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Termodinâmica
aplicada à
refrigeração e ao
condicionamento
de ar
Mario Eusebio Torres Alvarez
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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2019
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Sumário
Unidade 1
Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento
de ar ............................................................................................................. 7
Seção 1.1
Sistemas de refrigeração e bombas de calor ................................ 9
Seção 1.2
Mistura de gases ideais e psicrometria ..................................... 25
Seção 1.3
Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento ................. 42
Palavra do autor
P
rezado aluno, hoje em dia nos deparamos bastante com o assunto
desenvolvido neste material sobre refrigeração, ar condicionado e
ventilação. Antigamente, não existia geladeira, e num passado não tão
distante assim, ter um carro sem um sistema de ar condicionado era normal,
assim como quase nenhuma casa tinha condicionador de ar; usávamos
apenas um ventilador nos dias mais quentes. Isso no Brasil, que tem um clima
predominantemente quente. Se considerarmos um país frio, precisaríamos
aquecer o ambiente interno das residências a fim de melhorar o conforto
térmico. Para isso, temos as bombas de calor, que fazem esse trabalho.
Após uma boa leitura deste material, você vai conhecer melhor os
sistemas de refrigeração, seus ciclos envolvidos e como funciona o sistema
de condicionador de ar e a ventilação. A refrigeração foi um passo impor-
tante na vida do ser humano, fornecendo temperaturas baixas, usadas para
diferentes finalidades, com aplicações na indústria de alimentos, em frigo-
ríficos, na indústria de bebidas, nas indústrias química e farmacêutica e na
climatização de ambientes.
A primeira unidade tratará da termodinâmica aplicada à refrigeração e
ao condicionamento de ar para que você conheça e compreenda os conceitos
termodinâmicos aplicados aos sistemas de refrigeração, de bombas de calor
e de condicionamento de ar. Serão apresentadas as equações envolvidas
nesses sistemas e algumas misturas de gases ideais, com análise de sistemas,
abordando, também, a psicrometria. Além disso, abordaremos temas como
condicionamento de ar e torres de resfriamento, conforto térmico, qualidade
do ar e cargas térmicas.
A segunda unidade abordará os sistemas de condicionamento de ar para
um melhor conhecimento e uma melhor compreensão deles e de seus equipa-
mentos. Estudaremos os sistemas de zona simples e de zonas múltiplas, com
volume de ar variável e de água. Além disso, assuntos como circulação de
ar, dimensionamento de dutos, ventiladores centrífugos e distribuição do ar
também serão tratados. Falaremos sobre tubulações, aquecedores e bombas.
Finalizando a unidade, serão apresentados alguns tipos de resfriadores e
desumidificadores de ar e faremos um projeto de um sistema de controle
para condicionadores de ar.
Na terceira unidade, iremos conhecer e compreender os sistemas de refri-
geração e seus equipamentos, começando o estudo com diferentes tipos de
compressores, condensadores, evaporadores e válvulas de expansão. Será
estudado, também, o comportamento do condensador e do evaporador,
finalizando a unidade com a simulação do comportamento do sistema
completo.
Finalmente, a quarta unidade tratará dos sistemas de refrigeração e
bombas de calor. Estudaremos os sistemas multipressão, o separador de
líquido, os sistemas e unidades de refrigeração por absorção, os tipos de
bombas de calor e seu dimensionamento, as torres de resfriamento e, por
fim, a proteção contra incêndios em câmaras refrigeradas, a detecção de
vazamentos e a descarga de amônia.
Agora que você já conhece todos os assuntos que serão abordados, está
na hora de você embarcar nesta viagem rumo à expansão dos seus conheci-
mentos, e saiba que conhecimento é algo que ninguém pode tirar de você.
Desejo que você tenha uma ótima leitura!
