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Artigo Pilar Parede PDF
Artigo Pilar Parede PDF
RESUMO: Neste trabalho, apresenta-se uma análise criteriosa do processo aproximado da NBR-6118
para a consideração dos efeitos localizados de segunda ordem nos pilares-parede. O processo simplificado
é comparado com a solução exata fornecida pela teoria não-linear de placas. O método dos elementos
finitos é empregado na análise estrutural. Nenhum efeito de segunda ordem localizado importante foi
encontrado no estudo. Assim, recomenda-se que o processo da norma não seja empregado no projeto dos
pilares-parede. Por último, são feitas recomendações para o dimensionamento das armaduras horizontais
dos pilares-parede, com base em resultados experimentais disponíveis.
ABSTRACT: In this work, it is made a judicious analysis of the NBR-6118 approximate process for
consideration of located second order effects in thin-walled columns. This simplified process is compared
with the exact solution supplied by the nonlinear theory of plates. The finite element method is used in the
structural analysis. None important located second order effect it was found in the study. For this reason, it
is recommended that this simplified process is not used in design. Finally, suggestions are presented for
calculation of the horizontal reinforcement of thin-walled columns, with base in available experimental
results.
Após definir os esforços de primeira ordem Essa expressão também pode ser escrita na
N di e M 1di , é feita a análise da faixa como se a forma
mesma fosse um pilar isolado de seção retangular M d = β M 1di (4)
com largura ai e altura t .
onde β é o fator de amplificação de momentos.
3. EFEITO DE SEGUNDA ORDEM EM As expressões (3) e (4) dão origem aos mais
BARRAS ESBELTAS diversos métodos simplificados para a
consideração dos efeitos de segunda ordem nos
Para incluir os efeitos de segunda ordem em pilares de concreto armado [3].
cada faixa isolada do pilar-parede, pode-se Se o material é elástico linear, o fator de
empregar qualquer um dos métodos apresentados amplificação de momentos tem a seguinte
na NBR-6118 ou em outras normas de projeto. expressão exata [4]
Diversos métodos para esse fim são apresentados e
discutidos na referência [3]. Em todos os casos, 1
β= (5)
considera-se a não-linearidade geométrica (efeitos cosψ
de segunda ordem) e a não-linearidade física,
decorrente do comportamento não-linear do onde
concreto armado.
π N di
Entretanto, para evitar a introdução de erros ψ = (6)
decorrentes do método aproximado para a inclusão 2 Pei
da não-linearidade física, será considerado que o
pilar é elástico linear. Desse modo, apenas os Na expressão (6), Pei é a carga de flambagem
efeitos de segunda ordem localizados serão do pilar. Considerando a faixa de largura ai e
analisados neste trabalho.
espessura t e levando em conta o coeficiente de
Na fig. 3, apresenta-se um pilar birrotulado,
Poisson ν do material, pode-se escrever
com altura l , submetido à força normal N di e ao
momento de primeira ordem M 1di .
π 2D
Pei = (7)
l e2
Ndi
M1di onde le é o comprimento de flambagem e
E cs ai t 3
D=
l
e2 (
12 1 − ν 2 ) (8)
10 elementos
5. EXEMPLO 1: PILAR-PAREDE SOB
FLEXÃO NORMAL
Tabela 1 – Momentos máximos no pilar (kNm/m) estado limite último em face das redistribuições de
Método Vertical M d Horizontal esforços que ocorrem nessa fase. Em ambos os
MEF 69,42 10,49 exemplos, o momento máximo na vertical ocorre
PILAR 67,20 no meio do bordo livre.
