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BASES FISIOLÓGICAS DO

GINÁSTICA PARA TODOS


GINÁSTICAFÍSICA
EDUCAÇÃO PARAINCLUSIVA
TODOS
EXERCÍCIO FÍSICO Cláudia
KalylaMaroun
Maria Elisa Caputo
Kalyla
CláudiaXavier
Maroun
Ferreira
XavierCorrea
Correa
Daniel Godoy Martinez

Faefid - UFJF
Daniel Godoy Martinez

BASES
FISIOLÓGICAS
DO EXERCÍCIO
FÍSICO

Juiz de Fora
Cead/UFJF
2013
© 2013 by Eliana Lucia Ferreira (organizadora).
Direitos desta edição reservados ao NGIME/UFJF.

Capa: Liliane da Rocha Faria


Projeto gráfico, diagramação e editoração: Camilla Pinheiro
Revisão: Liliane Mendes
Os textos são de responsabilidade total de seus autores.

Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

A872 Atividades físicas inclusivas para pessoas com


deficiência / Eliana Lucia Ferreira (organizado-
ra). - 4. ed. - Juiz de Fora : NGIME/UFJF, 2013.
188 p. ; 21 cm. ─ (Inclusão e deficiên-
cia ; v. 9)

Inclui bibliografias.
ISBN 978-85-67380-07-0

1. Esportes para deficientes físicos. 2. De-


ficientes físicos – Reabilitação. I. Ferreira,
Eliana Lucia. II. Confederação Brasileira de Dança
em Cadeira de Rodas. III. Título. IV. Série.

CDD 796.109

PÁGINA DE CRÉDITOS
Apoio: SECADI – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

Reitor
Henrique Duque de Miranda Chaves Filho

Vice-Reitor
José Luiz Rezende Pereira

Pró-Reitor de Pós-graduação
Fernando Monteiro Aarestrup

Faculdade de Educação Física


Diretor
Maurício Gattas Bara Filho

Coordenador do Cead
Flávio Takakura

Grupo de Pesquisa em Inclusão, Movimento e Ensino a Distância (NGIME)


Eliana Lucia Ferreira

NGIME – Campus Universitário da UFJF


Bairro Martelos – CEP 36036-900 – Juiz de Fora, MG
Distribuição gratuita
SUMÁRIO

1 BIOENERGÉTICA.......................................................................... 9
1.1 CONVERSÃO DE ENERGIA........................................................... 9
1.2 MACRONUTRIENTES.................................................................... 9
1.3 ADENOSINA TRIFOSFATO (ATP)................................................... 10
1.4 RESSÍNTESE DE ATP CREATINA FOSFATO.................................... 11
1.5 PRODUÇÃO DE ENERGIA PELOS CARBOIDRATOS........................ 11
1.6 PRODUÇÃO DE ENERGIA PELAS PROTEÍNAS............................... 16
1.7 INTERAÇÃO ENTRE OS MACRONUTRIENTES................................ 17

2 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR................................... 19


2.1 ORGANIZAÇÃO MUSCULAR.......................................................... 19
2.2 CONTRAÇÃO MUSCULAR............................................................. 20
2.3 UNIDADE MOTORA...................................................................... 21

3 SISTEMA ENDÓCRINO E EXERCÍCIO FÍSICO............................... 23

4 SISTEMA CARDIOVASCULAR E EXERCÍCIO FÍSICO...................... 25


4.1 EFEITOS AGUDOS DO EXERCÍCIO FÍSICO DINÂMICO
SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR EM TESTE
PROGRESSIVO MÁXIMO............................................................... 25
4.2 EFEITOS CRÔNICOS DO EXERCÍCIO FÍSICO
DINÂMICO AERÓBIO SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR
DURANTE TESTE PROGRESSIVO MÁXIMO.................................... 27
4.3 ADAPTAÇÕES CARDÍACAS AO TREINAMENTO FÍSICO.................. 28

5 FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA E EXERCÍCIO FÍSICO....................... 31


5.1 ESTRUTURA SISTEMA RESPIRATÓRIO.......................................... 31
5.2 ESTRUTURA DOS PULMÕES......................................................... 31
5.3 FUNÇÃO PULMONAR................................................................... 32
5.4 VENTILAÇÃO E MECÂNICA RESPIRATÓRIA.................................. 32
5.5 VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES................................... 33
5.6 CONTROLE VENTILATÓRIO.......................................................... 34
5.7 Efeito do exercício físico na ventilação pulmonar.................. 35

6 TESTES DE ESFORÇO: ERGOMÉTRICO E ERGO


ESPIROMÉTRICO......................................................................... 37
6.1 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO............................................. 37
6.2 TESTE ERGOMÉTRICO ................................................................. 37
6.3 TESTE ERGOESPIROMÉTRICO ..................................................... 38
6.4 DETERMINAÇÃO DOS LIMIARES VENTILATÓRIOS........................ 41
6.5 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PELO TESTE
ERGOMÉTRICO............................................................................ 42
6.6 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PELO
TESTE ERGOESPIROMÉTRICO...................................................... 43

7 CONTROLE AUTONÔMICO E EXERCÍCIO FÍSICO......................... 45


7.1 DIFERENÇAS ENTRE OS SISTEMAS SIMPÁTICO
E PARASSIMPÁTICO..................................................................... 45
7.2 CONTROLE AUTONÔMICO SOBRE O CORAÇÃO........................... 46
7.3 CONTROLE AUTONÔMICO SOBRE O CORAÇÃO
DURANTE O EXERCÍCIO............................................................... 47

8 EXERCÍCIO FÍSICO E ALTITUDE................................................... 49


8.1 FISIOLOGIA DA ALTITUDE............................................................ 49
8.2 RESPOSTAS AGUDAS À ALTITUDE................................................ 50
8.3 DOENÇA AGUDA DA MONTANHA................................................. 51
8.4 EDEMA PULMONAR EM ALTA ALTITUDE...................................... 51
8.5 EDEMA CEREBRAL EM ALTA ALTITUDE....................................... 51
8.6 RESPOSTAS CRÔNICAS À ALTITUDE............................................. 52
8.7 RESPOSTA CARDIOVASCULAR E PULMONAR
CRÔNICA À ALTITUDE.................................................................. 52
8.8 RESPOSTA HEMATOLÓGICA E MUSCULAR
CRÔNICA À ALTITUDE.................................................................. 52
8.9 ACLIMATAÇÃO E ACLIMAÇÃO...................................................... 53
8.10 CONSEQUÊNCIA DA ALTITUDE NA PERFORMANCE..................... 53
8.11 ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PARA COMPETIÇÃO EM ALTITUDE..... 53
8.12 TREINAMENTO FÍSICO EM ALTITUDE E
DESEMPENHO NO NÍVEL DO MAR............................................... 54
9 TERMORREGULAÇÃO E EXERCÍCIO FÍSICO................................. 57
9.1 REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL............................... 57
9.2 REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL
INDUZIDAS NO FRIO.................................................................... 57
9.3 REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL
INDUZIDAS NO CALOR................................................................. 58
9.4 PROCESSOS DE PERDA DE CALOR CORPORAL............................ 58
9.5 RADIAÇÃO................................................................................... 59
9.6 CONDUÇÃO................................................................................. 59
9.7 CONVECÇÃO................................................................................ 59
9.8 EVAPORAÇÃO.............................................................................. 60
9.9 REGULAÇÃO CARDIOVASCULAR DURANTE
EXERCÍCIO FÍSICO
EM AMBIENTES QUENTES E FRIOS.............................................. 61
9.10 DESIDRATAÇÃO........................................................................... 61
9.11 REIDRATAÇÃO............................................................................. 62
9.12 FATORES IMPORTANTES NA TOLERÂNCIA AO CALOR................. 62
9.13 EXERCÍCIO FÍSICO EM AMBIENTES FRIOS.................................... 64

REFERÊNCIAS............................................................................. 65
1 BIOENERGÉTICA
1.1 CONVERSÃO DE ENERGIA

A conversão de energia em diversas formas ocorre a todo o momento no uni-


verso. Em específico, a energia solar associada com a fotossíntese oferece ao
mundo animal alimento e oxigênio. A glicose, juntamente com o oxigênio, são
os produtos finais da fotossíntese. As plantas são capazes, assim como no orga-
nismo humano (ver adiante), de converter glicose em lipídios e proteínas. No ser
humano a fonte de glicose utilizada pelo organismo é proveniente das plantas,
porém a lactose (açúcar presente no leite), e o glicogênio (reserva de glicose
armazenada principalmente nos músculos e no fígado) também auxiliam como
fonte de glicose.

1.2 MACRONUTRIENTES

Os alimentos, após ingeridos, passam pelo sistema digestório no qual são proces-
sados, e os macronutrientes são colocados na corrente sanguínea para sua utili-
zação e metabolização. Dessa forma, os lipídios correspondem aos ácidos graxos
e glicerol, os carboidratos à glicose e glicogênio e, as proteínas aos aminoácidos.

Em linhas gerais o processo bioquímico responsável pelo metabolismo energéti-


co é a oxidação-redução. As reações bioquímicas de oxidação são caracteriza-
das por transferências (doação) de átomos de oxigênio, hidrogênio ou elétrons.
Por outro lado, as reações bioquímicas de redução são caracterizadas por rece-
berem átomos de oxigênio, hidrogênio ou elétrons. Dessa forma, quando ocorre
o processo de redução necessariamente ocorre o processo de oxidação, pois se
uma substância ganha elétrons outra substância os recebe, e a esse fenômeno
chamamos de reação redox.

Os processos bioquímicos de metabolização dos macronutrientes visam à produ-


ção da adenosina trifosfato (ATP).

9
1.3 ADENOSINA TRIFOSFATO (ATP)

A energia presente nos alimentos não é transmitida diretamente para as células


do organismo para a execução de suas funções. A energia dos alimentos é con-
vertida em uma “moeda” energética única, a adenosina trifosfato (ATP), utiliza-
da em todos os trabalhos biológicos, inclusive a contração muscular.

A molécula de ATP é composta de uma molécula de adenina e de ribose resul-


tando em adenosina, que, por sua vez, está acoplada a 3 fosfatos, ou seja, aco-
plada a moléculas de fósforo e oxigênio. As ligações bioquímicas dos 2 fosfatos
mais externos da molécula são ligações de alta energia, e quando são hidroli-
sados (rompimento dessas ligações bioquímicas na presença de água) grande
quantidade de energia é liberada.

Quando hidrolisada, uma molécula de fósforo é desligada do ATP formando a


adenosina difosfato (ADP), ou seja, molécula de adenosina ligada a 2 fosfatos, e
a energia é liberada. Essa reação é catalisada (acelerada) por uma enzima de-
nominada de trifosfato de adenosina (ATPase). Observe no quadro abaixo:

Quadro 1 – xxx

Fonte – xxx

Pode ocorrer, mais raramente, de um novo fósforo ser separado do ADP para li-
beração de energia, resultando na adenosina monofosfato (AMP), ou seja, molé-
cula de adenosina ligada a apenas uma molécula de fósforo.

O armazenamento de ATP no organismo humano é limitado, e processos para res-


sintetizá-lo se fazem necessários para evitar interrupção de trabalho biológico.

10
1.4 RESSÍNTESE DE ATP CREATINA FOSFATO

Com a hidrólise do ATP uma molécula de fósforo foi separada, a energia foi li-
berada e formou-se o ADP. É plausível imaginar que a junção de uma molécula
de fósforo no ADP poderia novamente sintetizar o ATP. De fato isso é possível,
graças à existência da creatina fosfato (PCr), fosfato de alta energia presente no
organismo. Na presença da enzima creatina quinase, a molécula de fosfato se
separa da creatina e se associa ao ADP, resultando de forma anaeróbia em ATP e
creatina. Observe na figura abaixo:

Essa reação é extremamente rápida e, por isso, é anaeróbia, e os estoques de PCr


no organismo promovem uma produção máxima de energia por volta de 10 se-
gundos de exercício intenso.