Unidade 1
Convite ao estudo
Como você sabe, no dia a dia, em casa, usamos um refrigerador para
conservar os alimentos, ou, no lugar onde estudamos ou trabalhamos, temos
um condicionador de ar para amenizar o desconforto térmico de dias muito
quentes. A refrigeração é também utilizada em indústrias alimentícias para
a conservação de grandes quantidades de alimentos, assim como na indús-
tria petroquímica, para realizar o resfriamento requerido pelos processos
químicos. Esses sistemas de refrigeração devem ser cuidadosamente proje-
tados para atender às demandas, levando em conta o uso de refrigerantes
menos agressivos ao meio ambiente. Você sabe que um modelamento, do
ponto de vista termodinâmico, pode levar à solução de um projeto de refri-
geração, assim, este material ajudará você a entender e compreender os
conceitos termodinâmicos aplicados a sistemas de refrigeração, sistemas de
bombas de calor, sistemas de condicionamento de ar e seus equipamentos
para, assim, saber analisar sistemas que envolvam misturas, bem como
estimar as cargas térmicas e condições de projeto, resolvendo problemas que
podem ser encontrados na vida profissional.
A fim de colocar esses conceitos em prática, com o seu conhecimento e
compreensão dos processos realizados em um ciclo de refrigeração, imagine
que você foi contratado como engenheiro para trabalhar numa indústria de
laticínios, na qual são fabricados iogurtes e bebidas lácteas. Na indústria, o leite
é recebido dos produtores e armazenado sob refrigeração. Posteriormente, o
leite é enviado na linha de produção para a fabricação de iogurtes e bebidas
lácteas. Após a fabricação, o produto final é estocado em câmaras de refrige-
ração para sua conservação. As vendas e demandas dos produtos fabricados
têm aumentado, com isso a indústria de laticínios precisa expandir a sua
capacidade de produção. Há três situações que precisam ser abordadas para
solucionar os problemas de expansão da fábrica.
Primeiramente, imagine que a equipe de engenheiros da qual você faz
parte está estudando a possibilidade de implementar outra câmara de refri-
geração para a conservação de produtos lácteos, a fim de evitar alterações
das suas propriedades físicas e da qualidade do produto devido aos efeitos
da temperatura ambiente e da umidade do ar que, muitas vezes, acabam
levando à perda total do produto. Para isso, é necessário escolher e projetar
um sistema de refrigeração, determinar a potência do compressor e o coefi-
ciente de desempenho do refrigerador que deverá atender à demanda, além de
cuidar do meio ambiente, com o uso de refrigerantes menos agressivos. Um
segundo problema que você e sua equipe de engenheiros deverão abordar é
a expansão das instalações de trabalho, as quais devem manter um conforto
térmico adequado. Essa equipe propôs instalar um sistema de resfriamento com
desumidificação do ar, que atenda ao clima de verão, para diminuir a tempera-
tura ambiente, e um sistema de aquecimento com umidificação, que atenda ao
clima de inverno. Portanto, é necessário projetar um sistema de resfriamento e
aquecimento e avaliar o consumo de energia de ambos os sistemas.
Finalmente, o terceiro ponto a ser avaliado é o conforto térmico e a quali-
dade do ar das novas instalações de trabalho. Além disso, é necessário deter-
minar qual será a carga térmica total de resfriamento para o verão e qual a
carga térmica de aquecimento para o inverno.
Você pensa que seria possível, com base nos conceitos teóricos, aplicar
o seu conhecimento para outros tipos de indústrias? Nesta unidade, você
aprenderá sobre os ciclos de refrigeração e refrigerantes utilizados, também
fará uso da psicrometria e de suas aplicações no condicionamento de ar, verá
os processos que existem para o condicionamento de ar e, finalmente, verá
as estimativas das cargas térmicas e a determinação de cargas térmicas de
aquecimento e resfriamento.