NBR-6118 67,20 nd,max
( ai = 3t )
m1d
Comparando os valores do momento máximo
M d na direção vertical, indicados na tabela 1,
l=360 cm
verifica-se que a diferença percentual entre o
cálculo convencional (PILAR) e o cálculo como b=360cm
placa (MEF) é de apenas 3%. Isto indica que, neste
caso em que o esforço normal é distribuído
uniformemente, não existe nenhum efeito de y
segunda ordem localizado. m1d
Além disso, a divisão do pilar em faixas é x
desnecessária, pois levará sempre ao mesmo nd,max
resultado que é obtido fazendo-se a análise para o
pilar como um todo. Isto ocorre porque o esforço Fig. 6 – Pilar-parede sob flexão oblíqua
normal na faixa é N di = ai nd e, como pode ser
Conclui-se que, mesmo quando o esforço
verificado com as equações (5) a (8), o fator de normal varia ao longo do comprimento da parede,
amplificação de momentos torna-se independente não há nenhum efeito localizado de segunda ordem
da largura ai . importante. O pilar pode ser analisado como um
todo, incluindo-se os efeitos de segunda ordem da
6. EXEMPLO 2: PILAR-PAREDE SOB forma usual.
FLEXÃO OBLÍQUA Para resolver esse problema empregando o
processo simplificado da NBR-6118, é necessário
Na fig. 6, apresenta-se um pilar-parede que está determinar o esforço normal N di e o momento
submetido ao momento fletor M 1xd segundo a fletor M 1di na faixa mais solicitada. Isto é feito
direção x, provocado pelas forças horizontais. com o auxílio da fig. 7, onde foi considerada a
Com isto, o esforço normal aplicado nas faixa de largura ai = 3 t = 60 cm.
extremidades não é distribuído uniformemente.
Considera-se, como exemplo, a distribuição da fig. Ndi
4167
6, onde nd ,max = 2nd = 5000 kN/m. 5000
O momento transversal de primeira ordem é
m1d = 52,5 kNm/m, como no exemplo 1. m1d
N di =
(4167 + 5000)0,60 = 2750,10 kN 1.70
Fator de amplificação
2 =1,63 para ai=3t
1.60
e o momento fletor de primeira ordem é NBR-6118
1.50
2 1,08 1,22
b=360cm 3 1,15 1,22
com 20 cm de espessura. Essa área pode ser bastante rigidez. Ao sofrer retração, logo nas
atendida pela armadura de pele usual, primeiras idades, o pilar tende a se movimentar na
As , p = 0,10 t = 2,00 cm2/m em cada face do pilar. horizontal, o que é impedido pela parte inferior da
Dessa análise conclui-se que não faz sentido estrutura. Essa restrição à retração é maior na base
avaliar a armadura horizontal do pilar-parede do pilar, onde as fissuras terão as maiores
como uma fração da armadura longitudinal. A aberturas.
armadura longitudinal é dimensionada em flexo- Normalmente, as emendas por traspasse das
compressão e depende do esforço normal e dos armaduras longitudinais é feita na base do pilar.
efeitos de segunda ordem dele decorrentes. A Em virtude dessas emendas, surgem esforços
armadura horizontal deve ser dimensionada em transversais de tração no concreto (esforços de
flexão simples e independe do esforço normal e fendilhamento), que se superpõem aos esforços de
dos efeitos de segunda ordem. coação. Por isso, a armadura horizontal deve ser
Portanto, a exigência da NBR-6118 de uma reforçada nessa região do pilar.
armadura horizontal com área mínima de 25% da Ensaios de laboratório e observações de campo
armadura longitudinal em cada face do pilar- feitas em paredes de concreto armado [7] mostram
parede precisa ser melhor justificada. Em alguns que os esforços de coação e a abertura das fissuras
casos, essa armadura poderá ser excessiva e, em dependem da relação b l entre as dimensões da
outros, poderá ser insuficiente. parede. Quanto maior é essa relação, maior é a
Nos pilares submetidos a esforços cortantes restrição ao movimento.
apreciáveis, a armadura horizontal tem a função de A abertura das fissuras, produzida
resistir a esses esforços. Entretanto, como a exclusivamente pela retração, pode ser obtida do
dimensão do pilar na direção do esforço horizontal modelo de fissuração do CEB/90 [8]. Neste caso, a
é muito grande, em geral, o dimensionamento ao abertura wk da fissura é estimada como
esforço cortante resulta em armadura mínima.
