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Unidade 1

Termodinâmica
aplicada à
refrigeração e ao
condicionamento
de ar
Mario Eusebio Torres Alvarez
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Sumário
Unidade 1
Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento
de ar ............................................................................................................. 7
Seção 1.1
Sistemas de refrigeração e bombas de calor ................................ 9
Seção 1.2
Mistura de gases ideais e psicrometria ..................................... 25
Seção 1.3
Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento ................. 42
Palavra do autor

P
rezado aluno, hoje em dia nos deparamos bastante com o assunto
desenvolvido neste material sobre refrigeração, ar condicionado e
ventilação. Antigamente, não existia geladeira, e num passado não tão
distante assim, ter um carro sem um sistema de ar condicionado era normal,
assim como quase nenhuma casa tinha condicionador de ar; usávamos
apenas um ventilador nos dias mais quentes. Isso no Brasil, que tem um clima
predominantemente quente. Se considerarmos um país frio, precisaríamos
aquecer o ambiente interno das residências a fim de melhorar o conforto
térmico. Para isso, temos as bombas de calor, que fazem esse trabalho.
Após uma boa leitura deste material, você vai conhecer melhor os
sistemas de refrigeração, seus ciclos envolvidos e como funciona o sistema
de condicionador de ar e a ventilação. A refrigeração foi um passo impor-
tante na vida do ser humano, fornecendo temperaturas baixas, usadas para
diferentes finalidades, com aplicações na indústria de alimentos, em frigo-
ríficos, na indústria de bebidas, nas indústrias química e farmacêutica e na
climatização de ambientes.
A primeira unidade tratará da termodinâmica aplicada à refrigeração e
ao condicionamento de ar para que você conheça e compreenda os conceitos
termodinâmicos aplicados aos sistemas de refrigeração, de bombas de calor
e de condicionamento de ar. Serão apresentadas as equações envolvidas
nesses sistemas e algumas misturas de gases ideais, com análise de sistemas,
abordando, também, a psicrometria. Além disso, abordaremos temas como
condicionamento de ar e torres de resfriamento, conforto térmico, qualidade
do ar e cargas térmicas.
A segunda unidade abordará os sistemas de condicionamento de ar para
um melhor conhecimento e uma melhor compreensão deles e de seus equipa-
mentos. Estudaremos os sistemas de zona simples e de zonas múltiplas, com
volume de ar variável e de água. Além disso, assuntos como circulação de
ar, dimensionamento de dutos, ventiladores centrífugos e distribuição do ar
também serão tratados. Falaremos sobre tubulações, aquecedores e bombas.
Finalizando a unidade, serão apresentados alguns tipos de resfriadores e
desumidificadores de ar e faremos um projeto de um sistema de controle
para condicionadores de ar.
Na terceira unidade, iremos conhecer e compreender os sistemas de refri-
geração e seus equipamentos, começando o estudo com diferentes tipos de
compressores, condensadores, evaporadores e válvulas de expansão. Será
estudado, também, o comportamento do condensador e do evaporador,
finalizando a unidade com a simulação do comportamento do sistema
completo.
Finalmente, a quarta unidade tratará dos sistemas de refrigeração e
bombas de calor. Estudaremos os sistemas multipressão, o separador de
líquido, os sistemas e unidades de refrigeração por absorção, os tipos de
bombas de calor e seu dimensionamento, as torres de resfriamento e, por
fim, a proteção contra incêndios em câmaras refrigeradas, a detecção de
vazamentos e a descarga de amônia.
Agora que você já conhece todos os assuntos que serão abordados, está
na hora de você embarcar nesta viagem rumo à expansão dos seus conheci-
mentos, e saiba que conhecimento é algo que ninguém pode tirar de você.
Desejo que você tenha uma ótima leitura!
Unidade 1

Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao


condicionamento de ar

Convite ao estudo
Como você sabe, no dia a dia, em casa, usamos um refrigerador para
conservar os alimentos, ou, no lugar onde estudamos ou trabalhamos, temos
um condicionador de ar para amenizar o desconforto térmico de dias muito
quentes. A refrigeração é também utilizada em indústrias alimentícias para
a conservação de grandes quantidades de alimentos, assim como na indús-
tria petroquímica, para realizar o resfriamento requerido pelos processos
químicos. Esses sistemas de refrigeração devem ser cuidadosamente proje-
tados para atender às demandas, levando em conta o uso de refrigerantes
menos agressivos ao meio ambiente. Você sabe que um modelamento, do
ponto de vista termodinâmico, pode levar à solução de um projeto de refri-
geração, assim, este material ajudará você a entender e compreender os
conceitos termodinâmicos aplicados a sistemas de refrigeração, sistemas de
bombas de calor, sistemas de condicionamento de ar e seus equipamentos
para, assim, saber analisar sistemas que envolvam misturas, bem como
estimar as cargas térmicas e condições de projeto, resolvendo problemas que
podem ser encontrados na vida profissional.
A fim de colocar esses conceitos em prática, com o seu conhecimento e
compreensão dos processos realizados em um ciclo de refrigeração, imagine
que você foi contratado como engenheiro para trabalhar numa indústria de
laticínios, na qual são fabricados iogurtes e bebidas lácteas. Na indústria, o leite
é recebido dos produtores e armazenado sob refrigeração. Posteriormente, o
leite é enviado na linha de produção para a fabricação de iogurtes e bebidas
lácteas. Após a fabricação, o produto final é estocado em câmaras de refrige-
ração para sua conservação. As vendas e demandas dos produtos fabricados
têm aumentado, com isso a indústria de laticínios precisa expandir a sua
capacidade de produção. Há três situações que precisam ser abordadas para
solucionar os problemas de expansão da fábrica.
Primeiramente, imagine que a equipe de engenheiros da qual você faz
parte está estudando a possibilidade de implementar outra câmara de refri-
geração para a conservação de produtos lácteos, a fim de evitar alterações
das suas propriedades físicas e da qualidade do produto devido aos efeitos
da temperatura ambiente e da umidade do ar que, muitas vezes, acabam
levando à perda total do produto. Para isso, é necessário escolher e projetar
um sistema de refrigeração, determinar a potência do compressor e o coefi-
ciente de desempenho do refrigerador que deverá atender à demanda, além de
cuidar do meio ambiente, com o uso de refrigerantes menos agressivos. Um
segundo problema que você e sua equipe de engenheiros deverão abordar é
a expansão das instalações de trabalho, as quais devem manter um conforto
térmico adequado. Essa equipe propôs instalar um sistema de resfriamento com
desumidificação do ar, que atenda ao clima de verão, para diminuir a tempera-
tura ambiente, e um sistema de aquecimento com umidificação, que atenda ao
clima de inverno. Portanto, é necessário projetar um sistema de resfriamento e
aquecimento e avaliar o consumo de energia de ambos os sistemas.
Finalmente, o terceiro ponto a ser avaliado é o conforto térmico e a quali-
dade do ar das novas instalações de trabalho. Além disso, é necessário deter-
minar qual será a carga térmica total de resfriamento para o verão e qual a
carga térmica de aquecimento para o inverno.
Você pensa que seria possível, com base nos conceitos teóricos, aplicar
o seu conhecimento para outros tipos de indústrias? Nesta unidade, você
aprenderá sobre os ciclos de refrigeração e refrigerantes utilizados, também
fará uso da psicrometria e de suas aplicações no condicionamento de ar, verá
os processos que existem para o condicionamento de ar e, finalmente, verá
as estimativas das cargas térmicas e a determinação de cargas térmicas de
aquecimento e resfriamento.
Seção 1.1

Sistemas de refrigeração e bombas de calor

Diálogo aberto
Frequentemente, você usa em casa um sistema de refrigeração para a
conservação dos alimentos. A refrigeração é utilizada na usinagem e confor-
mação de ligas de metais, na fabricação de produtos metálicos e plásticos,
no resfriamento do fluido de corte em máquinas de usinagem, em secadores
de ar comprimido, utilizados para acionamento de certas máquinas, e na
refinaria de petróleo, para a condensação e separação de hidrocarbonetos
ou no resfriamento de certas reações químicas exotérmicas. De acordo com
a aplicação, existem alguns sistemas de refrigeração específicos, tais como a
refrigeração por compressão de vapor, refrigeração por absorção ou refri-
geração a gás. Além disso, um sistema com função contrária são as bombas
de calor, que, ao invés de resfriar, fornecem calor para um ambiente a ser
aquecido. O funcionamento desse sistema é realizado por ciclos, por meio
de dispositivos internos que realizam processos sobre o refrigerante utili-
zado. Ainda, com as novas regulamentações internacionais, os refrigerantes
utilizados em sistemas de refrigeração devem cumprir requisitos para não
agredir o meio ambiente e, sobretudo, a camada de ozônio do nosso planeta.
Para que possamos colocar esses assuntos em prática, conhecendo e
entendendo como são realizados os cálculos de um sistema de refrige-
ração, imagine que você está trabalhando numa indústria de laticínios que
utiliza sistemas de refrigeração para a conservação dos produtos lácteos. A
fábrica está na fase de ampliações das suas instalações de produção, devido
ao aumento na demanda de laticínios. Um dos pontos a ser resolvido é a
implementação de outro sistema de refrigeração da planta, e a equipe de
engenheiros da qual você faz parte sugere implementar um sistema de refri-
geração por compressão de vapor, que deverá ter uma capacidade de refri-
geração de aproximadamente 10 toneladas, conforme mostra a Figura 1.1.
Figura 1.1 | Ciclo de refrigeração por compressão de vapor a ser instalado

Fonte: elaborada pelo autor.

Seção 1.1 / Sistemas de refrigeração e bombas de calor - 9


Seu líder pede para você realizar o projeto do novo sistema de refrige-
ração, e, para isso, você precisará determinar qual será a potência necessária
do compressor e qual o coeficiente de desempenho do sistema de refrigeração.
Além disso, você precisa determinar o refrigerante a ser utilizado e a vazão
mássica do refrigerante. Uma variação na vazão mássica pode influenciar o
desempenho do equipamento, portanto, será necessário avaliar a variação
da vazão mássica do refrigerante no sistema. Os produtos lácteos deverão
estar sob refrigeração a 5 °C . Então, devido à troca de calor entre o refri-
gerante e os produtos lácteos no evaporador, o refrigerante deverá sair do
evaporador numa temperatura menor para garantir a temperatura de refri-
geração. Considere que o refrigerante sai do evaporador a -12 °C , na forma
de vapor saturado, e é comprimido no compressor a 12 bar, aumentando a
temperatura, o qual é resfriado no condensador, saindo o refrigerante como
líquido saturado a 12 bar. Além disso, 80% de eficiência do compressor deve
ser considerado. Você pode relacionar um ciclo refrigeração isentrópico com
eficiência do compressor? Utilize os conceitos e equacionamento de um ciclo
de refrigeração por compressão de vapor e refrigerantes utilizados.

Não pode faltar


Sistemas de Refrigeração por Compressão de Vapor
No nosso cotidiano, já vimos diversos sistemas de refrigeração, desde o
utilizado em casa para conservação dos alimentos, até os utilizados em indús-
trias de alimentos e frigoríficos para o congelamento. O sistema de refrige-
ração à compressão de vapor se origina a partir do ciclo de refrigeração de
Carnot. A Figura 1.2 mostra o ciclo de refrigeração de Carnot.
Figura 1.2 | Ciclo de refrigeração de Carnot

Fonte: elaborada pelo autor.

Esse ciclo está composto por dois processos isotérmicos e dois processos
adiabáticos. No processo 1-2, o refrigerante é comprimido adiabaticamente,
aumentando a temperatura e a pressão. No processo 2-3, o refrigerante é
resfriado isotermicamente por um condensador à pressão constante. No

10 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


estado 3-4, há uma expansão do refrigerante, em que a temperatura e pressão
diminuem, e, finalmente, no estado 4-1, o refrigerante é parcialmente evapo-
rado à temperatura e pressão constante. Vale ressaltar que o ciclo de Carnot é
um ciclo reversível, portanto, os quatro processos do ciclo de Carnot podem
ser revertidos.
Os sistemas de refrigeração de Carnot não consideram os desvios dos
ciclos de refrigeração real, decorrentes de efeitos como a transferência de
calor entre o refrigerante e a vizinhança e o atrito do fluido que causa quedas
de pressão. Além disso, num sistema real, as transferências de calor são
irreversíveis.
Se ao ciclo de Carnot reverso forem feitas algumas alterações, inserindo
um evaporador e uma válvula de expansão ou um tubo capilar, esse ciclo
se tornaria um ciclo de refrigeração por compressão de vapor, tornando-o,
assim, o ciclo de refrigeração mais utilizado hoje em dia. Na Figura 1.3 é
mostrado um ciclo de refrigeração por compressão de vapor e os 4 processos.
Figura 1.3 | Ciclo ideal de refrigeração por compressão de vapor; (a) ciclo de operação e funcio-
namento; (b) Diagrama T-s do ciclo ideal de refrigeração.

Fonte: elaborada pelo autor.

Na Figura 1.3 (a), você pode observar os quatro processos: compressão,


condensação, expansão e evaporação. Se não fosse considerada a transfe-
rência de calor devido à compressão do refrigerante, o processo 1-2 seria
modelado por uma compressão isentrópica. Em um diagrama T-s (Figura
1.3 (b)), esse processo estaria representado pela etapa 1-2s, que é realizada à
entropia constante. Por outro lado, se no condensador e no evaporador não
fossem assumidas as irreversibilidades, não existiria queda de pressão devido
ao atrito, então, o escoamento do refrigerante ficaria à pressão constante. Os
processos do ciclo ideal de refrigeração, segundo a Figura 1.3 (a), são:
1-2 - Compressão isentrópica do refrigerante do estado 1 (vapor saturado)
ao estado 2s.

