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De acordo com Lepargneur (2003), humanizar é saber promover o bem comum acima
da suscetibilidade individual ou das conveniências de um pequeno grupo. Para Pessini
(2004) é possível e adequado para a humanização se constituir, sobretudo, na presença
solidária do profissional, refletida na compreensão e no olhar sensível, aquele olhar de
cuidado que desperta no ser humano sentimento de confiança e solidariedade.
Como resumo e, em linhas gerais, o termo humanização pode ser definido como um
conjunto de ações que valorizam e qualificam a prestação de serviços em saúde.
Atendimento humanizado
Vale lembrar que o paciente que procura pelo acolhimento hospitalar está sofrendo com
algum mal estar ou doença. Portanto, por se tratar de um momento delicado de sua vida,
é fundamental que ele seja recebido no estabelecimento de saúde da melhor forma
possível.
É justamente pensando nas melhorias do processo de trabalho que foi criado pelo
Ministério de Saúde, no ano 2000, o Projeto de Humanização Hospitalar. O intuito é
promover uma nova cultura de atendimento que apoie a melhoria na qualidade e
eficiência dos serviços prestados.
Para saber quando a instituição adota medidas que visam o cuidado mais humano com o
usuário, é importante observar a integralidade entre técnica e qualidade.
Ética profissional;
Tratamento individualizado;
Cuidado realizado com empatia, atenção e acolhimento integral
Escuta atenta e diferenciada, com olhar sensível para as questões humanas;
Respeito à intimidade e às diferenças;
Comunicação eficiente que permite a troca de informações;
Confiança, segurança e apoio;
Infraestrutura adequada.
Abaixo estão listados alguns dos motivos que reforçam a importância de se adotar um
atendimento mais humanizado. Confira:
Favorece a memória afetiva dos pacientes
Dialogar com o paciente é uma premissa básica para realizar um atendimento eficiente.
Infelizmente, alguns profissionais não têm isso como prioridade e padronizam seus
acolhimentos.
Muitas vezes, só de ser ouvida, a pessoa já se sente mais aliviada, o que faz com que o
tratamento flua de forma tranquila. Isso também coopera para que o o nível de
confiança em relação ao hospital aumente.
Para óbvio mencionar que o afeto é algo que fideliza pacientes, já que, quando o
indivíduo precisar voltar a uma unidade de saúde, ele se lembrará do tratamento
recebido.
Não faz sentido ser delicado com o paciente e tratar os funcionários de forma
indiferente ou grosseira. Geralmente, as instituições que optam pela humanização do
atendimento internalizam essa forma de trato com a equipe, conseguindo ter um
processo mais íntegro e coeso.
A ética está totalmente relacionada ao uso de recursos que estão de acordo com a
situação e a necessidade de cada indivíduo. Sem desrespeitar seus limites, mas
buscando a proximidade e a confiança no e com o paciente.
Oferece confiabilidade
Se o paciente for bem atendido e sair satisfeito, a chance de retorno no futuro é muito
maior. Com a satisfação, abrem-se portas para as possibilidades de indicação a outras
pessoas que também precisam.
Qualquer outra demanda por atendimento que surgir, o primeiro lugar que ele procurará
é a instituição que o atendeu bem. Quem atende de forma humanizada contempla todas
as etapas da jornada do paciente com olhar acolhedor e atitude positiva.
É importante que a comunicação com o paciente seja feita de maneira aberta, clara e
verdadeira. Evitar o linguajar técnico é uma boa dica, já que isso foge da realidade da
maioria dos usuários.
Use a tecnologia
Ferramentas como prontuário eletrônico e agendamento on-line permitem que os
colaboradores foquem seus esforços na melhora do atendimento. Assim, o acolhimento
se torna mais ágil.
A humanização hospitalar tem como meta fazer com que todos saibam quem são os
profissionais que cuidam de sua saúde. Por isso, as unidades do ramo devem garantir os
direitos do usuário e possibilitar o acompanhamento por seus familiares.
Além disso, deve haver redução de filas com avaliação de riscos e agilidade no
acolhimento. Assim, as unidades de saúde devem garantir a gestão participativa aos
seus trabalhadores e usuários.
Desenvolver o lado humano vem para confrontar o desgaste das relações, devido à
mecanização do atendimento e à construção de barreiras para evitar aproximações
afetivas.
Antes de se perguntar se o que é atendimento humanizado tem a ver com suas práticas,
lembre-se de que o tom de voz, os gestos e o olhar da equipe dizem muito nesse
momento, além do acesso à informação, que é um ponto de destaque.
A ética é uma necessidade gritante nesta era de incertezas em que a banalização das
profissões ganha corpo. O emprego é hoje sinónimo de salário e não de trabalho.
Empresa é uma questão de lucro mesmo antes do serviço, os enfermeiros ficaram
fofoqueiros da saúde, o amor ao próximo ficou linguagem da sacristia, a tolerância e o
perdão transformaram-se em simples apanágio dos catequistas, o ter suplantou o ser
nestes tempos de consumismo, os valores ficaram sacrificados no holocausto do lucro
fácil, onde reina a volúpia e onde o mal substitui o bem. Ao olhar para o rumo deste
estado de coisas, Alain profetiza: “o mal é apreciável e o bem repugnante”.
Hoje, há uma maior preocupação com a humanização dos serviços de saúde, em virtude
de vários incidentes a que assistimos nos hospitais. Esta preocupação está manifesta no
Código de Ética Médica da Ordem dos Médicos de Angola, cuja redacção do artigo 6°
refere que “o Exercício da arte médica é uma missão eminentemente humanitária”.
Semelhante redacção está no nº 1 do artigo 1º sobre os princípios gerais do código ético
dos enfermeiros angolanos e na alínea C dos deveres dos mesmos respectivamente: 1.
As intervenções de enfermagem são realizadas com a preocupação da defesa da
liberdade e da dignidade da pessoa humana e do enfermeiro. C. Dos deveres: Proteger e
defender a pessoa humana das práticas que contrariem a lei, a ética ou o bem comum,
sobretudo quando carecidas de indispensável competência profissional. A mesma é uma
exigência do Venerável Juramento de Hipócrates (séc.IV e III a,C), assente “Em todas
as casas onde entrar, fá-lo-ei apenas para o benefício dos doentes e considerarei o
segredo profissional como um segredo religioso”, da Declaração Universal dos Direitos
do Homem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza que o direito à saúde é
um direito fundamental do ser humano e o Comité Internacional de Bioética –
UNESCO – 1960 exige “tratar o homem como pessoa”.
A par de tudo quanto falamos, é preciso mais do que condições materiais e humanas de
trabalho, considerar o profissional de saúde como humano e não como mero
instrumento de trabalho e lembrar que sem ética, o profissional não passa de um
garimpeiro da saúde. Por isso, o profissional da Saúde deve observar o respeito pelo
outro, como afirmaria a propósito o Professor Inácio Valentim “não como cumprimento
sociológico, mas como imperativo ontológico”. Doutro lado, como Imperativo
Kantiano: “age de tal modo que vejas a humanidade, tanto na tua pessoa como em
qualquer outro, sempre como fim em si mesmo, nunca como um meio”. No contexto da
globalização, onde se assiste a um divórcio autêntico com os valores transcendentais e
onde os valores do ser (ontológico) se invertem pelo valor do ter (económico), a ética
deve transformar-se num imperativo fundamental na formação do profissional da saúde
no séc. XXI.
Conclusão