho mais curto entre a matéria-
prima metálica e as peças acabadas, em condições de uso.

O processo de fundição para fabricação de peças consiste, essencialmente, em encher com metal
líquido a cavidade de um molde cujas dimensões e formas correspondem às das peças a serem
obtidas. Após a solidificação e resfriamento obtêm-se as peças com formas e dimensões, geralmente,
quase definitivas, pois, em muitos casos, as peças são usinadas antes de estarem em condições de
utilização.

Peças com variações quase ilimitadas de forma e projeto são produzidas em fundição que, por sua
vez, são normalmente descritas em termos de alguma das características dos processos empregados
– fundição em areia, por gravidade, fundição de precisão e outros tipos. Os produtos dessas fundições
são designados como peças fundidas conformadas, ficando implícito que a forma básica inicialmente
produzida é mantida na aplicação subsequente da peça. Pequenas modificações na forma podem
ser inevitáveis (por exemplo, rebarbação, esmerilhamento e usinagem) e, em alguns casos, várias
peças fundidas podem ser soldadas numa só para produzir a forma final desejada. A característica
fundamental das peças fundidas baseia-se, entretanto, no fato de que nenhum processo de deformação
ou trabalho plástico é usado para alterar sua forma básica bruta-de-fusão.

As peças fundidas podem também ser definidas de forma satisfatória pela característica de possuírem
um determinado caráter estrutural bruto-de-fusão, que, por sua vez controla muitas das importantes
propriedades dos meios fundidos.

22
Pode-se dizer que no processo de fundição tem-se, quanto ao metal, apenas as etapas de fusão e
solidificação entre a matéria-prima sólida e o produto semiacabado, enquanto que nos demais
processos clássicos de fabricação de peças metálicas citados anteriormente tem-se, entre a matéria-
prima sólida e o produto semiacabado, além das etapas de fusão e solidificação, uma deformação
plástica por tratamento mecânico.

A obtenção de uma peça fundida segue o seguinte fluxograma:


Figura 3 - Moldes de peças confeccionados com areia aglomerada com argila

FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE FUNDIÇÃO

Pedido

Projeto Desenho
Peça fundida

Modelagem Modelo Caixa de Macho

Molde em areia
Macharia Preparação de areia Machos

Moldagem Preparação de areia Moldes


Molde de Areia
Cadinho
Fusão Preparação da carga metálica Tratamentos no metal líquido

Metal Vazamento Preparação de panelas


Fundido

Desmoldagem Recuperação/Regeneração de areia

Acabamento
Peça
Fundida
Linha Expedição
Divisória

Figura 4 - Esquema de uma peça fundida em um molde de areia


Figura 5 – fluxograma geral do processo de fundição
http://media.photobucket.com/image/pe%2525C3%2525A7as%20fundidas/Marcos_Borges/fundicao_01.jpg

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3.1 Produção de uma peça fundida
Logo após o recebimento do pedido de produção de determinada peça, o desenho técnico bem como
as informações para a produção da mesma são encaminhados ao setor de projeto para estudo. Nesta
etapa levantam-se todas as necessidades para que a peça possa ser fabricada com qualidade, dentro
do prazo determinado e com preço compatível e competitivo. Na etapa de realização do projeto de
construção da peça são calculados e definidos o sistema de alimentação e enchimento, o modelo,
o(s) macho(s), tipo de moldagem e macharia, recomendações para elaboração da liga metálica,
recomendações de vazamento, tempo de resfriamento, desmoldagem, acabamento e controles
laboratoriais que se fizerem necessários até o envio da peça acabada para o cliente.

Definidas as características do modelo, o mesmo é confeccionado na oficina de modelagem da


empresa ou através de terceirização deste serviço. A forma do modelo aproxima-se da forma da peça,
diferenciando nas medidas, pois as contrações do material do modelo e da liga metálica devem ser
acrescentadas às medidas da peça original, bem como as marcações do(s) macho(s) caso a peça tenha
e as inclinações de saída para possibilitar a extração do modelo da areia. O material para a confecção
do modelo depende da série de peças que deverão ser produzidas com o mesmo, podendo ser desde
materiais menos resistentes como isopor e plástico, passando por madeira, resinas sintéticas até
Figura 6 – produção de um molde e um macho
modelos metálicos para grandes series de produção (milhares de peças).

Junto à confecção do modelo deve ser também confeccionada a(s) caixa(s) de macho para as peças
que possuam cavidades internas e/ou externas. As especificações de dimensão e forma das caixas As etapas para produção de um molde serão explicadas no item 2.2 - Etapas do processo de moldação
de macho bem como dos modelos são orientadas pelo projeto. As caixas de macho também são de uma peça.
confeccionadas em uma modelagem sendo o seu material também decidido observando os mesmos Ao mesmo tempo em que são confeccionados os moldes no setor de moldagem e os machos no setor
critérios da confecção dos modelos. de macharia a etapa de fusão acontece. São realizados os cálculos de carga para que seja obtida a
Após a confecção do modelo e da caixa de macho passamos à etapa da produção dos moldes e dos classe necessária do material para a peça. Estes cálculos levam em consideração o referencial da
machos. Ambos são confeccionados utilizando areia de fundição. Como as solicitações dos moldes e composição química de cada classe. O material é colocado no interior do forno de fusão (cadinho)
machos podem ser diferentes, a areia utilizada na confecção de cada um pode ser diferente. para aquecimento e fusão da carga sólida. São realizados os controles necessários para o acerto da
composição química e de temperatura do metal para realizar a próxima etapa, do vazamento.
A figura 6 descreve as etapas necessárias para a confecção de um molde e de um macho a partir do
desenho técnico da peça. Panelas de vazamento já preparadas e pré-aquecidas recebem o metal líquido em seu interior para o
transporte do mesmo até a área de vazamento, onde os moldes serão vazados. O controle da escória é
de grande importância nesta etapa. O vazamento deve acontecer rapidamente para que não aconteça

26
perda de temperatura acima do esperado do metal, que poderá ocasionar defeitos nas peças.

A figura 7 mostra uma panela com refratário para vazamento manual de moldes.
momento do vazamento.

Peça fundida parte do modelo bipartido da peça

Figura 8 - A peça fundida final e seu modelo correspondente

Realizada a mistura da areia, o modelo (ou parte dele) é posicionado dentro da caixa de moldar bem
Figura 7 – Panela de vazamento manual como os canais de alimentação que se fizerem necessários para a confecção da caixa inferior.

Espera-se o tempo necessário para que a peça no interior do molde solidifique para que seja realizada
a desmoldagem, ou seja, a separação da peça fundida e sólida do molde.

As peças seguem para o setor de acabamento para limpeza e preparação para envio ao cliente. Os
controles necessários são realizados para que se comprove a obtenção da qualidade necessária da
peça.

A peça é então enviada ao cliente embalada da maneira própria de cada peça.

A seguir são colocadas as etapas para produção de uma peça de maneira mais detalhada.
Posicionamento do modelo na caixa caixa de moldar

3.2 Etapas do Processo de Moldação de uma Peça


Figura 9 - Posicionamento do modelo no interior da caixa de moldar
As etapas de moldação de uma peça em areia com bentonita – areia sintética, podem ser descritas
como se segue:

Controle do modelo a ser utilizado, atentando para possíveis defeitos que o mesmo possa apresentar Preenche-se a caixa de moldar com areia de moldação, realizando o adensamento da mesma (socagem),
como amassamento, quebras, empenamento, etc. que podem levar a produção de peças com defeitos. para que o molde possa adquirir resistência mecânica.
Com este modelo conseguiremos uma cavidade no molde que será preenchido de metal líquido no

28
Fazem-se os reparos necessários no molde e coloca-se o macho, caso seja necessário, na cavidade
do molde.

Figura 10 - Preenchimento e socagem da caixa de moldar com areia e compactação

Após a socagem da caixa inferior e a raspagem do excesso de areia, esta caixa é então virada.
Posiciona-se outra caixa de moldar por sobre a caixa inferior colocando em seu interior a segunda
parte do modelo da peça e dos canais de alimentação e enchimento que se fizerem necessários.
Preenche-se a caixa de moldar com areia de moldação, realizando a socagem da mesma. Esta outra
parte do molde confeccionada chama-se caixa superior. Figura 12 - Posicionamento do macho no interior do molde
Ao término da socagem o excesso de areia é retirado sendo então separadas as duas metades do
molde confeccionadas, a caixa inferior e a caixa superior, formando o molde da peça.
É realizado o fechamento do molde, fazendo o acoplamento da caixa inferior com a caixa superior através
Faz-se a abertura do molde, separando a caixa superior da inferior e realizando a extração (retirada) das guias e dos grampos. O molde pronto é encaminhado para a área de vazamento onde será vazado.
das partes do modelo e dos canais. Com isso uma cavidade com a forma do modelo ficará impressa
no molde.
Caixa
s uperior

Caixa
inferior

Figura 11 - Retirada do modelo e posicionamento do macho no interior do molde Figura 13 – Molde pronto para receber o metal líquido

30
A peça fundida depois de ser limpa e sofrer as operações de acabamento necessárias deve ser
submetida a controles segundo as necessidades requeridas da utilização da mesma. Estes controles
O metal fundido em um forno de fusão apropriado e na temperatura adequada é transferido para uma
são realizados nos laboratórios de metalografia, químico, mecânico e ensaios não destrutivos. Depois
panela de vazamento, de onde é vazado na cavidade do molde, preenchendo o interior do mesmo com
da aprovação final a peça é então enviada ao cliente.
a liga metálica.

