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JORNALISMO 167

A imprensa na Velha Província 170 anos do “Monitor Campista”.


O terceiro jornal mais antigo do país e a morte misteriosa
do jornalista Francisco Alypio
Orávio de Campos Soares1

Campos dos Goytacazes, o maior muni- “As luzes vão se propagando rapi-
cípio em densidade geográfica do Estado damente por todo o Brasil, graças ao
do Rio de Janeiro, foi um dos primeiros do benéfico influxo de uma Constituição
Brasil a possuir sua imprensa e isso se deve Liberal. A Vila de Campos possui hoje
a diferentes fatores, sendo o mais importante um periódico, o “Correio Campista”,
o nítido desenvolvimento econômico promo- escrito no sentido nacional, e que
vido pela agroindústria açucareira. No livro aparecerá duas vezes por semana.
“Movimento Literário em Campos” Vimos o primeiro número desta fo-
(Typografia do Jornal do Commércio, de J. lha, que contém alguns artigos muito
Rodrigues & C., Rio de Janeiro, 1924), o bem escritos (...)”
escritor Múcio da Paixão2 assinala que ainda
era a Vila de São Salvador dos Campos dos O escritor (op.cit.), também dramaturgo
Goytacazes, quando aqui se publicou seu e crítico literário contemporâneo, na impren-
jornal – o “Correio Constitucional Campis- sa brasileira, de Artur Azevedo, depois de
ta” -, fundado pelo português Antonio José alinhavar que a partir de 1830 Campos
da Silva Arcos, que saiu do prelo nos fins publicou, até 1924, mais de 500 jornais, “o
de l8303. Sobre o assunto, antes relevando que devia de provar o nosso culto pela
que “a propulsão em favor das letras, em imprensa”, diz que memoráveis são os ser-
Campos, para bem dizer caracterizou-se, ini- viços que a civilização deve ao maravilhoso
cialmente, no campo das actividades jorna- invento de Gutenberg. E enfatiza: “D. João
listas, porque a primeira phase da cultura V, Rei de Portugal, assim, porém, não o
literária entre nós foi exercida no jornal”, entendia, tanto que despótica e violentamen-
descreve: te mandou fechar a primeira typografia que
Antonio da Fonseca fundou, no Rio de
“(...) A typografia em que se impri- Janeiro, em 1747, e na qual se imprimiram
miu essa primeira folha campista, foi algumas obras consideradas, hoje (1906),
trazida da França por um professor curiosos exemplares bibliographicos, crian-
que os ilustres fazendeiros campistas do um grande período de obscuridade no
Manoel Pinto Netto da Cruz (poste- país”.
riormente Barão de Muriaé) e O rei, segundo Paixão (apud Evaristo da
Gregório Francisco de Miranda (de- Veiga), ficou com receio da dinastia dos
pois Barão da Abadia) mandaram resultados que traria aos espíritos a fácil
contratar na Europa, para o fim de vulgarização do pensamento e das idéias. De
ensinarem a língua francesa às suas forma que somente depois da chegada de D.
filhas.” João VI e seu séquito ao Brasil é que foi
fundada uma outra tipografia, trabalho cre-
Quando surgiu o primeiro jornal da pla- ditado a Rodrigo Coutinho, o Conde de
nície, o jornalista Evaristo da Veiga, do Linhares, surgindo, em decorrência, a “Ga-
“Diário Mercantil”, do Rio de Janeiro - zeta do Rio de Janeiro”, iniciando o
naquela época intemerato agitador das mas- “periodismo” nacional.
sas, nos dias sombrios que precederam a Dá para se entender, portanto, porque só
Regência e a quem o Brasil muito deve pelos depois de 22 anos da chegada da Família Real
seus grandiosos serviços, segundo as anota- ao Brasil, fugindo do bloqueio continental
ções de Paixão, (p.11) - fez o seguinte estabelecido na Europa por Napoleão
comentário: Bonaparte, Campos editou o seu primeiro
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jornal impresso, através da tecnologia de de Campos dos Goytacazes. fronteiras da


Gutenberg. Paixão (p.13), descreve os resul- pátria o fenômeno se manifestou...4”.
