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INTRODUÇÃO
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consciente a noção de finitude da vida, o que tende a desestabilizar a relação
médico-paciente (Queirroz, Ferreira, 2011).
Dessa forma, o presente estudo propõe investigar e conhecer melhor como o
psicólogo pode oferecer assistência ao paciente em fase terminal, pautando-se nos
princípios que regem a filosofia dos Cuidados Paliativos (Ferreira, Lopes & Melo,
2011). Afinal, nesse momento é necessário dar condições para o enfrentamento
realístico dos limites da mortalidade. Com isso, espera-se que todas as áreas
envolvidas com a saúde estejam orientadas para o alívio do sofrimento, estando
preocupados, antes de tudo, em cuidar da pessoa doente e não somente da doença
da pessoa.
Sendo assim, necessário se faz pensar nos limites do investimento curativo
que requer perspectivas a partir da noção da ética de limite, do desenvolvimento da
biomedicina e das reflexões da bioética, assim como da natureza dos cuidados
paliativos. Sendo que as três perspectivas – a da ética, a da bioética e a dos
cuidados paliativos – configuram territórios compartilhados (Nunes, 2008). Cuidados
paliativos é um tema que apresenta grande relevância, visto que o papel do
psicólogo precisa ser melhor pontuado quando se trata de sua inserção em equipes
multidisciplinares de ambientes hospitalares.
O tema escolhido foi em decorrência de sua relevância para a formação
acadêmica do psicólogo, por ser um tema atual e por existir um desfalque na
literatura que especifique seu papel em um programa de cuidados paliativos,
podendo se ter como uma das prováveis causas o fato de que na Inglaterra, onde
nasceu à filosofia dos cuidados paliativos, o psicólogo não se encontra inserido na
equipe multidisciplinar? (CASTRO, 2001)
Dessa forma, o objetivo desse estudo é oferecer alguns elementos que
contribuam para o estabelecimento de diretrizes no campo psicológico no que tange
à cuidados paliativos, bem como para o aprimoramento das práticas do profissional
de psicologia como membro integrante da equipe multiprofissional que dá o suporte
necessário para se estabelecer, dentro do possível, a qualidade de vida de
pacientes, mantendo o equilíbrio nas suas relações com os outros profissionais e
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encontrando vias de comunicação que permitam a troca e o conhecimento, a partir
de diferentes saberes.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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cuidados paliativos, a equipe é preparada para entender o paciente e sua família,
que passam por momento tão difícil, dando não só cuidados técnicos, mas apoio
espiritual, conforto e acolhimento (VITAL , 2007)
De acordo com Gutierrez (2001), admitir que se esgotaram os recursos para o
resgate de uma cura e que o paciente se encaminha para o fim da vida, não significa
que não há mais o que se fazer, ao contrário, cabe uma ampla gama de condutas
que podem ser oferecidas ao paciente e sua familia. Segundo o autor, condutas no
plano concreto, visando agora o alivio da dor, a diminuição do desconforto, mas,
sobretudo, a possibilidade de situar-se frente ao momento do fim da vida,
acompanhados por alguém que possa ouvi-los e sustente seus desejos, saõ
importantes nesse momento. Reconhecer, sempre que é possível seu lugar ativo,
sua autonomia, suas escolhas, permite ao paciente chegar ao momento de morrer,
vivo, não antecipando o momento desta morte a partir do abandono e isolamento.
(GUTIERREZ, 2001).
O atendimento desse tipo de cuidado se dá em diferentes regimes e/ou
modalidades: enfermaria, ambulatório, hospedagem, interconsulta e visita domiciliar
Ferreira, Lopes & Melo, 2013 Segundo a autora, a atenção paliativa pode ser
fornecida na casa do paciente ou em um local destinado para pacientes na fase final
da vida, para tornar o processo de morte mais confortável. No caso de Cuidado
Paliativo a pacientes terminais, a decisão sobre o local da morte, seja em hospital ou
em domicílio, deve ser feita em conjunto com a família, previamente discutida com a
equipe e consideradas as condições e recursos de apoio, como estrutura domiciliar,
familiar e do cuidador.