Vazamento no molde panela de vazamento

Figura 14 - Vazamento da liga líquida

Espera-se o tempo necessário para que a liga líquida se solidifique (resfriamento) sendo então realizada
a desmoldagem (quebra do molde) onde a peça agora sólida é separada da areia do molde. A areia é
levada a um sistema para ser recuperada e reutilizada; as caixas de moldar são encaminhadas para
uma nova moldação e a peça com os canais aderidos à mesma é encaminhada para sofrer jateamento,
acabamento e se necessário usinagem.

Figura 15 – peça fundida depois de retirada do molde

32
4. SETORES DE UMA FUNDIÇÃO

4.1 Preparação de areias


O coração de uma fundição que utilize moldes em areia é o setor de preparação de areias.

Diferentes tipos de areias de fundição podem ser utilizadas na confecção dos moldes e machos, sendo
que cada processo de areia tem características próprias. Uma grande divisão poderia ser das areias
com aglomerantes argilosos e das areias com ligantes químicos. As areias são divididas em processos
de cura a frio, de cura por gasagem e de cura térmica. Podemos citar como exemplos de processos
de cura a frio areias com ligantes fenólicos, furânicos e fenólico uretânicos; processos de cura por
gasagem areias com ligantes fenólico uretânicos e silicato de sódio e processos de cura térmico
areias com ligantes fenólico furânicos e fenólico (Shell). Cada processo tem suas características e
limitações próprias de utilização que diferem quanto à liga da peça, forma e tamanho das peças e
moldes, produtividade, colapsibilidade, utilização em moldes ou machos, entre outros.

Após a escolha do processo de areia que atende às características das peças a serem produzidas,
atenção deve ser dada à etapa de preparação da areia, que é realizada em um equipamento chamado
misturador que tem a função de homogeneizar os constituintes da mistura em um tempo predeterminado,
fazendo com que cada grão de areia seja recoberto por uma camada (filme) de aglomerante, agente
de cura e aditivos.

No caso específico das areias com bentonita, as mesmas recebem as denominações de areia Sílico
Argilosa Sintética, ou areia sintética, ou areia verde ou ainda mesmo areia preta.

34
Tempo de mistura necessário a cada processo de areia, controlando a rotação do misturador;

Ordem de adição dos constituintes no misturador, evitando a mistura de material seco para evitar
a produção de poeira, adicionando sempre no caso de areias com resina o catalisador primeiro a
mistura e em seguida a resina, obedecendo aos teores sugeridos para cada processo;

Controlar a areia preparada em laboratório para saber as propriedades e estimar o comportamento


desta areia no molde e durante o vazamento. Os ensaios comuns para a areia com bentonita são
de resistência mecânica, permeabilidade, umidade, compactabilidade, argila ativa, perda ao fogo,
módulo, teor em finos, dureza; para areias com resina resistência mecânica, vida de banca, teor em
finos, demanda ácida entre outros;

Estocar a areia corretamente evitando o contato da areia com o ar e o chão da fundição. O uso de silos
para armazenamento da areia preparada, bem como de correias transportadoras são importantes.

4.2 Moldagem
A confecção de um molde/macho de qualidade é primordial para a sanidade das peças produzidas.
Na moldação manual com areia sintética todo o trabalho é realizado pelo moldador, necessitando de
Figura 16 – Misturadores empregados na preparação de areia de fundição
mão de obra qualificada e treinada. Uma compactação exagerada não quer dizer necessariamente
que favorecerá a qualidade da peça, podendo em alguns casos criar condições para aparecimento de
Uma areia de qualidade pode representar a obtenção de uma peça de qualidade com bom acabamento defeitos nas peças.
superficial, ausência de defeitos internos e dimensões dentro do especificado pelo desenho da peça. Na compactação à máquina o contato do operador com o molde deve ser o menor possível, evitando
Importante observar que as características da areia devem ser apropriadas à peça que será queda de produtividade. A areia para moldação manual difere da areia para moldação mecanizada,
produzida e não ao moldador. Pontos importantes a serem observados para a obtenção de uma areia principalmente no teor em umidade, sendo que na manual a areia necessita de maior teor em umidade,
de qualidade: o que na mecanizada deve ser evitado, sempre procurando uma elevada fluidez da areia para melhor
Controlar a matéria-prima utilizada. Na areia base deve-se optar por um tipo que seja compatível com preenchimento das caixas de moldar.
a liga da peça, bem como o peso da mesma. Deve-se controlar a forma e estrutura dos grãos, módulo,
distribuição granulométrica, teor em finos; na bentonita a adsorção de azul de metileno; a qualidade
4.3 Macharia
da água utilizada; na resina e catalisador os controles específicos de cada processo resinoso. Toda a
matéria-prima deve ser estocada em locais apropriados sem contato com sol, umidade e solo; A confecção dos machos é realizada com areias com ligantes químicos, na sua maioria resinas. O tipo
de resina a ser utilizada deve ser compatível com a liga da peça, bem como a forma e peso da mesma.
Escolher o misturador recomendado para o processo de areia, fazer as aferições necessárias e limpeza
Na confecção manual dos machos, não é necessário grande adensamento, apenas uma acomodação
sistemática por turno de trabalho, manutenções das partes de desgaste;

36
da areia no interior da caixa de macho, mais que não deixe o macho pouco adensado, o que levaria a 4.4.1 Recomendações para utilização de fornos de fusão
quebras dos machos, inclusões de areia, penetração metálica. A utilização dos equipamentos de fusão deve ser otimizada para que a qualidade das peças seja
O processo caixa fria (Cold Box) tem hoje uma grande utilização nas empresas através do uso das alcançada, bem como a preservação dos equipamentos, evitando manutenções desnecessárias,
sopradoras cold box. A produção de um macho neste processo deve obedecer as etapas próprias do consumo excessivo de energia, emissão de particulados e resíduos ao meio ambiente e resguardando
mesmo que são sopro (adensamento), gasagem (utilizando catalisador na forma de gás ou vapor) e a integridade física dos operadores do mesmo. A seguir são colocadas algumas recomendações
retirada do excesso de gás (lavagem). Várias máquinas para confecção de moldes em Cold Box são importantes para o dia a dia de uma empresa de fundição que utilize fornos à indução e forno cubilo.
encontradas no mercado, necessitando do fundidor atenção na escolha de máquinas que observem
as características de produção do processo, evitando problemas futuros de baixa produtividade e
Forno a Indução
qualidade insuficiente dos machos e moldes produzidos
A operação do forno requer preparação do funcionário com os EPIs específicos para o setor de
fusão, principalmente pela possibilidade de projeção de metal líquido, fagulhas, emissão de calor e
4.4 Fusão luminosidade do banho de metal líquido.
Seguindo as orientações do pedido da peça e do projeto elaborado, é realizado o cálculo de carga, ou Antes de seu carregamento, é necessário avaliar as condições do refratário. Trincas de grandes
seja, a verificação da quantidade de cada matéria-prima que será utilizada para fabricar o ferro fundido dimensões, assim como desgaste excessivo do mesmo, podem provocar fuga de metal líquido para
na classe requerida. Os materiais utilizados são retorno (peças quebradas ou refugadas e canais), a bobina, gerando curto circuito e até explosão pelo contato do metal com a água de refrigeração
gusa, sucata de aço e elementos de liga. Para a realização do cálculo de carga é necessário saber da bobina.
a composição química de cada componente da carga (carbono, silício, manganês, fósforo e enxofre
Antes de ligar o forno deve-se realizar algumas checagens de segurança. O controle de potência deve
entre outros), a composição química desejada para a peça que será fabricada, as perdas e ganhos de
estar na posição zero e caso o forno tenha capacitores, devem estar desligados para evitar sobrecarga
elementos por fusão (normalmente nos fornos a indução os elementos carbono, silício e manganês
no forno danificando o painel ou mesmo impedindo o acionamento.
sofrem perdas, sem ganhos, e no forno a cubilô os elementos silício e manganês sofrem perda e o
enxofre sofre ganho quando utilizado o carvão coque como combustível). Caso aconteça durante a fusão a formação de ponte, a primeira ação a ser tomada é a retirada da
potência a fim de reduzir a temperatura do metal. A ponte pode ser revertida ao bascular o forno para
Este material depois de pesado é colocado no interior do forno para ser realizada a fusão do mesmo.
que o banho líquido entre em contato com o material sólido fundindo-o. Cuidados podem ser tomados
Os tipos de fornos utilizados para as ligas ferrosas são os fornos elétricos a indução e cubilo.
como colocar uma panela próxima ao forno para coletar o metal líquido caso aconteça derramamento
Atenções no momento da fusão devem ser obedecidas como acondicionamento da matéria-prima de metal alem de evitar concentração de pessoas próximas ao forno. Importante verificar se o
cuidadosamente no cadinho do forno, não utilizar materiais oxidados, com umidade, não utilizar revestimento não foi afetado durante a formação da ponte.
material de origem desconhecida. Este setor deve ter atenção especial por ser um grande consumidor
Os fornos a indução devem possuir sistema de proteção contra o contato entre a bobina e o metal
de energia elétrica e gerador de grande quantidade de fumos, gerando grande poluição. Os órgãos
líquido. Se o revestimento falhar e o metal entrar em contato com a bobina e receber a corrente
ambientais exigem sistemas para que a poluição seja controlada.
alternada. Existe o risco de descarga elétrica se ocorrer contato com a carga (limpeza do banho,
retirada de amostras etc).