Seção 1.1
Diálogo aberto
Frequentemente, você usa em casa um sistema de refrigeração para a
conservação dos alimentos. A refrigeração é utilizada na usinagem e confor-
mação de ligas de metais, na fabricação de produtos metálicos e plásticos,
no resfriamento do fluido de corte em máquinas de usinagem, em secadores
de ar comprimido, utilizados para acionamento de certas máquinas, e na
refinaria de petróleo, para a condensação e separação de hidrocarbonetos
ou no resfriamento de certas reações químicas exotérmicas. De acordo com
a aplicação, existem alguns sistemas de refrigeração específicos, tais como a
refrigeração por compressão de vapor, refrigeração por absorção ou refri-
geração a gás. Além disso, um sistema com função contrária são as bombas
de calor, que, ao invés de resfriar, fornecem calor para um ambiente a ser
aquecido. O funcionamento desse sistema é realizado por ciclos, por meio
de dispositivos internos que realizam processos sobre o refrigerante utili-
zado. Ainda, com as novas regulamentações internacionais, os refrigerantes
utilizados em sistemas de refrigeração devem cumprir requisitos para não
agredir o meio ambiente e, sobretudo, a camada de ozônio do nosso planeta.
Para que possamos colocar esses assuntos em prática, conhecendo e
entendendo como são realizados os cálculos de um sistema de refrige-
ração, imagine que você está trabalhando numa indústria de laticínios que
utiliza sistemas de refrigeração para a conservação dos produtos lácteos. A
fábrica está na fase de ampliações das suas instalações de produção, devido
ao aumento na demanda de laticínios. Um dos pontos a ser resolvido é a
implementação de outro sistema de refrigeração da planta, e a equipe de
engenheiros da qual você faz parte sugere implementar um sistema de refri-
geração por compressão de vapor, que deverá ter uma capacidade de refri-
geração de aproximadamente 10 toneladas, conforme mostra a Figura 1.1.
Figura 1.1 | Ciclo de refrigeração por compressão de vapor a ser instalado
Esse ciclo está composto por dois processos isotérmicos e dois processos
adiabáticos. No processo 1-2, o refrigerante é comprimido adiabaticamente,
aumentando a temperatura e a pressão. No processo 2-3, o refrigerante é
resfriado isotermicamente por um condensador à pressão constante. No
expressa por b = Q E =
QE
.
WC QC - Q E
Assimile
Para o ciclo real de refrigeração, não existe efeito de reversibilidades na
transferência de calor no evaporador, condensador e compressor. Portanto,
Refrigerantes
Existem algumas propriedades para um refrigerante ser considerado bom
para uso comercial, entre elas: não ser tóxico, ter um baixo ponto de ebulição,
ter um calor latente alto, ser fácil de se liquefazer em temperatura e pressão
moderadas, não ser corrosivo para metais, não ser afetado pela umidade e se
misturar bem com óleo.
Os refrigerantes são classificados entre as classes 1, 2 e 3, a depender de
extraírem ou absorverem calor das substâncias que irão resfriar. Os refrige-
rantes da Classe 1, tais como o dióxido de enxofre, cloreto de metila, cloreto
de etila, amônia, dióxido de carbono, Freon 11, Freon 12, Freon 21 e Freon
22, resfriam pela extração ou absorção do calor das substâncias que serão
resfriadas por meio dos seus calores latentes. Os da Classe 2, tais como o ar,
salmoura de cloreto de sódio ou cálcio e álcool, resfriam as substâncias pela
absorção de seus calores sensíveis. Os da Classe 3 são compostos de soluções
que carregam vapores liqueficáveis, que produzem, pela absorção dos calores
latentes, um efeito refrigerante, por exemplo, a solução composta por amônia
pura e água destilada, conhecida também por água amoniacal. A depender
do uso destinado (doméstico, comercial ou industrial), sempre haverá uma
análise a ser feita para decidir qual refrigerante utilizar.
De acordo com o Protocolo de Montreal (1987), foi exigida a eliminação
dos clorofluorcarbonos (CFCs), pois destroem a camada de ozônio. Os
hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), como o R134a, são usados em refrige-
ração e ar condicionado de automóveis e são a melhor opção porque agridem
menos a camada de ozônio. Um exemplo de CFCs é o R-22, bastante usado
em bombas de calor e sistemas de condicionamento de ar instalados em
residências, porém, devido a seu alto conteúdo de cloro e agressão à camada
de ozônio, deverá ser substituído por outros refrigerantes. Os refrigerantes
naturais seriam a melhor opção e já estão sendo usados; entre eles temos a
amônia (R717), dióxido de carbono (R744) e alguns hidrocarbonetos, como
o propano (R290), o metano (R50) e o butano (R600).
