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2' edição: 5.000 exemplares

2' reimpressão: 5.000 exemplares

• 3. edição: 5.000 exemplares


1964: A CONQUISTA DO ESTADO
3' reimpressão: 3.000 exemplares

4" reimpressão: 5.000 exemplares


Ação Política, Poder e Golpe de Classe
5' reimpressão: 3.000 exemplares
Traduzido pelo Laboratório de
Tradução da Faculdade de
4' edição: 3.000 exemplares Letras da UFMG por:
5' edição: 3.000 exemplares AYESKA BRANCA DE OLIVEIRA FARIAS
CERES RIBEIRO PIRES DE FREITAS
ELSE RIBEIRO PIRES VIEIRA (Supervisora)
GLORIA MARIA DE MELLO CARVALHO

Revisão Técnica:
RENIÕ ARMAND DREIFUSS

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1987

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© by René Armand Dreifuss
Título do original inglês:
State, class and lhe organic elite:
the formation of an entrepreneurial
order in Brazil (1961-1965)

Direitos sobre a tradução e


publicação em língua portuguesa:

EDITORA VOZES LTOA.


Rua Frei Luís, 100 Para minha mãe
25689 Petrópolis, RJ e
Brasil à memória do meu pai

Para Aurea e Danny

Diagramação Aos amigos, que o caminhar


Valdecir MeJlo da vida afasta, e
a lembrança reúne

Aos que, não estudando seu passado.


estão fadados a repetir os mesmos
erros.

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CAPITULO VI

A AÇÃO DE CLASSE DA ELITE ORGÂNICA:


A CAMPANHA IDEOLOGICA DA BURGUESIA

Introdução

O capítulo V descreveu a estrutura decisória da elite orgânica e sua organi-


zação para a ação. Mostrou, de fato, a existência de um aparelho de classe que
era capaz de desenvolver operações de natureza pública, bem como atividades
vedadas ao alcance público.
Os capítulos VI, VII e VIII tratam das atividades específicas, públicas e
encobertas, tanto táticas quanto estratégicas, que eram desenvolvidas pela elite
orgânica. Essas atividades objetivavam conter as forças populares, desagregar O
bloco histórico-populista e levar os interesses multinacionais e associados ao
governo político através de um golpe de Estado civil-militar.
A conquista do poder político pela elite orgânica não foi simplesmente um
resultado da crise político-econôrnica do período e o imediato colapso do regime,
levando a uma subseqüente queda do governo.' Nessas críticas condições, já
resumidas no capítulo IV, a elite orgânica tentou levar adiante uma campanha
para dominar o sistema tanto em termos políticos, quanto ideológicos.ê A quebra
da convergência de classe vigente e a ruptura da forma populista de dominação
foram alcançadas pelo bloco de poder multinacional e associado através do
exercício de sua influência em todos os níveis políticos."
O período de ação de classe organizada, que será visto neste capítulo,
estendeu-se de 1962 a 1964. Politicamente, significou uma mobilização conjun-
tural para o golpe, quando estratégia se converteu em política e atividades polí-
tico-partidárias finalmente se transformaram em ação militar. Esse foi o estágio
do "esforço positivo" em que vários escritórios de consultoria e anéis burocrático-
empresariais, associações de classe e grupos de ação formaram um centro político
estratégico, o complexo IPES!IBAD. Uma vez unificadas as várias oposições
sob uma liderança sincronizada comum. formulando "um plano geral", a elite
orgânica lançava a campanha político-militar que mobilizaria o conjunto da bur-
guesia, convenceria os segmentos relevantes das Forças Armadas da justiça de
sua causa, neutralizaria a dissensão e obteria o apoio dos tradicionais setores
empresariais, bem como a adesão ou passividade das camadas sociais subalternas.
Mas antes de se iniciarem hostilidades a nível político-militar, desenvolveu uma
campanha ideológica multifacetada contra o bloco histórico-populista. Tal ação
compreendia a desagregação dos quadros populistas, assim como aqueles de
imaturos grupos reformistas, adiando as ações do Executivo e tentando conter o
desenvolvimento da organização nacional de classes trabalhadoras. O seu fracasso

229
cm reprimir a conscientização política das classes trabalhadoras e a surpreen- fora evitado, mais especificamente, um movimento político organizado; ao mesmo
dente capacidade do Executivo de não apenas sobreviver, mas, na verdade, de tempo. o General Heitor Herrera ressaltava o perigo de se expor a ação ilegal."
consolidar e obter novas' posições' fortaleceu sua determinação de tomar de Essa necessidade de manter a imagem inconspícua da elite orgânica foi enfatizada
assalto a sociedade política estabelecida. por Harold C. Polland no início de 1962. Ressaltava também à liderança
A elite orgânica empresarial se fez defensora e porta-voz dos pontos de vista do IPES que outros países tinham instituições similares à sua e que a expe-
moderados do centro, ampliando as perspectivas elitistas e consumistas das classes riência política provara que uma única organização não bastava. Dava o exemplo
médias e fomentando o temor às massas. Revigorava a percepção solipsista das da Colômbia, onde o IPES local consistia de um organismo com vários órgãos
classes médias quanto à realidade social brasileira e as influenciava contra o disseminados por todo o interior do país. Essas instituições eram constantemente
atacadas, porém sempre servindo de escudo para O verdadeiro centro de ação.
sistema político populista.
H. Polland reafirmava a necessidade de o IPES nunca aparecer direta e aberta-
Preparava-se para operar em toda área da vida social visando a competir
mente e de adotar uma posição de completa Inatacabilidade'! durante a sua
com os predominantes interesses políticos, o trabalhismo e a esquerda pelo con-
campanha política e agir "por trás dos bastidores". Afinal, ponderava ele, dentro
trole do Estado. Uma vez em ação, fazia uso de todo recurso disponível, legal
do JPES havia ernpresãrios.'" Os órgãos que apareciam publicamente ou se res-
ou ilegal." Segundo o líder ipesiano Glycon de Paiva, essas atividades que beira-
ponsabilizariam pelo desenvolvimento da campanha da elite orgânica seriam,
vam, a ilegalidade podiam ser resumidas como a preparação de civis para asse-
naturalmente, a ADEP, o IBAD, a ADP, a Promotion S.A. e o SEI, entre as
gurar um clima político apropriado para a intervenção militar. Em sua opinião,
mais significativas agências civis e civil-militares!" bem como os conhecidos órgãos
II ação política tinha de ser sigilosa." Suas recomendações envolviam a "criação
políticos que operavam lado a lado com o IPES, como a Associação dos Diri-
Je um caos econômico e político, o fomento à insatisfação e profundo temor ao
gentes Cristãos de Empresa - ADCE'" Além disso, a ação do IPES não se
comunismo por patrões e empregados, o bloqueio de esforços da esquerda no
restringiria a organizações de classe e grupos políticos de ação, mas, ao contrário,
Congresso, a organização de demonstrações de massa e comícios e até mesmo
alcançaria todo segmento organizado da sociedade. Suas táticas serviriam de
aros de terrorismo, se necessário"." As áreas alvo para a doutrinação específica
modelo para os acontecimentos de quase dez anos depois no Chile.
e pressão política direta eram os sindicatos, o movimento estudantil e a classe
camponesa mobilizada, as camadas sociais intermediárias e a hierarquia da Igreja,
o Legislativo e as Forças Armadas. Duas modalidades de ação
A ação da elite orgâniea empresarial deve ser considerada como a praxe
de um bloco burguês de poder, premeditada e cuidadosamente amadurecida As táticas da elite orgânica compreendiam desde atividades que objetivavam
durante vários anos. Trazendo à tona a dimensão orgânica e a dinâmica envol- efeitos a longo prazo na orientação global das perspectivas sociais, econômicas
vidas (situação, posição e ação de classe), pode-se perceber e revelar a evidência e político-militares, até táticas defensivas planejadas objetivando ganhar tempo
histórica do emergente bloco de poder multinacional e associado forjando a sua suficiente para a ação estratégica política e militar lograr efeito." Duas modali-
própria forma de Estado. O que ocorreu em abril de 1964 não foi um golpe dades de ação devem ser consideradas: 1) ação ideológica e social; e 2) ação
militar conspirativo.t mas sim o resultado de uma campanha política, ideológica político-militar. .
e militar travada pela elite orgânica centrada no complexo IPES/IBAD. Tal
campanha culminou em abril de 1964 com a ação militar, que se fez necessária
para derrubar o Executivo e conter daí para a frente a participação da massa." Ação ideológica e social
O I PES, por sua própria natureza e diretrizes e por ser um catalisador
estratégico bem mais do que uma visível força motriz, não colheu os 10UTOS pela As atividades ideológicas e sociais combinadas da elite orgânica consistiam
maioria das conquistas políticas da elite orgânica que foram atribuídas a outras em doutrinação geral e doutrinação específica, ambas coordenadas com ativida-
organizações e agentes, presumindo-se serem independentes dele. Mesmo embora des polírico-ideolôgicas mais amplas no Congresso, sindicatos, movimento estu-
muitas organizações fossem na verdade sincronizadas pelo complexo IPES/IBAD dantil e clero.
não se deve desprezar as atividades de órgãos paralelos, cujos objetivos e meios, A doutrinação geral visava a apresentar as abordagens da elite orgânica
de modo generalizado, coincidiam com os do complexo IPES/IBAD. Sempre aos responsáveis por tomadas de decisão políticas e ao público em geral, assim
que possível, o IPES procurava ser discreto em suas atividades e se manter fora como causar um impacto ideológico em públicos selecionados e no aparelho do
da notoriedade política. Por exemplo, quando os seus líderes voltaram de uma Estado. A doutrinação geral através da mídia era realizada pela ação encoberta
das reuniões de Nassau em 1962, eles procuraram manter essa atitude, com a e ostensiva, de forma defensiva e defensivo-ofensiva. Constituía-se basicamente
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clara intenção de minimizar a significância da Instituição. A proposta de Glycon numa medida neutralizadora. Visava infundir ou fortalecer atitudes e pontos de

'. vista tradicionais de direita e estimular percepções negativas do bloco popular


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de Paiva, em abril de 1962, de publicar um trabalho elaborado pelo General


Golbery do Couto e Silva, que propunha diretrizes contra o bloco nacional- nacional-reformlsta."
reformista, foi vetada pelo líder ipesiano José Luiz Moreira de Souza. A sua A elite orgânica atacava o comunismo, O socialismo, a oligarquia rural e a
oposição se baseava na hipótese de que o trabalho revelaria o que até entãc corrupção do populismo. No aspecto positivo, argumentava que a prosperidade

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I
do país e a melhoria dos padrões de vida do povo se deviam à iniciativa privada
e não se deviam, certamente, a métodos socialistas ou à intervenção do Estado t::assinando, eles próprios. artigos produzidos nas "estufas políticas e ideológicas"
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na economia." Por outro lado, a sua abordagem negativa podia ser vista na sua do complexo I PES!IBAD.
utilização de uma mesclagem de técnicas sofisticadas e uma grosseira propa- O I PES conseguiu estabelecer um sincronizado assalto à opinião pública,
ganda anticomunista, constituindo uma pressão ideológica, que explorava o "en- através de seu relacionamento especial com os mais importantes jornais. nidrcs
curralamento pelo pânico organizado".'8 I! televisões nacionais, como: os Diários Associados (poderosa rede de jornais.
Através da doutrinação específica, a elite orgânica tencionava moldar a cons- rádio e televisão de Assis Chateaubriand, por intermédio de Edmundo Monteiro,
ciência e a organização dos setores dominantes e envolvê-los na ação como urna seu diretor-geral e líder do IPES), a Folha de São Paulo (do grupo de Octávio
"classe para si", enquanto consolidava a liderança política das Irações multina- Frias. associado do I PES), o Estaelo de S. Paulo e o [orna! da Tarde (do Grupo
cionais e associadas dentro da classe dominante. Tomava tal atitude, objetivando Mesquita, ligado ao I PES, que também possuía a prestigiosa Rádio Eldorado de
unir o emergente bloco de poder em torno de um programa específico de moder- São Paulo). Diversos jornalistas influentes e editores de O Estado ele S. Paulo
nização econôrnica e conservadorismo sócio-político. Um exemplo extremo de estavam diretamente envolvidos no Grupo de Opinião Pública do I PESo Entre
tais ações foi o Congresso pelas Reformas de Base, realizado em janeiro de 1963, os demais participantes da campanha incluíam-se: I. Dantas, do Diário de No
e a campanha mantida através da mídia, que também tentava desarticular o ticias, a TV Rccord e a TV Paulista, ligadas ao I PES através de seu líder Paulo
tradicional bloco histórico oligárquico-industrial." A doutrinação específica (jun- Barbosa Lessa, o ati vista ipesiano Wilson Figueiredo do Jornal do Brasil, o
tamente com a doutrinação geral) também lidava com a formação política e ideo- Correio do Povo, do Rio Grande do Sul e O Globo, das Organizações Globo
lógica, cooptação e mobilização de ativistas sindicais, líderes camponeses e mili- do grupo Roberto Marinho, que também detinha o controle da influente Rádio
tantes rurais, estudantes e líderes militares. Além disso, o objetivo geral da dou- Globo, de alcance nacional. Eram também "feitas" em O Globo notícias sem
trinação específica era modelar as várias frações das classes dominantes e dife- atribuição de fonte ou indicação de pagamento e reproduzidas como informação
rentes grupos sociais das classes médias em um movimento de opinião com [atual. Dessas notícias, uma que provocou um grande impacto na opinião pública
objetivos a curto prazo amplamente compartilhados, qual seja, a destituição de foi que a União Soviética imporia a instalação de um Gabinete Comunista no
Brasil, exercendo todas as formas de pressões internas e externas para aquele íirn."
João Goulart da presidência e a contenção da mobilização popular.
Outros jornais do país se puseram a serviço do IPES. Rafael de Almeida
Magalhães. filho do líder ipesiano Dario de Almeida Magalhães, colocou à SUII
disposição, para que qualquer artigo saísse não assinado ou em forma de editorial,
Doutrinação geral
a Tribuna da Imprensa, o militante jornal anti-Ioão Goulart e antipopulista do
Os canais de persuasão e as técnicas mais comumente empregadas compre- Rio, que também era de propriedade de Carlos Lacerda e do qual participava o
jornalista Hélio Fernandes." E em São Paulo, o deputado federal Herbert Levy,
endiam a divulgação de publicações, palestras, simpósios, conferências de perso-
empresário e líder udenista ligado ao I PES e cujos filhos eram também a ti vistas
nalidades famosas por meio da imprensa, debates públicos, filmes, peças teatrais,
ipesianos em operações encobertas, lançou as Notícias Populares, jornal militante
desenhos animados, entrevistas e propaganda no rádio e na televisão. A elite
que visava competir com a imprensa popular na tentativa de atingir intelectual
orgânica do complexo IPES!IBAD também publicava, diretamente ou através
e emocionalmente as classes trabalhadoras industriais e a classe média baixa
de acordo com várias editoras, uma série extensa de trabalhos, incluindo livros,
daquele Estado. O complexo I PES!I BAD também mantinha o controle de alguns
panfletos, periódicos, jornais, revistas e folhetos." Saturava o rádio e a televisão jornais de menor importância em todo o país. A prestigiada coluna política "Seção
corn suas mensagens políticas e ideológicas. Os jornais publicavam seus artigos Livre", assinada por Pedro Dantas (pseudônimo usado por Prudente de Mornis
e informações. Para alcançar essa extensão de atividades variadas, o IPES alistava Neto), proporcionava uma análise da conjuntura política e procurava moldar n
um grande número de escritores profissionais, jornalistas, artistas de cinema e opinião pública. Essa coluna saía publicada na seção de anúncios de O Estado
de teatro. relações públicas, peritos da mídia e de publicidade. O complexo IPES! de S. Paulo e operava dentro da corrente ideológica do I PESo Outro companheiro
IBAD também era capaz de articular e canalizar o apoio de algumas das maiores de jornada era loão de Scantimburgo, do Correio Paulistano (que fora apontndo
companhias internacionais de publicidade e propaganda, criando, assim, uma ex- por Alfred Neal, do Committee for Economic Development, em sua carta a Gilbert
traordinária equipe para a manipulação da opinião pública. Jornalistas profissio- Huber lr., como um dos elementos possíveis para uma operação CED de apoío)."
nais se integravam no esforço geral como "manipuladores de notícias" e propa- Em prol da mesma causa, no Nordeste, Paulo Malta, através de sua coluna" Pe-
gandistas, trabalhando sobretudo através das unidades operacionais dos grupos riscópio", no influente Diário de Pernambuco, promovia uma série de "denúncias
~~. de Opinião Pública, Estudo e Doutrina e Publicações. Certas empresas financeiras anticomunistas" e acusações do Iilocornunismo de Miguel Arraes.~$ Arlindo Pu
e industriais ligadas ao complexo I PES!IBAD se incumbiam dos arranjos finan- qualini, diretor das Empresas Caldas Júnior (o importante complexo empresarial
ceiros, incluindo-os em suas folhas de pagamento, propiciando, assim, outra forma do setor de mídia do sul do país), foi procurado por José Luiz Moreira de Souza
de financiamento indireto da ação da elite orgânica. Escritores, ensaístas, perso- para produzir uma série de artigos atacando Leonel Brizola e sua crescente in-
nalidades literárias e outros intelectuais emprestavam o seu prestígio, escrevendo fluência popular e comando da estrutura do PTB. O próprio Arlindo (irmão do

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falecido Albertc Pasqualini, ideólogo do PTB), assim como os políticos do Rio classes dominantes. Em 1962, a equipe do General Golbery destacou 200 mili-
Grande do Sul, Paulo Brossard e Kos Chermont de Britto, eram considerados tares das três Forças, enquanto Glycon de Paiva ofereceu uma lista de 200 polí-
pelo IPES como candidatos desejáveis para se promover contra Brizola." No ticos (do Congresso e governadores de Estado), 200 estudantes, 150 profissio-
Paraná, o complexo IPES!IBAD era ativo nessa área por intermédio de Roberto nais, 50 jornalistas, 50 empresários, 50 professores universitários e 100 associados
Novaes, dos Diários Associados e Diário do Paraná, Ubaldo Siqueira, da Imprensa do IPES de São Paulo, todos influentes "formuladores" de opinião, para receber
Nova e Bacilla Neto, o correspondente paranaense de O Estado de S. Paulo." e participar vitalmente da disseminação de material ideológico fornecido pela dite
O diplomata de carreira José Sette Câmara emprestava seu nome para colunas orgânica. Tornou-se a decisão de que o nome do IPES não deveria aparecer em
políticas em O Gtobo" e o líder do IPES, Augusto Frederico Schrnidt, ernpre- muitas das publicações que fossem distribuídas."
sário, poeta e embaixador, mantinha ativa participação no Grupo de Opinião
Uma forma diferente de ação era o apoio e o patrocínio de manifestos, pro-
Pública do IPES.29 Trabalhos produzidos para consumo empresarial e político
duzidos por associações e categorias funcionais e profissionais, manifestos estes
eram reescritos em "linguagem de dona-de-casa" por pessoas tão variadas, como
que inundavam a imprensa entre 1962 e 1964. Entre eles, deve-se mencionar o
Wilson Figueiredo, editor do Jornal do Brasil e a romancista Raquel de Oueiroz.ê'
"Manifesto das Classes Produtoras", por seu impacto emocional, que marcava a
A escritora Nélida Piiion, que se prestava como secretária do IPES do Rio, aju-
posição política dos empresários brasileiros e a publicação no Rio e em São
dava também nos esforços de propaganda.
Paulo, no início de 1963, de um "Manifesto à Nação". Assinado por mais de
Todos esses jornais também mantinham sua própria e acirrada campanha 500 profissionais de prestigio em todo o país, esse Manifesto foi publicado no
editorial, que beneficiava a elite orgânica." Tudo isso era ajudado pelo controle Jornal do Brasil e Correio da Manhã, do Rio de [aneiro, e em O Estado de S.
que o complexo IPES!IBAD tinha sobre as agências de notícia e canais de in- Paulo, pelo Centro Democrático de Engenheiros, sediado em São Paulo e coorde-
formações em todo o país e o seu relacionamento especial com companhias de nado pelo IPES.
publicidade e anunciantes. O IPES se certificava de que os editores dos mais
Deve-se também mencionar o "Manifesto das Enfermeiras às Forças Arma-
importantes jornais do país dirigissem seus próprios jornais de fato e em nome,
das", de meados de 1963, no qual pediam aos militares que interviessem direta-
conforme a linha da elite orgânica."
mente no processo político contra o governo de João Goulart.ê! Distinguiram-se
Através da Promotion S.A., a elite orgânica alugava as páginas editoriais ainda o "Manifesto e Carta de Princípios Democráticos do Paraná", de abril de
de A Noite, um dos jornais vespertinos do Rio, uma manobra inicialmente pro- 1963, e o "Manifesto dos Estudantes de Direito da Universidade Mackenzie"
posta pelo seu próprio diretor Nelson Nobre." O IBAD estava também por trás em maio de 1963,39 bem corno o manifesto "Para o Brasil, para o seu Progresso
da revista Repórter Sindical, dedicada à disseminação de informação ideológica, e para a Felicidade de seu Povo, contra a desordem, a irresponsabilidade e a
bem como à obtenção de dados. O líder do IPES José Rubem Fonseca, roman- demagogia", um apelo de página inteira em O Estado de S. Paulo, apresentado
cista engajado em atividades de opinião pública, colocou sucintamente o fato: pelas associações empresariais, federações, sindicatos de empregadores e o Lyons
"O Instituto publica em jornais artigos, editoriais e opiniões"." O objetivo era Clube."
ocupar "o centro de discussão ideológica e política"." O IBAD também publicava,
Esses artigos, anúncios e transcrições eram então reproduzidos em outros
mensalmente, a sua Ação Democrática, com uma circulação de 250.000 exempla-
jornais de todo o país, por meio da rede de transmissão à disposição do complexo
res, para isso contando com a colaboração de Gabriel Chaves Mello, Eugênio
IPES!IBAD:' Uma outra forma de moldar a opinião pública constituía da repro-
Gudin, José Garrido Torres, Dênio Nogueira, o deputado e líder udenista Aliornar
dução de discursos, exposições e pronunciamentos públicos por indivíduos de
Baleeiro e outros influentes empresários e políticos; era distribuída gratuitamente
destaque, tais como aquele, em Belo Horizonte, do General Punaro Bley do IBAD,
e não continha anúncios.
um ex-integralista, discurso este que induziu Glycon de Paiva a procurar a coope-
O Grupo de Opinião Pública da elite orgânica, através do líder ipesiano ração de Nei Peixoto do Valle para reproduzi-lo em outras cidades e através
Nei Peixoto do Valle, ajudou também a preparar o "Levantamento da Infiltra- dos diversos recursos da mídia.<2 Os canais para a disseminação de material ideo-
ção Comunista na Imprensa";" que circulou amplamente entre empresários, mi- lógico e político produzido ou reproduzido pelo IPES eram as agências de notí-
litares e outros "formuladores" de opinião, corno parte de uma campanha que cias, como a Planalto, administrada pelo próprio IPES, que fornecia material a
expunha vários intelectuais e jornalistas como culpados por adotarem pontos de 800 jornais e emissoras de rádio por to.do o Brasil com várias remessas semanais'
vista esquerdistas. Esses jornalistas eram acusados de manipular a opinião pública, de material noticioso constituído de informação e análise, serviço este inteira-'
exatamente as' atividades nas quais o complexo IPES!IBAD estava, em verdade, mente gratuito. Prestava-se à mesma função a Asa-Press, pertencente a Fernando
envolvido. Marrey, cujo diretor, Arlindo Olympio dos Santos, era ligado ao IPES.<3, '9
Para mostrar aos empresários, profissionais e aos membros das Forças Arma- A face política e ideológica encoberta do IPES inundava o país com a pr;
das a imediata ameaça a que estavam sujeitos, a elite orgânica fez intenso uso paganda anticomunista da elite orgânica, em forma de livros, folhetos ou pan-
de um quadro que denunciava a "infiltração comunista", quadro este que obteve netos. Como já foi observado anteriormente, em termos de doutrina, ele se viu
vasta divulgação e pareceu ter causado forte impacto. Preparado pelo Coronel expressando os objetivos e ideais da Aliança para o Progresso." Foram inseridos
A. da Fontoura, enquanto o chefe do Estado-maior da 6." Divisão no Rio Grande nos jornais de domingo em todo o Brasil," mais de um milhão de cópias da
do Sul, tinha o quadro o sentido de dar uma visão panorâmica da ameaça às Cartilha para o Progresso, feita pelo IPES, e que apresentava os pretensos bene-