38
Para que o sensor de detecção de fuga a terra funcione adequadamente o dispositivo “aranha” deve Forno cubilô
estar em contato permanente com o banho líquido. Assim, não pode estar isolada por escória ou
Utilizar granulometria correta do carvão coque, pois grãos muito grandes aumentam as perdas de C, Si
reparos no revestimento, com suas partes intactas. Um instrumento portátil registrador de fuga de
e Mn e grãos muito pequenos aumentam o consumo de coque. Elevado teor em cinzas no carvão coque
corrente verifica a integridade do sensor, isto é, verifica se o banho está aterrado corretamente.
propicia rápido consumo do mesmo no forno.
O sensor e o módulo de detecção de fuga à terra devem ser testados ao menos uma vez por dia.
Iniciar a fusão com a cama de coque próxima a 1,5 m de altura a partir do plano médio das ventaneiras.
O controle da temperatura é importante, pois elevadas temperaturas são prejudiciais ao processo e A cama de coque deve estar bem acesa desde o início da fusão, a fim de que a temperatura no início
promovem desgaste prematuro do refratário. esteja próxima à temperatura de pico de funcionamento do forno.

A medição de temperatura deve ser realizada após a limpeza da superfície do banho da escória formada Vazão de ar excessiva provoca a diminuição da altura do pé de coque e posterior oxidação e baixa
e do inversor desligado para evitar falhas na medição e danos no aparelho de medição. temperatura do metal. Vazão de ar insuficiente aumenta o consumo de coque.

Antes do vazamento é necessário organizar a área de vazamento, identificar e ordenar dos moldes, O peso da carga de coque é definido de acordo com o diâmetro interno do forno. Com coque de qualidade
sendo necessário queimar os gases liberados no momento do vazamento. normal, admite-se que a sua camada deva ter espessura média de 15 cm para um bom funcionamento.
Espessuras maiores provocariam elevada redução na cama de coque antes da reposição.
O desempenho do material refratário depende diretamente das operações de substituição (socagem)
e sinterização. Os fabricantes de refratário orientam sobre a correta utilização do mesmo. Não utilizar Para evitar engaiolamentos (carga presa no interior do forno), o dimensionamento da carga deve estar
materiais com o prazo de validade vencido, pois diminuirá sua resistência e vida útil. dentro da faixa de 1/10 a 1/3 do diâmetro interno do cubilô.

A porcentagem de coque depende das temperaturas que se deseja obter para o metal líquido.
Normalmente as porcentagens de coque utilizadas nas empresas variam entre 9 a 16%. Quanto maior
a porcentagem maior a temperatura alcançada.

A produção horária nominal do forno cubilô pode ser obtida através da fórmula:

P = K.D², onde:

P = vazão de ferro fundido líquido em toneladas/hora;

D = diâmetro interno do forno em metros;

K = coeficiente de correção que varia entre 5 a 7, influenciado pelas características das cargas a serem
fundidas, da potência do ventilador e do próprio desejo do fundidor em operar o forno com maior ou
menor taxa de fusão.

40
A introdução de oxigênio puro, enriquecendo o ar que entra pelas ventaneiras leva a redução do resistência após o resfriamento da peça no molde. Com isso, no momento da desmoldagem, esta areia
consumo de coque e ou aumento da temperatura do metal, podendo ser injetado no forno diretamente desagregada se mistura à areia de moldagem sintética (com bentonita), não sendo possível separá-
pelas ventaneiras ou misturado ao ar na tubulação principal, preferencialmente logo após a saída do las. Esta areia de macho é então considerada como sendo areia base nova adicionada ao sistema,
ventilador. devendo ser levada em consideração nos cálculos de correção de bentonita e pó de carvão mineral.
Esta areia chamada de areia de circuito deve ser encaminhada para um silo para ser estocada até a
A dimensão do diâmetro das ventaneiras é de grande importância para o bom funcionamento do
próxima preparação. Caso a quantidade de areia do sistema seja insuficiente para a produção diária da
forno cubilô, visto que determina a velocidade do ar na entrada do forno. Velocidades de entrada
empresa, a mesma poderá retornar várias vezes ao sistema no mesmo dia, fazendo com que a mesma
superiores a 28 m/s aumentam o volume da zona de oxigênio livre, provocando a oxidação do metal
fique quente. Utilizar areia quente na moldagem, acima de 50oC pode provocar defeitos nas peças
líquido; velocidades inferiores a 12 m/s não injetam ar suficiente no centro do forno. Ocorre que o
fundidas. Para evitar este aquecimento da areia de moldagem as fundições poderiam atentar para:
ar sobe junto à parede do forno, fazendo com que a combustão ocorra nesta região, provocando o
desgaste prematuro do refratário. A melhor velocidade para a entrada do ar no forno situa-se em Aumentar a quantidade de areia do sistema;
torno de 20 m/s.
Utilizar nos moldes uma maior relação areia metal (mais areia nos moldes em relação ao peso das
O calcário adicionado às cargas diminui o ponto de fusão da escória tornando-a fluida a ponto de sair peças);
do forno junto com o metal líquido. O aumento da quantidade de calcário torna a escória formada
Aumentar o tempo de resfriamento das peças nos moldes, maior tempo ate a desmoldagem;
durante a fusão menos ácida. Porém quanto menos ácida a escória, maior será o desgaste do refratário
Instalar na fundição um sistema de resfriamento da areia.
que geralmente é acido. O teor em enxofre no metal depende do índice de basicidade da escória.
Quanto menor a acidez, menor será o teor de enxofre no metal. O índice de basicidade deve atender à As peças retiradas dos moldes são encaminhadas para o setor de acabamento onde serão jateadas,
necessidade metalúrgica. limpas e separadas dos canais e massalotes. Caso as peças necessitem, serão encaminhadas para o
setor de usinagem para obterem a sua forma final antes de serem enviadas aos clientes. Em alguns
No descarregamento do forno (abrir a soleira) é importante não haver umidade em baixo do forno
casos as peças ainda podem receber algum tipo final de tratamento, como pintura por exemplo.
evitando risco de projeção de metal.
Após os controles finais em laboratório, com a verificação da qualidade dimensional, mecânica,
É necessário reparar o revestimento do cubilô a cada fusão. O objetivo é fazer com que o cubilô
metalográfica e química das peças, as mesmas serão enviadas ao cliente final, encerrando o ciclo de
recupere seu diâmetro interno original. Assentam-se os tijolos com as juntas intercaladas, que por sua
produção destas peças na fundição.
vez devem ter a menor espessura possível. Para que a parede da coluna fique bem alinhada deve-se
utilizar régua, gabarito de diâmetro e prumos.

4.5 Acabamento, Usinagem e Expedição


Com a desmoldagem ocorre a “quebra” dos moldes, que consiste na separação das caixas de moldar
da areia de fundição e das peças fundidas em bruto. As caixas de moldar são encaminhadas para
estocagem até serem novamente utilizadas para confecção de outros moldes. Caso a peça produzida
tenha algum macho, esta areia dos machos, se possuir boa colapsibilidade, com o calor recebido
durante o vazamento, as ligações de resina são quebradas, fazendo com que esta areia perca a

42
5. FUNDIÇÃO E MEIO AMBIENTE

5.1 Introdução
Desde o limiar da percepção mundial dos problemas ambientais na década de 60, a inserção da
variável ambiental no setor produtivo continua figurando entre os maiores desafios relacionados à
sustentabilidade. Conceito este que surge na década de 80, com o lançamento do relatório “Nosso
Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland, liderado pela Comissão Mundial das
Nações Unidas para o Ambiente e o Desenvolvimento. Desde então, o desenvolvimento econômico
aliado à estratégia ambiental se tornou uma expressão corriqueira no cenário internacional e motivação
para a crescente preocupação com este assunto no meio coorporativo.