Observe que, se o espaço frio tiver uma temperatura muito fria, não
haverá uma troca de calor efetiva no evaporador e, portanto, o coeficiente
de desempenho da bomba de calor será baixo. Assim, será necessário que o
ambiente frio tenha uma temperatura constante, tal como o ar. Os cálculos de
potência e de calor retirado do evaporador seguem o mesmo procedimento
que para o ciclo de refrigeração por compressão de vapor.
Exemplificando
Considere uma bomba de calor que fornece calor a uma casa para manter
a temperatura a 25°C. Refrigerante 134a no estado de vapor saturado
entra no compressor a -4°C e sai a 50°C e 10 bar. No condensador, o
refrigerante entra a 10 bar, saindo como líquido saturado. Qual será a
potência do compressor e o coeficiente de desempenho se a vazão do
refrigerante é de 0,15 kg/s?
Solução. Veja a Figura 1.6, as propriedades termodinâmicas para os
estados são dadas na Tabela 1.1
Reflita
No ciclo ideal de refrigeração por compressão a vapor, após o refrige-
rante ser resfriado no condensador, ingressa no dispositivo de expansão
Pesquise mais
Mais informações sobre sistemas de refrigeração podem ser encon-
tradas nas páginas 478 a 489 do Capítulo 11, do livro a seguir:
ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH
Editora Ltda., 2013.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Você, engenheiro, está trabalhando numa empresa que fabrica
bombas de calor e seu líder tem um projeto para aquecimento de uma
sala de trabalho de uma indústria por meio de uma bomba de calor,
representada na Figura 1.9.
Resolução da situação-problema
Você lembra que o ciclo de um sistema de bomba de calor por compressão
de vapor é similar ao ciclo de refrigeração por compressão de vapor. Você
também sabe que o refrigerante na saída do compressor está a 50 °C e 10 bar,
e sua entalpia específica é de h2 = 280,19 kJ/kg. Na saída do condensador,
você sabe que a entalpia específica é de h3 = 105,28 kJ/g. Portanto, a taxa de
calor fornecida ao ambiente a ser aquecido é:
kg kJ
Q C = m(h2 - h3 ) = 0,09 (280,19 -105,28) = 15,74 kW
s kg
O coeficiente de desempenho da bomba de calor será:
QC 15,74
b=
= = 2,25
WC 7
Uma casa é aquecida a 22 °C com uma bomba de calor por compressão de vapor. O
refrigerante R134a entra no compressor a uma temperatura de 8 °C e é comprimido
até 12 bar de pressão. Determine qual é o trabalho por unidade de massa realizado
pelo compressor.
a) 25,0 kJ/kg.
b) 19,2 kJ/kg.
c) 24,1 kJ/kg.
d) 20,2 kJ/kg.
e) 23,3 kJ/kg.
3. O ciclo Brayton foi inicialmente desenvolvido para ser usado em motores alter-
nativos. Hoje em dia, é utilizado em turbinas a gás que, acopladas a um compressor
e a trocadores de calor, resultam em um motor a gás. Esse ciclo, quando invertido,
resulta em um ciclo de refrigeração Brayton, que tem várias aplicações, tais como
o sistema de arrefecimento e de condicionamento de ar em aviões a jato. Uma das
maiores aplicações é na indústria do gás natural, em que o ciclo Brayton é utilizado
para o resfriamento do gás natural liquefeito (GNL).
a) W ciclo m =12,9 ; b = 3,5 .
b) W ciclo m =11,5 ; b = 4,9 .
c) W ciclo m =12,9 ; b = 4,9 .
d) W ciclo m =12,2 ; b = 3,9 .
e) W ciclo m =10,5 ; b = 5,2 .
Diálogo aberto
Em muitas regiões do Brasil, em épocas de inverno, quando a temperatura
diminui, a umidade relativa do ar também diminui, causando, muitas vezes,
situações de alerta para diferentes cidades, como na região Sudeste do Brasil.