O reconhecimento e a aceitação da morte como um processo natural viola as
regras implícitas e explícitas que regem o cotidiano dos profissionais de saúde nos
hospitais, visto que esse contexto é primordialmente pensado como o lugar da vida,
da potência e da cura. ( Mota, Fernandes e Menezes, 2013),
Além dos hospitais, outros contextos que oferecem cuidados paliativos são
as hospedagens, que segundo Mota, Fernandes e Menezes (2013), consistem em
locais institucionais para morrer e propiciam condições humanizadas aos pacientes
que vivenciam o processo de terminalidade. Para esses autores, o suporte ao
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paciente é oferecido por meio de uma equipe multidisciplinar constituída por médico,
enfermeiro, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, terapeuta
ocupacional, conselheiro espiritual ou capelão. Ressaltar a importância do trabalho
multidisciplinar realizado pela equipe de assistência domiciliar, possibilita um olhar
mais amplo, para além da dor física (MOTA, FERNANDES E MENEZES, 2013)
As hospedagens são locais próprios e adequados aos pacientes em cuidados
paliativos, os quais necessitam experiênciar seu processo de luto, lidar com as
perdas e amenizar o sofrimento. Esse contato brusco e penoso com a finitude,
muitas vezes desencadeado pelo adoecimento, encontra expressão máxima no
momento do agravamento das condições clínicas do paciente e da consequente
caminhada rumo à terminalidade, e por este motivo, ressalta MOTA, FERNANDES E
MENEZES, 2013, este é um contato tão temido e evitado. No entanto, este espaço
se faz necessário, de modo que os sentimentos de solidão e derrota possam ser
atenuados, dando lugar a momentos de cumplicidade, de intimidade e sofrimento
psíquico dividido com o outro.
Torna-se importante, portanto, criar um espaço seguro para a expressão de
sentimentos e pensamentos que fazem parte desse momento de final de vida. O
paciente e seus familiares/cuidadores experimentam diversos medos ao longo do
tratamento e próximo da morte, vivenciando muitas vezes esses medos, por meio do
olhar dos outros, das perguntas não feitas e das respostas evitadas. (Mendes,
Lustosa, Andrade. 2009 )
Paciente terminal
Pode ser considerado como paciente terminal aquela pessoa cujo estado de
saúde está tão prejudicado que não há mais nenhum tratamento para a recuperação
de seu bem-estar. (Domingues, 2013).
A doença não respondeu a nenhum tratamento convencional. A morte torna-
se então inevitável, pois o quadro de saúde é irreversível (Domingues, 2013). O que
resta a este paciente são cuidados que melhoram sua qualidade de vida enquanto
se aproxima da morte, isto é, restam-lhe apenas os cuidados paliativos que poderão
ser oferecidos pela equipe multidisciplinar e não mais os cuidados curativos.
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O sofrimento do paciente terminal, bem como o das pessoas que o cercam,
abrange os aspectos biopsicossociais. Este paciente necessita e é capaz de
compreender que sua vida ainda não acabou na ocasião da notícia, ele ainda terá
planos a realizar. (Domingues, 2013).
Revelação do diagnóstico
As dificuldades que os profissionais encontram na hora de informar o
diagnóstico da doença ao paciente são muitas. O médico muitas vezes não sabe
como proceder, fica preocupado e inseguro perante o paciente. Certamente a
pessoa encarregada de dar a notícia deverá ter muita cautela, pois dependendo da
forma como a notícia chegará a este paciente, poderá ter grandes alterações no
suposto tratamento Domingues, (2013).
Na maioria das vezes, o paciente finge não saber de sua doença, mas
percebe, observando ao seu redor, algo que não está normal, como: mudanças nas
pessoas da família, no médico, pois todos à sua volta começam a falar baixo,
mudam a maneira de olhar, percebe que as pessoas próximas estão muito emotivas,
demonstrando certa piedade para com ele Domingues, (2013).
De acordo com Domingues, (2013), quando o médico esclarece sobre o
diagnóstico da doença terminal, o paciente se sente mais seguro, verá que não está
sozinho, que seu médico está ali para ajudá-lo, que vão juntos enfrentar o que vier
pela frente, que não é um diagnóstico, que irá travar o tratamento que pretendem
realizar com ele e com a família. Domingues (2013) ressalva que, não e deve
desacreditar na capacidade que o paciente terminal tem em realizar e organizar
tarefas importantes antes de partir. Deixar resolvidos assuntos sobre finanças,
preferência na hora do sepultamento, como se sentiria se soubesse que o seu
cônjuge se casaria novamente e como o seu parceiro sobreviverá após a sua morte
são questões cruciais para que o paciente se sinta aliviado e menos culpado,
tornando seu sofrimento menos angustiante.
