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CUIDADOS PALIATIVOS A PACIENTES ONCOLÓGICOS

Damilys Do Monte Santos ¹


Mariana Moreira da Silva ²
Patrícia Sierpinska Nogueira3

Graduanda em Psicologia - UNINASSAU

Resumo: A ciência, nos últimos anos, principalmente na área da saúde, ampliou


significativamente a expectativa de vida e bem-estar, ficando impotente, porém, diante da
morte. A importância de se permitir morrer humanamente, sem incorrer em processos
prolongados, resgata a dignidade do paciente em seu momento final, ajudando-o a enfrentar
a morte. Cuidado Paliativo é a prática multiprofissional que busca oferecer ao paciente que
não possui mais possibilidade de cura, um atendimento que integre todas as dimensões do
ser, visando atingir uma melhor qualidade de vida para o doente e sua família. Nesse
sentindo, o objetivo desse estudo é buscar esclarecer elementos que contribuam para a
compreensão da prática do psicólogo neste contexto. Lembrando que todos da equipe
médica têm seu papel de importância, principalmente a psicologia, pois compete a ele
estudar o ser humano na sua forma mais íntima. Com isso, é imprescindível a atuação do
psicólogo, colaborando para que o paciente, sua família e a equipe médica possam buscar
um maior equilíbrio de vida interior e um grau de adaptação à realidade. Como resultado, no
eixo do compromisso de lutar pela vida sem maximizar as intervenções e humanizar os
cuidados, destaque-se o respeito pela decisão do doente capaz e competente e a convicção
de que existem limites aos cuidados, porque tem de fazer sentido para quem os presta e
para aquele a quem são prestados.

Palavras-chave: Cuidados Paliativos, Pacientes Oncológicos, Psicologia.

¹ Graduanda em Psicologia pela Faculdade Mauricio de Nassau. E-mail:damilysdomonte@hotmail.com


² Graduanda em Psicologia pela Faculdade Mauricio de Nassau. E-mail: mariiana.siilva21@hotmail.com
³ Professora, especialista em Psicopedagogia. E-mail: patriciasierpinska@gmail.com
.

INTRODUÇÃO

A ciência, nos últimos anos, principalmente na área da saúde, ampliou


significativamente a expectativa de vida e bem-estar, ficando impotente, porém,
diante da morte. É em relação ao fim da existência humana que surge a grande
preocupação: que fazer com pacientes com doenças crônicas terminais, que se
arrastam ao longo de um determinado tempo? (CASTRO, 2001)
Com o avanço da medicina, a luta contra doenças potencialmente fatais e a
própria morte tem se prolongando cada vez mais, estendendo a vida e por vezes
também o sofrimento de pacientes que já não apresentam possibilidade de cura. Ao
mesmo tempo a medicina, em sua busca incessante em favor da vida, tem deixado
de lado práticas humanistas, que podem dar todo um suporte para o paciente
terminal e sua família. Essa nova realidade crescente, bem como o envelhecimento
populacional que ocasiona o aumento das doenças crônicas, tem demandado uma
busca de novas práticas pelos profissionais da área de saúde no intuito de melhorar
a administração do período final de vida do doente, sendo o psicólogo um agente
ativo. Esse novo modelo de atenção e cuidado com a vida e o indivíduo é conhecido
como Cuidados Paliativos (QUEIROZ, FERREIRA, 2011).
O número de doenças crônicas degenerativas têm aumentado em
decorrência do aumento populacional (Queirroz, Ferreira, 2011). Neste sentido,
dentre as tentativas de minimizar o ‘sofrimento’ ocasionado por tais enfermidades, os
cuidados paliativos têm por finalidade aliviar a dor, com ética e principalmente com
dignidade para o paciente que apresenta uma doença terminal (Assim, ainda
segundo os pressupostos acima, a doença terminal causa vulnerabilidade por tornar

