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Universidade Federal do Pará

Instituto de Tecnologia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

A Qualidade da Energia Elétrica Dentro das Indústrias

Ana Laura Pinheiro Ruivo Monteiro

Hugo Rodrigues de Brito

Luiz Cláudio Lobo da Silva Júnior

Valéria Monteiro de Souza

Outubro/2017

Campus Universitário do Guamá

Belém – Pará – Brasil


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3

1.1 Motivação ................................................................................................................. 3

1.2 Organização do Trabalho .................................................................................. 5

2 A INDÚSTRIA E A ENERGIA ELÉTRICA ...................................................... 6

2.1 Introdução ................................................................................................................ 6

2.2 A Qualidade da Energia Elétrica ..................................................................... 7

2.3 Impactos Econômicos .......................................................................................10

3 PROBLEMAS ASSOCIADOS À INDÚSTRIA ..............................................14

3.1 Introdução ...............................................................................................................14

3.2 Afundamento de Tensão (Dip/Sag) ..............................................................15

3.3 Harmônicos ............................................................................................................17

3.4 Transitórios ............................................................................................................20

4 PRINCIPAIS TÉCNICAS DE MITIGAÇÃO ...................................................22

4.1 Introdução ...............................................................................................................22

4.2 Banco de Capacitores .......................................................................................23

4.3 Filtros Harmônicos .............................................................................................27

4.4 Fonte de Alimentação Ininterrupta (UPS) .................................................29

5 ESTUDO DE CASOS ...........................................................................................31

5.1 Introdução ...............................................................................................................31

5.2 Indústria Metalmecânica ...................................................................................31

5.2.1 Materiais e Métodos ..............................................................................................31

5.2.2 Tensão e Desequilíbrio de Tensão ...................................................................32

5.2.3 Análise das Correntes Ia , Ib e Ic .........................................................................33

5.2.4 Fator de Potência ...................................................................................................35

5.2.5 Considerações Finais do Estudo .......................................................................36


5.3 Indústria de Têmpera de Vidros ....................................................................37

5.3.1 Materiais e Métodos ..............................................................................................37

5.3.2 Distorção Harmônica Total e Tensão Harmônica ........................................38

5.3.3 Distorção de Demanda Total e Corrente Harmônica ..................................39

5.3.4 Tensão Fase-Fase (RMS) ...................................................................................40

5.3.5 Considerações Finais do Estudo .......................................................................40

6 CONCLUSÕES........................................................................................................42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................43


3

1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

A Qualidade da Energia Elétrica (QEE) fornecida aos consumidores industriais


pelas distribuidoras de energia sempre foi objeto de interesse. Algumas décadas
atrás, os esforços despendidos pelas distribuidoras se limitavam essencialmente
a garantir a continuidade do fornecimento de energia elétrica e a manter as
tensões e frequência do sistema dentro de determinados intervalos considerados
aceitáveis.

Este foco era condizente com o cenário da época, no qual as cargas


conectadas ao sistema eram, em sua maioria, lineares. As cargas não-lineares
(que fazem uso de eletrônica em sua composição) eram utilizadas apenas por
um número restrito de consumidores devido ao custo elevado e ao alto consumo
de energia das mesmas. (1)

Com o desenvolvimento e aprimoramento da eletrônica no decorrer dos


anos, as cargas não-lineares se difundiram. No meio industrial, o uso de
equipamentos como Controladores Lógicos Programáveis (CLPs), inversores,
ferramentas de Controle Numérico Computadorizado (CNC), unidades de
velocidade variável, soft-starters, dentre outros tornou-se comum. (2)

A Figura 1.1 ilustra a mudança significativa do setor industrial causada


pela incorporação massiva de equipamentos eletrônicos nos processos de
produção.

Figura 1.1 – Evolução da indústria.

Fonte: SOARES, 2015.


4

A inserção destas tecnologias eletroeletrônicas nas indústrias tornou os


processos de fabricação mais produtivos, eficientes e seguros. No entanto, tais
equipamentos além de “poluírem” a rede com harmônicos devido a sua
característica não-linear, deixaram os consumidores industriais mais suscetíveis
a problemas relacionados à QEE.

Dentre os possíveis problemas ocasionados devido à má Qualidade da


Energia Elétrica, pode-se citar interrupções momentâneas, elevação de tensão,
afundamento de tensão, transitórios de tensão e de corrente, distorções
harmônicas, etc. (3) Várias pesquisas indicam que os consumidores industriais
são particularmente vulneráveis a problemas de interrupções de curta e longa
duração. (2)

Embora os custos relacionados a estes tipos de problemas não sejam tão


evidentes quanto os relacionados ao consumo da energia elétrica em si (que
vêm discriminados nas contas de energia mês a mês e já são alvo da atenção
dos consumidores em geral), eles são tão significativos quanto. A Figura 1.2, por
exemplo, ilustra os custos associados a afundamentos de tensão em diferentes
tipos de indústrias.

Figura 1.2 – Custo associado a afundamentos de tensão em diferentes indústrias.

Fonte: ANDERSSON, 2002.


5

Ressalta-se, portanto, a importância do monitoramento da Qualidade da


Energia Elétrica nas indústrias e da implementação de medidas que assegurem
as características de tensão e corrente necessárias à realização de processos
industriais com maior confiabilidade e eficiência.

Neste trabalho serão apresentados os principais impactos causados pela


má Qualidade da Energia Elétrica no setor industrial, alguns métodos de
mitigação e estudos de casos reais.

1.2 Organização do Trabalho

O presente trabalho está dividido em seis capítulos, os quais abordam os


seguintes assuntos:

a) O segundo capítulo contextualiza o problema da monitoração de QEE


no setor industrial através da avaliação dos indicadores de qualidade
comumente empregados e dos impactos econômicos associados às
falhas de fornecimento de curta e longa duração;
b) O terceiro capítulo apresenta os principais problemas de QEE com
ênfase nos de maior impacto comprovado em processos de produção,
introduzindo ainda os procedimentos de diagnóstico de qualidade
adotados pelas indústrias;
c) O quarto capítulo elenca as soluções mais frequentemente tomadas
na mitigação dos problemas expostos, bem como as vantagens e
desvantagens de cada configuração, detalhando aspectos práticos de
operação e interconexão com a rede;
d) O quinto capítulo retrata estudos de dois casos reais e recentes, nos
quais situações de prejuízo financeiro são minimizadas graças ao
diagnóstico de qualidade e ao emprego das técnicas de mitigação
previamente apresentadas;
e) Por fim, o sexto capítulo evidencia as conclusões tiradas do estudo e
dos levantamentos bibliográficos acerca da temática.
6

2 A INDÚSTRIA E A ENERGIA ELÉTRICA

2.1 Introdução

De acordo com uma sondagem especial realizada em 2016 pela Confederação


Nacional da Indústria (CNI), a energia elétrica é a fonte de energia mais utilizada
pelas indústrias brasileiras. Do total de empresas consultadas, 79% declararam
utilizá-la como fonte de energia para os processos de produção. Na Figura 2.1,
pode-se observar a porcentagem relativa a cada fonte de energia utilizada pelas
indústrias. (5)

Figura 2.1 – Fontes de energia mais utilizadas no processo de produção da empresa.

Fonte: CNI, 2016.

