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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº : 0120514-08.2016.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : UELSON DE JESUS MOREIRA
Recorrido(s) : EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO S A
EMBASA

Origem : 13ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

G
VOTO-E M E N T A
RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. FORNECIMENTO DE ÁGUA. ROMPIMENTO
ADUTORA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE A EMPRESA PRESTADORA
DO SERVIÇO E A EMPRESA QUE EXECUTOU A OBRA. MÁ PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO. APLICAÇÃO DO CDC ÀS CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇO PÚBLICO
.PARTE AUTORA QUE COMPROVA TER SIDO DIRETAMENTE ATINGIDA PELO
EVENTO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. VALOR A SER ARBITRADO.
SENTENÇA PARCIALMENTE REFROMADA. .
1. O recorrente insurge-se contra sentença que julgou improcedente a ação, nestes
termos: “No entanto, para que seja devida a reparação pelos fatos ora denunciados,
incumbia ao autor demonstrar que, efetivamente, foi prejudicado pela conduta das
acionadas, seja omissiva ou comissiva. Contudo, não foi o que ocorreu na hipótese
subjudice, tendo em vista que o demandante apenas acostou aos autos fatura da
EMBASA no nome de terceiro estranho à lide, não fazendo prova de ser a titular do
serviço contratado, nem tampouco acostando aos autos comprovação de que,
efetivamente, reside no local. Não de desincumbiu a parte autora, portanto, prova do

seu direito constitutivo, nos termos do artigo 373, I, do Código de Processo Civil. .”.

2. Trata-se de ação indenizatória movida em razão da falha na prestação de serviços das


Rés em razão do rompimento da adutora que abastece a cidade de Salvador e ocasionou
falta de fornecimento de água por 7 dias em sua residência.
3. A parte recorrente busca a reforma da sentença, reiterando o quanto disposto na
exordial, no sentido de ter sofridos com os efeitos do acidente ocorrido em
execução da obra da adutora, argumentando que fora diretamente atingida pelo
evento, requerendo portanto ressarcimento pelos prejuízos sofridos.
4. . Com efeito, a situação aventada nos autos inclui-se entre aquelas da responsabilidade
do fornecedor do serviço. No âmbito constitucional, a carta magna assevera a
responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviço público, calcada na teoria do risco , conforme
assevera o art.37, § 6º, in verbis: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa. A doutrina pátria já pacificou o entendimento de
que as empresas concessionárias de serviço público estão submetidas aos ditames do
Código de Defesa do Consumidor, sendo necessário que tais serviços sejam prestados
com a qualidade e eficiência aos usuários do serviço. Ademais, patente a
responsabilidade das empresas nos casos de acidente, estendendo-se o conceito de
consumidor por equiparação a todos aqueles que sofreram com o evento.
5. Cumpre ainda destacar o art.14 do CDC, que institui a responsabilidade objetiva dos
fornecedores de serviços pelos danos causados , calcada na teoria do risco do
empreendimento. Aqui se fala em responsabilidade objetiva do prestador de serviços, vale
dizer, não há o que se perquirir sobre culpa, competindo àquele que deu causa responder
pelos danos que tenha causado ao consumidor, é o que se extrai do art. 14 do CDC, in
verbis: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
6. A responsabilidade , ademais, no caso em apreço é solidária entre a empresa
concessionária fornecedora de água e a CCR, responsável pela realização da obra do
Metrô Salvador, no bojo da qual ocorrera o evento narrado nos autos, sendo que os
prejuízos que foram demonstrados foram causados em decorrência da realização de
serviços e atividades que estão no ^Çambito da competência de ambas as empresas
concessionárias, seja aquela que realiza diretamente a obra, seja a outra, que deve zelar
pela qualidade do serviço de abastecimento de água na região do local da obra.
7. Insta ressaltar que, em que pese a ausência de prova testemunhal, o fato
de ter o imóvel da parte autora sido atingido pelo evento descrito nos autos,
a saber, a interrupção do fornecimento do serviço decorrente do rompimento
de adutora, é fato notório, bem como possui raio geográfico definido de
abrangência, tendo a acionante juntado o comprovante de endereço, bem
com a conta de consumo relativa ao período abrangido pelo evento. As
alegações autorais, assim, são dotadas de verossimilhança, estando
suficientemente instruída.
8. Reconhecida a existência dos danos morais por parte da ré contra o autor, esses
devem ser fixados com equilibrada reflexão, examinando a questão relativa à fixação do
valor da respectiva indenização.

9. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO


PARCIAL aos recursos interposto pela Recorrente para condenar as rés em R$ 2.500,00
(dois mil e quinhentos reais), corrigidos desde a data do arbitramento, nos termos da
súmula 362 do STJ e juros de mora desde o evento danoso, nos termos da súmula 54 do
STJ. Sem custas processuais e honorários advocatícios, pelo êxito da parte no recurso
Salvador, Sala das Sessões, 20 de JULHO de 2017
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente
10.

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA


2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº : 0120514-08.2016.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : UELSON DE JESUS MOREIRA
Recorrido(s) : EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO S A
EMBASA

Origem : 13ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO)


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
ACÓRDÃO

Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais


Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata
do julgamento. Custas processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que arbitro em
20% sobre o valor da condenação.

Salvador, Sala das Sessões, 20 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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