Seção 1.1 / Sistemas de refrigeração e bombas de calor - 11


2-3 - Rejeição de calor à pressão constante, do refrigerante até o estado 3
(líquido saturado), na temperatura TC (temperatura do condensador).
3-4 - Estrangulamento ou expansão do refrigerante até o estado 4 (líqui-
do-vapor saturado) através de uma válvula de expansão ou tubo capilar.
4-1 - Transferência de calor à pressão e temperatura constante, para o
refrigerante no evaporador até o estado 1, completando o ciclo na tempera-
tura TE (temperatura do evaporador).
Todos os processos são reversíveis, com exceção da expansão, motivo
pelo qual são chamados de ciclo ideal de refrigeração por compressão de
vapor. Um ciclo ideal de refrigeração por compressão de vapor, como mostra
a Figura 1.3 (b), pode ser modelado termodinamicamente. Assumindo que
o processo é realizado em regime permanente e que o evaporador está no
compartimento da câmera de refrigeração em que acontece a transferência
de

calor,

a taxa de calor transferido ou capacidade frigorífica ( Q E ) é dada por
Q E = m(h1 - h4 ) .
A capacidade frigorífica pode ser expressa em tonelada de refrigeração,
TR, que é a capacidade de um sistema de refrigeração congelar uma tonelada
(2000 lbm) de água líquida em 24 horas. 1 TR equivale a 200 Btu/min, ou 211
kJ/min. Você

deve lembrar que h é a entalpia específica do refrigerante (ex.:
kJ/kg) e m a vazão mássica do refrigerante (ex.: kg/s).
Agora, o refrigerante sai do evaporador e é comprimido no compressor.
Considerando a ausência de transferência de calor no compressor, 
a
taxa

de

potência, 
ou 
simplesmente potência do compressor ( W C ), é

W C = m(h2 s - h1 ) = Q C - Q E . O gás comprimido passa no condensador, no


qual é resfriado, e o calor é transferido
 
à vizinhança. A taxa de transferência
de calor no condensador ( Q C ) é Q C = m(h2 s - h3 ) .
Em seguida, o refrigerante sai do condensador como líquido saturado
(estado 3) e passa pela válvula de expansão, que tem a função de estrangula-
mento, reduzindo a pressão e a temperatura do refrigerante. Nesse processo
de estrangulamento, a entalpia antes e depois de passar pela válvula de
expansão são iguais, ou seja: h4 = h3 .
O coeficiente de desempenho de refrigeração por compressão de vapor
( b ) é a razão

da quantidade de energia na forma de calor retirado no evapo-

rador ( Q E ) pela quantidade de energia consumida pelo compressor ( W C ),
 

expressa por b = Q E = 
QE

.
WC QC - Q E

12 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Até este ponto, vimos como funciona um ciclo ideal de refrigeração por
compressão de vapor. No entanto, um ciclo real considera que não existe
reversibilidade na transferência de calor entre o refrigerante e o evaporador
e entre o refrigerante e o condensador. Além disso, a temperatura do refri-
gerante no evaporador é menor que a temperatura do espaço frio ( TE ), e a
temperatura do refrigerante no condensador é maior que a temperatura do
espaço quente ( TC ), como mostra a Figura 1.4. Esses efeitos acabam levando
a uma diminuição do coeficiente de desempenho com relação ao calculado
pelo ciclo ideal.
Figura 1.4 | Diagrama T-s para o ciclo real de refrigeração por compressão de vapor.

Fonte: elaborada pelo autor.

Um aspecto importante para ser avaliado no ciclo real de refrigeração


por compressão de vapor é a irreversibilidade durante a compressão do refri-
gerante, mostrada no processo da linha 1-2, acompanhando o aumento da
entropia, já a linha do 1-2s mostra um processo reversível, que é o caso do
ciclo ideal. Comparando os ciclos real e ideal, a capacidade de refrigeração
deverá ser a mesma. No entanto, a potência do ciclo real deverá ser maior que
a do ciclo ideal, assim, o coeficiente de desempenho do ciclo real será menor
que o do ciclo ideal. Esse efeito de compressão irreversível pode ser melhor
compreendido usando o conceito da eficiência isentrópica ( hC ), que é dada

(W C )isentropico h2 s - h1
por hc = 
= .
(W C ) h2 - h1

Essa equação mostra a relação entre a potência do compressor para o


ciclo ideal comparada à do ciclo real.

Assimile
Para o ciclo real de refrigeração, não existe efeito de reversibilidades na
transferência de calor no evaporador, condensador e compressor. Portanto,

Seção 1.1 / Sistemas de refrigeração e bombas de calor - 13


a potência no compressor do refrigerador deverá ser maior e o coeficiente
de desempenho menor, comparado ao ciclo ideal de refrigeração.

Refrigerantes
Existem algumas propriedades para um refrigerante ser considerado bom
para uso comercial, entre elas: não ser tóxico, ter um baixo ponto de ebulição,
ter um calor latente alto, ser fácil de se liquefazer em temperatura e pressão
moderadas, não ser corrosivo para metais, não ser afetado pela umidade e se
misturar bem com óleo.
Os refrigerantes são classificados entre as classes 1, 2 e 3, a depender de
extraírem ou absorverem calor das substâncias que irão resfriar. Os refrige-
rantes da Classe 1, tais como o dióxido de enxofre, cloreto de metila, cloreto
de etila, amônia, dióxido de carbono, Freon 11, Freon 12, Freon 21 e Freon
22, resfriam pela extração ou absorção do calor das substâncias que serão
resfriadas por meio dos seus calores latentes. Os da Classe 2, tais como o ar,
salmoura de cloreto de sódio ou cálcio e álcool, resfriam as substâncias pela
absorção de seus calores sensíveis. Os da Classe 3 são compostos de soluções
que carregam vapores liqueficáveis, que produzem, pela absorção dos calores
latentes, um efeito refrigerante, por exemplo, a solução composta por amônia
pura e água destilada, conhecida também por água amoniacal. A depender
do uso destinado (doméstico, comercial ou industrial), sempre haverá uma
análise a ser feita para decidir qual refrigerante utilizar.
De acordo com o Protocolo de Montreal (1987), foi exigida a eliminação
dos clorofluorcarbonos (CFCs), pois destroem a camada de ozônio. Os
hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), como o R134a, são usados em refrige-
ração e ar condicionado de automóveis e são a melhor opção porque agridem
menos a camada de ozônio. Um exemplo de CFCs é o R-22, bastante usado
em bombas de calor e sistemas de condicionamento de ar instalados em
residências, porém, devido a seu alto conteúdo de cloro e agressão à camada
de ozônio, deverá ser substituído por outros refrigerantes. Os refrigerantes
naturais seriam a melhor opção e já estão sendo usados; entre eles temos a
amônia (R717), dióxido de carbono (R744) e alguns hidrocarbonetos, como
o propano (R290), o metano (R50) e o butano (R600).

Refrigeração por Absorção


A refrigeração por absorção se torna interessante economicamente
quando existem fontes de energia térmica entre 100 e 200 °C , tais
como a energia geotérmica, a energia gerada pelas usinas de cogeração,
energias geradas para a produção de vapor para processos ou, até

14 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


mesmo, a energia solar. Esse ciclo é similar ao de compressão de vapor,
porém, diferencia-se em 2 pontos: primeiramente, em vez de usar o
compressor no ciclo de refrigeração, é utilizado um líquido absorvente
para absorver o gás refrigerante procedente do evaporador, formando
uma solução líquida; em segundo lugar, após o refrigerante ser absor-
vido pelo líquido absorvente, ele precisa ser separado do líquido antes
do refrigerante entrar no condensador, e, para isso, torna-se necessária
a instalação de uma fonte térmica que esteja a uma temperatura alta.
Na refrigeração por absorção podem ser utilizadas fontes térmicas mais
baratas, como a energia solar, o vapor, que é muitas vezes descartado
em indústrias, e, até mesmo, a queima de um gás natural. A Figura 1.5
mostra o ciclo de refrigeração por absorção.
Figura 1.5 | Ciclo de refrigeração por absorção utilizando amônia

Fonte: elaborada pelo autor.

Na Figura 1.5, o refrigerante (amônia) que sai do evaporador entra no


absorvedor para ser dissolvido em água líquida, no qual acontece uma reação
exotérmica, ou seja, que aumenta a temperatura e libera calor. O aumento
da maior quantidade possível de amônia em água é favorecido a tempera-
turas baixas, portanto, é necessário resfriar o absorvedor, mantendo a água
em recirculação para que permaneça a uma temperatura baixa. Em seguida,
a solução rica em amônia é bombeada ao gerador, onde é fornecido calor
a partir de uma fonte de energia térmica para liberar amônia. O vapor de
amônia passa para o retificador, onde é separado da água, que volta para o
gerador enquanto o vapor de amônia segue para o condensador, continu-
ando o ciclo do processo de refrigeração.
Os sistemas de refrigeração por absorção são mais caros que os sistemas de
refrigeração por compressão de vapor, exigem espaço maior, pois requerem
torres de resfriamento maiores, e são menos eficientes. No entanto, seu uso
pode ser indicado quando a energia térmica utilizada for mais barata que a

Seção 1.1 / Sistemas de refrigeração e bombas de calor - 15


energia elétrica. Um outro sistema de refrigeração que podemos mencionar é
a refrigeração por adsorção. Ela é similar à refrigeração por absorção, porém,
ao invés de usar um líquido, é usado um sólido como adsorvente. Esse
sistema está baseado na adsorção do gás refrigerante que sai do evaporador
por um sólido (adsorvente), e, após o aumento da temperatura e pressão, o
refrigerante alcança o ponto crítico de condensação, voltando ao seu estado
líquido no condensador. Logo, o refrigerante passa na válvula de expansão,
diminuindo a temperatura e pressão, seguindo para o evaporador, fechando
o ciclo. Esse sistema de refrigeração é pouco utilizado e poucas aplicações
são encontradas.
Sistemas de Bombas de Calor
O sistema de bombas de calor tem a finalidade de fornecer calor para
aquecimento, ao invés de extrair calor de um meio, como o sistema de
refrigeração. As bombas de calor podem funcionar por compressão de
vapor, usando um refrigerante como fluido de trabalho, ou por absorção,
e são aplicadas para aquecimento de ambientes ou fins industriais. Você
deve lembrar da operação de uma bomba de calor de Carnot, a qual
precisa de uma fonte fria para extrair calor, que será transferido para
o espaço a ser aquecido. As bombas de calor de Carnot não levam em
conta os efeitos de transferência de calor no condensador e evaporador
nem as quedas internas de pressão, como nos ciclos de refrigeração por
compressão de vapor. Portanto, numa bomba de calor real, esses efeitos
devem ser considerados. A Figura 1.6, ilustra a operação de uma bomba
de calor por compressão de calor.
Figura 1.6 | Bomba de calor por compressão de vapor

Fonte: elaborada pelo autor.

No tipo de bomba de calor por compressão de vapor, que é o mais comum


para aquecimento, o evaporador está em contato termicamente com o ar
atmosférico. Essas bombas de calor que usam o ar como fonte também são
usadas para resfriamento no verão, basta colocar uma válvula de reversão. De
acordo com a Figura 1.6, o coeficiente de desempenho para uma bomba de

16 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar



QC h2 - h3
calor por compressão de vapor ( g ) será g = 
= .
WC h2 - h1

Observe que, se o espaço frio tiver uma temperatura muito fria, não
haverá uma troca de calor efetiva no evaporador e, portanto, o coeficiente
de desempenho da bomba de calor será baixo. Assim, será necessário que o
ambiente frio tenha uma temperatura constante, tal como o ar. Os cálculos de
potência e de calor retirado do evaporador seguem o mesmo procedimento
que para o ciclo de refrigeração por compressão de vapor.

Exemplificando
Considere uma bomba de calor que fornece calor a uma casa para manter
a temperatura a 25°C. Refrigerante 134a no estado de vapor saturado
entra no compressor a -4°C e sai a 50°C e 10 bar. No condensador, o
refrigerante entra a 10 bar, saindo como líquido saturado. Qual será a
potência do compressor e o coeficiente de desempenho se a vazão do
refrigerante é de 0,15 kg/s?
Solução. Veja a Figura 1.6, as propriedades termodinâmicas para os
estados são dadas na Tabela 1.1

Tabela 1.1 | Propriedades do refrigerante 134a.


Estado T( °C ) p (bar) h (kJ/kg)
1 -4 2,5274 244,90
2 50 10 280,19
3 39,39 10 105,29
4 texto 2,5274 105,29

Fonte: Moran et al. (2018, p.725-729).

A potência do compressor está dada por:


kg kJ
W c = m (h2 - h1 ) = 0,15 (280,19 - 244,90) = 5,29 kW
s kg
O coeficiente de desempenho será:

QC h2 - h3 (280,19 -105,29) kJ kg
g= 
= = = 4,95 » 5,0
WC h2 - h1 (280,19 - 244,90) kJ kg

Portanto, a potência requerida pelo compressor será de 5,29 kW e o


coeficiente de desempenho da bomba será de 5.

Sistemas de refrigeração a gás


Este sistema de refrigeração tem várias aplicações, pois atinge tempera-
turas baixas. Uma aplicação é na liquefação de ar e outras aplicações para o

Seção 1.1 / Sistemas de refrigeração e bombas de calor - 17


resfriamento de gases. O ciclo de refrigeração de Brayton é um sistema de
refrigeração a gás representado na Figura 1.7 (a). O ar pode ser considerado
o refrigerante. Temos que o ar é comprimido no compressor, que eleva a sua
temperatura e a sua pressão. Usando um trocador de calor, é retirado calor
até uma temperatura próxima do espaço quente. Em seguida, o gás é expan-
dido por meio de uma turbina, atingindo uma temperatura bem inferior à
do espaço frio e completando o ciclo. A Figura 1.7 (b) mostra o diagrama
T-s internamente reversível (ciclo 1-2s-3-4s), com a turbina e o compressor
funcionando adiabaticamente e o ciclo considerando os efeitos de irreversi-
bilidades na turbina e compressão adiabática.
Figura 1.7 | (a) Ciclo de refrigeração Brayton, (b) Diagrama T-s

Fonte: elaborada pelo autor.