Como se pode perceber, a relação entre os processos de produção


realizados no Brasil e a energia elétrica é forte e se torna ainda maior quando se
avalia o consumo por classe. Em 2016, segundo dados da Empresa de Pesquisa
e Energia (EPE), a maior parte da energia elétrica gerada no país foi destinada
à classe industrial (Figura 2.2).

Figura 2.2 – Consumo anual de energia elétrica por classe.

16%
29%

19%

36%

Residencial Industrial Comercial Outros

Fonte: EPE, 2016.


7

Todavia, a indústria não é apenas o setor que mais consome energia


elétrica – é também o setor que mais a desperdiça. Em períodos de crise
econômica, o desperdício de energia é acentuado, já que as plantas produtivas
são projetadas para um determinado nível de produção e a demanda de produtos
nestes períodos tende a ficar abaixo desta idealização inicial. (6)

Neste capítulo será explorada a relação entre a Qualidade da Energia


Elétrica e o setor industrial, ressaltando aspectos econômicos e parâmetros de
qualidade associados.

2.2 A Qualidade da Energia Elétrica

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é a responsável por regular e


fiscalizar os parâmetros de Qualidade da Energia Elétrica no Brasil. Para tanto,
indicadores de qualidade (que avaliam a conformidade de tensão em regime
permanente e as perturbações na forma de onda de tensão), indicadores de
continuidade (que avaliam as interrupções no fornecimento de energia elétrica)
e a percepção que os consumidores têm das distribuidoras são avaliados. (7)

Dentre os indicadores mais utilizados, tem-se o DEC (Duração


Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) e o FEC (Frequência
Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora). O primeiro indica o
número de horas, em média, que uma unidade consumidora ficou sem energia
elétrica, enquanto o segundo indica quantas vezes, em média, houve interrupção
na unidade consumidora. Ambos são registrados em um período que pode ser
mensal, trimestral ou anual e divulgados por distribuidora.

Nas Figuras 2.3 e 2.4, pode-se observar os valores medidos de DEC e


FEC no decorrer dos anos bem como os limites estabelecidos pela ANEEL para
cada um – que têm se tornado gradativamente menores e que devem ser
atendidos sob pena de pagamento de multa ao consumidor final por parte da
distribuidora.

Nota-se que o DEC não tem apresentado melhoras no período


considerado, diferentemente do FEC. Ao combinar as informações dos gráficos,
pode-se concluir que, embora a frequência de interrupções tenha diminuído nos
últimos anos, a duração delas tem aumentado.
8

Figura 2.3 – Evolução do DEC no Brasil (2008-2015).

Fonte: ANEEL, 2016.

Figura 2.4 – Evolução do FEC no Brasil (2008-2015).

Fonte: ANEEL, 2016.

Estes indicadores, embora bastante difundidos, apresentam duas grandes


fragilidades: registram somente as ocorrências que duram mais de 3 minutos e
não fazem distinção em relação à classe consumidora afetada. Estas
fragilidades se tornam mais evidentes quando se analisa o impacto da
interrupção de fornecimento de energia elétrica para o consumidor industrial em
particular.
9

Para este tipo de consumidor, interrupções de segundos podem acarretar


prejuízos enormes. Além disso, as multas pagas pelas distribuidoras devido ao
não-cumprimento dos limitadores impostos pela ANEEL, apesar de significativas
para elas, frequentemente não correspondem aos prejuízos causados pelas
falhas no fornecimento. (8)

Na Figura 2.5, pode-se observar a frequência de falhas no serviço de


fornecimento de energia elétrica sofridas pelas indústrias de acordo com a sonda
especial realizada pelo CNI. (5)

Figura 2.5 – Frequência de falhas no serviço de fornecimento de energia elétrica.

Fonte: CNI, 2016.

Percebe-se, portanto, que é importante adotar uma nova abordagem


regulatória através da qual se possa distinguir o nível de qualidade adequado
para cada tipo de consumidor. Desta forma, será possível identificar o grau de
investimento necessário para garantir a QEE adequada para cada grupo fazendo
uso de indicadores mais robustos e transparentes.

O desafio para o órgão regulador é manter o equilíbrio entre custos


menores, investimentos satisfatórios, tarifa competitiva e qualidade adequada às
necessidades das classes de consumidores. Para atender a esses aspectos, é
necessário modernizar a regulação a partir de uma visão integrada de todo o
setor elétrico. (8)
10

2.3 Impactos Econômicos

Os impactos econômicos relacionados a problemas de Qualidade da Energia


Elétrica são amplos e variados. Nos casos em que o problema está associado a
afundamentos, transitórios e interrupções no fornecimento de energia, é possível
relacionar diretamente o fenômeno a danos em equipamentos e/ou perdas de
processos de produção.

Todavia, as associações de causa e efeito nem sempre são tão evidentes.


Em alguns casos, os danos devido a problemas de QEE podem demorar alguns
anos para se tornarem perceptíveis, o que dificulta a correlação correta entre
causa e efeito. Como exemplo, pode-se citar a redução do tempo de vida útil de
certos equipamentos graças à presença de distorções harmônicas na rede.
Nestes casos, os custos relacionados à deterioração prematura do equipamento
podem ser erroneamente contabilizados como custos de produção diária. (9)

Percebe-se, portanto, que avaliar os impactos econômicos da QEE nas


indústrias – em específico – não é uma tarefa trivial, já que muitas incertezas
estão associadas. Em razão disto, várias pesquisas, levantamentos de dados e
análises de casos são realizadas para que se possa mensurar as quantias
monetárias associadas à Qualidade da Energia Elétrica fornecida.

Dentre os esforços direcionados à realização de tal tarefa, pode-se citar a


criação pelo CIRED/CIGRÉ do Joint Working Group (JWG) 4.107, cujo objetivo
era elaborar uma estratégia sistemática para mensurar os custos relacionados
aos problemas de QEE tanto dos consumidores quanto das concessionárias. Tal
grupo propôs dois métodos distintos para avaliar o impacto econômico da má
qualidade de energia.

O primeiro método é um método direto. Ele consiste em uma abordagem


analítica que considera as probabilidades e impactos dos eventos. No entanto,
apesar de levar a uma resposta precisa, a obtenção dos valores de entrada
corretos é particularmente difícil.