O ATP pode ser ressintetizado ainda pela associação de duas moléculas de ADP
catalisadas pela enzima adelina quinase. Observe na figura abaixo:

1.5 PRODUÇÃO DE ENERGIA PELOS CARBOIDRATOS

A utilização do carboidrato como fonte de energia ocorre em duas etapas. A pri-


meira, denominada de glicólise, ocorre no citosol da célula, no qual uma molé-
cula de glicose passa por diversos processos de degradação sendo convertida em
duas moléculas de um composto denominado piruvato. Essa etapa ocorre sem a
utilização de oxigênio e, portanto, é considerada anaeróbia. A segunda etapa da
utilização do carboidrato como fonte de energia inicia-se após a formação do pi-
ruvato que, na mitocôndria, passa pelo Ciclo do Ácido Cítrico ou também conhe-
cido Ciclo de Krebs seguido do processo da Cadeia Transportadora de Elétrons,
onde ocorre a fosforilação oxidativa com a utilização de oxigênio (processo ae-
róbio) resultando em produção de água, gás carbônico e produção de ATP.

11
yy Glicólise

A glicólise, como dito anteriormente, ocorre na citosol da célula e é composta de


uma série de reações químicas para as quais algumas enzimas são essenciais. As
reações químicas da conversão de uma glicose em dois piruvatos e as principais
enzimas envolvidas são as seguintes:

‒‒ de glicose para glicose-6-fosfato por intermédio da enzima hexocinase;


‒‒ de glicose-6-fosfato para frutose-6-fosfato;
‒‒ de frutose-6-fosfato para frutose 1,6-difosfato;
‒‒ de frutose 1,6-difosfato para 3-fosfogliceraldeído;
‒‒ de 3-fosfogliceraldeído para 1,3 difosfoglicerato;
‒‒ de 1,3 difosfoglicerato para 3-fosfoglicerato;
‒‒ de 3-fosfoglicerato para 2-fosfoglicerato;
‒‒ de 2-fosfoglicerato para fosfoenolpiruvato;
‒‒ de fosfoenolpiruvato para piruvato por intermédio da enzima piruvato ci-
nase.

Durante toda a glicólise, enzimas desidrogenases, em especial a coenzima nico-


tinamida-adenina dinucleotídeo (NAD+) e flavina adenina dinucleotídeo (FAD)
transportam átomos de hidrogênio (H) proveniente das reações químicas descritas
para a cadeia transportadora de elétrons e fosforilação oxidativa (NADH e FADH2).
O NADH e FADH2 formam compostos altamente energéticos, pois transportam elé-
trons com alto potencial de transferência de energia, e ambos se combinam com o
oxigênio, liberam a molécula de hidrogênio formando água. Essa necessidade de
oxigênio para que possam desempenhar suas funções durante a glicólise caracte-
riza a glicólise aeróbia.

Durante a glicólise são produzidos 4 ATP, porém 2 ATP são utilizados durante o
processo da glicólise, o que remete a um balanço positivo de 2 ATP.

yy Ciclo do Ácido Cítrico ou Ciclo de Krebs

O piruvato produzido na glicólise aeróbia é convertido pela enzima piruvato de-


sidrogenase para Acetil-CoA que, por sua vez, é conduzido à mitocôndria. Assim
tem início o Ciclo do Ácido Cítrico, resultando em dióxido de carbono e átomos
de hidrogênio. Suas etapas e principais enzimas são:

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‒‒ oxaloacetato se combina com o radical Acetil da Acetil-CoA por meio da
enzima citrato sintase resultando em citrato;
‒‒ de citrato para cis-aconilato;
‒‒ de cis-aconilato para isocitrato;
‒‒ de isocitrato para oxalosuccinato;
‒‒ de oxalosuccinato para alfa-cetoglutarate;
‒‒ de alfa-cetoglutarate para succinil-CoA;
‒‒ de succinil-CoA para succinato;
‒‒ de succinato para fumarato por intermédio da enzima desidrogenase;
‒‒ de fumarato para malato;
‒‒ de malato para oxaloacetato, finalizando o ciclo.

Durante essa etapa, átomos de hidrogênio são transportados pela NAD+ e FAD
(NADH e FADH2) para a cadeia transportadora de elétrons culminando na fosfo-
rilação oxidativa.

yy Cadeia Transportadora de Elétrons

O NADH e FADH2 descarregam seus respectivos átomos de hidrogênio em um


complexo formado por citocromos que são excelentes receptores de elétrons,
nesse caso o H+. Nesse complexo de citocromos, o H+ é transferido de citocromos
para citocromos sendo produzido ATP, e o receptor final de H+ é o oxigênio (O2)
que forma como subproduto final a água (H2O). Observe a reação química na
fórmula abaixo:

Ao final da cadeia transportadora de elétrons, mais 32 ATP são formados totali-


zando com os 4 ATP da glicólise 36 ATP pela transferência de energia completa
durante a oxidação de uma molécula de glicose.

yy Produção de energia pela glicose de forma anaeróbia

A produção de energia pela glicose de forma anaeróbia é denominada de glicó-


lise anaeróbia, e esse processo ocorre quando o exercício físico é vigoroso.

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Em exercício de alta intensidade, quando a demanda metabólica está extre-
mamente alta e superior ao fornecimento de energia de forma aeróbia, o or-
ganismo se utiliza da fonte energética anaeróbia. Durante essa demanda me-
tabólica extremamente elevada, como por exemplo, durante o exercício físico
em alta intensidade, a cadeia transportadora de elétrons não acompanha to-
talmente esse aumento da demanda metabólica e das enzimas desidrogenases
NADH e FADH2. Além de atingirem o limite fisiológico de doação de hidrogênio
para o oxigênio formando água, as NADH e FADH2 começam a liberar o hidro-
gênio para o piruvato que, na presença da enzima desidrogenase lática, con-
verte-se em lactato.

O lactato logo é transportado para fibras musculares vizinhas ou pela corren-


te sanguínea para a musculatura inativa e fígado, para que possa ser utilizado
como fonte energética. Nas fibras musculares vizinhas ou mesmo em muscula-
tura inativa mais distante (coração), o lactato é oxidado e reconverte em piru-
vato, podendo entrar na linha de produção energética. No fígado, o lactato pas-
sa por um processo denominado de Ciclo de Cori

yy Ciclo de Cori

Uma vez no fígado, o lactato produzido pela musculatura exercitada durante


exercício de alta intensidade é convertido em piruvato e, em seguida, em gli-
cose. Essa molécula de glicose, por ação da enzima glicogênio sintetase, pode
ser estocada no formato de glicogênio (glicogênese) no fígado ou mesmo pode
ser liberada para corrente sanguínea para ser utilizada novamente como fonte
energética.

A conversão de glicogênio em glicose ocorre por intermédio da ação da enzima


glicogênio fosforilase, e a este processo denominamos de glicogenólise.

yy Produção de Energia pelos Lipídeos

Os lipídeos correspondem à maior fonte energética em potencial no organis-


mo. Os triglicerídeos são estocados dentro das células lipídicas, denominadas de
adipócitos; podem ainda estar dentro da fibra muscular ou estar circulantes na
corrente sanguínea. Em todos esses locais os triglicerídeos podem ser utilizados
como fonte energética.

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A utilização lipídica como fonte de energia ocorre em duas etapas, assim como na
utilização dos carboidratos como fonte energética. A primeira etapa, denominada
de lipólise, ocorre no adipócito, no qual uma molécula de triglicerídeo é converti-
da em glicerol e 3 moléculas de ácidos graxos por meio da catalisação da enzima
lipase sensível aos homônios (HSL). Observe na fórmula abaixo:

Além de favorecer a reação descrita acima, a enzima lipase sensível aos hormô-
nios estimula a transferência das 3 moléculas de ácidos graxos para a corrente
sanguínea, para que sejam direcionados aos tecidos em atividade. Porém, para
que ocorra esse transporte pela corrente sanguínea, os ácidos graxos se combi-
nam quase que completamente com a albumina plasmática, sendo transporta-
do no formato de ácidos graxos livres (AGL). O glicerol se desloca do adipócito
para a corrente sanguínea por meio da difusão.

Uma vez dentro da célula muscular, o ácido graxo livre pode ser estocado no
formato de triglicerídeo intramuscular ou servir de fonte energética se sofrer a
ação da enzima carnitina aciltransferase e o ácido graxo se adentrar na mito-
côndria. Dentro da mitocôndria tem início a segunda etapa da utilização da gor-
dura como fonte de energia, que compreende as fases de beta-oxidação seguida
do Ciclo do Ácido Cítrico ou Ciclo de Krebs e, por fim, da Cadeia Transportadora
de Elétrons.

A transformação dos ácidos graxos em acetilCoA ocorre graças ao processo de


beta oxidação. Uma vez formada, a acetilCoA segue no Ciclo de Krebs e cadeia
transportadora de elétrons da mesma forma como descrito anteriormente no
metabolismo dos carboidratos.

O glicerol, presente na corrente sanguínea, desloca-se para dentro das células


musculares onde, no citosol, de forma anaeróbia, é convertido para 3-fosfogli-
ceraldeído, podendo seguir para sua conversão em piruvato e AcetilCoA, fomen-
tando o Ciclo de Krebs e Cadeia Transportadora de Elétrons.

Os ácidos graxos circulantes na corrente sanguínea também podem servir de


fonte energética. A enzima denominada lipoproteína lípase (LPL), localizada na

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superfície dos capilares, facilita a captação dos ácidos graxos como fonte ener-
gética imediata ou para estocagem intramuscular.

Uma molécula de ácido graxo apresenta uma capacidade energética muito


maior que a glicose. Enquanto uma molécula de glicose gera 36 ATP, uma molé-
cula de triglicerídeo gera 460 ATP, sendo 441 ATP derivados das 3 moléculas de
ácidos graxos e 19 ATP derivados da molécula de glicerol.

1.6 PRODUÇÃO DE ENERGIA PELAS PROTEÍNAS

Os aminoácidos apresentam uma função auxiliar na produção de energia, visto


que dentre as funções das proteínas, a principal é a função estrutural.

Em situações extremas como exercício físico prolongado e extenuante os ami-


noácidos podem desempenhar a função energética. Para isso, é necessário que
ocorra o processo de retirada do nitrogênio (grupo amina) da molécula do ami-
noácido, pois somente assim ela poderá se converter em: piruvato, Acetil-CoA ou
subprodutos do Cilco do Ácido Cítrico (Ciclo de Krebs) a depender do tipo do tipo
de aminoácido e, assim, entrar na linha de produção energética.

Essa retirada de hidrogênio da molécula de aminoácido pode ser realizada no


fígado por meio da reação química denominada desaminação e também pode
ser realizada no músculo esquelético por meio da reação química denominada
transaminação. Os nitrogênios retirados (grupo amina), resultado do catabolismo
dos aminoácidos, convertem-se em amônia e ureia e devem ser eliminados na
urina. Em decorrência da eliminação da amônia e ureia na urina, a utilização da
proteína como fonte energética pode causar desbalanço hídrico no organismo.

yy Ciclo Alanina-glicose

Durante a transaminação dos aminoácidos na musculatura ativa, um subpro-


duto denominado alanina é formado. Em sua sequência natural, a alanina se
converteria em piruvato e entraria na linha de produção energética via Ciclo de
Krebs. Porém, em situações como exercício prolongado e em alta intensidade há
um excesso na produção de alanina, que é transportada pela corrente sanguí-
nea para o fígado. Uma vez no fígado, a alanina é convertida em piruvato e gli-

16
cose que, por sua vez, é devolvida à corrente sanguínea mantendo assim o nível
glicêmico durante o exercício físico e podendo servir de fonte energética para
a musculatura em atividade. Esse processo de formação de novas moléculas de
glicose pelo fígado é denominado de gliconeogênese hepática.