Assumindo que o ar (refrigerante) se comporta como um gás ideal, a


P2 P2 r
razão de pressão no compressor ( r ) é r = = , em que P1r e P2r são a
P1 P1r
pressão reduzida nos estados 1 e 2, respectivamente, e estão reportadas em
tabelas termodinâmicas. A pressão reduzida de um gás é razão da pressão
do gás pela pressão crítica. A potência líquida de acionamento para o ciclo
real ( W ciclo ) é dada pela

diferença

entre a potência
 
do compressor ( W c ) e a
potência da turbina ( W t ), por W ciclo = W c -W t = m éëê(h2 - h1 ) -(h3 - h4 )ùûú .
Finalmente, o coeficiente

de desempenho ( b ) está dado pela razão entre
a carga de refrigeração ( Q ent ) e a potência líquida de acionamento ( W ciclo ),

Q ent h1 - h4
dada pela equação b = = .

W c -W t

( 2 1 ) -(h3 - h4 )
h - h

Reflita
No ciclo ideal de refrigeração por compressão a vapor, após o refrige-
rante ser resfriado no condensador, ingressa no dispositivo de expansão

18 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


a fim de diminuir a sua temperatura. Se esse dispositivo for substituído
por uma turbina, poderia obter temperaturas baixas?

Pesquise mais
Mais informações sobre sistemas de refrigeração podem ser encon-
tradas nas páginas 478 a 489 do Capítulo 11, do livro a seguir:
ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH
Editora Ltda., 2013.

Os sistemas de refrigeração e bombas de calor são muito empregados nas


diversas áreas das engenharias. Assim, os pontos abordados e as equações
desenvolvidas nesta seção ajudarão você a ter uma visão maior para a solução
de problemas.

Sem medo de errar


Vamos lembrar que você Figura 1.8 | Ciclo ideal de refrigeração por com-
está trabalhando numa pressão de vapor.
indústria de laticínios que
está aumentando sua capaci-
dade de produção, e será
necessário implementar um
sistema de refrigeração. A
equipe de engenheiros da
qual você faz parte sugere
um sistema de refrigeração
por compressão de vapor e
o seu líder pede para você
elaborar o projeto, determi-
nando qual será a potência do Fonte: elaborada pelo autor.
compressor e o coeficiente de
desempenho do sistema de refrigeração, sabendo que a capacidade de
refrigeração do novo sistema de refrigeração será de 10 toneladas. Você
precisa determinar o refrigerante a ser utilizado e avaliar a influência da
variação da vazão mássica no sistema de refrigeração.
Sabe-se que os produtos lácteos deverão estar sob refrigeração a
5 °C , portanto, sugere-se que o refrigerante saia do evaporador a -12 °C
e seja comprimido até 12 bar, além disso, você sabe que o refrigerante na
saída do condensador deve estar como líquido saturado e a eficiência do
compressor deve ser de 80%. Para começar, vamos lembrar o ciclo ideal
de refrigeração por compressão de vapor, ilustrado num diagrama T-s,
mostrado na Figura 1.8, que mostra as etapas do ciclo de refrigeração.

Seção 1.1 / Sistemas de refrigeração e bombas de calor - 19


Quanto à seleção do refrigerante, você deverá ter cuidado com a sua
escolha, pois é preciso se conscientizar de que é preciso cuidar do nosso
planeta para evitar impactos ambientais. Temos que o refrigerante R-12 e
toda a linha de freons estão sendo substituídos por outros refrigerantes que
não agridam a camada de ozônio, porém, que tenham as mesmas caracte-
rísticas de refrigeração. Um refrigerante alternativo, que tem mostrado bom
desempenho e vem sendo utilizado em sistemas de refrigeração, é o R-134a.
Portanto, o refrigerante que você poderá escolher é esse. As entalpias especí-
ficas para R-134a estão reportadas nas Tabelas 1.2 e 1.3.
Tabela 1.2 | Propriedades do refrigerante R-134a líquido-vapor saturado

T ( °C ) P (bar) hlíquido (kJ/kg) hvapor (kJ/kg) svapor (kJ/kg K)


-12 1,854 240,15 0,9267
44 11,299 112,22
48 12,526 118,35
Fonte: adaptada de Moran et al. (2018).

Tabela 1.3 | Propriedades do refrigerante R-134a vapor superaquecido


P = 12,0 bar
T ( °C ) h (kJ/kg) s (kJ/kg K)
50,0 275,52 0,9164
60,0 287,44 0,9527
Fonte: adaptada de Moran et al. (2018).

Segundo a Figura 1.8, o processo 4-1 é o processo de evaporação, pelo


qual será retirado calor dos produtos lácteos. Como você sabe, a capacidade
de refrigeração será de 10 toneladas, então, o calor retirado no evaporador,
æ ö÷æ
ç 211 kJ ö
min ÷÷÷çç1min ÷÷ = 35,17 kJ = 35,17 kW .

expressado em kW, é QE = 10 tonççç ÷ ç ÷÷
ç 1ton ÷÷çè 60 s ÷ø s
çè ø

Além disso, você sabe que a entalpia específica é h4 = h3 , e que h3


corresponde a líquido saturado na pressão de 12 bar, a mesma pressão na
saída do compressor. Na Tabela 1.2, a entalpia h3 é calculada por inter-
polação para a pressão de 12 bar, sendo que h3 = 115,72 kJ/kg, correspon-
dendo a uma temperatura de saída do condensador igual a 46,3 °C . O
valor de h3 também pode ser extraído diretamente na pressão de 12 bar,
nas tabelas de líquido-vapor saturado para o refrigerante R134a, do livro de
Moran et al. (2018, p.767). Se h4 = h3 , a vazão mássica do refrigerante será
35,17 kJ

  
QE s kg .
Q E = m(h1 - h4 ) Þ m = = = 0,2826
(h1 - h4 ) (240,15 -115,72) kJ s
kg

20 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Avaliando a vazão mássica, veja que o valor calculado corresponde
a uma capacidade de refrigeração de 10 toneladas. Se a vazão mássica
for menor, o sistema de refrigeração não atingirá a capacidade de refri-
geração, e, se for maior, haverá um sobredimensionamento do sistema
de refrigeração.
Considerando o compressor adiabático e isentrópico, h2s é determi-
nado assumindo que s2 = s1 . Interpolando, a partir dos dados da Tabela
1.3, para s1 = 0,9267 , encontra-se o valor de h2 s = 272,90 kJ/kg. Sabemos
que o refrigerante na entrada do compressor está como vapor saturado a
-12 °C . Da Tabela 1.2, temos que h1 = 240,15 kJ/kg. Finalmente, a potência do
compressor e o coeficiente de desempenho do ciclo ideal de refrigeração por
compressão de vapor serão:
 
kg
W C = m(h2 s - h1 ) = 0,2826 (272,90 - 240,15) = 9,26 kW
 s
QE 35,17
b= 
= = 3,8
WC 9,25

Se a eficiência do compressor não deve passar de 80%, a potência real do


compressor será:
 
(W C )isentropico h - h1  (W C )isentropico 9,26 kW
hc = 
= 2s Þ WC = = = 11,58 kW
(W C ) h2 - h1 hc 0,8

Veja que os resultados para o sistema de refrigeração por compressão


de vapor a ser instalado para a refrigeração de 10 toneladas de produtos
lácteos indicam que será necessário um sistema de refrigeração com
11,58 kW de potência no compressor, fornecendo um coeficiente de
desempenho de 3,8.

Avançando na prática

Aquecimento de um ambiente por meio de uma


Bomba de Calor

Descrição da situação-problema
Você, engenheiro, está trabalhando numa empresa que fabrica
bombas de calor e seu líder tem um projeto para aquecimento de uma
sala de trabalho de uma indústria por meio de uma bomba de calor,
representada na Figura 1.9.

Seção 1.1 / Sistemas de refrigeração e bombas de calor - 21


Figura 1.9 | Aquecimento de um ambiente por uma Bomba de Calor

Fonte: elaborada pelo autor.

Seu líder precisa saber qual será o calor fornecido e o coeficiente de


desempenho de uma bomba de calor que tem um compressor de 7 kW. Você
foi escolhido para resolver o problema, e as informações que você tem da
bomba de calor são: refrigerante R134a, a entalpia específica na saída do
compressor, a 50 °C e 10 bar, é de h2 = 280,19 kJ/kg. A entalpia específica na
saída do condensador a 10 bar h3 = 105,28 kJ/kg e a vazão mássica do refri-
gerante é de 0,09 kg/s.

Resolução da situação-problema
Você lembra que o ciclo de um sistema de bomba de calor por compressão
de vapor é similar ao ciclo de refrigeração por compressão de vapor. Você
também sabe que o refrigerante na saída do compressor está a 50 °C e 10 bar,
e sua entalpia específica é de h2 = 280,19 kJ/kg. Na saída do condensador,
você sabe que a entalpia específica é de h3 = 105,28 kJ/g. Portanto, a taxa de
calor fornecida ao ambiente a ser aquecido é:
 
kg kJ
Q C = m(h2 - h3 ) = 0,09 (280,19 -105,28) = 15,74 kW
s kg
O coeficiente de desempenho da bomba de calor será:

QC 15,74
b= 
= = 2,25
WC 7

Assim, os resultados mostram que, para 2,25 kW de calor fornecido pela


bomba de calor, 1 kW de energia é necessário.

Faça valer a pena


1 . O sistema de bombas de calor e o ciclo de refrigeração são iguais, porém,
possuem objetivos diferentes, pois o sistema de bombas de calor fornece calor
ao ambiente e a refrigeração resfria o ambiente. Dentre os ciclos de refrige-

22 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


ração, temos o ciclo de refrigeração por compressão de vapor, por absorção, por
adsorção e ciclo Brayton.

Considerando os sistemas de refrigeração estudados, qual é o único ciclo em que um


sólido é utilizado como parte do processo? Assinale a alternativa correta.

a) Ciclo de refrigeração Brayton.


b) Ciclo de refrigeração por compressão de vapor.
c) Ciclo de refrigeração por absorção.
d) Ciclo de refrigeração por adsorção.
e) Ciclo de bomba de calor por compressão de vapor.

2. As bombas de calor são equipamentos que fornecem calor a um ambiente que


precisa ser aquecido e são utilizadas, geralmente, para aquecimento de casas e
ambientes de grande dimensão. Existem as bombas de calor geotérmicas, que trocam
calor entre o solo e o ambiente a ser aquecido e são mais eficientes que as bombas de
calor, que trocam calor entre o ar e o ambiente a ser aquecido, porém, os custos de
instalação podem ser mais elevados.

Uma casa é aquecida a 22 °C com uma bomba de calor por compressão de vapor. O
refrigerante R134a entra no compressor a uma temperatura de 8 °C e é comprimido
até 12 bar de pressão. Determine qual é o trabalho por unidade de massa realizado
pelo compressor.

a) 25,0 kJ/kg.
b) 19,2 kJ/kg.
c) 24,1 kJ/kg.
d) 20,2 kJ/kg.
e) 23,3 kJ/kg.

3. O ciclo Brayton foi inicialmente desenvolvido para ser usado em motores alter-
nativos. Hoje em dia, é utilizado em turbinas a gás que, acopladas a um compressor
e a trocadores de calor, resultam em um motor a gás. Esse ciclo, quando invertido,
resulta em um ciclo de refrigeração Brayton, que tem várias aplicações, tais como
o sistema de arrefecimento e de condicionamento de ar em aviões a jato. Uma das
maiores aplicações é na indústria do gás natural, em que o ciclo Brayton é utilizado
para o resfriamento do gás natural liquefeito (GNL).

Considere ar ingressando num compressor de um ciclo de refrigeração Brayton ideal


a uma pressão de 102 kPa e 300 K (26,9 °C ). A razão de pressão do compressor é 2,75.

Seção 1.1 / Sistemas de refrigeração e bombas de calor - 23


A temperatura que sai do trocador de calor e entra na turbina é de 325 K (51,9 °C ).
Qual será o trabalho de acionamento por unidade de massa (kJ/kg) e o coeficiente de
desempenho do sistema de refrigeração?

 
a) W ciclo m =12,9 ; b = 3,5 .
 
b) W ciclo m =11,5 ; b = 4,9 .
 
c) W ciclo m =12,9 ; b = 4,9 .
 
d) W ciclo m =12,2 ; b = 3,9 .
 
e) W ciclo m =10,5 ; b = 5,2 .

24 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Seção 1.2

Mistura de gases ideais e psicrometria

Diálogo aberto
Em muitas regiões do Brasil, em épocas de inverno, quando a temperatura
diminui, a umidade relativa do ar também diminui, causando, muitas vezes,
situações de alerta para diferentes cidades, como na região Sudeste do Brasil.
Por outro lado, existem lugares que apresentam elevadas umidades relativas
em épocas de inverno ou verão, o que acaba prejudicando o conforto das
pessoas e do ambiente de trabalho. Para contornar esses problemas, existem
processos de umidificação ou desumidificação do ar, usados para aumentar
ou diminuir a umidade relativa do ar em diferentes ambientes, como casas
ou centros de trabalho. Isso pode ser tratado a partir dos processos de condi-
cionamento do ar e o uso da psicrometria, que é uma ferramenta importante
que trata das propriedades do ar úmido. Note que o ar é uma mistura de
vários componentes e suas propriedades e sua composição devem ser deter-
minadas a partir dos componentes presentes na mistura.
Vamos retomar o contexto apresentado anteriormente, em que você está
trabalhando como engenheiro numa indústria de laticínios, na qual são fabri-
cados iogurtes e bebidas lácteas. Devido ao aumento nas vendas, a indústria
tem aumentado a sua produção e, com isso, a expansão dos ambientes de
trabalho e das linhas de produção se tornaram necessárias. Para não sofrer
alterações no conforto térmico dos novos ambientes de trabalho, uma equipe
de engenheiros está propondo instalar um sistema de resfriamento e desumi-
dificação do ar que atenda às necessidades impostas nas estações de verão para
diminuição da temperatura ambiente. Lembre-se de que nas estações de verão,
a umidade relativa do ar é geralmente alta. Por outro lado, nas estações de
inverno, a equipe de engenheiros deseja instalar um sistema de aquecimento
com umidificação, porque nesta estação, o ar apresenta umidades relativas do
ar baixas, e para manter o conforto térmico, é necessário aumentar a umidade
do ar. Para ilustrar melhor, a Figura 1.10 mostra o sistema de resfriamento e
desumidificação e o sistema de aquecimento e umidificação.
Figura 1.10 | Ilustração (a) Resfriamento e desumidificação; (b) Aquecimento e umidificação

Fonte: elaborada pelo autor.