tados iniciais da imprensa: De conformidade com o pensamento de
cada intelectual (jornalista), o debate seguia
“(...) Foi ai o campo onde se exer- a tendência política da época, inexistia
citaram as nossas primeiras inteligên- qualquer bandeira de luta e não se cuidava
cias, reveladoras de tendências lite- do desenvolvimento regional, bem como os
rárias. Certamente que não eram jornais não registravam questões que
muitos os que no começo do século permeassem as idéias libertárias, comuns no
passado (Século XIX) podiam servir “Correio Brasiliense”. Nem mesmo se fala-
às batalhas do pensamento, numa vam nos meios de produção capitalista e na
pequenina vila do interior, como, presença dos escravos nas lavras de ouro,
então, era Campos3. Apenas cortado canaviais de cana de açúcar e nos bangüês
o cordão umbilical que nos ligava à esmagando a cana para transformá-la no
metrópole, mal começávamos a bal- mascavo e na aguardente. A imprensa, dessa
buciar as nossas primeiras idéias forma, nasce como tribuna da intelectualidade
nacionais, ensaiando os nossos pas- e do interesse econômico da aristocracia
sos de povo emancipado; por este fato, rural, sem se preocupar com problemas mais
o nosso atraso intelectual corria pa- graves da sociedade, como desmatamentos,
ralelo à nossa insipiência política. poluição ambiental, despejo de excrementos
Conquanto a grandiosa claridade da no leito do rio Paraíba do Sul e os gravíssimos
instrução jorrasse apenas sobre algu- efeitos das epidemias num tempo em que a
mas classes privilegiadas, todavia, em ciência não tinha, ainda, dominado a produ-
nossa terra, que acompanhou sempre ção de antibióticos.
de perto os progressos da Corte, havia O mais curioso era o fato de as notícias
o seu núcleo de homens que peleja- locais terem menos importância do que as
vam afoitamente pela nossa emanci- nacionais e estrangeiras. Noticiário sempre
pação mental, travando renhidos muito pobre, em termos de conteúdo, artigos
prélios pela justiça e pela liberdade intimistas, mas muito bem escritos, e longas
e daí a necessidade, que se fez sentir, transcrições de matérias internacionais, quan-
da fundação da imprensa campista do, naquele tempo, não tinham muito a ver
(...)”. com a realidade de quem vivia segregado em
sua aldeia5.
A imprensa, desse modo, inicia, para- As matérias eram trazidas pela “Mala da
lelamente, o movimento das letras em Cam- Corte”, que chegava a Campos pelo correio
pos dos Goytacazes, porque as atividades de terrestre, de 15 em 15 dias. As notícias eram
narrar os fatos sociais couberam aos intelec- sempre assim: os terremotos das Antilhas, as
tuais: escritores, poetas, advogados, artistas, insurreições na China, os massacres dos
médicos e outros profissionais liberais afi- cristãos na Armênia, os incêndios nos quar-
nados com a atividade informacional. O teirões americanos, os nascimentos, casamen-
jornal, antes de ser arauto da sociedade mais tos ou falecimentos de príncipes europeus,
aquinhoada constituiu-se num canal de co- tudo isso tinha maior valor e interesse para
municação dos letrados. Todavia, a maioria os nossos jornalistas (?) do que os assuntos
dos trabalhos literários divulgados pela genuinamente nacionais, quer fossem agrí-
imprensa continha, também, condimentos de colas, mercantis ou industriais.
participação social e política, como aconte- Sobre o surgimento da imprensa campis-
cia na capital do Império. O escritor salienta ta, Júlio Feydit (“Subsídios para a História
que “o jornal serviu para proliferação de de Campos dos Goytacazes”, Editora Esqui-
idéias e dos sentimentos, mesmo de fora das lo Ltda. Rio de Janeiro, 2ª Edição, 1979),
3 A Vila de São Salvador dos Campos dos lembra que antes do advento da imprensa em
Goytacazes data de 29 de maio de 1677 e Campos, os jornais eram escritos a mão e
a sua elevação à categoria de cidade acon- redigidos por alguns escritores dos mais
teceu em 28 de Março de 1835, com o nome inteligentes e desses jornais, que saiam em
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dias indeterminados, muitas cópias eram no que estiver ao seu alcance e lhe
tiradas para serem distribuídas. Mais adiante, determina a Lei do seu Regimento,
descreve, por exemplo, a maior barriga da fazendo imprimir pela nova
“imprensa” manuscrita daquele tempo: tipographia por elle estabelecida as
actas, ordens e papeis dos seus tra-
“Graças à gentileza do sr. Barão de balhos municipaes, que vai dar as
Miracema, tivemos em nosso poder providências para lhe serem enviadas
um jornal manuscrito do ano de 1826, a comissão, que em consequencia
com o título “O Espelho Campista” desta proposta, trate sem perda de
o qual dava a notícia de um alvoroço tempo o secretario de enviar ao Pro-
causado por ter Manoel Alves de curador não só extractos das actas do
Jesus, em 1822, a horas noturnas, feito presente anno, como também das
tocar a rebate os sinos da cadeia e contas do anno passado de 1829
das igrejas, os tambores e as cornetas cumprindo-se dessa forma os artigos
dos dois batalhões de milicianos, sob 46 a 62 da Lei de 1º de Outubro de
o falso pretexto dos escravos se te- 1828. Sala da Câmara Municipal, 4
rem revoltado e quererem atacar a vila. de novembro de 1830. a) Andrade,
O jornal referido era redigido por Bettancourt”.