1.7 INTERAÇÃO ENTRE OS MACRONUTRIENTES

A principal interação entre os macronutrientes consiste na utilização de gordu-


ras (ácidos graxos) como fonte energética desde que se tenha um mínimo de uti-
lização de carboidrato como fonte energética. Isso deve-se, pois, à Acetil-CoA,
proveniente da beta-oxidação. Para entrar no Ciclo de Krebs deve-se combinar
com o oxaloacetato que, sabidamente, é produzido durante a glicólise. Dessa
forma, para que se tenha valores de oxaloacetato suficiente para suprir a de-
manda de Acetil-CoA proveniente da beta-oxidação é necessária a produção de
oxaloacetato pelo glicólise.

Além disso, a interação entre os macronutrientes pode ser vista quando o exces-
so de carboidrato ingerido na alimentação se converte em gordura e em amino-
ácidos não-essenciais. Por sua vez, a ingestão excessiva de proteína é conver-
tida em carboidratos e/ou gorduras. E, por fim, a gordura ingerida em excesso é
convertida em aminoácidos não-essenciais.

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2 FISIOLOGIA DA
CONTRAÇÃO MUSCULAR

O entendimento da fisiologia da contração muscular é essencial para os profis-


sionais da educação física. É por meio da contração muscular que se desenvolve
tensão muscular e, consequentemente, trabalho mecânico, fatores primordiais
para a execução da atividade física, exercício físico e desporto. Sabidamente
ambos são contextos de estudo e atuação do profissional de Educação Física.

2.1 ORGANIZAÇÃO MUSCULAR

A unidade funcional do músculo esquelético é a fibra muscular. O agrupamento


das fibras musculares forma os fascículos, e estes, os músculos. Ambas as estru-
turas são revestidas por tecido conjuntivo, sendo a fibra, o fascículo e o músculo
revestidos pelo endomísio, epimísio, perimísio, respectivamente. Essa organiza-
ção garante independência no que se refere a contrações específicas de deter-
minadas fibras, fascículos e/ou músculos.

Aprofundando o olhar para a fibra muscular notaremos que ela é formada por
miofibrilas, em especial a actina e a miosina. A disposição das miofibrilas actina
e miosina resultam na conformação dos sarcômeros, que são unidades básicas
para a contração muscular.

Em um corte longitudinal pode-se observar que o sarcômero é compreendido en-


tre duas linhas Z. Ligados na linha Z para ambos os lados estão os filamentos de
actina. Porém, os filamentos de actina de uma linha Z não tocam os filamentos de
actina de outra linha Z, formando assim a banda H. Os filamentos espessos de mio-
sina estão interpostos ao de actina, porém sem tocar a linha Z. O espaço entre os
filamentos espessos de miosina constituído de actina e linha Z é a chamada banda
I. A banda H é composta somente de miofilamentos de miosina e compreende o
espaço entre os miofilamentos de actina. Para uma melhor visualização do sarcô-
mero, observe a figura abaixo.

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Envolvidas junto à actina estão mais dois miofilamentos: tropomiosina e tropo-
nina. Dessa forma, especialmente os quatros miofilamentos actina, miosina, tro-
ponina e tropomiosina são essenciais para a contração muscular.

2.2 CONTRAÇÃO MUSCULAR

A contração muscular ocorre devido ao deslizamento do miofilamento da actina


sobre o miofilamento da miosina e promove uma aproximação das linhas Z. A
miosina se liga à actina pelas cabeças da miosina. Porém, no músculo relaxado
o complexo troponina-tropomiosina interpõe-se entre a actina e a miosina, im-
pedindo a interação entre elas e uma molécula de ATP que está ligada à cabeça
da miosina.

A contração muscular se inicia com a liberação de cálcio pelo retículo sarco-


plasmático decorrente da despolarização nervosa dos motoneurônios presentes
na unidade motora. A elevação da concentração de cálcio no sarcoplasma pro-
move a ligação do cálcio à troponina. Essa ligação do cálcio com a troponina

20
promove uma mudança conformacional na tropomiosina, promovendo o con-
tato entre a actina e a miosina. Nesse momento, há a utilização da energia do
ATP já hidrolizado em ADP e Pi para que a cabeça da miosina se mova e puxe a
actina deslizando-a sobre a própria miosina. Após completar o movimento a ca-
beça da miosina fica fortemente presa à actina. Para que ocorra uma separação
entre a actina e miosina uma molécula de ATP deve estar presente na cabeça da
miosina e, assim, auxiliar no relaxamento muscular associada à recaptação de
cálcio pelo retículo sarcoplasmático. A recaptação de cálcio inibe a troponina
e favorece a interposição do complexo troponina-tropomiosina entre a actina e
miosina, caracterizando o relaxamento muscular. Assim é possível iniciar-se um
novo ciclo de contração e relaxamento.

2.3 UNIDADE MOTORA

A unidade motora compreende um neurônio motor-alfa e todas as fibras por ele


inervadas. Quando o neurônio motor é estimulado, o impulso transmitido para
as fibras musculares dessa unidade motora faz com que todas elas se contraiam.
Esse fenômeno é denominado de “Lei do Tudo ou Nada”, ou seja, impulso forte
ou fraco cria a mesma tensão na unidade motora. Porém, tal fenômeno não se
aplica ao músculo como um todo, pois é possível contrair um músculo sem ativar
todas as unidades motoras.

O número de fibras inervadas pela unidade motora em média é de 150 a 200 fi-
bras. Esses valores são reduzidos quanto mais fino for o movimento executado
pelo músculo em específico. Por outro lado, a musculatura responsável por mo-
vimentos que não exigem um controle fino apresentam a unidade motora com
muitas fibras musculares. Além disso, essa formação de mais fibras por unidade
motora é importante para a força muscular, pois quanto mais fibras em uma uni-
dade motora maior será a produção de força pela mesma.

21
3 SISTEMA ENDÓCRINO E
EXERCÍCIO FÍSICO

A principal função do sistema endócrino durante o exercício físico é regular o


metabolismo selecionando o substrato energético para a contração muscular.
Sabendo-se disso, nesse capítulo focaremos os hormônios que regulam a oferta
de determinado substrato energético, são eles: insulina, glucagon, hormônio do
crescimento (GH), cortisol e as catecolaminas.

A insulina é considerada um hormônio hipoglicemiante. Já o glucagon, hormônio


do crescimento (GH), cortisol e as catecolaminas são considerados hormônios
hiperglicemiantes ou também conhecidos como hormônios contra-reguladores.

Durante o repouso, a translocação do GLUT4 (proteína transportadora de glico-


se para dentro da célula) para a membrana celular depende quase que exclu-
sivamente da insulina, hormônio sintetizado pelas células-beta das ilhotas de
Langerhans, localizadas no pâncreas. Dessa forma, a insulina estimula o GLUT4
a captar a glicose para dentro da célula e poder controlar o nível de glicose na
corrente sanguínea, além de ofertar glicose para a célula como fonte energética.

Durante o exercício físico, há uma diminuição da produção de insulina pelo pân-


creas devido ao aumento da atividade nervosa simpática e redução da atividade
nervosa parassimpática. A translocação do GLUT4 para a membrana celular para
captação de glicose como fonte energética é feita por meio da ação da enzima
AMP-quinase, que é estimulada pela contração muscular. Assim, durante o exer-
cício físico a captação de glicose na corrente sanguínea, em quase sua totalidade,
é insulino-independente. A captação de glicose pelas células musculares perma-
nece aumentada mesmo após o exercício físico, devido ao fato de grande parte do
GLUT4 ainda estar na membrana celular.

Mesmo com aumento da captação de glicose pela musculatura durante o exer-


cício físico, a glicemia permanece inalterada. Isso ocorre devido à produção e
liberação dos hormônios contra-reguladores durante o exercício físico.

23
O glucagon, que é produzido nas células-alfa das Ilhotas de Langerhans no pân-
creas, promove aumento da glicemia via glicogenólise (conversão de glicogênio
em glicose) e gliconeogênese (formação de novas moléculas de glicose) hepáti-
ca, além de estimular a lipólise no tecido adiposo.

O hormônio do crescimento (GH) que é produzido pela hipófise anterior também


aumenta durante o exercício físico e estimula a glicogenólise hepática e a lipó-
lise no tecido adiposo.

Durante o exercício físico, o cortisol que é produzido no córtex adrenal, estimula


a gliconeogênese hepática, a lipólise no tecido adiposo e a degradação de pro-
teínas da musculatura esquelética e do fígado.

Normalmente os hormônios insulina, glucagon, GH e cortisol são estimulados e


inibidos pela concentração plasmática das catecolaminas. Durante o repouso
há uma prevalência do sistema parassimpático e, por consequência, o nível de
insulina está aumentado e o nível dos hormônios contra-reguladores diminuído.
Por outro lado, durante o exercício físico há uma estimulação simpática, dimi-
nuindo a concentração de insulina plasmática, porém, com intensa produção e
liberação das catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) que estimula a pro-
dução e ação dos hormônios contra-reguladores.

Dessa forma, podemos observar diminuição da insulina e aumento dos hormô-


nios contra-reguladores proporcionais à intensidade e à duração do exercício
físico.

24
4 SISTEMA CARDIOVASCULAR
E EXERCÍCIO FÍSICO

O sistema cardiovascular, assim como outros sistemas, sofre grandes alterações


de seu funcionamento durante o exercício físico garantindo o aumento do débito
cardíaco necessário para a realização do mesmo.

4.1 EFEITOS AGUDOS DO EXERCÍCIO FÍSICO DINÂMICO


SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR EM TESTE
PROGRESSIVO MÁXIMO

Observando o comportamento do sistema cardiovascular durante um teste pro-


gressivo máximo, como por exemplo, durante o teste ergométrico ou ergoespi-
rométrico, podemos observar um aumento linear da frequência cardíaca com o
aumento da intensidade do esforço.

O comportamento do volume sistólico (diferença entre o volume diastólico final


e o volume sistólico final, ou seja, volume de sangue ejetado a cada contração
cardíaca) é de aumento progressivo e linear com a carga de esforço até apro-
ximadamente 40% a 50% do consumo máximo de oxigênio quando atinge seu
limite fisiológico. Nesse momento o volume sistólico se estabiliza, ou seja, após
40% a 50% do consumo máximo de oxigênio o volume sistólico não acompanha o
aumento da intensidade de esforço.

Considerando que o débito cardíaco é o produto entre a frequência cardíaca e


o volume sistólico, seu comportamento durante teste de esforço progressivo até
o máximo é de aumento linear com a intensidade do esforço. Sabendo que após
40% a 50% do consumo máximo de oxigênio não há mais aumento do volume sis-
tólico, o aumento do débito cardíaco após essa porcentagem de intensidade se
dá principalmente pelo aumento da frequência cardíaca.

Dessa forma a frequência cardíaca e o volume sistólico interferem no débito cardí-


aco e, deste modo, representa o ajuste central do sistema cardiovascular. Por outro

25
lado, existem ajustes periféricos importantes durante o exercício físico. Dentre eles
está a redução da resistência vascular periférica (resistência ou dificuldade do san-
gue em trafegar pelos vasos periféricos) durante o teste de esforço.

A interação entre ajustes centrais e periféricos durante esforço progressivo má-


ximo caracteriza as respostas de pressão arterial. Nesse sentido, a pressão arte-
rial sistólica, mais representativa dos ajustes centrais, tem um comportamento
de aumento linear com a intensidade de esforço. Entretanto, a pressão arterial
diastólica, mais representativa dos ajustes periféricos, não apresenta grandes
oscilações, podendo apresentar pequena elevação ou pequena redução de seus
valores de repouso.