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consciente a noção de finitude da vida, o que tende a desestabilizar a relação
médico-paciente (Queirroz, Ferreira, 2011).
Dessa forma, o presente estudo propõe investigar e conhecer melhor como o
psicólogo pode oferecer assistência ao paciente em fase terminal, pautando-se nos
princípios que regem a filosofia dos Cuidados Paliativos (Ferreira, Lopes & Melo,
2011). Afinal, nesse momento é necessário dar condições para o enfrentamento
realístico dos limites da mortalidade. Com isso, espera-se que todas as áreas
envolvidas com a saúde estejam orientadas para o alívio do sofrimento, estando
preocupados, antes de tudo, em cuidar da pessoa doente e não somente da doença
da pessoa.
Sendo assim, necessário se faz pensar nos limites do investimento curativo
que requer perspectivas a partir da noção da ética de limite, do desenvolvimento da
biomedicina e das reflexões da bioética, assim como da natureza dos cuidados
paliativos. Sendo que as três perspectivas – a da ética, a da bioética e a dos
cuidados paliativos – configuram territórios compartilhados (Nunes, 2008). Cuidados
paliativos é um tema que apresenta grande relevância, visto que o papel do
psicólogo precisa ser melhor pontuado quando se trata de sua inserção em equipes
multidisciplinares de ambientes hospitalares.
O tema escolhido foi em decorrência de sua relevância para a formação
acadêmica do psicólogo, por ser um tema atual e por existir um desfalque na
literatura que especifique seu papel em um programa de cuidados paliativos,
podendo se ter como uma das prováveis causas o fato de que na Inglaterra, onde
nasceu à filosofia dos cuidados paliativos, o psicólogo não se encontra inserido na
equipe multidisciplinar? (CASTRO, 2001)
Dessa forma, o objetivo desse estudo é oferecer alguns elementos que
contribuam para o estabelecimento de diretrizes no campo psicológico no que tange
à cuidados paliativos, bem como para o aprimoramento das práticas do profissional
de psicologia como membro integrante da equipe multiprofissional que dá o suporte
necessário para se estabelecer, dentro do possível, a qualidade de vida de
pacientes, mantendo o equilíbrio nas suas relações com os outros profissionais e

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encontrando vias de comunicação que permitam a troca e o conhecimento, a partir
de diferentes saberes.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Cuidados Paliativos: conceitos, características e contextos de atuação


O termo paliativo deriva do vocábulo latino pallium, que significa manta ou
coberta. O termo implica ainda um enfoque holístico, que considera não somente a
dimensão física, mas também a psicológica, social e espiritual. (Ferreira, Lopes &
Melo, 2011)
Segundo a Associação Nacional de Cuidados Paliativos , alguns dos
princípios dos Cuidados Paliativos são: o alivio do sofrimento, compaixão pelo
doente e seus familiares, o controle impecável dos sintomas e da dor , a busca pela
autonomia e a manutenção de uma vida ativa enquanto ela durar.
Os Cuidados Paliativos foram definidos pela Organização Mundial da Saúde
em 2002 como uma abordagem ou tratamento , que melhora a qualidade de vida do
doente e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida.
Por tanto é necessário avaliar e controlar de forma impecável não somente a dor ,
mas todos os sintomas de natureza física, social, emocional espiritual.
Segundo Figueiredo (2006), cuidados caliativos, são um conjunto de atos
multiprofissionais que tem por objetivo controlar o sintomas do corpo, da mente, do
espirito, e do social que aflige o homem quando há uma doença sem cura e ele sabe
que vai morrer. Cuidados paliativos Vital (2007), é um termo adotado na
modernidade para os cuidados necessários no fim da vida, tendo como meta dar
qualidade de vida enquanto ela durar.
Para Vital (2007), o fenômeno da morte faz parte do dia a dia da equipe de
Psicologia. Uma vez dado o prognóstico e comprovado o estado de terminalidade,
os pacientes sentem-se sós, queixam-se da equipe, as pessoas não se aproximam
mais, aparecendo apenas para medicá-los; a equipe se preocupa apenas com a
técnica, esquecendo o lado emocional do paciente que já se encontra
completamente abalado, tornando cada vez mais doloroso seu estado geral. Nos