O segundo método é um método indireto, o qual considera os dados


históricos para as análises e a disposição do consumidor em arcar com os
valores necessárias para a mitigação dos problemas de QEE.
11

O custo total de um distúrbio de QEE para a produção de uma indústria


pode ser subdividido com o intuito de obter uma melhor visão e controle dos
valores envolvidos. (2) A seguir, tem-se uma descrição de cada uma das
subdivisões geralmente utilizadas:

a) Custo de mão-de-obra: é o valor associado à mão-de-obra ociosa


devido a uma interrupção do fluxo de produção.
b) Trabalho em progresso: inclui-se nesta categoria o custo de matéria-
prima inevitavelmente perdida em virtude de algum dano causado no
produto durante o processo de produção. Quanto maior o tempo para
a identificação da avaria, maior o prejuízo. Também é contabilizado
nesta categoria o custo da mão-de-obra envolvida no processo de
fabricação do produto perdido, nas operações de limpeza ou
manutenção necessárias e nos procedimentos de reinicialização da
produção.
c) Mau funcionamento de equipamentos: caso algum dispositivo seja
afetado, o tempo necessário para a realização do processo de
produção pode aumentar, sendo esta apenas uma das possíveis
consequências. Os gastos referentes a problemas relacionados são,
portanto, contabilizados nesta categoria.
d) Danos em equipamentos: nesta categoria estão inclusos os casos em
que o dano causado implica completa perda do equipamento,
diminuição de sua vida útil, aumento do número de manutenções
necessárias e a eventual necessidade de adquirir um equipamento
extra para ser utilizado caso o primeiro falhe.
e) Outros custos: são os valores correspondentes a penalidades de não-
cumprimento do prazo de entrega do produto ou até mesmo não o
entregar. Inclui-se também as multas ambientais, custos de injúrias
pessoais (caso ocorram), aumento nas taxas de seguro, etc.
f) Custos específicos: esta categoria inclui os gastos extras com energia
devido à poluição harmônica produzida por equipamentos não-
lineares, multas pela geração de harmônicos na rede (se aplicável),
redução da eficiência dos funcionários e despesas por problemas de
saúde infligidos, como os provocados por flickers. (2, 10)
12

Na Figura 2.6, estão ilustrados os custos estimados para distúrbios de


QEE com duração menor do que um segundo (como afundamentos de tensão
ou microinterrupções) expressos como porcentagens das contas de energia
elétrica pagas pelas indústrias portuguesas. (11)

Figura 2.6 – Valores estimados para distúrbios de QEE com duração menor do que 1 s.

Fonte: PATRÃO, 2011.

No Brasil, 67% das empresas entrevistadas na sonda especial da CNI


declararam sofrer prejuízos significativos inerentes a falhas no fornecimento de
energia. Destas, 32% afirmaram que os prejuízos foram altos. Ainda de acordo
com a sonda, a indústria extrativa é a mais afetada pelas falhas de fornecimento.
A Figura 2.7 ilustra a gravidade dos prejuízos declarados pelas empresas por
região e total. (5)

Vale ressaltar que a ocorrência de problemas de QEE não implica apenas


gastos extras como os explicitados acima, ela também pode acarretar uma
diminuição da competitividade da empresa frente ao mercado. A insatisfação do
cliente devido a atrasos na entrega, a queda na qualidade do produto fabricado,
a oportunidade de venda perdida devido ao atraso no marketing do produto ou a
perda da comercialização no pico de temporada para produtos sazonais também
são motivos de preocupação.
13

Figura 2.7 – Prejuízo de falhas no serviço de fornecimento de energia elétrica (interrupções no


fornecimento e oscilações de tensão), por região.

Fonte: CNI, 2016.

De modo de prevenir tais intempéries, alguns fabricantes proativos


investigam os vínculos entre os processos de produção e a Qualidade da Energia
Elétrica e investem em sistemas adequados de backup ou proteção. Dessa
forma, eles adquirem vantagens comerciais perante os fabricantes que não
possuem experiência ou ignoram completamente a necessidade de possuir tais
sistemas. (10)
14

3 PROBLEMAS ASSOCIADOS À INDÚSTRIA

3.1 Introdução

Qualquer distúrbio encontrado nas formas de onda de tensão, corrente ou


variações de frequência que resulte em falha ou defeito nas instalações e/ou
equipamentos de um sistema elétrico pode ser caracterizado como um problema
de qualidade de energia elétrica.

Os distúrbios de uma forma de onda podem ser originados tanto nos


componentes e/ou equipamentos do sistema supridor como dos consumidores.
Estes problemas podem ser classificados em categorias que variam em efeito,
duração e intensidade. (19)

Alguns exemplos de fenômenos que afetam a Qualidade da Energia


Elétrica são as variações de tensão de curta duração (interrupções,
afundamentos e elevações de tensão), as variações de tensão de longa duração
(sobtensões e sobretensões), os harmônicos, os desequilíbrios e a flutuação de
tensão, que causa o fenômeno de cintilação luminosa (flicker). (12)

Entretanto, apesar de cada um destes distúrbios serem relevantes e


requererem análises, no contexto da indústria é costumeiro focar naqueles que
comprovadamente ocorrem com mais frequência e resultam em mais prejuízos
a curto e a longo prazo. A Figura 3.1 estabelece os principais problemas de QEE
investigados nas indústrias.

Figura 3.1 – Principais problemas de QEE nas indústrias

Fonte: ZIGOR, 2012.


15

Em que os distúrbios da forma de onda incluem, além de harmônicos e


interharmônicos, notching, ruído e offset DC. Há desvio do conteúdo espectral.

O presente capítulo pretende apresentar estes problemas, em ordem de


relevância, de modo a abrir espaço para a elaboração de soluções mitigadoras
que serão aplicadas em situações reais posteriormente.

3.2 Afundamento de Tensão (Dip/Sag)

Afundamento de tensão é a redução da tensão RMS de 10% a 90% da tensão


nominal que dura entre 1 ciclo e 3 minutos. Como parte do grupo de variações
de tensão de curta duração (VTCDs), é subdividido segundo o PRODIST em
afundamento momentâneo de tensão (1 ciclo ou 16,67ms até 3 segundos) e
afundamento temporário de tensão (3 segundos até 3 minutos). É sem dúvidas
o mais estudado fenômeno de qualidade na atualidade, pela frequência de
ocorrência e pelo prejuízo causado. A Figura 3.2 exemplifica este distúrbio.

Figura 3.2 – Exemplo de afundamento momentâneo de tensão

Fonte: AFONSO, 2004.

O afundamento é geralmente associado às faltas no sistema, nas quais


ocorre curtos-circuitos francos ou no meio das linhas e até mesmo consumidores
à montante podem ser afetados, mas no âmbito industrial existem muitas outras
possíveis causas notáveis.
16

A mais comum é o chaveamento de cargas pesadas, como grandes


motores. Neste caso, a corrente de entrada pode ser até seis vezes maior que a
corrente normal de operação, na ausência de soft-starters, e esta variação rápida
de corrente acarreta quedas de tensão à jusante. A energização de
transformadores também é suscetível à mesma situação. (14)

Além disso, fatores climáticos como relâmpagos, vento e neve podem


contribuir aos afundamentos, em regiões mais propensas a estes.

Grandes perdas são associadas à ocorrência de afundamentos,


especialmente os temporários. Em média, um consumidor industrial sofre 66
sags anualmente. (13) A ocorrência destes também é de 6 a 10 vezes mais
frequente que interrupções de fornecimento. A Tabela 3.1 indica os custos
anuais, em dólares, devidos somente aos sags em diversos processos
industriais.

Tabela 3.1 – Custos anuais decorrentes de afundamentos de tensão.

Processo Custo Reportado Tensão de Serviço Carga


Semicondutores $1.500.000 69kV 25MW
Semicondutores $1.400.000 161kV 30MW
Planta Química $160.000 12.5kV 5MW
Comida e Bebida $87.000 12.5kV 5MW
Empacotamento $10.000 12.5kV 4MW
Plásticos $7.500 12.5kV 4MW
Fonte: OLIKARA, 2015.

Observa-se pelas duas primeiras linhas que, para um mesmo processo, a


tensão de serviço tem uma influência na severidade do afundamento mesmo
com uma carga maior.

