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Geometria no Espaço

NOTA: O presente documento é composto por um conjunto de apontamentos


teóricos que complementam as aulas de Matemática IV do Curso de Educação
Básica.

2. Geometria no Espaço

2.1. O Espaço. Alguns axiomas.

Do espaço que nos rodeia, ilimitado em todas as direções, podemos extrair a ideia
geométrica de “espaço”.

No espaço, podemos imaginar uma infinidade de planos distintos. Podemos também


imaginar uma infinidade de retas distintas contidas em cada plano e em cada reta uma
infinidade de pontos distintos. Assim, podemos considerar o espaço como um conjunto
composto por uma infinidade de pontos, os planos como subconjuntos do espaço e as
retas como subconjuntos de planos e portanto subconjuntos do espaço.

A seguir apresentamos algumas propriedades intuitivas na forma de verdades


inquestionáveis, isto é, na forma de axiomas:

1. O espaço é um conjunto de pontos. O espaço é composto por uma infinidade de


pontos.

2. Os planos são subconjuntos próprios do espaço e as retas são subconjuntos próprios


de planos.

3. Por dois pontos distintos passa uma e uma só reta.

4. Dada uma reta, existem pontos que pertencem a essa reta e existem outros pontos
que não lhe pertencem.

5. Por três pontos não colineares passa um e um só plano.

Imaginemos um plano representado por uma placa de madeira muito fina, extensa e
rígida. Se tentarmos construir uma mesa com a placa de madeira, ao colocarmos a placa
sobre um único apoio P, fixo ao solo (ver figura abaixo), a placa oscilará e o mesmo
acontecerá se for colocada sobre dois apoios. No entanto, se colocarmos a placa sobre
três apoios não colineares (como mostra a figura), esta não oscilará, visto que estamos

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a assumir que se trata de uma placa rígida. Assim, três pontos não colineares fixam a
placa numa determinada posição. Em termos geométricos, três pontos não colineares
definem o único plano que os contém.

6. Dado um plano, existem pontos que pertencem a esse plano e existem outros pontos
que não lhe pertencem.

7. Se dois pontos distintos de uma reta pertencerem a um plano, então a reta está
contida nesse plano.

8. Se dois planos possuírem um ponto em comum, então possuem pelo menos uma reta
em comum.

Vimos anteriormente que três pontos não colineares definem um único plano.
Também definem um único plano:
- uma reta e um ponto exterior à reta (P, Q e R são pontos não colineares);

R
Q

- duas rectas concorrentes (P, Q e R são três pontos não colineares);

P Q

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- duas rectas estritamente paralelas (P, Q e R são pontos não colineares).

Q
P
R

É de notar que, por uma reta passa uma infinidade de planos.

Observação: Os planos notam-se por letras minúsculas do alfabeto grego ( a , b , e ,... ).

2.2. Posições relativas de retas e planos no espaço

Uma reta e um plano dizem-se paralelos quando não têm pontos em comum.

Uma reta e um plano dizem-se concorrentes (ou secantes) quando têm um só ponto
em comum.

Se uma reta e um plano forem concorrentes, dizem-se perpendiculares se a reta for


perpendicular a todas as retas do plano que passam pelo ponto de intersecção.

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Se uma reta tiver mais do que um ponto em comum com um plano, então a reta está
contida no plano.

2.3. Posições relativas de planos no espaço

Dizemos que dois planos são concorrentes se a sua interseção for uma e uma só reta.

Em relação a planos concorrentes podemos dizer que eles são perpendiculares ou


oblíquos, consoante o ângulo que formam entre si.

Dois planos dizem-se perpendiculares se forem concorrentes e formarem entre si um


ângulo de 90º, isto é, se existir em cada um deles uma reta perpendicular ao outro.

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Se dois planos forem concorrentes e não forem perpendiculares, dizem-se oblíquos.

Se dois planos não são concorrentes, dizem-se paralelos, considerando-se dois casos:

§ se não tiverem pontos em comum, dizem-se estritamente paralelos;

§ se tiverem mais do que uma reta em comum dizem-se coincidentes.

2.4. Posições relativas de retas no espaço

Dadas duas retas, se existir um plano que as contenha, as retas dizem-se complanares.
Se não existir um plano que as contenha, as retas dizem--se não complanares.
Na seguinte figura encontra-se representado um cubo.

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As retas r e p são não complanares e as retas p e q são complanares.

Se duas retas forem complanares, as diferentes posições relativas das retas, no plano,
correspondem às posições anteriormente estudadas. No caso de duas retas serem não
complanares destacamos as retas ortogonais. Por exemplo, as retas p e r,
representadas na figura anterior, são ortogonais. Antes de definirmos retas ortogonais,
definiremos ângulo entre retas não complanares.