No entanto, para que tal capacidade seja despertada, é necessário contar
com o apoio de um profissional da psicologia. É ele quem poderá usar de seus
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conhecimentos e habilidades profissionais e intervir, junto ao paciente e sua família,
buscando a reestruturação emocional, diante de uma situação de perdas e luto
iminente.
A raiva segue no segundo estágio (frustração), pelo motivo do ego não manter
a negação e o isolamento, os relacionamentos se tornam hostis pela consciência da
morte iminente. Nesse estágio é necessário a compreensão dos demais para apoio
e auxílio na transição dessa fase, entendendo que a angústia do doente se converte
em raiva, pois a pessoa se sente interrompida em suas atividades cotidianas
Domingues, (2013).
Discutir sobre a morte é tão urgente quanto viver. Faz-se necessário criar
espaços nos quais se possa encontrar solidariedade e a ajuda para enfrentar a
própria morte ou a de uma pessoa significativa.
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Domingues (2013), o tratamento em Cuidados Paliativos deve contar com uma
equipe multiprofissional que trabalhará com o foco de promover um equilíbrio geral
para o doente, sem buscar pela cura, no entanto, oferecendo-lhe uma melhor
qualidade dessa vida.
Como integrante de uma equipe multiprofissional, o psicólogo terá diversas e
minuciosas formas de atuar, especialmente em casos de pacientes em situação de
luto iminente. Seu trabalho deve levar em conta vários aspectos, como: a instituição,
a equipe multiprofissional, o paciente e sua doença, bem como a família deste.
(Mota, Fernandes e Menezes, 2013).
Esses aspectos nortearão e delimitarão suas ações enquanto profissional.
Segundo Mota, Fernandes e Menezes, 2013), a psicologia hospitalar é o campo de
atendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento, onde
seu objetivo é a subjetividade, ou seja diante de todas as implicações oriundas do
estado patológico de um paciente, sua subjetividade é sacudida. É neste momento
que o psicólogo hospitalar entra em cena oferecendo algo que os outros
profissionais da saúde não puderam dar: atenção e escuta a suas aflições.
O campo de trabalho do psicólogo são as palavras e a observação. Ele fala,
escuta e observa. Escuta ainda mais do que fala. Não é algo tão simples, pois o ato
de escutar, falar e também captar signos com valor de palavras pode levar o
paciente a mudanças em seu quadro de bem-estar. (Mota, Fernandes e Menezes,
2013).
Como assevera Mota, Fernandes e Menezes (2013), a psicologia hospitalar
trata do adoecimento no registro do simbólico, pois a medicina já trata no registro do
real. O mesmo afirma que, no que concerne à liberdade e ao dever de exercer seu
papel frente ao doente e as fronteiras estabelecidas pelas instituições de saúde, o
psicólogo, ao entrar em contato com o paciente, há de levar em consideração duas
situações: se houve uma solicitação de atendimento ou uma demanda de
atendimento, ou seja, uma solicitação é feita por qualquer pessoa (inclusive o
paciente) diante do quadro apresentado pelo paciente. Já a demanda se trata mais
de um estado de incômodo ou questionamento acerca de como está vivenciando
sua situação. Esta demanda só pode partir do doente, como questionamento acerca
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de suas atitudes. Sendo assim, o essencial é que haja demanda para que o
tratamento flua, mas isso não quer dizer que o psicólogo não possa iniciar o trabalho
apenas com a solicitação de atendimento, pois com o tempo poderá surgir a
demanda (MOTA, FERNANDES E MENEZES, 20113).