Durante o exercício há a redistribuição do fluxo sanguíneo para os músculos que


é o tecido com maior demanda metabólica, possibilitando uma maior permuta
gasosa e de nutrientes entre o sangue e as células musculares. Fatores locais,
neural e hormonal, são responsáveis pelo redirecionamento de fluxo sanguíneo
das vísceras para a musculatura em atividade. Dentre os fatores locais desta-
cam-se as quedas da pressão parcial de oxigênio (PO2) e do pH sanguíneo asso-
ciados a aumentos da pressão parcial de dióxido de carbono (PCO2), aumento da
concentração de adenosina difosfato (ADP) e temperatura.

Além desses fatores, o estímulo de produção e de liberação do óxido nítrico pe-


las células endoteliais é essencial para a resposta vasodilatadora muscular du-
rante o exercício físico. O óxido nítrico é um gás extremamente vasodilatador;
ele é produzido pelas células endoteliais por intermédio da enzima óxido nítrico
sintase endotelial, mas atua relaxando a musculatura lisa da parede vascular.

O fator neural, em especial o aumento da atividade nervosa simpática durante o


exercício, é outro fator responsável pela redistribuição sanguínea para a muscu-
latura em atividade. O aumento esperado da atividade nervosa simpática mus-
cular durante o exercício físico promove vasoconstrição para a região visceral,
favorecendo a resposta vasodilatadora muscular.

Por fim, o fator hormonal decorrente da liberação de catecolaminas (adrenalina


e noradrenalina) das glândulas supra-renais por intermédio da estimulação ner-
vosa simpática garante a redistribuição de sangue das vísceras para a muscu-
latura ativa de forma mais lenta que a neural, porém com efeito mais durador.

26
4.2 EFEITOS CRÔNICOS DO EXERCÍCIO FÍSICO DINÂMICO
AERÓBIO SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR
DURANTE TESTE PROGRESSIVO MÁXIMO

O efeito mais evidente do treinamento físico aeróbio no sistema cardiovascular


é a constatação da bradicardia de repouso, ou seja, quanto mais treinado aero-
bicamente um indivíduo menor é sua frequência cardíaca de repouso. Porém, o
comportamento da frequência cardíaca durante o teste de esforço progressivo
máximo não se difere entre esse indivíduo altamente treinado com exercícios
aeróbios e um indivíduo sedentário. Isto é, ambos os indivíduos apresentarão au-
mento da frequência cardíaca de forma proporcional à intensidade de esforço.
Se os indivíduos apresentarem a mesma idade é de se esperar que a frequência
cardíaca máxima atingida no teste seja semelhante entre os indivíduos, pois o
treinamento físico aeróbio não altera o nível de frequência cardíaca máxima
atingida. O que difere entre esses sujeitos é que o indivíduo treinado atingirá
um maior tempo de teste e uma maior carga pico no final do teste, e mais, para
uma mesma carga absoluta ele apresentará uma menor frequência cardíaca em
comparação ao indivíduo sedentário.

O comportamento do volume sistólico durante o teste progressivo máximo não


é alterado pelo treinamento físico aeróbio, ou seja, aumento linear com o au-
mento da intensidade de esforço até 40% a 50% do consumo máximo de oxigênio
seguido de estabilização após essa intensidade de esforço. Porém, os valores de
repouso e no pico de esforço serão maiores nos indivíduos treinados em relação
aos indivíduos sedentários.

A bradicardia de repouso associada ao aumento do volume sistólico em repouso


fazem com que o débito cardíaco de repouso não seja alterado com o treina-
mento físico. Entretanto, o débito cardíaco máximo no pico do esforço é aumen-
tado após período de treinamento físico, esse aumento deve-se ao aumento do
volume sistólico uma vez que a frequência cardíaca máxima não é alterada com
o treinamento físico. Adicionalmente, não é observada alteração no comporta-
mento do débito cardíaco durante teste progressivo máximo após treinamento
físico, ou seja, o comportamento de aumento linear com a intensidade do esfor-
ço é mantido mesmo após período de treinamento físico.

A pressão arterial tanto sistólica como diastólica mantém o mesmo comporta-


mento durante teste progressivo máximo após treinamento físico. Em indivíduo

27
for normotenso os valores pressóricos de repouso se mantêm semelhantes aos
do período pré-treinamento físico. Reduções pressóricas de repouso após treina-
mento físico aeróbio são mais comuns em indivíduos hipertensos.

O treinamento físico aprimora a redistribuição de sangue das vísceras para a


musculatura ativa. Dentre os fatores já citados, a maior produção de óxido nítri-
co pelas células endoteliais é extremamente aumentada com o treinamento físi-
co aeróbio, o que garante uma melhor vasodilatação muscular e maior redução
da resistência vascular periférica.

Observe na figura abaixo um sumário dos efeitos crônicos do exercício físico so-
bre o sistema cardiovascular durante o teste progressivo máximo.

Quadro 2 – xxx

Fonte – xxx.

4.3 ADAPTAÇÕES CARDÍACAS AO TREINAMENTO FÍSICO

No treinamento físico de alta performance ficam evidentes as alterações estru-


turais cardíacas. Dentre as alterações morfológicas cardíacas mais evidentes es-
tão aumento da câmara do ventrículo esquerdo, aumento da espessura da pare-

28
de ventricular e aumento da massa cardíaca. Essas adaptações ao treinamento
físico comumente são referidas como “Coração de Atleta”.

Um atleta de esporte com predomínio de resistência, como maratonistas, por


exemplo, apresentam grande sobrecarga de volume em seu treinamento. Essa
sobrecarga de volume induz à hipertrofia excêntrica do ventrículo esquerdo que
é caracterizada por aumento da câmara do ventrículo esquerdo com aumento
proporcional da espessura da parede do ventrículo. Em linhas gerais, o mecanis-
mo envolvido na hipertrofia excêntrica cardíaca está relacionado à sobrecarga
de volume ventricular caracterizando aumento da pressão diastólica final e au-
mento do estresse da parede ventricular, o que origina crescimento longitudinal
dos miócitos com adição em séries das novas miofibrilas e provoca dilatação da
câmara cardíaca.

Por outro lado, um atleta de esporte caracterizado como esporte de força, como
por exemplo, o levantamento de peso olímpico, normalmente apresenta hiper-
trofia concêntrica cardíaca que é caracterizada por aumento da espessura da
parede ventricular com manutenção da câmara do ventrículo esquerdo. Em li-
nhas gerais, o mecanismo envolvido na hipertrofia concêntrica cardíaca está
relacionada à sobrecarga de pressão nos ventrículos, principalmente no ventrí-
culo esquerdo. Dessa forma há aumento da pressão sistólica causando aumento
do estresse sistólico na parede ventricular. Esse estresse induz ao crescimento
transversal dos miócitos com adição em paralelo das novas miofibrilas, provo-
cando o espessamento da parede ventricular.

29
5 FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA
E EXERCÍCIO FÍSICO
5.1 ESTRUTURA SISTEMA RESPIRATÓRIO

Percorrendo todo o sistema respiratório no sentido macro até atingirmos estrutu-


ras microscópicas passaremos pelas seguintes estruturas: nariz, boca, orofarin-
ge, laringe, traquéia, brônquio principal direito, pulmão direito, brônquio prin-
cipal esquerdo, pulmão esquerdo, brônquio direito lobar (superior, médio, in-
ferior), brônquio esquerdo lobar (superior, inferior, língula), brônquios segmen-
tares, bronquíolo terminar, bronquíolos respiratórios de 1ª, 2ª, 3ª ordem, ducto
alveolar, saco alveolar e alvéolo.

As estruturas desde o nariz e boca até o bronquíolo terminal caracterizam as vias


condutoras do ar e, por isso, essa porção do sistema respiratório é denominada
de zona de condução. Além de conduzir o ar até os pulmões, a zona de condu-
ção, mais especificamente até a traquéia, tem as funções de aquecer, filtrar e
umedecer o ar inspirado. Por outro lado, a porção dos bronquíolos respiratórios
de 1ª, 2ª, 3ª ordem até o alvéolo propriamente dito exerce a função de troca
gasosa e, por isso, essa porção do sistema respiratório é denominada de zona de
respiração.

O sistema respiratório pode ser dividido em via aérea superior e inferior. O limite
entre a via aérea superior e a via aérea inferior define-se pela cartilagem cricói-
de, aproximadamente na altura na vértebra C6.

5.2 ESTRUTURA DOS PULMÕES

O pulmão direito é dividido em lobo superior, médio e inferior. Já o pulmão es-


querdo é dividido em lobo superior, inferior e da língula. Ambos os pulmões são
revestidos com a pleura visceral e pleura parietal, estruturas essenciais para a
mecânica respiratória que será discutida à frente.

Observando a estrutura microscópica dos pulmões, veremos que são constituí-


dos de pneumócitos (células pulmonares) do tipo I e pneumócitos do tipo II. Os

31
pneumócitos do tipo I são responsáveis e compõem a estrutura dos alvéolos; os
pneumócitos do tipo II são responsáveis pela produção do surfactante que se ca-
racteriza por ser uma mistura que reveste a superfície interna dos alvéolos sob
a forma de uma fina película de material tensoativo, essencial para manter sua
estabilidade. A ausência de surfactante pode contribuir para o colabamento (fe-
chamento) dos alvéolos devido ao aumento da tensão superficial gerado pelas
gotículas de água dentro do alvéolo.

5.3 FUNÇÃO PULMONAR

A principal função pulmonar é propiciar a hematose, processo de trocas gasosas


que ocorre nos capilares sanguíneos dos alvéolos pulmonares através da difusão
de gases: oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2). A hematose se realiza graças
ao processo de difusão que é o movimento aleatório das moléculas de uma área
de concentração elevada para uma de menor concentração. O sangue veno-
so com alta quantidade de dióxido de carbono e baixa quantidade de oxigênio
chega aos capilares sanguíneos dos alveolus. O dióxido de carbono se desloca
do sangue para o alvéolo para ser expirado, enquanto o oxigênio presente no ar
alveolar inspirado se desloca para o sangue.

5.4 VENTILAÇÃO E MECÂNICA RESPIRATÓRIA

Denomina-se ventilação o processo mecânico de mobilização de ar para dentro


(inspiração) e para fora (expiração) dos pulmões. Especificamente o ar inspirado
que chega ao alvéolo é denominado de ventilação alveolar, pois existe ar ins-
pirado que fica nas vias aéreas condutoras ou também conhecido como espaço
morto anatômico.

Como citado anteriormente, a ventilação é um processo mecânico. Existem mús-


culos específicos para a execução da respiração. O principal deles é o músculo
diafragma que está localizado entre a cavidade torácica e a cavidade abdomi-
nal. Quando contraído ele se desloca para baixo causando uma tração nas pleu-
ras parietal e visceral que, por sua vez, traciona o pulmão criando um ambiente
de pressão negativa frente à pressão atmosférica; e então ocorre a inspiração.

32
Na expiração o músculo diafragma relaxa e a estrutura elástica do pulmão ex-
pulsa o ar dos alvéolos. O músculo intercostal externo também é um músculo
extremamente importante na inspiração.

Existem outros músculos inspiratórios denominados de acessórios que ajudam na


inspiração principalmente durante esforço (exercício físico), são eles: escalenos,
esternocleidomastóideo, peitoral maior e peitoral menor. Em repouso a expira-
ção tende a ser mais passiva, porém em exercício físico ou em situações especí-
ficas como encher uma bexiga, a musculatura abdominal assume a função de
musculatura expiratória. Podemos citar os músculos expiratórios: intercostal in-
terno, reto abdominal, oblíquo interno, oblíquo externo e transverso abdominal.