Seção 1.2 / Mistura de gases ideais e psicrometria - 25


Numa reunião da equipe de engenheiros, o seu líder pede para você
assumir esta tarefa e determinar qual será o gasto energético e o consumo de
energia para o resfriamento e a desumidificação do ar e para o aquecimento
e a umidificação. Vamos pensar que, na estação de verão, a temperatura é de
35 ºC e umidade relativa de 70%. Vamos também pensar que a vazão de ar
necessária que deverá entrar nos ambientes de trabalho seja de 35 m 3 min .
O ar na saída deverá ser saturado a 25 ºC. A pressão da cidade é de 1 atm.
Na estação de inverno, a temperatura é 15 ºC e a umidade de 20%. Portanto,
é necessário manter a umidade relativa na saída dos ambientes de trabalho
a 50% e a temperatura a 25 ºC. Considere a vazão de ar na entrada a mesma
que na estação de verão. Será que a umidade específica do ar pode ser deter-
minada a partir de outras propriedades além da massa de cada componente?
A mistura de vapor de água e ar poderia ser considerada como gás ideal?
Como podemos determinar o consumo de energia para resfriamento ou
aquecimento?
Para solucionar essa problematização, você precisará dos conceitos apren-
didos sobre a análise de sistemas que envolvem misturas, assim como o uso
de cartas psicrométricas, e, também, sobre condicionamento de ar.

Não pode faltar


Misturas de gases ideais
Para descobrimos as propriedades de uma mistura é necessário conhecer a
composição e as propriedades dos componentes individuais. A análise pode ser
feita a partir de uma análise molar ou mássica, sendo que a massa, o número de
mols e a massa molecular de um componente i são relacionados por:
mi
ni =
Mi
Se consideramos uma mistura de dois ou mais componentes, a compo-
sição da mistura é dada pela massa ou pelo número de mols de cada compo-
nente. Sabemos que a massa total de uma mistura (m), em kg, é a soma da
massa de todos os componentes da mistura, e de maneira análoga, temos o
número de mols total de uma j
mistura (n). Então, podemos expressar como:
j
m = m1 + m2 +×××+ m j = å mi e n = n1 + n2 +×××+ n j = å ni
i=1 i=1

A massa de um componente dividido pela massa total é chamada de


fração mássica ( mfi ), que é um adimensional. Da mesma forma, o número
de mols de um componente dividido pelo número de mols total é chamado
de fração molar (y). Elas estão definidas pela seguinte equação:
mi ni
mf i = e yi =
m n

26 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Veja que a soma das frações mássicas de todos os componentes deve ser
igual a 1. A fração mássica é chamada também de análise gravimétrica e a
determinação das frações molares é chamada de análise molar ou de análise
volumétrica, sendo expressas como:
j j
1 = å mf i e 1 = å yi
i=1 i=1

Para uma mistura com vários componentes, a massa molecular aparente


ou média (M) de uma mistura está definida pela razão entre a massa total (m)
e o número de moles total (n), como:
m n1M1 + n2 M 2 +×××+ n j M j j
M=
n
=
n
= y1M1 + y2 M 2 +×××+ y j M j = åyM
i=1
i i

Agora vamos pensar num gás ideal, que pode ser definido como o gás
cujas moléculas estão bem distanciadas a fim de não existir interação entre
elas. Por outro lado, um gás real tem um comportamento muito aproximado a
um gás ideal, quando o gás está a baixas pressões ou a altas temperaturas, isto
em relação ao ponto crítico. O comportamento de um gás ideal está baseado
em duas leis: a lei de Dalton, que assume que a pressão (p) de uma mistura de
gases ideais é igual à soma das pressões individuais que cada gás exerceria se
estivesse sozinho a uma temperatura (T) e volume (V) da mistura, e a lei de
Amagat, a qual assume que o volume de uma mistura de gases ideais é igual
à soma dos volumes parciais de cada gás que estão em determinada tempera-
tura e pressão da mistura.

Assimile
Os valores da fração mássica dos componentes de uma mistura são
sempre diferentes dos valores da fração molar, pois quando você tem
fração molar, a fração mássica é calculada usando a massa molecular dos
componentes individuais.

Segundo a lei de Dalton, a pressão total de uma mistura de gases é


igual à soma das pressões parciais de cada gás ou componente, dada
j

por: p = p1 + p2 +×××+ pi = å pi . A pressão parcial do componente “i” é


i=1
n RT
dada pela equação dos gases ideais por: pi = i V , ou também, pela

lei de Amagat o volume de componente i é dado por: Vi = ni RT p . Se


dividimos essas duas equações pela pressão e volume total respectiva-
mente, temos que:

Seção 1.2 / Mistura de gases ideais e psicrometria - 27


pi Vi ni
= = = yi
p V n
Em que ni é o número de moles do componente i, T é a temperatura
(K), R é a constante dos gases e V é o volume total da mistura. Portanto,
a pressão parcial do componente i é igual a: pi = yi p .
Também podemos dizer que, segundo a lei de Amagat, o volume
parcial do componente i é igual a Vi = yiV e o volume total é dado por
j
V = å Vi . Outras propriedades, em base mássica, para uma mistura de
i=1
i componentes são:

Entalpia da mistura: H = m1h1 (T ) + m2h2 (T ) + ... + mi hi (T ) (kJ )


Energia interna da mistura: U = m1u1 (T ) + m2u2 (T ) + ... + mi ui (T ) (kJ )
Calor específico da mistura: C p = (mf1 )c p1 (T ) + (mf 2 )c p 2 (T ) + ... + (mf i )c pi (T ) (kJ / kg × K )

Em que h1 , h2 , u1 , u2 , c p1 , e c p 2 são a entalpia (h) em kJ kg , energia


interna (u) em kJ kg e capacidade calorífica ( c p ) em kJ kg × K dos
componentes 1 e 2, respectivamente.

Exemplificando
Uma mistura gasosa é composta por dióxido de carbono ( CO2 ),
monóxido de carbono (CO) e oxigênio ( O2 ), com frações mássicas
de 0,30, 0,20 e 0,5, respectivamente. Qual é o calor específico da
mistura a 350 K se o calor específico do CO2 é de 0,895kJ
kJ kg × K , do
CO 1,043kJ
kJ kg × K e O2 de 0,928kJ
kJ kg × K ?
Solução: o calor específico de cada componente é conhecido, assim
como suas frações mássicas. Então, o calor específico da mistura
será:
C p = (mf CO2 )c pCO2 (350) + (mf CO )c pCO (350) + (mf O2 )c pO2 (350) (kJ / kg × K )
C p = (0,30)(
)(0,895) + (0,2)(
)(1,043) + (0,5)(
)(0,928) = 0,9411kJ / kg × K
O calor específico da mistura é de 0,9411kJ / kg × K

Análise de sistemas que envolvem misturas


Para a análise de sistemas que envolvem misturas não reagentes, os
princípios da conservação da massa e energia são utilizados. Na Figura 1.11,
tem-se o caso de misturas de gases ideais não reativos que passam por um
processo. A Figura 1.11 mostra um gás ideal não reativo passando por um
processo do estado 1 ao estado 2.

28 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Figura 1.11 | Processo para uma mistura de gases ideais não reativos

4 mols A 4 mols A
5 mols B 5 mols B
. .
. .
. .
X mols i X mols i
T1 , p1 T2 , p2

Fonte: elaborada pelo autor.

Reflita
Aqui tratamos de misturas de gases ideais não reativos, na qual os
números de mols no início e fim permanecem iguais. Se uma mistura
for composta por gases reativos, a uma determinada pressão e tempe-
ratura, o número de mols e o valor da entalpia no estado final devem
mudar? A expressão da entalpia será a mesma?

No estado 2, podemos verificar que o número de mols de cada compo-


nente e a composição permanecem constantes. Portanto, para obter as
propriedades da mistura de gás ideal não reativo, basta somar as proprie-
dades de cada componente puro. Assim, a energia interna no estado 1 e 2
estão expressas por:
j
U1 = nAuA (T1 ) + nBuB (T1 ) + ... + ni ui (T1 ) = å ni ui (T1 ) (kJ )
i=1
j
U 2 = nAuA (T2 ) + nBuB (T2 ) + ... + ni ui (T2 ) = å ni ui (T2 ) (kJ )
i=1

Da mesma forma, para a entalpia e entropia, as expressões são:


j j
H1 = å ni hi (T1 ) H 2 = å ni hi (T2 ) (kJ )
i=1 i=1
j j
S1 = å ni si (T1 , pi1 ) S2 = å ni si (T2 , pi 2 ) (kJ / K )
i=1 i=1

Em que ui e hi são a energia interna e entalpia em kJ mol e si a entropia


em kJ mol × K do componente i.
A variação da energia interna, entalpia e entropia resulta da diferença
entre os estados final e inicial. Se dividimos pelo número total de
mols, n, teremos a variação destas propriedades por mol de mistura.
Assim:

Seção 1.2 / Mistura de gases ideais e psicrometria - 29


j j
DU = U 2 -U1 = å ni [ui (T2 ) - ui (T1 )] divindo por n Þ Du = å yi [ui (T2 ) - ui (T1 )]
i=1 i=1
j j
DH = H 2 - H1 = å ni éêhi (T2 ) - hi (T1 )ùú divindo por n Þ Dh = å yi éêhi (T2 ) - hi (T1 )ùú
i=1
ë û i=1
ë û
j j
DS = S2 - S1 = å ni [ si (T2 , pi 2 ) - si (T1 , pi1 )] divindo por n Þ D s = å yi [ si (T2 , pi 2 ) - si (T1 , pi1 )]
i=1 i=1

Temos que ui e hi podem ser encontrados na Tabela A-23 como função


da temperatura (MORAN et al., 2018, p.788-791) para Ar, CO2, CO, Vapor
de água, O2 e N2 modelados como gases ideais.

Pesquise mais
Para relembrar como se utilizam as tabelas termodinâmicas, você pode
encontrar um exercício prático usando dados de ui e si a partir da
Tabela A-23 no capítulo 12, páginas 602-603, do livro:
MORAN, M. J. et al. Princípios de Termodinâmica para Engenharia. 8.
ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2018.

Psicrometria, psicrômetros e cartas psicrométricas.


A Psicrometria é o estudo de misturas que envolvem ar seco e vapor de
água. O ar úmido é constituído por uma mistura binária de ar seco e vapor
de água, podendo cada componente da mistura ser tratado como gás ideal.
Então, a pressão parcial do ar ( pa ) e do vapor de água ( pv ) são iguais a
pa = y a p e pv = y v p , em que y a e y v são as frações molares do ar e do vapor
de água, respectivamente. O ar saturado é uma mistura de ar seco e de vapor
de água saturado; a composição do ar úmido é expressa em termos da razão
de mistura, chamada também de umidade específica ( w ), definida como a
razão da massa do vapor de água e a massa do ar seco:
mv
w=
ma

Em que mv é a massa molar do vapor da água, ma a massa do ar seco.


A pressão da mistura é dada pela soma das pressões parciais do ar seco e
do vapor de água ( p = pa + pv ) . Então, usando a equação dos gases ideais, a
razão da mistura será:
mv M v pvV RT M v pv pv
w= = = = 0,622
ma M a paV RT M a pa p - pv

Temos que 0,622 é o resultado da razão entre a massa molar da água, M v


(18,015 g/mol) e do ar seco, M a (28,964 g/mol).

30 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


O ar úmido também pode ser expresso em função da umidade relativa ( f
), que é a razão das frações molares do vapor de água ( yv ) e a fração molar de
uma amostra de ar úmido saturado ( yv ,sat ) à mesma pressão e temperatura da
mistura. Se pv = yv p e pv ,sat = yv ,sat p , então, a equação resulta em:
yv pv p
f= ou também f= = v
yv ,sat pv ,sat pg

Em que pg é a pressão de saturação do vapor que pode ser encontrado


em tabelas termodinâmicas.
A entalpia de uma mistura é a soma das entalpias de cada componente
presente na mistura. Para o ar úmido, a entalpia também pode ser expressa por:
H = ha + w hv = c p ×T + w hv
ma
Utilizando as tabelas de vapor de água (MORAN et al, 2018), percebe-se
que a entalpia de vapor de água superaquecido a baixas pressões de vapor é
próxima da entalpia de vapor saturado a temperaturas não muito maiores.
Então, a entalpia de vapor da água pode ser considerada igual à entalpia do
gás, ou seja, hv @ hg .

Pesquise mais
Você pode encontrar um exemplo de como estimar a temperatura do
ponto de orvalho, no capítulo 12, p. 614-616 do livro:
MORAN, M. J. et al. Princípios de Termodinâmica para Engenharia. 8.
ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2018.

Um instrumento que serve para medir a quantidade de vapor de


água presente no ar, ou seja, as temperaturas de bulbo úmido e de
bulbo seco, é o psicrômetro, o qual é montado pelos dois termôme-
tros juntos. Nele, entra um fluxo de ar, o qual entra em contato com os
termômetros, e se o ar não estiver saturado, haverá evaporação da água
que está na mecha do termômetro de bulbo úmido, fazendo com que a
temperatura da água caia abaixo da temperatura de bulbo seco. Após
um tempo, as temperaturas podem ser lidas nos termômetros. A tempe-
ratura de bulbo úmido dependerá das taxas de transferência de calor e
massa entre o ar e a mecha que está umedecida, portanto, não é uma
propriedade da mistura. No entanto, quando temos uma mistura de ar
e vapor de água à pressão atmosférica, podemos usar a temperatura de
bulbo úmido, lida no psicrômetro, em vez da temperatura de saturação
adiabática, pois são aproximadamente iguais.