Os equipamentos utilizados nas modernas plantas industriais, como


CLPs, acionadores de velocidade variável (ASDs) e equipamentos robóticos vêm
se tornando mais suscetíveis aos sags à medida que o grau de complexidade
destes aumenta. Diferentemente de geradores, a capacidade de sobrevivência
destes equipamentos não é regulamentada, isto é, seus processos podem ser
interrompidos durante afundamentos, levando a perda e corrupção de dados.
17

O requisito técnico de capacidade de sobrevivência a afundamentos de


tensão define-se como sendo a capacidade de um equipamento como um
gerador em suportar faltas na rede elétrica que resultem em sags e permanecer
conectado à rede. Para isto, é necessário que o valor da tensão eficaz nos
terminais do gerador permaneça acima da curva da Figura 3.3 e que a falta seja
eliminada durante os tempos definidos pela mesma curva.

Figura 3.3 – Curva de capacidade de sobrevivência a sags adotada pela ONS.

Fonte: VIEIRA, 2009.

Esta curva é conhecida como curva de Fault Ride-Through, e substitui


regulamentações anteriores que estabeleciam desconexão automática de certos
geradores, como os eólicos, para níveis de tensão menores que 0,85pu.

3.3 Harmônicos

Harmônicos são tensões ou correntes senoidais tendo frequências que são


múltiplos inteiros da frequência na qual o sistema de suprimento foi projetado
para operar (chamada frequência fundamental).

Harmônicos combinados com a tensão ou corrente fundamental


produzem distorções na forma de onda e são consequências das características
não-lineares de dispositivos e cargas no sistema de energia. Esses dispositivos
são normalmente modelados como fontes de corrente que injetam correntes
harmônicas no sistema de energia. (13)
18

Os grupos não-lineares responsáveis pela produção de harmônicos são


bem conhecidos, divididos em:

a) Arcos voltaicos: fornos a arco, iluminação, fluorescente, ....


b) Saturação magnética: reatores e transformadores
c) Equipamentos eletrônicos: fornos de micro-ondas, computadores, TVs, ...
A Figura 3.4 exemplifica a contaminação por harmônicos de uma senoidal
pura idealmente entregue à carga pela concessionária. O harmônico, no caso, é
de 5ª ordem e se soma à onda original, resultando em perda de pureza.
Figura 3.4 – Soma da componente fundamental com componente de 5ª ordem.

Fonte: AFONSO, 2004.


Harmônicos são uma condição relativamente estável. É possível
mensurá-los através da Distorção Harmônica Total (DHT), mas é importante
perceber que a DHT pode ser calculada para corrente ou tensão e que a mesma
não é uma informação completa, uma vez que apenas seu valor não é suficiente
para quantificar a influência dos harmônicos presentes no local de medição no
sistema. A DHT de tensão (DHTv) e a DHT de corrente (DHTi) são dadas por:

2
√∑hmax
h=2 Vh
DHTv =
V1
19

2
√∑hmax
h=2 Ih
DHTi =
I1

Em que h é o número inteiro representativo da ordem harmônica. É


necessário que o especialista analise o valor da DHT e o valor da magnitude da
tensão ou corrente para que o mesmo avalie as distorções os efeitos dos
harmônicos naquele local. Outro parâmetro menos conhecido de auxílio a estas
análises é a Distorção da Demanda Total (TDD), dado por:

2
√∑hmax
h=2 Ih
TDD =
IL

Este indicador é utilizado para quantificar a distorção harmônica de


corrente em relação à demanda de corrente da carga. Sua formulação
matemática é bastante similar ao DHT, tendo como diferença o fato de que a
TDD é calculada em relação à corrente máxima (IL ) da carga e a DHT utiliza a
corrente fundamental (I1 ) no horário da medição. Nota-se portanto a vantagem
do TDD: por ser sempre calculado em relação à corrente máxima, níveis
elevados certamente indicarão elevada circulação de harmônicos.

Altos níveis de distorção harmônica podem resultar em aquecimento de


transformadores, capacitores, motores e geradores. Além disso, equipamentos
eletrônicos sensíveis à forma de onda da tensão podem apresentar mau
funcionamento. Medidores podem apresentar leituras incorretas, relés de
proteção podem deixar de atuar e pode haver interferência, etc.

Mais importante, esses efeitos destrutivos são exacerbados quando a


frequência harmônica coincide com a frequência natural do sistema, resultando
no efeito de ressonância harmônica. A amplificação da corrente harmônica
nestes casos é substancial, e pode levar à explosão de capacitores ou queima
de transformadores. (15)

Por fim, diferentemente dos afundamentos, o impacto negativo dos


harmônicos não é diretamente sentido pela indústria, mas a longo prazo acarreta
maior demanda de potência, maiores perdas do sistema e menor tempo de vida
útil de equipamentos.
20

3.4 Transitórios

Os transitórios são fenômenos eletromagnéticos oriundos de alterações súbitas


nas condições operacionais de um sistema de energia elétrica. (14) Geralmente,
a duração de um transitório é muito pequena, mas de grande importância uma
vez que submetem equipamentos a grandes solicitações de tensão e/ou
corrente.

Transitórios podem ser gerados externa ou internamente à rede. Os


externos resultam de raios ou atuações de sistemas de proteção e tendem a ser
mais severos, porém menos frequentes. Os internos advêm de chaveamentos
de equipamentos da rede, inclusive cargas.

Entretanto, a divisão mais comum deste fenômeno se faz em dois tipos:


impulsivos e oscilatórios. Os impulsivos ou surges demarcam súbita mudança
na condição de regime da variável elétrica, sendo principalmente causados por
descargas atmosféricas. Já os oscilatórios são marcados pelas rápidas
mudanças de polaridade do valor instantâneo da variável, sendo principalmente
causados por chaveamentos de cargas capacitivas ou indutivas e por
desligamento abrupto de motores. A Figura 3.5 expõe a diferença entre estes
dois tipos:

Figura 3.5 – Diferenciação entre um transitório impulsivo (esquerda) e um oscilatório (direita).

Fonte: AFONSO, 2004.


21

Os efeitos destes transitórios são vastos, podendo danificar uma ampla


gama de equipamentos incapazes de lidar com níveis tão altos de tensão.
Equipamentos computacionais são particularmente vulneráveis. Além disso,
transitórios múltiplos podem ter um impacto cumulativo nos equipamentos
eletrônicos, levando a falhas sem causa aparente. Consequentemente, o pior
dano desses transitórios é a perda de dados e interrupção de processos de
produção.

A Tabela 3.2 evidencia os custos anuais de transitórios impulsivos e


oscilatórios percebidos pelas indústrias entrevistadas, em reais. Percebe-se que,
embora os prejuízos não sejam tão intensos quanto os de afundamentos, ainda
são consideráveis especialmente porque a perda de equipamentos é mais
frequente.

Tabela 3.2 – Custos anuais associados aos transitórios estudados.