Por outro lado, existem lugares que apresentam elevadas umidades relativas
em épocas de inverno ou verão, o que acaba prejudicando o conforto das
pessoas e do ambiente de trabalho. Para contornar esses problemas, existem
processos de umidificação ou desumidificação do ar, usados para aumentar
ou diminuir a umidade relativa do ar em diferentes ambientes, como casas
ou centros de trabalho. Isso pode ser tratado a partir dos processos de condi-
cionamento do ar e o uso da psicrometria, que é uma ferramenta importante
que trata das propriedades do ar úmido. Note que o ar é uma mistura de
vários componentes e suas propriedades e sua composição devem ser deter-
minadas a partir dos componentes presentes na mistura.
Vamos retomar o contexto apresentado anteriormente, em que você está
trabalhando como engenheiro numa indústria de laticínios, na qual são fabri-
cados iogurtes e bebidas lácteas. Devido ao aumento nas vendas, a indústria
tem aumentado a sua produção e, com isso, a expansão dos ambientes de
trabalho e das linhas de produção se tornaram necessárias. Para não sofrer
alterações no conforto térmico dos novos ambientes de trabalho, uma equipe
de engenheiros está propondo instalar um sistema de resfriamento e desumi-
dificação do ar que atenda às necessidades impostas nas estações de verão para
diminuição da temperatura ambiente. Lembre-se de que nas estações de verão,
a umidade relativa do ar é geralmente alta. Por outro lado, nas estações de
inverno, a equipe de engenheiros deseja instalar um sistema de aquecimento
com umidificação, porque nesta estação, o ar apresenta umidades relativas do
ar baixas, e para manter o conforto térmico, é necessário aumentar a umidade
do ar. Para ilustrar melhor, a Figura 1.10 mostra o sistema de resfriamento e
desumidificação e o sistema de aquecimento e umidificação.
Figura 1.10 | Ilustração (a) Resfriamento e desumidificação; (b) Aquecimento e umidificação
Agora vamos pensar num gás ideal, que pode ser definido como o gás
cujas moléculas estão bem distanciadas a fim de não existir interação entre
elas. Por outro lado, um gás real tem um comportamento muito aproximado a
um gás ideal, quando o gás está a baixas pressões ou a altas temperaturas, isto
em relação ao ponto crítico. O comportamento de um gás ideal está baseado
em duas leis: a lei de Dalton, que assume que a pressão (p) de uma mistura de
gases ideais é igual à soma das pressões individuais que cada gás exerceria se
estivesse sozinho a uma temperatura (T) e volume (V) da mistura, e a lei de
Amagat, a qual assume que o volume de uma mistura de gases ideais é igual
à soma dos volumes parciais de cada gás que estão em determinada tempera-
tura e pressão da mistura.
Assimile
Os valores da fração mássica dos componentes de uma mistura são
sempre diferentes dos valores da fração molar, pois quando você tem
fração molar, a fração mássica é calculada usando a massa molecular dos
componentes individuais.
Exemplificando
Uma mistura gasosa é composta por dióxido de carbono ( CO2 ),
monóxido de carbono (CO) e oxigênio ( O2 ), com frações mássicas
de 0,30, 0,20 e 0,5, respectivamente. Qual é o calor específico da
mistura a 350 K se o calor específico do CO2 é de 0,895kJ
kJ kg × K , do
CO 1,043kJ
kJ kg × K e O2 de 0,928kJ
kJ kg × K ?
Solução: o calor específico de cada componente é conhecido, assim
como suas frações mássicas. Então, o calor específico da mistura
será:
C p = (mf CO2 )c pCO2 (350) + (mf CO )c pCO (350) + (mf O2 )c pO2 (350) (kJ / kg × K )
C p = (0,30)(
)(0,895) + (0,2)(
)(1,043) + (0,5)(
)(0,928) = 0,9411kJ / kg × K
O calor específico da mistura é de 0,9411kJ / kg × K
4 mols A 4 mols A
5 mols B 5 mols B
. .
