Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O que é ética
OBRA: VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994 -
Coleção Primeiros Passos- N° 177.
1
Aluna Graduanda em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre pela Universidade Federal do
Piauí – UFPI. E-mail: isadoraarjj@gmail.com
se vive. O autor chega a afirmar que a variação presente no campo da ética se dá não
só com as mudanças dos costumes, mas também, com os valores que se
transformam junto a si. Conforme a época, eles vêm se modificado até mesmo pelas
constantes mudanças sociais e tecnológicas criadas e organizadas pelo próprio
homem; embora para cada “homem” as realidades venham contextualizar
realidades diferentes. Sendo assim, a ética é tudo que consideramos correto, é o
respeito ao outro, é ser empático ao que esse outro vive, é uma constante troca de
experiências. Vale ressaltar que a ética está em cada ser humano, em todos os
lugares e que devemos sempre usa-la, seja no modo de falar, como falar e quando
falar.
Para servir de fundamento a um valor ético não progressivo, o autor
menciona o pensador alemão Max Weber que diz que o modo de vida e os costumes
adquiridos por cada doutrina influenciava diretamente sobre suas questões éticas e
variações da mesma. Já Kant apoia uma ética universal, com princípios de igualdade
entre todos os homens. A reflexão grega no campo da ética surgiu com uma pesquisa
sobre a natureza do bem moral de todos os cidadãos, buscando uma conduta
absoluta, baseando-se no contexto religioso. Um filosofo citado pelo autor é Platão
que parte da ideia de que todos os homens buscam a felicidade como um princípio
de vida ético, e que também a maioria das doutrinas gregas partiam do mesmo
pressuposto. Para Platão não seria uma questão de egoísmo pensar desta forma, o
homem sempre deveria ter em mente onde está o sumo bem, para ele o indivíduo
teria que viver a todo momento pensando na ideia do bem. O sumo bem para Platão
seria o homem abdicar de todos os prazeres dessa vida, para assim desfrutar do
mundo ideal, imutável e eterno, para ele o homem virtuoso seria aquele cujo vivesse
a semelhança de Deus, recebendo muitas críticas por esse argumento.
Já o seu discípulo Aristóteles tem um outro olhar sobre seus escritos, como
menciona o autor. Aristóteles também parte da ideia do ser e do bem, instando sobre
a diversificação dos seres, para ele cada ser tem um respectivo bem, conforme a
natureza ou o seu íntimo. Para Aristóteles o homem não precisaria de apenas um
bem, mas de uma variedade de bens, diversificando de sentimentos a riquezas. Os
gregos procuravam doutrinas que pudessem orientar os indivíduos para uma vida
voltada para o bem, a virtude e a harmonia com a natureza. Era uma questão moral
viver relacionado com a natureza, um tipo de lei natural. O capitulo retrata as
mudanças sofridas através dos princípios religiosos e o desenvolvimento da moral.
Apesar da religião ter contribuído nas questões éticas, ela também ensombrou e
detestou palavras de liberdade, amor e fraternidade universal, protegidas por ideais
éticos. A religião grega, como muitas outras religiões antigas, era ainda bastante
naturalista, os deuses eram normalmente símbolos de forças naturais. A religião
judaica transfigurou um tanto. O Deus de Abraão, Isaac e Jacó já não se identificava
como as forças da natureza, sendo assim estando em um lugar superior a tudo que
há de natural. Isso interfere diretamente o comportamento humano, o indivíduo
passa a obedecer a vontade de Deus. Independente de falar palavras que remetem a
universalização de Kant, os valores religiosos não são estáticos podendo assim
modificar-se de tempos em tempos sem ser necessariamente de valor para todos.
Logo em diante ele começa com vários questionamentos, como agir?
Buscando o que? Qual seria o ideal da vida ética? Ele afirma que as respostas variam,
para os gregos estava na procura teórica e pratica da ideia do bem, ou estava na
felicidade, uma vida organizada, uma vida virtuosa. Para outros gregos, o ideal ético
estava no viver de acordo com a natureza, em equilibro cósmico. Como mostra o
autor os ideais éticos têm valores e conceitos diferentes conforme aqueles que os
praticam atingindo de forma diferente os grupos de acordo com a natureza na qual
vivem. Eles podem estar relacionados a riqueza, religião, virtudes ou ações. Através
disso é notável que a existência de mais de um ideal ético por sociedade é possível,
mesmo que em tempos iguais. A liberdade fala da questão da escolha que o ser
humano tem sobre fazer algo ou não fazer, algo obrigatório pela maior parte das
pessoas e que é considerado ético.
O determinismo é abrangido, dando o exemplo do fatalismo, tudo o que
acontece tinha que acontecer, e o autor diz que se a fatalidade ou o destino existem
não temos liberdade, pois tudo já estava encaminhado para acontecer. No decorrer
do capitulo Valls faz relação da ética com a liberdade e como essa independência
influencia o mundo. A ética segundo Kierkegaard era apenas estética. Diziam que a
ética medieval era no fundo um comportamento religioso e não ético. Aquele que a
buscava em sua plenitude fazia aquilo por que queria fazer ou se sentia pressionado
pela massa que o fazia se agregando ao movimento não se sentir deslocado da
multidão? O capitulo seis discute o singular e o coletivo. Aquilo que poderia ser bom
para mim, seria capaz de ser ruim e errado para outras pessoas? O ser humano está
livre para viver de acordo com a sua natureza, mas essa natureza não é igual para
todos. A forma de pensar não era única de só uma pessoa. O ser humano é apto para
seguir o correto mesmo sendo julgado e acusado sob outros diferentes tipos de
pensamentos? Com o passar dos anos os costumes e valores foram sendo mudados,
nem a religião é a mesma, foram acrescentadas outras crenças, outros saberes. E a
ética vem passando também por essas mudanças, é inviável dizer que com tantas
guerras, com tantos movimentos ela continua a mesma. Vimos ao longo da leitura
que a ética muda conforme os lugares, as culturas e os grupos, e busca de forma
extrema a harmonia.
O autor traz uma sequência temporal de análise desse tema desde a
antiguidade até os dias atuais e suas transformações. Apesar de tentar esclarecer a
complexidade do assunto, o autor leva o leitor a fazer uma profunda reflexão acerca
do que foi abordado durante todo o livro.