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Comparação dos efeitos das técnicas de agulhamento seco e compressão


isquêmica para tratamento das algias da coluna de origem miofascial.
Comparison of the effects of the tecniques...

Article · March 2013

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12 authors, including:

Déborah Marques Maíra Izzadora Souza Carneiro


Federal University of Pernambuco Università degli Studi di Milano-Bicocca
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Artigo Original

Comparação dos efeitos das técnicas de


agulhamento seco e compressão isquêmica
para tratamento das algias da coluna de origem
miofascial.
Comparison of the effects of the tecniques dry needling and isquemic compreesion for treat-
ment of spinal pain of myofascial origin
Rebeka Borba da Costa Santos(1), Déborah Marques de Oliveira(2), Ana Cláudia de Andrade Cardoso(3), Maíra
Izzadora Souza Carneiro(4), Adriana Baltar do Rêgo Maciel(5), Kátia Karina do Monte-Silva(6), Maria das Gra-
ças Rodrigues Araújo(7).

Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Pernambuco

Resumo
Introdução: Algias na coluna são um problema de saúde incapacitante, tendo como causa mais comum a síndrome dolo-
rosa miofascial. Objetivo: Comparar os efeitos do agulhamento seco (AS) e compressão isquêmica (CI) no tratamento das
algias da coluna de origem miofascial. Método: 15 pacientes com algias na coluna há mais de 6 semanas foram randomi-
zados em 2 grupos: GAS (n=7), submetidos ao AS superficial; GCI (n=8), submetidos à CI 3x de 30 segundos. As técnicas
foram aplicadas na musculatura do dorso em 10 sessões e as avaliações foram realizadas antes e após o tratamento, cons-
tando de: Algometria de pressão (AP) nos Pontos-gatilho (PG), Eletromiografia de superfície (EMG), Escala visual analógica
de dor (EVA) e os questionários Roland Morris (RM) e Neck Disability Index (NDI). Resultados: Os escores do RM e NDI di-
minuíram após o tratamento em ambos os grupos, apenas no NDI do GAS a diferença não foi significativa (p>0,05). Após as
sessões houve uma redução (p<0,05) do EVA nos 2 grupos. Com relação à AP, em ambos os grupos foi observado um au-
mento no limiar da dor nos PG, quando comparados a avaliação inicial. Na EMG dos músculos paravertebrais durante a CIVM,
houve um aumento significativo (p<0,05) da atividade elétrica nas porções torácica e lombar. Conclusão: Não foi observa-
da diferença entre as técnicas de AS e CI, sendo ambas benéficas no tratamento de algias da coluna de origem miofascial.
Palavras-Chave: Agulhamento Seco, compressão isquêmica, Algias da Coluna, Síndrome Miofascial, Fisioterapia.

Abstract
Introduction: Back pain is a disabling health problem which is commonly caused by myofascial pain syndrome. Objective:
Compare the effects of dry needling (DN) and ischemic compression (IC) in the treatment of back pain caused by myofas-
cial pain syndrome. Methods: 15 patients with back pain for at least 6 months were randomized into 2 groups: DNG (n=7),
underwent to superficial DN; ICG (n=8), underwent to IC 3 times during 30 seconds. Techniques were applied in back mus-
cles during 10 sessions and assessments were performed before and after the treatment, consisting of: pressure algometry
(PA) in the trigger points (TP), electromyography (EMG), Visual analogic scale (VAS), the Roland Morris questionnaire (RMQ)
and Neck Disability Index (NDI). Results: RMQ and NDI scores decreased after treatment in both groups, only in NDI of
DNG the difference was not significant (p>0.05). After sessions, VAS scores were reduced in both groups (p<0.05). Regard-
ing the PA, in both groups there was an increase in pain threshold in TP as compared with the initial assessment. During the
paraspinal muscles MVIC, the EMG showed a significant increase (p<0.05) of electrical activity in thoracic and lumbar por-
tions. Conclusions: No difference was observed between the DN and IC techniques and both have proved to be beneficial
in myofascial pain syndrome treatment.
Keywords: Dry needling, isquemic compression, back pain, myofascial pain syndrome, physiotherapy.

