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Texto: A imprensa colonial

Autor: Nelson Werneck Sodré


Obra: História da Imprensa no
Brasil

Comentários: Prof. Ms. Fabio Augusto


de Oliveira Santos
Texto dividido em 4 partes:
• O pecado do livro
• O sacrilégio da imprensa
• A imprensa áulica
• As condições materiais
O pecado do livro

No Brasil, assim como em Portugal,


todo material impresso assumia “um
aspecto herético” que atraía maldição
e condenações.
Vale lembrar que toda impressão
estava sujeita a 3 censuras: a
Episcopal, a Inquisição e a Régia.
O pecado do livro

No final do século XVIII,a grande


maioria dos livros que chegavam ao
Brasil, era por intermédios daqueles
que estudavam na Europa. Só
entravam livros permitidos por meio
de autorização, quem não a possuía
fazia algo clandestino e perigoso.
O pecado do livro
Para Werneck Sodré, a ausência da
imprensa e da universidade revela que os
primeiros séculos do Brasil Colonial
revelou a postura dos colonizadores:
• Intolerância e intransigência cultural
• Destruição da cultura existente
• Implantação de uma cultura externa, que
justificaria o domínio, a ocupação e a
exploração.
O sacrilégio da imprensa
• Os holandeses, no séc. XVII, dominaram
alguns dos mais importantes espaços da
colônia – o nordeste açucareiro.
• No entanto, segundo Werneck Sodré,
mesmo introduzindo alguns elementos
característicos das atividades burguesas,
não desenvolveram a imprensa, pois a
economia do período não gerava as
exigências necessárias à sua instalação.
O sacrilégio da imprensa
Notificação da Ordem Régia de 1747:

“Não imprimissem livros, obras ou


papéis alguns avulsos, sem embargo
de quaisquer licenças que tivessem
para a dita impressão, sob pena de
que, fazendo o contrário, seriam
remetidos presos para o Reino para
se lhes impor as penas em que
tivessem incorrido (...)”
O sacrilégio da imprensa
“Não convinha a Portugal que houvesse
civilização no Brasil. Desejando colocar
essa colônia atada a seu domínio, não
queria arrancá-la das trevas da
ignorância. Manter as colônias fechadas a
cultura era característica própria da
dominação.” (D. Francisco Manuel de
Melo, apud Sodré, p.18)
O sacrilégio da imprensa

Vale lembrar:
A imprensa só surgiria no Brasil,
com a chegada de D. João VI
(1808). Mesmo assim, por
proteção e iniciativa oficial.
O decreto de instalação da
“Impressão Régia”,
depois conhecida por
Real Officina Typographica,
Tipographia Nacional,
Tipographia Imperial e
Tipografia Nacional, foi de 13 de
maio de 1808.
O sacrilégio da imprensa

A imprensa de caráter oficial,


não poderia publicar nada que
fosse contrário a religião, ao
governo e os bons costumes
do reino.
O jornal Gazeta do Rio de
Janeiro, na verdade “um jornal
português editado no Rio de
Janeiro”, datado de 16 de maio
de 1808, era executado nas
oficinas da “Impressão Régia”.
A Gazeta do Rio de Janeiro
(1808 a 1822)
Jornal de quatro páginas. Sua pauta incluía
a publicação de atos oficiais, notícia sobre
a saúde dos príncipes europeus e
informações sobre a família real. Este
jornal estava sob a administração
portuguesa e, portanto, não falava em
democracia e não fazia críticas. Não podia
ir contra bons costumes do reino. As
notícias revelavam um Brasil onde não
havia reclamações ou queixas.
Impressão em Londres do almanaque
“Correio Braziliense”, editado pelo
português nascido na Colônia do
Sacramento, Hipólito José da Costa
Pereira Furtado de Mendonça, cujo
primeiro número é datado de 1° de
Junho de 1808.
Correio Braziliense (1808-1822)

Mensal, de 72 a 140 páginas. Falava sobre


política, comércio, arte, literatura e ciências.
Discutia as questões que afetavam o Brasil,
Portugal e Inglaterra. Pretendia atacar os
defeitos da administração no Brasil, a
corrupção e imoralidade e criticava os
monopólios portugueses. Defendia o livre
comércio com outras nações e o
abolicionismo.
Imprensa
no Brasil
Colônia

Gazeta
Impressão Correio
do Rio de
Régia Braziliense
Janeiro
O sacrilégio da imprensa

O atraso da imprensa no Brasil


Colônia, no entender de Werneck
Sodré, tinha apenas uma explicação:
“ausência de capitalismo. Para ele,
só nos países onde o capitalismo se
desenvolveu, a imprensa se
desenvolveu.” (p.28)
A imprensa áulica
O surgimento de jornais que
valorizava e engrandecia as atitudes
da corte, não se resumiu a Gazeta do
Rio de Janeiro. Para Werneck Sodré,
esta defesa do absolutismo,
demonstrava, na verdade que o
mesmo já estava em declínio.
O jornal Idade de Ouro no Brasil - BA

“Como o caráter nacional ganha


em consideração no mundo pela
adesão do seu governo e a
religião. Assim deveria ser
imparcialmente a favor do
absolutismo e constituiu em órgão
de sua louvação” (p.29)
A imprensa áulica
Nome do período Local
Variedade ou Ensaio de Literatura RJ
O Patriota RJ
Reflexões sobre o Cor. Brasil. Lisboa
O Investigador Português Londres
O Contemporâneo Londres / Lisb.
O Português ou Mercúrio Político Lisboa
O Campeão Português Lisboa
O Amigo do Rei e do Povo RJ
As condições materiais
A última parte do texto, se preocupa em
analisar as condições materiais para o
desenvolvimento da imprensa no Brasil.

São algumas iniciativas tipográficas ou de


vendas de livros, as condições são os
reflexos das atitudes tomadas pela
metrópole em relação a coroa: o não
questionamento das estruturas
portuguesas.
As condições materiais
Deve ser salientado:
Até os últimos anos do Brasil – Colônia
era proibido questionar:
• A religião
• A moral portuguesa
• A pessoa do rei
• Perturbar a tranquilidade pública.
Para reflexão
Segundo Werneck Sodré o problema da
imprensa no Brasil – Colônia é, em última
análise, uma questão política, pois ocorre
uma postura nada ingênua da coroa
portuguesa, em estabelecer a dominação
sobre a sua principal colônia.

Você concorda com tal afirmação? Disserte.

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