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cuidados paliativos, a equipe é preparada para entender o paciente e sua família,
que passam por momento tão difícil, dando não só cuidados técnicos, mas apoio
espiritual, conforto e acolhimento (VITAL , 2007)
De acordo com Gutierrez (2001), admitir que se esgotaram os recursos para o
resgate de uma cura e que o paciente se encaminha para o fim da vida, não significa
que não há mais o que se fazer, ao contrário, cabe uma ampla gama de condutas
que podem ser oferecidas ao paciente e sua familia. Segundo o autor, condutas no
plano concreto, visando agora o alivio da dor, a diminuição do desconforto, mas,
sobretudo, a possibilidade de situar-se frente ao momento do fim da vida,
acompanhados por alguém que possa ouvi-los e sustente seus desejos, saõ
importantes nesse momento. Reconhecer, sempre que é possível seu lugar ativo,
sua autonomia, suas escolhas, permite ao paciente chegar ao momento de morrer,
vivo, não antecipando o momento desta morte a partir do abandono e isolamento.
(GUTIERREZ, 2001).
O atendimento desse tipo de cuidado se dá em diferentes regimes e/ou
modalidades: enfermaria, ambulatório, hospedagem, interconsulta e visita domiciliar
Ferreira, Lopes & Melo, 2013 Segundo a autora, a atenção paliativa pode ser
fornecida na casa do paciente ou em um local destinado para pacientes na fase final
da vida, para tornar o processo de morte mais confortável. No caso de Cuidado
Paliativo a pacientes terminais, a decisão sobre o local da morte, seja em hospital ou
em domicílio, deve ser feita em conjunto com a família, previamente discutida com a
equipe e consideradas as condições e recursos de apoio, como estrutura domiciliar,
familiar e do cuidador.
O reconhecimento e a aceitação da morte como um processo natural viola as
regras implícitas e explícitas que regem o cotidiano dos profissionais de saúde nos
hospitais, visto que esse contexto é primordialmente pensado como o lugar da vida,
da potência e da cura. ( Mota, Fernandes e Menezes, 2013),
Além dos hospitais, outros contextos que oferecem cuidados paliativos são
as hospedagens, que segundo Mota, Fernandes e Menezes (2013), consistem em
locais institucionais para morrer e propiciam condições humanizadas aos pacientes
que vivenciam o processo de terminalidade. Para esses autores, o suporte ao
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paciente é oferecido por meio de uma equipe multidisciplinar constituída por médico,
enfermeiro, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, terapeuta
ocupacional, conselheiro espiritual ou capelão. Ressaltar a importância do trabalho
multidisciplinar realizado pela equipe de assistência domiciliar, possibilita um olhar
mais amplo, para além da dor física (MOTA, FERNANDES E MENEZES, 2013)
As hospedagens são locais próprios e adequados aos pacientes em cuidados
paliativos, os quais necessitam experiênciar seu processo de luto, lidar com as
perdas e amenizar o sofrimento. Esse contato brusco e penoso com a finitude,
muitas vezes desencadeado pelo adoecimento, encontra expressão máxima no
momento do agravamento das condições clínicas do paciente e da consequente
caminhada rumo à terminalidade, e por este motivo, ressalta MOTA, FERNANDES E
MENEZES, 2013, este é um contato tão temido e evitado. No entanto, este espaço
se faz necessário, de modo que os sentimentos de solidão e derrota possam ser
atenuados, dando lugar a momentos de cumplicidade, de intimidade e sofrimento
psíquico dividido com o outro.
Torna-se importante, portanto, criar um espaço seguro para a expressão de
sentimentos e pensamentos que fazem parte desse momento de final de vida. O
paciente e seus familiares/cuidadores experimentam diversos medos ao longo do
tratamento e próximo da morte, vivenciando muitas vezes esses medos, por meio do
olhar dos outros, das perguntas não feitas e das respostas evitadas. (Mendes,
Lustosa, Andrade. 2009 )

Paciente terminal
Pode ser considerado como paciente terminal aquela pessoa cujo estado de
saúde está tão prejudicado que não há mais nenhum tratamento para a recuperação
de seu bem-estar. (Domingues, 2013).
A doença não respondeu a nenhum tratamento convencional. A morte torna-
se então inevitável, pois o quadro de saúde é irreversível (Domingues, 2013). O que
resta a este paciente são cuidados que melhoram sua qualidade de vida enquanto
se aproxima da morte, isto é, restam-lhe apenas os cuidados paliativos que poderão
ser oferecidos pela equipe multidisciplinar e não mais os cuidados curativos.
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O sofrimento do paciente terminal, bem como o das pessoas que o cercam,
abrange os aspectos biopsicossociais. Este paciente necessita e é capaz de
compreender que sua vida ainda não acabou na ocasião da notícia, ele ainda terá
planos a realizar. (Domingues, 2013).