Prudêncio Joaquim da Bessa6”.
Monitor Campista - O fato da cidade
de Campos dos Goytacazes - uma homena-
Feydit (p.397) cita que em sessão da gem tardia aos bravos guerreiros que ha-
Câmara Municipal, de 3 de novembro de bitavam a planície, que se estende da Cadeia
1830, Antonio José da Silva Arcos7 partici- do Mar às lonjuras da Barra do Furado –
pou àquela casa ter publicado na Vila um manter, ainda, o terceiro mais antigo jornal
periódico – “Correio Constitucional” – cujo em circulação ininterrupta do país, abre
prospecto remetia oferecendo o mesmo para perspectivas para se pensar em sua impor-
publicação das ordens e atos oficiais. Às tância social, política e econômica durante
folhas 47 do Livro de Atas daquele ano, acha- os períodos marcados pela Colônia e pelo
se o parecer sobre o assunto: Império do Brasil, percorrendo por toda a
história republicana até os dias atuais, mesmo
“(...) Antonio José da Silva Arcos com as mudanças circunstanciais nas áreas
participa a esta Câmara que estabe- econômicas, com ênfase para o surgimento
leceu nesta Villa huma tipographia, na da prospecção e exploração do petróleo na
qual tem proposta á publicar hum Bacia Continental de Campos8.
Periódico, logo que saia a luz o O “Monitor Campista” é, sem dúvida,
primeiro periódico, cujo prospecto uma marca do clamor social da cidade, que,
remete, offerecendo-se á publicação no final do século XIX, era considerada uma
das ordens e actas desta Câmara no das principais produtoras de açúcar e álcool,
dicto Periódico, logo que saia o responsável pelo desenvolvimento da Velha
primeiro número. A comissão he de Província, assinalando-se que, no eito dos
parecer que o secretario responda por meios de produção, prosperava, infelizmen-
parte da Câmara agradecendo ao dito te, o trabalho escravo.
Arcos a sua participação, como tam- O jornal, segundo Feydit (p.398) foi
bém aceitando com agrado os seus fundado por José Gomes da Fonseca
dezejos de ver prosperar o sistema Parahyba, em 4 de janeiro de 1834, com o
Monarchico Constitucional por huma nome de “Campista”, tendo sido um de seus
medida de maior vantagem para os mais importantes colaboradores e sócio o dr.
povos, como seja a da imprensa para Francisco José Alypio, provavelmente um dos
a publicação dos sentimentos livres primeiros jornalistas vitimados pela prática
de cada hum cidadão, cuja liberdade do direito de opinião, numa terra eivada por
amoldada a Constituição do Império. fazendeiros e latifundiários altamente radi-
Que a Câmara concorrerá da sua parte cais com relação ao uso dos escravos como
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um bem (deles) de produção capitalista. No João e Anita Alvarenga, demonstrando ser


bojo de suas citações sobre os jornais da antiga a prática de famílias de empresários
época, há um registro do mais importantes: dirigindo meios de comunicação. Souza
pontua, referindo-se a 1935, data do cente-
“No sábado, dia 4 de janeiro de 1834, nário da cidade de Campos dos Goytacazes,
apareceu o primeiro número do “Cam- pelas páginas do Monitor cintilaram as penas
pista”. Este jornal publicavase às do dr. Antunes Guimarães, dr Hemetério
quartas e sábados e era impresso na Martins, dr. Abelardo de Mello, dr. Ramiro
tipografia Patriótica, estabelecida na Braga, dr. Luiz Antonio Neves (polemista
rua do Conselho 94. Pagavase pela católico), Theophilo Guimarães9, Lyndolpho
assinatura 2$000 por trimestre (...). O de Assis e João Barreto. Hoje “(referindo-
Monitor saiu à luz pela primeira vez se ao mesmo ano) cintila pelo acrisolamento
na quarta-feira, 4 de julho de 1838; do dr. Antonio Joaquim de Mello, dr. Américo
era impresso na tipografia Imparcial, Vianna, José Vianna de Castro e Prisco de
de Bernardino José Maciel. Antes do Almeida (maestro e poeta nascido na vizinha
Monitor, publicavase o “Goytacaz” e cidade de São Fidélis).