Recebido em ___________________________

1. Fisioterapeuta, mestranda em Fisioterapia pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Recife, Pernambuco, Brasil.
2. Fisioterapeuta, residente em saúde coletiva pela Universidade de Pernambuco - UPE, Recife, Pernambuco, Brasil.
3. Fisioterapeuta mestranda em Fisioterapia pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife, Pernambuco, Brasil.
4. Fisioterapeuta mestranda em Fisioterapia pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife, Pernambuco, Brasil.
5. Fisioterapeuta mestranda em Neurociências pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife, Pernambuco, Brasil.
6. Professora Adjunta do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife, Pernambuco, Brasil.
7. Professora Adjunta do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife, Pernambuco, Brasil .

Autor correspondente:
Maria das Graças Rodrigues Araújo, Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Moraes Rego s/n 50670-900,
Recife, Brazil. Fone: 81-2126 8490, email:mgrodriguesaraujo@hotmail.com.

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2 Agulhamento seco e compressão isquêmica nas algias da coluna.

INTRODUÇÃO MÉTODO
As algias na coluna são consideradas um importan-
te problema de saúde, por afetar 50 a 80% dos adul- Amostra
tos ao menos uma vez em suas vidas(1,2). Estas patolo- Participaram deste estudo quinze pacientes de
gias quando crônicas levam a problemas psicológicos e ambos os sexos que possuíam algia na coluna crôni-
físicos incapacitantes os quais diminuem a qualidade de ca de origem miofascial. A média de idade foi de 31,9
vida do indivíduo, ocasionando um significante impac- ±12 anos. O critério de inclusão na pesquisa foi: Possuir
to nas atividades ocupacionais com grandes repercus- dor cervical, torácica ou lombar de origem miofascial há
sões socioeconômicas(3,4). Entre as algias da coluna, que mais de seis semanas.
acometem milhões de pessoas, destacam-se as lombal- Foram excluídos do estudo os pacientes que: (i)
gias, lombociatalgias, cervicalgias e cervicobraquialgias. estavam fazendo uso de algum medicamento com fi-
A síndrome dolorosa miofascial é a causa mais nalidade de reduzir a dor e/ou tenha algum efeito
comum das algias e disfunções do sistema músculo-es- sobre a musculatura esquelética; (ii) estavam sub-
quelético.5 Esta síndrome manifesta uma condição miál- metendo-se no período do estudo a algum outro tra-
gica caracterizada por dor localizada ou referida que se tamento de fisioterapia, massoterapia e/ou medicina
origina em um ponto-gatilho miofascial (PG). O termo oriental; (iii) pacientes gestantes; (iv) possuíam fra-
ponto-gatilho miofascial descreve um nódulo dentro de turas recentes e/ou feridas abertas, histórico de trom-
uma banda tensa localizado principalmente na placa bose e problemas cardíacos des-compensados. Todos
motora do músculo, no qual forma-se uma zona hiper- assinaram um termo de consentimento livre e escla-
sensível e de dor intensa(5,6). recido e foram informados do direito de deixar de par-
No entanto os mecanismos de formação dos PGs ticipar da coleta de dados a qualquer momento, caso
são pouco compreendidos. Sabe-se que a dor muscular assim desejassem.
local está relacionada à ativação de nociceptores muscu-
lares por uma variedade de substâncias endógenas in- Aquisição dos dados
cluindo neuro-peptídeos, derivados do ácido araquidôni- As avaliações foram realizadas em dois momentos:
co, mediadores inflamatórios, entre outros(7). Distúrbios T0= antes do início do tratamento e T1= após o término
hemodinâmicos também estão envolvidos na fisiopato- do tratamento, respeitando o intervalo mínimo de 24h
logia desta doença, Hiraizumi (8)
mostrou haver uma re- após a última sessão.
dução do fluxo sanguíneo no músculo trapézio em pa- Em T0 foi inicialmente realizada uma inspeção ma-
cientes com dor cervical crônica quando comparados a nual através de deslizamento profundo em toda a mus-
indivíduos saudáveis. Takakuwa et al(9) em seu estudo culatura do dorso com finalidade de localizar os PGs ati-
