Você está na página 1de 22

«A Abóbada»

Interpretação/comentário
A abóbada da Sala do Capítulo (Mosteiro da Batalha).
«A Abóbada»

Narrativa centrada numa obra e no seu autor

Mosteiro da Batalha
(Mosteiro de Santa Maria da Vitória)

Afonso Domingues, o «bom» cego


Metáfora central do texto
Mosteiro/Obra = Livro

«esse imenso livro de pedra a que os espíritos vulgares


chamavam simplesmente o Mosteiro da Batalha»

«Este mosteiro, que se ergue diante de nós,


era a minha Divina Comédia […].»

I–O
Cego
I — O cego
Pieter Bruegel, o Velho, Cegos Guiando Cegos, 1568.
O arquiteto Afonso Domingues, o «cego»

«A luz dos olhos tinha-lhe


de todo apagado a velhice […].»

perífrase  apagar = cegar

Afonso Domingues.
O arquiteto Afonso Domingues, o «cego»
Descrição física Descrição psicológica
• Veste uma touca foteada, um • Ressentido e magoado com os homens
gibão escuro e uma capa curta. (sente-se «uma sombra de homem,
• Tem uma barca branca um troço de capitel partido»).
comprida. • Sensível.
• Velho, com membros trémulos • Íntegro.
e enrugados. • Profundamente ligado à sua obra, que
• Faces fundas, maçãs do rosto considera o seu «livro».
elevadas, «fronte espaçosa
e curva e o perfil do rosto Descrição física e psicológica
«Tinha a testa enrugada, como quem
quase perpendicular».
vivera vida de contínuo pensar […].»
• Testa enrugada.
Razão do ressentimento de Afonso
O facto de ter sido afastado da sua obra,
que foi atribuída a Mestre Ouguet

«O estranho [estrangeiro]
a quem deram o meu cargo»

Os argumentos de Afonso Domingues


I — «Se os olhos corporais estavam mortos, não o estavam Visão
os do espírito.» do espírito

II —«[…] para entender o pensamento do Mosteiro de Santa


Patriotismo
Maria da Vitória cumpre ser português.»
II — Mestre Ouguet
Mestre David Ouguet
O irlandês que «havia sido nomeado pela rainha D. Filipa para substituir Afonso
Domingues».

• Mediano «em idade, em estatura, em capacidade e em gordura».


• Trazia o ventre sempre «sopeado».
• Calculista e interesseiro.
• Ambicioso.
• Ingrato, desdenhava o país (Portugal) que lhe dava de comer.
III — O auto
Alfredo Roque Gameiro,
Gil Vicente na Corte de D. Manuel (s. d.)
[encenação da estreia de Auto da Visitação].
«Dos olhos de el-rei e de Frei Lourenço caíram algumas
lágrimas, que eles debalde tentavam reprimir.

A abóbada do Capítulo, acabada havia vinte e quatro horas,


tinha desabado em terra!»

Razão do desespero
de Mestre Ouguet:
parecia estar possesso
IV — Um rei cavaleiro
Casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre (século XV).
D. João I

• «Plebeu por herança


materna, nobre por ser filho
de D. Pedro I» (Capítulo II).
• Rei eleito por uma
revolução.
• O «mais popular, o mais
amado e o mais acatado
de todos os reis da Europa»
(Capítulo II).
Retrato de D. João I (início do século XV).
Argumentos de D. João para convencer Afonso Domingues
I — A fama de Afonso Domingues será perpétua (referência ao «tribunal
da posteridade»).

II — Concluir o mosteiro é dar continuação a um monumento que celebra


a independência e a glória de Portugal.

III — Concluir a obra é o ato de um «bom e honrado português».

O «bom do cego» acede ao pedido do seu rei


Promessa de Afonso Domingues

«De hoje a quatro meses podeis voltar aqui, senhor rei,


e ou eu morrerei ou a casa capitular da Batalha estará
firme, como é firme a minha crença na imortalidade e na
glória.»
V — O voto fatal
Mosteiro da Batalha.
«Tudo recusou o cego: a sua resolução era inabalável.
Também a abóbada estava firme, como se fora de bronze.»
Força da resolução do autor Firmeza da obra

Concluída a obra,
morre Afonso Autor
Domingues,
o «honrado Unidade
arquiteto»

Obra

Você também pode gostar