o “Campista”. Do último era o Fica muito difícil, no entanto, registrar
principal colaborador o dr. Francisco nomes de importância para o jornalismo
José Alypio, que foi assassinado em nacional que passaram pela redação do
21 de dezembro de 1834”. “Monitor Campista” a partir do século XX,
embora Paixão (p.15) tenha elogiado a edição
Quem bem define a junção das em- diária do jornal creditando este avanço ao
presas dos jornais “Campista” “Monitor” é trabalho de Alvarenga Pinto e, também, ao
o escritor Horácio Souza (“Cyclo Áureo”, fato do surgimento do serviço telegráfico, o
Artes Graphicas da Escola de Aprendizes que “ofereceu uma verdadeira revolução na
Artífices, Campos, 1935). Ele registra o imprensa”. Sobre a questão técnica, explica:
negócio, mas determina uma outra data de
fundação para o “Monitor Campista” e não “A última conquista, já nas proximi-
a comemorada por ocasião dos 170 anos (4 dades da República, foi a abolição das
de janeiro de 1834), tendo como origem a notícias começadas por gordinho
edição do “Campista”. Eis o que ele diz (refere-se ao corpo do tipo), e a
(p.300), sem muitos rodeios: criação das noticias com títulos.
Poderá parecer sem importância facto
“O Monitor” fundado por Bernardino tão simples, mas o que é certo é que
José Maciel, apareceu em 4 de julho elle reflecte a ansia moderna de bem
de 1838, tendo a geri-lo e norteá-lo, servir ao leitor, com um jornal inte-
em 1840, o bom suíço Eugéne ressante e attrahente.”.
Bricolens e o ótimo campista Thomé
José Ferreira Tinoco. Já falamos do Dentre outros destaques que atuaram
“Recopilador Campista” que se no “Monitor Campista”, constam nomes como
metamorfoseara (sic) do “Campista”. o do próprio Múcio da Paixão, Francisco
Da “filtragem” dessas primeiras flo- Portela (que saiu da direção do jornal para
res do jornalismo goytacaz, obteve- ser o governador da Velha Província). O
se, a 31 de março de 1840, a mag- escritor (p.18) salienta que em 1879, con-
nífica essência jornalística que ainda vidado por Alvarenga Pinto, Portela assumiu
hoje se denomina “Monitor Campis- o cargo de chefe da redação, posto em que
ta”. se conservou por um espaço de 10 anos, até
que, com a proclamação das novas institui-
Somente em 1875 o “Monitor Campista” ções políticas, foi chamado a governar o
passou a ser editado diariamente, já então Estado do Rio de Janeiro. Também escreve-
sob a direção do dr. Domingos de Miranda ram Prudêncio Bessa, J. Magalhães Jr.,
Pinto que, em 1879, lega a administração do Miguel Herédia, Viveiros de Vasconcelos,
denominado “velho órgão”, aos seus filhos Laerte Chaves, José Cândido de Carvalho
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(autor do livro “O Coronel e o Lobisomem” cita-o, ainda, como redator do “Correio


e imortal da Academia Brasileira de Letras)... Constitucional Campista”, saído à luz em
Depois, numa lista mais contemporânea, 1830 e do “Goytacaz”, de 1831, para depois
pode-se enfatizar a participação de Oswaldo falar sobre seu infortúnio, vítima de um crime
Lima, Everardo Lima, Luiz de Gonzaga Balbi, covarde até hoje insolúvel.