O mundo vive em estado constante de transformações, forçando revisões contínuas em nossos


conceitos e abordagens. O cenário atual é uma prova para a tônica: Estamos à beira de uma virada no
cenário econômico, mudanças de valores, dos desejos coletivos e individuas, derrubando a velha ideia
que desenvolvimento econômico significa a simples geração de riquezas. Em suma, a sustentabilidade
está se tornando uma lei em linguagem universal para o desenvolvimento empresarial. Para o setor
de fundição isso significa aperfeiçoar seus processos atingindo eficiência produtiva aliada à ótica
da sustentabilidade. Traduz-se em lançar mão de uma gestão responsável, integrando produção,
colaboradores, clientes, fornecedores, meio ambiente, sociedade e poder público.

A demanda por recursos e infraestrutura associadas ao nosso atual estilo de vida são um dos grandes
pilares para os problemas ambientais mais graves e de difíceis soluções por parte do Estado. Porém
hoje, a intensidade e a problemática dos impactos decorrentes da industrialização e da crescente
urbanização demandam de uma ação muita mais complexa que não só cabe ao poder público, mas
também ao setor empresarial e a sociedade. Já é perceptível uma proliferação de ONGs, grupos
comunitários, discussões internacionais e indivíduos comuns envolvidos com a temática ambiental.

44
Conforme Furtado (2003) o desenvolvimento sustentável para o meio ambiente empresarial se traduz no primas, insumos e trabalho), o processo e saídas (produto final, sub-produto, resíduos, emissões,
estabelecimento de estratégias que permitam às empresas desenvolverem suas atividades, integrando efluentes) conforme Figura a seguir:
às demandas das organizações e de seus interessados – o que significa respeitar a comunidade local,
valorizando a cultura incluindo em seus valores empresariais a erradicação do trabalho infantil, dos
trabalhos forçados, discriminação, promovendo a saúde e segurança, liberdade de associação, práticas
disciplinares, bons benefícios e o compromisso da organização em manter e melhorar as condições
do trabalho.

A cultura industrial de fundição sustentável precisa atender a esse requisito principalmente em relação
ao consumo de materiais e do impacto ambiental que podem causar. O aumento da produção deverá
estar aliado a menores gastos de insumos e gerações de poluentes.

As fundições mesmo contribuindo para a reciclagem de sucatas metálicas, possuem alto potencial
poluidor gerando toneladas de resíduos mensalmente. O aproveitamento de resíduos, principalmente
oriundos de fontes não renováveis, torna-se elemento estratégico para a competitividade e a 5.2.1 Resíduos Sólidos
permanência das empresas no mercado.
Em pesquisas técnicas conclui-se que os poluentes gerados no processo de fundição são em sua grande
parte sólidos, destacando-se dentre estes o resíduo de areia de moldagem. Mas vale destacar também
5.2 Aspectos e Impactos Ambientais nas Indústrias de Fundição as consideráveis quantidades de efluentes líquidos e gasosos. Os resíduos de areia de fundição são
decorrentes da areia descartada após a perda de sua condição de trabalhabilidade. Para cada tonelada
Entende-se como Impacto Ambiental “quaisquer alterações das propriedades físicas, químicas
de areia que entra no processo, uma quantidade equivalente de resíduo é gerada variando também
e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
com a conformidade e qualidade do produto.
atividades humanas, que direta ou indiretamente, afetam-se: a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente e a qualidade dos recursos naturais” (art. 1º da res. 1, de 23.1.86 do CONAMA). O principal 5.2.2 Efluentes Líquidos
desafio inerente a este tema é inserir soluções racionais e sustentáveis para o desenvolvimento da
No que diz respeito aos efluentes líquidos, os mesmos apresentam características predominantemente
produção, ou seja, integrar alternativas que visam à prevenção de impactos, a economia de recursos,
inorgânicas (metais pesados, substâncias químicas, etc), com exceção dos efluentes provenientes da
matéria-prima e de energia, buscando também a reutilização e recuperação de resíduos.
água utilizada em sistemas de resfriamento ou aquecimento em algumas etapas do processo e do
Para simplificar a identificação dos principais Aspectos Ambientais das fundições, foi utilizado o sistema de lavagem de particulados do sistema de exaustão.
sistema de análise de fluxo de processos sobre a lógica de entradas e saídas de elementos no processo
produtivo de fundição. Também foi utilizado levantamentos de aspectos e impactos bases de empresas
que participaram na elaboração do trabalho que já dispunham de um sistema de gestão ambiental 5.2.3 Emissões Atmosféricas

mais avançado para fins de certificações (ISO 14.001). Já os poluentes gasosos são decorrentes do vapor da fusão e vazamento dos metais e do material

Os encontram-se dispostos na forma de diagramas, onde foram identificadas as entradas (matérias- particulado, disperso na atmosfera, proveniente das partículas muito pequenas presentes na areia

46
utilizada no processo. Como subproduto do processo de fusão, o forno cubilô gera uma gama de Moldação e Macharia
contaminantes e particulados atmosféricos que incluem cinzas (provenientes da queima), metais
(fumos metálicos e óxidos), dióxido de enxofre, monóxido de carbono, compostos fenólicos e outros ENTRADAS PROCESSO SAÍDA
orgânicos. Quando há processo de refugo o processo resulta em uma quantidade de substâncias Temperatura Efluentes líquidos
indesejáveis, compostos orgânicos e inorgânicos, que poderão entrar em processo de fusão, mesmo Energia elétrica Efluentes atmosféricos
MOLDAÇÃO E
com um criterioso controle de quantidade das saídas destes refugos. Oxigênio (material particulado,
MACHARIA
Água pós dos filtros, vapores
Gás GLP da reação das resinas e
catalisadores)
5.3 Diagramas dos processos de Fundição Areia base sílica
Calor
Areia coberta Shell
Bentonita
Geração de ruído
Fusão Pó de carvão mineral Embalagens vazias
(papel, plástico)
Resinas de fundição
Filtros
ENTRADAS PROCESSO SAÍDA Catalisadores
Resíduos de areia de
Carvão Coque Escória Silicato de sódio
moldagem e macharia,
Refratário (fornos e pane- Fusão e Vazamento Efluentes líquidos Tintas para moldes luvas exotérmicas, filtros,
las de vazamento, calhas) Efluentes atmosféricos Machos cordão de vadação
Ferro gusa (material particulado, CO, Luvas exotérmicas Borras de resinas
Forno à Indução CO2, SO2, vapores de
Sucata de aço Filtros Pincéis
magnésio, silicatos)
Retorno Álcool Restos de tintas
Calor
Ferros liga Forno Cubilo Gás CO2 Odor
Geração de ruído
Inoculante Desmoldantes
Embalagens vazias
Calcário Embalagens
(papel, plástico)
Energia elétrica Pirômetros Filtros de manga
Resíduos de refratário,
Oxigênio pirômetros, Pincéis
Água (refrigeração, lava- Gás GLP Ar comprimido
Papel
gem de gases) Cordão de vedação
Embalagens
Gás GLP
Escorificante
Embalagens
Luvas exotérmicas
Escorificante
Pó exotérmico
Luvas exotérmicas
Pirômetros
Pó exotérmico
Papel
Pirômetros
Papel

48
Acabamento Embalagem e Expedição

ENTRADAS PROCESSO SAÍDA


Energia elétrica Resíduos de areia ENTRADAS PROCESSO SAÍDA
Oxigênio Resíduos metálicos Energia elétrica Efluentes atmosféricos
Água Resíduos de abrasivos Embalagens (material particulado)
EMBALAGEM E
Gás GLP ACABAMENTO Vibração Madeira Geração de ruído
EXPEDIÇÃO
Embalagens (jateamento, re- Efluentes atmosféricos Peças prontas para Embalagens vazias
barbação, furação, (material particulado, pós enviar aos clientes (pallets de ma- (papel, plástico, baldes)
Filtros de manga usinagem)
dos filtros) Madeiras deira, embalagem Madeira, papelão,
Pincéis plástica)
Calor Plástico Calor
Ar comprimido
Geração de ruído Papel e papelão
Peças brutas
Embalagens vazias Pregos
Rebolos
(papel, plástico) Grampos
Discos de corte
Filtros Fitas
Pontas montadas
(adesivas e metálicas)
Granalhas de aço
Lixas
Madeiras

Pintura

ENTRADAS PROCESSO SAÍDA


Energia elétrica Odor
Água Resíduos de tinta
Embalagens PINTURA Resíduos de solventes
Pincéis (imersão, pistola, Resíduos de abrasivos
Ar comprimido eletrostática) Efluentes atmosféricos
Peças acabadas (material particulado, pós
dos filtros)
Lixas
Geração de ruído
Madeiras
Embalagens vazias
Tinta
(papel, plástico, baldes)
Solventes
Ruído
Thinner
Calor

50
Analisando os diagramas de entradas e saídas dos processos de fundição, podem-se propor métodos
de gerenciamento do processo produtivo tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável.
A abordagem fim de linha (end of pipe), na qual se procura diminuir os efeitos da poluição através de
processo de tratamentos que minimizam impactos ao ambiente externo à empresa, é substituída por
abordagens preventivas de modo a reduzir a quantidade ou a toxidade dos resíduos gerados.