Revelação do diagnóstico
As dificuldades que os profissionais encontram na hora de informar o
diagnóstico da doença ao paciente são muitas. O médico muitas vezes não sabe
como proceder, fica preocupado e inseguro perante o paciente. Certamente a
pessoa encarregada de dar a notícia deverá ter muita cautela, pois dependendo da
forma como a notícia chegará a este paciente, poderá ter grandes alterações no
suposto tratamento Domingues, (2013).
Na maioria das vezes, o paciente finge não saber de sua doença, mas
percebe, observando ao seu redor, algo que não está normal, como: mudanças nas
pessoas da família, no médico, pois todos à sua volta começam a falar baixo,
mudam a maneira de olhar, percebe que as pessoas próximas estão muito emotivas,
demonstrando certa piedade para com ele Domingues, (2013).
De acordo com Domingues, (2013), quando o médico esclarece sobre o
diagnóstico da doença terminal, o paciente se sente mais seguro, verá que não está
sozinho, que seu médico está ali para ajudá-lo, que vão juntos enfrentar o que vier
pela frente, que não é um diagnóstico, que irá travar o tratamento que pretendem
realizar com ele e com a família. Domingues (2013) ressalva que, não e deve
desacreditar na capacidade que o paciente terminal tem em realizar e organizar
tarefas importantes antes de partir. Deixar resolvidos assuntos sobre finanças,
preferência na hora do sepultamento, como se sentiria se soubesse que o seu
cônjuge se casaria novamente e como o seu parceiro sobreviverá após a sua morte
são questões cruciais para que o paciente se sinta aliviado e menos culpado,
tornando seu sofrimento menos angustiante.
No entanto, para que tal capacidade seja despertada, é necessário contar
com o apoio de um profissional da psicologia. É ele quem poderá usar de seus
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conhecimentos e habilidades profissionais e intervir, junto ao paciente e sua família,
buscando a reestruturação emocional, diante de uma situação de perdas e luto
iminente.

. Estágios psicológicos diante da morte iminente

Segundo Domingues (2013), a negação em geral é o primeiro estágio de um


processo psíquico que ocorre em doentes terminais, uma forma de mecanismo de
defesa temporário do ego contra a dor psíquica diante da morte. A intensidade e
duração dessa fase depende de como o paciente e as outras pessoas ao seu redor
são capazes de lidar com a dor, pois esse período não dura por muito tempo.

A raiva segue no segundo estágio (frustração), pelo motivo do ego não manter
a negação e o isolamento, os relacionamentos se tornam hostis pela consciência da
morte iminente. Nesse estágio é necessário a compreensão dos demais para apoio
e auxílio na transição dessa fase, entendendo que a angústia do doente se converte
em raiva, pois a pessoa se sente interrompida em suas atividades cotidianas
Domingues, (2013).

Devem-se evitar os julgamentos em relação ao comportamento do paciente,


mesmo que isso dificulte o tratamento, pois sempre há duas facetas, isto é, dois
lados. Atrás de uma atitude negativa do paciente, sempre há um motivo ou razão
positiva que justifique o ato. Pelo simples fato do doente expressar uma
exteriorização de seus sentimentos, isso funciona como uma válvula de escape
emocional, produzindo uma sensação de alívio para o mesmo Domingues, (2013).

Havendo deixado de lado a Negação e o Isolamento, “percebendo” que a


raiva também não resolveu, a pessoa entra no terceiro estágio, “a barganha”. A
maioria dessas barganhas são feitas com Deus e, normalmente, mantidas em
segredo. A pessoa implora, geralmente a Deus, para que aceite sua “oferta” em
troca da vida, como por exemplo, sua promessa de uma vida dedicada ao dogma,
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aos pobres, à caridade. Na realidade, a barganha é uma tentativa de adiamento.
Domingues, (2013). Nessa fase o paciente se mantém sereno, reflexivo e dócil. A
fase da depressão ocorre quando o doente toma consciência de seu estado frágil e
debilitado e já não tem mais como negar sua condição de doente terminal. Surge um
sentimento de grande perda, a dor e o sofrimento psíquico são quem vai assumindo
o quadro clínico mais típico com características depressivas Domingues, (2013).

Tristeza, choro e a sensação de inutilidade dominam o paciente e o ambiente


que o envolve. Quando há uma consciência e uma estabilidade emocional do
doente, considera-se que ele está na fase da aceitação. Paz e dignidade são
priorizadas nesse estágio, pois o doente encara a realidade com mais serenidade e
enfrentamento, que tem como característica a alternância da postura de luta para o
luto em relação à doença.

As fases psicológicas na doença terminal não seguem uma ordem pré-


estabelecida, considera-se a individualidade subjetiva. É normal que o doente
mantenha a esperança em qualquer das situações, mesmo quando racionalmente
ela não exista, ele a inventará.