. .
. .
X mols i X mols i
T1 , p1 T2 , p2
Reflita
Aqui tratamos de misturas de gases ideais não reativos, na qual os
números de mols no início e fim permanecem iguais. Se uma mistura
for composta por gases reativos, a uma determinada pressão e tempe-
ratura, o número de mols e o valor da entalpia no estado final devem
mudar? A expressão da entalpia será a mesma?
Pesquise mais
Para relembrar como se utilizam as tabelas termodinâmicas, você pode
encontrar um exercício prático usando dados de ui e si a partir da
Tabela A-23 no capítulo 12, páginas 602-603, do livro:
MORAN, M. J. et al. Princípios de Termodinâmica para Engenharia. 8.
ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2018.
Pesquise mais
Você pode encontrar um exemplo de como estimar a temperatura do
ponto de orvalho, no capítulo 12, p. 614-616 do livro:
MORAN, M. J. et al. Princípios de Termodinâmica para Engenharia. 8.
ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2018.
Assimile
Uma carta psicrométrica permite determinar a umidade relativa na
saída de um ambiente que está sendo aquecido ou resfriado, bastando
Desumidificação e umidificação
A desumidificação do ar é realizada em lugares nos quais a umidade do ar
é alta, sendo uma alternativa para regular a umidade do ar. É utilizado uma
serpentina com fluido refrigerante para resfriar o ar, ocasionando a conden-
sação da água do ar, a qual é retirada do desumidificador, como visto na
Figura 1.14.
Figura 1.14 | Sistema de resfriamento e aquecimento do ar
Pesquise mais
Você poderá encontrar aplicações e usos de torres de resfriamento
envolvendo balanço de massa e energia, no capítulo 12, páginas 637-639
do livro:
MORAN, M. J. et al. Princípios de Termodinâmica para Engenharia. 8.
ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2018.
kg kg æç kJ ö kJ min
Q = 38,5 (101- 76) + 0,1925 ç104,89 ÷÷÷ = 982,7 = 16, 4kW
min min ççè kg ÷ø min 60 s
Agora, vamos resolver a problematização para a estação de inverno, na
qual será usado um aquecedor e umidificador. A entrada do ar é de 15 ºC e
a umidade relativa do ar de 20%. As condições de saída do ar deverão ser 25
ºC, umidade relativa do ar de 50% e a umidificação será feita com vapor de
água. A vazão do ar será de 35 m3 min e a pressão do local de 1 atm. Algumas
propriedades são necessárias para este problema. Do livro de MORAN et
al. (2018), encontramos que o calor específico do ar (Tabela A-20, p. 784) é
c p = 1,004 kJ kg × K ; A entalpia de vapor saturado (Tabela A-2, p. 751) a 15 ºC
é 2528,9kJ kg e pressão de saturação de 0,01705 bar, e a entalpia de vapor
A vazão mássica do ar é:
ma = V v1 = (35 m3 min) (0,8182 m3 kg ) = 42,78 kg min
Com isso, temos que os resultados são: pv1 = 0,00256 bar , pa =1,01069 bar ,
v1 = 0,8182 m3 kg e ma = 42,78 kg min e w2 = w1 = 0,00157 kg de água/kg de
ar seco.
Agora, você precisa determinar a entalpia h1 e h2 com a seguinte equação:
h1 = c pT + w1hg 1 = (1,004 kJ kg × K )(273,15 + 15)K + (0,00157)(2528,9 kJ kg ) = 293,27 kJ kg
h2 = c pT + w2hg 2 = (1,004 kJ kg × K )(273,15 + 25)K + (0,00157)(2547,2 kJ kg ) = 303,34 kJ kg
æ kg öæ min ö÷ kJ
Q = çç42,78 ÷÷çç ÷(303,34 - 293,27) = 7,18 kJ s Obtendo-se a taxa de
èç ÷ ç
min 60s
øè ÷
ø kg
calor de: Q = 7,18 kW .