5.4 A Produção mais Limpa como diferencial competitivo


Produção mais Limpa é uma importante ferramenta para a melhoria da gestão ambiental da empresa.
A metodologia busca o aperfeiçoamento contínuo dos processos através da eficiência ma utilização da
água, energia e matérias-primas.
SEM PRODUÇÃO MAIS LIMPA PRODUÇÃO MAIS LIMPA
A metodologia permite à empresa identificar as fontes de resíduos e emissões, e definir planos de
ação para que sua geração seja minimizada. Gastos com sistemas de tratamento de Prevenção de resíduos e emissões na
resíduos e emissões fonte e gastos reduzidos
Produção Mais Limpa significa a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e
tecnológica integrada aos processos e produtos. Um conceito que se tornou uma ferramenta de gestão, A prevenção e a proteção ambiental é Todos os assuntos são abordados dentro
quando bem aplicado resulta na otimização dos processos de produção, mas, sobretudo, em diversos negócio de especialistas e é trazida de da empresa e envolvem a participação
benefícios ambientais, econômicos, o que, consequentemente, torna-se uma vantagem competitiva. fora da empresa de todos
Para processos produtivos, esta ferramenta resulta em medidas de conservação de matérias-primas,
As questões ambientais são vistas como As questões ambientais são vistas com
água e energia; eliminação de substâncias tóxicas e matérias-primas perigosas; redução da quantidade
problemas mais abrangência e compreensão
e toxicidade de todas as emissões e resíduos na fonte geradora durante o processo produtivo, de modo
isolado ou combinado. Já em produtos visa a reduzir os impactos ambientais, saúde e segurança
Trabalha com re-ação Trabalha com pró-ação
ocupacional, além de oferecer segurança dos produtos em todo o seu ciclo de vida.

As tecnologias ambientais convencionais trabalham, principalmente, no tratamento de resíduos e Utiliza-se de maior quantidade de Utiliza-se de menor quantidade de

emissões gerados no fim do processo produtivo, trabalhando sobre o contexto de correção do dano materiais e energia materiais e energia

ambiental já ocorrido. São os mecanismos popularmente conhecidos como tecnologias de fim de tubo
Pretende tratar as questões como
ou end of pipe. No esquema a seguir, observa-se o quadro comparativo com as vantagens de se Pretende atender à legislação ambiental
desafios permanentes
trabalhar com Produção mais Limpa em contrassenso às tecnologias tradicionais:

52
Além destas vantagens, há a possibilidade da redução de custos de seguros; facilitação do Os especialistas observam que nos últimos anos o conceito de Produção mais Limpa vem sendo
acesso ao crédito e financiamentos específicos; e por fim evitam-se custos do não cumprimento da internalizado no empresariado nacional, que demonstra um interesse em investir em processos de
legislação como: produção mais limpos, visando ganhos de produção e benefícios ambientais, antenados com as
tendências de mercado.
Autuações

Aplicação de multas

Enquadramento na Lei de Crimes Ambientais

Cancelamento da AAF ou da licença ambiental

Suspensão das atividades

Ações do Ministério Público

Ações judiciais

Danos à imagem da empresa

A Produção mais Limpa é uma ferramenta de competitividade que traz ganhos econômicos para
empresa, além de ganhos ambientais e sociais. É um instrumento de sustentabilidade.

Retorno do investimento

Os resultados da Produção mais Limpa surgem, em média, em um tempo menor do que o de outros
investimentos feitos na empresa, e são constatados através de ganhos de produtividade, qualidade,
tempo de produção e redução do uso de insumos, e outros.

Os especialistas explicam que é possível mensurar o retorno das ações implementadas a partir dos
indicadores de produção, como, por exemplo: consumo de água/tonelada por produto produzido,
consumo de energia/tonelada de produto produzido, etc. A economia alcançada pagará o investimento
feito, seja em curto, médio ou longo prazo, bem como a melhoria destes indicadores, por sua vez, irá
refletir diretamente no custo do produto.

A filosofia da Produção mais Limpa admite diversos níveis de aplicação junto às empresas, desde o
simples ato de refletir criticamente sobre as possibilidades de melhoria de seus processos, e assim
reduzir desperdícios, até a efetiva implementação de um programa.

54
6. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

O meio ambiente é um bem coletivo e perpassa os interesses de cada um. Portanto, a responsabilidade
de prezar por este bem não se limita somente ao cidadão, sendo também obrigação do
Estado. A matéria é tão importante que ganhou um capítulo específico na Constituição Federal de
1988, tratada pelo art. 225, que em versa em caput:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

Tradicionalmente, no Brasil, no que se refere ao suporte legal a este verso, a abordagem priorizada é
essencialmente as políticas de comando e controle, as quais visam fundamentalmente o controle da
poluição. Em suma, grande parte da legislação ambiental rege assuntos tais como poluição atmosférica,
controle de rejeitos, saúde e segurança ocupacional, eficiência de produtos e processos no tocante ao
uso de energia e recursos, bem como manufatura, comercialização, utilização, transporte e deposição
de substâncias provenientes do processo. A estratégia revela um incentivo a uma postura reativa por
parte de qualquer setor produtivo.

Nas três esferas de poder é possível verificar timidamente a publicação de novas normas visando a
proteção e conservação dos recursos naturais, assim como o controle de impactos ambientais que
venham a comprometer a qualidade de vida dos cidadãos.

56
O automonitoramento dos resíduos sólidos, efluentes industriais e emissões atmosféricas, a Política Nacional do Meio Ambiente. Obriga o licenciamento e proíbe a poluição.
necessidade de se obter documento autorizativo para intervenção ambiental e outorga para captação
DECRETO Nº 99.280, DE 06-06-1990 - Promulga a Convenção de Viena sobre a proteção da camada de
de recursos hídricos e lançamento de efluentes são apenas algumas das inúmeras exigências rotineiras
ozônio e o Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a camada de ozônio.
legais, que vêm se multiplicando de acordo com a demanda do meio ambiente.
DECRETO-LEI Nº 1.413, DE 14-08-1975 - Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente
O processo de conscientização das indústrias para as adequações ambientais aumentou com o
provocada por atividades industriais.
surgimento de benefícios oferecidos a quem implementa estratégias de melhorias nesta área. Essa
INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA Nº 14, DE 15-05-2009 - Regula os procedimentos para apuração
adequação faz com que as empresas alcancem vantagens competitivas no mercado interno e externo,
de infrações administrativas por condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, a imposição das
quando não, redução de custos e incremento nos lucros. Vale ressaltar que lideranças como o Estado
sanções, a defesa ou impugnação, o sistema recursal e a cobrança de multa e sua conversão em
possuem papéis fundamentais para imporem regulamentações acerca de padrões de desempenhos,
prestação de serviços de recuperação, preservação e melhoria da qualidade ambiental no âmbito do
sendo estes essências para que empresas aloquem investimentos necessários para reduzirem a
IBAMA.
poluição e os rejeitos. A utilização de instrumentos legais que estimulem investimentos em medidas
preventivas, através de subsídios, é um meio essencial para busca da sustentabilidade. INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA Nº 31, DE 03-12-2009 - Obriga as pessoas físicas e jurídicas ao
registro no Cadastro Técnico Federal.

LEI Nº 6.938, DE 31-08-1981 - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Proíbe a poluição
6.1 Legislação Ambiental aplicável à indústria de fundição
e obriga ao licenciamento. Determina a utilização adequada dos recursos ambientais.
A lista de normas aplicáveis a cada indústria varia de acordo com as especificidades de cada
LEI Nº 9.433, DE 08-01-1997 - Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos. Institui a cobrança
empreendimento, com as características do seu potencial poluidor e, na esfera estadual, a relação
pelo uso da água. Sujeita a captação de águas públicas à outorga do órgão competente.
que a atividade desempenha do cenário econômico. A legislação ambiental aplicável à fundição é
extensa e complexa. A seguir será apresentada uma lista com as principais normas aplicáveis à LEI Nº 9.605, DE 12-02-1998 - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas
indústria de fundição: e atividades lesivas ao meio ambiente.