Indústria Impulsivo Oscilatório


Semicondutores R$240.000 R$132.000
Aço R$120.000 R$77.000
Vidro R$88.000 R$43.000
Empacotamento R$69.000 R$25.000
Plásticos R$13.000 R$4.000
Têxtil $7.500 R$1.200
Fonte: CNI, 2014.
22

4 PRINCIPAIS TÉCNICAS DE MITIGAÇÃO

4.1 Introdução

Mesmo antes do profundo interesse pela QEE como vantagem comercial às


indústrias, fenômenos mais drásticos como o afundamento de tensão e as
interrupções motivaram a pesquisa por técnicas de minimização de danos nos
equipamentos e perdas financeiras, introduzindo uma ampla gama de possíveis
soluções a estes e outros problemas de QEE, em variados graus de precisão e
intensidade. (3)

Entre essas, pode-se citar a redução do número de faltas através da troca


de fiação aérea por fiação subterrânea ou utilização de fiação aérea revestida; a
redução do tempo de eliminação de falta pela inserção de relés de sobrecorrente
temporizados de tempo inverso (17); a alteração do sistema de potência pela
instalação de geradores próximos à carga sensível ou pela limitação de
alimentadores numa área propensa a faltas; entre outros.

Todas essas medidas, entretanto, acarretam grandes despesas ao


consumidor, principalmente o industrial, por requererem grandes modificações
da rede pré-estabelecida. Especialmente em países como o Brasil, em que as
distâncias geográficas são elevadas, estes custos se intensificam e põem em
xeque a aplicabilidade destas técnicas.

Portanto, o método de mitigação mais comumente empregado consiste


na instalação de equipamentos adicionais na interface equipamento-sistema.
Desenvolvimentos tecnológicos recentes reforçam o crescente interesse nestas
configurações, uma vez que permitem ao consumidor final ter controle da
situação em tempo real, sem depender da supervisão da concessionária. (16)

O presente capítulo se propõe a explicar três alternativas compreendidas


por tal método, a saber: banco de capacitores, filtro de harmônicos e fonte de
alimentação ininterrupta ou uninterruptible power supply (UPS). Para isso,
alguns conceitos relativos à compensação de fator de potência e ao princípio de
funcionamento de capacitores e indutores serão apresentados, bem como as
principais malhas de interconexão ao alimentador industrial.
23

4.2 Banco de Capacitores

Em geral, a primeira medida corretiva de qualquer indústria é a utilização de


banco de capacitores para a correção do fator de potência, pois é um parâmetro
normatizado pela ANEEL e regulado pelas concessionárias, sendo que se o valor
deste índice estiver fora dos limites estabelecidos, o consumidor será penalizado
através de multa por consumo de excedente de reativo. (18)

A maioria das cargas na indústria consome energia reativa indutiva, como


motores, transformadores, lâmpadas de descarga, fornos de indução e outros.
As cargas indutivas necessitam de campo eletromagnético para seu
funcionamento, por isso sua operação requer dois tipos de potência: ativa e
reativa. A potência ativa, medida em kW é aquela que efetivamente realiza
trabalho, gerando calor, luz, movimento, etc. Já a potência reativa, medida em
kVar, é usada apenas na criação e manutenção dos campos eletromagnéticos
das cargas indutivas.

A potência ativa e a potência reativa, juntas, constituem a potência


aparente, medida em kVA, que é a potência total gerada e transmitida a carga.
(10) O chamado triângulo de potências, mostrado na Figura 4.1, é utilizado para
mostrar, graficamente, a relação entre potência ativa, reativa e aparente.

Figura 4.1 – Triângulo de potências e expressões de cálculo.

Fonte: MUHAMAD, 2007.


24

Assim, enquanto a potência ativa é sempre consumida na execução do


trabalho, a potência reativa, além de não produzir trabalho, circula entre a carga
e a fonte de alimentação, “ocupando um espaço” no sistema elétrico, o qual
poderia ser utilizado para fornecer mais energia ativa.

O fator de potência (FP) é definido como razão entre a potência ativa e a


potência aparente, ou seja:

P Q
FP = = cosθ = cos (arctg ( ))
S P

O fator de potência indica a porcentagem da potência total fornecida (kVA)


que é efetivamente transformada em potência ativa (kW). Assim o fator de
potência mostra o grau de eficiência do uso de um sistema elétrico. (16)

Valores altos de fator de potência (próximos de 1,0pu) indicam uso


eficiente da energia elétrica, enquanto que valores baixos evidenciam seu mau
aproveitamento, além de representar uma sobrecarga para todo o sistema.

Baixos valores de fator de potência são decorrentes de quantidades


elevadas de energia reativa (Q). Isso resulta no aumento, não só da potência
aparente total (S), mas também da corrente total que circula na rede elétrica da
concessionária de energia e das unidades consumidoras, podendo causar
sobrecarga nas subestações, linhas de transmissão e distribuição, prejudicando
a estabilidade e as condições dos sistemas elétricos e trazendo diversos
inconvenientes, tais como perdas, queda de tensão e subutilização da
capacidade instalada.

As perdas de energia elétrica ocorrem em forma de calor e são


proporcionais ao quadrado da corrente total. Como essa corrente cresce com o
excesso de energia reativa (kvar), estabelece-se uma relação direta entre o
incremento das perdas e o baixo fator de potência, provocando aumento do
aquecimento de condutores e equipamentos (18). A Figura 4.2 exemplifica a
situação, ao mostrar o aumento quase exponencial de perdas com a diminuição
do fator de potência e, por conseguinte, aumento da potência reativa.
25

Figura 4.2 – Relação das perdas nos condutores com o fator de potência.

Fonte: GARCIA, 2015.

A função de um capacitor é suprir potência reativa (kvar) ao sistema, ou


parte do sistema ao qual está ligado. A Figura 4.3 exibe uma família de
capacitores de potência para média tensão típica.

Figura 4.3 – Família de capacitores de potência para média tensão.

Fonte: GARCIA, 2015.

Um capacitor derivação (shunt), quando ligado junto aos motores ou aos


transformadores limita o fluxo de energia reativa através dos circuitos elétricos.
A energia reativa necessária à magnetização de motores, transformadores e
reatores passa a ser fornecida pelos capacitores ao invés de fluir através dos
circuitos de alimentação das referidas cargas. (2)
26

Quando instalados em indústrias, os capacitores derivação geram


diversos benefícios entre os quais podem ser citados:

a) Correção do fator de potência, com suas consequentes vantagens


financeiras, em vista das sobretaxas impostas pelas tarifas das
companhias concessionárias;
b) Liberação de capacidade nas fontes supridoras, seja transformador ou
gerador próprio, permitindo a ligação de novas cargas sem acréscimo de
kVA, nos circuitos alimentadores e distribuidores.

Os capacitores podem ser instalados em paralelo com qualquer carga


com baixo fator de potência, a fim de suprir a energia reativa indutiva exigida por
essa carga, que pode ser um simples motor ou uma grande indústria. Estes
capacitores podem ser instalados na entrada ou então perto das cargas
individuais, reduzindo as perdas e aumentando a capacidade disponível do
sistema, bem como melhorando o nível de tensão.

Muitos fatores influenciam na escolha da localização dos capacitores, tais


como os circuitos da instalação, seu comprimento, as variações da carga, tipos
de motores e distribuição das cargas. (4) De forma geral, os capacitores ou
bancos de capacitores podem estar localizados:

a) Na entrada de energia;
b) No secundário do transformador;
c) No quadro de distribuição de agrupamento de cargas;
d) Junto à carga.

Os capacitores devem ser instalados o mais perto possível das cargas, ou


nas extremidades dos circuitos alimentadores, de forma a reduzir as perdas nos
circuitos (entre as cargas e o ponto de medição), melhorar o nível de tensão junto
à carga (devido a redução da queda de tensão nos alimentadores) e melhorar o
aproveitamento da potência dos transformadores.