Seção 1.2 / Mistura de gases ideais e psicrometria - 31


Para determinarmos o estado do ar atmosférico a uma pressão especí-
fica, necessitamos de duas propriedades intensivas independentes. Assim,
as outras propriedades poderão ser calculadas por meio das relações vistas
anteriormente.
Para dimensionarmos um sistema de condicionamento de ar, depara-
mo-nos com muitos cálculos. Para facilitar um pouco a nossa vida de
engenheiros, temos as cartas psicométricas (Figura 1.12), que são apresen-
tadas em diferentes pressões que apresentam o mesmo formato. No eixo da
abcissa temos a temperatura de bulbo seco, e no eixo da ordenada, temos
a razão de mistura, também chamada de umidade específica (ω). Do lado
esquerdo temos a linha de saturação (curva), na qual estão todos os estados
de ar saturado e onde a umidade relativa é igual a 100%. A temperatura do
bulbo úmido (Twb) é representada como linhas que apresentam um declínio
para a direita, sendo paralelas às linhas de entalpia constante (em kJ kg de
ar seco). Já as linhas de volume específico constante (em m3 kg de ar seco)
são mais inclinadas do que as linhas de temperatura de bulbo úmido. As
temperaturas de bulbo seco, bulbo úmido e ponto de orvalho são iguais para
o ar saturado. Analisando a carta psicrométrica, se temos um processo de
aquecimento ou resfriamento, aparecerá como uma linha horizontal ( w =
constante), se não existir umidificação ou desumidificação. Se, durante o
processo, houver adição ou remoção de umidade, haverá um desvio nesta
linha horizontal.
Figura 1.12 | Diagrama Psicrométrico

Fonte: elaborada pelo autor.

Assimile
Uma carta psicrométrica permite determinar a umidade relativa na
saída de um ambiente que está sendo aquecido ou resfriado, bastando

32 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


conhecer a temperatura, a umidade relativa na entrada e a razão de
mistura do ar.

Processos de condicionamento de ar e torres de resfriamento


Para se obter uma temperatura e uma umidade desejadas, seja de um
local ou ambiente industrial, um processo chamado de condicionamento de
ar é requerido. Esse processo pode ser de aquecimento, resfriamento, umidi-
ficação e desumidificação. Um processo de condicionamento de ar pode ser
modelado a partir de um balanço de massa e energia. Consideremos a Figura
1.13, que tem duas entradas, uma de ar úmido e outra de fluxo de vapor de
água, e uma saída de ar úmido.
Figura 1.13. | Balanço de massa para o sistema de condicionamento de ar úmido

Fonte: elaborada pelo autor.

O balanço de massa para o ar seco e água, da Figura 1.13, operando em


regime permanente será:

(Balanço de massa de ar seco) m a1 = m a 2


(Balanço de massa da água) m v1 + m w = m v 2 se: m v1 = w1ma e m v 2 = w2ma
Então, substituindo: m w = m a (w2 - w1 )

Em que m a é a vazão mássica de ar seco, m v é a vazão mássica de vapor


da água e w é a razão de mistura. Se não existe trabalho sendo realizado pelo
sistema ( W = 0 ), o balanço de energia será:
0 = Q + (m aha1 + m v1hv1 ) + m w hw -(m aha 2 + m v 2hv 2 )

Sendo que Q é a taxa de energia, hw é entalpia da água pura, ha é a entalpia


do ar, hv é a entalpia do vapor na mistura. Se a entalpia do vapor ( hv ) na
entrada a T1 e na saída a T2, assumimos como vapor saturado ( hg ), e sabendo
que m v1 = w1m a e m v 2 = w2m a , simplificando, temos:
0 = Q + m a êé(ha1 + w1hg 1 )-(ha 2 - w2hg 2 )úù + m w hw também: 0 = Q + m a [h1 - h2 ] + m w hw
ë û

Seção 1.2 / Mistura de gases ideais e psicrometria - 33


Em que h1 é a entalpia de mistura por unidade de massa de ar seco que
pode ser encontrada diretamente no diagrama psicrométrico.
Para aquecimento ou resfriamento de um ambiente, no qual nenhuma
umidade é adicionada ou removida, o balanço de massa é: ma1 = ma 2 = ma
para o ar seco e para água w1ma = w2ma ou w1 = w2 . Assim, w será constante.
A taxa de energia necessária para o aquecimento está dada pela equação:

Q = ma (ha 2 - ha1 ) ou também Q = ma (h2 - h1 ) (kJ / s)

Desumidificação e umidificação
A desumidificação do ar é realizada em lugares nos quais a umidade do ar
é alta, sendo uma alternativa para regular a umidade do ar. É utilizado uma
serpentina com fluido refrigerante para resfriar o ar, ocasionando a conden-
sação da água do ar, a qual é retirada do desumidificador, como visto na
Figura 1.14.
Figura 1.14 | Sistema de resfriamento e aquecimento do ar

Fonte: elaborada pelo autor.

Como o ar atinge temperaturas baixas, geralmente é usado um aquecedor


para aquecer o ar, fornecendo ao ambiente um ar com menor umidade. Isso
pode ser representado numa carta psicométrica, como na Figura 1.15a. Nesta
figura, vemos que o ar com umidade inicial (estado 1) é desumidificado até
o estado 2, retirando água. Posteriormente, o ar é aquecido até uma tempe-
ratura próxima ou igual à temperatura de entrada (estado 3). Note que na
desumidificação, temos uma corrente de ar úmido entrando e duas correntes
saindo, sendo uma de água pura e outra de ar com menor umidade. O
balanço de massa será:
(Balanço de massa de ar seco) m a1 = m a 2
m w
(Balanço de massa da água) m v1 = m w + m v 2 onde: = w1 - w2
m a

34 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Agora, o balanço de energia na seção de aquecimento do desumidificador será:
0 = Q + (m aha1 + m v1hv1 ) - m w hw - (m aha 2 + m v 2hv 2 )

Figura 1.15 | Carta psicométrica da desumidificação e umidificação do ar. (a) Desumidificação do


ar; (b) Umidificação com fornecimento de vapor; (c) Umidificação com fornecimento de líquido

Fonte: elaborada pelo autor.

Quando um espaço habitado requer o aumento do teor de umidade, a umidi-


ficação pode ser usada. Ela pode ser feita de duas formas, seja injetando vapor de
água ou injetando água líquida. Quando é introduzido vapor de água, a tempera-
tura de saída do ar do umidificador apresentará um aumento da temperatura do
bulbo seco, tal como mostra a Figura 1.15b. Já no caso do uso de água líquida, a
saída do ar do umidificador apresentará uma diminuição da temperatura, tal como
mostra a Figura 1.15c. Em ambos os casos, a razão da mistura deve aumentar.
Em climas quentes de baixa umidade, a refrigeração pode também ser
realizada por resfriamento evaporativo, o qual consiste em borrifar água
líquida no ar ou forçar a passagem do ar por uma almofada encharcada e
reabastecida com água. Devido ao ar que está na entrada ter pouca umidade,
uma parte da água injetada é evaporada, acontecendo a umidificação do ar.
As torres de resfriamento, como mostra a Figura 1.16, são utilizadas para
fornecer água resfriada para diferentes usos, por exemplo, troca de calor em
centrais elétricas.
Figura 1.16 | Torre de resfriamento com ar atmosférico

Fonte: elaborada pelo autor.

Seção 1.2 / Mistura de gases ideais e psicrometria - 35


As torres de resfriamento podem funcionar por convecção natural ou
convecção forçada de ar, e os fluxos de ar e água podem ser em contracorrente,
corrente cruzada ou uma combinação delas. Numa torre de resfriamento por
convecção forçada, conforme Figura 1.16, a água morna entra pela parte lateral
superior da torre de forma borrifada. Na parte superior da torre, existe um venti-
lador para forçar a saída do ar atmosférico que entra na torre pela parte inferior,
entrando em contato com a água ao longo da torre, ocasionando o seu resfria-
mento. Nesse processo, parte da água morna que entra na torre é evaporada e sai
junto com o ar pela parte superior da torre de resfriamento, e, no fundo, a água
resfriada é retirada. O balanço de massa para o ar seco e água é facilmente realizado,
como visto anteriormente. Já no balanço de energia, geralmente, são considerados
desprezíveis o trabalho realizado pelo ventilador e as perdas de energia da torre.

Pesquise mais
Você poderá encontrar aplicações e usos de torres de resfriamento
envolvendo balanço de massa e energia, no capítulo 12, páginas 637-639
do livro:
MORAN, M. J. et al. Princípios de Termodinâmica para Engenharia. 8.
ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2018.

As torres de resfriamento têm grande aplicação quando a água é utilizada


como fluído de resfriamento para a remoção de calor de um sistema. Nas
indústrias de processos, onde o resfriamento das diferentes unidades requer
de um fluido de resfriamento, tal como água, a torre de resfriamento pode
ser utilizada.

Sem medo de errar


Vamos lembrar que você está trabalhando numa indústria de laticí-
nios. O seu líder pediu para você determinar qual será o gasto energético
para um sistema de resfriamento com desumidificação do ar e um sistema
de aquecimento com umidificação do ar a ser instalado nos ambientes de
trabalho a serem construídos. A Figura 1.17 ilustra o sistema de condi-
cionamento do ar.
Figura 1.17 | Ilustração (a) Resfriamento e desumificação, (b) Aquecimento e umidificação

Fonte: elaborada pelo autor.

36 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Resolução
Vamos começar pela estação de verão, na qual deverá ser usado um
resfriamento e um desumidificador. As condições do ar úmido na entrada
são de umidade relativa do ar de 70%, 35 ºC e 1 atm (1,01325 bar) de pressão.
O ar na saída deverá ser saturado a 25 ºC, portanto, assumiremos que a
remoção de água do resfriamento acontece a 25ºC. A vazão de ar úmido é
de 35 m3 min e escoa em regime permanente. Além disso, podemos assumir
o ar e vapor de água como gases ideais. A 25 ºC, a entalpia da água líquida
saturada é hw =104,89 kJ/kg (MORAN et al., 2018). As condições de entrada
e saída estão definidas.
Então, usando a carta psicrométrica a 1 atm (MORAN et al., 2018), encon-
tramos as seguintes propriedades: h1 = 101,0 kJ/kg de ar seco, w1 = 0,025 kg de
água/kg de ar seco, v1 = 0,909 m3/kg de ar seco, h2 = 76,0 kg/kg de ar seco,
w1 = 0,02 kg de água/kg de ar seco. Aplicando o balanço de massa, temos que:
(Balanço de massa de ar seco) m a1 = m a 2 = m a
(Balanço de massa da água) m v1 = m w + m v 2 se: m v1 = w1m a e, m v 2 = w2m a
w1m a = m w + w2m a Þ m w = m a (w1 - w2 )

Lembre-se que no resfriamento do ar, calor é retirado. Podemos usar a carta


psicrométrica para a solução do problema. Assim, o balanço de energia será:
Q = m a (h1 - h2 ) + m w hw .

Também vamos lembrar que a vazão mássica é dada por:


vazãovolumétrica u 35 m3 min kg
ma = = = = 38,5
volume molar v1 0,909 m3 kg dear seco min

A vazão de remoção de água e o calor retirado no resfriador são dados por:


kg kg
m w = 38,5 (0,025 - 0,02)= 0,1925
min min

kg kg æç kJ ö kJ min
Q = 38,5 (101- 76) + 0,1925 ç104,89 ÷÷÷ = 982,7 = 16, 4kW
min min ççè kg ÷ø min 60 s
Agora, vamos resolver a problematização para a estação de inverno, na
qual será usado um aquecedor e umidificador. A entrada do ar é de 15 ºC e
a umidade relativa do ar de 20%. As condições de saída do ar deverão ser 25
ºC, umidade relativa do ar de 50% e a umidificação será feita com vapor de
água. A vazão do ar será de 35 m3 min e a pressão do local de 1 atm. Algumas
propriedades são necessárias para este problema. Do livro de MORAN et
al. (2018), encontramos que o calor específico do ar (Tabela A-20, p. 784) é
c p = 1,004 kJ kg × K ; A entalpia de vapor saturado (Tabela A-2, p. 751) a 15 ºC
é 2528,9kJ kg e pressão de saturação de 0,01705 bar, e a entalpia de vapor

Seção 1.2 / Mistura de gases ideais e psicrometria - 37


saturado a 25 ºC é 2547,2kJ kg e pressão de vapor de 0,03169 bar. Na Figura
1.17b observamos que na seção de aquecimento w1 = w2 . Porém na seção de
umidificação, w3 > w2 . O balanço de massa e energia, somente na seção de
aquecimento, será:
(Balanço de massa de ar seco) m a1 = m a 2 = m a
(Balanço de massa da água) m v1 = m v 2 Þ w1m a = w2m a Þ w1 = w2
(Balanço de energia) Q = m (h - h )
a 2 1

Na seção de aquecimento, precisamos calcular a pressão parcial de vapor


na entrada:
pv1 = f pg1 = (0,15)(0,01705) = 0,00256 bar

A partir desse valor, é possível calcular a pressão parcial do ar:


pa = p - pv1 = 1,01325 - 0,00256 = 1,01069 bar = 101,069 kPa

Logo, podemos calcular o volume específico, usando a equação de gases


ideais v1 = RT p , com R = 0,287 kPa × m3 kg × K :
0,287 kPa × m3 kg × K (273,15 + 15) K m3
v1 = = 0,8182
101,069 kPa kg

A vazão mássica do ar é:
ma = V v1 = (35 m3 min) (0,8182 m3 kg ) = 42,78 kg min

Com isso, temos que os resultados são: pv1 = 0,00256 bar , pa =1,01069 bar ,
v1 = 0,8182 m3 kg e ma = 42,78 kg min e w2 = w1 = 0,00157 kg de água/kg de
ar seco.
Agora, você precisa determinar a entalpia h1 e h2 com a seguinte equação:
h1 = c pT + w1hg 1 = (1,004 kJ kg × K )(273,15 + 15)K + (0,00157)(2528,9 kJ kg ) = 293,27 kJ kg
h2 = c pT + w2hg 2 = (1,004 kJ kg × K )(273,15 + 25)K + (0,00157)(2547,2 kJ kg ) = 303,34 kJ kg

As entalpias são h1 = 293,27 kJ kg , h2 = 303,34 kJ kg . Os valores encon-


trados são substituídos na equação do balanço de energia:

æ kg öæ min ö÷ kJ
Q = çç42,78 ÷÷çç ÷(303,34 - 293,27) = 7,18 kJ s Obtendo-se a taxa de
èç ÷ ç
min 60s
øè ÷
ø kg
calor de: Q = 7,18 kW .
Se consideramos que a taxa total de calor, tanto para o resfriamento com
desumidificação e aquecimento com umidificação, é de 15,5 kW e 7,18 kW,
respectivamente, teremos um total de 22,68 kW. Se o custo de 1 kWh é R$ 0,42,

38 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


portanto, o custo total por dia (considerando 24h), será de R$ 228,61, e o custo
por mês será de R$ 6.858,43.
Portanto, você pôde concluir que a solução da problematização proposta
foi encontrada a partir da aplicação dos conceitos de resfriamento e desumi-
dificação, assim como a formulação detalhada dos balanços de massa.
Portanto, a solução do seu problema poderá ser apresentada a seu líder,
mostrando que o objetivo foi atingido de maneira satisfatória.