234
235

..
1IIltlN tjllr ii Aliança
para o Progresso proporcionaria. O folheto da ALPRO foi
os ass3ssinatos em massa, a abolição da dignidade, os campos de trabalho for-
111111111 III lnscrldo
como um suplemento na Fatos e Fotos, a revista líder do Grupo
çado, a rejeição de toda a noção de liberdade e fraternidade". Caracterizavam,
IIlud, do Rio, amplamente consumida pelas classes médias."! Nossos males e seus
o::ntão, o comunista: "Ele é aparentemente inofensivo ... nunca se trai, sempre
','III"rl/os, um ardiloso livrete produzido por "André Gama" (pseudônimo de
trairá outros. Ele fala de paz e amor fraternal". "Ele será o seu mais querido
11111 mnerlcano, ligado à área financeira que residia em Petrópolis), teve também
amigo, o mais sincero, o mais leal ... até o dia em que ele o assassinará pelas
1111111 publicação de um milhão de cópias." Uma outra edição que atingiu também costas, friamente ... Eles matam frades, violam freiras, destroem igrejas".S3 O
u mcntunte de um milhão de distribuição foi "O que é o lPES", um encarte General Moacyr Gaya se encarregava dos planos para a distribuição de panfletos
'IUI! circulou conjuntamente com a promoção da ALPRO. Um material sobre a e outros materiais similares produzidos ou divulgados pelo IPES.S. Em 1963,
Mater e/ Mogistr« também foi preparado pelo IPES de uma forma acessível ao
os Grupos de Opinião Pública/Publicações já haviam editado mais de 280.000
grande público." As publicações que promoviam a Aliança para o Progresso e
livros e imprimido 36.000 boletins mensais. Por essa época, o IPES havia distri-
a Meter e/ Magistra (profundamente apoiadas na imagem projetada por J. F. buído ao todo 2500.000 unidades impressas'" e diversos milhões de cópias dos
Kennedy e o Papa João XXI II) serviam a dois objetivos: proporcionar à opinião panfletos mencionados acima. Excetuando aquelas consideradas como publicações
pública uma mensagem suficientemente ampla para favorecer a "modernização" legítimas, condizentes com um "Instituto de Pesquisas", não se podia identificar
do regime e restrita o bastante para indispor o público contra o socialismo, o nenhuma das reedições como sendo patrocinadas pelo IPES.~8 Os escritores
comunismo e o nacional-reformismo. Permitiam também ao complexo lPES/IBAD que, a título individual, lançavam a imagem daquilo que o complexo IPES/
engajar uma série de intelectuais católicos (leigos e clérigos) na discussão e até IBAD considerava a "correta" opinião e o "correto" posicionamento ideol6gico
nas atividades catalisadas pela elite orgânica e subtraí-los ao campo popular- e político recebiam o seu apoio, estímulo e projeção. Os seus livros, quando
reformista.
julgados de maior importância para a formação de opinião pública, de classe ou
O lPES publicava e financiava, editava, traduzia e distribuía livros, livretos, institucional, eram "comprados" pelo IPES para assegurar ao editor uma venda
revistas e folhetos de produção própria, como também aquelas de fontes afins. inicial. Esse foi o caso do seu líder, jurista e empresário, Miguel Reale, cujo
Atingia, ainda, as massas com a edição de panfletos, cujo papel e tipo de inferior livro, Pluralismo e liberdade, teve sua publicação patrocinada pelo IPES em
qualidade disfarçavam a origem." "Comprava" grande parte de determinadas 1963, através da Editora Saraiva."
publicações, tornando-as, assim, comercialmente viáveis. Além disso, por meio de
Ootros líderes, como Rafael Noschese, da Federação das Indústrias de São
sua poderosa rede de publicação, distribuição e de venda, o IPES subsidiava Paulo e Paulo Almeida Barbosa, da Associação Comercial de São Paulo e das
outras publicações. tanto financeiramente, quanto através de facilidades de im-
American Chambers of Cornmerce, apoiavam de forma indireta, por intermédio
pressão e outros serviços, .e 'agia como um canal para centros de formação de
de suas respectivas instituições, comprando parte da circulação de livros" e sub-
opinião pública." Opiniões de radicais do PTB, de socialistas, comunistas ou
sidiando as atividades do IPES.
nacionalistas eram confrontadas com material de propaganda de variados graus
Os princípios ipesianos eram aplicados a casos específicos na forma de sub-
de sofisticação, que se estendiam desde as publicações sensacionalistas e vulgares
até a prosa acadêmica "séria". sídios ao Grupo de Ação Parlamentar e ao de Opinião Pública, bem como atra-
vés da elaboração de vinte e três propostas conhecidas como as Reformas de
Algumas das publicações produzidas pelo complexo IPES/IBAD tinham um
Base." Esses pormenorizados projetos de reforma ultrapassaram aqueles sugeri-
caráter de propaganda "deturpadora", ou seja, eram basicamente fatuais e conti-
dos na Escola Superior de Guerra, que tem sido tradicionalmente reconhecida
nham informação cuidadosamente selecionada à qual adicionava-se uma certa
como a fonte intelectual de mudança nacional'" em favor do bloco rnodernizante-
"torção". Já outros trabalhos eram mentiras declaradas ou ficção. Entre as revistas conservador. O complexo IPES/IBAD fora firmemente arrastado para a batalha
subsidiadas e distribuídas para satisfazer a um público relativamente mais inte-
ideológica travada no princípio da década de sessenta. Como foi mencionado ante-
lectualizado, como parte da campanha que o IPES chamava de "fertilização
riormente, os Grupos de Estudo e Doutrina preparavam crítica sistemática das
cruzada" ideológica e a criação de barreiras intelectuais no marxismo, destaca-
propostas de reforma do governo enquanto o Grupo de Ação Parlamentar se
vam-se os Cadernos Brasileiras+v Convivium e Síntese, sendo as duas últimas
encarregava do bloqueio do Executivo, suprindo a rede ADEP/lBAD/ ADP de
dirigidas à hierarquia da Igreja e à tntetligentsia católica leiga.52 Produzia e dis-
apoio logístico material e político. A pedido do líder Mello Flores, as unidades de
tribuía também uma série de livretos que atacavam assuntos da atualidade numa
estudo do Rio examinavam as questões em pauta no Congresso. Ele estabelecia
forma acessível ao grande público, embora com um estilo e uma aparência que
as prioridades e permanecia em Brasília durante a discussão dos referidos proje-
acentuavam seu pseudo-academicismo. Temas da Hora Presente e Cadernos Na- tos, coordenando as operações. Assim, os grupos de estudo preparavam emendas
cionalistas eram alguns desses Iivretos.
aos projetos e leis do governo nas áreas econôrnicas, sociais e políticas, que se
Um clássico exemplo de um modo mais vil de guerra psicológica era a estendiam desde as propostas de controle de greve até uma das mais importantes
publicação regular de O Gorila, distribuído dentro das Forças Armadas. Em
" .;t preocupações do IPES, a Lei de Remessa de Lucros, bem como da lei do Código
.~ urna das edições, depois de apresentarem o que consideravam os dogmas básicos
Eleitoral até 8 Legislação das Telecomunicações." Além disso, os grupos d~
do marxismo, os autores comentavam que o programa parecia ser bom. No
estudo se responsabilizavam pela triagem de projetos vindos de fontes diversas
entanto, tudo não passaria de uma isca, pois, "Atrás da aparente beleza, estão
sintetizando os vários subsídios e indivíduos e instituições em um único projeto
236
237
tlu IPES," Os grupos de estudo encarregavam-se também das partes legislativas
C processuais dos projetos no Congresso, gados por intermédio do Grupo de Opinião Pública, contribuindo para o debate
Exemplificando tais atividades do grupo, pode-se citar o anteprojeto de lei geral.70
sobre O conjecturado Código de Telecomunicações, um dos estudos de alta priori- O estudo da Reforma Eleitoral contou com a participação de Themístocles
dnde para o IPES, sob a responsabilidade do General Luiz A. Medeiros, da Rede
~ Cavalcanti, jurista e cientista político da Fundação Getúlio Vargas, Dario de
Otobo. Cabia-lhe preparar o anteprojeto sobre o assunto, sendo também requisi- Almeida Magalhães e Paulo de Assis Ribeiro. Outras pessoas escolhidas como os
tndo para elaborar uma declaração preliminar e um esboço da necessária "Ação juristas Afrânio Carvalho, Alfredo Lamy Filho e Homero Pinho," foram convo-
dos Bastidores".83 Uma vez pronto, o estudo do General Luiz A. Medeiros seria cadas para dar sua orientação competente nos diversos assuntos. Sobre o Código
burilado pelos grupos de estudo do IPES e o Grupo de Levantamento da Conjun- Eleitoral, convocou-se Oswaldo Trigueiro."
tura e o de Ação Parlamentar sincronizariam a ação de apoio.Si O IPES pesquisou também o problema da "Democratização do Capital". Os
Alguns dos mais significativos grupos de estudo eram aqueles referentes h posilion papers sobre essa questão eram elaborados conjuntamente com o Grupo
Remessa de Lucros, Reforma Tributária, Habitação Popular, Reforma Eleitoral, de Integração. Além das razões económicas para a "democratização do capital",
Inflação, Reforma Constitucional, Reforma Agrária e Planejamento, todos eles isto é, colocar ações de companhias locais no mercado e a capitalização através
questões políticas polêmicas naquela época. O grupo da Remessa de Lucros com- de investidores menores, tal diretriz tinha um claro efeito de propaganda. Ela
preendia José Garrido Torres, Mário Hendque Simonsen (coordenador e relator), realçava os positivos "efeitos sociais" do sistema económico que permitiam aos
Dênio Nogueira, o General Heitor Herrera, Jorge Oscar de Mello Flores, José Luiz . pequenos acionistas ter um interesse na manutenção desse sistema; os trabalha-
Moreira de Souza, Gilbert Hubert Ir., Harold C. Polland, Glycon de Paiva e a dores e empregados poderiam ser co-proprietârios das suas empresas." A equipe,
participação ad hoc e anónima de burocratas do governo.5S O projeto e justifica- formada com a finalidade de supervisionar a pesquisa a ser conduzida em empre-
tiva das emendas relativas à lei de Remessa de Lucros em discussão no Congresso sas privadas e cujas descobertas serviriam de diretrizes para a preparação de nor-
naquela época foram preparados, para o IPES, pelo Conselho Económico da mas voltadas à democratização do capital em interesses privados, compreendia
Confederação Nacional das Indústrias, onde Simonsen era membro executivo. Tal Paulo de Assis Ribeiro, Alberto Venâncio Filho e Juan Missirlian.
operação não onerou o IPES em um centavo, que pagou apenas jettons de presença Com respeito à Inflação e suas causas, Dênio Nogueira trabalhava com a
a Mário Henrique Simonsen, Hélio Schlittler da Silva e a Dênio Nogueira, que cooperação do congressista da ADEP, Rayrnundo Padilha, entre outros.
preparou um substitutivo para tal projeto, apresentado pelo senador Daniel Quanto ao Planejamento, o IPES se mostrava particularmente empenhado,
Krieger.65
já que era um item de preocupação maior da elite orgânica, exatamente como
Quanto à Reforma Tributária e Política Fiscal, o IPES produziu um apro- fora com a Remessa de Lucros. Quando Celso Furtado lançou o seu Plano Trienal,
fundado estudo, contratado a Mário Henrique Simonsen. Ele elaboraria os seguin- um "grupo técnico" do IPES preparou um número de estudos críticos, tanto para
tes anteprojetos de lei, com suas respectivas justificativas: informação quanto para a ação política. Algumas das análises, como as de Dênio
a) imposto de renda, Nogueira, eram transformadas em position papers para serem publicadas no bole-
b) imposto de consumo, tim mensal do IPES; outras, como os estudos de Julian Chacel, Mário Henrique
c) imposto de selo, Simonsen e Paulo de Assis Ribeiro, eram usadas como diretrizes para a ação
d) taxa única de gasolina e óleos, política e ideológica do IPES, especialmente no Congresso.
e) taxa única de energia elétrica, Dênio Nogueira e William Embry ~e encarregavam da produção de uma tese
f) contribuições de melhoria. sobre a Lei Anti-Trust. Antes de sua apresentação, Mello Flores utiliz.ou a sua
mensagem básica para a sua ação no Senado em 1963, Foi preparada como um
anteprojeto de lei, com correspondente justificativa parlamentar."
Uma unidade de estudo elaborou todo esse trabalho e a integravam, entre
outros, Dênio Nogueira e um burocrata do governo, o contador Balduíno, cuja Sobre a Participação de Empregados nos lucros de Empresas, conjecturou-se
presença foi mantida anónima.B7 . um projeto de lei e confiou-se o trabalho básico a Paulo Novais, da Pontifícia
Sobre a Habitação Popular, a unidade de estudo também preparou um ante- Universidade Católica do Rio.7S •

projeto e Sua correspondente justificativa parlamentar. Tal anteprojeto foi finan- A elaboração da Reforma Judiciária envolveu Celestino Basílio, Carlos de
ciado e planejado por uma equipe do IBAD, que envolvia a participação de Ivan Assis Ribeiro, Homero Pinho, Miguel Seabra Fagundes e outros. Paulo de Assis
88
Hasslocher. Logo após concluído, o anteprojeto foi passado ao IPES para o seu Ribeiro preparou o trabalho." Um estudo sobre a Reforma do Legislativo e da
veredicto, seguindo o mesmo processo de outros casos similares, tal como o Administração Pública também foi efetuado e, para a sua produção, o lPES rece-
estudo sobre a Reforma Agrária.59 A correligionária do governador Carlos Lacerda, beu intenso apoio,"
:-," Sandra Cavalcanti, da Hosken Construtora (grande firma de engenharia e cons- A respeito da Reforma Constitucional, através de Paulo de Assis Ribeiro e
,'" trução, sediada no Rio), serviu de consultora para essa unidade. No IPES, ela seu grupo de estudo, o IPES tinha o seguinte a declarar no início de 1962: "O
• era também conferencista. Havia outros estudos produzidos a respeito da Habita- IPES julga seu dever contribuir para o estudo e debate que devem preceder à
ção Popular, como "Política Habitacional", de José Arthur Rios, que eram divul- apresentação de modificações na Magna Carta" [sic]. Dentre os vários aspectos
que chamariam a atenção dos legisladores estaria o de "segurança nacional", con-

239


_--~--
. -
ceito que, na visão do I PESo não poderia ser restrito às esferas de defesa militar
do pais. Em sua opinião. "o fenômeno gl:neralizado da totalizaç.io de guerra c o Através do seu jornal Ação Democrática, o IBAD frisava que a sua Reforma
rcconhecimcnro da indispensabilidade de uma .::strmégia integrada pum a gucr r» Agrária não tinha, de modo algum, a intenção de servir aos objetivos dos comu-
nistas, nem de manter o injusto e imoral estado de coisas sustentado pelos gran-
e pura 11 paz exigiam'uma verdadeira politica de segurança nacicnal". Essa politica
acarretava "a concepção c rcalizaçâo de açôcs apropriad.llllcl1Ic coordenadas nos des "latifundiários".82 Para o intelectual do complexo IPES/IBAD José Arthur
Rios, era o "dever do democrata combater a frente única formada pelos reacio-
campos polfticos económicos psiccssociais e. sem dúvida alguma, nos militares.
nários e os comunistas" contra o que ele chamava de "verdadeira Reforma Agrâ-
Assim, o conceito de 'ScgunJllça nacional' não': da exclusiva responsabilidade
ria".83 O IBAD organizava as classes dominantes em torno do problema, estudava
dos militares. Todos os órgãos da administração pública são. portamo, conclarna
o assunto e publicava material impresso propondo uma modernização agrária
dos a colaborar no respectivo plan.::jamo:!nto" (da segurança nacional)!" Iosé Carlos
orientada por padrões de eficiência capitalista, onde a indústria e a agroindústria
'de Assis Ribeiro desenvolveu um estudo sobre a Reforma Constitucional. que
seriam integradas e que tentaria anular as demandas populistas e socialistas. Em
compreendía a reformulação de pontos "obsolcros ' c "desajustados". Esse rraba-
lho acentuaria mudanças indispensáveis cm áreas delicadas C0l110 planejaml!nto. o abril de 1961, ele realizou o seu Simpósio sobre a Reforma Agrária, que deu
direito de greve aos trabulhadorcs, a mobilização política e o aumento de poderes
origem a um livro amplamente divulgado e bem impresso: Recomendações sobre
para o Executivo e o governo federal. E interessante ressaltar que a noção de a reforma agrária.
segurança nacional exposta pela ESG é incorporada aqui, pelo I PES, COmo sua Participaram do Simpósio trinta e quatro indivíduos: Alvaro Ribeiro, Bertha
proposta para a reforma da Constituição. Tal noção passou a ter peso. não apenas Koffman Becker, Celestino Sá Freire Basílio, Charles Hogenboorn, D'Almeida
com respeito a assuntos militares, mas também aos civis, tanto na paz quanto na Guerra Filho, Dênio Nogueira, Dirceu Lino de Matos, Edgard Teixeira Leite, Ed-
guerra. son Cesar de Carvalho, Estanislau Fischlowitz, Everaldo Macedo de Oliveira, Pa-
dre Fernando Bastos D'Avila, o General Frederico Augusto Rondon, Gladstone
Quanto à Reforma Bancária, o IPES encontrava algumas dificuldades dentro
Chaves de Mello, Gustavo Corção, Hilgard O'Reilly Sternberg. Ivan Hasslocher,
de suas próprias fileiras. Até meados de 1962. os estudos do I PES eram produ.
[airo de Moura, [an Litjens, João Camilo de Oliveira Torres, José Arthur Rios,
aidos, segundo Cândido Guinlc de Paula Machado. "independ~ntel11ente de inte-
José Augusto Bezerra de Medeiros, José Bonifácio Coutinho Nogueira, José Carlos
resses pessoais ou de grupos". Entretanto, cm relação à Reforma Bancária, Gilbert
Barbosa Moreira, José Gomes da Silva, José lrineu Cabral, José Vicente Freitas
Hubcr Ir. teve de relatar ao Comitê Executivo do Rio que ela estava cm anda-
mento. não pelo I PES de São Paulo, mas pelos próprios banqueiros que. conforme
Marcondes, o General Juarez Távora, Marcelo Lavener Machado, Milcíades Sá
Freire, Moysés Rosenthal, Odegar Franco Vieira, Thomas Lynn Smith e Wanderbilt
Glycon de Paiva, con~ideravam a questão de tal importância, "que eles queriam
Duarte de Barros. A coordenação geral dos debates estava nas mãos de Dênio
estar presentes e defender seus. interesses". Apesar da força dos banqueiros, Gly-
Nogueira, Ivan Hasslocher, Gustavo Corção, Hilgard O'Reilly Sternberg e Glads-
con de Paiva julgava que o I PES não deveria interromper o trabalho a ser feito
tone Chaves de Mello. O General [uarez Távora presidiu o simpõsio." Os par-
e Gilbert Huber Ir. opinava que. ao surgir uma divergência de opiniões, o posi-
ticipantes eram, na maior parte, uma coleção de ibadianos, advogados e tecno-ern-
cionamento do I PES seria aquele de "não temer os banqueirosv?v De qualquer
forma, a maioria dos grandes banqueiros fazia parte do I PESo O que a liderança
presários especializados em questões agrárias e relações trabalhistas e intelectuais
de centro direita. Eles concordavam com a transformação da economia rural, man-
ipesiana queria evitar era que interesses restritos de setores e facções prevalecc:s-
tendo um curso médio de modernização que incluía a quebra do controle oligár-
sem sobre as diretrizes classisras do Instituto, como parecia a intenção dos banquei-
quico da terra, o aumento da produtividade, a racionalização da produção, a
ros de São Paulo. Prevaleceram as opiniões do Instituto. Por volta de março de
mecanização e a transformação de relações de trabalho.
1963, o IPES havia submetido vinte e quatro projetos de lei através de seu Grupo
de Ação Parlamentar e dos deputados da ADP que ele patrocinava e controlava."' Como os acontecimentos políticos se desenvolviam no meio rural onde o
campesinato se organizava em números crescentes e como a luta ideológica nas
Um objetivo importante. dentro dos limites de luta· ideológica do começo
cidades atingia novos níveis de veemência, o IPES foi forçado a encarar o pro-
dá década de sessenta, era esvaziar o "valor reformista" das propostas de Governo,
blema da reforma agrária de uma forma bastante diferente da que fizera ante-
do trabalhismo e da esquerda e dissociar os empresários modernizante-conserva.
riormente. Tal problema teria de sair do "terreno demagógico" de debate. O.
dores do Sistema político oligárquico. Discernia-se claramente tal estratégia na
I PES seria compelido a colocá-lo em termos por ele considerados" rigorosamente
manobra da elite orgânica de minar a base de poder da direita tradicional, centra.
da nos interesses oligárquicos agrários81 e achar uma forma de lidar com o cam- científicos".8s A questão da reforma agrária quase provocou uma grande crise
entre as seções do IPES do Rio e do IPES de São Paulo, já que o projeto almejado
pesinato mobilizado, que começara a insurgir-se COntra a estrutura populista e
pela liderança política do Rio satisfaria os agroinoustriais e, no entanto, parecia
mais importante talvez, cuja luta passava a exercer uma forte atração emocional
drástico demais para os interesses dos paulistas proprietários de terras que faziam
nas classes médias. Nesse esforço, o IBAD constituía a primeira linha de combate
parte do IPES. O protótipo do programa do IPES sobre a Reforma Agrária ba-
,,' da elite orgânica empresarial. Ele se lançava no cerne da confrontação, adequando
seou-se nas conclusões do simpósio organizado pelo IBAD, do qual um projeto
e encampando símbolos, temas e linguagem que, na época, eram bandeiras de luta
das força. popular-reformistas, disputando o "centro ideológico", na tentativa de e justificativas para o Congresso foram preparados por José Arthur Rios e Edgard
representar um grande projeto social de classe média. Teixeira Leite. O IBAD financiou o trabalho dos tecno-empresários e empresários
~nvolvidos na elaboração do programa .. Devido a medidas operacionais acertadas