Parece estranho falar em ângulo definido por retas não complanares, visto que retas não
complanares não têm pontos comuns. O ângulo definido por retas não
complanares será o ângulo definido por duas retas concorrentes e paralelas,
respetivamente, às retas não complanares.

Duas retas não complanares são ortogonais se definirem um ângulo reto.

A seguir apresentamos mais alguns resultados sobre posições relativas no espaço.

Se uma reta intersetar um plano, então interseta também todos os planos paralelos ao
plano dado.

Se um plano intersetar uma reta r, então interseta também todas as retas paralelas a r.

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Se um plano intersectar dois planos paralelos, então intersecta-os em retas paralelas.

Duas retas distintas paralelas a uma mesma reta são paralelas entre si.

Duas retas distintas, perpendiculares a um mesmo plano, são paralelas.

Dois planos distintos, perpendiculares a uma mesma reta, são paralelos.

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Até este momento falámos de determinados subconjuntos do espaço, como planos e


retas. No entanto, quando olhamos à nossa volta visualizamos vários objetos
tridimensionais que sugerem outros subconjuntos do espaço, como os sólidos.

2.5. Sólidos

As formas geométricas tridimensionais que se estudam em Geometria, conhecidas pela


designação genérica de sólidos geométricos, podem ser vistas como resultado de
abstrações realizadas a partir da observação de vários objetos que nos rodeiam.

Qualquer sólido geométrico ocupa uma porção bem determinada do espaço, separada
do resto do Universo por uma “superfície”. Esta superfície, que nos permite saber onde
“começa” e onde “acaba” cada sólido, designa-se por fronteira. É ela que separa o
interior do exterior desse sólido, isto é, o espaço por ele ocupado do resto do espaço.

Exemplos:
§ a superfície da sua pele separa o interior do seu corpo do resto do espaço (o seu
exterior);
§ a superfície exterior da casca do ovo separa o espaço ocupado pelo ovo do resto
do espaço;
§ a superfície exterior de uma bola separa o espaço ocupado pela bola do resto do
espaço;
§ a superfície exterior de uma caixa separa o espaço ocupado pela caixa do resto
do espaço.

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Quando colocamos uma caixa de sapatos e um ovo em cima de uma mesa, observamos
diferenças nos seus comportamentos: a caixa permanece onde a colocamos, por sua
vez, temos alguma dificuldade em impedir que o ovo se movimente. Esta diferença de
comportamentos é originada pela forma das suas superfícies exteriores.

Como exprimimos, por palavras, estas diferenças?


Dizemos que a superfície exterior do ovo é curva, enquanto a superfície exterior da caixa
é constituída por porções planas.

Podemos classificar os sólidos tendo como critério a forma da sua fronteira, designando-
-os por poliedros ou não poliedros.

2.5.1. Poliedros

Poliedro é um sólido cuja fronteira é constituída exclusivamente por porções de planos,


que se designam por faces do poliedro.

Exemplos de poliedros:

Os sólidos que não verificam a condição anterior são designados por não poliedros.

Exemplos de não poliedros:

Num poliedro, os segmentos de reta que resultam da interseção de duas faces designam-
-se por arestas do poliedro. Os pontos de intersecção das arestas designam-se por
vértices do poliedro.

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Da mesma forma que “polígono” quer dizer, do grego, muitos (poli) ângulos (gono), a
palavra “poliedro” significa muitas bases (do termo grego “hedron” que significa também
“assento”, do facto de que cada uma das faces pode servir de base, quando um modelo
do poliedro é colocado ou “assente” sobre uma mesa).

À semelhança dos polígonos, os poliedros podem ser designados tendo em consideração


o número de faces. Algumas designações mais comuns são:
Nº de faces Designação Nº de faces Designação
4 Tetraedro 10 Decaedro
5 Pentaedro 12 Dodecaedro
6 Hexaedro 14 Tetradecaedro
7 Heptaedro 15 Pentadecaedro
8 Octaedro 16 Hexadecaedro
9 Eneaedro 20 Icosaedro

Os poliedros podem, à semelhança dos polígonos, distinguir-se entre poliedros


convexos e poliedros não convexos (ou côncavos).

Um poliedro diz-se convexo quando qualquer segmento de reta que una dois quaisquer
dos seus pontos está contido no interior do poliedro ou numa das regiões poligonais.
Caso contrário, o sólido diz-se não convexo.