Avançando na prática

Aquecimento de sala de laboratório

Descrição da situação-problema
Imagine que você está trabalhando em uma empresa de projetos de
condicionamento de ar. Um cliente seu precisa instalar um sistema de aqueci-
mento para uma sala de laboratório de controle de qualidade de produtos
agrícolas. Você é informado que a cidade onde fica o laboratório tem uma
pressão de 1 atm e umidade relativa do ar de 80%, variando muito pouco nas
diferentes estações do ano. Então, existe interesse em instalar um aquecedor
para fornecer um conforto térmico no laboratório na estação de inverno. O
ar está a 15 ºC e a umidade relativa do ar é de 80%. Espera-se que a tempera-
tura aumente para 20 ºC, mantendo uma vazão de ar de 30 m3 min . Portanto,
você precisa determinar qual será a taxa de calor necessário para o aqueci-
mento do laboratório.

Resolução da situação-problema
Para encontrar a taxa de calor para o aquecimento do laboratório, você
pode considerar que não haverá umidificação, pois, o ar na localidade já é
úmido durante todo o ano. Portanto, do balanço de massa e energia temos:
Balanço de massa de ar seco: m a1 = m a 2 = m a
Balanço de massa da água: m v1 = m v 2 Þ w1 = w2
Balanço de energia : 
Q = m (h - h )
a 2 1

Com ajuda da carta psicrométrica a 1 atm (MORAN et al., 2018), deter-


minamos que na entrada a 15 ºC e 80% de umidade relativa, h1 = 36,5 kJ kg ,
w1 = w2 = 0,0085kg de vapor/kg de ar seco e volume específico v1 = 0,828 m3 kg
de ar seco. Na saída, a 20 ºC, o valor da entalpia h2 = 47 kJ kg e a umidade
relativa na saída será de aproximadamente 43%.

Seção 1.2 / Mistura de gases ideais e psicrometria - 39


A vazão de ar é calculada pela razão da vazão volumétrica pelo volume
específico:
u1 30 m3 min kg min kg
m a = = = 36,23 = 0,6038
v1 0,828 m3 kg min 60 s s

Então, a taxa de calor para aquecimento será:


kg kJ
Q = 0,6038 (47,0 - 36,5) = 6,34kW
s kg

Portanto, conclui-se que, para aquecer uma sala de laboratório de controle


3
de qualidade de produtos agrícolas usando uma vazão de ar de 30 m min , a
taxa de calor necessária deverá ser de 6,34 kW.

Faça valer a pena


1 . O ar atmosférico é formado pelos gases nitrogênio, oxigênio, gás carbónico ( CO2 ) e
gases nobres, como argônio, criptônio, hélio, neônio, radônio e xenônio, sendo o oxigênio
o mais importante para a vida humana e de outros seres vivos do nosso planeta. A compo-
sição do ar pode ser expressa em função mássica ou molar, e o volume que cada elemento
ocupa num determinado volume pode ser conhecido a partir da composição.

Um recipiente fechado a 25°C e 1 atm contém 4 gramas de nitrogênio ( N 2 ) e 0,5


gramas de oxigênio ( O2 ), e sabe-se que a massa molecular de nitrogênio é 14,01
g/mol e do oxigênio é 16,00 g/mol. Qual será o volume total da mistura? Assumir
comportamento de gás ideal para a mistura.

a) 9,28 L.
b) 5,45 L.
c) 8,14 L.
d) 6,54 L.
e) 7,74 L.

2 . O gás natural é formado por uma mistura de compostos gasosos chamados de


hidrocarbonetos. Na indústria do gás natural, uma parte é utilizada na obtenção da
gasolina leve, usada como mistura em combustíveis automotivos, facilitando a partida
a frio, e a outra em Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), apropriado para uso doméstico
ou em sistemas de aquecimento.

Suponha que um reservatório fechado a uma pressão de 1 atm e 298K contenha 5 kg


de metano, 3 kg de etano e 2 kg de propano. Se a massa molar do metano é 16,04 g/

40 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


mol, do etano é 30,07 g/mol e do propano é 44,1 g/mol, qual será a fração molar do
metano, etano e propano, respectivamente?

a) y me t = 0,6724; y e ta = 0,2384; y prop = 0,0892 .


b) y me t = 0,6823; y e ta = 0,2184; y prop = 0,0993 .
c) y me t = 0,6830; y e ta = 0,2343; y prop = 0,0827 .
d) y me t = 0,6823; y e ta = 0,2084; y prop = 0,1093 .
e) y me t = 0,6823; y e ta = 0,0993; y prop = 0,2184 .

3. Para solucionar vários problemas de engenharia, sempre temos que fazer algumas
considerações. É claro que temos que saber o que estaremos considerando, depen-
dendo do que estamos querendo. Com base nos estudos, veremos uma aplicação em
que são necessárias algumas considerações.

Temos 500 g de ar úmido, que está a 20 ºC, 1 atm, 75% de umidade relativa e que será
resfriado a 5 ºC, mantendo-se a pressão constante. A temperatura de ponto de orvalho e
a quantidade de vapor de água que se condensa (em kg) serão, respectivamente:

a) 15,4 ºC e 0,00542 kg.


b) 17,4 ºC e 0,01096 kg.
c) 15,4 ºC e 0,00277 kg.
d) 17,4 ºC e 0,00539 kg.
e) 16,0 ºC e 0,01754 kg.

Seção 1.2 / Mistura de gases ideais e psicrometria - 41


Seção 1.3

Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento

Diálogo aberto
Você já deve ter ouvido sobre a necessidade de um sistema de resfriamento
para diminuição da temperatura do motor de um carro, de seu interior ou até
mesmo a diminuição da temperatura do interior de um recinto. A implementação
de sistemas que resolvam essas necessidades deve levar em conta a qualidade do
ar a ser fornecido ao local, pois dele depende um ambiente confortável e saudável.
Conhecer a energia necessária para aquecer ou resfriar um recinto é importante,
portanto, é necessário conhecer como devem ser determinadas essas cargas, conhe-
cidas como cargas térmicas de aquecimento ou cargas térmicas de resfriamento.
Para entendermos melhor a aplicação desses conceitos sobre a qualidade de ar
e cargas térmicas de aquecimento e resfriamento, vamos retomar o caso da indús-
tria de laticínios em que você trabalha. Devido ao aumento nas vendas e demandas
do produto, a fábrica tem aumentado a sua capacidade de produção e as instala-
ções de trabalho. Uma nova construção foi feita, conforme a Figura 1.18, na qual
deverão trabalhar os funcionários da fábrica.
Figura 1.18 | Planta da instalação de trabalho

Fonte: elaborada pelo autor.


A equipe de engenharia precisa saber quais serão as cargas térmicas de aqueci-
mento e resfriamento das estações frias e quentes do ano, respectivamente, para
poder prever futuramente a instalação dos respectivos equipamentos. Dessa forma,
você foi escolhido para calcular as cargas térmicas de aquecimento e resfriamento,
considerando que a nova sala de trabalho da fábrica está localizada em Porto
Alegre e trabalharão nela 15 funcionários. A construção tem paredes de 3 m de
altura, feitas com os seguintes materiais de construção: paredes de tijolo aparente
de 100 mm com estuque externo de 10 mm e reboco de cimento interno de 10
mm. A parte superior do recinto (laje) é construída com bloco de concreto, à base
de areia e cascalho de 200 mm; as janelas têm 1,20 m de comprimento por 1,0 m
de altura, com vidro simples de folha normal e persiana média; há 10 lâmpadas

42 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


fluorescentes embutidas de 50 W, que estarão acesas durante 16 h, e uma porta de
madeira de pinho, de 50 mm de espessura, de 2,1 m por 0,9 m.
Quais temperaturas podem ser admitidas no interior do ambiente de trabalho?
Quais serão as informações necessárias para determinar a transmissão de calor no
recinto? Como poderá ser relacionada a transmissão de calor com a carga térmica
de aquecimento? O conteúdo desta seção se refere às condições de projeto, cargas
térmicas de aquecimento e resfriamento, e orientará você a encontrar uma solução
para esse problema. Para que tenha as ferramentas necessárias para começar o
desenvolvimento dessa problematização, convido você para a leitura deste material.

Não pode faltar


Conforto Térmico e Qualidade do Ar
Sabemos que o corpo humano tem uma grande capacidade de se adaptar,
podendo suportar condições térmicas bastante diferentes, apenas necessitando
um tempo para se acostumar. Contudo, às vezes, a temperatura e a umidade do
ambiente externo podem variar tanto que nem o corpo humano é capaz de se
adaptar, sendo necessário que as condições internas sejam controladas para nos
dar conforto e um ambiente saudável.
Para mantermos a temperatura corporal, geramos calor por um processo
metabólico, que pode ser afetado por alguns fatores fisiológicos, tais como
saúde, idade e atividade. Esse calor gerado é perdido aos poucos, seja por
convecção, quando a pessoa perde o calor gerado por meio do ar ambiente
quando está em repouso ou exercendo um trabalho em ambiente condicio-
nado, por radiação, quando as superfícies circundantes estão a uma tempe-
ratura menor que a temperatura corporal, ou devido à respiração e transpi-
ração, tal como mostra a Figura 1.19.
Figura 1.19 | Fatores que influenciam o conforto térmico

Fonte: elaborada pelo autor.

Seção 1.3 / Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento - 43


Para alcançarmos o conforto térmico, também temos que lembrar dos
quatro fatores ambientais envolvidos na liberação do calor, a saber: a tempe-
ratura do ar, a temperatura superficial, a umidade relativa e a velocidade do
ar. Tais fatores agem juntamente ao tipo e a quantidade de vestimenta usada
pelo indivíduo, além de seu nível de atividade exercida.

Reflita
Você acha que um ambiente que fornece condições de conforto térmico
para uma pessoa saudável pode ser aceito como satisfatório para uma
pessoa que esteja doente?

São considerados valores adequados para nos fornecerem um conforto térmico


temperatura entre 20 e 26°C , umidade com temperatura de orvalho de 2 a 17°C e
até 0,25m s de velocidade do ar.
Se estamos em ambientes mais quentes, o conforto térmico será maior se
usarmos roupas leves e se houver maiores velocidades de ar. Já quando temos
temperaturas baixas, nos sentimos confortáveis se estivermos usando roupas
pesadas. Também devem ser consideradas as temperaturas das superfícies vizinhas,
as quais também influenciam o conforto térmico.
Para que um ambiente seja confortável, também temos que garantir a quali-
dade do ar, isto é, garantir que esteja livre das fontes de poluição. Para isso, podemos
utilizar a ventilação, a qual fornece ar ao ambiente, podendo ser ar externo, que
dilui o contaminante, ar recirculado ou, ainda, uma proporção entre eles. Se for
utilizar o ar externo, é importante que o ar seja de boa qualidade.
As taxas de ventilação de equipamentos de aquecimento ou resfriamento
muitas vezes não podem ser uniformes, pois dependem da ocupação, por exemplo,
se são permitidos fumantes numa área ou não. Tudo isso deve ser levado em consi-
deração no projeto. Também deve ser avaliada a possibilidade de limpar ou filtrar
o ar, a fim de recirculá-lo. A recirculação do ar é interessante para poupar energia
quando o ar externo está em temperaturas muito altas ou muito baixas. A Tabela
1.4 mostra dados recomendados para ventilação com ar.
Tabela 1.4 | Recomendações do volume de ar externo para ventilação.
Número de pessoas
Tipo de ocupação Exigência de ar externo por pessoa, L s
por 100 m2 de área
Fumantes Não fumantes
Escritórios 7 10 2,5
Salas de reunião e espera 60 17,5 3,5
Vestíbulos 30 7,5 2,5
Fonte: adaptada de Stoeckers e Jones (1985).

44 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


A determinação da taxa de recirculação, de acordo com a norma American
Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers (ASHRAE),
é dada por:
V = Vr + Vm

Em que V é a taxa de suprimento de ar para ventilação (L/s); Vm é a


taxa mínima de ar externo para uma determinada aplicação; e Vr é a taxa de
recirculação de ar (L/s), que é dada por:
V + Vm
Vr = 0
E
V0 é a taxa de ar externo para uma determinada aplicação (L/s) e E é a
eficiência de remoção de contaminantes por meio da filtragem do ar. Então,
quando estivermos fazendo o projeto de um sistema de ar condicionado, por
exemplo, não podemos esquecer de cada um dos fatores comentados aqui,
pois eles afetam desde a capacidade e o controle do sistema até a disposição
dos dutos que serão utilizados.

Estimativa das Cargas Térmicas e Condições de Projeto


A avaliação cuidadosa de cada um dos fatores, tais como os climáticos, a
presença de fontes internas de calor, o tipo de material utilizado na construção
das paredes e o tamanho, nos ajuda nos cálculos da transferência de calor,
estimando a capacidade dos componentes que integram o sistema, a fim de
manter um conforto térmico no ambiente. Para os cálculos, normalmente
são consideradas condições ambientais próximas das condições extremas.
Para fazermos os cálculos de cargas térmicas, existem vários métodos,
mas todos levam em consideração os fatores que afetam as cargas térmicas,
sendo divididos em quatro tipos, como mostra a Figura 1.20.
Figura 1.20 | Fatores que modificam a carga térmica

Fonte: elaborada pelo autor.

a) Transmissão: quando há perda ou ganho de calor; ocorre pela diferença


da temperatura em um elemento da construção, por exemplo, paredes e teto.