observou que a capacidade aeróbica do músculo tra- vos. A musculatura analisada foi: esterno cleido- mas-
pézio encontrava-se diminuída nos paciente que sofriam tóideo, escalenos, trapézio, elevador da escápula, rom-
de dor cervical em relação aos indivíduos controle. Mais bóides, serrátil póstero-inferior, grande dorsal, quadra-
recentemente, a teoria neurogênica por sua vez, diz que do lombar, paravertebrais e piriforme.
os PGs são manifestações periféricas secundárias a sen-
sibilização central causada por uma patologia primária A avaliação constou de:
dentro de um campo neuronal comum .
(10)
(i) Algometria de Pressão: realizada para determi-
A abordagem terapêutica do portador da síndrome nar o limiar da dor nos dois pontos-gatilho miofasciais
dolorosa miofascial é essencialmente difícil, devido à di- mais dolorosos. Para esta medida os pacientes foram
ficuldade no diagnóstico, o que ocorre em apenas 15% posicionados confortavelmente em decúbito ventral, e
dos casos(11). Dentro deste contexto, existem inúmeras através da ponta do algômetro foi aplicada uma força de
técnicas para tratamento da síndrome dolorosa miofas- compressão sobre o PG, perpendicular à superfície da
cial entre as mais comuns estão: compressão isquêmi- pele. A pressão de compressão era aumentada gradu-
ca (CI), agulhamento seco (AS), agulhamento molhado, almente em velocidade de aproximadamente 1kg/seg.
alongamento passivo, alongamento e spray, estimulação O paciente foi instruído a dizer “sim” assim que come-
elétrica transcutânea (TENS), ultra-som e Laser(5,12). Den- çou a sentir dor ou desconforto. Este procedimento foi
tre estas, o agulhamento seco e a compressão isquêmica repetido três vezes com intervalo de 2 minutos entre as
parecem ser bastante eficazes no tratamento da síndro- medições. Foi considerada a média aritmética dos três
me dolorosa miofascial(13,14,15). Porém surpreendentemen- valores obtidos, segundo protocolo de Fischer(16). O PG
te existem poucos ensaios clínicos que comprovem a su- de menor limiar foi denominado de principal (PGP) e o
perioridade de qualquer uma destas técnicas. outro de secundário (PGS);
Foi objetivo deste estudo comparar os efeitos das (ii) Eletromiografia de Superfície (EMG): utilizado
técnicas de agulhamento seco e compressão isquêmica para analisar a atividade elétrica muscular em ativida-
no tratamento das algias da coluna de origem miofascial. de e em repouso dos músculos paravertebrais. Com o

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Rebeka Borba da Costa Santos, Déborah Marques de Oliveira, Ana Cláudia de Andrade Cardoso, et al. 3

paciente posicionado em decúbito ventral os eletrodos to essa diferença não foi significante (p>0,05). A ativi-
foram fixados bilateralmente nos músculos paraverte- dade elétrica em repouso foi reduzida em T1 em ambos
brais ao nível da 3ª vértebra torácica e da 1ª vértebra os grupos, no entanto essa diferença não foi estatísti-
lombar, um eletrodo-terra foi colocado no punho do pa- ca (p>0,05).
ciente. A medida em repouso foi recordada primeiro du-
rante o intervalo de 1 minuto. Em seguida recordada a DISCUSSÃO
medida em atividade no qual foi solicitado ao paciente Neste estudo foi possível observar que após dez
que realizasse uma máxima extensão de tronco susten- sessões de tratamento, ambas as técnicas foram ca-
tada pelo mesmo período de tempo. pazes de melhorar o quadro álgico e funcional dos pa-
(iii) Escala visual analógica de dor (EVA): O pacien- cientes, não havendo diferenças entre as técnicas es-
te foi solicitado a mensurar sua dor através de uma es- tudadas.
cala de 0-10 no qual, 0-2 considera-se dores leves, 3-7
moderadas e 8-10 intensas;
(iv) Questionário Roland-Morris (RM) de incapaci-
dade, validado para língua portuguesa(17), para medir
a capacidade funcional na realização das atividades da
vida diária de pacientes com algia da coluna;
(v) Neck Disability Índex (NDI), validado para lín-
gua portuguesa(18), para medir a capacidade funcional
na realização de atividades da vida diária de pacientes
com cervicalgias e/ou cervicobraquialgias.