241


entre o IPES e o IBAD, o programa teria de ser discutido pelas unidades de
estudo do IPES, que se compunham de tecno-emp~esários e empresários.s6 O lBAD Apesar de todos os seus esforços e a dedicação com a qual se lançou ao
foi oficialmente representado no comitê conjunto encarregado de ajustar as pro- calorosO debate, o IPES não logrou êxito em impedir João Goulart de passar o seu
postas por Ivan Hasslocher, José Arthur Rios e Dênio Nogueira e contou com a Decreto da Reforma Agrária e de estabelecer a Superintendência para a Reforma
participação de outros membros, quando as circunstâncias o ditaram. Agrária - SUPRA, o órgão encarregado de desenvolver a diretriz política do
Seguindo a sugestão de Wanderbilr Duarte de Barros, concordou-se que nem Executivo. Com tal manobra, o governo de [oão Goulart reforçaria o apoio que
o IPES, nem o IBAD se manifestaria publicamente como patrocinador ou defen- ele tinha da classe camponesa e dos setores nacional-reformistas da opinião públi-
sor do projeto87 no Parlamento ou através da imprensa. O projeto teria de tramitar ca. Ademais, as atividades da SUPRA levariam os mais recalcitrantes elementos
-sigilosamente. O plano geral do complexo IPES/lBAD era produzir primeiro da oligarquia rural a apoiarem a sempre ampliada frente de forças sociais anti-
um projeto que seria parte substancial do trabalho, contendo princípios e normas ?opulistas e antipopulares.
que serviriam para definir a posição do IPES em relação à Reforma Agrária. Em O Primeiro Congresso Brasileiro para a definição de Reformas de Base'" foi
segundo lugar, ele elaboraria um trabalho paralelo visando a "preparar" a opinião o forum individual mais elaborado para a apresentação de demandas empresariais,
pública para receber as idéias contidas no projeto, sem nenhuma referência às visando uma modernização conservadora, assim como para a expressão pública
suas origens no complexo lPES/IBAD. Para Julian Chacel, tudo envolveria urna da sua oposição às reformas de cunho trabalhista, ambas afirmadas como um
visão dinâmica do setor agrário, cuja idéia essencial seria a de que os beneficiários projeto nacional para o Brasil. O Congresso para as Reformas de Base realizou-se
do acesso à propriedade rural a ser criada pela Reforma deveriam ser indivíduos na Faculdade de Direito de São Paulo, em janeiro de 1963, em uma atmosfera
dotados de capacidade empresarial e que deveria haver uma necessária interde- carregada em termos emocionais, com um público estimado em vinte e duas mil
pendência entre os se tores rurais e o setor industrial, em decorrência da qual as pessoas, durante sete dias de sessões. Presidido pelo General Edmundo Macedo
indústrias passariam a investir e operar no campo.S8 Soares da ADEP, o Congresso constituiu o Iorurn no qual um abrangente conjunto
de recomendações de diretrizes, .estudos aprofundados e position papers foram
O grupo inicial de estudos sobre a Reforma Agrária compreendia Harold apresentados, publicamente definindo a orientação da elite orgânica em relação às
Cecil Polland, Cândido Guinle de Paula Machado, Antônio Carlos do Amaral
reformas institucionais e estruturais. Com a aura de formulação tecnocrática de
Osório, Julian Chacel, Paulo de Assis Ribeiro, José Garrido Torres, José Rubem
diretrizes políticas, o Congresso propiciou a base lógica para a intervenção empre-
Fonseca, Luís Carlos Mancini, Ivan Hasslocher, José Arthur Rios, Dênio Noguei-
sarial direta e pública na política brasileira, um verdadeiro programa de governo
ra, Wanderbilt Duarte de Barros, Fernando Mbielli de Carvalho, J. Irineu Cabral
em potencial. Embora ostensivamente promovido por dois jornais do país, o
e Edgard Teixeira Leite, urna equipe mista de empresários e tecno-empresários.89
Correio da Manhã (do Rio de Janeiro) e a Folha de São Paulo, o Congresso das
Bronislau Ostoja Roguski, como membro da Confederação Rural Brasileira e do
Reformas de Base representou um esforço conjunto dos Grupos de Estudo e
Conselho de Reforma Agrária do Paraná, era uma presença ad hoc às reuniões
Doutrina do IPES de São Paulo e IPES do Rio, sincronizados com o apoio de
(Vide Apêndice M). O projeto foi laboriosamente desenvolvido a um custo de
organizações subsidiárias, grupos e indivíduos aliados. Garrido Torres, Dênio
pelo menos 50.000 dólares.Do A unidade de estudo teve trinta e duas reuniões
Nogueira e Paulo de Assis Ribeiro destacaram-se como figuras vitais na elabora-
em um período de seis meses, de maio a novembro de 1962,91 com Iulian Chacel,
ção dos projetos, a qual envolveu trezentos participantes e a discussão de mais
J. Irineu Cabral, Dênio Nogueira, Paulo de Assis Ribeiro, Luís Carlos Mancini,
de cinqüenta tópicos, bem como a apresentação de oitenta propostas de diretrizes
José Garrido Torres e Wanderbilt Duarte de Barros, compondo a unidade central
políticas." O Grupo de Estudo e Doutrina preparou uma linha de ação básica
de trabalho. Significativamente, a última reunião foi no próprio escritório do
que serviria para orientar os ipesianos presentes ao Congresso. A linha geral seria
IBAD no Rio, com José Arthur Rios, Ivan Hasslocher e Edgard Teixeira Leite.
aquela incluída nos documentos já publicados." As recomendações de diretrizes
Com eles 'Paulo de Assis Ribeiro discutiu o reexame do anteprojeto de lei sobre
políticas eram liberadas regularmente através· de publicações periódicas, entre
a Reforma Agrária, preparado pelo Grupo de Estudo do IPES e os quatro elabo-
outras, no Jornal do Brasil, na forma de Declarações Síntese." Responsáveis por
raram os últimos detalhes, em vista de sua futura apresentação no Congresso, o
essa operação, Paulo de Assis Ribeiro e Dênio Nogueira revisavam os position
.que envolvia a sincronização de apoio necessário da Ação Democrática Parla-
mentar, patrocinada pelo complexo IPES/IBAD.92 papers e os colocavam em dia.99 O influente senador Mem de Sá dava orientação
quanto à forma de publicação dos vinte e três Documentos Síntese que surgiam
O segundo traba.Iho produzido pela unidade de estudo foi entregue ao Grupo corno conclusões do Congresso para a Reforma de Base.'?"
de Opinião Pública para ser transformado em material apropriado para propa- As propostas de diretrizes políticas do Congresso cobriam três das principais
ganda e ação pública, sem envolver o nome do IPES ou do lBAD.93
áreas de interesse, a saber:
A publicação das recomendações dos vários position papers Corno "traba-
lhos sérios" fazia-se também necessária para legitimar argumentos de um ponto 1) ordem política, que compreendia as Reformas Eleitoral, Legislativa, Ad-
de vista "tecno-científico". Foi feita em forma de livro e Como apostilas pseudo, ministrativa, da Estrutura Política, do Judiciário e da Política Exterior;
.... acadêmicas e livretos, Do estudo básico produzido pelo Grupo de Estudo, Iize- 2) ordem social, compreendendo a Reforma Agrária. a da Legislação Traba-
. rara-se vários position papers e artigos para disseminação através da mídia, canais lhista, da Participação dos Lucros das Empresas, da Distribuição de Renda, da
acadêmicos e por parlamentares.&.! Política do Bem-Estar e Previdência Social, da Educação, a Habitacional, a Sani-
242 tária e de Saúde Pública;

243


3) ordem econõmica, que incluía as Reformas Monetária e Bancária, Tri-
butária, Orçamentária, da Legislação Anti-Trust, da Política de Comércio Exterior, çãO"I04 e estimulando uma reação quase histérica das classes médias que, por
de Serviços de Utilidade Pública, da Política do Uso de Recursos Naturais, como sua vez, fortaleciam a racionalização militar para a intervenção. Finalmente, visa-
também a Reforma da Empresa Privada.w- va a contrabalançar a sua própria mensagem social, econôrnica e política com o
impacto da ideologia nacional-reformista do governo dentro das classes trabalha-
Entre as equipes de discussão, coordenadores e aqueles responsáveis pela doras. Nessas atividades o IPES procurava manter-se afastado da notoriedade
exposição de teses apresentadas nas seções de plenário, distinguiam-se Wanderbilt deixando para o IBAD e a ADEP/Promotion S.A. um papel relalivament~
Duarte de Barros, Luiz Toledo Pizza Sobrinho, Manuel dos Reis Araújo e o público.
General Frederico Rondon (Plancjamenro Regional e Nacional _ Medidas Agrá- A elite orgânica montou, de fato, uma eficiente e poderosa rede de relações
rias), Themístocles Cavalcanti (L.:gislação Trabalhista), Valentim BouçaslO2 (Plano públicas e perícia profissional nos campos da comunicação e propaganda.P! O
Qüinqüenal contra a Inflação), Fuad Buchain, Olympio Guilherme, Alirio de IPES fez amplo uso da televisão em sua campanha contra o governo, a esquerda
Salles, Luiz Cabral de Menezes, Manoel: Linhares de Lacerda,lo3 Décio Toledo e o trabalhismo, apresentando programas semanais na maioria dos canais a nível
Leite, A. F. Cesarino Júnior e Maurício de Carvalho (Treinamento Profissional), regional e nacional.
Jorge Oscar de MeJlo Flores (Estatização dos Seguros no Brasil), Rafael Noschese
À medida que se aproximavam as eleições de outubro de 1962 para o legis-
(Participação dos Empregados nos Lucros das Empresas), Joaquim Ferreira Mangia
lativo, tomavam-se elas uma preocupação central para a elite orgânica do com-
(Defesa Permanente dos Preços de Produtos de Exportação), J. H. Meirelles Teí-
plexo IPES/IBAD, que desenvolvia planos para influenciar a opinião pública.
xeira (Reformas Constitucional, Partidária e Eleitoral), Pedro Brando (Marinha
Esforços foram concentrados através da mídia audiovisual de forma jamais vista
Mercante e Construção Naval), Antônio Pereira Magaldi (Reformas Sindical e
no Brasil até então.
Salarial), Rubens Gomes de Souza (Reforma Tributária), José Costa Boucinhas
(Regulamento de Investimentos e Sociedades Financeiras), Rubens Rodrigues dos Visando a modelar a opinião pública a seu favor até as eleições, o IPES
Santos (Organização do Tráfego Costeiro e Frota Mercante de Alto-Mar), Marcelo produziu quinze programas de televisão para três canais diferentes, o que lhe
Darny de Souza Santos (Programa para a Produção de Energia Atômica), J. V. custou 10 milhões de cruzeiros. Gilbert Huber [r. se incumbiu de levantar os
Freitas Marcondes (Reforma Agrária), Dorival Teixeira Vieira (Inflação Brasileira fundos, embora insistisse que sem transmissões de "assuntos políticos" ficaria
e seu Controle), Padre Felipe Nery Moschini (Reforma Agrária), Joaquim Peixoto impossibilitado de motivar os possíveis patrocinadores. O General Golbery retru-
Rocha (Reforma Bancária), Rui de Azevedo Sodré (Participação dos Empregados cava que nas atuais circunstâncias não havia assunto relevante que não fosse
nos Lucros das Empresas), A. F. Cesarino Júnior (A Participação nos Lucros político. A "prernência" da situação política teria de ser levada aos futuros con-
dentro de um Programa de Reformas Básicas), Otto Gil (Reformas Básicas em tribuintes por meio de uma bem organizada campanha dos Grupos de Opinião
Assuntos Tributários), Renato Costa Lima e Walter J. Santos (Auto-Suficiência Pública e Integração.
de Alimentos). Pela abrangência e qualidade das teses apresentadas, mostrava-se José Luiz Moreira de Souza propôs entrevistas a serem realizadas por jorna-
claramente que a elite orgânica empresarial desenvolvia não s6 uma campanha listas selecionados de Recife, Paraná, Rio, São Paulo e outros centros-chave e
estruturada para alcançar o poder, mas também um programa de Governo. Ela cobrir os quatro cantos do país com as mensagens políticas de orientação ipesiana.
visava a reforma do Estado e havia preparado um coerente conjunto de diretrizes Os entrevistados teriam de ser pessoas escolhidas de renome nacional. Os jorna-
alternativas para as propostas do Executivo Nacional-reformista. Na encruzilhada listas então submeteriam um questionário fornecido pelo IPES sobre problemas,
histórica de 1963, a elite orgânica centrada no complexo IPES/IBAD constituía como o "Custo de Vida", a "Aliança para o Progresso", "Educação" e "O que
a única força social entre as classes dominantes que possuía um projeto e um você pensa sobre uma posição de centro?", cujas respostas, em linhas gerais, eram
modelo coerentes e coesos para o país. Em abril de 1964, tinha também o meio preparadas com antecedência. O senador Mem de Sá e outras quatorze figuras
político, técnico e militar de realizá-lo. Depois de 1964, o cerne das propostas do públicas foram escolhidas para participar. Os jornalistas vinculados ao IPES
Congresso para as Reformas de Base preparadas nos grupos de estudo do com. também procurariam engajar os jornais a que eram ligados, a fim de propiciarem
plexo IPES/IBAD, foi adotado como as diretrizes para inúmeras reformas adrní- a cobertura dos eventos e a necessária ressonância.l'" Compunham a reserva de
ni~trativas, constitucionais e s6cio-econômicas, implementadas pelo novo governo oradores com a qual o IPES esperava contar para essa operação: Carlos Lacerda,
militar.
Carvalho Pinto (o então governador de São Paulo), o General Juracy Magalhães
(governador da Bahia), Mem de Sá, Egydio Michaelsen (candidato ao governo do
Guerra psicológica através do rádio e televisão: A elite orgânica, por meio de seu Rio Grande do Sul), Daniel Faraco (Deputado pelo Rio Grande do Sul), Loureiro
Grupo de Opinião Pública e o Grupo de Doutrina e Estudo de São Paulo, mostra- da Silva (prefeito de Porto Alegre), Lopo Coelho (presidente da Assembléia Legis-
va-se bem dinâmica no Rádio e Televisão, onde a máxima cobertura era dada a lativa da Guanabara), Raul Pilla (Deputado Federal pelo Rio Grande do Sul),
<ii". seus militantes, bem como apoio às suas atividades e idéias. Através da mídia Milton Campos (Senador por Minas Gerais), Gilberto Freyre (historiador e dire-
audiovisual organizava um extraordinário bombardeio ideológico e político contra tor do Instituto Joaquim Nabuco, de Pernambuco), Raquel de Queiroz (escritora),
o Executivo. Procurava também moldar opiniões dentro das Forças Armadas, Guilherme Borghoff (presidente da COPEG), Lélio Toledo Pizza (empresário de
infundindo o senso de iminente destruição da "hierarquia, instituições e da na- São Paulo), Miguel Vita (empresário-Fratelli Vita, da Bahia), Octavio Marcondes
Ferraz (empresário de São Paulo), Clemente Mariani (banqueiro da Bahia e Minis-

245


Iro do governo de Jânio Quadros), o Deputado João Mendes (líder da AOP), iam jornalistas da. várias regiões do país. Em cada sessão haveria um' debate
Ernesto Leme (Reitor da Universidade de São Paulo), Dom Helder Câmara (Bis- em linguagem acessível ao grande público e sem detalhes técnicos que pudessem
po do Rio de Janeiro), Dom Vicente Scherer (Arcebispo de POrto Alegre), Dom obscurecer a mensagem política; o debate versaria sobre dois ou mais dos prin-
Fernando Gomes dos Santos (Arcebispo de Goiás). Dom José Távora (Bispo cipais problemas já em discussão através da campanha orientada pelo Grupo
de Aracaju), o Padre D'Avila (vice-reiror da Pontifícia Universidade Católica), de Opinião Pública. Incluíam-se entre esses temas: a Reforma Agrária, Desenvol-
João Camilo de Oliveira Torres (escritor e historiador), Fernando Sabino (escri- vimento e Inflação, Reforma Tributária, Participação dos Empregados nas Em-
tor), Hélio Beltrão (tecno-empresário do Rio de Janeiro), Álvaro Americano (em- presas, a Aliança para o Progresso, Capital Estrangeiro, Papel da Universidade na
presário do Rio de Janeiro>. Octávio Gouveia de Bulhões (teeno-empresário do Vida Nacional, Planejamento do Estado versus Livre Iniciativa, Democracia e
Rio de Janeiro), Edgard Teixeira Leite (vice-presidente do Conselho Nacional para Comunismo, Parlamentarismo versus Presidencialismo, Reforma Eleitoral e Sin-
a Reforma Agrária), Júlio de Mesquita Filho (proprietário de O Estado de São dicalização Rural e Urbana. lOS
Paulo), Frederico Heller (da Consuliec). Rubem Berta (presidente da Varig) , A elite orgânica mantinha uma série de programas políticos em São Paulo,
Rayrnundo Padilha (Deputado Federal - ADP), Flexa Ribeiro (UON), Sérgio que contava com a participação de figuras proeminentes nacionais e regionais
Marinho (Senador), Miguel Reale (Jurista e Empresário), Aluísio Alves (gover- para expressar suas opiniões sobre os acontecimentos da época. Esses programas
nador do Rio Grande do Norte), Euclides Aranha (empresário), Conceição Neves foram especialmente intensificados nos críticos meses das eleições e pós-eleições,
(Deputada Estadual de São Paulo), Fernando Ferrari (líder do Movimento Tra- isto é, outubro e novembro de 1962. Alguns de seus participantes eram: Jamil
balhista Renovador, uma facção direitista do PTB) e Edgard Santos (Reitor da Munhoz Bailão (sobre Democratização do Capital e Reformas Básicas), Padre
Universidade da Bahia). Depois de uma avaliação tárica do conjunto dos nomes, Godinho, deputado da UDN, Carmen Prudente, diversos líderes da Ordem dos
uma lista reduzida foi entregue a Glycon de Paiva, em uma reunião do Comitê Advogados, José Rotta, pelego de sindicato, Francisco Campos, jurista e mentor
Executivo do Rio. Incluíam-se nela Lacerda, Carvalho Pinto, Aluísio Alves, Jura- do Estado Novo (sobre um Panorama da Situação Brasileira), Pedro Aleixo, depu-
cy Magalhães, Mem de Sá, Milton Campos, Daniel Faraco , Lopo Coelho, Raquel lado da UDN (sobre as Eleições de outubro e A Crise de Autoridade), o Senador
de Queiroz, Lélio Toledo Pizza, Euclides Aranha, Luís Carlos Mancini, João Mem de Sá (sobre Remessa de Lucros, Inflação e Custo de Vida), João Mendes
Mendes, Dom Vicente Scherer, Hélio Beltrão, Álvaro Americano, Octávio Gou- (sobre Resistência às Pressões Demagógicas), Padre D'Avila (sobre "Solidarismo
veia de Bulhões, Rubem Berta, Raymundo Padilha, Miguel Reale e J. Marinho. Cristão" - doutrina de solidariedade social cristã, da qual era ideólogo - e
Os programas, conforme o General Golbery, teriam que seguir uma linha mista também sobre Ordem Social), o General Juracy Magalhães (sobre os Problemas
"tendo um denominador comum ~ a democracia ",107 que era entendida como uma Políticos do Nordeste), Milton Campos (Parlamentarismo), W. Menezes (sobre
ampla plataforma capitalista oposta a João Goulart, ao posicionamento populista Problemas do Trabalhador), Alberto Betanye (sobre Soluções para os Problemas
e ao da esquerda. dos Trabalhadores dentro do sistema capitalista), Raquel de Queiroz (sobre "Fal-
Em julho de 1962, já havia um esquema montado para o que se denominou so Nacionalismo"), Sandra Cavalcanti (sobre o Eleitorado da Guanabara e Dema-
o Encontro de Democratas com a Nação. Ele relatava seus objetivos fundamen- gogia) e Leda Collor de Mello (Cooperação da Empresa Privada na Previdência
tais como sendo aqueles de fortalecer o que o I PES chamava de "Convicções Social). Os Grupos de Estudo e Doutrina do IPES preparavam a linha de argu-
Democráticas do Povo", principalmente em relação às já próximas eleições para o mentação.P" Outra série de programas, na TV Cultura, despertava interesse espe-
legislativo em outubro de 1962, para dar força à voz dos "moderados" em meio cial, onde personalidades dos mais diversos setores da sociedade, cujas opiniões
ao confronto entre extremas direita. e esquerda, orientando a escolha eleitoral "harmonizavam-se aos objetivos do IPES", eram entrevistadas sobre assuntos de
"no sentido de conter o contínuo processo de crescente radicalização da vida polí- interesses populares e das classes médias, assim como assuntos da atualidade.
tica brasileira". Alguns dos temas a serem tratados' eram: Segundo Flávio GaIvão, a liderança do IPES de São Paulo pretendia trazer perio-
dicamente a esses programas figuras públicas do Rio e de São Paulo. Visando a
a) que se poderiam resolver todos os atuais problemas do país dentro de elaborar a argumentação, o Grupo de Doutrina e Estudo esquematizava uma
um marco democrático; lista de temas. Entre as personalidades do Rio destacavam-se: o General Golbery
b) que a radicalização do processo político interessava apenas a elementos do Couto e Silva ("Nacionalismo Democrático"), Luiz Carlos Mancini (Progresso
aventureiros, irresponsáveis ou antidemocráticos a "serviço de ideologias alheias Econômico e Justiça Social), o General [urandir Bizarria Mamede (sobre as For-
ao sentimento cristão do nosso povo", bem como ças Armadas e Democracia), José Garrido Torres (sobre a Livre Iniciativa) e
c) a permanência de um regime de iniciativa privada e livre empresa como a Raymundo Padilha {sobre investigação Parlamentar na União Nacional dos Es-
condição sine que non para a solução dos problemas que afetavam o país. tudantes).':" Foi também levado em consideração o General Lyra.'!'
~- Juntamente com o IBAD, o IPES patrocinava também várias outras séries
Decidiu-se por quatorze sessões semanais, de trinta minutos cada, através da
. rede nacional de televisão. Os programas receberiam ampla cobertura do rádio de transmissões na televisão, tais corno "Frente a Frente" e apresentações indi-
e da imprensa. Entrevistas seriam feitas com elementos dos mais diversos seg- viduais de questões polêmicas, entre elas "Que. Pensa Você sobre a Reforma
mentos da sociedade, "todos com aceitação prévia dos lundarnentaís objetivos do Agrária?", na TV Cultura, a avaliação de Carvalho Pinto pelo rádio e televisão
programa e total acordo com as idéias gerais mencionadas acima". Escolher-se- da situação política,112 a Reforma da Constituição e a Defesa da Democracia, por

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Herbert Levy, na TV Tupi,"3 a discussão dos Problemas Nacionais, por João Hora que mantinha uma seção na qual havia freqüentes críticas humorísticas à
Calmon, na TV Cultura, o importantíssimo apelo e discurso público do Almirante diretriz política dos Estados Unidos. Ele foi forçado a deixar o jornal em 1962.123
Sílvio Heck, através da TV 4 de São Paulo, lançando a Frente Patriótica Civil Finalmente, a elite orgânica era capaz de bloquear indivíduos e programas
Militar' I. e o discurso de Mem de Sá depois da realização do Congresso de Refor- indesejáveis e desfavoráveis. Era compreensível que ela não encontrasse muitas
mas de Base.'!" dificuldades em fazer isso. Em outubro de 1959, a poderosa Associação Brasileira
O IBAD mostrava-se muito ativo no sul do País, especialmente por meio de Anunciantes - ABA havia sido fundada com o objetivo de reunir os princi-
da TV Paraná, onde ele mantinha dois programas polüicos-chave.!'! A elite orgã- pais anunciantes, estabelecer entre eles condições para a defesa mútua de seus
nica, principalmente pol intermédio do [PES, conferia ajuda, patrocinava e coor- interesses, bem como a discussão de assuntos relacionados à publicidade e promo-
denava uma maciça campanha na televisão em prol da Aliança para o Progresso, ção de vendas.!" Os treze membros fundadores da ABA, assim como as compa-
coordenada com suplementos de jornal e distribuição de panfletos. Patrocinava, nhias que se reuniram a ela mais tarde, eram relacionados ao [PES como contri-
também, o programa de Gilson Amado, "TV Escola",'!" e a série "Capitães do buintes financeiros diretos e através da participação de seus di retores em níveis
Progresso", trinta semanas de programas em Belo Horizonte, São Paulo, Recife, executivos do lPES.12s Foi precisamente com O intuito específico de coordenar
Salvador e Brasília.I" suas atividades e produzir uma diretriz comum que se realizou no IPES, em
A rede de propaganda geral e doutrinação do IPES se incumbia de fazer meados de 1962, uma reunião dos grandes anunciantes da televisão.!"
circular e retransmitir por todo o país material para televisão que se produzia no O rádio era um poderoso meio de doutrinação geral e um valioso foco para
Rio e em São Paulo, fazendo um bom uso das linhas aéreas, estações de televisão se montar ações ofensivas contra o Executivo, principalmente em um país com
e outras agências amigas.'!" Objetivando coordenar atividades de análise da con- massas de pessoas pobres, sem condições de terem televisões. Além disso, sendo
juntura e manter uma presença constante junto à opinião pública sobre os assun- analfabeta uma grande proporção da população e, conseqüentemente, não atingida
ros da atualidade, o IPES montou um "bureau de oradores". No Rio, essa ação pelas atividades doutrinantes da imprensa escrita, o rádio transístor, relativa-
era liderada por Harold Polland, Nei Peixoto do Valle, Oswaldo Tavares e Rui mente barato e acessível nos mais recônditos cantos do país, representava uma
Gomes de Almeida, enquanto que, em São Paulo, Flávio Gaivão dirigia tais ajuda considerável para a elite orgânica. Como acontecia com a televisão, o IPES
operações.P" não patrocinava abertamente os programas de rádio. No entanto, suas ligações
De julho a setembro de [962, antes das eleições de outubro para o Congres- com O rádio não eram apenas em forma de apoio financeiro aos programas sema-
SO, a Promotion S.A. patrocinou programas em nome da ADEP, em treze estações nais anticomunistas, dirigidos a um público de classes trabalhadoras, como os
de televisão em todo o país, muitos dos quais eram retransmitidos por várias da Rádio Tupi de São Paulc.!" mas também de patrocínio de uma variedade de
emissoras de rádio, num total de 312 estações. Nesses programas, conhecidas figu- programas e figuras públicas, conferências e discussões.
ras públicas da direita discutiam os assuntos de atualidade. As estações colabo- Fazia-se grande parte da propaganda da elite orgânica pelo rádio, com O
radoras cobravam 450 mil cruzeiros por programa de trinta minutos de duração, ostensivo ou encoberto patrocínio da ADEP e da Promotion S.A. Em 1961, o
com duas apresentações semanais, perfazendo um total de 140 milhões de cruzei- IBAD apresentava programas de rádio em trinta e quatro das principais cidades.
ros. Os programas apresentados eram: "Esta é a Notícia", "Assim é a Democra- Em julho de 1962, ele tinha cinqüenta e um programas em horários nobres duran-
cia", "Democracia em Marcha", "Julgue Você Mesmo", "Estado do Rio em te a semana e transmissões especiais nos fins de semana. No auge de suas ativida-
Foco" e "Conheça seu Candidato".':" des, dispunha de mais de oitenta apresentações semanais no rádio, para todo o
Em "Assim é a Democracia", a ADEP patrocinava e promovia a apresenta- país, nos horários especiais. No apogeu da campanha anterior às eleições, finan-
ção de políticos da ADP e empresários como o Padre Godinho, Antônio Feliciano, ciava mais de trezentos programas diários praticamente controlando o horário'
Alípio Correa Netto, Araripe Serpa, Paulo Lauro, Hamilton Prado, Aniz Badra, nobre das estações de rádio do paIs.L28 Através de 82 estações, transmitia progra-
Arnaldo Cerdeira, Agenor Lino de Mattos, Menotti dei Picchia, [arnil Gadia, mas como "Congresso em Revista" e "A Semana em Revists".'29 Produzidas em
Yukishique Tanura, José Henrique Turner, Scalamandré Sobrinho, Abreu Sodré, linguagem popular, tais apresentações levavam aos ouvintes os pontos de vista
Mário Covas, Cunha Bueno, José Menck, Tufic Nassif, Herbert Levy, Homero da elite orgânica que, por sua vez, também formava sua própria "Cadeia de De-
Silva, Antônio Magaldi, Valério Giuli, Chaves do Amarante, Dante Perri e mocracia", compreendendo mais de cem estações de rádio em todo o Brasil. De
Mário BenL122 outubro de 1963 até o golpe de abril de 1964, as estações de rádio dessa rede
A elite orgânica se aproximou de inúmeros produtores, atores e diretores organizada por João Calmon (dos Diários Associados), entre outros, entravam no
famosos de programas de televisão, tais como Gilson Arruda e Batista do Amaral. ar exatamente no mesmo horário em que as do líder trabalhista Leonel Brizola,
Favorecia o uso de programas cômicos, quando possível. Rui Gomes de Almeida interferindo assim efetivamente na sua transmissão e desfechando fortes ataques
-:. observava que uma piada contra um político provocaria um "dano enorme". à esquerda e ao trabalhísmo.P?
, Negava, ao contrário, o apoio aos atores que não cooperassem ou agissem contra O IPES também procurava 8 ajuda de Raul Brunini da Rádio Mundial do
os programas, as linhas de raciocínio e as pessoas que o IPES patrocinava. Tal Rio de Janeiro, emissora de grande audiência, e a de Alziro Zarur, político popu-
foi o caso do humorista Chico Anísio, sagaz observador da realidade social. Outra lista cristão de direita, que causava grande impacto nas favelas urbanas e com
vítima desse tipo de pressão foi Arapuã, o colunista amplamente lido da Vitima penetração nos setores de Umbanda.!" Políticos profissionais serviam de fontes