José Carlos Cardoso de Melo Tinoco (este Assassinado a 21 de dezembro de 1834,
foi secretário do jornal durante muitos anos), no mesmo ano da fundação do jornal,
Vilmar Ferreira Rangel, Hervé Salgado Francisco Alypio faleceu, segundo comen-
Rodrigues (proprietário do Jornal “A Notí- tários da época, “por causa de problemas
cia”, depois de Sylvio Fontoura), João amorosos”. Feydit, que em suas atividades
Rodrigues de Oliveira (o “João Grilo”, fun- de homem público foi industrial, delegado
dador, no final dos anos 40, do Jornal “Folha de polícia, vereador à Câmara Municipal e
do Povo”), Avelino Ferreira, Giannino Sossai, prefeito, no período de 1908/1910 (pp. 421-
Aloísio Balbi... Da nova geração, José Carlos 425), fez uma reportagem (inquérito) sobre
Nascimento, Cilênio Tavares, Ana Ruth os fatos, a partir da tradição oral e, também
Manhães, Alicinéia Gama, Nágyla Barreto, através de retalhos publicados, escassamen-
Angélica Paes, Márcio Fernandes, Patrícia te, pelos historiadores da época:
Bueno, Paula Virginia Oliveira, Flávia
Barreto, Antonio Fernando Nunes, Carla “Em 1824 morava em Campos o
Cardoso, Ricardo André Vasconcelos e ouvidor Cabral, no sobrado que faz
Mariane Pessanha, como fruto do trabalho frente ao rio e canto à rua do Ouvidor,
do Curso de Comunicação Social, da Facul- hoje Marechal Floriano, em frente ao
dade de Filosofia de Campos, fundado em porto chamado do Fragata. Pouco
1965, sendo um dos mais antigos cursos do tempo fazia que o ouvidor se mudara
país, consubstanciando o sonho de Teophilo da travessa chamada do Cabral. Em
Guimarães que, pelo grande número de épocas determinadas, ia o ouvidor
jornais circulando na cidade, havia proposto levar as rendas do município à pro-
um curso de jornalismo no início do Século víncia do Espírito Santo. Campos
XX. pertencia então àquela província, da
qual foi desanexada e unida ao ter-
A Morte de Francisco Alypio ritório do Rio de Janeiro, pela lei de
31 de agosto de 1832. O ouvidor era
O assunto mais intrigante, no entanto, muito rico e a ele pertenciam as
que envolve os primórdios do “Monitor fazendas Grande e Barra da Lagoa de
Campista” (com o nome de o “Campista”) Cima, confinando uma com a outra.
é, sem dúvida, o assassinato de seu principal Por estas duas fazendas transitavam
redator e um dos sócios, de forma estranha os carros com madeiras que vinham
e não explicada pelos jornais da época, da Lagoa de Cima, antes de ser aberto
embora, como tradição, circulassem pelo o canal de Campos a Macaé. (...) O
menos quatro periódicos e nenhum deles ouvidor era casado com uma mulher
resolveu levar as investigações às últimas de uma beleza pouco comum. Com
conseqüências. A bem da verdade, não exis- o ouvidor morava no sobrado o padre
tem números acessíveis do “Campista”, bem José do Desterro, que era tio de Maria
como fica mais difícil até mesmo saber o Custódia Cabral. O ouvidor voltando
que o jornalista de 27 anos escrevia, a ponto de uma viagem a Vitória, um preto
de justificar um ato truculento contra sua velho, que lhe servira de pajem havia
pessoa. muitos anos e no qual depositava a
Paixão (p.17) cita-o como “médico, maior confiança, lhe relatou que o
homem de talento e espírito progressista (...) padre com sua mulher estavam pra-
dotado de um temperamento fogoso e arre- ticando atos que não deviam praticar.
batado, colocado à frente dos movimentos (...) Algum tempo durou aquela es-
políticos e sociais do seu tempo”. Teixeira pionagem, sem resultado, até que quis
de Melo, autor da obra “Campos em 1881”, certificar-se e, para isso fez uma
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viagem simulada e, voltando logo foi o tratava com o maior desprezo. Na


encontrar o padre em flagrante delito fazenda de Barra da Lagoa de Cima
de adultério. O ouvidor ficou trabalhavam dois moços: um serrador
alucinado: em vez de atirar com o branco, e outro pardo, de nome Rosas,
padre da sacada à rua, tresvariou e o mateiro. A esposa do médico,
atirou-se pela janela, fraturando uma despeitada com o marido, tratou de
perna. A mulher tentou explicar às vingar-se tornando-se infiel; princi-
pessoas que visitavam o doente que piou a tratar com um amor mais que
estando ella se confessando com o fraternal ao moço serrador, que se
padre, o ouvidor tivera um ataque de chamava Manoel Francisco da Silva,
loucura. Agravando a moléstia do vulgarmente o Neco, como era conhe-
ouvidor, foi ele para a casa do cor- cido. Dessa falta começou dona
respondente, no Rio de Janeiro, se- Jacintha a sentir as conseqüências. Ela
guindo de Campos em liteira. Havia sentia que uma nova vida se movia
em frente à casa do correspondente, em seu seio e a sua vida dependia
que no Rio de Janeiro recebia o açúcar daquela vida (...)”