Nesses casos, a armadura de pele também será φ
suficiente. wk = ε cs (10)
3,6 ρ se
Em virtude do seu grande comprimento, as
armaduras horizontais das paredes e dos pilares-
parede não servem para proteger as barras onde φ é o diâmetro da barra de aço em mm, ε cs
longitudinais contra a flambagem. A armadura é a deformação de retração e ρ se é a taxa efetiva
longitudinal deve ser protegida contra a de armadura.
flambagem por meio de barras transversais No caso de uma parede não muito espessa, ρ se
terminadas em ganchos, que atravessam a parede e
é a própria taxa geométrica de armadura, contando
envolvem as barras longitudinais. Essas barras
a armadura existente nas duas faces.
com ganchos de extremidade podem ser
A expressão (10) pode ser usada para
dimensionadas como os estribos usuais dos pilares.
considerar a fissuração produzida por variações
Nesse caso, o seu espaçamento depende do
térmicas. Nesse caso, ε cs representa a
diâmetro da barra longitudinal, pois o objetivo é a
proteção da mesma contra a flambagem. deformação de origem térmica.
A principal função da armadura horizontal nas Na fig. 10, apresenta-se a comparação entre a
paredes estruturais e nos pilares-parede deve ser a abertura das fissuras calculada com a expressão
de controlar as aberturas das fissuras provocadas (10) e os valores verificados em ensaios e em
por restrições ao movimento decorrente da observações de campo [7].
retração e das variações de temperatura. Como o Conforme se observa pela fig. 10, a expressão
movimento horizontal do pilar-parede é restringido (10) fornece uma abertura das fissuras maior do
nos níveis dos pisos, pela presença das lajes e das que aquelas que foram verificadas
vigas, ele fica submetido a esforços de coação que experimentalmente. Assim, essa expressão pode
podem produzir fissuras verticais. ser empregada com segurança para o
Em geral, o pilar-parede é concretado sobre dimensionamento das armaduras horizontais das
uma fundação ou sobre seu próprio segmento do paredes e dos pilares-parede de concreto armado.
andar inferior, os quais já estão endurecidos e com
Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.10, p.1-10, Julho, 2007 9 .
REFERÊNCIAS
Fig. 10 – Aberturas das fissuras em paredes com 2. Associação Brasileira de Normas Técnicas.
restrição ao movimento na base Projeto de Estruturas de Concreto. NBR-6118.
Rio de Janeiro, 2003.
A equação (11) pode ser empregada para o
dimensionamento das armaduras horizontais nos 3. Araújo, J. M. Métodos simplificados para
pilares-parede, desde que o dimensionamento ao consideração dos efeitos de segunda ordem
esforço cortante não exija uma armadura maior. no projeto de pilares de concreto armado.
Revista do IBRACON, No. 27, p. 3-12, São
8. CONCLUSÕES Paulo, Novembro /Dezembro, 2001.
4. Allen, H. G.; Bulson, P. S. Background to
Neste trabalho foi feita uma análise do processo
Buckling. McGraw- Hill, London, 1980.
simplificado da NBR-6118 para a consideração
dos efeitos de segunda ordem localizados nos
5. Araújo, J. M. Curso de Concreto Armado.
pilares-parede. Do resultado desse estudo, podem
Vol.2, 2a. ed., Editora Dunas, Rio Grande,
ser tiradas as seguintes conclusões:
2003.
• Não há nenhum efeito de segunda ordem
6. Real,Real, M. V. - Análise estática de lajes de
localizado importante que merece ser considerado concreto armado incluindo não-linearidade
no projeto dos pilares-parede de concreto armado. física e geométrica. Dissertação de Mestrado,
O acréscimo nos momentos de segunda ordem, Curso de Pós-Graduação em Eng. Civil,
como conseqüência da distribuição não uniforme UFRGS, Porto Alegre, 1990.
do esforço normal, pode ser desprezado para o
projeto no estado limite último.
10 Teoria e Prática na Engenharia Civil, n.10, p.1-10, Julho, 2007 .