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.... ,;


de avaliação e de assessores na eficiência e relevância da campanha de propagan- fábricas localizadas nos centros industriais das cidades grandes. A fita principal
da do IPES, relatando ao Comitê Executivo suas próprias impressões e as que era, geralmente, um faroeste americano, enxertada com uma curta metragem do
haviam coletado entre o público em geral. Nesse respeito, o Senador Mem de Sá IPES, que variava de um apelo para a harmonia social entre as classes a um
sobressaiu-se, em decorrência de sua capacidade e influência.P' Ele representava comentário sobre a exploração de estudantes com fins polírlcos."?
uma das mais importantes ligações encobertas que o I PES mantinha no Con- Jean Manzon, o maior produtor de documentários comerciais do Brasil, fez
gresso. Como parte de sua função de assessoria, Mem de Sá conclamou a lide- alguns dos filmes para o IPES, bem como ajudou a divulgá-los.':" Entre esses
rança do I PES a enfatizar que o "desenvolvimento" só poderia ser alcançado filmes incluíam-se: "O IPES é o seguinte", "O Que é o IPES?", "História de um
através de mais segurança e da liberdade de ação da empresa privada. Maquinista", "Nordeste Problema n." 1", "Criando Homens Livres". Outros apre-
As personalidades de teatro e de televisão conferiram uma ajuda representa- sentados por intermédio dessa cadeia de propaganda eram: "Que é a Democra-
tiva, como Carlos Lage, ligado ao líder ipesiano Gilbert Huber Jr.133 Isso pro- era?", "Vida Marítima", "Portos Paralíticos", "Asas da Democracia", "Conceito
porcionava uma forma sui generis de intervenção "cultural". O IPES apoiava o de Empresa", "A Boa Empresa", "Deixem o Estudante Estudar", "Uma Economia
Teatro SAJE de São Paulo, incumbindo-se da folha de pagamento do seu pessoal.'>' Estrangulada", "Papel da Livre Empresa".':':' Responsabilizaram-se por essas ope-
O líder Luís Cássio dos Santos Werneck era responsável pelos contactos nessa rações José Rubem Fonseca e Luís Cássio dos Santos Werneck.t ':'
área. O Grupo de Opinião Pública também tomou parte ativa no preparo e distri- O IPES de São Paulo, por iniciativa própria, produziu alguns filmes, assim
buição de filmes de propaganda. como uma série sobre problemas brasileiros, tais como "Reforma Eleitoral", "Re-
forma Agrária", "Estatismo" e "Livre Empresa". Patrocinou "Filhos da Dema-
Guerra psicológica através de cartuns e filmes: O IPES procurava atingir um vasto gogia", feito pelo senador Auro de Moura Andrade, um dos maiores proprietários
público alfabetizado pelo uso de cartuns e charges. O "Diálogo Dernocraticus" de terras de São Paulo.!H O CONCLAP também produziu alguns filmes e a
era publicado em quatro jornais bastante vendidos nos setores populares e da organização Rearmamento Moral, sediada nos Estados Unidos, com a qual o com-
pequena burguesia (O Dia, a Luta Democrática, a Última Hora e O Globo), enfa- plexo IPES!IBAD mantinha um estreito relacionamento, forneceu vários outros.
tizando valores como a iniciativa privada, a produtividade e a pluralidade política, As cópias desses filmes ficavam sob a custódia de Luiz Severiano Ribeiro, o maior
assim como II rejeição de diretrizes políticas "estatizantes" ou socialistas.t'" A im- proprietário de cinemas e distribuidor de filmes do Brasil,':" cujo apoio foi de
portância dos cartuns mostrava-se bem grande em utn país onde um grande seg- fato muito útil.l<O
mento da população tinha limitada capacidade de leitura. Esse fato, devidamente Companhias de publicidade contribuíam financeiramente para a produção de
percebido pela elite orgânica, incentivou a vasta divulgação de livretos, revistas, filmes que transmitiriam mensagens específicas do I PES e a ideologia empresarial.
cartuns na imprensa e folhetos que popularizavam a mesma linha de argumentação Essa operação foi discutida por J. B. Leopoldo Figueiredo e o publicitário David
desenvolvida pelo complexo IPES!lBAD em outros setores da mídia, embora Monteiro que, para essa tarefa, colaboraria com Emil Farah, da McCann Erickson
dirigidos a outras seções do público.P"
Publicidade e a revista Visão.!H
Para atingir um público grande, o IPES dependia de uma série de filmes Os filmes não visavam apenas o consumo do operariado industrial, trabalha-
extremamente eficazes. produzidos por ele próprio e de outras fitas às quais obte- dores rurais ou o lumpen-proletariado. Aqueles produzidos em São Paulo eram
ve acesso. Eles eram apresentados em todos os cinemas pelos quatro cantos do apresentados em lugares tão exclusivos como o Monte Líbano e outros clubes
país, tanto em seções regulares quanto especiais. Eram passados em um "sistema sociais paulistas, o Lyons Clube e a Escola de Polícia de São Paulo.':" Ricardo
de cadeia", por arranjo feito com empresas de distribuição e donos de cinemas Cavalcanti de Albuquerque':" se encarregou da exibição de fitas para a indústria
ligados ao IPES. Organizações subsidiárias e relacionadas, 'como o Serviço Social e o comércio e algumas outras entidades. Filmes eram também mostrados em
da Indústria - SESI, circulavam filmes feitos pelo IPES. A televisão também os universidades, através da penetração do IPES nos Grêrnios Estudantis, como no
exibia, como era o caso do programa de atualidades populares de Silveira caso da Faculdade de Medicina de São Paulo e a Faculdade de Direito da Uni-
Sarnpaio.!"
versidade Mackenzie. A. C. Pacheco da Silva!:IO tomou a si a responsabilidade
Objetivando atingir aqueles que não tinham condições financeiras para ad- dessas operações.
quirir uma entrada de cinema, o IPES montava projetores em caminhões abertos e Finalmente, o IPES também produziu uma série de filmes com um duplo
ônibus com chassis especiais, mostrando os filmes não s6 nas favelas e bairros apelo às Forças Armadas e ao público em geral, difundindo e legitimando o papel
urbanos mais pobres das maiores cidades do Brasil, mas também por todo o inte- de "construção nacional" dos militares. Elaboravam-se filmes sobre a Marinha
rior dos Estados.Pê Esse projeto seguia a idéia lançada por Oswaldo Tavares, de Mercante, a Força Aérea, a Marinha de Guerra e o Exército. Conforme Luís
um "cinema ambulante" para as seções mais pobres do Rio. Algumas das grandes Cássio dos Santos Werneck, algumas das fitas deveriam ser feitas pelo Canal
companhias supriam o IPES da infra-estrutura técnica necessária, como a Mes-
100, de Carlos Niemeyer, produtor de curtas-metragens e de filmes de atualida-
b_la S.A., que contribuía com equipamento de projeção e outras exigências. A des.1H José Rubem Fonseca foi incumbido dc estudar os roteiros com o pr6prio
Mercedes Benz e a CAIO, uma das maiores montadoras de carrocerias de ônibus Carlos Niemeyer.
e caminhões do Brasil, ajudavam com transporte.l'" Com o apoio de gerentes e O IPES recebia, ainda, o apoio de fontes estrangeiras principalmente da
proprietários, passavam-se filmes também para consumo dos trabalhadores nas embaixada americana. Nei Peixoto do Valle mantinha contactos com Harry Stone,
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...
o representante da Motion Pictures, o qual também fazia o fornecimento de ma- Objetivando sublinhar repetidamente a mensagem do complexo IPES/IBAD,
terial básico,':'- fez-se uso de vários métodos, destacando-se como muito populares os cursos polí-
tico-econômicos. Esses cursos eram administrados por membros civis e militares
da elite orgânica, que disseminavam entre a intelectualidade orgânica empresarial
Doutrinação especifica os conceitos e as preocupações com segurança e desenvolvimento calcados em
premissas empresariais. Freqüentavam as sessões os industriais, banqueiros, téc-
Esta scção descreve as atividades que pretendiam moldar o sctor empresarial
nicos e milltares.l'"
cm uma classe "para si" e impeli-Ia para a ação, apoiando e participando dire-
ramerue do esforço geral liderado pela elite orgânica. Sem vinculá-los ao IPES, este indicava um grupo de seus diretores para cada
Como Glycon de Paiva expressou. o lema do I PES para os empresários deve- lugar onde houvesse um seminário, em um número tal que os permitisse estabe-
ria ser: "se você não abandona os seus negócios por urna hora hoje. amanhã não lecer o tom e os objetivos da discussão posterior à conferência, assegurando assim
terá negócio algum para se preocupar".':" A doutrinação específica desenvolvida sua influência.'s6 Esses diretores se reuniam antes dos seminários, a fim de fixar
pelo I PES visava também uma mobilização tio sempre crescente número de as normas gerais de orientação dos referidos seminários e conferências, que de
intelectuais. jornalistas. estudantes universitários e de militares das Forças Arma- modo geral se realizavam com a cobertura de uma associação de interesses elas-
das em dircção a uma "vontade comum", definida pelo emergente bloco de poder. sistas, como as Associações Comerciais e Federações Industriais, assim como as
Sociedades Rurais, entidades culturais, profissionais e esportivas. Os temas trata-
O resultado das arividades ipesianas foi dissimular as demandas especificas do
dos naqueles seminários patrocinados e .organizados pelo I PES refletiam o sofis-
bloco multinacional e associado no conjunto das várias pressões de um espectro
ticado nível da elite orgânica.':" Além disso, valendo-se da coincidência de alguns
mais amplo de interesses c ação de classe. Concomitantemente. isolava-se o Exe-
cutivo de loão Goulart e neutralizavam-se as posições de caráter reformista-dis- de seus líderes e associados com os da ESG e da ADESG, o IPES organizava e
participava de cursos para empresários e igualmente para militares. Ao final de
tributivo. no interior das classes dominantes. Os Grupos de Doutrina, Estudo,
I ntegração. Opinião Pública do Rio e os grupos encobertos do I PES de São Paulo
1962, o líder José Ely Coutinho informava à liderança do IPES sobre a organi-
zação de um Curso de Defesa Nacional na Sociedade Harmonia de Tênis, o clube
desenvolviam a maior parte dessas atividadcs.
social e esportivo paulista, curso este modelado a partir de um anteriormente
Os Grupos de Doutrina proviam instrução ideológica para ser disseminada
dado no Jóquei Clube, sob o patrocínio da ADESG.1S8 Dos ipesianos, participaram
entre os associados do complexo IPES!IBAD. Julgou-se necessária essa doutrina-
Pacheco e Silva e Luís Cássio dos Santos Werneck."!
ção para que houvesse u-m denominador comum entre os associados do I PESo
quando participassem de reuniões privadas. simpósios, conferências. entrevistas, No Clube de Engenharia de São Paulo, centro para discussão profissional
ou qualquer outra forma de manifestação pública, quer política, quer ideológica. e articulação política. foi estabelecido um ciclo de conferências sobre as "Causas
A formação dessa consciência de classe e posicionamento político comum era da Inquietação Social no Brasil".I60 Um outro centro de disseminação ideológica
considerada de suma importância. tanto para a açâo do I PES sobre o sistema polí- era a Fundação Lowndes, formalmente instituída em dezembro de 1963, no Rio
tico quanto para o desenvolvimento da organização como um todo.?' de Janeiro. Sua patrona era Vivian Lowndes, uma contribuinte do IPES e
O complexo I PES/I BA D não apenas desenvolvia uma campanha ideológica esposa do líder Donald Lowndes, que era o presidente. A Fundação oferecia cur-
visando suas próprias fileiras de empresários, militares c categorias funcionais. sos ideológicos e proporcionava os pontos de referência aos empresários e seus
mas também doutrinava o bloco burguês em geral. em uma operação que dentro executivos, Contava como seus professores os associados do IPES ou pessoal a
do IPES se conhecia por "projeção de doutrina". A elite orgânica patrocinava e ele Iigado.v"
organizava conferências, discussões e simpósios em escolas, faculdades, residên- O complexo I PES!IBAD não confiava apenas nos intelectuais orgânicos
cias. clubes sociais e esportivos, associações estudantis e profissionais e nos pró- locais para disseminar suas opiniões. Alguns europeus e americanos também
prios escritórios do I PESo Muitos dos participantes eram então recrutados pelas participavam. O IPES trouxe da França a militante escritora de direita Suzanne
unidades políticas do Grupo de I ntegração. O General Heitor Herrera manipulava Labin, cujos livros ele distribuiu. A escritora francesa proferiu conferências sobre
os detalhes. A mensagem que a elite orgânica disseminava de marcante tom anti- as Tâticas de infiltração comunista e a Guerra política para as mais variadas
comunista e objetivos sócio-econôrnicos modcrnizantes, envoltos em uma aura platéias, em tão diversificados lugares do Rio e de São Paulo como a ADESG,
profissional-tecnocrata. exercia uma grande atracão sobre novos recrutas entre os a ESG, o Centro de Indústrias do Rio de Janeiro, o Sindicato dos Armadores, o
empresários. militares e as classes médias. Ela servia ao propósito de sustentar e Colégio Santo Inácio, o Teatro Municipal, o Instituto de Educação do próprio
fomentar a legitimidade do envolvimento antigovernista das Forças Armadas na IPES, o Automóvel Clube e o Colégio Mackenzie. Houve conferências e reuniões
política. em outras cidades. como Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitlba.l'"
Uma medida de êxito da máquina de propaganda da elite orgânica foi mos. A elite orgânica promovia conferências e seus membros faziam palestras na
··tfada em meados de 1963, quando atitudes politicas populistas e nacional-refor- Federação das Indústrias de São Paulo, no CONCLAP, no Forum Roberto Simon-
mistas foram reveladas pelo I PES e reconhecidas pelas classes médias. as Forças sen, na Associação Comercial do Rio de Janeiro e em outras associações de classe
Armadas e empresários como fenômenos interligados. fortalecendo, assim, tanto por todo o país. Nesse processo, o IPES não se limitava a condicionar apenas
a sua rejeição ao regime quanto aos seus críticos do trabalhismo e da esquerda. civis a aceitarem e defenderem uma determinada orientação de desenvolvimento.

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Ele convidava oficiais militares para essas conferências e cursos, expondo-os às punham oferecer a "resposta cristã à crise" em oposição às soluções socialistas
demandas e interesses empresariais, generalizados como "necessidades industriais que eram apresentadas. Os participantes das mesas-redondas eram todos nomes
nacionais". Nessa operação, os militares intensificavam a absorção de valores civil- conhecidos, compondo uma diversificada, e em certos casos até mesmo discrepan-
empresariais. A congruência de valores já estabelecida através do relacionamento te coleção de empresários, tecno-empresários, políticos e acadêmicos. Os membros
com a ESG se fortaleceu e as Forças Armadas passaram a ser projetadas como dessas mesas compreendiam: Octávio Marcondcs Ferraz, João Carlos Vital, Gui-
sócios empresariais e políticas "naturais" para essa determinada forma de desen- lherme Borghoff, Clemente Mariani, Padre Velloso. João Paulo de Almeida Maga-
volvimento.!"
lhães, Paulo Ayres Filho, Thcrnístocles Cavalcanti, l. B. Leopoldo Figueiredo,
A Igreja se tornou outro campo de batalha ideológica no governo de João Lucas Lopes, Oswakio Tavares, Eugênio Gudin, Paulo Lacerda, Miguel Reale,
Goulart e talvez um dos mais influentes canais para doutrinação. Ao final da Júlio Barata, o General luarez Távora, Gustavo C0r<;50, R. Cardim, E. Fischlo-
década de 50 e início da de 60, o esforço para a mudança social permeou o clero witz, Gilbert Huber [r., Augusto F. Schmidt, Gilberto Marinho, Konder Reis,
e conflitos societários eram refratados nas clivagens ideológicas mais recente- Eudes de Souza Leão, o General Betêrnio Guimarães, Oemerval Trigueiro, I. Iri-
mente formadas. Novas percepções e posicionamentos pelos níveis mais baixos da neu Cabral, Wanderbilt O. de Barros, John Cotrim, H. Penido, Álvaro Alvim,
hierarquia do clero e por figuras esclarecidas, como o Frei Tomás Cardonell, domi- Raimundo Moniz Aragão, o General L. A. Medeiros. Glycon de Paiva, Walter R.
nicano francês, e o Padre Henrique de Lima Vaz, professor de filosofia, começa- Poyares, Suzana Gonçalves, Tarcísio Padilha. o Padre O'Á vila, Cândido Mendes
vam a desafiar a atitude tradicional da hierarquia e mesmo as posições de direita de Almeida, João Camilo de Oliveira Torres, Edgar da Mata Machado, Raimundo
de figuras de centro como Dom Helder Câmara e Dom Eugênio Salles, Bispo de Padilha, Joaquim Ferreira Mangia, Mem de Sá, Mário Henrique Simonsen e Mário
Natal. da Silva Pinto. Faziam parte da comissão coordenadora: Celestino Basílio, José
As posições reformistas cristalizavam-se em organizações populares, como Carlos Barbosa Moreira, Daniel Faraco, José Garrido Torres, Paulo de Assis Ri-
a Juventude Operária Católica, a Juventude Estudantil Católica, a Juventude beiro e os padres Laércio, D'Avila e Beltrão. A Denisson Propaganda, de proprie-
Universitária Católica e a Ação Popular, uma frente política multissetorial. A Igre- dade do líder ipesiano José Luiz Moreira de Souza e os jornais O Globo, [ornal
ja se mostrava fundamental para a elite orgânica, já que o clero proporcionava do Brasil. Jornal do Comércio e O Jornal cuidariam da promoção do evento.
II tão necessitada comunicação com as bases sociais populares, constituindo-se na O I PES também patrocinava um Centro para Pesquisa e Documentação Social
única estrutura nacional verdadeira além das Forças Armadas. Ela representava e Política na Pontifícia Universidade Católica, bem como o estabelecimento de
o órgão ideal para atingir as classes médias, das quais os estudantes, intelectuais, um curso sobre ciência política e social na Faculdade de Filosofia, Ciências e
os movimentos femininos 'organizados e os militares obviamente faziam parte, Letras de Campinas. Ele distribuía aos responsáveis por "tomadas de decisão"18s
assim como para agir por seu intermédio no seio das classes camponesas e as tra- um conjunto de estudos e trabalhos sobre uma variedade de assuntos, grande
balhadoras urbanas.
parte deles incluída nas propostas das Reformas Básicas do I PES e do Congresso
Certa pressão sobre a Igreja foi exercida pelos associados do complexo IPES/ de Reformas de Base. Organizava ainda, através da PUC e dos Diretórios Acadê-
IBAD, ligados às suas estruturas eclesiásticas e leigas, e também através da Opus micos, uma série de seminários, conferências e trabalhos de discussão com vistas
Dei, organização que na América Latina, como na Espanha, apoiava o liberalismo ao corpo estudantil em geral.
econôrnico e sistemas políticos tecnocráticos em contraste com outros segmentos da As suas ligações com a Pontifícia Universidade Católica - PUC eram muito
Igreja daquela época.P' Essas atividades do complexo lPES/IBAD tentavam incor- significativas. Ela supria o I PES de apoio intelectual - um campo de ação em
porar o mais amplo espectro possível dos intelectuais católicos e figuras públicas virtude de sua população estudantil e acadêmica - e agia como um canal para a
também católicas que não eram aliados do governo ou que faziam oposição a ele. penetração nas classes médias. Funcionava também como um canal de contribui-
Assim, posições de certa forma discordantes eram reunidas por meio de uma ções financeiras.
mensagem não estruturada de Solidariedade Social-Cristã, que se mesclava com
O I PES dava assistência a diversas revistas apoiadas pela Igreja ou de
a visão modernizante-conservadora da elite orgânica. Desta forma, tão discrepan-
orientação eclesiástica como a Revista Ponte Pioneira e uma outra mais intelectua-
tes figuras como Alceu Amoroso Lima e o extrema direita Gustavo Corção entra-
lizada, Convivium, dedicada aos "acontecimentos culturais e políticos" e ao "estudo
ram para o "rebanho" político do IPES.I~ Adib Casseb, do Grupo de Doutrina
e defesa dos valores de nossa civilização cristã ocidental ".IIl' Como nos outros
e Estudo de São Paulo, estava envolvido em um programa de conferências e casos o I PES "comprava" um considerável número de revistas para distribuição
debates, que tentava convencer o público da "incompatibilidade do Socialismo e
entre contribuintes e patrocinadores. A Convivium era escrita principalmente
da Doutrina Social da Igreja".I66 Muitos dos intelectuais católicos voltados à refor-
por professores universitários e intelectuais relacionados com a Igreja e publicada
ma foram assim subtraídos do campo popular de João Goulart,
pela Associação de Cultura Brasileira Convívio, dirigida pelo padre Adolpho
"-:. Paulo de Assis Ribeiro e José Garrido Torres, dois associados ipesianos com Crippa, teólogo e professor da PUC. O "Convívio", também assistido financeira-
sjgnificativas ligações na hierarquia católica, organizaram um seminário para o mente pelo I PESo foi fundado em 1961 por um grupo de ati vistas paulistas para
princípio de 1963, sobre as "Reformas democráticas para um Brasil em Crise", funcionar como núcleo de elaboração ideológica e de doutrinação política. Mi-
que seria patrocinado conjuntamente pela Pontifícia Universidade Católica e a lhares de militantes passaram pelos cursos de formação política do "Convívio".
Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa - ADCEI&7. Os seminários pro-
Como a ESG o faria entre os militares. o próprio IPES entre os empresários,
254
255