Poliedro convexo Poliedro não convexo

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Alguns poliedros recebem, no entanto, designações mais particulares, que não têm em
conta o número das faces mas outras das suas características. É o caso, por exemplo,
dos prismas e das pirâmides.

2.5.1.1. Prismas

Um prisma é um poliedro com duas faces geometricamente iguais, colocadas de tal


forma que cada um dos lados de uma é paralelo a um dos lados da outra, e com as
restantes faces passando, cada uma delas, por um destes pares de lados paralelos.

As duas faces geometricamente iguais terão que estar situadas em planos paralelos e
dizem-se bases do prisma. As restantes faces são designadas por faces laterais. As
faces laterais são paralelogramos.

Os prismas dizem-se triangulares, quadrangulares, pentagonais, etc., conforme as bases


são triângulos, quadriláteros, pentágonos, etc.

Se as arestas laterais do prisma forem perpendiculares às bases, o prisma diz-se reto,


caso contrário diz-se oblíquo.

Exemplos:

Prisma oblíquo Prisma reto

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Um prisma diz-se regular quando for um prisma reto e as suas bases forem polígonos
regulares.

Exemplo: Prisma hexagonal regular.

Vimos anteriormente que as faces laterais de um prisma são paralelogramos. No caso


de serem também paralelogramos as bases do prisma, este toma a designação de
paralelepípedo.

Exemplos de paralelepípedos:

No paralelepípedo retangular ou cuboide todas as faces são retângulos e, no caso


particular de serem quadrados (obrigatoriamente todos geometricamente iguais), temos
um cubo.

2.5.1.2. Pirâmides

Uma pirâmide é um poliedro em que as faces, à exceção de uma, são triângulos com
um vértice comum. Estas faces triangulares são chamadas as faces laterais, enquanto
a outra face é designada por base da pirâmide. O vértice comum a todas as faces
laterais designa-se por vértice da pirâmide.

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Exemplos de pirâmides:

Vértice da
pirâmide

Face lateral

Base

Tal como os prismas, as pirâmides têm nomes específicos, de acordo com o tipo de
polígono da base. Por exemplo, pirâmide triangular (se a base for um triângulo),
pirâmide hexagonal (se a base for um hexágono).

Quando as faces laterais forem triângulos isósceles, a pirâmide diz-se reta, no caso
contrário diz-se oblíqua.
Exemplos:

Pirâmide oblíqua Pirâmide reta

Uma pirâmide diz-se regular se, além de ser reta, a sua base for um polígono regular.

Exemplo: Pirâmide hexagonal regular

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2.5.1.3. Poliedros regulares

É longa a história dos poliedros. Apesar de serem os prismas e as pirâmides aqueles de


que há evidências mais antigas na civilização humana, os poliedros regulares atraíram
desde cedo a curiosidade humana pela sua beleza e harmonia.

Os poliedros regulares caracterizam-se pelas seguintes propriedades:


§ as faces são polígonos regulares;
§ as faces são polígonos regulares geometricamente iguais;
§ em cada um dos vértices concorre o mesmo número de arestas.

No livro XIII de Os Elementos de Euclides, demonstra-se que há apenas cinco poliedros


regulares convexos: o tetraedro, o cubo, o octaedro, o dodecaedro e o icosaedro.

Estes sólidos são conhecidos pela designação genérica de sólidos platónicos. Platão
procedeu a uma correspondência mística entre os sólidos platónicos e os “elementos”
naturais e o próprio Universo. Nessa correspondência o tetraedro surge associado ao
fogo, o cubo à Terra, o octaedro ao ar, o icosaedro à água e o dodecaedro simboliza o
próprio Universo.

A existência de apenas cinco poliedros regulares convexos pode ser inferida a partir de
algumas considerações geométricas simples, que passamos a apresentar.

Poliedros regulares com faces triangulares

Se quisermos dispor triângulos equiláteros de modo que estes partilhem o mesmo vértice
de um poliedro regular, apenas o conseguimos fazer com três, quatro ou cinco
triângulos.

É de notar, que necessitamos de pelo menos três triângulos para obtermos um vértice
do poliedro.

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Analisemos as três hipóteses referidas.

Vértices onde concorrem 3 faces triangulares:

Unindo [VQ] com [VP] obtemos o vértice V no qual concorrem os três triângulos.

Para “fechar” o poliedro e obter um poliedro regular precisamos de outro triângulo


equilátero igual aos anteriores. Obtemos um tetraedro.