Esses músculos respiratórios conseguem exercer sua função devido a toda estru-
tura torácica e, principalmente, pela movimentação específica das costelas (mo-
vimento em alça de balde).

5.5 VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES

Com toda essa estrutura pulmonar e dinâmica da mecânica respiratória é pos-


sível observar e medir alguns volumes e algumas capacidades pulmonares. Ob-
serve na figura abaixo:

Ventilação minuto ou volume minuto é o produto entre a frequência respiratória


e volume corrente. Em repouso, em média o volume corrente é aproximada-
mente 500ml e a frequência respiratória varia 12 a 20 incursões por minuto, ou

33
seja, o volume minuto de repouso varia entre 6 e 10 litros por minuto. Em exercí-
cio físico intenso a frequência respiratória pode alcançar valores de 50 incursões
por minuto e o volume corrente a valores de 3 litros por minuto, perfazendo uma
ventilação minuto de até 150 litros por minuto.

Nem todo o ar inspirado chega aos alvéolos, cerca de 30% do volume corrente
fica no espaço morto. Dessa forma, a ventilação alveolar é a diferença entre o
volume minuto e o volume do espaço morto. Em repouso, considerando um vo-
lume corrente de 500ml, a ventilação alveolar fica em aproximadamente 350ml.
Em exercício físico a ventilação alveolar aumenta consideravelmente. Os me-
canismos de aumento da ventilação minuto e, por consequência, da ventilação
alveolar serão descritos a seguir.

5.6 CONTROLE VENTILATÓRIO

O oxigênio (O2) e o dióxido de carbono (CO2) são transportados pela hemoglobina


na corrente sanguínea, caracterizando a oxihemoglobina e a desoxihemoglobina.
A concentração de oxigênio e dióxido de carbono na hemoglobina sanguínea é
importante para o controle da ventilação.

O centro de controle respiratório fica situado no sistema nervoso central, mais


especificamente no bulbo. O centro respiratório recebe informações provenien-
tes de vários locais do organismo. O controle da ventilação pulmonar é influen-
ciado pelos quimiorreceptores periféricos, quimiorreceptores centrais, recepto-
res no tecido pulmonar, proprioceptores nas articulações e músculos, tempera-
tura central e o próprio comando central.

Em repouso o controle da ventilação pulmonar é realizada principalmente pelo


estado químico do sangue, ou seja, pela estimulação dos quimiorreceptores pe-
riféricos e centrais. Os quimiorreceptores periféricos estão localizados no arco
aórtico e seio carotídeo e são mais sensíveis à diminuição da pressão de oxigênio
no sangue. Por outro lado, os quimiorreceptores centrais estão localizados no
bulbo e são mais sensíveis ao aumento da pressão de dióxido de carbono. Am-
bos, quimiorreceptores periféricos ou centrais, quando estimulados, enviam in-
formações ao centro de regulação respiratório no bulbo. Este responde aumen-

34
tando o volume corrente e frequência respiratória que, em decorrência disso,
aumenta o volume minuto.

Em exercício físico a ventilação pulmonar aumenta acompanhando o aumento


da intensidade de esforço. Além da estimulação dos quimiorreceptores periféri-
cos e centrais, o bulbo (centro de controle respiratório) recebe estímulos durante
o exercício físico das informações provenientes dos proprioceptores nas articu-
lações e músculo devido à contração muscular. Além disso, o aumento da tem-
peratura corporal durante o exercício físico e estímulo direto do córtex motor
para centro respiratório auxiliam no aumento da ventilação minuto.

5.7 EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO NA VENTILAÇÃO


PULMONAR

Em indivíduos saudáveis o treinamento físico aeróbio produz pouca adaptação


na função e estrutura pulmonar quando comparado, por exemplo, com as adap-
tações cardiovasculares e/ou neuromusculares. Em linhas gerais, o músculo
diafragma apresenta capacidade oxidativa com presença de enzimas oxidati-
vas e mitocôndrias, além de densidade capilar na ordem de 2 a 3 vezes superior
que os demais músculos esqueléticos. Dessa forma, a ventilação pulmonar, mas
também a resistência das vias aéreas e a difusão dos gases não limitam o desem-
penho durante o exercício físico.

35
6 TESTES DE ESFORÇO:
ERGOMÉTRICO E
ERGOESPIROMÉTRICO
6.1 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO

O teste de esforço é indicado para se avaliar e/ou diagnosticar: isquemia mio-


cárdica; arritmias cardíacas; distúrbios hemodinâmicos esforço-induzido como,
por exemplo, a avaliação da resposta pressórica frente ao esforço físico; capa-
cidade funcional; avaliação cardiológica pré-operatória; prescrição de exercí-
cios; avaliar os resultados das intervenções terapêuticas; perícia médica, entre
outras. Ressalta-se que o teste de esforço deve ser realizado por médico habili-
tado e em ambiente que contenha todo o aparato de urgência e emergência. Em
especial para os profissionais de educação física a realização do teste de esforço
possibilita uma prescrição de exercício físico mais individualizada.

Ambos os testes de esforço, ergométrico ou ergoespirométrico, podem ser reali-


zados em diversos ergômetros, entre eles podemos citar alguns: ciclo ergômetro
ou bicicleta ergométrica, esteira rolante e remo ergômetro.

6.2 TESTE ERGOMÉTRICO

Durante o teste ergométrico são medidas e avaliadas as seguintes variáveis: fre-


quência cardíaca máxima, traçado eletrocardiográfico para verificação de is-
quemias e/ou arritmias cardíacas, comportamento da pressão arterial em esfor-
ço e estimar a capacidade funcional ou consumo máximo de oxigênio (VO2 máx).

Como dito anteriormente o teste ergométrico pode ser realizado em diversos


ergômetros, sendo o ciclo ergômetro e esteira rolante os mais tradicional-
mente utilizados. Normalmente, o protocolo incremental de esforço utilizado
é o escalonado que se caracteriza por um aumento de carga seguido de pelo
menos 3 minutos de execução de exercício físico nessa intensidade, seguido
de novo aumento de carga e 3 minutos de execução de exercício físico na
nova intensidade, assim se repetindo até o voluntário chegar ao esforço má-

37
ximo. Nesse tipo de protocolo de teste, o escalonado, o indivíduo entra em
estado de equilíbrio durante os 3 minutos de exercício físico com a mesma in-
tensidade, ou seja, há uma estabilização do aumento da frequência cardíaca
e do consumo de oxigênio. Observe a figura ilustrativa abaixo do protocolo
escalonado:

Dentre os protocolos escalonados mais utilizados podemos citar Naughton, Bru-


ce, Ellestad e suas versões modificadas.

6.3 TESTE ERGOESPIROMÉTRICO

O teste ergoespirométrico também pode ser designado como teste cardiopulmo-


nar em esforço ou ergoespirometria.

Durante o teste ergoespirométrico são medidas e avaliadas as mesmas variáveis


do teste ergométrico: frequência cardíaca máxima, traçado eletrocardiográfi-
co para verificação de isquemias e/ou arritmias cardíacas, comportamento da
pressão arterial em esforço. Porém, a capacidade funcional ou consumo máxi-
mo de oxigênio (VO2 máx) é medido diretamente com um analisador de gases.
Adicionalmente, é possível medir e analisar variáveis metabólicas e ventilató-
rias, pois no indivíduo que realiza o teste é colocado um bucal ou máscara que
registra o consumo de oxigênio (VO2), produção de dióxido de carbono (VCO2) e
ventilação pulmonar (VE). A partir dessas variáveis podem ser calculadas pelo
próprio analisador de gases algumas variáveis:

38
yy coeficiente respiratório (RQ) ou razão de troca respiratória (RER) calcu-
lado pela razão entre produção de dióxido de carbono (VCO2) pelo con-
sumo de oxigênio (VO2), ou seja, VCO2/VO2;

yy equivalente ventilatório de oxigênio calculado pela razão entre a venti-


lação pulmonar (VE) pelo consumo de oxigênio (VO2), ou seja, (VE/VO2);

yy equivalente ventilatório de dióxido de carbono calculado pela razão


entre a ventilação pulmonar (VE) pela produção de dióxido de carbono
(VCO2), ou seja, VE/VCO2;

yy PetO2, pressão expirada final de oxigênio (mmHg);

yy PetCO2, pressão expirada final de dióxido de carbono (mmHg).

Essas variáveis metabólicas e ventilatórias serão importantes para determinação


dos limiares ventilatórios, o limiar anaeróbio (LA) e ponto de compensação respi-
ratório (PCR). A determinação dos limiares ventilatórios será abordada adiante.

Assim como no teste ergométrico, o teste ergoespirométrico pode ser realizado em


diversos ergômetros, sendo o ciclo ergômetro e esteira rolante os mais tradicional-
mente utilizados. Entretanto, o protocolo utilizado no teste ergoespirométrico nor-
malmente é diferente. É possível a realização da ergoespirometria em protocolo
escalonado, porém, é mais usual a utilização de protocolo em rampa. Ou seja, em
um teste incremental de esforço a intensidade é aumentada gradativamente a
cada minuto. Dessa forma, em um teste com protocolo em rampa, não há a estabi-
lização da frequência cardíaca e do consumo de oxigênio (VO2). Observe na figura
abaixo o comportamento da frequência cardíaca ou consumo de oxigênio (VO2)
com o passar do tempo em um teste de esforço incremental.

39
No teste ergoespirométrico por mensurar o consumo de oxigênio (VO2), produção
de dióxido de carbono (VCO2) e ventilação pulmonar (VE) é possível observar a
interação dos sistemas respiratórios, sistema cardiovascular e sistema muscular,
tanto é que consumo de oxigênio pico (VO2 pico) é o produto entre o débito cardí-
aco (DC) pela diferença arteriovenosa de oxigênio (Dif. a-vO2). Observe na figura
abaixo a integração entre os sistemas respirtatórios, cardiovascular e muscular:

O consumo de oxigênio (VO2) atingido no final do teste ergoespirométrico pode ser


denominado de pico (VO2 pico) ou de máximo (VO2 máximo). Para utilizar a no-
menclatura adequada devemos observar a presença ou não do platô no consumo
de oxigênio, ou seja, o aumento da intensidade de esforço não é acompanhado
de incremento no consumo de oxigênio. Normalmente a ocorrência do platô no
consumo de oxigênio durante teste ergoespirométrico caracterizando o consumo
máximo de oxigênio é observado em indivíduos treinados ou atletas. Indivíduos
sedentários ou mesmo em pacientes com doença cardiovascular apresentam nor-
malmente o consumo de oxigênio pico. Observe a figura ilustrativa abaixo:

40
6.4 DETERMINAÇÃO DOS LIMIARES VENTILATÓRIOS

A execução do teste ergoespirométrico em protocolo em rampa como descrito


anteriormente, permite a determinação dos limiares ventilatórios que será muito
útil para a prescrição individualizada do treinamento físico aeróbio.

Durante o teste ergoespirométrico o indivíduo sai do repouso e chega até o seu


esforço máximo. Durante essa “trajetória” são identificados 2 limiares ventilató-
rios que, de certa forma, permite observar a predominância de exercício aeró-
bio (metabolismo oxidativo) ou anaeróbio (metabolismo glicolítico). Adicional-
mente, a identificação do limiar anaeróbio e ponto de compensação respiratória
permite uma estratificação do que seria um exercício de leve, moderada e alta
intensidade. Observe a figura ilustrativa abaixo sobre a ocorrência dos limiares
ventilatórios e a estratificação da intensidade do exercício físico

Dessa forma a identificação e determinação dos limiares ventilatórios são im-


portantes para a prescrição do treinamento físico.