~
....,'i1T~j'A'
. ~
- -~ ------ ......
e intelectuais e ADP no meio partidário, o "Convívio", agindo na área da Igreja, e "O Papel do Governo". Como um subproduto de suas tentativas de formar
dirigia seus esforços contra os inimigos comuns. Os empresários contribuíam solidariedade de classe e elevar a consciência política entre empresários, exe-
para o "Convívio" por meio da UNAP - União Nacional de Amparo à Pesquisa, cutivos e gerentes, o IPES também disseminava nessas conferências a sua men-
uma espécie de fundação, criada em 1963, e que dissimulava a presença do IPES. sagem ideológica aos sócios classe média da ACM. Ressaltava, entre os organi-
Essa organização agia por meio do Instituto de Formação de Líderes, uma agência zadores de tais eventos, o empresário ipesiano Décio Fernandes Vasconcellos.!"
de notícias e um Centro de Pesquisa. O Instituto oferecia cursos básicos aos
A União dos Escoteiros do Brasil, liderada pelo Frei Daniel, também recebia
estudantes, sindicalistas e outros setores do público, preparando-os para a mili-
assistência do IPES, através do Frei Met6dio de Haas, que fora indicado pelo
tância ideológica e política em suas áreas específicas de atividade, oferecendo
Arcebispo Dom Jaime de Barros Cârnara.U" O contato inicialmente se estabeleceu
orientação, como também visando a ampla disseminação da mensagem do IPES.
através de Eugênio E. Pfister com Paulo Ayres Filho. Guilherme Martins, da
Os "melhores" alunos eram escolhidos para participar de cursos especializados
companhia Philips, foi procurado como um candidato à contribuição, por suas
para ativistas, tendo em mente, em especial, a organização estudantil e sindical.
"ligações com as atividades de escotismov.!" As contribuições aos escoteiros
O Instituto preparava também ciclos de conferências destinados a doutrinar a
serviam para manter a imagem pública do IPES e o supriam de faturas legítimas
opinião pública.'?" Apoiava, ainda, outros projetos do Padre Crippa, tais como
por· "despesas" feitas, bem como outro meio ambiente de classe média no qual
a Escola Superior de Liderança e a organização de um seminário político, que
operar.
viria a ser o centro de estudos do desenvolvimento. João Baptista Leopoldo
Figueiredo indicou Paulo Edmur de Queiroz como o homem de contato e assessor O IPES também desenvolvia suas atividades de doutrinação através da
dos projetes do Padre Crippa."! A agência através da qual esse centro operava Fraterna Amizade Cristã Urbana e Rural' - FACUR, que fazia uso das sedes
era a Planalto, porta-voz do IPES, e hoje conhecida como Plana. Com relação da Sociedade Rural Brasileira para os seus seminários e cursos. Nessas atividades
ao Centro de Pesquisa, ele fornecia o molde para as atividades dos intelectuais estavam envolvidos os ipesianos José Ulpiano de Almeida Prado, Paulo Edmur
de direita dedicados à análise da situação política. Esse trabalho era subsidiário de Souza Queiroz, José Pedro Gaivão de Souza, da Faculdade Paulista de Direito;
do Grupo Doutrina e Estudo e ao do Grupo de Levantamento da Conjuntura o Padre Raphael UaM, da Opus Dei, Adib Casseb c o Padre Domingos Crippa.!"!
do IPES de São Paulo. Essa seção publicava a revista ConviviumF" A FACUR também se envolveu intensamente na mobilização das classes médias
contra o Executivo e especificamente na mobilização política das mulheres, erga- .
Procurando legitimar o seu posicionamento público, o IPES também inter-
nizada 'pelo IPES, o que será discutido detalhadamente no Capítulo VII.
vinha em grupos aparentemente inofensivos. A Associação Cristã de Moços foi
um deles.!" Apesar de sua aparência e suas declaradas atividades esportivas e . Outro meio sistemático utilizado para levar a ideologia do IPES a recrutas
culturais, a ACM se envolvia profundamente em assuntos políticos. O apareci- e também para moldar a Corça social empresarial em um bloco burguês de poder
mento dos jovens da ACM e suas mães em passeata pelas ruas de São Paulo, era através de uma unidade especial, o Grupo de Educação Seletiva - GES
expressando o seu temor pela "cornunização" do país, representou uma forma e através dó Instituto de Formação Social. O GES administrava dois cursos
eficaz de propaganda. A ACM se envolvia bastante na mobilização popular contra básicos, o Curso de Atualidades Brasileiras - CAB e o Curso Superior de Atua-
o governo, especialmente nas marchas de rua e comícios públicos, juntamente lidades Brasileiras - CSAB, que continuaram a operar depois de 1964. Sob a
com organizações de mulheres das classes médias e outros grupos e movimentos responsabilidade de Oswaldo Breyne da Silveira: em São Paulo o IPES também
patrocinados pelo J PESo Como foi relatado à liderança do IPES, "a ACM julgava organizava seminários, conferências e cursos especializados.F'' Conferia "bolsas
conveniente manter a unidade do grupo que organizou o Comício Democrático de estudo" a estudantes, líderes sindicais urbanos e rurais e outros ati vistas' dos
na Praça Roosevelt em São Paulo".IH Para conferir continuidade a seus esforços, Círculos Operários da Universidade Católica de Campinas, do "Convívio", do Mo-
ela procurou o auxílio do IPES. Era também um importante recurso para a infra- vimento Universitário de Desfavelamento e do Instituto Universitário do Livro, a
estrutura do IPES, já que ela proporcionava uma ampla rede de centros para fim de possibilitá-los a participar daqueles cursos.
reuniões, discussões, conferências e seminários. Seus arquivos, cuidadosamente Os cursos eram oferecidos a platéias diversificadas e em lugares diferentes,
organizados, supriam a elite orgânica de uma população-alvo identificável, para levando em consideração as suas diferenças culturais e intelectuais, assim como
a disseminação de idéias nos vários bairros. Ela propiciava um valioso perfil das os seus papéis funcionais. Entretanto estimulava-se o intercâmbio entre os grupos,
classes médias, reunindo pessoas de tipos de vida diversificados e faixas etárias para assim "atenuar as barreiras de classe".
diferentes. Valendo-se de sua imagem pública, a ACM conferia legitimidade insti- O programa de "educação seletiva" consistia em uma forma sui-generis de
tucional às atividades que não eram muito apropriadas ao lema da associação de cooptar membros do aparelho do Estado e de outras classes. Ele começou com
jovens; ao mesmo tempo ela poderia também operar como uma unidade para a intenção inicial de aproximar segmentos diferentes da classe empresarial e
"limpar" contribuições especiais. grupos funcionais de modo a "conviverem" intelectualmente. Um segundo estágio
.:.
Algumas das abordagens e temas dos seminários e conferências organizados foi, então, apresentar-lhes o IPES e torná-los associados. ISO
pelo IPES que se realizaram nas sedes da ACM eram: "Executivos de Empresas O IPES considerava a composição de uma unidade de educação seletiva como
e a Preservação da Livre Iniciativa", "A Responsabilidade da Empresa Privada ideal se formada por dez empresários, quatro profissionais liberais, dois sindica-
diante da Sociedade", "Cooperação Econômica entre o Brasil e os Estados Unidos" listas das classes trabalhadoras, dois estudantes, dois jornalistas, cinco ipesianos

257

-I
e três convidados "especiais".'81 Ele reservava dois lugares para candidatos even- Conclusão
ruais que pudessem usufruir ou contribuir especialmente para qualquer curso espe-
cifico. B óbvio que a extensão de operações desenvolvidas e alcançadas pelo com-
Inicialmente os seminários seriam enxertados nas organizações existentes plexo lPES/IBAD em tantas áreas envolvia extr~ordin~ria perícia profissional
que tinham à sua disposição facilidades próprias, como a Associação Comercial, e política, assim como surpreendentes recursos financeiros que ultrapassavam
a Federação das Indústrias, o Clube dos Diretores Lojistas, o Centro de Enge- bastante o que o IPES oficialmente declarava como sendo suas despesas.
nheiros, a Reitoria da Universidade de São Paulo, a PUC, convidando para a O bloco multinacional e associado, através de sua elite orgânica, era capaz
direção de cada seminário um membro da respectiva organização onde o curso de englobar o apoio de amplos círculos das classes dominantes, na sua tentativa
se realizava. Os ativistas dos Grupos de Doutrina e Estudo de São Paulo e os de formar um novo bloco histórico. A elite orgânica não confiava unicamente na
membros do Grupo de Integração e do Grupo de Estudo e Doutrina do Rio força material que o seu domínio econômico lhe conferia para exercitar uma
proveriam o apoio de infra-estrutura, assim como seriam os seus beneficiários. efetiva liderança das classes dominantes.
Os objetivos dos cursos seriam "informar" os empresários, profissionais, Tornava-se claro que, a partir de suas diretrizes políticas e de sua ação,
tanto civis quanto militares, e os responsáveis pela formação de opinião pública, a elite orgânica centrada no complexo IPES/IBAD sentia a necessidade de uma
como jornalistas, líderes estudantis, militantes de sindicatos (as "diferentes classes atividade ideológica que levasse ao estabelecimento de sua hegemonia dentro da
da elite nacional", conforme o General João Batista Tubino, líder do IPES) classe dominante, como um meio de subir ao poder. A formação de um bloco
sobre os problemas brasileiros dentro das perspectivas ideológicas do IPES.182 burguês militante e sua liderança político-militar pela elite orgânica mostrava-se
Ele também cultivava esse solo fértil como uma fonte de novos recrutas. Formou- uma condição necessária na luta do emergente bloco de poder para harmonizar
se posteriormente a Associação de Diplomados do IPES - ADIPES, urna orga- sua predominância no campo econômico com a sua autoridade política e a sua
nização de seus ex-alunos que visava mantê-los ligados ao IPES e com importantes influência DO aparelho do Estado. A formação de um bloco burguês militante
funções depois de 1964. A ADIPES era estruturada no modelo da Associação sob a liderança da elite orgãnica era também necessária para alcançar a contenção
de Diplomados da Escola Superior de Guerra - ADESG, com funções seme- das classes subordinadas e a exclusão dos interesses tradicionais.
lhantes, compartilhadas também com o "Convívio". Conforme o associado ipesia- Embora o bloco. modernizante-conservador fosse incapaz de se impor por
no, o Coronel J. Vidal, a ADIPES era integrada ao Curso de Atualidades consenso na sociedade brasileira, ele, no entanto, era capaz, através de sua cam-
Brasileiras, servindo de um reservatório de ativistasl83 para a ação política e a panha ideológica, de esvaziar uma boa parte do apoio ao Executivo existente e
pesquisa de diretrizes politicas. reunir as classes médias contra o governo. Ademais, os efeitos das atividades do
complexo lPES/IBAD acarretavam conseqüências sobre a capacidade do Exe-
Os cursos tinham a duração de três meses e eram organizados em três ciclos
cutivo e da esquerda trabalhista de compor um alinhamento exeqüível para rea-
diferentes, destinados, segundo o General Tubino, a revisar "conceitos básicos
lizar suas reformas distributivas e medidas nacionalistas. Porém, a contenção
nos campos de economia, sociologia e política" e a estudar os "aspectos prin-
cipais da conjuntura nacional",tk assim como pesquisar e estipular o referencial ideológica das classes populares e a mobilização ideológica das classes médias por
si próprias não eram suficientes para levar a uma troca de regime. A contenção
para a solução dos principais problemas da situação brasileira e a apresentar
ideológica era suplementada e coordenada com outras atividades nos campos polí-
pesquisas feitas pelos grupos de trabalho de variados participantes."! Os confe-
ticos e militares.
rencistas nas atividades do CAB consistiam, como sempre, em nomes conhecídos!"
A ação político-militar do bloco multinacional e associado seria vital para o
e a estrutura desses cursos compartilhava semelhanças com os dos grupos de
desenrolar da crise do bloco histórico populista e fundamental' para levar à
estudo e cursos da ESG. O CAB servia a outros objetivos também. Os cursos instituição de um novo bloco de poder no Estado.
eram unidades de desenvolvimento de idéias, bem como de pesquisa em assun-
tos de interesse empresarial ou poluíco.!" O planejarnento dos cursos visava
constituir um esforço anti-ISEB, uma tentativa de se colocar uma alternativa
para o Instituto Superior de Estudos Brasileiros, o centro nacional-reformista de NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
pesquisas e de formulação de opções políticas, que atraía acadêmicos, militares,
jornalistas e estudan tes.188
l. Quanlo a essa argumentação. Finer faz 2. Em termos da regra de maximizar a sa-
Finalmente, o Instituto de Formação Social - IFS, estabelecido em 1963, uma observação ao afirmar que todo inte- tisfação de uma classe, fração ou um blo-
dedicava-se ao recrutamento de seguidores "em todos os níveis da sociedade bra- resse econômico tem uma diretriz básica:
co, essa diretriz "é completamente racional
-'''"~: sileira" e à disseminação da ideologia do IPES. Representava uma conveniente "imobilizar o restante da economia. perma-
necendo, ele próprio, tão livre quanto an- e, além disso, somente será alcançada pela
~, cobertura para cursos de doutrinação entre as classes trabalhadoras e para- o
tes." Samuel FINER. Private industry and ação polüica". F. G. CASTLES. Business
-desenvclvimento de ativismo sindical. O IFS oferecia cursos para empresários,
political power. ln: Ramsay Muir lecture. and govemment: a typology of pressure
executivos e gerentes, assim como estudantes e ati vistas femininas. Ele encarre-
Grã-Bretanha. Pall Mali PamphJet, 1958, p. group activity. Politicai Studies. Oxford,
gava-se também de Cursos especiais para ativismo de sindicatos e de camponeses. 7-9. /7(2); 161, Oxford Univ. Press, [une, 1969.

259


dono 06 de julho de 1962. NSF. nos Arqui- tou vastamente a análise de F. Pedreira). tcgoricamente ostensivamente p08l1lvtltnru
3. I! interessante ressaltar que se aplica a
vos JFK. (No mesmo telegrama, Lincoln Dois trabalhos retificam a ênfase dada por te contra." Telegrama do I PES, 25 dI' 111111
esse caso a observação Ieita por Richard
Gordon menciona a volta de Brasília ao esses referidos autores: (a) Eliezer Ri1.1.o ço de 1963, Glycon dc Paiva, Av. Riu 111'''1'
Bisscl, ex-direror das Operações Secretas da
Rio de um deputado do PSD que está che- de OLlVEIRA_ As Forças Armadas: poli- co, 156,27.' andar, Via ltalcable, Rtf, ·1(1(1,
CI A Americana. Ele mencionava a rede
interdependente de meios e órgãos que le- gando para organizar os militares contra tica e ideologia no Brasil, 1964-1969. Pe- Agência n. 4, Rio, r
oão Baptista I.wl'lIldu
João Goulart). Em 1963, Lincoln Gordon tr6polis, Vozes, 1976. (b) Edmundo Coelho Figueiredo, Rua Álvares Penreado, b~, Silo
vam a uma mudança social. Deixou esse
voltava a afirmar que João Goulart se mos- CAMPOS- Em busca- de identidade: o Paulo.
fato bem claro em uma reunião do Coun-
cil on Foreign Relations, quando enfatizou trara "um estrategista político excepcional- Exército e a potitica na sociedade brosilei- II. O I PES teria de se resguardar de qual.
que "A intervenção secreta é... mais efi- mente perspicaz. cujo desempenho em re- ra. Rio, Forense Universitária, 1976. Se se quer prejuízo à sua capacidade para ti p~fiu
caz em situações onde se empreende um conquistar o pleno poder atingiria a mais acompanhar uma análise que destaca a eficaz. A identificação ou a suspdtn de li
esforço abrangente com um número de ope- alta avaliação em termos de política pura." ação burguesa de classe, pode-se ultrapas- gações entre grupos ilegais parnmilitul<1 1111
rações isoladas, projetadas para apoiar e Memorando de Lincoln Gordon a McGeor· sar 3 busca de causas imediatas isoladas, políticos deveriam forçosamente 5cr eVitA
complementar umas às outras e obter um gc Bundy, Casa Branca, Departamento de tais como os motins militares, as passeatas das ou negadas a qualquer preço. Por Cl<r11l
eleito cumulativamente significativo". Ci- Estado, 07 de março de 1963_ de classe média, discursos provocadores ou plo, em fevereiro de 1962, dois tllclllltroJ
tado em Fred HIRSCH & Richard FLET- ações arbitrárias do Executivo instigando a do IPES. Gilbert Huber [r. e o Gcneral
5_ Sobre as atitudes políticas das classes
CHER. The labour movement: penetration ação da direita. Finalmente, pode-se pôr em Golbery do Couto e Silva estavam lendu
empresariais em relação à elite dominante,
point for US intelligence and transnationals. perspectiva a contingente expansão de tro- apontados como comprometidos com o Mo.
quando esta é tomada como ilegítima, vide
ln: Cl A and the labour movement. Grã- pas estrangeiras na área, o apoio logístico vimento Anti-Cornunista - MAC, UI1\1' ur-
F. G. CASTLES. op, cito p. 162-63.
Bretanha, Spokesman Books, 1977. p. 10. por elas conferido e o envolvimento sigilo- ganizeção paramilitar de direitu muito Illi,
6. Para Glycon de Paiva" Açâo Política é so direto de agentes especializados e gover- va pela promoção de tumulto orgunirado c
4. O líder do I PES, Glycon de Paiva, es- igual a ação discreta". IPES CD. Rio, 22 nos estrangeiros. Vide (a) Moniz BANDEI· mensageira na conspiração contra o Mov~r·
tava cônscio do problema. Em uma reu- de maio de 1962. RA. Presença dos Estados Unidos no Bra- no' e tropas de choque contra n rnoblllzn-
nião da Comissão Diretora do I PESo no dia
7. Glycon de PAIVA. citado em Marlise sil: dois séculos de história. Rio de Janei- ção de estudantes e sindicatos. Seria IIlttt-
03 de abril de 1962, ele observou que: "a
SIMONS. Whose coup? Brazilian Informa- ro, Civilização Brasileira, 1973. (b) J.
volta do Presidente, sem grande demora mente prejudicial ao IPES que essa IIl1nçnu
tion Bul/etin, Estados Unidos, Califórnia, Knippers BLACK. U.S. penetration of Bra·
nos Estados Unidos. vai dar muito o que viesse ao conhecimento público. Para (]Iy
(12), Winter 1974. Vide também A. J. zil. Manchester, Manchester Univ. Press,
. -
falar. O Presidente
vernar. Mesmo Tancredo
está aprendendo
Neves, apesar de
a go-
LANGGUTH.
Pantheon
Hiddell Terrors. New York.
Books. -1978. cap. 3.
1971. (c) E. MOREL. O golpe começou em
Washington. Rio de Janeiro, Civilização
con de Paiva, "a equação
letal" e António Gallolti
IPES-MAC
ressnltnvtl
erA
que
ser um mau aluno, também aprende. Se "Todo membro do IPES acu~adl) de Jler'
Brasileira. 1965. Cd) Pbyllis PARKER. 1964:
João Goulart trouxer consigo alguma f6r- 8. A percepção dos acontecimentos que le- tencer ao MAC teria de se defender, Cun
O papel dos Estados Unidos 110 golpe de
mula, ele poderá gerar grandes coisas". Ha· varam ao golpe de 1964 como sendo uma tudo, em sua defesa, nem de furm. I'l)ll
II de março_ Rio de Janeiro, Civilização
via avaliações similares de mais outras fon· conspiração militar pode ser encontrada de tiva nem negativa, ele deveria IalCr • ,mi
. Brasileira, 1977.
tes, sobre a capacidade de João Goulart uma forma extrema em Albérico Barroso nima referência ao IPES." Gilbcrt lIuhcr Ir,
manobrar dentro do sistema. O embaixador ALVES. O rom~nce da revolução: como 9. Foi realizada a ação militar pelas clas·
ses dominantes, precisamente devido à acrescentava que Alfredo Nnsscr, por ,cr o
Lincoln Gordon também acreditava que e por que aconteceu a revolução de mar-
consciência por parte do Estado Maior da Ministro da Justiço de João Cuulnrt c Ifr
"João Goulart provou ser [um] político in· ço. Rio de Janeiro, Artenova, 1974. Tem-
burguesia da necessidade de impedir a or- responsável por contornar O prohltn,., 'CI1'
teligente, capaz e desejoso [de] vencer uma se dado considerável atenção ao complexo
oposição a longo prazo com base [em] ob- ganização politica do bloco popular e ela- tia-se "apavorado e embromado" pclnl o,u·
mecanismo militar do golpe e à interpreta·
jetivos moderados, de aparência respon· ção dos acontecimentos que levaram a ele borar uma manobra preventiva ou, como sações. lPES CE Rio, OS de fevereiro ,Ie
sável, enquanto ainda reivindicando leal- em abril de 1964, como tendo sido o resul- foi descrita, um "golpe defensivo", para 1962.
dade à sua base política popular... Por tado da ação de um aparelho militar au· conter e abafar a atividade das massas suo 12. "O IPES tem de adot'" umA pOllçlo
bordinadas e sua incipiente liderança oro
bem ou por mal, João Goulart está pro- tónomo, ou um subsistema militar_ Tal apa- de completa inatacabilidade, Duu 11m c~crn
vando ser [01 único líder no cenário atual, relho militar autónomo. embora aliciado gânica política.
pio: um levante nos portos. O Il'ES j.mll.
em torno do qual pode ser formada [uma] por civis e com eles interagindo, revelou· 10. IPES CD Rio, 03 de abril de 1962. In- deve aparecer nesses assuntos ou .IOIUI
eficaz coalizão de forças poHticas centris· se como instado a intervir devido a sua sistia·se muito na questão de agir encober· res. Temos que agir por Irás dOI hulldo-
tas .. _". Telegrama de Brasília ao Depar. "predisposição institucional para moderar tamente, bem como colocava·se bastante res. Há. empresários dentro do 11'1\5," O
tamento de Estado, Lincoln Gordon, 27 de o sistema. bem como a sua ideologia de ênfase na necessidade de ampla participação
motivo para nfio aparecer dlrelamento lO
março de 1962, NSF, nos Arquivos JFK. construção de nação aprendida na Escola de classe. Em um telegrama enviado por
ria que nas futuras tentativas por plrtO do
Alguns meses depois, Lincoln Gordon re· Superior de Guerra". Sobre esse assunto, Clycon de Paiva a João Baptista Leopoldo
IPES de reeleger deputados aml,ol pI,. o
conhecia que: "O Congresso [cstá] comple. vide (a) Fernando PEDREIRA. Março lI: Figueiredo, este último foi relembrado de
Congresso, ele deveria se mlllter "for. dI
civis e militares no processa da crise bra- que "Confirmando telefonema hoje verbi.
',. tamente desmoralizado
[da] habilidade
pela demonstração
de João Goulart [de] oro sileira. Rio de Janeiro, J. Álvaro, 1964. (b) gratia somos contrários ação ostensiva no- cena, com os outros or8AII',n'UI asindo cum
funçOes definidas," Ata do 11'1$, 12 de fo-
ganizar os trabalhadores em seu apoio (na] Alfred STEPAN. The military in politics: me lPES caso Congresso Cuba pt ~elem·
as verciro de 1'962.
forma (de] greve gera!." Telegrama do Rio clranging pallerns in Brazil. Princeton, Prin· bro camarada necessidade fazer todas
ao Departamento de Estado, Lincoln Gor· ceton Univ. Press, 1971- (Alfred Stepan ado- associações de classe se manifestarem ca· 13, IPES eh. Gr., 21 da a80lto de 1962,