Discutir sobre a morte é tão urgente quanto viver. Faz-se necessário criar
espaços nos quais se possa encontrar solidariedade e a ajuda para enfrentar a
própria morte ou a de uma pessoa significativa.

A importância do papel da Psicologia nos cuidados paliativos


Diante de tantos fatores que envolvem a experiência de um paciente em
quadro terminal, faz-se necessária a atuação de um profissional junto à clínica
médica, capaz de facilitar superação e alívio de ordem psicológica e emocional. O
trabalho de um psicólogo tornou-se imprescindível nos hospitais, dada sua
sensibilidade e capacidade em lidar com questões tão desconsideradas por outros
profissionais da saúde.
Para tanto, o psicólogo não pode, e nem conseguiria sozinho, desempenhar
bem seu papel de facilitador e promotor de saúde mental. Conforme salienta

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Domingues (2013), o tratamento em Cuidados Paliativos deve contar com uma
equipe multiprofissional que trabalhará com o foco de promover um equilíbrio geral
para o doente, sem buscar pela cura, no entanto, oferecendo-lhe uma melhor
qualidade dessa vida.
Como integrante de uma equipe multiprofissional, o psicólogo terá diversas e
minuciosas formas de atuar, especialmente em casos de pacientes em situação de
luto iminente. Seu trabalho deve levar em conta vários aspectos, como: a instituição,
a equipe multiprofissional, o paciente e sua doença, bem como a família deste.
(Mota, Fernandes e Menezes, 2013).
Esses aspectos nortearão e delimitarão suas ações enquanto profissional.
Segundo Mota, Fernandes e Menezes, 2013), a psicologia hospitalar é o campo de
atendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento, onde
seu objetivo é a subjetividade, ou seja diante de todas as implicações oriundas do
estado patológico de um paciente, sua subjetividade é sacudida. É neste momento
que o psicólogo hospitalar entra em cena oferecendo algo que os outros
profissionais da saúde não puderam dar: atenção e escuta a suas aflições.
O campo de trabalho do psicólogo são as palavras e a observação. Ele fala,
escuta e observa. Escuta ainda mais do que fala. Não é algo tão simples, pois o ato
de escutar, falar e também captar signos com valor de palavras pode levar o
paciente a mudanças em seu quadro de bem-estar. (Mota, Fernandes e Menezes,
2013).
Como assevera Mota, Fernandes e Menezes (2013), a psicologia hospitalar
trata do adoecimento no registro do simbólico, pois a medicina já trata no registro do
real. O mesmo afirma que, no que concerne à liberdade e ao dever de exercer seu
papel frente ao doente e as fronteiras estabelecidas pelas instituições de saúde, o
psicólogo, ao entrar em contato com o paciente, há de levar em consideração duas
situações: se houve uma solicitação de atendimento ou uma demanda de
atendimento, ou seja, uma solicitação é feita por qualquer pessoa (inclusive o
paciente) diante do quadro apresentado pelo paciente. Já a demanda se trata mais
de um estado de incômodo ou questionamento acerca de como está vivenciando
sua situação. Esta demanda só pode partir do doente, como questionamento acerca
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de suas atitudes. Sendo assim, o essencial é que haja demanda para que o
tratamento flua, mas isso não quer dizer que o psicólogo não possa iniciar o trabalho
apenas com a solicitação de atendimento, pois com o tempo poderá surgir a
demanda (MOTA, FERNANDES E MENEZES, 20113).
O primeiro dos trabalhos do psicólogo no atendimento hospitalar é entender
que é necessária uma boa identificação entre ele e seus pacientes. Não é demais
conferir bem o nome com o número do leito no início da consulta e depois buscar
mais dados que o levem a conhecer melhor o paciente. Cabe ao psicólogo também
apresentar-se ao doente a cada novo dia, a fim de evitar confusões (Mota,
Fernandes e Menezes, 2013)
Quanto ao agir do psicólogo no setting terapêutico, Mota, Fernandes e
Menezes (2013), salientam que como a estratégia terapêutica da psicologia
hospitalar é levar o paciente rumo à palavra, este profissional deve buscar seguir
algumas estratégias e técnicas, propiciadas por um jeito de pensar que orienta o agir
terapêutico, apontando a direção do tratamento. Essas estratégias e técnicas não
devem ser compreendidas como uma receita rígida, mas que devem ser adequadas
a cada situação clínica.
Com o paciente fora de recursos terapêuticos de cura, o que deve orientar o
trabalho do psicólogo é o desejo do paciente e não a possibilidade de vida. Tratar do
desejo, e não do prognóstico. (Mota, Fernandes e Menezes, 2013)
A medicina paliativa diz que há muito o que fazer pelo paciente, quando já
não há mais nada a fazer pela cura. Aqui a participação do psicólogo hospitalar é
imprescindível. Esse profissional deve ajudar o paciente na busca de mecanismos
de enfrentamento que o ajudarão a manter sua autoestima e estabilidade diante do
quadro patológico, jamais se esquecendo de que religião e espiritualidade são
aspectos importantes para o paciente e seus familiares (Mota, Fernandes e
Menezes 2013).
Não raro, há casos em que o psicólogo atua no atendimento a muitos
profissionais da saúde que lidam com a medicina paliativa. Por isso faz-se
necessário que o terapeuta busque conhecer sobre as tarefas desempenhadas por
esses profissionais para o trato com o paciente terminal.
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Tanto quanto para o paciente terminal, é importante direcionar, como num
trabalho conjunto, o trabalho terapêutico para a família desse paciente. Como afirma
Mota, Fernandes e Menezes (2013), quando o paciente entra na fase terminal, a
família inteira se torna o foco mais adequado para os cuidados dos profissionais de
saúde, seja porque as dificuldades psicológicas surgirão não apenas no paciente,
mas em vários membros da família, seja porque é da família que brotarão as forças
necessárias à superação dessa situação.( Domingues p. 05 2013) Tanto antes como
no momento da morte do paciente o trabalho do psicólogo é voltado para ele e
também para a família, porém, quando o paciente morre, os trabalhos serão
voltados para a família, em prol do restabelecimento do equilíbrio familiar, agora sem
um integrante ( DOMINGUES, 2013)