do ouvidor, um armazém de molha-
dos, pertencente a uma viúva que há O escritor deixa antever, por opinião
pouco tempo se havia casado com um própria e sem outros Orávio Soares
médico chamado Francisco José embasamentos, que dona Jacintha pretendia
Alypio, o qual desde o tempo de fazer um aborto, para não se expor diante
estudante ali morava (...)” do marido médico e da sociedade. Depois
coloca em cena um outro personagem, o
Feydit continua, como se estivesse ins- doutor José Gomes da Fonseca Parahyba,
truindo um processo na delegacia, e descon- segundo ele “colegas formados pela Acade-
fia de que o jovem médico poderia ter mia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro”:
encomendado a morte do negociante para
logo após casar-se com a viúva rica. E todo “Ambos clinicavam em Campos e eram
preâmbulo foi para que o escritor explicasse os redatores e proprietários do “Cam-
que o citado jovem médico fora chamado para pista”, jornal que em 1834 se publi-
cuidar do ouvidor que, no entanto, não cava na Tipografia Patriótica de
suportando a grave enfermidade, acabou Parahyba & Alypio, na rua do Con-
falecendo. E cita: “Não podendo salvar o selho 94. No dia 21 de dezembro de
marido, procurou consolar a viúva e veio com 1834, o dr. Alypio vai à fazenda da
ela para Campos, trazendo também a famí- Barra da Lagoa de Cima ver a mulher
lia, composta de mulher e dois filhos”. Eis e os filhos; ai esteve até as 4 horas
o relato: da tarde; sentado no eixo de um carro
que, com uma só roda, estava para
“(...) Chamava-se a mulher do doutor, consertar; à porta do engenho, conver-
dona Jacintha. A viúva do ouvidor sava com o feitor sobre negócios da
coloca a família do médico na lavoura, enquanto esperava o cavalo
Fazenda da Lagoa de Cima e ele na que um moleque havia ido pegar.
fazenda Grande. Passa escritura da Tardando este, o feitor o foi chamar.
metade da fazenda da Barra da Lagoa O doutor ficou só. Junto ao engenho
de Cima ao doutor Alypio, com havia uma estacada ou cerca de paus
condição verbal tratada entre ambos, a pique que servia para resguardar o
de ele não ir à fazenda onde se achava terreiro, onde se secava o milho, feijão
a esposa, senão de passeio e sempre e açúcar. Essa cerca era toda coberta
em sua companhia. O médico concor- de maracujazeiros. O assassino, por
dou pensando poder facilmente infrin- detrás dela, dá-lhe um tiro à queima
gir este pacto. A mulher do médico, roupa; as buchas e a bala atravessaram
não querendo sujeitarse a essa humi- a espinha e o doutor Alypio deixou em
lhação, começou a odiar o marido, e poucos instante de existir (...)”.
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O corpo foi levado para a vila e depois lhe dar mais um sitio, o que cumpriu
das providências e autópsia foi o cadáver dando-lhe o dinheiro para o comprar.
enterrado. Dona Maria Custódia Cabral Que Rosas foi o assassino, não resta
mandou fazer ao morto grandes exéquias e a menor dúvida, mas que Neco por
cobriu-se de luto e a mulher do médico sua conta lhe desse cinco contos, isso
assassinado, dona Jacintha, foi presa por não é crível. (...) Que necessidade
alguns dias na cadeia, sendo libertada logo tinha ele de assim proceder? Como
após por falta de provas. Mas, pouco tempo crer que um pobre serrador braçal, que
depois, segundo Feydit, ela se casava com em 1834 ganhava no máximo 500 réis
o serrador Manoel Francisco da Silva, o Neco. por dia, tivesse cinco contos para
O interessante é que dona Maria Custódia pagar ao mandatário? Seria a mulher
Cabral, logo depois do crime, viajou ao Rio do doutor Alypio que dera os cinco
de Janeiro em companhia do doutor José contos para ser assassinado o mari-
Gomes da Fonseca Parahyba e voltam de lá do? Não, porque Alypio não era rico
casados. O escritor fala sobre os boatos: e até a metade da fazenda, depois de
sua morte fora arrematada em praça
“(...) Os contemporâneos davam a pública para pagamento de dívidas. É
autoria do assassinato de formas de se supor que outra pessoa mais
diversas: uns diziam que dona Maria abastada fosse a fornecedora dessa
Custódia fora a mandante; outro, que soma e, querendo arredar de si a
fora o doutor Parahyba, para casar- autoria desse fato delituoso, pagasse
se com esta, o que se efetuou pouco ao assassino para vir em juízo lançar
dias depois da morte de Alypio. De sobre outro o labéu de mandante de
combinação com o moço serrador, o um crime que, por muito tempo,
Neco, mandaram o mateiro, de nome trouxe suspenso o espírito público, e
Rosas, executar o crime. Esses eram ainda hoje é um enigma não decifra-
os boatos que com insistência circu- do”.