Seção 1.3 / Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento - 45


b) solar: quando a transferência de energia solar ocorre através de um
componente do edifício que seja transparente ou quando é absorvida por um
componente opaco, por exemplo, janelas.
c) infiltração: quando há perda ou ganho de calor através de infiltração
do ar externo no ambiente condicionado, por exemplo, portas.
d) geração interna: resulta da liberação de energia que ocorre no interior
do ambiente, por exemplo, lâmpadas, equipamentos e pessoas.
É claro que esses fatores podem alterar a temperatura do ambiente, mas o
equipamento, seja de resfriamento ou aquecimento, deverá operar para que
a temperatura fique agradável. Como condições de projeto para o cálculo
das cargas térmicas de aquecimento estão as temperaturas de bulbo seco,
tanto interna quanto externa. Para resfriamento, admite-se uma tempera-
tura interna entre 24 - 26 °C , e para aquecimento, uma temperatura interna
entre 20 - 22 °C é aceitável. No inverno, a umidade relativa limita-se ao
mínimo de 30% e, no verão, ao máximo de 60%.
Já as condições de projeto para o cálculo das cargas térmicas de resfria-
mento envolvem, além da temperatura de bulbo seco, a intensidade de
radiação solar e a umidade. Neste caso, o critério das condições limite
é adotado em referência aos extremos de intensidade de radiação solar.
Então, há a necessidade de se fazer diferentes cálculos para obtermos a carga
térmica de resfriamento máxima, como para várias horas do dia ou vários
dias do ano. Além disso, ainda devemos levar em consideração a orientação
do ambiente e sua localização geográfica.
A Tabela 1.5 fornece as temperaturas externas de projeto, usando o critério
dos 97,5% para o inverno, para diferentes localidades. Há também o critério
dos 2,5%, que admite que a temperatura pode ser excedida em apenas 2,5%
das horas durante os meses de junho a setembro, além da temperatura de
bulbo úmido correspondente no verão.
Tabela 1.5 | Temperaturas de projeto para algumas cidades
Inverno Verão

Cidade Temperatura, °C Temperatura, °C


97,5% bulbo seco 2,5% bulbo seco/bulbo úmido
Porto Alegre 4 33/24
Recife 21 31/25
Rio de Janeiro 16 33/26
Salvador 20 31/26
São Paulo 8 29/23
Fonte: adaptada de Stoeckers e Jones (1985).

46 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Por exemplo, em Recife, a temperatura externa no inverno é de 21 °C e,
no verão, de 31 °C .

Carga térmica de aquecimento


A carga térmica de aquecimento de um ambiente depende da carga
térmica originada da transmissão térmica pelas paredes, janelas, teto, etc.,
e da carga de ventilação e de infiltração do ar interno do ambiente. A carga
térmica, devido à transmissão de calor, é obtida pela seguinte equação.
A ×Dt
q= = UA(Te -Ti )
Rtot
Sendo que
1
UA =
Rtot
U é o coeficiente global de transferência de calor ( W m2 K ); A é a área
( m ); Te -Ti é a diferença da temperatura externa e interna (K ou °C ); Rtot
2

é a resistência térmica total ( K W ); e q é a transmissão térmica (W). A


diferença de temperatura Te -Ti dependerá da estação do ano, seja inverno
ou verão. A Tabela 1.6 mostra algumas resistências térmicas referentes a 1 m2
de área superficial, e o inverso da condutividade térmica ( k ) para diferentes
materiais de construção.
Tabela 1.6 | Resistência térmica referente à unidade de área para materiais de construção

Materiais 1/ k , (m × K W ) R, (m2 × K W )

Exteriores: Tijolo aparente 0,76


Tijolo comum 1,39
Estuque 1,39 0,04
Bloco de concentro, areia e cascalho, 200 mm 0,18
Laterais de madeira compensada, 10 mm 0,10
Laterais de alumínio ou aço e isolante 10 mm 0,32
Revestimento: Madeira compensada 8,66
Placas de fibra, densidade normal, 13 mm 0,23
Placas de madeira aglomerada com resina 7,35
Telhados: Telhado pré-moldado 10 mm 0,06
Concreto: À base de areia e cascalho 0,55
Agregado leve 1,94
Materiais isolantes: Manta de fibra mineral, 75-90 mm 1,94
Enchimento de fibra mineral, 160 mm 3,35
Materiais interiores: Estuque de 15 mm 0,08
Rebocos à base de cimento 1,39

Seção 1.3 / Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento - 47


Materiais 1/ k , (m × K W ) R, (m2 × K W )

Rebocos à base de gesso leve 16 mm 0,066


Madeira pinho macia. 8,66
Vidro Plano U , (W m2 K )
Verão Inverno
Vidro simples 5,9 6,2
Folha dupla, 6 mm de espaço de ar 3,5 3,3
Fonte: adaptada de Stoeckers e Jones (1985).

Pesquise mais
Informações sobre a condutividade térmica de materiais de construção
podem ser encontradas no Apêndice A, Tabela A.3, do livro:
BERGMAN, T.L.; et al. Transferência de Calor e Massa. 7. ed. Rio de
Janeiro: LTC Editora Ltda, 2014.

Lembre-se que a resistência térmica (R) de alguns materiais da Tabela 1.6


pode ser calculada multiplicando 1 k pela espessura do material (L), ou seja,
R = L (1 k ) .

Exemplificando
Imagine uma parede de 10 m2 feita com tijolo comum, de espessura de
12,5 cm. Temos que a parte externa é revestida com estuque de 10 mm
e, no interior, com gesso de 16 mm. Qual é a carga térmica se a diferença
de temperatura é 8 °C ?
Resolução:
A Tabela 1.6 apresenta as resistências térmicas dos materiais. Portanto,
temos que:
- Tijolo comum espessura de 12,5 cm: R = L (1 k ) = 0,125(1,39) = 0,174
- Estuque de 10 mm: R = L (1 k ) = 0,01(1,39) = 0,014
- Gesso de 16 mm: R = 0,066
A resistência total é:
Rtot = 0,174 + 0,014 + 0,066 = 0,254 m2 × K W .
Lembre-se, as escalas Celsius e Kelvin são iguais, portanto, a diferença
entre duas temperaturas, seja em Kelvin ou em Celsius, será a mesma.
Então, a carga térmica de aquecimento será:
A ×Dt 10m2
q= = (8,0K )
Rtot 0,254 m2 × K W

48 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Portanto:
q = 314,96 W

Carga de ventilação e de infiltração


A penetração de ar por infiltração do exterior para o interior de um
recinto afeta a temperatura do ar assim como a umidade. O efeito sobre
a temperatura é denominado calor sensível, e o efeito sobre a umidade,
calor latente. Assim, as cargas internas, devido à presença de pessoas num
recinto, têm componentes sensíveis e latentes, enquanto a transmissão de
calor na estrutura de um recinto representa cargas sensíveis. A carga de
ventilação e infiltração, devido à entrada de ar externo, é expressa pelas
seguintes equações:
qventilação = 1,23 × Q (Te -Ti ) qinfiltração = 3000 × Q (we - wi ) qtotal = qventilação + qinfiltração

Em que, q é a carga (W), T é a temperatura externa ( Te ) e interna ( Ti ), Q


é a vazão em volume de ar externo (L/s), que pode ser considerado igual ao
valor de Vo (L/s) da Tabela 1.4, e w é a umidade absoluta (kg de vapor de água/
kg ar seco) externa ( we ) e interna ( wi ). A ventilação é a entrada forçada de ar
em um recinto usando um equipamento. Assim como o ar entra, ele deve sair.
A infiltração não é fácil de ser controlada, de forma que muitas construções
são projetadas para serem limitadas a um mínimo, realizando a vedação das
superfícies externas, uso de portas giratórias ou mantendo a pressão interna
do local ligeiramente maior que a pressão externa.

Assimile
É importante determinar cuidadosamente a carga térmica de aqueci-
mento, sem esquecer nenhum dos lugares onde exista transmissão
de calor, pois o projeto de um sistema de aquecimento dependerá do
valor determinado.

Cargas térmicas de resfriamento


A carga térmica de resfriamento é a quantidade de energia a ser extraída
de um lugar devido ao aquecimento, a fim de fornecer um conforto térmico.
Ela resulta da contribuição da carga de geração interna de calor, carga
térmica de insolação de superfícies transparentes e cargas de insolação em
superfícies opacas.
A carga de geração interna de calor se refere ao calor gerado devido
ao aquecimento de lâmpadas, à presença de pessoas e aos equipamentos

Seção 1.3 / Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento - 49


em funcionamento. O calor gerado pelas lâmpadas depende da potência
da lâmpada. A carga térmica produzida por lâmpadas é dada pela
seguinte equação.
q = (potência da lâmpada)(Fu )(Fr )(FCR)

Em que Fu é o fator ou fração de lâmpadas sendo usadas; Fr é o fator do


reator de lâmpadas fluorescentes igual a 1,2; e FCR é o fator de carga térmica
de resfriamento dado na Tabela 1.7.
Tabela 1.7 | Fator de carga térmica (FCR) de resfriamento para iluminação
Lâmpadas embutidas sem venti- Lâmpadas penduradas e
N° de horas lação ventiladas
após as luzes se Horas de operação Horas de operação
acenderem
10 16 10 16
8 0,82 0,87 0,95 0,95
9 0,84 0,88 0,96 0,96
10 0,85 0,89 0,07 0,97
11 0,82 0,90 0,22 0,98
12 0,29 0,91 0,18 0,98
13 0,26 0,92 0,14 0,98
Fonte: adaptada de Stoecker e Jones (1985).

Pessoas realizando uma atividade também tem um gasto energético.


Assim, o calor liberado por uma pessoa, dependendo da atividade, é apresen-
tado na Tabela 1.8. Vale ressaltar que esses valores são apenas uma média.
Tabela 1.8 | Calor devido dos ocupantes

Atividade Calor liberado, W Calor sensível liberado, %


Sono 70 70
Sentado, quieto 100 60
Em pé 150 50
Andando, 3 km/h 305 35
Trabalho de escritório 150 55
Aula (professor) 175 50
Trabalho Industrial 300-600 35

Fonte: adaptada de Stoecker e Jones (1985).

A carga térmica de insolação através de superfícies transparentes é


dada quando uma superfície transparente recebe calor por insolação, por
exemplo, uma janela de vidro, cuja transferência de calor resultante depende
das características físicas da superfície. Para uma janela de vidro transpa-
rente, a energia solar, devido à insolação que atravessa a superfície ( qsg ),
considerando o estado estacionário, é dada pelo Fator de Ganho de Calor
por Insolação (FGCI) (W/m2) e pelo coeficiente de sombreamento (CS), que

50 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


permite incluir o efeito de sombreamento interno. Portanto, a energia solar
que passa por uma janela é dada pela equação:
qsg = A (FGCI max )(CS) .

A Tabela 1.9 apresenta os valores de fator de ganho de calor por insolação


para vidro claro, para diferentes meses do ano, e a Tabela 1.10 apresenta
valores de coeficiente de sombreamento para diferentes vidros, com e sem
sombreamento interno.
Tabela 1.9 | Valores máximos do FGCI (FGCImax) para vidro ensolarado (W/m2)

N/sombra NE/NO L/O SE/SO S Horizontal


32° latitude norte
Dezembro 69 69 510 775 795 500
Janeiro, Novembro 75 90 550 785 775 555
Fevereiro, Outubro 85 205 645 780 700 685
Março, Setembro 100 330 695 700 545 780
Abril, Agosto 115 450 700 580 355 845
Maio, Julho 120 530 685 480 230 865
Junho 140 555 675 440 190 870

N = Norte; NE = Nordeste; NO = Noroeste; L/O = Leste/Oeste; SE/SO = Sudeste/Sudoeste; S = Sul


Fonte: adaptada de Stoecker e Jones (1985).

Tabela 1.10 | Coeficiente de Sombreamento (CS)


Cortinas tipo
Tipo de Vidro Espessura Sem sombra/ Persiana
rolô
(mm) Interno Médio Claro Escuro Claro
Vidro simples: folha normal 3 1,00 0,64 0,55 0,59 0,25
Laminado 6-12 0,95 0,64 0,55 0,59 0,25
Absorvedor 6 0,70 0,57 0,53 0,40 0,30
Folha dupla: folha normal 3 0,90 0,57 0,51 0,60 0,25
Laminado 6 0,83 0,57 0,51 0,60 0,25
Reflectivo 6 0,2-0,4 0,2 - - -
Fonte: adaptada de Stoecker e Jones (1985).

Na carga de insolação de superfícies opacas, temos que a energia solar


dissipada em uma parede é refletida, em parte, na forma de convecção e
radiação, e a outra parte é transmitida ao interior ou absorvida temporaria-
mente. Para estimar a carga térmica de insolação, temos que levar em consi-
deração o efeito de armazenamento térmico da estrutura. Para isso, é intro-
duzido um parâmetro denominado Diferença de Temperatura para a Carga
de Resfriamento (DTCR), que considera o calor recebido por insolação e a
capacidade térmica da parede. O fluxo de calor através da parede, conside-
rando o armazenamento térmico, pode ser expresso por:

Seção 1.3 / Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento - 51


q p = UA (DTCR)

A Tabela 1.11 apresenta valores de DTCR de resfriamento em paredes,


para uma parede constituída de blocos de concreto com 100 mm de espes-
sura e isolamento de 25 a 50 mm ou de tijolo de 100 mm com isolamento.
Para outros tipos de paredes ensolaradas, consulte a referência da Tabela 1.11.
Tabela 1.11 | Diferença de Temperatura para Carga de Resfriamento em paredes ensolaradas

Orientação
Hora
solar
N NE L SE S SO O NO
13 8 16 24 24 15 10 8 7
14 9 15 22 23 19 14 11 9
15 11 15 20 22 21 20 16 12
16 12 15 19 20 22 24 22 15
17 12 15 18 19 21 28 27 19
18 13 14 17 17 19 30 32 24
19 13 13 15 16 17 29 33 26
20 13 12 13 14 15 25 30 24
DTCRmax 13 17 25 24 22 30 33 26

Fonte: adaptada de Stoecker e Jones (1985).

