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Cinema e Histórias em Quadrinhos

Super Homem, Batman, Spawn, Homem Aranha, Hulk, X-Men, Homem de


Ferro, Sin City, 300, Watchman , filmes tidos como “arrasa quarteirão” que
dominaram as grandes bilheterias dos cinemas nos últimos anos no mundo
todo. Uma tendência que ainda não apresenta sinais de desgaste para a
indústria do cinema. Mas há motivos para se ter tantas adaptações de Histórias
em Quadrinhos no cinema?

Sim, várias são as razões para essa química dar certo: Cinema e HQ são
formas de arte narrativa, que essencialmente, trabalham com a imagem; tanto
na arte seqüencial, quanto na tela do cinema a fantasia ganha dimensões que
ultrapassam, e muito, a realidade; os grandes sucessos de HQ, que se tornam
sucessos de bilheteria, possuem excelentes roteiros. Mas talvez, o elemento
mais significativo desse processo tenha sido o avanço da tecnologia.

As primeiras adaptações dos quadrinhos para as telas tiveram início na


década de 1930, com os primeiros filmes de Flash Gordon (1936). Em 1978 o
cinema teve uma experiência de sucesso, que chamou a atenção em
hollywood: Super Homem, com Christopher Reeve. Mas o cinema só começou a
conquistar os fãs de HQ quando Dick Trace (1990) se mostrou fiel à linguagem
estética dos quadrinhos, com novas técnicas de maquiagem, iluminação e
enquadramentos. A partir daí a tecnologia digital de efeitos especiais, foi se
desenvolvendo, criando um campo extremamente favorável para o universo
fantástico e marcante das HQ’s.

Em 2002 houve a consagração do gênero com o Homem Aranha, dirigido


por Sam Raimi, que obteve a maior arrecadação da história do cinema, US$ 115
milhões, somente no fim de semana da estréia. A tecnologia permitiu que o
filme mostrasse, com mais precisão, o universo vertiginoso do personagem
aranha, com seqüências de ação de tirar o fôlego. O resultado revigorou a
indústria do cinema que passou a investir cada vez mais nessa linha. O mundo
fantástico, que circulava somente entre os fãs de HQ, ganhou o grande público
e passou a dar vazão ao constante desenvolvimento de softwares, novas
técnicas e novos equipamentos. É como se essas histórias e personagens,
estivessem esperando esses avanços tecnológicos de som, imagem e
convergência digital, para saírem da gaveta e povoar a imaginação do público.
Essa linguagem ágil e ousada das HQ’s estabelece uma identidade com o jovem
antenado, que hoje consome toda uma cultura disponível nas pontas dos
dedos.

O cinema brasileiro não está livre dessa tendência, em 2006 o cineasta


Heitor Dhalia adaptou O Cheiro do Ralo, do quadrinista Lourenço Mutarelli, obra
mordaz de sucesso entre os leitores. Este ano estréia uma nova produção
baseada em outra HQ: O Dobro de Cinco, do mesmo autor que mistura atores,
cenários com estética de HQ e efeitos visuais em 3D.

Motivos para adaptações de HQ’s no cinema são muitos, público para


todos os gêneros de filmes também, mas com a responsabilidade da bilheteria
nas mãos, produtores e executivos dos grandes estúdios ainda vão manter os
olhos voltados para os sucessos de venda nas bancas de revistas, para apostar
em novos sucessos de bilheteria, nas próximas temporadas.

Alex Moletta
Dramaturgo e Roteirista
Coordenador do Projeto Primeiro Olhar
(Oficinas de Iniciação Cinematográfica da Fatídicos Vídeo Filmes)

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