Se consideramos que a taxa total de calor, tanto para o resfriamento com
desumidificação e aquecimento com umidificação, é de 15,5 kW e 7,18 kW,
respectivamente, teremos um total de 22,68 kW. Se o custo de 1 kWh é R$ 0,42,
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Imagine que você está trabalhando em uma empresa de projetos de
condicionamento de ar. Um cliente seu precisa instalar um sistema de aqueci-
mento para uma sala de laboratório de controle de qualidade de produtos
agrícolas. Você é informado que a cidade onde fica o laboratório tem uma
pressão de 1 atm e umidade relativa do ar de 80%, variando muito pouco nas
diferentes estações do ano. Então, existe interesse em instalar um aquecedor
para fornecer um conforto térmico no laboratório na estação de inverno. O
ar está a 15 ºC e a umidade relativa do ar é de 80%. Espera-se que a tempera-
tura aumente para 20 ºC, mantendo uma vazão de ar de 30 m3 min . Portanto,
você precisa determinar qual será a taxa de calor necessário para o aqueci-
mento do laboratório.
Resolução da situação-problema
Para encontrar a taxa de calor para o aquecimento do laboratório, você
pode considerar que não haverá umidificação, pois, o ar na localidade já é
úmido durante todo o ano. Portanto, do balanço de massa e energia temos:
Balanço de massa de ar seco: m a1 = m a 2 = m a
Balanço de massa da água: m v1 = m v 2 Þ w1 = w2
Balanço de energia :
Q = m (h - h )
a 2 1
a) 9,28 L.
b) 5,45 L.
c) 8,14 L.
d) 6,54 L.
e) 7,74 L.
3. Para solucionar vários problemas de engenharia, sempre temos que fazer algumas
considerações. É claro que temos que saber o que estaremos considerando, depen-
dendo do que estamos querendo. Com base nos estudos, veremos uma aplicação em
que são necessárias algumas considerações.
Temos 500 g de ar úmido, que está a 20 ºC, 1 atm, 75% de umidade relativa e que será
resfriado a 5 ºC, mantendo-se a pressão constante. A temperatura de ponto de orvalho e
a quantidade de vapor de água que se condensa (em kg) serão, respectivamente:
Diálogo aberto
Você já deve ter ouvido sobre a necessidade de um sistema de resfriamento
para diminuição da temperatura do motor de um carro, de seu interior ou até
mesmo a diminuição da temperatura do interior de um recinto. A implementação
de sistemas que resolvam essas necessidades deve levar em conta a qualidade do
ar a ser fornecido ao local, pois dele depende um ambiente confortável e saudável.
Conhecer a energia necessária para aquecer ou resfriar um recinto é importante,
portanto, é necessário conhecer como devem ser determinadas essas cargas, conhe-
cidas como cargas térmicas de aquecimento ou cargas térmicas de resfriamento.
Para entendermos melhor a aplicação desses conceitos sobre a qualidade de ar
e cargas térmicas de aquecimento e resfriamento, vamos retomar o caso da indús-
tria de laticínios em que você trabalha. Devido ao aumento nas vendas e demandas
do produto, a fábrica tem aumentado a sua capacidade de produção e as instala-
ções de trabalho. Uma nova construção foi feita, conforme a Figura 1.18, na qual
deverão trabalhar os funcionários da fábrica.
Figura 1.18 | Planta da instalação de trabalho
Reflita
Você acha que um ambiente que fornece condições de conforto térmico
para uma pessoa saudável pode ser aceito como satisfatório para uma
pessoa que esteja doente?
Materiais 1/ k , (m × K W ) R, (m2 × K W )
Pesquise mais
Informações sobre a condutividade térmica de materiais de construção
podem ser encontradas no Apêndice A, Tabela A.3, do livro:
BERGMAN, T.L.; et al. Transferência de Calor e Massa. 7. ed. Rio de
Janeiro: LTC Editora Ltda, 2014.
Exemplificando
Imagine uma parede de 10 m2 feita com tijolo comum, de espessura de
12,5 cm. Temos que a parte externa é revestida com estuque de 10 mm
e, no interior, com gesso de 16 mm. Qual é a carga térmica se a diferença
de temperatura é 8 °C ?