O primeiro dos trabalhos do psicólogo no atendimento hospitalar é entender
que é necessária uma boa identificação entre ele e seus pacientes. Não é demais
conferir bem o nome com o número do leito no início da consulta e depois buscar
mais dados que o levem a conhecer melhor o paciente. Cabe ao psicólogo também
apresentar-se ao doente a cada novo dia, a fim de evitar confusões (Mota,
Fernandes e Menezes, 2013)
Quanto ao agir do psicólogo no setting terapêutico, Mota, Fernandes e
Menezes (2013), salientam que como a estratégia terapêutica da psicologia
hospitalar é levar o paciente rumo à palavra, este profissional deve buscar seguir
algumas estratégias e técnicas, propiciadas por um jeito de pensar que orienta o agir
terapêutico, apontando a direção do tratamento. Essas estratégias e técnicas não
devem ser compreendidas como uma receita rígida, mas que devem ser adequadas
a cada situação clínica.
Com o paciente fora de recursos terapêuticos de cura, o que deve orientar o
trabalho do psicólogo é o desejo do paciente e não a possibilidade de vida. Tratar do
desejo, e não do prognóstico. (Mota, Fernandes e Menezes, 2013)
A medicina paliativa diz que há muito o que fazer pelo paciente, quando já
não há mais nada a fazer pela cura. Aqui a participação do psicólogo hospitalar é
imprescindível. Esse profissional deve ajudar o paciente na busca de mecanismos
de enfrentamento que o ajudarão a manter sua autoestima e estabilidade diante do
quadro patológico, jamais se esquecendo de que religião e espiritualidade são
aspectos importantes para o paciente e seus familiares (Mota, Fernandes e
Menezes 2013).
Não raro, há casos em que o psicólogo atua no atendimento a muitos
profissionais da saúde que lidam com a medicina paliativa. Por isso faz-se
necessário que o terapeuta busque conhecer sobre as tarefas desempenhadas por
esses profissionais para o trato com o paciente terminal.
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Tanto quanto para o paciente terminal, é importante direcionar, como num
trabalho conjunto, o trabalho terapêutico para a família desse paciente. Como afirma
Mota, Fernandes e Menezes (2013), quando o paciente entra na fase terminal, a
família inteira se torna o foco mais adequado para os cuidados dos profissionais de
saúde, seja porque as dificuldades psicológicas surgirão não apenas no paciente,
mas em vários membros da família, seja porque é da família que brotarão as forças
necessárias à superação dessa situação.( Domingues p. 05 2013) Tanto antes como
no momento da morte do paciente o trabalho do psicólogo é voltado para ele e
também para a família, porém, quando o paciente morre, os trabalhos serão
voltados para a família, em prol do restabelecimento do equilíbrio familiar, agora sem
um integrante ( DOMINGUES, 2013)
MÉTODOLOGIA
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entre 2001 a 2019. Os termos descritores utilizados nas buscas, foram: cuidados
paliativos, oncologia e Psicologia.
Para a seleção dos artigos encontrados foram adotados como critérios de
inclusão, artigos publicados em português, e relacionados com a temática proposta
e como critérios de exclusão, artigos em língua estrangeira, com data de publicação
anterior a 2010 e que não correspondesse à temática envolvendo psicologia.
Ao todo, foram encontrdos 25 artigos, sendo apenas utilizados 16 desses,
devido aos critérios de exclusão e inclusão já citados.
REFERÊNCIAS
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PORTO. Glaucia, Lustosa. Maria: Psicologia hospitalar e cuidado paliativo,
2010, Rio de Janeiro.
QUEIROZ, Ana Paula, Ferreira Leany: O papel do psicólogo na equipe de
cuidados paliativos junto ao paciente com câncer, 2011. Rio de Janeiro.
MELO. Anne Cristine, Fernandes Fernandes, Menezes, Marina: A intervenção
psicológica em cuidados paliativos. Lisboa, 2013.
DOMINGUES, Glaucia, Alves Karina: Atuação do psicólogo no tratamento de
paciente terminal e seus familiares, São Paulo, 2013.
ARAUJO, Aline Torres – Atuação do psicólogo com paciente com câncer sem
expectativa de vida. 2017.
NUNES, Lúcilia - Ética em cuidados paliativos: limites ao investimento
curativo. 2008.
MENDES, Juliana, Lustosa Maria Alice, Andrade, Maria clara – Paciente
Terminal, família e equipe de saúde. Rio de Janeiro, 2009.
MELHADO, ANDRE - Capitulo 3 metodologia – 2005.
CASTRO, Deborah, Azenha - Psicologia e ética em cuidados paliativos.
Brasilia. 2001.
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