Para a identificação do primeiro limiar, o limiar anaeróbio, deve-se obser-


var o comportamento do equivalente ventilatório de oxigênio (VE/VO2) e da
pressão expirada final de oxigênio (PetO2). Ambos, no decorrer do teste ergo-
espirométrico, diminuirão seus valores e o menor ponto antes de sua ascen-
são será o limiar anaeróbio. Ou ainda o limiar anaeróbio pode ser determi-
nado no momento da ocorrência da perda da linearidade entre a produção
de dióxido de carbono (VCO2) e o consumo de oxigênio (VO2). Em indivíduos
saudáveis o limiar anaeróbio (LA) ocorre entre aproximadamente 40 e 60% do
consumo de oxigênio máximo ou pico (VO2 máx ou VO2 pico).

41
Para a identificação do segundo limiar, o ponto de compensação respiratório,
deve-se observar o momento da ocorrência de maior valor da pressão expirada
final de dióxido de carbono (PetCO2) antes de seu descenso e observar o menor
valor do equivalente ventilatório de dióxido de carbono (VE/VCO2) antes de sua
ascensão. Outro fator que pode auxiliar na determinação do ponto de compen-
sação respiratória é o aumento abrupto da ventilação pulmonar. Em indivíduos
saudáveis o ponto de compensação respiratória (PCR) ocorre entre aproximada-
mente 65 e 90% do consumo de oxigênio máximo ou pico (VO2 máx ou VO2 pico).
Observe na figura abaixo a ilustração esquemática para a determinação dos li-
miares ventilatórios.

6.5 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PELO TESTE


ERGOMÉTRICO

A prescrição de exercício físico pelo teste ergométrico pode ser pela porcenta-
gem da frequência cardíaca máxima atingida no teste ou pela porcentagem da
frequência cardíaca de reserva. A intensidade do exercício físico utilizada de-

42
penderá de fatores como: objetivo do treinamento físico, população exercitada,
presença ou não de doença cardiovascular entre outros. Observe abaixo as fór-
mulas para cálculo da intensidade do exercício físico observada pela frequência
cardíaca.

6.6 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO PELO


TESTE ERGOESPIROMÉTRICO

A prescrição de exercício físico pelo teste ergoespirométrico baseia-se na de-


terminação dos limiares ventilatórios (limiar anaeróbio e ponto de compensa-
ção respiratório) ou por uma porcentagem específica do consumo de oxigênio
pico ou máximo (VO2 pico ou VO2 máx).

Novamente, a intensidade do exercício físico utilizada dependerá de fatores


como: objetivo do treinamento físico, população exercitada, presença ou
não de doença cardiovascular entre outros. Em geral o treinamento físico
aeróbio de moderada intensidade fica na faixa entre os limiares ventila-
tórios. Acima do ponto de compensação respiratório (PCR) o metabolismo
predominantemente utilizado é o anaeróbio, e a intensidade é considerada
alta. Por outro lado, intensidade de exercício físico abaixo do limiar anae-
róbio (LA) é considerada baixa.

Outra possibilidade de prescrição de exercício físico pelo teste ergoespiromé-


trico é pela porcentagem do consumo pico ou máximo de oxigênio. Observe
abaixo a fórmula ilustrativa desse modo de prescrição:

43
7 CONTROLE AUTONÔMICO
E EXERCÍCIO FÍSICO

O sistema nervoso autônomo é o sistema responsável pelo controle automático


de diversas funções no organismo, como respiração, circulação, digestão, me-
tabolismo, entre outras. O sistema nervoso autônomo se divide em sistema ner-
voso simpático e sistema nervoso parassimpático ou vagal. O sistema nervoso
simpático é ativado quando o indivíduo se encontra em momento de estresse e
está pronto para o que se denomina de “fuga ou luta”. Por outro lado, o sistema
nervoso parassimpático é mais ativado quando se está em repouso ou após as
refeições durante a digestão.

7.1 DIFERENÇAS ENTRE OS SISTEMAS SIMPÁTICO E


PARASSIMPÁTICO

Algumas diferenças podem ser evidenciadas entre o sistema simpático e paras-


simpático. A primeira diferença é anatômica. O sistema nervoso simpático emer-
ge da medula espinhal torácica e lombar e se dirige aos órgãos-alvo. Contudo, o
sistema nervoso parassimpático emerge da região cervical e sacral para se diri-
girem aos órgãos-alvo. Dessa forma, existe diferença entre o tamanho dos neu-
rônios pré e pós-ganglionar utilizado por esses sistemas. Em ambos os sistemas,
os neurônios emergem da medula espinhal e fazem sinapse nos chamados gân-
glios autonômicos com outros neurônios que inervarão órgãos-alvo. A diferença
entre os sistemas está no fato de que os neurônios do sistema nervoso simpático
pré-ganglionar são menores do que os neurônios pós-ganglionar. Dessa forma,
os gânglios simpáticos encontram-se praticamente ao lado da medula espinhal
e formam a cadeia simpática. Por outro lado, os neurônios do sistema nervoso
parassimpático pré-ganglionar são maiores do que os neurônios pós-ganglionar.
Assim, os gânglios parassimpáticos estão próximos aos órgãos-alvo.

Outra diferença entre o sistema nervoso simpático e parassimpático está em seus


neurotransmissores. Tanto o sistema simpático quanto o parassimpático utilizam a
acetilcolina como neurotransmissor pré-ganglionar, porém há diferença no neu-

45
rotransmissor pós-ganglionar. O sistema simpático utiliza a noradrenalina como
neurotransmissor pós-ganglionar direto no órgão- alvo, enquanto que o sistema
parassimpático utiliza a acetilcolina como neurotransmissor pós-ganglionar.

A diferença talvez mais marcante entre os sistemas esteja nas ações dos órgãos-
-alvo. Em linhas gerais os sistemas atuam de formas antagônicas, porém há cir-
cunstâncias em que eles atuam de forma sinergista, ou seja, atuam em conjun-
to para a mesma finalidade. Podemos citar exemplos de ações simpáticas e pa-
rassimpáticas. O sistema simpático promove taquicardia (aumento da frequência
cardíaca), broncodilatação (dilatação das vias aéreas), redução da secreção de
insulina pelo pâncreas, entre outras diversas funções. Entretanto, o sistema paras-
simpático promove bradicardia (redução da frequência cardíaca), broncoconstri-
ção (constrição das vias aéreas), estimula a secreção de insulina pelo pâncreas.
Dentre as poucas funções sinergistas entre os sistemas podemos citar a produção
de saliva pelas glândulas salivares. Ambos os sistemas estimulam a produção de
saliva pelas glândulas salivares, porém o sistema simpático estimula uma saliva-
ção viscosa e o sistema parassimpático estimula uma salivação fluida.

7.2 CONTROLE AUTONÔMICO SOBRE O CORAÇÃO

O coração para exercer seu papel de bomba sanguínea e garantir o débito cardí-
aco adequado para cada momento utiliza-se de 3 fatores para manter seu ritmo.
O primeiro é intrínseco às células miocárdicas e se caracteriza pela presença
das células de marca-passo no nó sinusal cardíaco. É também conhecida como
frequência cardíaca intrínseca.

Além do mecanismo intrínseco, o coração recebe inervação do sistema sim-


pático pelo nervo simpático cardíaco e inervação do sistema parassimpático
pelo nervo vago. Cabe ressaltar que a inervação simpática é mais difundida
no coração, invervando nó sinusal, nó átrio ventricular e a musculatura ven-
tricular. A inervação parassimpática se concentra mais no nó sinusal e no
átrio ventricular.

Em situações como emoções fortes, estresse ou exercício físico a frequên-


cia cardíaca se eleva devido ao estímulo simpático que ocasiona liberação
de noradrenalina nos receptores beta-adrenérgicos cardíacos. A estimulação

46
adrenérgica promove influxo de cálcio para os miócitos (células cardíacas)
que respondem com o aumento da frequência cardíaca e a força de contra-
ção cardíaca.

Já em situações de repouso, após as refeições durante a digestão ou durante o


sono é o sistema parassimpático que é estimulado. Assim, a acetilcolina se liga
aos receptores muscarínicos que, por sua vez, inibirão o influxo de cálcio para
dentro do miócito promovendo uma diminuição da frequência cardíaca.

7.3 CONTROLE AUTONÔMICO SOBRE O CORAÇÃO


DURANTE O EXERCÍCIO

Durante exercício físico progressivo, como por exemplo, em um teste ergométri-


co ou ergoespirométrico no qual o indivíduo está em repouso e passa a exercitar-
-se até o máximo de esforço possível, a frequência cardíaca eleva-se no início
do exercício devido à retirada vagal. Além disso, com o decorrer do incremento
de carga a frequência cardíaca continua se elevando, devido a um incremento
da atividade nervosa simpática.

Dessa forma, podemos raciocinar que quanto maior a intensidade de esforço no


exercício físico, maior será a ativação do sistema nervoso simpático cardíaco
e menor será a influência parassimpática ou vagal. Por outro lado, ao final do
exercício físico observamos a redução da frequência cardíaca devido à diminui-
ção da atividade simpática e a uma reentrada vagal, ou seja, aumento da ativi-
dade parassimpática cardíaca.

47
8 EXERCÍCIO FÍSICO
E ALTITUDE

Não é raro encontrarmos atividades esportivas realizadas em locais considera-


dos de grande altitude. Em linhas gerais, topografia acima de 3000 metros acima
do nível do mar é considerada como grande altitude. Sabendo que em altitude
alguns parâmetros fisiológicos são diferentes em relação ao nível do mar, res-
salte-se a importância da compreensão dessa situação específica. Além disso, é
importante compreender como é a resposta fisiológica ao exercício físico quan-
do realizado em ambientes de grade altitude.

8.1 FISIOLOGIA DA ALTITUDE

Para que tenhamos um bom fornecimento de oxigênio aos tecidos, com relação
à topografia, 3 quesitos são essenciais: pressão barométrica, concentrações re-
lativas dos gases e a pressão específica de oxigênio (PO2).

A pressão barométrica ao nível do mar é de 760 mmHg, e esse valor é dimi-


nuído progressivamente com a elevação contínua da altitude. Por outro lado,
as concentrações relativas dos gases não se alteram com a altitude, ou seja,
tanto no nível do mar quanto em qualquer lugar de grande altitude, a concen-
tração relativa de oxigênio (O2) em ar ambiente é de 20,93%, de gás carbônico
(CO2) é 0,03% e de nitrogênio é de 79,04%. A relação desses 3 fatores implicará
como resultado na saturação de oxigênio da hemoglobina (SatO2), cujo valor
de normalidade é entre 90 e 100%.

A pressão específica de um gás é produto de sua concentração pela pressão at-


mosférica, observe abaixo a PO2 ao nível do mar:

49
Porém, em uma altitude de 3000 metros e 5000 metros, por exemplo, a PO2 reduz
para aproximadamente 107 mmHg e 85 mmHg, respectivamente, resultando em
reduções acentuadas da saturação de oxigênio. Cabe ressaltar que a curva de
dissociação da oxihemoglobina é em “S”, isso significa que em pequenas alti-
tudes há redução da PO2, porém com pouca redução da saturação de oxigênio.

As hemácias (células encarregadas do transporte de oxigênio pela corren-


te sanguínea) não apresentam mitocôndrias, o que as obriga a obter energia
por meio da glicólise anaeróbia para executar suas funções. Esse fenômeno
é o responsável pela presença basal do nível plasmático de lactato mesmo
em repouso. Outro fator importante nas hemácias é a produção do composto
2,3-difosfoglicerato responsável pela liberação do oxigênio da hemácia para
os tecidos.

Dessa forma, o entendimento dessas variáveis e suas influências na resposta fi-


siológica à altitude e durante o exercício físico se fazem necessárias.