LEI Nº 9.795, DE 27-04-1999 - Dispõe sobre educação ambiental. Atribui às instituições o dever de
promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores.
Legislação Federal
NR - 14 - FORNOS - Dispõe sobre as diretrizes para construção, operação e manutenção dos fornos.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - Estabelece a forma do Estado, do governo,
o modo de aquisição e o exercício do poder, seus órgãos e os limites de sua ação. Contém disposições NR 20 - LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS - Dispõe sobre as condições de armazenagem dos
sobre o meio ambiente; direitos sociais; responsabilidade social e qualidade. líquidos combustíveis e inflamáveis.

DECRETO Nº 4.281, DE 25-06-2002 - Institui a política nacional de educação ambiental. Determina NR 25 - RESÍDUOS INDUSTRIAIS - Dispõe sobre a eliminação de resíduos nos locais de trabalho.
que deverão ser criados, mantidos e implementados programas de educação ambiental integrados NR 26 - SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA - Fixa as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho
aos processos de capacitação de profissionais promovidos por empresas, entidades de classe, para a prevenção de acidentes.
instituições públicas e privadas.
PORTARIA CONJUNTA MMA - IBAMA Nº 259, DE 07-08-2009 - Obriga o empreendedor a incluir
DECRETO Nº 99.274, DE 06-06-1990 - Regulamenta a Lei nº 6.938, de 31-08-1981, que dispõe sobre a no estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - EIA / RIMA, capítulo

58
específico sobre as alternativas de tecnologias mais limpas para reduzir os impactos na saúde do Legislação Estadual (Minas Gerais)
trabalhador e no meio ambiente, incluindo poluição térmica, sonora e emissões nocivas ao sistema
DECRETO Nº 41.184, DE 19-07-2000 - Regulamenta a Lei nº 13.393/00, que torna obrigatória a
respiratório.
publicação da relação dos estabelecimentos multados por poluição e degradação ambiental.

PORTARIA INMETRO Nº 101, DE 09-04-2009 - Aprova a nova “lista de grupos de produtos
DECRETO Nº 44.844, DE 25-06-2008 - Estabelece normas para licenciamento ambiental e autorização
perigosos”.
ambiental de funcionamento, tipifica e classifica infrações às normas de proteção ao meio ambiente
RESOLUÇÃO CNRH Nº 16, DE 08-05-2001 - Dispõe sobre a outorga de direito de uso de recursos e aos recursos hídricos e estabelece procedimentos administrativos de fiscalização e aplicação das
hídricos. penalidades.

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 01, DE 08-03-1990 - Estabelece normas referentes à poluição sonora e DECRETO Nº 45.175, DE 17-09-2009 - Estabelece metodologia de gradação de impactos ambientais e
à emissão de ruídos. Dispõe sobre a emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades procedimentos para fixação e aplicação da compensação ambiental.
industriais, comerciais, sociais ou recreativas, determinando padrões, critérios e diretrizes. Considera
DECRETO Nº 45.181, DE 25-09-2009 - Regulamenta a Lei nº 18.031, de 12 de janeiro de 2009, que
prejudiciais à saúde e ao sossego público, os ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis
institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos e dá outras providências.
pela Norma NBR 10151 - Avaliação do ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade,
DELIBERAÇÃO NORMATIVA CONJUNTA CERH/COPAM Nº 1, DE 05-05-2008: Dispõe sobre a

da ABNT.
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 01, DE 23-01-1986 - Dispõe sobre o estudo e o relatório de impacto
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.
ambiental - EIA/RIMA.
DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 01, DE 26-06-1981 - Estabelece para todo o território do
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 05, DE 15-06-1989 - Dispõe sobre o programa nacional da qualidade do
Estado de Minas Gerais padrões de qualidade do ar.
ar - PRONAR .
DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 07, DE 29-09-1981- Fixa normas para disposição de resíduos
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 8, DE 06-12-1990 - Estabelece limites máximos de emissão de poluentes
no solo. Estabelece a obrigatoriedade da elaboração de projetos específicos de transporte e destino
do ar (padrões de emissão) em fontes novas fixas de poluição.
final de resíduos, a serem aprovados pela COPAM, antes de os lançar no solo.
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237, DE 19-12-1997 - Dispõe sobre licenciamento ambiental. Estabelece
DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 11, DE 16-12-1986 - Estabelece normas e padrões para emissões
prazo para concessão e validade das licenças ambientais.
de poluentes na atmosfera. Proíbe o lançamento de efluentes fora dos padrões estabelecidos.
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 275, DE 25-04-2001- Estabelece o código de cores para os diferentes tipos
DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 13, DE 24-10-1995 - Dispõe sobre a publicação do pedido, da
de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas
concessão e da renovação de licenças ambientais.
informativas para a coleta seletiva.
DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 17, DE 17-12-1996 - Dispõe sobre o prazo de validade das
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 362, DE 23-06-2005 - Dispõe sobre o recolhimento, coleta e destinação
licenças ambientais e sua revalidação. Prazo de validade: 4, 6 ou 8 anos, de acordo com o porte e o
final de todo óleo lubrificante usado ou contaminado, de modo que não afete negativamente o meio
potencial poluidor da atividade.
ambiente e propicie a máxima recuperação dos constituintes nele contidos, na forma prevista nesta
DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 49, DE 28-09-2001 - Dispõe sobre o controle ambiental das
Resolução.
indústrias não integradas de produção de ferro gusa no Estado de Minas Gerais.

60
DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 74, DE 09-09-2004 - Estabelece critérios para classificação, LEI Nº 7.772, DE 08-09-1980 - Dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente.
segundo o porte e potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do meio Proíbe a poluição e obriga ao licenciamento.
ambiente passíveis de autorização ou de licenciamento ambiental no nível estadual, determina normas
PORTARIA DRH Nº 30, DE 07-06-1993 - Regulamenta o processo de outorga de águas públicas
para indenização dos custos de análise de pedidos de autorização e de licenciamento ambiental, e
estaduais.
dá outras providências.
RESOLUÇÃO SEMAD Nº 892, DE 13-02-2009 - Regulamenta o § 2º do artigo 5º do Decreto nº 44.844,
DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 90, DE 15-09-2005 - Dispõe sobre a declaração de informações
de 25-06-2008 que estabelece normas para licenciamento ambiental e autorização ambiental de
relativas às diversas fases de gerenciamento dos resíduos sólidos industriais no Estado de Minas
funcionamento, tipifica e classifica infrações às normas de proteção ao meio ambiente e aos recursos
Gerais. Obriga a entrega do inventário estadual de resíduos sólidos industriais, nos termos do art. 4º.
hídricos, e estabelece procedimentos sobre certidão de dispensa e dá outras providências.
DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 121, DE 08-08-2008 - Estabelece condições aos

empreendimentos e atividades para fazerem jus ao acréscimo de um ano no prazo de validade da
NBRs
licença de operação - LO ou de autorização ambiental de funcionamento - AAF estabelecidos pela
Deliberação Normativa COPAM nº 17 e Deliberação Normativa COPAM nº 77. NBR 10004 - Resíduos Sólidos - Classificação: Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente.
LEI Nº 10.627, DE 16-01-1992 - Dispõe sobre a realização de auditorias ambientais, e dá outras
providências. NBR 10151 - Avaliação do ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade. Fixa as
condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades, independente da
LEI Nº 13.199, DE 29-01-1999 - Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos. Condiciona o
existência de reclamações.
uso dos recursos hídricos à autorização do órgão competente.
NBR 12235 - Armazenamento de resíduos perigosos. Fixa as condições exigíveis para o armazenamento
LEI Nº 13.766, DE 30-11-2000 - Dispõe sobre a Política Estadual de Apoio e Incentivo à Coleta Seletiva
de resíduos sólidos perigosos de forma a proteger a saúde pública e o meio ambiente.
de Lixo e dá outras providências.
NBR 15515-1 - Estabelece os procedimentos mínimos para avaliação preliminar de passivo ambiental
LEI Nº 14.309 DE 19-06-2002 - Dispõe sobre a política florestal e a de proteção à biodiversidade no
visando à identificação de indícios de contaminação de solo e água subterrânea. Sem revisão até o
estado.
momento .
LEI Nº 14.940, DE 29-12-2003 - Institui o Cadastro Técnico Estadual de Atividades Potencialmente
NBR 15702 - Areia descartada de fundição - Diretrizes para aplicação em asfalto e em aterro
Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais e a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental
sanitário.
do Estado de Minas Gerais - TFAMG e dá outras providências. Determina a obrigatoriedade das
empresas que exercem esses tipos de atividade de entregar, até o dia 31 de março de cada ano, o NBR 7195 - Fixa cores que devem ser usadas para prevenção de acidentes, empregadas para identificar
relatório de atividades exercidas no ano anterior. e advertir contra riscos.

LEI Nº 18.031, DE 12-01-2009 - Dispõe sobre a política estadual de resíduos sólidos.