260 261


14 A ADCE era "uma entidade recém-fun- pânico". A campanha da "ameaça verme- rio da CPI, Câmara dos Deputados, Bra- ries. EUA, American Univ. Field Staff,
dada, modelada em um órgão francês simi- lha" empreendida pelo IPES mostrou-se sília. 1963. p. 374. (c) Plínio de Abreu )une 1964. v. II, n. 4. p. 11-12.
lar. Demonstrava impressionante ideologia muito útil na melhoria de sua situação Ii- RAMOS. op. cito p. 78. 33. (a) O Estado de São Pauto, II de ju-
social cristã que enfatizava o característico nanceira, já que atraiu contribuições de lho de 1963. (b) Eloy DUTRA. IBAD: si-
empresários tomados de pânico e profis- 29. Entre outras, A. F. Schrnidt produzia
tema brasileiro de paz social com uma no- a sua influente série Coluna por Um em gla da corrupção. Rio de Janeiro, Civiliza-
va roupagem e oferecia um programa abran- sionais que temiam o futuro. Desde os pri- ção Brasileira, 1963. p. 17·8. O complexo
mórdios de 1962, havia sido confiada a O Globo. Ele se fazia extremamente útil
gente de cursos de treinamento gerencial. por sua influência e prestígio entre o pú- IPES/IBAD pagava ao Jornal A Noite
P. SCHMITTER. l nterest, conllict and po- Dario de Almeida Magalhães a tarefa de 2.000.000 de cruzeiros mensais. (c) Plínio
recrutar 30 pessoas bem conhecidas para blico católico de classe média. As suas de-
liticai change in Brazil. California, Stanford núncias em relação a posicionamentos de de Abreu RAMOS. op. cit. p. 65.
Univ. Press, 1971. formar uma equipe inicial que escreveria
artigos para amplos setores da opinião pú-
centro e centro-esquerda dentro da hierar- 34. I PESo Relatório Especial, 6 de junho
15. Sobre as táricas de pressão e a ação
blica sobre assuntos determinados pelo
quia da Igreja, portando o cunho mora- de 1963.
direta pela elite orgânica e a necessidade lista de severo poeta e escritor profissio-
IPES. Dependendo da circunstância, po- 35. IPES CE, II de setembro de 1962.
de atividades a curto prazo para assegurar der-sé-ia ou não atribuir ao IPES os arti- nal, causavam um impacto altamente 'no-
os objerivos a longo prazo, vide N. BAI- civo. Até mesmo o bispo do Rio, Dom 36. Ata do IPES, 25 de maio de 1962,
gos publicados. A remuneração seria em
LEY. Organization and operation of neoli- Helder Câmara, da centro-direita, era um General Golbery.
base de 5.000 cruzeiros por artigo. Uma
beralism in Larin America. ln: Latin Ame- alvo especial para os ataques de A. F. 37. (a) IPES CE, 21 de agosto de 1962.
.série de artigos foi produzida sob a coor-
rica: politics, economias and hemispheric denação geral de Dario de Almeida Maga-
Schmidl. As suas ásperas observações so- (b) IPES CE, 29 de novembro de 1962.
securitv, New York, Praeger, 1965. bre o vigor populista de Dom Helder Câ- (c) IPES CE Rio. 5 de março de 19f>3.
lhães e Nei Peixoto do Valle. O pagamen-
mara e as preocupações com a situação A idéia seria "colocar a bola em jogo, mas
16. Como ficou destacado em uma dis- la era eCetuado pela gigantesca companhia
cussão entre' a liderança do lPES de São de refrigerantes e cervejaria Antártica. De-
dos Cavelados do Rio ("essa conversão sú- sem a etiqueta made in I PES."
bita voltada ao pobre está longe do me-
Paulo e o General Moziul Moreira Lima: signou-se o Iíder Miguel Lins para fazer 38. (a) I PES Rio, 17 de maio de 1962. (b)
recimento da consideração dos católicos
"O perigo no Brasil não é O comunismo. no essas combinações. I PES CD Rio, 19 de O Estado de São Paulo, 20, de Junho de
mais lúcidos") ou seus ataques mordazes
momento, mas o movimento popular de fevereiro de 1962. 1963.
sobre os líderes centro-esquerdistas do
subversão da ordem que será dirigido e
22. Carla de J. B. Leopoldo Figueiredo, PDC ("agentes do comunismo disfarçados 39. Eldino BRANCANTE. Relatório do
encampado pelos extremistas. Os culpados mostrada perante a Comissão Parlamentar em católicos") legaram-lhe um lugar espe- Estado Maior Civil de São Paulo. ln:
do processo espoliativo aos olhos do povo de Inquérito - CPI, instaurada para in- Olympio MOURÃO Filho - Memórias:
cial no esforço de propaganda do cornple-
são as classes produtoras, muito mais do vestigar as denunciadas atividades irregu- a verdade de um revolucionário. Rio de
xo IPES/IBAD. Vide A. F. SCHMIDT.
que o governo." IPES CD e CE, São Pau- lares do complexo IPES/IBAD. Nessa Janeiro, L & PM. 1978. p. 212 (introdução
lo, 27 de novembro de 1962.
Prelúdio a uma revolução. Rio de Janeiro,
carta estava mencionada a compra de es- Ed, do VaI, 1964. Uma seleção de suas e pesquisa de Hélio Silva).
17. N. BAILEY. op. cito p. 215. A resis- paço editorial em O Globo e o apoio a obras políticas foi publicada em O Globo. 40. Pelo Brasil, pelo seu progresso e pe-
tência ao populismo fora também o carro- ser conferido a um jornal de direita' a ser
lPES CE Rio, 29 la felicidade do seu povo, contra a desor-
cheCe da ESG. John KOHL & ). L1TT. u» lançado em breve. (a) Politica e Negócios. 30. de novembro de
1962, Glycon de Paiva. demo a irresponsabilidade e a demagogia,
ban guerrilla warlare in Lati" America. 2 de setembro de 1963. p. 11. (b) PUnia de O Estado de São Paulo, 21 de janeiro de
Cambridge, Mass., MIT Press, 1974. p. 39. Abreu RAMOS. Como agem os grupos de 31. Clarence HALl. The country that sa- 1962.
18. Vide (a) O Estado de São Paulo, 19 pressão. Rio de Janeiro, Civilização Brasi- ved itselí, Reader,s Digest, Eslados Uni-
leira, 1963. p. 63. 41. O IPES praticamente controlava ou
de julho de 1963. (b) O Estado de São dos, November, 1964. p. 143 (reportagem recebia o apoio direlo da imprensa mais
Paulo, 20 de julho de 1963, sobre a ação 23. IPES CE Rio, 27 de julho de 1962, especial). categorizada dos principais 'centros urba·
do IPES e do IBAD. Glycon de Paiva. IPES CD Rio e CD São
32. Um fluxo constante de denúncias diá· nos do país, como foi .visto no cap. V e
Paulo, 20 de novembro de 1962.
19. IPES CE Rio, 12 de junho de 1962. rias era instrumentado pelo Grupo de Opio por todo O cap. VI. bem como o apoio
O Uder do IPES Gilbert Huber Jr. enfa- 24. ConCorme foi mencionado no cap. V. nião Pública. Através de associações de internacional da imprensa amiga. •
tizava que as reformas proporcionaram "a 25. Telegrama ao Departamento de Esta- idéia, fazia·se uma miscelânea de condena· 42. I PES CE, 11 de junho de 1962. Vide
munição para o Grupo de Opinião Públi- do de Delgado/ Arias; em Recife, N. 427, tombém sobre o espaço comprado pelo
ções a João Goulart, ao Partido Comunis·
ca". 29 de junho de 1962.. Nos National Securi· IPES no Correio da Manhã, para que o
ta, Tito, Mao, Khrushow, Cuba, uniões es·
20. IPES - Relatório Anual, 1963. p. 7. ty Files, John F. Kennedy Library .. tudantis, sindicatos, à reforma agrária, à jornal publicasse uma entrevista feita com
21. lPES de 1962, estatização, ao Partido Trabalhista Brasi· Mário Brant, menc.ionado no IPES CE, II
CE Rio, 8 de junho 26. IPES CD Rio, 4 de setembro de 1962,
Glycon de Paiva. O IPES organizava leiro, à corrupção, ineficiência e socialis· de setembro de 1962. Ao final de 1961,
J. L. Moreira de Souza.
equipes de "manipuladores de noticias" mo. Vide (a) Júlio de MESQUITA Filho. João Punaro Bley, comandante da 4.". Di·
-, 27. Politica e Negócios. 19 de agosto de
que preparavam e compilavam material A democracia e o fenômeno brasileiro. O visão do I Exército, em Minas Gerais, fez
1963. p. 30. ' um discurso em Belo Horizonte no audi-
sob a coordenação geral do General Gal· Estodo de São Paulo. 14 de agosto de 1963.
bery do Couto e Silva, especialisla em 28. (a) As Sombras do IBAD. Veja, 16 de (b) James W. ROWE. Revolution ar coun- tório da Associação Comercial do Estado.
guerra psicológica. Esses "manipuladores" março de 1977. p. 4 (Ata da CPI). (b) ter·revolution in Brazil: an interim asses- O encontro fora patrocinado pela rede dos
~e responsabilizavam pelas "campanhas de Flávio GaIvão a Glycon de Paiva,· Relat6- sment. ln: East Coast South America Se- Diários Associados. cujo editor "estava

262 263


sendo financiado pela CIA para promover exemplo, que o IPES organizaria as gran- daria uma espécie de Plano de Salvação 48. IPES CD Rio, 19 de fevereiro de
o nnticomunismo. Como não poderia ser des empresas multinacionais e associadas do Brasil e da América Latina. Conliden- 1962.
de outra forma, Punaro Bley proferiu um para apoiar a edição especial de O Globo cioímente: já estão dados os primciros 49. John Foster DULLES. Unrest in Bra-
discurso anricornunista , .. Punaro Bley de 28 de fevereiro de 1962 sobre o Pro- passos para a visita de J. K. ao Brasil, com
til: political-military crises, 1955-1964.
clamava que os comunistas haviam pene- grama da Aliança para o Progresso. Dis- [ack ie e tudo". I. Klabin: "tudo está bem,
Ausrin, Univ. of Texas Press, 1970. p. 188.
trado em todos os níveis da sociedade bra- tinguiam-se entre as corporações contribu- mas nada impede de pensarmos em termos
intes: Braniff I nt., Leon Israel Agrícola e imediatos". G. Huber [r.: "os primeiros 50. I P ES, Relatório aos patrocinadores fi.
sileira e punham uma séria ameaça à de-
Exportação, IBM, Vick Farmacêutica, Esso passos já (oram dados. E sério, alguém de- nanceiros, 6 de junho de 1963, José Ru-
mocracia". A. I. LANGGUTH. Hidden
Brasileira de Petróleo, Burroughs do Bra- ve publicar a Ata da Aliança para o Pro- bem Fonseca.
terrors. New York. Pantheon Books, 1978.
p. 77. Sobre os incidentes que sucederam sil, The Home Insurance Co., American gresso, na exatal Porque o Itamaraty não 51. A revista Cadernos Brasileiros de
ao discurso e a sua repercussão, vide A. I. Insurance CO., SI. Paul Fire and Marine parece muito disposto a fazê-Ia". A. Gal- Eduardo Portela se envolveu em um es-
LANGGUTH. op. cito 1978. p. 78-SO, Insurance Co., Remington Rand, ITT, 101li: "Em texto íácil, sob a forma de car- cândalo politico em 1967, sendo acusada
Atlantic, Liquid Carbonic, General Elec- tilha ou em quadrinhos". Alguém que não por ligações com a revista Encounter pa-
43. Reunião Geral do I PES, São Paulo,
rric, Gilette Safety Razor. Vide também foi indicado na ata, observou, então, que trocinada pela elA. Folha de São Paulo,
23 de outubro de 1962.
Plínio de Abreu RAMOS, op. cit. p, 67-8. "O Instituto Brasil-Estados Unidos vai pu- 20 de janeiro de 1979. A Cadernos Bra-
44. O Comitê da Aliança para O Progres- blicá-lo junto com: Carta de Juscelino e sileiros tinha como diretores José Garrido
45. IPES CD Rio, 19 de fevereiro de
50, estabelecido no Rio a 13 de novembro Ata de Bogotá. Tudo será publicado em Torres, Vicente Barreto, Afrânio Coutinho
1962. Essa operação foi feita a um custo
de 1962, compunha-se de Luiz Simões Lo- texto exato". I PES CE Rio, 5 de Ieverei- e Nuno Velloso.
de 8.000.000 de cruzeiros. Vide também
pes (da Cia. Fiação Tecidos São Bento,
N. BLUME, Pressure groups and decision- ro de 1962.
Banque de I'Indochine, Société Cotoniêre 52. (oram adquiridas mil e duzentas uni-
making in Brazil ; studies in comparative 46. Em uma reunião posterior, presidida dades por edição. IPES CE, 31 de janeiro
Francocéanique); João Calmon (Diários
internationoí development, Saint Louis, por I. O. Mello Flores, com as presenças de 1963, José Garrido Torres.
Associados), Themlstocles Cavalcanti, Dan-
Missouri, Washington Univ. 1967-68, V. 3. de Harold C. Polland, G. Huber [r., do
ton Jobim e o pelego Ary Campista. GiI- 53. O Gari/a, julho de 1963. Além disso,
N. II. p. 217. Série de monografias (So- General Herrera, J. Rubem Fonseca, A. C.
berr Huber [r. e Paulo Ayres Filho [rc- Coram impressos 50.000 pôsteres com car-
cial Science Institute) . E interessante citar Amaral Osório, O, Tavares e J. L. Morei-
qüentemente estavam em contato com fun- tuns mostrando Fidel Castro chicoteando
extra tos de uma das reuniões em que a ra de Souza, foi relatado que o panfleto
cionários da ALPRO americana, empresá- o povo cubano e a legenda "Você quer
Aliança para o Progresso foi debatida, já havia sido preparado, juntamente com
rios e executivos dos Estados Unidos liga- viver sob o chicote do comunismo?" C. S.
que ela esclarece o procedimento geral e uma campanha sobre o assunto na televi-
dos aos objetivos gerais da Aliança, bem HALL. op. cito p. 142.
as atitudes. Para Iosé Luiz Moreira de são. Decidiu-se por colocar os panfletos
como figuras de governo. Dessa- forma, de
Souza, "A idéia é a ação política. Falta como um encarte nos jornais. J. Luiz Mo- 54. IPES CE São Paulo, 14 de maio de
volta ao Brasil em maio de 1962, Gilbert 1963.
colocar o problema em sua grande pers- reira de Souza sugeriu que os encartes de-
Huber Ir. põde relatar à liderança do IPES
pectiva. Aos poucos, tudo gira em torno- vessem aparecer "domingo próx,imo, an· 55. Vide Apêndice L, onde consta uma
assuntos da Aliança, seus conta tos com
do grande eíxo Oriente/Ocidente. Pode- tes da ida do Preso Iango Goulart aos Sta. lista de algumas dessas publicações.
Teodoro Moscoso, o porto-riquenho exe-
mos dizer até que, hoje em dia, a Pasta das teso facilita-lhe a tarefa e preocupa-o. Di·
cutivo da ALPRO e uma reunião especial 56. Depois de abril de 1964, o IPES con-
Relaçôes Exteriores é a principal. lânio versos jornais querem o encarte. Saindo
sobre problemas de mineração, realizada tinuou a publicar e patrocinar livros e
Quadros sentiu essa perspectiva e conce· primeiro na Guanabara, depois nos de-
nos Estados Unidos. (a) Relatório IPES panfletos. Em 1967, ele publicou História
beu uma fórmula de Ação Política ... " mais Estados". A. Gallorti informava que
CE, maio de 1962. (b) Vide seu relatório do Desenvolvimento Económico de Mir-
"antes das eleiçôes, seria necessário, por o encarte já estava "na mesa da Embai-
sobre a viagem aos Estados Unidos em ju· cea Buescu e Vicente Tapajós. O Council
exemplo, editar e difundir a Ata da Ali- xada Americana". "Os Diários Associados
lho. IPES CE Rio, 3 de julho de 1962. (c) for Latin America colaborou no financia-
ança para o Progresso, transformando em publicarão no exterior. Fim: Fazer a pro-
Vide as declarações de Paulo Ayres Filho
documento acessível a todo mundo, ao al- paganda da democracia. Vinda de I. Ken- mento da edição de 5.000 cópias. O IPES
sobre a sua participação no encontro de
cance de qualquer brasileiro. Ainda antes nedy ao Brasil, antes das eleições. Onda publicou também O Imposto de serviços
empresários com o Presidente lohn F.
das eleições: Uma visita devidamente pre- de democracia crescendo antes da eleição. - dúvidas e esclarecimentos sobre sua in-
Kennedy. O Estado de São Paulo, 6 de
parada de Kennedy ao Brasil (vide Vene- Polftica faz-se por ondas. Projeto I. Dan- cid~ncia de Arthur E. V. AYmoré. N.
março de 1963. Esse estreito conta to entre
zuela e Colômbia). 'Remember' visita de tas: Empresários preparados para discutir BLUME. op, cit. p. 215_
o IPES e as elites político-empresariais dos
Roosevelt. Ora, os polfticos têm antenas, com todos". lPES CE Rio, 27 de março
Estados Unidos por intermédio da AL· 57. O Estado de São Paulo, 17 de mar·
sentem onde está o lado do interesse, das de 1962,
PRO, bem como através de canais' priva- ço de 1979 ..
vantagens, da vitória. Sentem o que é p0- 47. O livreto de André Gama foi distri·
dos, favoreciam
desenvoltura
grandes oportunidades
c apoio em sua campanha
de
de pular, em suma". I. L. Moreira de Souza buído pelos empresários e
gerentes entre
58.
de 1962.
lPES CE São Paulo, 11 de dezembro

encurralar e isolar o Executivo brasileiro. acrescentava que "assim conduzida a os seus empregados. E significativo men-
·":,,,",
oe Nesse aspecto o IPES era ajudado pela questão, não seria negócio para os polfti- cionar que a execução da edição imediata , 59. Os antecedentes dessas propost.as
:':i. cos profissionais passarem a ser ou conti- desse Iivreto ficou sob a responsabilidade constituíam de uma lista' preliminar de te·
American Chamber of Commerce for Bra-
'. zil, através de Pedro Freire Cury e pelo nuarem a ser anti-ocidentais. Também se- do General Golbery e Wilson Figueiredo mas para estudos, esboçada pela liderança
Committee for American-Brazilian Rela· ria necessário penetrar na área dos estu- se encarregou do orçamento. I PES CE, 19 do complexo IPES/IBAD em janeiro de
tions. foi por meio desses Órgãos, por dantes, conquistá-los. Tudo junto, somado, de novembro de 1962. 1962 e classiCicada de acordo com exigên·

264 265


--
cins 8 "curto" C a "médio prazo". Para 6) Reforma da Legislação Trabalhista;
o Comitê Executivo resolve solicitar ao 67. (a) Carta de Mário Henrique Simon-
cada tema, designava-se um indivíduo. 7) Reforma da Legislação de Previdên- sen a I. Garrido Torres, Rio, 23 de feve-
Chefe do Grupo de Estudos as seguintes
grupo ou instituição, responsável pela sua cia Social;
providências: reiro de 1962. (b) [osé Garrido Torres ao
concretizaçõo. O grau de prioridade para 8) Reforma Educacional; CD I PES, 29 de maio de 1962. O estudo
I) Coordenar as atividades de seu Gru-
o rcolização desses estudos era determina- 9) Reforma do Código de Minas; foi orçado em 800.000 cruzeiros a serem
do pelos necessidades do Grupo de Ação po. de modo que cada um dos trabalhos
10) Política Comercial Externa (ALALC, encomendados seja objeto de dois estudos: pagos o Simonsen.
Parlarnentnr e a' ação política coordenada
ECC. Cortina de Ferro); a) O primeiro. mais urgente. fixando a 68. Comunicação de José Garrido Torres
pelo Grupo de Levantamento da Conjun-
II) Politica de Transportes; orientação do [PES quanto às linhas ge- ao IPES CD Rio, II de maio de 1962. O
tura, A listn de grupos de estudos compre-
12) Política Energética; rais que convém sejam observadas na ela- escritório de consultaria de Paulo de As·
endia:
13) Politica de Saúde Pública; boração ao anteprojeto; as conclusões do sis Ribeiro; José Arthur Rios e o seu es-
I) Remessa de lucros (ou a definição de
Grupo de Estudos, discutidas e aprovadas critério estavam também envolvidos no
limo diretriz de investimento, de suma pre- 14) Reforma estrutural e metodológica
pelo Comitê Executivo. serão encaminha- estudo da Reforma Urbana, uma pesquisa
rnência em vista das medidas restritivas ao da administração pública;
das ao Grupo de Opinião Pública. não e trabalho de direrrizes para os quais Gly-
capital estrangeiro objetivadas por Ioão 15) Lei das Sociedades Anônimas.
apenas com vistas a uma campanha de es- con de Paiva contactou Sandra Cavalcanti
Goulort). Seu coordenador era Mário Hen- - O documento rezava ainda que to- clarecimento e conquista de apoio. mas e G. Borghoff (ambos correligionários po-
rique Simonscn; dos esses temas (e outros que viessem a também para afirmar a presença do I PES; liticas de Carlos Lacerda). Foi losé Garri-
2) Reforma Agrária, Iosé Arthur Rios; ser acrescentados) seriam desenvolvidos b) O segundo - necessariamente mais de- do Torres que procurou o apoio de Caro
3) Reforma Fiscal e Orçamentária, Má- sob a orien tação da doutrina apresentada morado - visando a elaboração do ante- los Lacerda. A conclusão desse trabalho
rio Henrique Simonsen; na Encíclica Mater et Magistra e modela- projeto de lei e respectiva justificação, levaria seis meses e seu custo foi estimado
4) Reforma Monetária (incluindo refor- da no programa de ação correspondente, com todas as suas injunções de ordem téc- em 3.600.000 cruzeiros. Foi orçado como
mo bancária e a criação de um Banco Cen- representado pela Aliança para O Progres- nica. "despesa ordinária do Grupo de Estudo"
trai), Casimiro Ribeiro; soo O IPES os popularizaria, mesmo em 2) Programar estas duas categorias de e tornou-se o material básico para as pre-
5) Repressão ao abuso do poder econô- forma de comentários para a sua tese, ten-
mico, Dênio Nogueira; estudos. de modo que em cada reunião se- postas do I PES para a Reforma Habita·
do Iosé Garrido Torres como coordenador manai do Grupo com O Comitê Executivo
6) Reforma do Código Eleitoral, The- cional. IPES CE Rio, 20 de fevereiro de
dos estudos (Plano de estudo de temas.
místocles Cavalcanti (é interessante obser- sejam apreciadas as conclusões a que se 1964, I. Arthur Rios.
Ata do lPES. 19 de janeiro de 1962. Vide refere a letra (a) acima. cobrindo inicial-
var que inicialmente Oswaldo Trigueiro ainda Ata do [PES, 29 de maio de 1962. 69. Comunicação de I. Garrido Torres ao
mente os seguintes títulos: Reforma Agrá-
havia sido designado pará esse tema); Comunicação de [osé Garrido Torres a IPES CD, 29 de maio de 1962, "conforme
ria. Legislação Anritrust, Reforma Tribu-
7) Participação dos empregados' nos lu- Gilbert Huber [r.). o que foi combinado com Harold C. Pol-
tária, Reforma Eleitoral, Participação nos
cros das empresas, Nélio Reis; land".
8) Funcionalidade do planejamento só-
60. A. STEPAN. The military in ... op, Lucros. Telecomunicações, Reforma Orça-
cito p. 186-87. mentária, Reforma Bancária. 70. [PES CE, 25 de maio de '1963.
cio-econôrnico. Objetivos e métodos apli-
3) Apresentar o orçamento mensal de
cáveis ao Brasil, Genival Santos; 6 J. Em uma carta do CE a [osé Garrido 71. (a) [PES CE Rio, 28 de agosto de
Torres, chefe do Grupo de Estudo do dia despesas do Grupo para atender aos encaro
9) Problemas da habitação popular pe- 1962. Glycon de Paiva. (b) IPES CE, 27
lo IBAD. Luiz Carlos Mancini; 5 de junho de 1962, enfatizou·se que: gos solicitados acima".
de dezembro de 1962. A PUC desenvolveu
10) Sindicalização rural; - "Após detida análise do relatório 62. Ata do [PESo 5 de fevereiro de 1962, para o IPES uma análise das eleições de
II) Telecomunicações, General Luiz A. apresentado pelo Chefe do Grupo de Es· losé Garrido Torres. Glycon de Paiva, J. 1962 para o Congresso e outros estudos
Medeiros, de O Globo. tudos e Behring de Maltas e r. Klabin. No CE do 'importantes para os quais ela contava
IPES. de 2 de maio de 1963. decidiu·se com infra-estrutura acadêmica apropriada.
- Os temas "a médio prazo" compre· - considerando a necessidade de afir.
endiam: .. "publicar lodos os trabalhos de estudos (c) lPES CD Rio, 20' de dezembro de
mar, junto à Opinião Pública, a orienta·
técnicos sob a responsabilidade do IPES" 1962, Glycon de Paiva. O Grupo de Estu·
I) Função económica e social da empre· ção do IPES, relativamente aos problemas
e "entre~ar aos deputados e senadores to- do contratou também o escritório de con·
sa moderna; nacionais mais em foco;
õos os nnleprojetos de lei para a apresen· sultoria de Paulo de Assis Ribeiro para Ca·
2) Expansão do mercado de capitais - considerando o ritmo provável em tação".
(medidas complementares propostas nas que tais assuntos serão discutidos no Con· zer um trabalho sobre o processo eleito-
reformas tributária e bancária, assim como gresso; 63. I PES CE, 28 de junho de 1962. rol, O padrão de conduta dos eleitores e
aquelas referentes ao mercado de ações e - considerando os compromissos assu· 64. IPES Rio (a) Comunicação de I. Gar· comportamento político, um estudo que
às sociedades anónimas); midos pelo Chefe do Grupo, em decorrên· rido Torres ao CD, 29 de maio de 1962. ficou conhecido por sua forma popular
3) Discriminação de receitas para o for· cia de decisão anterior; (b) Comunicação de I. Garrido Torres ao Quem elege quem. (d) lPES CE Rio, 5 de
t.alecimento do sistema federativo; - considerando, finalmente, a justa ob· General L. A. Medeiros, CE, 28 de junho novembro de 1963. Assis Ribeiro recebeu
4) Dinâmica do desenvolvimento eco- de 1962. também 400.000 cruzeiros como pagamen·
servação do mesmo Chefe, de que 'uma
nómico. Papel da iniciativa 'privada e do das maiores dificuldades encontradas até 65. Ata da sessão de trabalho do Grupo, to por "serviços extraordinários" pelo Le·
iniciativa estatal; agora no funcionamento do órgão tem si· 16 de mnrço de 1962. vantamento do Roteiro da Reforma Agrá.
5) Revisão da Constituição Federal e do do a falta de comando e a de entrosamen· ,ia.
66. Ata do IPES, 20 de março de 1962,
Sistema Parlamentarista; to nos setores do IPES'; . losé Garrido Torres ao General Herrera. 72. [PES CE Rio, 5 de Cevereiro de 1962.