lavam entre os campistas e tal corpo
tomaram que, tendo o Imperador D O jornalista e escritor Gastão Machado (“Os
Pedro II de vir a Campos, o doutor Crimes Célebres de Campos”), Ind. Gráficas
Parahyba fez preparar o palacete, onde Atlas, Campos dos Goytacazes, 2ª Edição,
hoje se acha estabelecido o Hotel 1965), segue o mesmo eito dedutivo de Feydit,
Gaspar para recebê-lo; mas o Impe- só que, como teatrólogo, procurou romancear
rador, sendo avisado do que constava as relações entre os personagens, inclusive
em relação ao assassinato do doutor criando diálogos. Só que, no capítulo da
Alypio, não quis se hospedar naque- participação do doutor José Gomes da Fonseca
le palacete no ano de 1847 (...)” Parahyba, ele deixa antever que este mantinha
um romance com a mulher de seu sócio
Todos os mistérios, no entanto, sobre as Francisco José Alypio, antes de sua morte.
causas da morte de Francisco Alypio, nunca Gastão (pp.103-113) amplia a suspeita de
foram dissipados, segundo relata o autor de que Parahyba poderia ser o mandante da
“Subsídios...”, para quem, em 1856, 22 anos morte do sócio por dois motivos: para ficar
depois do crime, quando se apresentou ao com parte da sociedade na tipografia e no
juiz municipal João de Souza Nunes Lima, jornal e, também e, sobretudo, com sua
o indigitado assassinado, Rosas, o mateiro, mulher, “traindo o melhor amigo, já que
requerendo para que o juiz mandasse julgar foram colegas do curso feito na Academia
a sua prescrição, visto fazer mais de 20 anos Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro”. Outro
que havia feito o assassinato. Nesse ponto suspeito, que praticamente desaparece da
o escritor faz suas considerações finais: história é o padre José do Desterro, jovem
teólogo de 28 anos de idade à época e tio
“(...) Declarou: que Neco, o serrador, de Maria Custódia Cabral que, depois do
fora quem lhe mandara fazer o crime escândalo, segundo o escritor, “desapareceu
dando-lhe 5:000$000 e prometendo- da Vila e nunca mais foi visto”.
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Múcio (p.18), no entanto, deixa antever fuligem como o confete enegrecido do pro-
que o repórter e sócio do “Campista” fora gresso.
vitimado por causa de suas opiniões polí- Está no “Monitor” o instante especial da
ticas, porque muitos gostariam de pôr termo inauguração da energia elétrica, no dia 24
à vida de “um valoroso jovem voltado para de Junho de 1883, a primeira comunidade
a medicina e para as lides jornalísticas”. da América Latina a obter esta inovação
Polêmicas à parte, o bom é sentir que, tecnológica, antes mesmo que a maioria das
desde o início de sua história, o “Monitor” cidades americanas e européias. Tudo como
faz parte do contexto de defesa do direito frutos do desenvolvimento e porque os
de expressão, embora, em alguns momentos, engenhos tocados a vapor precisavam ser
fosse claramente favorável às classes domi- substituídos por alguma coisa que lhe asse-
nantes, principalmente nos embates da abo- gurasse o aumento da produção.
lição da escravatura, quando se colocou ao O “Monitor” informou, embora com
lado dos escravocratas. dificuldades, as questões da primeira guerra
Foi, inclusive, o único jornal a publicar mundial, a queda da bolsa de Nova Iorque,
notas de fugas e vendas de escravos e, a queima dos cafezais e os investimentos de
também, abrir espaços para o escravocrata uma sociedade que não obteve a moratória
Raimundo Alves Moreira, o famigerado para pagamento de suas dívidas. Abriu
Barbaça, ao se colocar contra a 2ª Confe- manchete para anunciar o fim da II
rência Abolicionista, no Teatro Empyreo, a Grande”Orávio Soares Guerra Mundial e a
27 de jJunho de 1884, promovida pelo hegemonia do capitalismo nas mãos insen-
abolicionista Luiz Carlos de Lacerda, pro- síveis do Tio Sam. O “Monitor Campista”
prietário do Jornal “25 de Março”10, bem foi adquirido pelos Diários Associados, em
como contra as conferências de José do 1936, expressando o desejo do seu então
Patrocínio, nos dias 13 e 15 de Março de presidente, Assis Chateaubriand, de possuir
1885, no Teatro São Salvador. os três mais antigos jornais em circulação
Tudo isso, no entanto, não desmerece a no Brasil – o “Diário”, de Pernambuco; o
grandeza do jornal, ressalvando-se sua po- “Jornal do Commércio”, do Rio de Janeiro;
lítica editorial como reflexo do tempo, pelo e o “Monitor Campista”, de Campos dos
registro histórico do Brasil nos últimos 170 Goytacazes.