Na figura acima encontra-se representada também uma planificação do tetraedro, isto


é, uma configuração bidimensional que permite passar de duas para três dimensões.
O tetraedro é um poliedro regular formado por 4 triângulos equiláteros geometricamente
iguais e caracteriza-se por ter 4 faces, 4 vértices e 6 arestas.

Vértices onde concorrem 4 faces triangulares:

Unindo [VQ] com [VP] obtemos o vértice V.

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Para “fechar” o poliedro precisamos de mais 4 triângulos iguais aos anteriores. Obtemos
um octaedro.

O octaedro é formado por 8 triângulos equiláteros geometricamente iguais e caracteriza-


se por ter: 8 faces; 6 vértices; 12 arestas.

A seguir apresentamos uma representação de um octaedro acompanhada de uma


planificação.

Vértices onde concorrem 5 faces triangulares:

Unindo [VQ] com [VP] obtemos o vértice V.

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Para “fecharmos” o poliedro teremos de acrescentar os seguintes conjuntos de triângulos


equiláteros geometricamente iguais. Obtemos um icosaedro.

O icosaedro caracteriza-se por ter: 20 faces; 12 vértices; 30 arestas.

É de notar que se continuarmos a acrescentar triângulos em torno de um vértice, por


exemplo, se dispusermos 6 triângulos, obtemos uma figura plana na qual V não é um
vértice de um poliedro. A construção de um poliedro regular com 6 faces triangulares a
concorrerem num vértice não é possível.

Assim, com triângulos equiláteros apenas podemos formar os seguintes poliedros


regulares: tetraedro, octaedro e o icosaedro.

Poliedros regulares com faces quadradas

Vértices onde concorrem 3 faces quadradas:

Unindo [VQ] com [VP] obtemos o vértice V.

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Para “fechar” o poliedro precisamos de três outros quadrados. Obtemos um cubo.

Um cubo caracteriza-se por ter 6 faces, 8 vértices e 12 arestas.

É de notar, que se pensarmos num vértice no qual concorrem 4 faces quadradas obtemos
uma figura plana na qual V não é um vértice de um poliedro.

Existe, portanto, um único poliedro regular cujas faces são quadrados: o cubo.

Poliedros regulares com faces pentagonais regulares

Vértices onde concorrem 3 faces pentagonais:

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Unindo [VQ] com [VP] obtemos o vértice V.

O poliedro é “fechado” do seguinte modo:

Obtemos assim um dodecaedro que se caracteriza por ter: 12 faces; 20 vértices; 30


arestas.

Não é possível construir um vértice no qual concorrem 4 faces pentagonais pois


4 ´108º = 432º > 360º .

Assim, com pentágonos, apenas podemos construir o dodecaedro.

Não existem poliedros regulares com faces hexagonais. Dispondo três hexágonos
obtemos uma figura plana e V não é vértice de um poliedro.

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Podemos então afirmar que há apenas cinco poliedros regulares convexos: o tetraedro,
o cubo, o octaedro, o dodecaedro e o icosaedro.

Poliedro N.º de faces N.º de vértices N.º de arestas


Tetraedro 4 4 6
Hexaedro 6 8 12
Octaedro 8 6 12
Dodecaedro 12 20 30
Icosaedro 20 12 30

Um resultado interessante diz respeito a um padrão numérico que resulta da análise dos
números no quadro anterior. Tal resultado é conhecido como Fórmula de Euler e é
verdadeiro para qualquer poliedro convexo:

Se se adicionar o número de faces com o número de vértices e se se subtrair


o número de arestas, o resultado é sempre 2, isto é, F + V – A = 2, com F, V e
A respetivamente, os números de faces, vértices e arestas.

2.5.2. Sólidos de revolução

Sólido de revolução é um sólido gerado pela rotação de uma superfície plana em torno
de um eixo.

A superfície de revolução é a fronteira lateral de um sólido de revolução – é a


superfície gerada por uma linha, a geratriz, que roda em torno de uma reta, o eixo de
revolução.

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Exemplos de sólidos de revolução:

Eixo de
revolução

geratriz

Analisemos alguns sólidos de revolução:

§ Cilindro – a geratriz é um segmento de reta paralelo ao eixo de revolução; é


gerado pela rotação de um retângulo em torno de um dos seus lados.

Bases do
cilindro

§ Cone – a geratriz é um segmento de reta com uma extremidade sobre o eixo de


revolução; é gerado pela rotação de um triângulo retângulo em torno de um
cateto.

Vértice

Base do cone

§ Esfera – a geratriz é uma semicircunferência cujo diâmetro está sobre o eixo de


rotação; é gerada pela rotação de um semicírculo em torno do seu diâmetro.