Em um sistema que possui cargas geradoras de harmônicos, todavia, a


correção do fator de potência através de banco de capacitores deve ser avaliada
com critérios rigorosos para evitar condições de ressonância harmônica no
sistema. (18)
27

2.3 Filtros Harmônicos

A crescente utilização de equipamentos baseados na eletrônica de potência gera


uma importante relação entre a área da engenharia elétrica e a qualidade de
energia elétrica (QEE). Estas cargas produzem tensão e/ou correntes
harmônicas que acarretam aumento das perturbações originadas pela distorção
harmônica em sistemas elétricos, resultando na piora da qualidade da energia
elétrica. (19)

O sistema elétrico de empresas siderúrgicas está sujeito a diversas


formas de geração de harmônicos. Além de possuir diversos equipamentos com
tecnologia baseada em eletrônica de potência (conversores, retificadores, etc.),
utiliza fornos a arco elétrico no processo de fusão da matéria-prima, que são
cargas extremamente não-lineares. Por essa grande geração de harmônicos e
por ter grandes prejuízos quando há uma parada no seu processo, são uma das
indústrias que mais comumente instalam filtros harmônicos para melhoria da
qualidade da energia na indústria.

A presença de harmônicos na rede elétrica pode ser a causa do mau


funcionamento do equipamento, tal como no caso de sobrecarga do condutor
neutro, de aumento de perdas nos transformadores, de distúrbios no torque do
motor, etc. (17) Em particular, harmônico é o fenômeno que mais afeta
fortemente os capacitores na correção do fator de potência, como já
mencionado.

Bancos de capacitores podem ser usados numa combinação com


indutores, a fim de limitar os efeitos dos harmônicos em uma rede. Na realidade,
a combinação de capacitor e um indutor constitui um filtro para harmônicos. A
instalação de filtros de correntes harmônicas surge como outra possibilidade
para adequação dos valores registrados de distorção de tensão por conta do
controle destas correntes.

De uma forma geral, os filtros evitam que os harmônicos circulem pelas


fontes, reduzindo, portanto, as tensões harmônicas à montante e, por
consequência, reduzindo também as distorções de tensão nos barramentos de
baixa tensão. Os filtros mais comumente aplicáveis são os filtros passivos e
filtros ativos. (8)
28

O filtro da Figura 4.4 é conhecido como filtro passivo e consiste em um


capacitor ligado em série com um indutor, de modo que a frequência de
ressonância é totalmente igual à frequência da harmônica a ser eliminada. A
função dos filtros passivos é de absorver as correntes harmônicas da carga,
impedindo que elas circulem pela rede, através da sintonização numa frequência
apropriada.

Figura 4.4 – Configuração de filtro passivo típica.

Fonte: AFONSO, 2014.

Apesar da configuração série ser a mais aplicada pela simplicidade e


baixo custo, outras possibilidades de interconexão de filtros passivos são
eventualmente encontradas em sistemas industriais, elencadas na Figura 4.5.

Figura 4.5 – Exemplos de interconexões de filtros passivos.

Fonte: BOLLEN, 2000.


29

Os filtros ativos por sua vez, podem eliminar automaticamente as


correntes harmônicas através do poder da tecnologia eletrônica. Eles podem
injetar um sistema de harmônicos defasados adequadamente daquelas geradas
pelas cargas capazes de neutralizar os presentes na rede. A Figura 4.6
apresenta uma modificação da Figura 4.4 para um filtro ativo qualquer.

Figura 4.6 – Configuração de filtro ativo típica.

Fonte: AFONSO, 2014.

A escolha entre filtros ativos e passivos dependerá fundamentalmente da


aplicação relacionada ao custo-benefício. Os filtros passivos não requerem
fontes de energia, podem lidar com altas tensões e correntes, são bastante
confiáveis e sem limitação de largura de banda; entretanto, seus indutores são
grandes, não há possibilidade de ganho de tensão e muito menos ganho de
potência. Já os filtros ativos são fáceis de implementar, produzem bons ganhos
e são de fácil sintonização; com o revés de necessitarem de fonte de energia,
serem suscetíveis a oscilações e a offsets DC, além de requererem muitos
componentes.

2.4 Fonte de Alimentação Ininterrupta (UPS)

Trata-se de um sistema de alimentação secundário de energia elétrica que entra


em ação, alimentando os dispositivos a ele ligados, quando há interrupção no
fornecimento de energia primária.
30

Um UPS, popularmente conhecido como nobreak, é empregado em


aparelhos eletrônicos, como computadores. Sua alimentação é provida por uma
bateria que fica sendo carregada enquanto a rede elétrica está funcionando
corretamente. Essa bateria possui uma autonomia em geral não muito grande
(algo entre 10 e 15 minutos, dependendo da quantidade de equipamentos
utilizados e do modelo), tempo suficiente, no entanto para salvar os dados ou
aguardar o início da operação de gerador. Quanto mais equipamentos
conectados ao UPS, menos autonomia ele terá pois estará consumindo mais
carga que o necessário (a autonomia é o tempo que a bateria da fonte consegue
fornecer energia para o computador depois de um corte do fornecimento através
da rede elétrica).

O UPS, além de proteger os aparelhos em casos de quedas energia,


serve para conter subtensão ou sobretensão na rede elétrica, sobrecarga,
descarga das baterias, curto-circuito nas saídas e picos de tensão. Uma
aplicação off-line simples e de baixo custo é apresentada na Figura 4.7. Nela, o
UPS off-line ou stand-by só é acionado na ocorrência de interrupção de energia,
devendo depois ter sua bateria recarregada pelo circuito retificador.

Figura 4.7 – Aplicação de um UPS stand-by por chave de transferência.

Fonte: ELPHICK, 2015.


31

5 ESTUDO DE CASOS

5.1 Introdução

Após análises detalhadas dos problemas de QEE e das soluções comumente


tomadas, convém demonstrar a aplicabilidade das técnicas discutidas em
cenários reais nos quais engenheiros de qualidade realizaram estudos das
condições de QEE e verificaram a necessidade de instalar equipamentos de
auxílio à tensão e compensação de reativo.

O presente capítulo aborda dois casos diferentes, reais e recentes de


indústrias brasileiras submetidas a um diagnóstico de qualidade de energia.

5.2 Indústria Metalmecânica

A indústria metalmecânica é formada por todos os segmentos, sendo


responsável pela produção e transformação de metais que, por sua vez,
compreende os setores de usinagem, estamparia, forjaria, montagem, etc. A
analisada está localizada no Rio Grande do Sul e entre os serviços prestados
pela mesma pode-se citar trabalhos desenvolvidos como usinagem de precisão,
usinagem para manutenção, produção de conjuntos montados e soldados,
desenvolvimento de peças fundidas, forjadas e microfundidas, além de peças
com acabamento superficial e tratamento térmico. (20)

Neste estudo de caso, foi realizada uma auditoria energética em uma


indústria deste tipo, que tem como objetivo reduzir os custos associados à
produção. Para tanto, é contabilizado consumo de energia, a eficiência
energética dos equipamentos que a constituem e as perdas associadas por meio
de uma análise aprofundada da Qualidade de Energia Elétrica.