8.2 RESPOSTAS AGUDAS À ALTITUDE

Resposta cardiovascular e pulmonar aguda à altitude

Com a redução da PO2 e, por consequência, da saturação de oxigênio devido


à altitude, os quimiorreceptores periféricos (localizados no arco aórtico e seio
carotídeo) são estimulados e enviam a informação de hipóxia para o centro re-
gulatório cardiovascular que responde com aumento da atividade nervosa sim-
pática. Esse aumento da atividade nervosa simpática resulta em aumento da
frequência cardíaca máxima, aumento do débito cardíaco máximo e, conse-
quentemente, aumento da pressão arterial. O volume sistólico não se altera ou
apresenta pequena redução, assim como o débito cardíaco máximo.

A estimulação simpática também provoca a hiperventilação, o que resulta em


aumento de CO2 exalado e, por consequência, diminuição do CO2 na corrente
sanguínea (sangue fica alcalino).

50
8.3 DOENÇA AGUDA DA MONTANHA

Ocorre geralmente nas pessoas que ascendem rapidamente à grande altitude


sem realizar a aclimatação. Os sintomas têm início em 4 a 12 horas e atingem
seu pico com 24 a 48 horas, sendo reduzidos em 3 a 7 dias dependendo da indivi-
dualidade. Os principais sintomas são dor de cabeça, fadiga, náuseas, vômitos,
perda de apetite, menor sensação de sede, diminuição de apetite e de peso cor-
poral. Realização de consumo de carboidratos, pouca ingestão de sal e hidrata-
ção são importantes nos primeiros dias em altitude.

8.4 EDEMA PULMONAR EM ALTA ALTITUDE

O edema pulmonar em grandes altitudes é caracterizado por elevação da pres-


são hidrostática capilar resultando em extravasamento de líquído dentro dos
pulmões podendo também ocorrer edema cerebral, condição que chega a ame-
açar a vida.

É uma condição que afeta 2% dos indivíduos que sobem rapidamente acima dos
3000 metros. Seus sintomas se iniciam entre 12 a 96 horas e se caracterizam por:
dor de cabeça e fadiga intensa, tosse com secreção rosada e espumosa, pele
cianótica, frequência cardíaca e respiratória elevada. O imediato retorno do in-
divíduo para altitudes menores ou se possível ao nível do mar é recomendado.

8.5 EDEMA CEREBRAL EM ALTA ALTITUDE

O edema cerebral em alta altitude afeta cerca de 1% das pessoas que se des-
locam para altitude acima de 2700 metros. A elevação da pressão hidrostática
capilar associada à excessiva vasodilatação cerebral são as causas do edema
cerebral. Seus sintomas se iniciam entre 12 a 96 horas de exposição à altitude
e se caracterizam por: fadiga severa, dispnéia aos esforços, tosse, dor e pressão
na área subesternal, dor de cabeça, náusea, visão turva, perda de coordenação,
paralisia de um lado do corpo, perda de reflexo e confusão mental. Nessa situ-
ação o imediato retorno do indivíduo para altitudes menores ou se possível ao
nível do mar é recomendado.

51
8.6 RESPOSTAS CRÔNICAS À ALTITUDE

Durante a permanência prolongada na altitude, algumas alterações ocorrem de


forma mais lenta tentando adequar o organismo ao novo ambiente.

8.7 RESPOSTA CARDIOVASCULAR E PULMONAR


CRÔNICA À ALTITUDE

Mesmo em longo prazo de permanência em grandes altitudes, a hiperventilação


é presente, porém há um reajuste ácido-básico com diminuição da reserva al-
calina. Tal reajuste ocorre devido à excreção de bases (bicarbonato, HCO3-) rea-
lizado pelos rins. No sistema cardiovascular, a frequência cardíaca submáxima
mantém-se elevada, o volume sistólico é reduzido, o que repercute na redução
do débito cardíaco submáximo para níveis semelhantes ou até mesmo inferiores
ao do nível do mar. Devido à redução do volume sistólico, o débito cardíaco má-
ximo é reduzido.

8.8 RESPOSTA HEMATOLÓGICA E MUSCULAR


CRÔNICA À ALTITUDE

A principal resposta a longo prazo de exposição à altitude é o aumento na ca-


pacidade do sangue em transportar oxigênio. Esse efeito é em decorrência da
redução inicial no volume plasmático seguido de maior produção de eritrócitos
e de hemoglobina.

Em poucas horas em grande altitude se observa a redução do volume plasmá-


tico elevando a concentração sanguínea de hemácias. Além disso, devido à hi-
póxia arterial, os rins produzem o hormônio eritropertina que estimula a medula
óssea a produzir novas hemácias dentro de 15 horas de exposição à altitude.

Com relação às alterações musculares devido à exposição à altitude podemos


destacar o possível aumento da capilarização muscular, aumento da densidade
mitocondrial e, por consequência, das enzimas aeróbias e aumento do 2,3-di-
fosfoglicerato. Essas alterações musculares ocorrem para aumentar a extração

52
local de oxigênio e otimizar as funções oxidativas. Adicionalmente, a perda de
peso corporal associada à redução de massa magra é observada.

8.9 ACLIMATAÇÃO E ACLIMAÇÃO

Essas terminologias são constantemente encontradas quando se referem à adap-


tação à altitude. Porém, há diferença nas terminologias. Aclimatação está re-
lacionada às alterações e ajustes do organismo em decorrência da exposição à
altitude, especificamente. Aclimação por sua vez está relacionada a adaptação
do organismo realizada em laboratório, em ambiente controlado.

Em linhas gerais, são necessários 15 dias para que ocorra a aclimatação do indi-
víduo à altitude de 2300 metros. Aconselha-se incluir mais uma semana de acli-
matação a cada 610 metros a mais de altitude.

8.10 CONSEQUÊNCIA DA ALTITUDE NA PERFORMANCE

Em altitude, mesmo com as alterações e ajustes do organismo citados anterior-


mente, a capacidade física é extremamente reduzida. Isso pode ser comprova-
do pela mensuração e comparação do consumo de oxigênio, representativo da
capacidade física, na altitude e no nível do mar. Já foi demonstrado que em al-
titudes de 2400, 3100 e 4000 metros o consumo de oxigênio em um teste ergoes-
pirométrico é reduzido em 12, 20 e 25%, respectivamente, em comparação aos
valores obtidos no nível do mar.

8.11 ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PARA COMPETIÇÃO EM


ALTITUDE

De frente a todo esse cenário, em competições esportivas na altitude, algumas


estratégias devem ser utilizadas pelas equipes esportivas para tentar minimizar
os efeitos da altitude e tentar manter o desempenho próximo ao desenvolvido
no nível do mar.

53
Dentre as estratégias mais conhecidas, está o fato de a equipe esportiva chegar
ao local de competição (em grande altitude) no dia da competição ou, se pos-
sível, com aproximadamente 15 dias de antecedência para aclimatação. Além
disso, a constante hidratação associada à suplementação alimentar de carboi-
drato pode ser importante para o melhor desempenho físico. Os treinamentos
que antecedem a competição devem ter sua intensidade diminuída; a queda
de rendimento dos atletas deve ser observada individualmente, sendo que, em
esportes coletivos, sua substituição pode ser necessária para um melhor rendi-
mento da equipe.

Durante a competição algumas estratégias também podem ser utilizadas para


diminuir os efeitos da altitude e maximizar o rendimento esportivo. Dentre elas
podemos citar a execução de um aquecimento mais curto e de intensidade mais
leve. Outras duas estratégias são: evitar desgastes desnecessários durante a
competição e utilizar a suplementação de oxigênio durante o intervalo, se ne-
cessário, e com acompanhamento médico.

8.12 TREINAMENTO FÍSICO EM ALTITUDE E


DESEMPENHO NO NÍVEL DO MAR

O rendimento esportivo no nível do mar após período de treinamento físico em


altitude sempre traz discussões sobre sua eficácia. A maioria dos estudos na li-
teratura científica não demonstra melhora do desempenho esportivo no nível do
mar após programa de treinamento físico em altitude.

O consumo máximo de oxigênio e o tempo em provas de atletismo, por exemplo,


no nível do mar antes e após período de treinamento físico em altitude são seme-
lhantes ou até menores no período de treinos em altitude.

Relacionada à não-melhora do rendimento no nível do mar após período de


treinamento físico em altitude está a significativa redução no nível absoluto de
treinamento físico na altitude. A redução da intensidade absoluta dos treinos é
essencial para que não seja utilizado o metabolismo anaeróbio nos treinos, ins-
talando-se, com isso, um quadro de fadiga.

54
Uma saída para essa situação de redução da carga absoluta de treinos na
altitude seria a realização do treinamento físico em altitudes mais baixas com
intensidade de treino semelhante ao executado no nível do mar, retornando para
viver em altitudes. Esse protocolo é conhecido como “viver no alto – treinar em-
baixo”. Entretanto, mais estudos conclusivos e com delineamento experimental
adequado são necessários para a comprovação de melhora de rendimento es-
portivo em decorrência do uso desse protocolo.

55
9 TERMORREGULAÇÃO E
EXERCÍCIO FÍSICO

Os seres humanos são homeotermos, ou seja, sua temperatura corporal interna


permanece praticamente constante ao longo da vida. A temperatura corporal
varia de 36,1 a 37,8 oC de acordo com o ciclo cicardiano, e ela reflete um equilí-
brio entre a produção e a perda de calor.

9.1 REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL

O hipotálamo contém o centro regulatório de controle da temperatura corporal.


Dois mecanismos são os responsáveis por enviar informações sobre a tempera-
tura corporal para o controle do hipotálamo. O primeiro mecanismo refere-se
aos receptores térmicos localizados na pele (terminações nervosas livres) que
levam um influxo de informações de temperatura para o hipotálamo. O segundo
mecanismo refere-se às modificações na temperatura do sangue que irrigam o
próprio hipotálamo estimulando-o diretamente.

As células hipotalâmicas estimuladas por esses mecanismos transferem seus


estímulos para regiões específicas do hipotálamo, sendo a região posterior do
hipotálamo responsável pela conservação do calor e a região anterior do hipo-
tálamo responsável pela perda de calor.

9.2 REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL


INDUZIDAS NO FRIO

No caso de frio excessivo, tanto os receptores térmicos cutâneos quanto a pró-


pria queda da temperatura do sangue estimulam o hipotálamo. O hipotálamo
posterior responde estimulando a vasoconstrição periférica, em especial dos va-
sos sanguíneos para a pele, dificultando a perda de calor do sangue quente para

57
o ambiente frio, sendo assim, o sangue quente redirecionado para regiões cen-
trais mais quentes.

Estímulos provenientes do hipotálamo também são enviados aos músculos es-


queléticos para que ocorram contrações musculares involuntárias (tremores)
para que, assim, aumente o metabolismo energético e a geração de calor.

Outro fator importante para auxiliar no aumento da temperatura corporal é o


estímulo à produção dos hormônios adrenalina e noradrenalina liberados pela
glândula supra-renal (com ou seu hífen?) e pela produção do hormônio tiroxina
produzido pela tireóide. Ambos os hormônios aumentam o metabolismo de re-
pouso e induzem a um aumento da temperatura corporal.

9.3 REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL


INDUZIDAS NO CALOR

Em ambientes quentes os receptores térmicos cutâneos e a possível elevação da


temperatura do sangue informam o hipotálamo que estimula as glândulas su-
doríparas a secretar suor com o objetivo de umidificar a pele e perder calor por
meio da evaporação. O aumento da temperatura corporal também induz vaso-
dilatação periférica, mais especificamente nos vasos sanguíneos para a pele,
promovendo perda de calor para o ambiente mantendo estável a temperatura
corporal.