Resolução:
A Tabela 1.6 apresenta as resistências térmicas dos materiais. Portanto,
temos que:
- Tijolo comum espessura de 12,5 cm: R = L (1 k ) = 0,125(1,39) = 0,174
- Estuque de 10 mm: R = L (1 k ) = 0,01(1,39) = 0,014
- Gesso de 16 mm: R = 0,066
A resistência total é:
Rtot = 0,174 + 0,014 + 0,066 = 0,254 m2 × K W .
Lembre-se, as escalas Celsius e Kelvin são iguais, portanto, a diferença
entre duas temperaturas, seja em Kelvin ou em Celsius, será a mesma.
Então, a carga térmica de aquecimento será:
A ×Dt 10m2
q= = (8,0K )
Rtot 0,254 m2 × K W
Assimile
É importante determinar cuidadosamente a carga térmica de aqueci-
mento, sem esquecer nenhum dos lugares onde exista transmissão
de calor, pois o projeto de um sistema de aquecimento dependerá do
valor determinado.
Orientação
Hora
solar
N NE L SE S SO O NO
13 8 16 24 24 15 10 8 7
14 9 15 22 23 19 14 11 9
15 11 15 20 22 21 20 16 12
16 12 15 19 20 22 24 22 15
17 12 15 18 19 21 28 27 19
18 13 14 17 17 19 30 32 24
19 13 13 15 16 17 29 33 26
20 13 12 13 14 15 25 30 24
DTCRmax 13 17 25 24 22 30 33 26
q = -22610,3W
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Imagine que você está trabalhando em uma empresa que presta consul-
toria em projetos de sistemas de aquecimento e resfriamento. O seu líder
recebe um cliente que tem um problema de aquecimento em uma sala de
computadores de sua empresa devido ao calor que entra por uma janela
com cortinas rolô claras internas e vidro simples de 3 mm, com dimensões
de 3 m de comprimento por 1,5 m de altura. A sua localização é latitude
32° na face sul, com insolação no mês de julho, na estação de verão. A fim
de projetar um equipamento de resfriamento, faz-se necessário determinar
o ganho de calor pelas janelas, sabendo que a condição de temperatura
interna da sala é de 25 °C e a temperatura externa de 36 °C . O seu líder
pede para você determinar qual será o ganho de calor pelas janelas da sala
de computadores.
Resolução da situação-problema
Você tem todas as informações necessárias para a solução dessa nova
problematização. Vamos começar pelo cálculo da Transmissão térmica pelo
vidro. Da Tabela 1.6, tem-se:
Vidro simples, U = 5,9 W m2 K (valor para a estação de verão)
Área do vidro: A = (3)(1,5) = 4,5 m2
qvidro = UA(Te -Ti ) = (5,9)(4,5)(36 - 25) = 292,05W
Para determinar a energia solar que passa através da janela, você precisa do
máximo valor do fator de ganho de calor por insolação, que pode ser obtido na
Tabela 1.9. Considerando a face sul e latitude 32° do mês de julho, temos que:
Veja que o valor de 550,8 W é a energia total que entra pela janela, e esta
deverá ser suprida por um equipamento de resfriamento.
a) -145,7 W.
b) -162,2 W.
c) -345,8 W.
d) -180,0 W.
e) -190,0 W.
Qual deverá ser a carga térmica de resfriamento de um recinto, como mostra a Figura
abaixo, com uma janela de 1,3 m de comprimento por 1 m de altura, com face nordeste,
em um local a 32° latitude norte, no mês de julho? A janela é de folha dupla, com 6
mm de espaço de ar. O vidro e as cortinas interiores, tipo rolô, apresentam um coefi-
ciente de sombreamento combinado de 0,60. A temperatura interna do recinto é de
25 °C , e a externa, 30 °C . Há duas lâmpadas de 200 W funcionando ininterrupta-
mente. Assinale a alternativa correta:
a) 596,6 W. d) 636,2 W.
b) 435,9 W e) 567,2 W.
c) 732,5 W.