Procedimentos experimentais
Após a avaliação inicial os pacientes foram rando-
mizados através de sorteio em dois grupos: GAS (n=7),
submetidos à técnica de AS superficial por 15 minutos
em cada PG; GCI (n=8), submetidos à CI, três vezes de
30s em cada PG. As técnicas foram aplicadas em 10 ses-
sões por 30 minutos na musculatura do dorso.

RESULTADOS
Conforme demonstrado nas figuras 1.A e 1.B os es-
cores dos questionários RM e NDI diminuíram em T1
quando comparado a T0 no GCI e no GAS. Apenas o es-
core do NDI do GAS essa diferença não foi significativa
(p>0,05). Similarmente, após as sessões de tratamen-
to houve uma redução significativa (p<0,05) dos níveis
de dor auto reportada através da escala visual analógi-
ca de dor EVA, em ambos os grupos. Este decréscimo
foi discretamente maior no GCI quando comparado ao
GAS, no entanto essa diferença não foi significante (Fi-
gura 1.C).
Com relação às medidas da algometria de pressão,
em ambos os grupos foi observado Com relação às me-
didas da algometria de pressão, em ambos os grupos
foi observado um aumento do limiar da dor nos PGPs e
PGSs, quando comparados a T0, conforme apresentado
na figura 2.A.
Os resultados da EMG estão apresentados nas fi-
guras 2.B e 2.C, em T1 quando comparado a T0, ambos Figura 1. Análise da algia da coluna através dos questionários
os grupos (GAS e GCI), aumentaram significativamen- Roland-Morris (Gráfico A; escore 0 a 24), Neck Disability Index
(Gráfico B; escore de 0 a 50) e da Escala visual analógica (Gráfico
te a atividade elétrica dos músculos paravertebrais na C; escore 0 a 10) de 15 pacientes com algias crônicas da coluna
porção torácica e lombar alta durante a contração iso- submetidos a 10 sessões de tratamento com agulhamento seco
(GAS) e compressão isquêmica (GCI). Resultados demonstrados
métrica máxima. Este aumento foi discretamente maior através das médias dos grupos, no qual as barras representam o
no grupo AS quando comparado ao grupo CI, no entan- desvio padrão e o * representa significância estatística (p<0,05).

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4 Agulhamento seco e compressão isquêmica nas algias da coluna.

aeróbica do músculo após o agulhamento seco do PG,


traduzida pela redução do tempo de reposição do oxi-
gênio no tecido local. Os autores atribuíram este efeito
à estimulação de fibras mielinizadas de largo diâmetro
causando um acréscimo da microcirculação tecidual. Sr-
bely et al(10) atribui a redução da dor após o agulhamen-
to seco à neuromodulação segmentar devido à dessen-
sibilização central através do estímulo no PG periférico.
Os efeitos fisiológicos da compressão isquêmica são
pobremente compreendidos, acredita-se que a respos-
ta hiperêmica após o período de compressão restabele-
ce o fluxo sanguíneo no tecido suprindo o oxigênio e re-
tirando o exudato bioquímico do local(21), porém não há
até o presente momento pesquisas que suportam esta
hipótese. Estudos recentes têm sugestionado que fibras
aferentes, mielinizadas de largo diâmetro possam estar
envolvidas na fisiopatologia da dor miofascial, sendo a
compressão isquêmica do nervo capaz de dessensibili-
zar essas fibras(22).
No contexto geral, as duas técnicas parecem exer-
cer efeitos neuronais e hemodinâmicos benéficos sobre
os PGs miofasciais, ocasionando em alívio da dor local e
referida. Isso explica a eficácia clínica semelhante entre
ambas as técnicas.