266 267


função da questão agrária e no aliciamen-
73. (o) r. Carrido TORRES. A dcmocra- 83. José Arthur RIOS et alii, Recomenda- 90. J. W. ROWE, op. clt. p. 82.
to de apoio entre as classes de proprietá-
tlzação do Empresa no Brasil. Cadernos ções sobre a Reforma Agrária, Rio de Ja- 91. Vide Atas do IPES de (a) 18 de rios de terra através dessas organizações
Brasileiros, s.1. (4): 14-18, jul./ag. (b) Jor- neiro, Ed. do IBAD, 1961. p. XXXV. maio de 1962, (b) 25 de maio de 1962. (c)
políticas, lima vez tendo as suas propostas
ge Oscar de Mello FLORES e Cilbert HU- 84. Dênio Nogueira, Dirceu Lino de Ma- I de junho de 1962. (d) 4 de junho de sido aceitas. Assim, para a convenção da
DER [r., Democratização do capital. O Es- Bastos D'Avila, 1962. (e) 8 de junho de 1962. (I) 15 de
tos, Padre Fernando Gus- UDN de 1963 no Paraná, convocada para
tado de São Paulo, IOde outubro de 1963 tavo Corção. José I rineu Cabral e Moysés junho de 1962. (g) 22 de j.unho de ,1962.
debater assumes agrários, compareceu
(trabalho poro o 4.' Conferência de Rela- Roscnthal apresentaram trabalhos. O Es- (h) 27 de junho de 1962. (t) 29 de Junho
uma delegação de políticos e empresários
ções Públicas). tado de São Paulo, 13 de junho de 1963. de 1962. (j) 4 de julho de 1962. (1) 1I de
de São Paulo, que trazia consigo uma pro-
T. lynn Smith era um analista agrícola julho de 1962. (m) 18 de julho de 1962.
74. Dênio Nogueira e William Ernbry fo- posta pclírico-cconômica completa. 1n-
sénior do Departamento (n) 23 de julho de 1962. (o) 25 de julho
ram contratados por 200.000 cruzeiros. O de Estado ame- cluíam-se entre os pontos mais importan-
de 1962. (p) 27 de julho de 1962. (q) 31
onteprojeto de lei e sua justificativa custa- ricano. Ele pertencia também ao Instituto tes a rejeição ao proposto CGT - Coman-
de Estudos Brasileiros. à Universidade de de julho de 1962. (r) 3 de agosto de 1962.
ram 200.000 cruzeiros (Comunicação de [. do Geral dos Trabalhadores, a regulamen-
(s) 8 de agosto de 1962. (t) 13 de agosto
Corrido Torres ao CD do I PES, 29 de Vanderbilt e à Universidade da Flórida. Jo- tação do direito de greve, uma reforma
de 1962. (u) 15 de agosto de 1962, (v) 27
maio de 1962). Foram preparados mais sé Bonifácio Coutinho Nogueira era O pro- agrária modernizante-conservadora, uma
prietário da Usina Açucareira Ester, Cia. de agosto de 1962. (x) .3 de outubro de
dois estudos. O primeiro constituía de reforma eleitoral. a criação de um banco
1962. (z) II de outubro de 1962. (w) 18
uma análise e crítica do substitutivo apre- Agrícola São Quirino, Comercial Açuca- central, acarretando uma reforma bancá-
de outubro de 1962. (y) 9 de novembro
sentado pelo senador Sérgio Marinho pa- reira e Cafeeira e Cia, de Administração e rio e, finalmente, o estabelecimento de
Representação Ester. de 1962.
ra o projeto 3.55 da Câmara dos Depu- uma política econõmica de estimulo pelo
tados. O segundo foi divulgado no Bote- 92, lPES CE, 25 de julho de 1963. Atra- governo para atividades de exportação,
85. IPES CE, 25 de julho de 1963.
tim Mensal do IPES, definindo o posicio- vés do Grupo de Ação Parlamentar, o controle da inflação e patrocínio de aus-
namento do Instituto quanto ao assunto. 86. Ata do IPES, 20 de março de 1962. IPES procurava seus amigos no Congresso teridade, A delegação, presidida pelo polí-
O coordenador e relator desse grupo era e aqueles indivíduos que desempenhavam rico-ernpresário udenisto Roberto de Abreu
· I Dênio Nogueira.
87. Ata do IPES, 18 de maio de 1962. O
papel importante na articulação, como o Sodré, compreendia também os ativistas
CONClAP estava entre os que se mani-
Deputado Padre Godinho, eram colocados ipesianos Herman de Morais Barros, Os-
75. (a) IPES CE, 5 de junho de 1962. (b) festaram publicamente a favor de uma re-
.de sobreaviso, já que a elite se lançava em woldo Breyne da Silveira e Ariovaldo de
Comunicação de José Garrido Torres 80 forma agrária como aquela patrocinada
uma ofensiva contra a reforma agrária Pll;; Carvalho. O Estado de São Paulo, 28 de
General Herrera, em 29 de maio de 1962. pelo IPES. O Estado de São Paulo, 14 de
trocinada pelo trabalhismo, O I PES pre- abril de 1963. As teses foram adoradas.
Gilbert Huber [r, conseguiu apoio finan- junho de 1963, Vide também Paulo de
parou o material para O anteprojeto do
ceiro para o projeto e o Grupo de Doutri- Almeida Barbosa. A Gazeta, 8 de maio de 94. Carlos José de Assis Ribeiro preparou
deputado Aniz Badra que portava 212 assi-
na e Estudo de São Paulo também confe- 1963; relatório da Federação das Indús- um projeto de emenda constitucional para
naturas e era de natureza abrangente, in-
riu O seu apoio. trias de São Paulo na Folha de São Paulo, a Justiça Agrária e [osé Arthur Rios pro-
cluindo 79 artigos que tratavam de um
76. IPES CE, 27 de dezembro de 1962. 16 de maio de 1963. Outro projeto foi duziu um trabalho de análise do Projeto
amplo espectro de assuntos relacionados ii
passado no início de 1963, aparecendo n. 93 de 1963 do Senado, discorrendo so-
77. IPES CE, 25 de setembro de 1962, assistência agrícola, reforma da terra e vi-
também sem o nome do IPES. IPES CE, bre Estatuto da Terra. IPES CE, 23 de
Harold C. Polland. O IPES recebeu inten- da rural. Sobre o texto da lei, da forma
5 de março de 1963, J. Garrido Torres. maio de 1962. Outros estudos preparados
sa colaboração para o estudo sobre a Re- que foi apresentada, vide Correio da Ma-
88. Julian Chacel, CNI/Conselho Econô- pelo IPES incluiam: A Estrutura Agrária
forma do Legislativo e a Administração nhã, Rio de Janeiro, 7 de agosto de 1963.
mico, position paper preparado para o do Brasil, preparado por uma equipe com-
Pública. Dom Hélder
nou a H. Polland
Câmara
uma análise
proporcio-
sobre os
Grupo de Estudo sobre o "substitutivo
93. (a) IPES, Grupo de Estudo ao CD, 29 posta de Paulo de Assis Ribeiro, C. r.
de
de maio de 1962. (b) Súmula de Ativida- Assis Ribeiro, J. A. Rios, José Garrido
Afrânio lage" para a Lei da Reforma
mecanismos do Congresso, preparada por des Desenvolvidas pelo Grupo de Estudos Torres, Julian Chacel e Wanderbilt D. Bar-
Nelson Mota, filho do ex-integralista e pos- Agrária,
no período compreendido entre março de ros. Glycon de Paiva o apresentaria por'
teriormente liberal Cândido Mota. 89, Esses senhores eram, respectivamente, 1962 a fevereiro de 1963. (c) Ata do IPES, ocasião do Congresso de Reformas de Ba-
78. IPES. Documento de 10 de janeiro de di retores do Banco Português do Brasil, do 18 de maio de 1962. Os militantes ipesia- se, cm janeiro de 1963. Glycon de PAIVA,
1962. grupo financeiro e industrial Boa Vista, Introdução. ln: Estrutura 'Agrária do Bra-
nos viajaram por toda a zona rural, parti-
Bethlehern Steel e Companhia Brasileira
79. (o) IPES CD, 3 de abril de 1962. (b) cipando de uma variada série de aconteci- sil. IPES, 5 de novembro de 1963. Um ou-
de Explosivos, Fundação Getúlio Vargas,
Relatório do CE Rio, abril de 1962, GiI- mentos e organizando as classes dominan- tro trabalho muito importante por seu im-
Consórcio Brasileiro de Produtividade -
bert Huber [r. tes rurais ideologicamente, politicamente e pacto sobre o governo pós-64, preparado
CBP e finalmente da CONSUL TEC, Light
80, M. CEHELSKY. The policy process de outras formas. Um exemplo de tais ati- pela equipe do complexo IPES/IBAD, con-
S.A" IBAD, SPLAN, CBP, ESSO,
in Brazil: land reform 1961-1969. Disser- ABCAR, U,S, Steel Corporation, Esses vidades foi a reunião de Patos, no dia 23 sistia em um estudo que veio a se tornar
tação de doutorado. New York, Columbia de agosto de 1962, da qual participaram • o livro A reforma agrária: problemas -
.,.1 tecnoempresários ligados a grandes grupos
Univ, 1974, p. 130. Paulo de Assis Ribeiro e uma equipe de bases - soluções. Compunham essa equi·
petroqurmicos, industriais, construtores e
8!. N, BAILEY, op. cit, p. 220. de mineração, eram inteiramente a favor militantes do I PESo Esses militantes mos- pe os seguintes individuas: Glycon de Pai-
travam-se muito ativos também na molda- va, Harold C.· Polland, Paulo de Assis Ri-
82, Ação Democr6tica. Rio de raneiro, da interdependência entre os setores ru-
gem de posições partidárias de direita em beiro, J, Garrido Torres, José Arthur Rios,
fevereiro de 1962. p, 12. ral e industrial.

268 269

..

I
Dênio C. Nogueira, Carlos José de Assis 100. IPES CE, 29 de novembro de 1962. Estado de São Paulo, 17 de setembro de São Paulo, 28 de agosto de 1962. (d) IPES.
Ribeiro, Edgard Teixeira Leite, Julian Cha- Telegrama de Glycon de Paiva ao senador Reunião Geral. São Paulo, 23 de outubro
1963.
cel, Luís Carlos Mancini, J. Irineu Ca- Mem de Sá. de t962.
105. Jean Marc van der Weid, líder estu-
bral. Wanderbill D. de Barros, Nilo Ber- 101. A reforma da política do uso de re- 110. Carta oficial do IPES-São Paulo
dantil da oposição em meados de 1960,
nardes. Participaram também os Generais cursos naturais loi preparada por Paulo de (Flávio Gaivão) ao IPES·Rio, 16 de no-
[embrava-se de que se realizara em sua ca-
Golbery c Herrera. Carta de P. A. Ribei- Assis Ribeiro e Glycon de Paiva. Vide vembro de 1962. Protocolo N. 667. 1962.
sa em 1963 uma reunião com vários re-
ro o LuIs Viana Filho em Notas sobre a também as atas do: (a) CE, 14 de agosto presentantes da rede de comunicações e III. E interessante observar alguns co-
implantação da rejorma agrária, s. d., no de t962. (b) CE, 16 de agosto de 1962. (c) da indústria publicitária. incluindo apre· mentários feito. em função de cada nome.
urquivo de Paulo de Assis Ribeiro. Vide CE, 17 de agosto de 1962. (d) FE, 20 de sidente da segunda maior companhia de
também (a) [osé I. de Sá Freire ALVIM. agosto de 1962. (e) CE. 27 de agosto de
A participação do General Golbery era
publicidade do Rio de [aneiro (McCann· considerada como não "conveniente", O
Os números revelam a necessidade de re- 1962. (O CE, 28 de agosto de 1962. (g) Erikson) e um gerente da American Light General Mamede "não tinha condições pa-
forma agrária. A Delesa Nacional, Rio de CE, 5 de setembro de 1962. (h) CE, 6 de and Power. O objetivo da reunião consis-
[aneiro (587):31-6, jul. 1963. (b) Estudo' setembro de 1962. (i) CE, 10 de setembro r. participar". Herbert Levy, Mem de Sá,
tia em discutir os meios de participação
sobre a reforma agrária, lançado em janei- de 1962. (j) CE, II de setembro de 1962. Carlos Lacerda, Armando Falcão e Carva-
na campanha do complexo IPES/IBAD
ro de 1964 em cinco línguas, conforme a (I) CE, 12 de setembro de 1962. (m) CE, lho Pinto estavam profundamente envolvi-
contra [oão Goulart e a esquerda traba-
carta de H. C. Polland a João Goulart em 13 de setembro de 1962. (n) CE, 17 de se- dos na campanha de televisão do IPES.
Ihista. O tio de Van der Weid, O deputado
O Estado de São Paulo, 10 de janeiro de tembro de 1962. (o) CE, 18 de setembro IPES CD, 19 de junho de 1962.
Fábio Sodré, que era o assessor legal da
1964. (c) J. A. RIOS. O que é e o que não de 1962'. (p) CE, 19 de setembro de t962. American Light and Power e grande ami- 112. Houve esse programa no dia 25 de
é reforma agrária. Cadernos Brasileiros. (q) CE, 20 de setembro de 1962. (r) CE, go de Niles Bond, O adido cultural da Em- outubro de t963.
Rio, (4):45·50, jul./ag. 1963. (d) M. DIE· 24 de setembro de 1962. (s) CE, 25 de se- baixada Americana, envolveu-se também
GUES ?r .. Antecedentes da reforma agrária tembro de 1962. (r) CE, 27 de setembro 1t3. Foi apresentada no dia 2 de julho
na campanha. [an Knippers BLACK. op.
no Brasil. Cadernos Brasileiros. Rio, (4): de 1962. (u) CE, 28 de setembro de 1962. de 1963.
cito p . .81.
514, jul./ag. 1963. (e) J. V. Freitas MAR· (v) CE, II de dezembro de 1962. (x) CE, 114. A mensagem foi proferida no dia 4
CONDES. O Estatuto do trabalhador ruo 19 de dezembro de 1962. (z) CE, 20 de 106. IPES CD Rio, 29 de maio de 1962.
O IBAD prc~rou 50 perguntas e respos- de agosto de 1963. O Almirante Heck foi
ral c o problema da terra. Cadernos Bra- dezembro de 1962. (aa) CE, 27 de dezern-
tas estereotipadas que seriam reproduzidas acompanhado e esperado no aeroporto de
sileiros. Rio, (4), jul.lag. 1963. (O C. Guin- bro de 1962.
em todos os Estados e em todas as ernis- Congonhas, onde ele desceu, por diversos
le de Paula MACHADO. Reforma agrá-
102. Valentim Bouças era diretor das se. saras de rádio e de televisão. Por exern- associados do complexo IPES/IBAD.
ria. Cadernos Brasileiros. Rio, (1):72·7,
guintes corporações multinacionais e asso- plo, respondendo a pergunta do entrevis-
jan./fev. 1963. 115. Apresentado no dia 10 de fevereiro
ciadas: Swift do Brasil, ITI, Cia, Brasi- tador sobre a crescente ameaça comunista
95. "O IPES, seção do Rio de Janeiro, de 1963.
leira de Material Ferroviário - COBRAS- no Brasil, o entrevistado teria de dizer que
vem mesmo realizando um movimento de MA, Serviços Hollerith, National Cash Re- "A ameaça comunista está crescendo, prin· t 16. Política e Negócios, 19 de agosto de
esclarecimento 'em torno das chamadas re· gister, Panair, Listas Telefônicas Brasilei· cipalmente devido à omissão das autori· 1963. p. 30.
formas de base, lançando manifestos com ras, Addressograph-Multigraph do Brasil, dades. Ele deveria então ci tar os casos da t 17. IPES CD, 27 de novembro de 1962.
princípios expurgados do "vfrus totalitário U. S. Bethlehem, American Bank Note Co., UN E, das Ligas Camponesas e dos pro- Contratado por M. Villela.
e comunista". João Baptista Leopoldo Fi· Coca·Cola, Cia. Nacional de Máquinas Co- nunciamentos públicos do governador
gueiredo, citado em O Estado de São Pau· merciais, Goodyear. Ferroenamel e Cia. 118. IPES CE, 20 de março de 1962. Pá·
Brizola. Deveria também falar da ação dos
Imobiliária Santa Cruz. O seu filho, Jorge trocinado financeiramente pela Fábrica de
lo, 7 de março de 1963. Vide também Ge· sindicatos, controlados pelos comunistas e
Bouças, era também diretor da Addresso- Geladeiras COnsul e por Coco Serigy, en-
orge N. BEM IS. op. cit. p. 58-9. da infiltração vermelha em todos os prin.
graph·Multigraph, Serviços Hollerith e Cia. tre outros.
96. Edmundo Macedo SOARES. Interpre- cipais setores de atividade do paIs". loão
Imobiliária Santa Cruz S.A. 119. IPES. Comunicação interna do Ge-
tação dos ,nteresses e das aspirações do S. DORIA. IBAD: conspiração internacio-
103. Carta de Manuel Linhares de Lacer· nal contra as reformas. Politica e Neg6- neral Liberato da Cunha Friedrich a FIá·
povo brasileiro: análise. econ6mica. ESG.
da, Brasnia, 30 de abril de 1964. "Motivo: cios. São Paulo, Genival Rabelo Ed., 4 de via GaIvão, de São Paulo, 29 de abril de
Documento n. C·25-63, p. 29-36..
Audiência com o Presidente. Assunto: So- 1963. Segundo o General Libera to, por in-
97. IPES CE, 8 de janeiro de 1963. novembro, 1963. p. 10.
licitar solução para o conteúdo do dossier termédio da colaboração da V ASP, foi
98. Elas foram programadas para come· encaminhado à Presidência da República 107. IPES CE Rio, 30 de maio de 1962.
enviado para São Paulo o videolape do
çar no dia 9 de dezembro de 1962. Elas por intermédio do General Ernesto Gei· Uma linha mista de "Dogmatismo com
discurso de Annando Falcão na TV Rio-
foram publicadas todos os domingos a seI". Vide os documentos de Humber· Problemas Políticos".
Canal 13, no dia 19 de abril de 1963. A
partir de janeiro. IPES memorando, 21 de to Alencar Castello Branco, Arquivos 108. IPES CE Rio, 4 de junho de 1962. Denisson Propaganda, que se encarregou
--:.: novembro de 1962. CPDOC, Rio de Janeiro. Diretrizes para o programa de televisão: t da gravação, pediu ao secretário do IPES
...
. r.t . 99. Carta de P. Assis Ribeiro a J. Garrido
Torres, 5 de fevereiro de 1963, Rio de la·
104. Adyr Fiúza de CASTRO. O fim de
um exército. A De/esa Nacional. Rio,
"Encontro de Democratas com a Nação".
109. (a) IPES CE Rio, 3 de julho de 1962.
de São Paulo que entrasse em conta to, ur-
gentemente. com a Rádio Rio LIda. (das
neiro, no arquivo de Paulo de Assis Ri· (586):3·16, juJ. 1963. O mesmo artigo foi (b) CE Memorando com lista de "Nomes Emissoras Unidas) para que se fizesse
beiro, Rio de Janeiro. basicamenle reproduzido mais tarde em O lembrados para TV". (c) IPES Ch. Gr. uma cópia d. gravAçiio, a fim de revezá·la

270 271


Caterpillar". "A reação? Extremamente va ti seca e árida região Nordeste do Bra
para Brasílin para O programa "Frente a 129. O Estado de São Paulo, 18 de outu- sil cm um abundante pomnr) e .. Esta é a
favorável. segundo uma pesquisa subse-
Frente", no dia 1 de maio de J963. bro de 1963. Minha Vida" (a estória do progresso al-
qüentemente conduzida através dos postos
120. N. BLUME. op. cito p. 216. 130. (a) C. S. HALL. op, cito p. 142. (b) da USIA". lntercãmbio. Estados Unidos. cunçadc por um trabalhador sob • égide
Vide Cap. III sobre as atividades do com- da empresa privada). O CLA proporcio-
J21. Veja, 16 de <março de 1977, (445):6. 1(4): I, July 1965.
nou modelos para discursos públicos e
plexo IPESI.IBAD dentro das Forças Ar-
122. (a) O Estado de São Paul~, 7 de no- 137. IPES Ch. Gr., São Paulo. 8 de [a- material para a irnprensa e o rádio. como
madas.
vembro de 1963. (b) João DORIA. op. cit. neiro de 1963. o seguinte:
p. 10. 131. IPES CD, 24 de julho de 1962. Da- CLA - CRC - Circular 52/65
138. IPES. Reunião Geral. 9 de outubro
123. IPES CD, 22
de maio de 1962. Ao rio de Almeida Magalhães e H. C. Pol-
de 1962. Ref.: ENTREGA UE COMENTÁRIOS
argumentar a favor da retirada do patro- land. Foram pagos 500.000 cruzeiros aos
PARA O RADIO E A IMPRENSA
cínio de seu programa, Rui Gomes de AI· dois para "despesas". 139. lPES CE e CD São Paulo. 20 de no-
Junto a esta circular temos o prazer de
meida observou que "O revólver é nosso. vembro de 1962, João Baptista Leopoldo
132. Nesse relatório do CD do IPES. do remeter-lhes os seguintes artigos:
.Nós permitiremos que outro O anuncie e dia 13 de novembro de 1962, assessorado Figueiredo.
atirem em nós?" Vide ainda Nelson Wer· t) O PAPA E A PAZ INTERIOR.
por Hélio Gomide, ele comentou os assun- 140. N. BLUME. op. cito p. 217.
neck SODRE.. A História da imprensa no 2) A CENOURA E A VARA.
tos que eram o foco para a campanha do
Brasil. Rio de Janeiro, Civilização Brasilei- bloco nacional reformista (inflação, capital 141. I PES CE e Ch. Gr. São Paulo. 8 de 3) SUKARNO NO OCASO.
ra. 1966. p. 480.
estrangeiro, processo de exploração, vanta- janeiro de t963. 41 SERÁ ISTO AINDA COMUNIS·
124. Genival RABELO. O capital estran- gens para os portuários, etc.), Recomendou MO?
geiro. Rio de Janeiro, Civilização B~asilei·
que se produzisse matéria contra esses as-
142. Gilbert Huber Ir. se encarregaria das
5) SERÁ O TERRORISMO UMA
ra, 1966 .. p. 219. despesas de um filme sobre "as modifica-
suntos para as "estações locais" e fez uma FORÇA PARA O PROGRESSO SO-
125. Os treze fundadores da ABA foram ções no conceito de homem de empresa".
avaliação das vantagens do rádio em rela- CIAL?
ARNO S.A., Atlantic Refining Coo of Bra- orçado em 2 milhões de cruzeiros. I PES
ção à imprensa escrita. CE São Paulo, 2 de abril de 1963. Lembramos que este material pode ser
zil, Burroughs do Brasil, Cia. Gessy Indus-
usado, editando-o ou sem editar. com a
trial, Eletro Indústria Walita S.A., Ford 133. Ata do IPES, 25 de maio de 1962,
143. De vez em quando, os filmes sofriam assinatura do autor e preferivelmente
Motor do Brasil S.A., General Electric General Colbery.
readaptações e atualizações para serem adaptado na estilo local.
S.A., Philips do Brasil S.A., Shell do Bra-
134. IPES. Reunião Geral, São Paulo, 9 coadunados com as novas circunstâncias. Recordamos 'lovamente a necessidade
sil Lrda., Texaco Inc. (Brazil), The Coca-
de outubro de 1962. A regravação de "Portos Paralíticos" e de de receber seus recortes. impressões e con-
Cola Export Corporation e a Willys. Over-
"Economia Estrangulada" custou ao IPES selhos. Muito obrigado.
land do Brasil, a maior parte delas relacio-
135. N. BLUME. op. cit, p. 217. 750.000 cruzeiros. IPES. Reunião geral,
nadas com o IPES, como contribuintes ou NOTA: E favor usar esta mesma folha
São Paulo, 16 de outubro de 1962.
por meio de seus diretores. Entre outras 136. Intercâmbio, a publicação do Coun- para os seus comentários que serão bem
companhias que se ligaram à ABA desta- cil for Latin America, chamava a atenção 144. IPES CD, 7 de agosto de 1962. recebidos.
cavam-se: Alumínio do Brasil, Mobil Oil de suas leitoras - as companhias que in- COMENTÁRIOS:
do Brasil, Frigorífico Wilson do Brasil, 145. I PES CD, 28 de agosto de 1962.
tegravam o Fundo de Ação Social, em 8 de outubro de 1965.
Mercedes Benz do Brasil, Pirelli S.A., Cia.
São Paulo - que "Companhias perspica- 146. Após o golpe de 1964, o Council for Toda semana o CLA mandava cinco ou
Swift do Brasil, Anderson Clayton & Cia.,
zes estão usando cartuns para atingir os Latin America fez o acompanhamento da seis artigos novos para cerca de 100 porta-
Armações de Aço Probel S.A., Pneus Fi-
trabalhadores e as populações rurais de li- . cooperação de fontes externas. Em seu re- vozes do rádio c da imprensa na América
restone, Cia, Goodyear do Brasil, São Pau-
mitada capacidade de leitura. Caso em latório de outubro de 1965. foi declarado Latina. O objerivo básico desses artigos
10 Alpargatas S.A., Bendix do Brasil Ltda.,
Vemag S.A., Volkswagen do Brasil, Philco
questão: EI camino hacia el futuro, a co- que "Assistência diária aos grupos locais era fortalecer atitudes que fomentavam o
média de 16 páginas da Caterpillar Trac- se estende desde fornecer a novos grupos que era concebido como "desenvolvimento
Rádio e Televisão, Avon Cosméticos, Ir-
tor, que contava a estõria dos esforços idéias sobre projetes iniciais, relativamente democrático". Um intercâmbio foi estabe-
mãos Lever SA., Brastemp Aparelhos Do-
conjuntos de uma construção de estrada simples e baratos. até propiciar a grupos lecido entre os serviços de imprensa .SIB
mésticos Ltda. e Farloc do Brasil S.A., no-
pelo governo e camponeses em um vila· já estabelecidos informações e recursos pa· e o CLA. através. do qual o SIB ·usaria·.
vamente uma longa lista de membros e
rejo da América Latina. Aproveitando a ra atividades mais importantes". O Coun- material de rádio e imprensa do··CLA e
contribuintes do IPES. Vide RABELO.
·op. cito p. 218-19. oportunidade, ela inseria os objetivos da cil for Latin America posteriormente pa· este distril>uiria material do SI B para os
Aliança para o Progresso e fazia a propa- trocinou alguns filmes. entre eles o conhe·
126. IPES CE, 8 de junho de 1962. países de Ifngua espahhola. Foram também
ganda da Caterpillar (apenas através do cido- "Sermão de Campinas" (que foi assis-
127. (a) IPES. Relatório das atividades do oferecidas novelas de rádio (u!]1a série de
logotipo desenhado no equipamento de tido por cerca de 13.000.000 de brasilei-
lPES, São Paulo, 1963. (b) N. BLUME. 50 ou 60 capítulos de meia hora de dura-
construção). Um milhão de cópias em por· ros), "O Preço da Vida" (que documen-
op. cito p. '217 .. ção). Essas novelas de rádiQ ~ontinham

