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Como nos dias de Noé

Durante o sermão profético, registrado no livro de Mateus, Jesus lembra os


tempos de Noé (Mt 24.36-44), quando exorta os seus discípulos à vigilância. O Mestre
faz um paralelo entre os dias que se aproximam do arrebatamento com a época em
que Noé construíra a arca.
Analisando bem o texto, podemos nele enquadrar a maioria dos cristãos atuais.
Todos creem no arrebatamento, entretanto não acreditam que somente serão
arrebatados os que estiverem vigilantes e preparados para o momento mais
importante da igreja, e, se acreditam, suas atitudes não reforçam essa ideia. Basta
observar suas vidas, suas redes sociais, seu vocabulário e a forma como se comportam
na igreja, quando vão.
Naqueles dias havia algo que impediu que o povo acreditasse na mensagem de
Noé. Não por acaso Jesus associou aquele acontecimento com o arrebatamento. Os
livros teológicos apontam quatro motivos que levam à descrença na mensagem de
Cristo, tornando o modo de vida dos crentes atuais muito semelhante ao
comportamento do povo nos dias do dilúvio. São eles: carnalidade, mundanismo,
ignorância humana e falta de prontidão.
Carnalidade corresponde aos apetites do corpo, ou seja, a tudo o que se
contrapõe ao que é espiritual. Ser carnal é estar em uma posição antiespiritual, que
separa o homem de Deus. Carnalidade também é a sensualidade e lascívia. Essas coisas
têm tirado muitas pessoas da presença de Deus, seja pelo modo de agir, vestir ou
pensar, muitas vezes sem achar que está errado perante Deus.
O mundanismo, muito falado nos púlpitos das igrejas, é a perda dos valores
cristãos e a pressão sofrida pelos crentes à ilusão do secularismo que, através de
conceitos, comportamentos e práticas anticristãs, tem se infiltrado na igreja, fazendo
com que os cristãos sejam influenciados pelo mundo, quando deveria ser ao contrário.
O secularismo no simples modo de pensar é um estilo de vida que se inclina para o
profano, deixando de lado o que é sagrado.
A ignorância humana é a falta de entendimento daquilo que se conhece; não é
que o homem não saiba, mas é o agir como se não soubesse. Significa simplesmente
ignorar que o arrebatamento um dia acontecerá, mesmo conhecendo as profecias.
A falta de prontidão é o descaso, a falta de preocupação. Para sermos bons
soldados, precisamos estar sempre em prontidão. Lembremo-nos das virgens loucas
da parábola de Jesus. Elas estavam com as prudentes, porém despreparadas, até que
chegou o momento em que o tempo acabou.
Nos dias de Noé, os homens eram insensíveis às profecias. E o que vemos na
atualidade? Tudo o que se refere à volta de Jesus é ignorado, porém qualquer profecia
que aponte uma melhora na vida terrena, como bênçãos financeiras, bênçãos
ministeriais ou sucesso no casamento, é muito bem vinda. Essas coisas são boas, são
excelentes e não são pecado, mas estão tirando o foco principal, que é a preparação, a
vigilância.
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O versículo 38 nos leva a entender que havia uma falta de respeito à mensagem
de Noé. Mesmo ouvindo a pregação, o povo continuava na carnalidade, no
mundanismo, e ignorando suas palavras. Não havia temor, não aceitavam a
repreensão.
Nesta semana circulou uma frase nas redes sociais que dizia: “No passado o
pastor pregava a verdade e as pessoas mudavam de vida; hoje elas mudam de igreja”.
Isso define muito bem o que acontecia nos dias de Noé.
O teor do versículo bíblico que mencionei acima registra que as pessoas
“comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento”. Então pergunto, qual o
erro dessas práticas? Onde está o pecado ao comer, beber e se casar? A mensagem
que Jesus queria passar era de que eles estavam vivendo uma vida normal e secular,
ignorando a Deus e as palavras de Noé. Parece que seria mais lógico se Jesus tivesse
dito que enquanto Noé construía a arca o povo matava, roubava e se prostituía.
Porém Jesus quer nos dizer que apenas levar uma vida normal significa não estar
preparado. O Senhor exige mais do que levar uma vida normal, apenas não
cometendo pecados. Exige que estejamos vigilantes, tendo comunhão com Deus. São
as práticas que achamos não ser pecado que estão nos tornando crentes mundanos e
carnais.
Vivemos tempos em que as coisas lícitas estão nos destruindo, e nós achamos
correto. A terra estava cheia de violência, de crimes hediondos, assim como acontece
hoje. Aliás, nós criamos níveis de pecados, nos autoenquadramos em menos pior,
melhor que os outros, nem tão pecador, e achamos que assim seremos salvos.
Ficamos na dependência da misericórdia de Deus, da bondade de Deus, e esquecemos
que Deus é justo, e que no céu não entra pecado.
O versículo 39 diz que “eles não perceberam”. Até quando congregaremos com
pessoas desapercebidas? Que estão há três ou quatro décadas dentro da igreja,
perdendo tempo, perdendo os prazeres do mundo, e não alcançarão o gozo eterno? A
vergonha de confessarem seus erros é que os tornaram céticos.
É preciso alertar essa geração que cultua conosco, evangeliza conosco, chora
conosco, mas segue destino eterno diferente. O arrebatamento será surpreendente,
assim como aconteceu no dilúvio. Talvez houvesse pessoas que acreditassem,
entretanto, por não estarem preparadas, foram levadas pelas águas.
Ainda há tempo. Deixe de lado tudo o que te distancia do Senhor, esteja
preparado, pois a porta da arca ainda está aberta.

Pr. Leandro Silva

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