LEI Nº 2.126, DE 20-01-1960 - Estabelece normas para o lançamento de esgotos e resíduos industriais 6.2 Licenciamento Ambiental e Autorização Ambiental de Funcionamento
nos cursos de águas.
O licenciamento ambiental é um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente, que tem
LEI Nº 7.302, DE 21-07-1978 - Dispõe sobre a poluição sonora. como objetivo a regularização das atividades perante as normas ambientais. E um processo que pode

62
ser percorrido por pessoas físicas e/ou jurídicas sempre que pretenderem iniciar ou já tiverem em fase O licenciamento ambiental propriamente dito é exigido para empreendimentos que se enquadram
de desenvolvimento de um empreendimento que, sob de qualquer forma utilize recursos naturais. nas classes 3 a 6 (Conforme Deliberação Normativa COPAM nº 74/04). Para estes empreendimentos,
é exigida numa primeira fase (LP) a apresentação de estudos ambientais a serem determinados pelo
O licenciamento “é um procedimento pelo qual o órgão ambiental competente permite a localização,
órgão ambiental, quais sejam: Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/
instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
RIMA) ou Relatório de Controle Ambiental (RCA), que apresentam um diagnóstico do empreendimento
e que possam ser consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer
e de sua área de implantação, a análise de impactos causados pelo mesmo e propõe medidas de
forma, possam causar degradação ambiental” (Resolução CONAMA, nº. 237/1997).
controle, mitigação e compensação destes impactos. Numa segunda etapa (LI) deve ser apresentado
Em Minas Gerais, o licenciamento ambiental é regulamentado pelas Deliberações Normativas do
o Plano de Controle Ambiental (PCA), que apresenta de forma detalhada as formas de controle e
Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM, que estabelecem critérios para classificação de
mitigação dos impactos identificados nos estudos ambientais apresentados anteriormente. Na etapa
empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de regularização ambiental
de LO é verificada a implantação das medidas de controle definidas anteriormente.
no âmbito estadual.
Em Minas Gerais, a análise dos processos de licenciamento ambiental é feita pelas Superintendências
A regularização ambiental inclui tanto a concessão de licenças (licença prévia - LP, licença de instalação
Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que emite um parecer único, tratando
– LI, e licença de operação - LO) quanto a emissão de autorização ambiental de funcionamento – AAF.
dos aspectos técnicos e jurídicos do empreendimento. Este parecer é julgado pelo COPAM, por
A LP atesta a viabilidade ambiental do empreendimento, a LI autoriza a sua instalação, e a LO autoriza
meio da Unidade Regional Colegiada (URC), que decide sobre a aprovação ou não da licença do
o funcionamento do empreendimento.
empreendimento.
O início do processo de regularização dá-se com o recebimento da solicitação do empreendedor,
mediante o preenchimento de um Formulário de Caracterização do Empreendimento – FCE pelo
órgão ambiental e a consequente emissão do Formulário de Orientação Básica – FOB. O FOB lista
a documentação necessária para a formalização do processo de regularização ambiental, que
compreende documentos de natureza jurídica e técnica.

De acordo com a Deliberação Normativa COPAM nº 74/04, os empreendimentos ou atividades


enquadradas nas classes 1 e 2, são considerados de impacto ambiental não significativo, e por esta
razão são passíveis de AAF.

A Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF) é um ato administrativo que autoriza o


funcionamento de atividades que, em função de suas características, geram impactos ambientais não
significativos. É um procedimento simplificado e mais expedito, que em função do baixo impacto dos
empreendimentos, não necessitam apresentar estudos ambientais a serem analisados pelo órgão
ambiental. Para a obtenção da AAF, entre outros documentos, é necessária a apresentação de: Termo
de Responsabilidade assinado pelo titular do empreendimento, declarando que o empreendimento
opera de acordo com as normas ambientais vigentes; e Anotação de Responsabilidade Técnica – ART
de profissional legalmente habilitado, responsável pelo gerenciamento ambiental da atividade.

64
7. PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Produzir uma peça fundida pode ser uma atividade aparentemente repetitiva, encaixa a processos
e procedimentos podendo não ser passíveis de variações e anormalidades de ordem ocupacionais
e ambienteis. Porém, o aferido na prática, como em qualquer atividade, há uma série de fatores que
podem influenciar nas operações destas mesmas empresas gerando adversidades não planejadas.

No desenvolvimento dos trabalhos e nas pesquisas com as empresas colaboradoras, identificamos


algumas práticas simples que revelam ganhos positivos. A simplicidade como são implementadas
as tornam medidas interessantes e asseguram premissas fundamentais para a busca que visem à
expansão econômica com melhorias nos indicadores sociais e de qualidade ambiental

Implementar tecnologias e processos produtivos cada vez menos poluentes, embasando estratégias
que aliem as tradicionais ações e itens como economia de recursos naturais e de energia, redução
e eliminação da poluição na fonte, reciclagem e reaproveitamento são pontos importantes a serem
considerados como instrumentos de gestão.

A utilização de tecnologias, estabelecimentos de processos e até mesmo a simples capacitação dos


colaboradores são fundamentais para uma boa perfomance ambiental. Para ilustrar a questão, seguem-
se o exemplo dos refugos. Os mesmos se caracterizam como inevitáveis problemas e defeitos no
produto final da peça fundida, causado por uma possível falha na linha de fabricação. Vale lembrar que
a precisão das peças é essencial em determinados projetos, não cabendo no produto nenhuma unidade
de medida de imprecisão. Essas falhas podem apresentar porosidade, bolhas de gases, superfícies
irregulares e até mesmo sistemas de encaixes sem conformidades. Os problemas serão incorporados
nos custos do processo, desta forma remanejando o tempo de fabricação, o fluxo de processo, a

66
perda parcial da qualidade do material, aumento no consumo energético para o reprocessamento A vantagem das atividades de reutilização do material como insumo é, sem dúvida, o fato de incorporar
ou reparo da peça. A fim de que se evite esta possibilidade aconselha-se a periodicamente manter valor econômico a um recurso que não apresenta utilidade para o processo de fundição, gerando
procedimentos para calibração da linha de montagem, bem como testes de qualidade na matéria base também ganhos econômicos com fluxo de produção do reutilizador. O resíduos podem agregar o apelo
para fabricação do produto. de ser reprocessado e/ou reutilizado por outras empresas, que estaria contribuindo para questões
relacionadas à sustentabilidade já que é empregado como substitutivo de materiais alternativos.
O estabelecimento de critérios de qualidade para a matéria-prima utilizada envolvendo os fornecedores
e prestadores de serviços podem também desempenhar importante função na eficiência do material Outro ponto importante a considerar é o aspecto regulatório de adequação/permissão ambiental tanto
utilizado e a possibilidade de reuso e reaproveitamento do material. Outro item importante é a da fundição (agente fornecedora de um poluente) como da fábrica beneficiadora (empresa que recebe
verificação (se aplicável) de selos de qualidade da classe que atestem a seguridade e qualidade o material poluente) pelo órgão ambiental competente.
do produto. Um bom indicador de tais fatores ambientais é sempre alinhar-se com os relatórios de
As técnicas de regeneração também revelam-se como mecanismos e oportunidade de Produção mais
sustentabilidade coorporativos, instrumento este, cada vez mais popular no meio empresarial.
Limpa. O processo consiste em reprocessar a areia usada, permitindo sua reinserção no processo
produtivo. Porém segundo estudos recentes, o reprocessamento apresenta algumas vantagens
técnicas, a geração de aspectos negativos mostra desvantagens desta alternativa a longo prazo.
7.1 Oportunidades Resíduos Sólidos / Materiais
As técnicas de regeneração possuem custos elevados e são mais utilizados em países
As fundições mesmo contribuindo para a reciclagem de sucatas metálicas, possuem alto potencial desenvolvidos.
poluidor gerando toneladas de resíduos mensalmente. O aproveitamento de resíduos, principalmente
oriundos de fontes não renováveis, torna-se elemento estratégico para a competitividade e a
permanência das empresas no mercado. O processo de fundição gera uma variada gama de aspectos DICAS
ambientais sendo a areia de fundição o item que apresenta o maior nível de criticidade. Diminuição da quantidade de areia agregada às peças
No geral, redução ou a minimização dos aspectos ambientais de fundição, assim como as práticas Melhoria (supervisão e controle) do procedimento de carregamento,
gerenciais relativas à sustentabilidade corporativa, enfrentam uma mudança de concepção, substituindo descarregamento e transporte da areia de moldagem e seus componentes
medidas baseadas unicamente no tratamento por atividades corretivas e preventivas.
Uso do resíduo em outro processo (pesquisa e desenvolvimento da viabilidade
Para trabalhar sobre a óptica da minimização de resíduos de areia, no que se refere aos resíduos técnica e ambiental do uso da areia de fundição em processos de fabricação de
sólidos, onde se destaca o resíduo de areia de moldagem, as alternativas de reuso externo constituem- outros produtos.
se na utilização da areia na fabricação dos seguintes materiais:
Eliminação de vazamentos de equipamentos
Asfalto;
Melhoria da operacionalização das baias de peças para retorno ao processo.
Cimento Portland;
Desenvolvimento de plano de prevenção de vazamentos
Artefatos de Concreto; Reaproveitamento da lama dos lavadores de pó no sistema de preparação da
Agregados de Construção. areia de moldagem

68
7.2 Oportunidade Efluentes
Na matéria hídrica, a qualidade do efluente está intimidante ligada ao grau inorgânico intrínseco do DICAS
material utilizado, consequentemente necessitando de pré-tratamento para que possam ser vazados Substituição de materiais responsáveis pela geração de gases tóxicos por
em acordo com a legislação supracitada. Para esta problemática, vale buscar a incorporação de materiais menos poluentes - pesquisa e desenvolvimento
processos produtivos que empreguem menos tóxicos como metais pesados e solventes orgânicos
Melhoria no sistema de captação dos finos da central de areia.
e até mesmo radioativos, evitando-se riscos à várias fases de um processo ou produto: transporte,
Implantação de sistema de exaustão de particulados dos fornos de fusão.
manuseio, armazenamento e disposição.