MÉTODOLOGIA

O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com


maior segurança permite alcançar o objetivo – conhecimentos validos e verdadeiros
-, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do
pesquisador. Nesse sentido, a fim de alcançar os objetivos propostos, foi realizada
uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo ( MELHADO 2005).
Pesquisas bibliográficas são desenvolvidas a partir de material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos. A principal vantagem desse
tipo de pesquisa reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama
de fenômenos muito mais amplos do que poderia pesquisar diretamente. O caráter
descritivo de uma pesquisa tem como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de
relações entre variáveis (GIL, 1999).
Essa pesquisa, foi realizada através de busca em base de dados eletrônicos
nos sites: Scielo (Scientific Electronic Library Online), e Bireme (Bibioteca Virtual em
Saude). Também foram consultados livros de referência e publicações periódicas. A
seleção dos textos levou em consideração o período da publicação compreendido

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entre 2001 a 2019. Os termos descritores utilizados nas buscas, foram: cuidados
paliativos, oncologia e Psicologia.
Para a seleção dos artigos encontrados foram adotados como critérios de
inclusão, artigos publicados em português, e relacionados com a temática proposta
e como critérios de exclusão, artigos em língua estrangeira, com data de publicação
anterior a 2010 e que não correspondesse à temática envolvendo psicologia.
Ao todo, foram encontrdos 25 artigos, sendo apenas utilizados 16 desses,
devido aos critérios de exclusão e inclusão já citados.

REFERÊNCIAS

MOTA, Fernandes e Menezes, Anne, - A intervenção psicológica em


cuidados paliativos 2013
Ferreira, A. P. Q.; Lopes, L. Q. F.; Melo, M. C. B. O papel do psicólogo na
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2, p. 85-98. Rio de Janeiro-RJ, 2011. Disponível em:Acesso em: 22/04/2015.
BRASIL. Organização Mundial de Saúde. Associação Nacional de Cuidados
Paliativos, 2002. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=474.
Acesso em: 23 setembro 2012.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São
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VITAL,L.L 2007 Atenção aos cuidados do paciente terminal - Rev .
Cient.Centro Universitário de Barra Mansa vol . 9 n 17 pg 96
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Morte –Rev . Assoc. Med. Brasileira Vol . 47. N 2 .São Paulo .
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família do paciente terminal- trabalho de licenciatura da Universidade Lusiado de
Portugal – disponível www.psicologia.com

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2010, Rio de Janeiro.
QUEIROZ, Ana Paula, Ferreira Leany: O papel do psicólogo na equipe de
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NUNES, Lúcilia - Ética em cuidados paliativos: limites ao investimento
curativo. 2008.
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CASTRO, Deborah, Azenha - Psicologia e ética em cuidados paliativos.
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