9.4 PROCESSOS DE PERDA DE CALOR CORPORAL

Os seres humanos toleram quedas acentuadas da temperatura corporal de até


aproximadamente 10 oC, entretanto aumento de 5 oC podem gerar grande preju-
ízo ao organismo. Dessa forma, os processos de perda de calor corporal caracte-
rizados por radiação, condução, convecção e evaporação são essenciais.

58
9.5 RADIAÇÃO

Todos os objetos e corpos emitem ondas térmicas eletromagnéticas, os raios in-


fravermelhos. E a troca de calor ocorre sem contato molecular entre os corpos
ou objetos. A exposição ao sol que por radiação aumenta a temperatura corpo-
ral é o exemplo mais conhecido.

Dessa forma, pela radiação o corpo pode tanto ganhar quanto perder calor,
vai depender se a temperatura corporal interna é superior ou inferior à dos
objetos localizados nas proximidades.

9.6 CONDUÇÃO

Caracteriza-se por transferência de calor de um material para o outro, podendo


ser líquido, sólido ou gás, através do contato molecular direto entre os materiais.

A perda de calor por condução ocorre por meio do aquecimento das moléculas
de ar e/ou as superfícies mais frias em contato com o corpo. Exemplos de perda
de calor por condução: entrar em uma piscina fria, deitar em um chão gelado,
entre outros. Por outro lado, se o objeto ou corpo que estiver em contato apre-
sentar uma temperatura superior, o organismo receberá esse calor e aumentará
a temperatura corporal. Exemplos de ganho de calor por condução: pisar em um
chão extremamente quente, sentar em um estofado que ficou em exposição ao
sol, entre outros.

9.7 CONVECÇÃO

Convecção caracteriza-se pela transferência de calor de um lugar para outro atra-


vés do movimento de um líquido ou de um gás pela superfície aquecida. Quanto
maior for o movimento do gás ou do líquido, maior será a remoção de calor.

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Exemplos de perda de calor por convecção: exposição do corpo aquecido ao
vento ou à água sendo ambos mais frios que o corpo. Caso não ocorra uma subs-
tituição das moléculas gasosas aquecidas, elas criarão uma zona de isolamento
e a perda de calor por convecção estará comprometida.

9.8 EVAPORAÇÃO

É o principal meio de liberação de calor excessivo do corpo e a principal defesa


contra o superaquecimento. A água que se vaporiza por meio das vias respirató-
rias e da superfície cutânea (suor) por ação das glândulas sudoríparas transfere
calor para o ambiente. Dessa forma a pele resfria o sangue que, por sua vez, au-
xilia na diminuição da temperatura corporal.

Existe na evaporação a chamada transpiração insensível que é caracterizada


pela perda de calor por evaporação proveniente das membranas mucosas úmi-
das das vias respiratórias.

Em temperatura ambiente elevada os processos de radiação, convecção e con-


dução corporal diminuem sua eficácia deixando a evaporação como processo
principal para redução da temperatura corporal.

A quantidade de suor produzido e vaporizado pela pele e/ou das superfícies mu-
cosas é influenciado por três fatores: área de superfície exposta ao ambiente,
temperatura e umidade relativa do ar ambiente e correntes aéreas de convec-
ção ao redor do corpo.

Em linhas gerais a umidade relativa do ar é o conteúdo de vapor de água no ar


ambiente. Ela representa o principal fator para a real eficácia do processo de
evaporação para perda de calor. Ambientes quentes e úmidos, ou seja, com a
umidade relativa do ar bastante elevada prejudicam a evaporação.

60
9.9 REGULAÇÃO CARDIOVASCULAR DURANTE
EXERCÍCIO FÍSICO
EM AMBIENTES QUENTES E FRIOS

Durante exercício físico em ambientes quentes há redistribuição de sangue para


a periferia, em especial para a pele na tentativa de controlar a temperatura
corporal que tende a elevar-se. Assim, o volume de sangue central é reduzido,
o que acarreta diminuição do volume sistólico. Tentando manter o débito cardí-
aco, a frequência cardíaca é elevada em ambientes quentes. Porém, o aumento
da frequência cardíaca não é suficiente para compensar a redução no volume
sistólico fazendo com que o débito cardíaco seja reduzido em ambientes quen-
tes, principalmente em exercícios de maior intensidade.

Tanto o consumo de oxigênio quanto a diferença arteriovenosa de oxigênio não


se alteram em ambientes quentes quando comparados a ambientes neutros (25,6
o
C). Porém, quando se compara ambientes extremos, por exemplo, 9 oC e 40 oC,
no calor devido à maior demanda cardiovascular e respiratória, o consumo má-
ximo de oxigênio e a frequência cardíaca são maiores do que comparados a am-
biente frio. Além disso, nessa comparação de ambientes extremos, a produção
de lactato e o consumo de glicogênio muscular são maiores no calor em com-
paração ao frio.

9.10 DESIDRATAÇÃO

A desidratação é caracterizada por perda de água corporal, podendo o organis-


mo sair de um padrão de hiperidratação passando para euidratação ou hipoi-
dratação. No estado de hipoidratação é comum o estado de hipovolemia, di-
minuição do volume sanguíneo, sendo que dessa maneira o organismo diminui
significativamente a capacidade de perder calor devido à redução na taxa de
transpiração e redução do fluxo sanguíneo para a pele para determinada tem-
peratura corporal.

A ocorrência de desidratação reduz o desempenho durante exercício físico. A redu-


ção da volemia, associada à redução do volume sistólico, redução do débito cardí-
aco e aumento insuficiente da frequência cardíaca tendem a diminuir o consumo
máximo de oxigênio e, assim, prejudica o desempenho durante o exercício físico.

61
9.11 REIDRATAÇÃO

A reidratação, ou seja, a reposição de líquidos para o organismo será importante


para a manutenção do volume plasmático e, dessa forma, a circulação para a
pele e transpiração estarão preservadas. Portanto, a correta hidratação é a me-
lhor ferramenta para se prevenir e tratar o estresse induzido pelo exercício em
calor excessivo.

9.12 FATORES IMPORTANTES NA TOLERÂNCIA AO CALOR

Como vimos a execução de exercício em ambientes quentes provoca diversas


alterações no organismo. Porém, alguns fatores podem ser relevantes na maior
ou menor tolerância do exercício ao calor, são eles: aclimatação, nível de ca-
pacidade física dos indivíduos, além da idade, sexo e porcentagem de gordura
corporal dos mesmos.

A aclimatação ocorre nas primeiras semanas, em especial na primeira semana,


de exposição repetida a ambientes quentes. Cabe ressaltar que a hidratação cor-
reta é essencial para que se tenha uma boa e rápida aclimatação. Dentre as res-
postas à aclimatação ao calor podemos salientar o melhor fluxo sanguíneo cutâ-
neo, melhor distribuição do débito cardíaco, diminuição do limiar para que se
inicie a sudorese associada com uma melhor distribuição do suor sobre a superfí-
cie da pele, suor com menor concentração de sal, diminuição das temperaturas
da pele e central para um dado exercício em determinada temperatura e menor
utilização de carboidratos como fonte energética durante o exercício físico.

Em linha geral, quanto mais treinado for um indivíduo mais fácil é sua adapta-
ção ao estresse ambiental. Com relação à influência da idade na tolerância ao
exercício físico em ambientes quentes, podemos observar que indivíduos idosos
apresentam atraso no início da transpiração. Além disso, alterações na estrutura
e função da pele também dificultam transpiração.

Não há comprovações científicas de que o envelhecimento interfere no controle


da temperatura corporal. Assim, idosos e jovens parecem ter a mesma eficiência
na regulação da temperatura corporal. Apesar de apresentar a mesma eficiência

62
no controle da temperatura corporal quando comparados aos jovens, os idosos
apresentam um atraso no início da transpiração por meio de uma sensibilidade
modificada dos termorreceptores, pequena produção pelas glândulas sudorípa-
ras e/ou pequena produção de suor devido à desidratação com insuficiente re-
posição hídrica. Associado a esses fatores, alterações vasculares estão presentes
no envelhecimento e podem ser explicadas, como: dificuldade na diminuição do
tônus vasomotor associado a uma menor vasodilatação.

A diferença em relação ao controle da temperatura corporal com relação à ida-


de se dá entre crianças e adultos. Sabidamente as crianças apresentam menor
taxa de transpiração e maior temperatura central para o mesmo estresse tér-
mico quando comparado com adultos. Isso pode ser decorrente de glândulas
sudoríparas e mecanismos periféricos ainda em desenvolvimento. Por isso, a in-
tensidade do exercício físico deve ser reduzida para crianças expostas ao calor
excessivo.

Homens e mulheres apresentam capacidade termorreguladora semelhantes. O


que os difere são os mecanismos pelos quais controlam a temperatura corporal.
Os homens têm um controle da temperatura corporal mais efetivo pela transpi-
ração e evaporação, enquanto as mulheres controlam a temperatura mais por
controle circulatório utilizando-se dos processos de condução e convecção.

Um fator que pode ser importante no controle da temperatura corporal tanto


em homens quanto em mulheres diz respeito à quantidade de gordura corporal
do indivíduo. Pessoas obesas apresentam dificuldade de diminuir a temperatura
corporal durante exercício físico em ambientes quentes, pois o excesso de tecido
adiposo age como um isolante, dificultando a dissipação de calor. Essa dificul-
dade pode ser em decorrência de uma menor eficiência da evaporação efetiva,
o que, em casos extremos da prática de exercício físico em ambientes quentes
pode levar ao aparecimento do fenômeno intermação. Tal fenômeno é conside-
rado uma enfermidade séria e complexa, pois a temperatura central eleva-se
acima dos 40 graus, e o socorro médico deve ser imediato.

Além do fenômeno da intermação, que é mais comum em indivíduos obesos, ou-


tras complicações como cãibras e exaustão induzidos pelo calor podem ser evi-
denciadas na prática de exercícios físicos em ambientes quentes tanto em obe-
sos quanto em indivíduos eutróficos.

63
9.13 EXERCÍCIO FÍSICO EM AMBIENTES FRIOS

O exercício físico realizado em ambientes frios, por exemplo, na água, apresenta


consumo de oxigênio maior em comparação ao mesmo exercício realizado na
água, porém, com temperatura superior.

Os indivíduos com excesso de gordura corporal parecem ter uma menor perda
de calor devido ao isolamento térmico da gordura. Assim, o desempenho físico
desse indivíduo obeso parece ser melhor em ambientes considerados frios. Por
outro lado, crianças não toleram ambientes frios para a prática de exercício fí-
sico e, para compensar sua superfície corporal grande em relação ao seu peso
corporal, utilizam-se de mecanismos como aumento do metabolismo energético
e vasoconstrição periférica mais efetiva.

Os seres humanos apresentam capacidade de adaptar-se muito menor no frio


que no calor. Povos que vivem em lugares extremamente frios normalmente uti-
lizam-se de técnicas para evitar a perda de calor, pois a adaptação em ambien-
tes frios é muito difícil.

A prática de exercício físico aumenta os volumes ventilatórios. Se realizado em


ambientes frios promove uma significativa perda de água e calor pelas vias res-
piratórias, pois o aquecimento e umidificação do ar se faz necessário. Geralmen-
te o ar frio não interfere no funcionamento correto das vias respiratórias, porém,
no caso de indivíduos com asma brônquica o esforço induzido em um ambiente
frio pode propiciar um cenário desfavorável.

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REFERÊNCIAS

McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia,


nutrição e desempenho humano. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

WILMORE, J. H. Fisiologia do esporte e do exercício. 4. ed. São Paulo: Manole,


2010.

POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao


condicionamento e ao desempenho.São Paulo: Manole, 2009.

NEGRÃO, C. E.; BARRETTO, A. C. P. Cardiologia do exercício: do atleta ao


cardiopata. 3. ed. São Paulo: Manole, 2010.

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