Já o efluente reutilizado em sistemas de refrigeração ou aquecimento em determinadas etapas


conforme discriminado anteriormente, pode ser tecnicamente recirculada seguindo alguns critérios Em suma, um sistema de minimização ou redução de emissões discorre sobre a mesma máxima
técnicos e em determinados usos, necessitado de processos pré-utilização. Tais medidas apresentam aplicável aos outros itens apresentados, onde os fundamentos da prevenção de poluentes deve
viabilidade ambiental e técnica, não refletindo alto custo de implementação se comparado a outras englobar todo o sistema operacional da organização, perpassando no controle de processos de
alternativas. compras, treinamento dos colaboradores, tecnologia, manutenção e principalmente em pesquisa e
desenvolvimento de novas soluções.

DICAS
Sistemas de água de resfriamento ou aquecimento em circuitos fechados.

Reaproveitamento da água dos sistemas de lavagem do pó de exaustão para


adição de água no próprio processo.

7.3 Oportunidades Emissões


Quanto aos resíduos gasosos, existem várias tipologias de emissões e podem variar conforme a
tecnologia empregada na planta industrial. Conforme pesquisa em literatura os gases provenientes do
forno tipo cubilô podem variar não só de fundição para fundição como variam também dentro da própria
fundição. Essa variabilidade dificulta o surgimento e a implementação de técnicas de tratamento dos
efluentes emitidos no processo produtivo de fundição.

70
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente Guia apresenta resultados obtidos através do desenvolvimento de pesquisas


técnicas e da necessidade de fornecer suporte ao setor de fundição na busca do
desenvolvimento econômico, pautado em boas práticas ambientais. O exitoso trabalho
responde ao tradicionalismo e o potencial que o setor representa para Minas Gerais e os
novos desafios ligados à sustentabiliade. A popularização das iniciativas descritas permitirá o
desenvolvimento de uma cultura para o setor de fundição focada na Ecoeficiência, Prevenção
da Poluição e Produção mais Limpa, transformando a gestão ambiental em um valor para os
empresários do segmento de fundidos.

Impor eficiência de processo é uma resposta negativa aos problemas ambientais decorrentes
da produção industrial. Ademais, nos conceitos de gestão estratégica de negócios, não
considerar as relações das atividades decorrentes do processo de fundição com o meio
ambiente, não apenas apresenta um risco de ordem legal, mas representa desperdiço de
recursos financeiros, além de ignorar o papel social de uma empresa.

Frente aos desafios encontrados no desenvolvimento dos trabalhos na área ambiental a


Gerência de Meio Ambiente da FIEMG, através do seu Núcleo Mineiro de Produção mais
Limpa, estabelece estratégias que integrem ações no sentido do desenvolvimento competitivo
do setor industrial, aliando Produção mais Limpa com a efetiva inovação tecnológica,
disseminação de boas práticas operacionais integradas à conformidade ambiental no aspecto
legal. Eliminar a poluição durante o processo de produção visando à melhor utilização de

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matéria-prima e insumos para minimizar todos os resíduos que a empresa gera, trazendo
benefícios econômicos. Este é o princípio básico da metodologia de Produção mais Limpa
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
oferecido pela Gerência de Meio Ambiente da FIEMG aos empresários mineiros.

Neste âmbito de desenvolvimento técnico, o Centro Tecnológico de Fundição Marcelino


COMBE, C. Mc. Conheça os principais sistemas de recuperação de areia. Fundição e Serviços, v.8,
Corradi em Itaúna (SENAI/CETEF) desempenha papel fundamental para o estímulo às
n.62, p.18-35, fev. 1998.
indústrias de base instaladas em Minas Gerais, principalmente a metalúrgica. O Centro
FERNANDES, Deilon Lopes. Areias de fundição aglomeradas com ligantes furânicos. Itaúna: SENAI/
Tecnológico promove a geração de inovações tecnológicas e suas aplicações no setor
DR.MG, 2001. 121p.il.
de fundidos, através de laboratórios (credenciados pelo INMETRO) especializados
onde desenvolve Pesquisa Aplicada para a indústria de Fundição, o que levou o Centro FONSECA, Marco Túlio da. Teoria fundamental do processo de fundição sob pressão. Itaúna: SENAI/
DR.MG, 2001. 91p. il.
a receber o título de Centro Nacional de Tecnologia, título concedido pelo SENAI/DN.
Atualmente a unidade é reconhecida também como instituição de pesquisa cadastrada FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Processo de fabricação; mecânica. São Paulo, 1996. v.1

no CNPq com o código 4472.00.000.00-6 e trabalha com projetos de pesquisa em parceria GUIMARÃES, A.K. Processos de fabricação mecânica. Belo Horizonte: CFP/EL, 1998. 85p. il.
com empresas, ou financiados por órgão de fomento como FAPEMIG e a FINEP. Neste MACHADO, Ioná Macedo Leonardo, FREITAS, Alênio Wagner. Tecnologia básica do processo de
contexto, mais do que nunca o SENAI/CETEF Itaúna promove a gestão do conhecimento, fundição por cera perdida. Itaúna: SENAI/DR-MG, 2001. 44p. il.
colocando a competitividade e desenvolvendo práticas sustentáveis, sendo estas valores CASPER, Till. Regeneração de areia na indústria de fundição. São Paulo: Worshop ABIFA, 2000.17p.
permanentes no Sistema FIEMG.
PABLOS, Javier Mazariegos. Utilização de resíduo de areias de fundição aglomeradas com argila no
As áreas citadas respondem pela responsabilidade de promoverem conjuntamente os setor da construção civil. São Carlos. 2000, 8p.
valores acerca do desenvolvimento sustentável. As parcerias e alianças estratégicas MARIOTTO, Cláudio Luiz. Regeneração de areias de fundição. São Paulo: IPT, 2000, 18p.
entre as partes supracitadas são elementos para a evolução do propósito do presente
Fundição no Brasil. Fundição e Serviços, p.26-38, abril 2002.
guia. Através desta iniciativa, apostamos na cooperação entre pares, fortalecendo a
TYBULCZUK, Jerzy. Tendências Mundiais nos Mercados e na Produção de Fundição. Fundição e
competitividade e contribuindo para a cultura de boas práticas ambientais no setor de
Serviços, p.52-57, ago. 2002.
fundição.
BRASIL, Resolução CONAMA nº. 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe sobre os procedimentos e
Por fim, a ideia se resume em concentrar iniciativas baseadas nos preceitos apresentados
critérios para licenciamento ambiental.
para um mundo melhor. Cabe a cada um reinterpretar o velho e explorar os novos caminhos
VIANA, M.B. Licenciamento Ambiental de Minerações em Minas Gerais: Novas Abordagens de Gestão.
para avançarmos na nova tendência: Desenvolvimento econômico e meio ambiente.
Universidade de Brasília – UnB. Centro de Desenvolvimento Sustentável – CDS. Brasília, 2007. 305p.
Disponível em: <http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo =2846>
Acesso em: 03 de set.2009.

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FICHA TÉCNICA

Realização
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG

Robson Braga de Andrade


Presidente Fiemg

Afonso Gonzaga
Vice-presidente – FIEMG
Presidente Sindicato das Indústrias de Fundição de Minas Gerais - SIFUMG

Coordenação
Gerência de Meio Ambiente - FIEMG
Breno Aguiar de Paula
Wagner Soares Costa

Elaboração Técnica
Senai - Centro Tecnológico de Fundição Marcelino Corradi
Deilon Lopes Fernandes
Selene Maria Sousa

Equipe Técnica e Apoio


Deivid Oliveira
Silvia de Freitas Xavier

Projeto Gráfico
New360

Consultor Técnico
Angelo Braz de Matos
Fábio Dimas

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www.fiemg.com.br

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