Lembre-se que, para estimar a carga de resfriamento, você deve conhecer


as temperaturas do exterior de bulbo seco de verão e a de bulbo úmido. Você
deve escolher a temperatura adequada do interior do recinto e determinar
os coeficientes de transferência de calor das paredes do edifício, ignorando
as paredes internas do recinto, lembrando que o valor calculado de U para
resfriamento e aquecimento diferem no sentido do fluxo de calor. Além disso,
deve-se estimar a taxa de infiltração ou ventilação com o ar externo e, com
base na localização e orientação, deve-se determinar o ganho de calor por
insolação. Finalmente, você deve estimar a carga de aquecimento interno,
devido a luzes, equipamentos ou pessoas, e somar todas as cargas para deter-
minar a carga total máxima de aquecimento ou resfriamento.

Sem medo de errar


Você está trabalhando numa fábrica de laticínios, e devido à expansão da
fábrica, foi construído um novo ambiente de trabalho, onde irão trabalhar 15
funcionários. Você foi indicado pelo seu líder para determinar as cargas térmicas
de aquecimento e resfriamento do ambiente de trabalho, como mostrado
anteriormente na Figura 1.18, a partir da qual você pôde verificar que a sala tem
5 janelas de vidro simples, de folha normal, 1,2 m de comprimento por 1,0 m de

52 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


altura e persiana média, bem como uma porta de madeira de pinho 50 mm de
2,1 m por 0,9 m. As paredes têm 3 m de altura e os materiais de construção são:
paredes de tijolo aparente de 100 mm com estuque externo de 10mm, reboco
de cimento interno de 10 mm. A parte superior do recinto (laje) é construída
com bloco de concreto, à base de areia e cascalho, de 200 mm, e há 10 lâmpadas
embutidas fluorescente de 50 W, que ficam acesas durante 16 h.
Primeiramente, verificamos as temperaturas externas no inverno e no
verão. Segundo a Tabela 1.5, em Porto Alegre, a temperatura externa no inverno
pode ser admitida como 4 °C . Então, a temperatura interna pode ser, conforme
condições do projeto, 22 °C , e a umidade relativa admitida de 40%. No verão,
a temperatura externa pode ser admitida como 33 °C , a temperatura interna,
conforme indicado pelas condições do projeto, como 25 °C e a umidade
relativa admitida como 50%. Agora, vamos determinar a carga térmica de
aquecimento devido à transmissão e ventilação. Para a transmissão térmica,
devemos determinar as áreas das paredes, janelas e portas. Em seguida, deter-
minaremos as resistências térmicas e, finalmente, a carga térmica total. Assim:
Área janela = 5(1,2´1) = 6m2 Área porta = 2,1´0,9 = 1,89m2 Área laje=7´15 = 105m2
Área parede = [2(3´7) + 2(3´15)]- 6 -1,89 = 124,11m 2

As resistências térmicas das paredes, da porta, da laje e dos vidros, segundo a


Tabela 1.6, são:
2
parede: tijolo aparente de 100 mm = 0,1(0,76) = 0,076 m K W ; estuque de
2
10 mm = 0,01(1,39) = 0,0139 m K W ; reboco de cimento interno de 10 mm =
0,01(1,39) = 0,0139 m K W .
2

A resistência total nas paredes é de 0,076+0,0139+0139 = 0,1038 m2 K W .


A resistência da porta de madeira de pinho de 50 mm = 0,05(8,66) = 0,433
m2 K W .

A resistência da laje de bloco de concreto, areia e cascalho, de 200 mm = 0,18


m2 K W .

O coeficiente global de transferência de calor do vidro é de 6,2 W m2 K .


Assim, a carga por transmissão total pelas paredes, pela porta, pela laje e pelas
janelas é:
A ×Dt
q= = UA(Te -Ti )
Rtot
124,11(4 - 22) 1,89(4 - 22) 105(4 - 22)
q= + + + 6,2(6)(4 - 22) Janela
0,1038 parede 0, 433 porta 0,18 laje

q = -22610,3W

Seção 1.3 / Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento - 53


A vazão de ar externo para ventilação recomendada, segundo a Tabela
1.4, para 15 pessoas não fumantes ocupando um espaço de 105 m2 é de 2,5
L s . A carga de ventilação será:
qventilação = 1,23 × Q (Te -Ti ) = 1,23(2,5)(4 - 22) = -55,35W

Portanto, a carga térmica de aquecimento é a soma das cargas de trans-


missão térmica e ventilação,
qcarga aquecimento = -22610,3 - 55,35 = -22665,7 = -22,7 kW

Vale ressaltar que a carga de aquecimento determinada aqui não consi-


dera o calor gerado pelas lâmpadas acesas, nem o calor proveniente dos
ocupantes. Agora, faça o cálculo desses dois calores e determine a carga
térmica de aquecimento, que é o resultado da subtração do valor do calor
gerado pelas lâmpadas e calor dos ocupantes do valor calculado acima.
Feito isso, vamos determinar a carga térmica de resfriamento: o procedimento
é o mesmo para a carga térmica de aquecimento, porém, a temperatura exterior,
no verão, é de 33 °C , e a temperatura interna deverá ser de 25 °C . Assumindo
que as resistências térmicas não variam com a estação de verão, então, podemos
considerar as mesmas da Tabela 1.6. No caso do vidro, o valor dos coeficientes de
2
transferência de calor é 5,9 W m K . Portanto, a transmissão térmica será:
A ×Dt
q= = UA(Te -Ti )
Rtot
124,11(33 - 25) 1,89(33 - 25) 105(33 - 25)
q= + + + 5,9(6)(33 - 25) Janela = 14550,1W
0,1038 parede 0, 433 porta 0,18 laje

A carga de ventilação será:


qventilação = 1,23 × Q (Te -Ti ) = 1,23(2,5)(33 - 25) = 24,6W

Assumindo que os funcionários realizam trabalhos de escritório, o calor


gerado pelos ocupantes, segundo a Tabela 1.8, é de 150 W por ocupante,
tendo um total de 2250 W para os 15 ocupantes.
Segundo a Tabela 1.7, o fator de carga térmica de resfriamento para
iluminação por lâmpada embutida, acesa durante 16 horas e sem ventilação,
é de 0,91, com todas as lâmpadas instaladas e funcionando corretamente. A
carga térmica produzida para as 10 lâmpadas fluorescentes será:
q = (potência da lâmpada)(Fu )(Fr )(FCR) com Fr = 1,2
q = 10[50(1)(1,2)(0,91)] = 546,0W

A carga térmica de resfriamento para o ambiente de trabalho será a soma


de todas as cargas, assim:

54 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Carga térmica de resfriamento = 14550,1 + 24,6 + 2250 + 546 = 17370,7W

A carga térmica de resfriamento para o ambiente de trabalho será de 17,4


kW. Veja que a maior carga é devida à transmissão térmica, e ela poderia
diminuir caso as paredes e laje estivessem isoladas.
Veja que, no final da solução deste problema, você conseguiu utilizar os
conceitos aprendidos nesta seção, estimando as cargas térmicas e levando em
consideração as condições do projeto.

Avançando na prática

Insolação de recintos de trabalho

Descrição da situação-problema
Imagine que você está trabalhando em uma empresa que presta consul-
toria em projetos de sistemas de aquecimento e resfriamento. O seu líder
recebe um cliente que tem um problema de aquecimento em uma sala de
computadores de sua empresa devido ao calor que entra por uma janela
com cortinas rolô claras internas e vidro simples de 3 mm, com dimensões
de 3 m de comprimento por 1,5 m de altura. A sua localização é latitude
32° na face sul, com insolação no mês de julho, na estação de verão. A fim
de projetar um equipamento de resfriamento, faz-se necessário determinar
o ganho de calor pelas janelas, sabendo que a condição de temperatura
interna da sala é de 25 °C e a temperatura externa de 36 °C . O seu líder
pede para você determinar qual será o ganho de calor pelas janelas da sala
de computadores.

Resolução da situação-problema
Você tem todas as informações necessárias para a solução dessa nova
problematização. Vamos começar pelo cálculo da Transmissão térmica pelo
vidro. Da Tabela 1.6, tem-se:
Vidro simples, U = 5,9 W m2 K (valor para a estação de verão)
Área do vidro: A = (3)(1,5) = 4,5 m2
qvidro = UA(Te -Ti ) = (5,9)(4,5)(36 - 25) = 292,05W

Para determinar a energia solar que passa através da janela, você precisa do
máximo valor do fator de ganho de calor por insolação, que pode ser obtido na
Tabela 1.9. Considerando a face sul e latitude 32° do mês de julho, temos que:

Seção 1.3 / Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento - 55


FGCImax = 230 W m2
Da Tabela 1.10, o coeficiente de sombreamento para vidro simples de 3
mm, com cortinas rolô claras, é CS = 0,25. Assim, a energia solar que passa
através da janela pode ser determinada com a seguinte equação:
qsg = A (FGCI max )(CS)
qsg = (4,5)(230)(0,25) = 258,75W

Portanto, o ganho de calor pela janela será a contribuição do calor ganho


por transmissão térmica e a energia solar que passa pela janela.
Ganho de calor = 292,05 + 258,75
Ganho de calor = 550,8W

Veja que o valor de 550,8 W é a energia total que entra pela janela, e esta
deverá ser suprida por um equipamento de resfriamento.

Faça valer a pena

1 . As cargas térmicas de aquecimento e resfriamento precisam ser cuidadosa-


mente determinadas para, posteriormente, projetar-se um equipamento para
resfriamento ou para aquecimento. Dependendo dos materiais de construção
e isolamento térmico usados, uma construção pode ter uma redução da carga
térmica.

Quais cargas devem ser determinadas para determinar a carga térmica de


aquecimento?
a) Carga de transmissão térmica de calor e carga em superfícies opacas e trans-
parentes.
b) Carga de geração térmica de calor e carga de ventilação e infiltração.
c) Carga de transmissão térmica e carga de geração térmica de calor.
d) Carga térmica de insolação em superfícies opacas e transparentes.
e) Carga de transmissão térmica e carga de ventilação e infiltração.

2 . As formas de energia transferidas pelas paredes e tetos de um recinto são


formas de calor dissipadas, sejam do exterior para o interior ou o contrário.
Normalmente, em dias quentes, o calor devido às altas temperaturas do meio
ambiente é transferido para o interior de um recinto, elevando sua temperatura,
o que acaba gerando desconforto térmico para as pessoas.
Considere uma parede externa de uma casa em Porto Alegre, com 3 m de altura
e 6 m de comprimento, como mostra a Figura.

56 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Figura | Transmissão de calor através de uma parede.

Fonte: elaborada pelo autor.

A parede é feita de tijolo comum, de 100 mm de espessura, com isolante de manta de


fibra mineral, de 80 mm, e um acabamento interior de 16 mm de gesso. A parede tem
2 janelas de vidro simples, de 1 m de altura por 1,1 m de comprimento. Se a tempera-
tura no interior for 25 , qual será a perda de calor na parede?

a) -145,7 W.
b) -162,2 W.
c) -345,8 W.
d) -180,0 W.
e) -190,0 W.

3 . O aquecimento de prédios, casas ou salas de trabalho se deve ao calor dissipado do


exterior ao interior do recinto e ao calor interno devido a lâmpadas, pessoas, etc. Em
épocas de verão, de calor intenso, os ambientes são aquecidos com a transmissão de
calor pelas paredes ou através das janelas. Para determinar a carga térmica de resfria-
mento, é imprescindível conhecer as temperaturas e as características necessárias do
local para qual será feito o projeto.

Qual deverá ser a carga térmica de resfriamento de um recinto, como mostra a Figura
abaixo, com uma janela de 1,3 m de comprimento por 1 m de altura, com face nordeste,
em um local a 32° latitude norte, no mês de julho? A janela é de folha dupla, com 6
mm de espaço de ar. O vidro e as cortinas interiores, tipo rolô, apresentam um coefi-
ciente de sombreamento combinado de 0,60. A temperatura interna do recinto é de
25 °C , e a externa, 30 °C . Há duas lâmpadas de 200 W funcionando ininterrupta-
mente. Assinale a alternativa correta:

Seção 1.3 / Carga Térmica de Refrigeração e de Aquecimento - 57


Figura | Transmissão de calor através de uma janela.

Fonte: elaborada pelo autor.

a) 596,6 W. d) 636,2 W.
b) 435,9 W e) 567,2 W.
c) 732,5 W.

58 - U1 / Termodinâmica aplicada à refrigeração e ao condicionamento de ar


Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6401: Instalações centrais de
ar-condicionado para conforto- parâmetros básicos de projeto. Rio de Janeiro, p. 17. 1980.
______. NBR 16401-1: Instalações de ar-condicionado - Sistemas centrais e unitários - Parte 1:
Projetos das instalações. Rio de Janeiro, p. 60. 2008.
______. NBR 16401-2: Instalações de ar condicionado – Sistemas centrais e unitários – Parte 2:
Parâmetros de conforto térmico. Rio de Janeiro, p. 7. 2008.
______. NBR 16401-3: Instalações de ar-condicionado – Sistemas centrais e unitários – Parte 3:
Qualidade do ar interior. Rio de Janeiro, p. 24. 2008.
BERGMAN, T. L.; LAVINE, A. S.; INCROPERA F. P.; DEWITT, D. P. Fundamentos de
Transferência de Calor e Massa. Tradução Fernando Luiz Pellegrini Pessoa e Eduardo Mach
Queiroz. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. 694 p.
STOECKER, W. F.; JONES, J. W. Refrigeração e Ar Condicionado. Tradução José M. Saiz
Jabardo, Euryale Zerbine, Silvio de Oliveira Júnior e Saburo Ikeda. São Paulo: McGraw-Hill do
Brasil, 1985. 481 p.

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