Avaliação Funcional
Em ambos os grupos houve decréscimo dos escores
nos questionários que medem o impacto da dor na ca-
pacidade funcional em pacientes com algias na coluna.
Mostrando um efeito benéfico dos tratamentos sobre a
vida diária destes indivíduos. Sendo os resultados obtidos
através do questionário Roland-Morris (RM) mais satisfa-
tórios que os obtidos com o Neck Disability Índex (NDI).
A isto foi atribuído o fato de que a maioria dos pacientes
Figura 2. Análise da algia da coluna de 15 pacientes com algias deste estudo relatou como queixa principal a lombalgia.
crônicas da coluna submetidos a 10 sessões de tratamento com O RM demonstrou ser mais sensível neste caso por ava-
agulhamento seco (GAS) e compressão isquêmica (GCI). Em 2.A:
limiar de dor dos pontos-gatilho principais (PGPs) e pontos-gatilho liar a algia na coluna como um todo, ao contrário do NDI
secundários (PGSs) através da algometria de pressão; em 2.B: que restringe a cervicalgias e cervicobraquialgias.
eletromiografia de superfície (EMG) dos músculos paravertebrais
em atividade (contração isométrica máxima por 1 minuto); em
2.C: EMG dos músculos paravertebrais em repouso por 1 minuto. Atividade Eletromiográfica da Musculatura Para-
Resultados demonstrados através das médias dos grupos, no
qual as barras representam o desvio padrão e o * representa
vertebral
significância estatística (p<0,05). A atividade eletromiográfica da musculatura para-
vertebral em atividade aumentou nos dois grupos após o
tratamento. A este efeito foi atribuído à perda do reflexo
Dor protetor decorrente do quadro álgico prolongado. O com-
Reduções dos scores de dor e aumento do limiar prometimento da musculatura paravertebral nos quadros
doloroso foram observados ao final de ambos os trata- de algia da coluna já está bem documentado na literatu-
mentos. Tanto a técnica de agulhamento seco quanto a ra(23,24). O tratamento adequado permitiu que o paciente
técnica de compressão isquêmica dos PGs demonstra- realizasse a contração isométrica máxima dos paraverte-
ram-se capazes de reduzir a algia crônica da coluna. Os brais com melhor eficácia e maior força muscular.
mecanismos de ação de ambas as técnicas ainda estão As medidas da atividade elétrica paravertebral em re-
sendo elucidados, Shah et al (19)
mostrou que o agulha- pouso não sofreram alterações após o término do trata-
mento seco alterou o meio químico no local do PG ativo. mento. Estudos eletromiográficos nas síndromes doloro-
Alterações hemodinâmicas foram estudadas por Jimbo sas miofasciais têm demonstrado um estado de contra-
et al(20) no qual se observou um aumento da capacidade ção permanente no local do PG, com aumento da ativida-

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Rebeka Borba da Costa Santos, Déborah Marques de Oliveira, Ana Cláudia de Andrade Cardoso, et al. 5

de elétrica devido a um potencial disfuncional das fibras CONCLUSÃO


extrafusais das placas motoras terminais(25). Esse aumen- Conclui-se que as técnicas de agulhamento seco
to da atividade elétrica em repouso parece ser mais evi- e compressão isquêmica dos PGs são eficazes no tra-
dente quando registrada precisamente acima do local do tamento das algias da coluna crônicas de origem mio-
PG(26), do que quando recordada numa musculatura de en- fascial, não existindo diferenças nos desfechos clínicos
volvimento secundário como a musculatura paravertebral. entre ambas as técnicas.

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