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Podemos também definir uma esfera como o conjunto de todos os pontos do espaço
cuja distância a um ponto O, que designamos por centro da esfera, é igual ou inferior à
medida de comprimento r , de um segmento que designamos por raio da esfera.

O conjunto de todos os pontos cuja distância ao centro O é igual a r, é designado por


superfície esférica.

2.6. Áreas e volumes

Intuitivamente, o volume de um sólido é a quantidade de espaço por ele ocupada.

Se estivermos interessados em medir a grandeza “volume”, deveremos compará-la com


uma unidade de medida e o resultado dessa comparação corresponderá à “medida do
volume”.

É frequente tomar-se como unidade de medida de volume um cubo cuja aresta mede
uma unidade de comprimento. Tal cubo denomina-se de cubo unitário e, por definição,
o seu volume é igual a 1. Assim, o volume de um sólido deverá corresponder ao número
de vezes que o cubo unitário “cabe” no sólido.

Exemplo:

Consideremos o seguinte paralelepípedo.

Unidade de medida
de comprimento

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Se dividirmos o paralelepípedo em cubos unitários, verificamos que “cabem” 36 cubos


unitários no paralelepípedo, isto é, a medida de volume do paralelepípedo é 36 unidades
de medida de volume.

É de notar que o número de cubos unitários se obtém observando, por exemplo, quantos
cubos unitários se encontram em cada patamar, neste caso tem-se 6´ 2 cubos, e
multiplicando esse produto pelo número de patamares, que neste caso são 3, isto é,
fazendo 6 ´ 2 ´ 3 = 36 .

De facto dado um paralelepípedo cujas medidas de comprimento das arestas são as


indicadas na figura abaixo (a, b, c), a medida do seu volume é dada por:

a´b´c

O processo de cálculo da medida de um volume de um sólido utilizando cubos unitários


é prático em determinados sólidos, no entanto, se quisermos medir o volume de um
sólido cuja forma seja bastante irregular tal processo não será funcional. Precisamos,
portanto, de métodos sistemáticos e gerais para calcular as medidas dos volumes de
diferentes sólidos.

Se quiséssemos forrar o paralelepípedo apresentado no exemplo com papel autocolante


e pretendêssemos saber previamente a medida da área de papel necessário, bastava
determinar a medida da área de cada uma das faces do poliedro e a soma das medidas
referidas corresponderia à área de papel necessário. Neste caso, teríamos duas faces
com medida de área igual a 18 = 6 ´ 3 , duas faces com medida de área igual a 6 = 2 ´ 3
e duas faces com medida de área igual a 12 = 6 ´ 2 . Assim, precisaríamos de
36 = 18 + 6 + 12 unidades de medida de área de papel autocolante. Acabámos de
determinar o que designamos por medida da área total do sólido. A área total do
sólido compreende a área lateral e a área das bases.

Fórmulas para a determinação da medida do volume de um determinado sólido:

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Sólido Volume

V = a3

Cubo

V = abc

Paralelepípedo

V = Ab ´ a

Prisma

1
V = Ab ´ a
3

Pirâmide

V = Ab ´ a = p r 2 a

Cilindro de revolução

1 1
V = Ab ´ a = p r 2 a
Cone de revolução
3 3

4 3
V = pr
3
Esfera

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É de notar que o cubo e o paralelepípedo são prismas.

A seguir chamamos a atenção para as medidas das áreas das superfícies de revolução
cilindro e cone, respetivamente, e para a medida da área da superfície esférica.

Considere a seguinte planificação de um cilindro de revolução.

Dado que a sua superfície de revolução, quando planificada, é um retângulo, para


determinar a área da superfície de revolução aplicamos a expressão

Pb ´ a , com Pb a medida do perímetro da base.

Relativamente ao cone de revolução, a área da superfície de revolução é dada pela


Pb
expressão ´ g , com Pb a medida do perímetro da base e g a medida de comprimento
2
da geratriz.

A medida da área da superfície esférica é dada pela expressão 4 ´ p ´ r 2 .

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Referências

Breda, A; Loff, D. (1993). Os sólidos geométricos: uma introdução à Geometria


Euclidiana. Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra: CMUC.
Jacobs, H.(1987). Geometry. New York: W. H. Freeman and Company.
Lima, E. (1985). Áreas e Volumes. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática.
Macias, E. (1985). Introduccion a la Geometria. Madrid: Ediciones ANAYA.
Palhares, P. (coord.) (2004). Elementos de Matemática para professores do Ensino
Básico. Lisboa: Lidel.
Veloso, E. (1997). Geometria: Temas actuais. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional.

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