Um convite ao diálogo

Em terras tupiniquins, gostamos de imitar nossos vizinhos gringos.

Especificamente, os dos Estados Unidos da América. Deles, copiamos os formatos de
nossos programas de televisão clássicos; roubamos palavras, como “download”;
criamos verbos – daí vem o “deletar”; trouxemos os conglomerados midiáticos, as
empresas multinacionais e as companhias de fast food. No início dos anos 2000, víamos
tais fenômenos como frutos esperados da globalização. A internet, recém popularizada,
trazia a esperança de um mundo mais integrado. E, embora minha opinião não conte
muito, sou obrigada a confessar: o mundo está sim mais integrado; está mais
americanizado, diríamos. Estamos juntos em um processo de polarização de opiniões,
na procura de “fatos alternativos” e notícias mentirosas. O mundo é coeso em sua busca
por uma verdade que agrade o indivíduo, e que não precisa nem ao mesmo ser verdade!
Caminhamos em direção à pontos opostos de um mesmo paradoxo: a humanidade
permanece unida em sua divisão.

É nesse contexto que o Canal da Imprensa retoma suas atividades. Nossa 175ª
edição aborda uma das nossas novas “imitações” americanas: o debate sobre o
desarmamento. Em março de 2019, o massacre na Escola Raul Brasil (Suzano, SP) lembrou
a todos que essa pauta está longe de ter um fim. A reportagem traz um panorama
detalhado sobre a legislação brasileira em relação ao porte de armas, e os debates
mostram dois lados de uma história que está para lá de “preto no branco”. As análises,
que compõe a espinha dorsal da revista, mostram que se esquivar desse tema não é
uma opção. E, spoilers: a linha editorial do veículo midiático em questão influencia
severamente a posição de seus textos em relação ao desarmamento. Mais do que
opiniões jogadas ao ar sobre um tema polêmico, trazemos um convite ao diálogo e ao
consumo crítico de produtos midiáticos. O nosso está incluso.

Vivemos tempos perigosos para quem gosta de diálogo. Por aqui, ficamos felizes com
isso.

Seja bem-vindo/a ao 175º Canal da Imprensa: Mídia e Desarmamento.

Boa leitura!

Thamires Mattos

Editora-chefe do Canal da Imprensa