128. Robinson ROJAS. Estados Unidos


tuguês e espanhol
esta data, pela
foram
USIA
distribuídas,
(U.S. Informarion
até taya as contribuições
cêutica internacional
da indústria
em prol da salide e
farma·
uma mensagem pró-C6pitalista cm meio ao
do bem-estar), "Terra Proibida" (que mOs' ontretenin)ento, fomentando a "mobilida-
en Brasil. Santiago, Chile, Pre.osa Latinoa· Agency), cm 14 países - geralmente com
trava como o capital privado transforma- de e escolha social". Vide Coullcil 0/ Lo-
mericana, 1965. p. 153. a cooperação dos representantes locais da

273
27i


tin America Report. New York, Out, 196j. reira de Souza, José Rubem Fonseca, José talitário e planejamento democrático e Francisco Leme Lopes (SIl. Paulo de As-
p. 2 .... Ulpiano de Almeida Prado. Maurício ViI- 7) Fortalecimento do potencial econômico e sis Ribeiro. Vicente Barreto. Gilbert Hu-
leia, Miguel Lins, Oswaldo Tavares, Othon desenvolvimento. Documento N. I. Forta- ber Jr., Gilberto de Ulhoa Couto, João
147. Ata do IPES, 23 de outubro de 1962. Barcellos Correa, Paulo Ayres Filho, Paulo lecimento do Potencial Nacional - Plane- Carlos Moreira Bessa, r. Garrido Torres
Reis Magalhães. Rui Gomes de Almeida e jamento, s. d. Preparado pelo General Gol- (sobre a Análise e Diagnóstico da Reali-
H8. Reunião geral do IPES São Paulo, 25
Zulfo de Freitas Mallman. tendo sido de- dade Brasileira).
de setembro de 1962. Relatório de Ricardo bery.
Cavalcanti de Albuquerque sobre a utiliza- signado coordenador geral Antônio C. A_
160_ O ciclo de conferências realizou-se 162. (a) IPES CE, 6 de junho de 1963.
çolo de seis documentários. Osório.
entre 13 de agosto e 29 de setembro de (b) O Estado de São Paulo. 2 de agosto
157. O Apêndice N apresenta uma sele- de 1963_
149. Reunião geral do IPES São Paulo, 9 1963. Os oradores foram Alceu Vicente
de outubro de 1962. ção de temas para os seminários organiza- Wightman de Carvalho (sobre Implicações 163. A elite orgânica conseguiu acompa-
dos e patrocinados pelo IPES, temas es- Económicas e Sociais da Explosão Demo- nhar essas discussões com publicações
150. Ch. Gr. São Paulo. 25 de setembro tes que refletem o nível sofisticado da elite grdfica); Sandra Cavalcanti (Problemas
de 1962. que causaram um forte impacto na comu-
orgânica em sua campanha para conquis- Habitacionais), Achilles Scorzelli Júnior nidade empresarial e entre os milhares.
tar O bloco burguês e desarticular seus ad- (Problemas de Saúde); José Arrhur Rios
" I. Os fiImes foram orçados em .... Uma dessas publicações de tamanha in-
versários. (Diferellças Sociais); Paulo de Assis Ribei-
1.700.000 cruzeiros cada. IPES. Memoran- fluência foi o livro Segurança Nacional.
do. 21 de novembro de 1962. 158_ Por tradição. 05 clubes sociais e es- ro (Ácesso à Educação); Odylo Costa Fi- publicado pelo Forurn Roberto Simmon-
portivos eram os centros de comunicação lho (Assistência Social à Infância e [uven- sen, da FIESP. em 1963. Ele continha ar-
152. (a) IPES CE "Rio, 14 de junho de rude}; Moacyr Velloso Cardoso (A Verda- tigos escritos por Otávio Marcondes Fer-
informal entre empresários. burocratas e
1962. (b) Moniz BANDEIRA. O governo de sobre a Assistência Social); Fábio Ma- raz. A. C. Pacheco e Silva e pelos Gene-
políricos. Nesses locais, já se esquematiza-
João Goulart: as lutas sociais no Brasil cedo Soares [Desequilíbrios Regionais); rais Edmundo Macedo Soares, Lyra Tava-
ram articulações de diretrízes, uniões de
1961-1964. Rio de Janeiro, Civilização Bra-
sileira, 1977. p. 74. De acordo com eSSA
interesses econspirações polfticl>-militares. Mário Henrique Simonsen (As Implica-
"ções Sociais, Políticas e Econômicas da 1,,-
res e Humberto de Alencar Castello
A composição social. regional e étnica de Branco.
fonte, Stone teria sido agente da CIA. fiação); Nério Battendiery (A Questão Sa-
seus membros sempre refletiu e determi-
153. IPES CE Rio, 8 de junho de 1962. larial); Jorge Duprat de Brito Pereira (De- ,164. N_ DAILEY. op, cit. p, 220.
nou divisões de classe e status, bem como
fortaleceu essas identidades. Sobre a verda- semprego e Subemprego); [ayme Magras-
154. Todos os meios possíveis de comu- 165. IPES CE Rio, 19 de junho de 1962.
deira participação desses clubes sociais e si de Sá (Subconsumo); Wanderbilt Duar-
nicação e pressão (jornais, conferências, Para Dario de Almeida Magalhães. "A Tá-
esportivos no movimento civil-militar. vide te de Barros (Tensões Decorrentes do Uso
artigos, simpósios, reuniões privadas. pres- tica é fazer a ação extremista. mas com
Cap. VIII. Os militares tinham também da Terra) e Benedito Silva (Inadequação
são econômica e profissional) foram utili- uma porção de biombos [M. Salles, D, H_
os seus clubes "políticos". O Clube Mili- da Estrutura Governamental),
zados para moldar os empresários racional C.• Alceu Lima etc.]. O Cardeal está fir-
tar e o Clube Naval constitulram significa- me".
c emocicnalmenre, Esperava-se que os em- 161. Os cursos tratavam de "Democracia
tivos centros de discussão de diretrizes e
presários, por sua vez, levassem "às suas Política e Democracia Econôrníca", "Em-
bases conspirativas até 196-4. A sua impor- 166. O Estado de São Paulo. 18 de outu-
companhias a mensagem democrática do presários e a Dinâmica das Estruturas do
tância como centros de discussão livre S()- bro de 1963.
IPES". IPES CE Rio, 29 de novembro de Estado". "O Significado Político e Econõ-
freu visível declínio depois do golpe,
1962, General Liberato. Vide também Ata mico da Democratização do Capital". 167. Foi feito com a intenção de ficar c0-
do IPES, 27 de novembro de 1962, sobre 159. Ata do IPES, 20 de novembro de "Ações como Expressão e Instrumento do nhecido como a "Resposta Cristã para um
as tentativas de organizá-lo como O reio 1962. Uma idéia do tipo de formação ideo- Capital". "Estratégia de Grupos de Pres- Brasil em Crise"_ ta) IPES CE Rio, 19 de
das associaçôes comerciais. A idéia da lógica que se desenvolvia é sugerida ao são contra o Capitalismo Democrático" e dezembro de 1962. (b) Carta de Glycon
criação de um IPES "em cada empresa" considerar os subtítulo. de um dos traba- "Planejamento e Capital". Entre os con- de Paiva à Pontifícia Universidade Cat6-
começou a tomar vulto e também o esti- lhos distribuídos nessas conferências em ferencistas. destacaram-se Carlos José de lica. IPES 62/1716 de 20 de dezembro de
mulo às ações paralelas, tais como as da um dos clubes da sociedade p.....lista. que. Assis Ribeiro, Dênio Nogueira. Luiz Ca- 1962. Uma lista de' participantes e temas
Associação dos Dirigentes Cristãos de Em- diga-se de passagem. não é de se esperar bral de Menezes. Octávio Gouveia de Bu- mostra aquelas pessoas e aqueles assuntos
presa - ADCE, que, segundo Jorge Frank que fosse o lugar para tal conferência. O Ihões e Themístocles Brandão Cavalcanti que, a essa altura. devem ser familiares ao
Geyer, já era "um tipo de IPES". IPES trabalho chamava-se Fortalecimento do (para o seminário sobre -a Democratização
leitor: Alceu Amoroso Lima (Análise da
CD Rio, 27 de novembro de 1962. Potencial Nacional - Plane;amento e tra- do Capital); João Baptista Vianna, C. J.
Crise Nacional); Oswaldo Trigueiro (Op-
155_ Seminários do _l1'ES. Rio, 1_ d. p. I. tava de: 1) O significado/sentido da prl>- de Assis Ribeiro, Eudes de Souza Leão,
ções e Objetivos das Reformas de Base);
blemáiica da Segurança Nacional - a. Paulo Mário Freire. F_ Mbielli de Carva-
156. Id. p. 4, Os seguintes diretores do "Gerações Conscientes", 2) Poder e Poten- lho, Ary Campista. o General Anápio GI>- Sucupira (Evolução HistÓrica de Temas
IPES orientariam os seminários:' Antônio mes, o 'Brigadeiro João Mendes da Silva, Sociais); Oswaldo Trigueiro (Reforma da
ciai Nacional - duas perspectivas diferen-
Carlos do Amaral Osório, Augusto Traja- tes da mesma realidade, 3) Esferas de pIa- Milton Monteiro. Almino Affonso (para o Estrutura Politica); José Murta Ribeiro
no de Azevedo Antunes, Cãndido Guinle nejamento no campo da Segurança Nacio- seminário sobre A Empresa Privada e a (Reforma Judiciária); Lucas Lopes (Re-
de Paula Machado, Glycon de Paiva, Ha- nal, 4) A dinâmica natural do fort.led- Segurança Nacional); C. J. de Assis Ribei- forma dos Serviços de Utilidade Pública);
rold C. Pol1and. Israel Klabin, João Bap- mento do potencial, j) A intervenção Paulo de Assis Ribeiro (Reforma Adminis-
ro. Almifo Affonso, o General Pop~ de
tista Leopoldo Figueiredo, José Luiz MI>- consciente no processo, 6) O dirigismo tI>- Figueiredo. Glycon de Paiva. o Padre trativa); Jos6 Garrido Torres (O HomllTII

275


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e a Ordem III/emocionai); Dias Carneiro Crippa apresentou um plano de ação para 181. 1 PESo Documento n. 3. Vagas ou. fim Netto (Progresso Económico e Pro-
(Política Externa); João Camilo de Olivei- 1963, que foi estudado por Paulo Edmur ponlveis, Rio de [arteiro, 6 de junho de gresso Social), Carlos de Assis Ribeiro
ra Torres (Poíttlca de Comércio Exterior}; de Queiroz. Esse plano incluía o estabe- (Planos para O Desenvolvimento), Mário
1963,
Alexandre Kafka e João Baptista Pinhel- lecimento de uma Escola Superior de Li- Henrique Sirnonsen (Reforma Tributária,
ro (Capital Estrangeiro); Daniel Faraco (O derança, a expansão do Instituto de For- 182. IPES CE Rio, 29 de novembro de Implicações Politicas, Sociais e Econõrni-
Homem e a Economia): Mário Henrique mação de Líderes e a Agência de Notícias 1962. "Não concebo êxito para qualquer cas da Inflação). Dênio Nogueira (Reíor-
Simonsen (Reforma Tributária}; Carlos Planalto, assim como a criação de um se- ação que salvaguarde o regime dernocrâti- ma Bancária, Objetivos e Implicações re-
José de Assis Ribeiro (Reforma Orçamen- minário político e ideológico. 1. B. Leo- co se não for apoiada em idéias. Uma sultantes da Reforma Monetária), J. L.
târia}; Aníbal Villela (Reforma Antitrust}; poldo Figueiredo pediu a Paulo Edmur de idéia só se combate efetivamente com ou- Moreira de Souza (Reforma Empresarial,
Oscar Barreto Filho (Reforma do Merca- Queiroz para ser o contare com o Padre tra idéia melhor". "Por que não se cria Democratização do Capital), [osé Arthur
do de Capitais); Octávio Gouveia de Bu- Crippa, de forma que o Padre apresentas- uma instituição para pregação dos ideais Rios (Reforma Agrária, Reforma da Polí-
Ihões e José Luiz Moreira de Souza (Em- democráticos". I· Garrido Torres ao CD, tica Habitacional), Paulo Sá (Leis Traba-
presa Privada); r. Queiroz Filho {Partici-
se seu orçamento e fixasse as prioridades.
IPES CE e Ch. Gr., 18 de dezembro de
29 de maio de 1962. Ihistas e Empresas), Paulo de Assis Ribei-
pação nos Lucros); Frederico Rangel (Le- ro (Processo de Reformas), João Camilo
1962, para o projeto que acabou sendo es- 183. I PES Grupo de Integração, relatório
gislação Trabalhista); Carlos José de As- de Oliveira Torres (Democracia e os Re-
truturado. de 10 de novembro de 1964. A idéia de
sis Ribeiro (Previdência Social); [osé Ar· gimes Totalitários). Octávio Gouveia de
formalização da existência da ADlPES
thur Rios (Estruturas Sociais); Paulo de 172. IPES São Paulo. Relatôrio das Ati· Bulhões (O Desenvolvimento do País e
surgiu em virtude da necessidade de pre-
Assis Ribeiro (A Dignificação do Homem); vidades 1963. p. 2. Política Externa), Roberto Campos (Polí-
encher novamente os quadros do IPES,
Julian Chacel (Estrutura Agrária); Luiz tica Externa e o Desenvolvimento do
que se encontravam desfalcados pela inte-
Carlos Mancini (Ouestão Habitacional); 173. IPES CE e Ch. Gr. São Paulo, 31 País): Hélio Drago, Fábio Macedo Soares
Dom Helder e Luiz Alberto Bahia (O Di- de janeiro de 1963. gração· de seus membros no governo. de-
Guimarães (Aspectos Fisiogrãficos do Bra-
rei/o de Expressão e sua Função Social); pois do golpe de abril de 1964. Em agosto
sil), José Garrido Torres, Moacyr Veloso-
Sílvio Frées de Abreu (Conservação dos 174. [osé Ely Coutinho, que sucedeu de 1964, a diretoria da ADIPES compreen-
Cardoso de Oliveira e Wanderbilt Duarte
Recursos Naturais). Outros temas eram: Adalberto Bueno Neto nos conta tos que o dia Harold C. Polland, Leopoldo Figueire-
de Barros. Lista composta a partir dos N.
IPES estabeleceu com a ACM, ligado a do [r., Torge Frank Geyer, Alberto Venân-
Reforma Eleitoral, Reforma Legislativa, 19 a 39 do Boletim Mensal, IPES.
Educação como um Fator na Formação do João Nogueira Lotufo, como membro da cio Filho e Narzy Maia. Relatório da ADr·
PES, Rio de [aneiro, 21 de janeiro de Encontravam-se entre os conferencistas
Homem e também Saúde e Sanitarismo. O ACM, que também era membro ativo da
1965, por Orrny Rosolem. e temas dos cursos ministrados depois de
seminário realizou-se com o patrocínio American Chamber of Commerce. IPES abril de 1964: António Saturnino Braga
conjunto da Pontifícia Universfdàde Cató- São Paulo, Reunião Geral, a 16 de outu- 184. IPES. Documento n. 4. Temas a (Aspirações do Povo Brasileiro); Luiz AI·
lica do Rio de [aneiro, que participou dos bro de 1962. Considerar, Rio de Ianeíro, 6 de junho de berto Bahia (Contexto Político e Modelos
custos. Vide IPES CE, 29 de novembro de 1963. Esse documento fornece uma lista de Económicos); Hélio Beltrão (Política da
1962. O IPES também planejou um serni- 175. O Estado de São Paulo, 20 de outu-
temas disponíveis para esses cursos: Reali- Reforma Administrativa do Governo); o
nário com o Instituto de Estudos para o bro de 1963.
dade Brasileira, Democracia e os Regimes Coronel Hélio Gomes do Amaral (Política
Desenvolvimento Social Económico, de Totalitários, Democracia e a Igreja, O De· Nacional de Telecomunicações); o Coro-
176. Carta do IPES 64/0128 a Frei Metó-
losé Arthur Rios e do Padre Lebre!. I PES senvolvimento do Pais e a Política Exter· nel Wilson Moreira Bandeira de Mello
dio, de 18 de fevereiro de 1964, pelo Ge·
CE Rio, 28 de março de 1963. Paulo de na, Progresso Econômico é Progresso So- (Ciência, Pesquisa, Tecnologia e Desenvol·.
neral Liberato.
Assis Ribeiro procurou também a colabo- cial, Democratização do Capital, A Legis. vimento); Glycon de Paiva (População e
ração de Raquel de Queiroz, para que ela 177. (a) IPES CE e Ch. Gr. São Paulo, lação Trabalhista Brasileira e a Empresa, Desenvolvimento, Produção Mineral); Eu·
elaborasse uma cartilha sobre as reformas 18 de dezembro de 1962. (b) IPES CE, 21 Planos para o Desenvolvimento, O Pro- des de Souza Leão (Produção Vegetal e
fundamentais necessárias ao país. Carta de de maio de 1963. cesso de Reformas de Base no Brasil, Re· Políticas Agrárias); Durval Garcia Mene·
P. A. Ribeiro a T. Garrido Torres, 5 de forma Tributária, Reforma Bancária, Re· zes (Gado de Corte); o Coronel Antonino
fevereiro de 1963, no Arquivo de Paulo 178. Ciclo de Conferências. O Es/ado de forma Empresarial e Reforma Agrária. D6ri. Machado (Produção Industrial, ln·
de Assis Ribeiro. São Paulo, 12 de dezembro de 1963. dústrias Siderúrgicas); lohn Cotrim (Fon·
185. (a) IPES. Rela/ório 1963, p. 3. (b)
168. N. BLUME. op. cito p. 216. 179. Conforme foi enfatizado pelo Gene· tes Energéticas), A. Trajano Antunes (Pou·
IPES. Documento N. 1, Rio de Janeiro, 6 pança Interna, Investimentos); Walter
ral 10ão Baptista Tubino: "O IPES, entre de junho de 1963.
1~9. Embora o Padre Crippa tenha sido Lorch (Política de Transportes); Sérgio
seus mais altos objetivos declarados deve·
removido de São Paulo, pelo Cardeal Mo· Paulo Rouanetl (Política de Comércio Ex·
ria visar ao aperfeiçoamento da consciên· 186. Objetivos do Curso. Entre outros,
ta, e mandado para Campinas, ele voltava terior); Achilles Scorzelli Ir. (Políticas de
cia cívica e democrática das diferentes destacavam·se como professores dos cursos
com regularidade para continuar o seu tra· Saúde) e Geraldo Danemmann.
.~. classes da sociedade brasileira". IPESo Do- (alguns deles ministrados mesmo ap6s
balho no Convivium.
cumento. Curso de Atua/idddes Brasilei· 1964): Harold C. Polland (Significância do ' 187. E válido observar como são conco-
170. Vide Capftulo VII. ras, p. 2. CAB), Alceu Amoroso Lima (Realidade mitantes posição na hierarquia militar e
Brasileira,l, Themístocles Cavalcanti (De· ocupAção de cargo em empresas. A i1us·
171. I·PES CE e CD: 4 de dezembro de ISO. Ata do lPES, 28 de novembro de tração a seguir m(l.tra a composição de
mocracia e os Regimes Totalitários), Gus·
1962. Em dezembro de 1962, o Padre 1962. um desses grupOs:
tavo Corção (Democracia e a Igreja), Dei·

276 277


,
.-
188. IPES CE, 29 de novembro de 1962, Democrático); o General Jurandir Mame-
[osé Rubem Fonseca. No princípio de de (As Forças Armadas e Democracia); o
1963, o General Tubino recebeu do Ge- General Macedo Soares (Democracia, Se-
neral Golbery uma cópia de um plano ge- gurança Nacional e Indústria); Dom Hel-
ral para o primeiro Curso Superior de Es- der Câmara (Igreja e Democracia); José
tudos de Alua/idades Brasileiras. O seu Luiz Moreira de Souza e Gilbert Huber
modelo foi um curso ministrado duas ve- Ir. (Democratização do Capital); Luiz
"MI!.!! ~ !Jj GliUl9 zes por semana, de julho a novembro de Carlos Maneini e Iosé Arthur Rios (Pro-
1962. em um total de 34 aulas. Vide tam- gresso Econõmico e Justiça Social); Hélio
aIl!D'O: C U!'.ZSl'.IIUÇlo: s-zn-1964 bém o Plano do General Golbery para o [aguaribe e Gilberto Freyre (Nordeste e
General Tubino no I PES 6/5/63. Desenvolvimento), o Padre D'Avila (Igre-
ja e Progresso Econõmico); Cândido Guin-
!IH.\: DIl'LlÇ1o. POOP.I.Iç,lI ~ II:) DASIl. O curso seria realizado no Sindicato da
le de Paula Machado, Elíezer Burlá e Ody-
Indústria Farmacêutica, nos termos de
lo Costa Filho (Os Empresários e Opinião
um acordo feito por Vil lela. A equipe com-
a:tIKlSIÇ1o : Publica): Cândido Mendes, Mário Henri-
preendia Nei Peixoto do Valle, I. Garri-
do Torres e José Rubem Fonseca, que re- que Simonsen e Hélio Beltrão (Pesquisa e
~ - ~.lquato SUn
Plancjarncnro Econômico); Edgard Teixei-
n......
AhI1rcIt. I. lia (.IS3» cebeu o apoio do Grupo de Estudo e Dou-
ra Leite (Capital Estrangeiro); Nehernias
trina. As despesas fixas de secretaria fo-
a.l&tor - ~T10 JJ.yq Velho Cueiros e Daniel Faraco (Sociedades Anô-
ram calculadas em torno de 600.000 cru-
r-.nl 1lI.T1.ão U (Y.ES8Ll) nimas) : losé Garrido Torres (Lucros Ex-
zeiros mensais, não incluindo o material
traordinários, Mercado Comum Latino-
~.(tantu) que se necessitava para o curso. Quarenta
e cinco estudantes participaram da primei- Americano); Harold C_ Polland e Paulo
ra turma. Entre eles, havia 10 do IPES, Ferraz (Transporte); o Major Maurfcio Ci-
l'lRm ( Unn Maria V1ein • ~ bulares (Medidas para Suprimento, Ener-
3 do Estado Maior das Forças Armadas -
( ~ca1n.a - Pror •• .or Cat.c1rit.1oo Ilrd. ... roei. &.t. 111. EMFA, 3 de sindicatos, 3 da liderança do gia); Glycon de Paiva (Minerais e Subso-
nru.Ç1O lo); I. Carlos Vital e Lúcio Costa (Trans-
(' lntor.io Carlos '.,""ira doi QIIa1,.,c IP ES, um do Conselho de Segurança N a-
I.coDOaUta - IUJI. I'.l.nu • brc1& porte e Urbanização); Daniel Faraco (Le-
cional - CSN, um do Ministério da In-
gislação Inadequada); Paulo de Assis Ri-
dústria e Comércio, 7 do Ministério da
l'UtB ( ~ .lrz:u.llo Educação, 4 de associações empresariais, 3 beiro (Reforma Agrária, Reforma Tributá-
DlVlSTI>n'TOS J:
( J:c:01lOll11 ta - IlI.r. a.n. t. AT1.&ção utroDÁut.1ca ria, Reforma Bancária, Leis Anti-Trust);
profissionais e 4 estudantes.
l'OOl'1JI ç,l ( r.r.l&IIdo ~ d. C&rnl.bo Mário Gibson Barbosa e Carlos Chagas
.ld~&&do - Proi •• ,or rae. lI&e. Ciêeca. ~C&a O IPES compôs a lista do corpo de pro- Filho (Intercâmbio Cultural), Orlando de
fessores do curso com as seguintes pessoas: Carvalho, Flexa Ribeiro e Herbert Cha-
l'UtB ~ BapU.ta auto. Alceu Amoroso Lima e Dantom ]obim moun (Problemas Universitários) e o Em-
~:-:-:l'i.õs.:!Bi~ F.a - (~.:.o) (Socialismo e Democracia); Erice Verissi- baixador Araújo Castro (Política Externa).
O~ PdBUCA S;rrio P1.nh.1,., mo, J- Garrido Torres, Ioão Baptista Leo- A partir dessa lista de nomes, torna-se ób-
Sllt:o,~!"'!'n4 -:.rwi.&a - (~) poldo Figueiredo e João Pinheiro Baptista vio que era extraordinária a capacidade do
(Capitalismo e Democracia); o General I PES de articula r, nessa fase, uma posi-
Golbery e Hélio [aguaribe (Nacionalismo ção polftico-inteleclual de "centro",
P"pa, apÕ' .o!,...r anÁll ••• onU ... do

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