Levou-se em consideração a classificação da tensão de atendimento, o


desequilíbrio de tensão, a análise das correntes e o fator de potência (FP) da
indústria para averiguar a obediência aos limites estipulados pelo PRODIST.

5.2.1 Materiais e Métodos

A metodologia do trabalho baseou-se nos procedimentos orientados pela


ANEEL, através do PRODIST.
32

Para a realização das 8644 medições coletadas durante um período de


144 horas (das 10h do dia 7/10/2016 até às 10h do dia 13/10/2016), utilizou-se
um registrador de energia modelo RMS MARH-21 no modo “Medição e Registro
de Grandezas Integralizadas”.

As análises dos relatórios e gráficos gerados pelo registrador de energia


foram realizadas via ANAWIN (software disponibilizados pelo equipamento).

5.2.2 Tensão e Desequilíbrio de Tensão

As tensões medidas nas fases da indústria devem estar dentro do intervalo de


201 V e 231 V. Na Tabela 5.1, pode-se observar os valores máximos e mínimos
atingidos pelas tensões por fase, bem como as médias durante o período de
medição. Vale ressaltar que os valores máximos registrados no estudo ocorrem
apenas quando não há demanda na indústria.

Tabela 5.1 – Relatório dos dados de tensão do software ANAWIN.

TENSÕES
ENTRADA MÍNIMA MÁXIMA
Média (V) HORA DATA V HORA DATA V
08:07:00 12/10/16 214,81 22:56:00 08/10/16 238,55

A: 231,88 11:04:00 11/10/16 221,28 02:57:00 12/10/16 238,38


11:27:00 11/10/16 221,35 22:54:00 08/10/16 238,19
08:07:00 12/10/16 215,49 02:57:00 12/10/16 237,11

B: 230,78 11:04:00 11/10/16 220,88 02:53:00 12/10/16 237,02


11:27:00 11/10/16 220,96 02:56:00 12/10/16 236,87
08:07:00 12/10/16 216,36 02:57:00 12/10/16 239,03

C:232,67 11:04:00 11/10/16 222,61 02:53:00 12/10/16 238,94


11:27:00 11/10/16 222,66 02:56:00 08/10/16 238,77
Fonte: BONERG, 2017 (adaptado).

Na Figura 5.1, pode-se observar o comportamento das tensões durante


todos os dias de medição. Nota-se que os valores estabelecidos pela ANEEL
são respeitados durante boa parte do horário de funcionamento da indústria (das
7h30 às 17h). Todavia, o limite superior de tensão é infringido frequentemente
quando ela não está ativa.
33

De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), o desequilíbrio


de tensão entre as fases deve ser menor ou igual a 2%. Os valores calculados
durante a análise, no entanto, variam em torno de 5,4%. Uma das possíveis
causas disto é a distribuição de carga ineficiente, que impõe correntes
desequilibradas no circuito da concessionária.
Figura 5.1 – Variações das tensões Va , Vb e Vc ao longo do dia.

Fonte: BONERG, 2017.

5.2.3 Análise das Correntes Ia , Ib e Ic

O comportamento das correntes de fase pode ser observado na Figura 5.2. É


possível observar, em adição ao apresentado na Figura 5.1, que no dia
12/10/2016 ocorreram duas falhas de fornecimento de energia.
34

A primeira ocorreu entre 8h08min e 8h11min e a segunda entre 10h48min


e 10h54min. Ambas foram diagnosticadas como responsabilidade da
concessionária.
Figura 5.2 – Variações das correntes Ia , Ib e Ic ao longo do dia.

Fonte: BONERG, 2017.

Um histograma de todo o período de medição é mostrado na Figura 5.3.


Ao analisá-lo, pode-se notar uma sobrecarga em uma das fases durante o
horário de funcionamento da indústria, o que confirma a suspeita de má
distribuição de cargas da análise das tensões. A solução mais econômica para
este problema seria a readequação dos circuitos da indústria com o intuito de
realizar uma distribuição de cargas mais uniforme entre as fases.
35

Figura 5.3 – Histograma do Consumo de Energia em percentual (%).

Fonte: BONERG, 2017.


5.2.4 Fator de Potência

De acordo com a ANEEL, o fator de potência para a unidade consumidora em


questão deve estar compreendido entre 0,92 e 1 indutivo ou 0,92 e 1 capacitivo.
O não-cumprimento de tal determinação resulta em multa.

Na Tabela 5.2, pode-se observar os valores de fator de potência obtidos


durante as medições. Nota-se que a indústria não tem atendido aos critérios da
ANEEL, já que o fator de potência para todas as fases encontra-se abaixo de
0,92. Devido a isto, a empresa pagou multas durante todo o ano de 2016 que
resultaram em um custo adicional médio de R$5.000,00 por ano.

Tabela 5.2 – Relatório dos dados de Fator de Potência do software ANAWIN.

CONSUMO/FATOR DE POTÊNCIA

KVAR/H KW/H FP

A 583,55 757,77 0,79

B 537,56 615,2 0,75

C 536,78 619,35 0,76

TOTAL 1657,9 1992,31 0,77

Fonte: BONERG, 2017 (adaptado).


36

Com o intuito de avaliar a eficácia do acréscimo de um banco de


capacitores trifásico de 10 kVAr por fase na melhoria do fator de potência da
indústria, realizou-se simulações no software ANAWIN. Os resultados obtidos
podem ser observados na Tabela 5.3.

Tabela 5.3 – Relatório dos dados de Fator de Potência com banco de capacitores.

CONSUMO/FATOR DE POTÊNCIA

KVAR/H KW/H FP

A 103,33 757,77 0,99

B 57,34 615,2 1,00

C 56,562 619,35 1,00

TOTAL 217,23 1992,31 0,99

Fonte: BONERG, 2017 (adaptado).

Observa-se, portanto, que o fator de potência adentra os valores


aceitáveis com a instalação do banco de capacitores. Recomenda-se, no
entanto, que se instale um controlador em conjunto com o banco para que ele
atue apenas quando houver necessidade.

5.2.5 Considerações Finais do Estudo

A partir dos resultados obtidos, pode-se propor algumas melhorias para a


redução das despesas da indústria e aprimoramento da Qualidade da Energia
Elétrica fornecida. Dentre elas, pode-se destacar a redistribuição dos circuitos
da empresa com o intuito de reduzir a sobrecarga na fase A e a instalação de
bancos de capacitores para a correção do fator de potência.

Ressalta-se que, para a realização de uma auditoria energética completa,


seria necessário aplicar as medidas de melhoria e avaliar novamente o
desempenho da indústria para a comparação com os dados obtidos neste
estudo. Para tanto, seria necessário um maior investimento por parte da
indústria, o que não foi possível. (20)
37

5.3 Indústria de Têmpera de Vidros

Este estudo de caso tem por objetivo mostrar as vantagens da utilização de filtros
passivos sintonizados, na melhora dos indicadores de qualidade de energia para
o cliente assim como para a concessionária que o atende. (21)

O processo produtivo da planta deste estudo é têmpera de vidro. Cada


transformador descrito na Figura 5.4 representa um forno de têmpera, composto
por 3 motores de corrente contínua, acionados por conversores AC/DC e um
conjunto de resistências para aquecimento.

Figura 5.4 – Diagrama unifilar geral.

Fonte: Wolff, 2015.

5.3.1 Materiais e Métodos

Os problemas relacionados ao cliente foram variados, indo de: desligamento dos


conversores AC/DC (baixa tensão link DC); problemas no alimentador com
distorções harmônicas elevadas; desligamento de disjuntores (alta corrente
harmônica aliada a baixo fator de potência); travamento e queima de nobreak,
lâmpadas, fontes de CLPs e demais equipamentos de automação; vibração de
cabos de potência; elevado ruído audível e aquecimento dos transformadores.

Verificada a necessidade de correção com filtros sintonizados, o projeto


buscou atender os seguintes requisitos: redução do nível de DHTv% e TDD%;
melhora na regulação de tensão; correção do fator de potência; melhora nos
indicadores de qualidade de energia. O alimentador deste cliente é radial em
23kV, com uma corrente de curto-circuito trifásica de 1393A.
38

5.3.2 Distorção Harmônica Total e Tensão Harmônica

Na Figura 5.5, temos os gráficos com distorção harmônica total, tensões


harmônicas e potências reativas. A potência reativa (kVAr) foi plotada
juntamente com as outras grandezas, para uma melhor visualização da atuação
dos filtros (ligado x desligado).

Figura 5.5 - Medição de DHTv%, Vharm% e kVAr na Barra de 23kV.

Fonte: WOLFF, 2015.

Pode-se ver que entre as 8:00 e 10:00 os filtros estavam ligados, e a


DHTv% estava em torno de 1,5%, onde a maioria dos consumidores opera
normalmente neste horário no alimentador. No período entre as 00:00 e 06:00 o
nível de DHTv% ficou em 4%, neste horário a maioria dos clientes estão
desligados.

A Figura 5.6 representa o impacto no sistema de distribuição com os filtros


ligados e desligados, nos mesmos horários e, mesma carga durante uma
semana de análise. A DHTv% na barra de média tensão teve uma redução de
44%, passando de 3,05% com filtro desligado, para 1,7% (média no período de
5 dias) para o filtro ligado, sempre comparando mesmos horários e mesma
carga.

A ordem mais atenuada foi a 5º harmônica, tanto para tensão quanto para
a corrente. A atenuação é coerente com a sintonia do filtro que é próxima da
quinta harmônica.
39

Figura 5.6 - Comparação da DHTv% e Vharm% com filtro ligado e desligado.

Fonte: WOLFF, 2015.

5.3.3 Distorção de Demanda Total e Corrente Harmônica


Na figura 5.7 são apresentados os gráficos com TDD% (Total Demand Distortion)
e corrente harmônica [A]. A TDD% foi utilizada com objetivo de gerar um valor
% que represente a distorção para a carga máxima. A corrente harmônica foi
plotada com valor absoluto, não sendo relacionada com corrente fundamental ou
carga, gerando um valor seguro para análise.

Figura 5.7 - Medição de TDD%, Vharm% e kVAr na Barra de 23kV.

Fonte: WOLFF, 2015.

Já a Figura 5.8 representa o impacto no sistema com os filtros ligados e


desligados. A TDD% teve uma redução de 63%, passando de 12,14% com filtro
desligado para 4,43% (média período de 5 dias) para o filtro ligado, sempre
comparando mesmos horários e mesma carga.
40

Figura 5.8 - Comparação da TDD% e Vharm% com filtro ligado e desligado.

Fonte: WOLFF, 2015.


5.3.4 Tensão Fase-Fase (RMS)

A Figura 5.9 representa o impacto da tensão com os filtros, ligados e desligados,


basicamente relacionada a potência reativa compensada. O valor mínimo
registrado com os filtros desligados foi de 22.786V, e 23.500V após a
energização, melhorando em 714V(+3,13%) a tensão no PAC.

Figura 5.9 - Medição de Tensão Fase - Fase [RMS] e KVAr em 23kV.

Fonte: WOLFF, 2015.

5.3.5 Considerações Finais do Estudo

A Tabela 5.4 sumariza os resultados obtidos com a inserção de filtro no PAC, ou


seja, na Barra de 23kV, resumindo as melhoras observadas no ponto de vista da
concessionária.
41

Tabela 5.4 – Resumo das medições: ponto de vista da concessionária em 23kV.

S/ FILTRO C/ FILTRO
Grandeza
PAC 23kV PAC 23kV
DHTv [%] 3,05 1,71
TDD [%] 12,14 4,43
Deseq. V +/- [%] 0,189 0,144
Tensão min. [V] 22784 23214
Fator de Potência 0,85 0,99i

Fonte: WOLFF, 2015.

Com base nas medições realizadas em média tensão (barra de 23kV –


PAC do Consumidor), conclui-se que as medições apontaram que houve uma
melhora significativa nos indicadores de qualidade de energia na barra de 23kV
da concessionária, comprovando bons resultados com a entrada em operação
dos filtros passivos sintonizados por parte do cliente. Concessionária confirmou
sensível melhora no alimentador. (21)
42

6 CONCLUSÕES

Os levantamentos feitos durante este trabalho puderam ressaltar a importância


da QEE para o consumidor industrial, em todos os seus aspectos. Quer seja para
evitar perdas e reduções de vida útil do equipamento, quer seja para
proporcionar um serviço confiável e contínuo aos clientes, um diagnóstico de
qualidade mostra-se essencial para o desenvolvimento de uma indústria.

Através de aprofundamento sobre os problemas de ocorrência mais


frequente e as principais soluções adotadas no âmbito industrial, foi possível
compreender melhor os fenômenos de QEE em sua totalidade e como eles são
relevantes para a sociedade moderna, na qual as cargas não-lineares exercem
domínio irrestrito.

Os estudos de caso serviram para reforçar os aprendizados teóricos pela


verificação de medições reais e recentes, podendo-se observar não só os efeitos
dos problemas no processo de produção como também o funcionamento efetivo
das técnicas de mitigação previamente mencionadas. No primeiro caso, a
inserção de um banco de capacitores foi o suficiente para compensar o reativo
da indústria metalmecânica e melhorar o perfil geral da rede. No segundo caso,
o filtro passivo sintonizado colaborou significativamente na redução de
distorções e desequilíbrios de tensão.

Portanto, é possível dizer que a prática complementou adequadamente a


teoria e a temática proposta, um olhar mais detalhado dentro de um ambiente
onde a QEE se faz fundamental, foi bem assimilada.
43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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<http://blog.render.com.br/eletronica/o-avanco-da-eletronica-na-industria/>

[2] EBERHARD, A. (coord.). Power Quality. [s.l.]: Intech, 2011. 362 p.

[3] OLIKARA, K. Power Quality Issues, Impacts, and Mitigation for Industrial
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[5] CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS. Sondagem Especial:


Indústria e Energia. [s.l.], 2016, 6p.

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Disponível em: <http://www.investimentosenoticias.com.br/noticias/negocios/
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[8] FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.


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Brasil. [s.l.], 2016. 5p.

[9] ELPHICK, S. T. et. al. Summary of the economic impacts of power quality
on consumers. [s.l.], 2015. 8p.

[10] MUHAMAD, M.I.; MARIUN, N.; RADZI, M. A. M. The Effects of Power


Quality to the Industries. SCOReD. [s.l.], 2007. 4p.

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