anos, marcando, de forma decisiva, suas O jornal realizou várias campanhas de
transformações, com destaque para Campos nível nacional, como “O Petróleo é Nosso”
dos Goytacazes, presente, em termos de e o “Dê Asas ao Brasil”, estimulando o
avanços e recuos no desenvolvimento, em desenvolvimento da aviação civil, redundan-
suas páginas, sendo importante ressalvar do na criação de vários aeroclubes no país,
algumas instâncias. inclusive o de Campos, inaugurado no dia
O “Monitor” marca as lutas abolicionistas, 10 de junho de 1941, com o apoio do Rotary
os crimes célebres do município, a passagem, Club de Campos, durante a gestão dos
várias vezes, do Imperador Pedro II, da presidentes drs. Camilo de Menezes (1940-
Princesa Isabel e do Conde D’Eu. Os gestos 41) e Mário Ferraz Sampaio (1941-1942),
de bajulamentos da aristocracia rural para ainda em funcionamento e prestando relevan-
com a família imperial, os desatinos das elites tes serviços à sociedade. Nesse sentido, por
com a perda da mão obra escrava, a Repú- ser muito difícil enumerar seus melhores
blica e o renascimento da cidade sob o signo momentos nestes 170 anos, pode-se afirmar
do verde dos canaviais e das chaminés que as páginas do “Monitor Campista”
fumegando e derramando na planície sua encerram a própria história do Brasil.
JORNALISMO 175

Bibliografia política editorial era voltada para a Independência


do Brasil.
5
Paixão, Múcio, “Movimento Literário em Uma referência ao canadense Marshal
Macluhan, o primeiro cientista a falar dos efeitos
Campos”, Rio de Janeiro, Typ. Do Jornal do
da globalização. mercantis ou industriais.
Commércio, de Rodrigues & C. 1924. 6
Nascido em Porto (Portugal) nos fins do
Mendonça, Alceir Maia, “História da século XVIII, era professor e advogado. Mas,
Eletricidade em Campos”, Gráfica Editora segundo Teixeira de Melo, a imprensa foi sua
Lar Cristão, Campos, 1993. paixão. Fez parte dos primeiros momentos do
Carvalho, Waldir Pinto de, “Campos Monitor, de Eugéne Bricolens, atuando ao lado
Depois do Centenário”, Edição Particular, do brilhante Dr. João Francisco da Silva Ultra,
considerado este como o fundador do teatro não
Campos, 2000.
empresarial em Campos.
Souza, Horácio, “Cyclo Áureo”, Artes 7
O atual Museu Barbosa Guerra, proprie-
Gráficas da Escola de Aprendizes Artífices, tário dos primeiros números de vários jornais
Campos, 1935. editados em Campos dos Goytacazes, homena-
Soares, Orávio de Campos, “Muata geia hoje seu criador. Originalmente, o museu
Calombo – Consciência e Destruição”, dis- tinha o nome de Silva Arcos, em honra ao
sertação de mestrado, UFRJ, Rio de Janeiro, fundador do primeiro jornal impresso da cidade.
O segundo jornal foi o “Pharol Campista”,
2002.
dirigido por Prudêncio Bessa.
Feydit. Júlio, “Subsídios para a história 8
Embora o escritor e geólogo campista Alberto
de Campos dos “Goytacazes”, Editora Es- Ribeiro Lamego, em seu livro “A Bacia de
quilo Ltda. Rio de Janeiro, 1979. Campos na Geologia Litorânea do Petróleo”
Guimarães, Theofilo, “Subsídios para a (Boletim da Divisão de Geologia e Mineralogia),
história do jornalismo em Campos”, Rio de tenha, nos anos 30, confirmado, cientificamente,
Janeiro, 1927. a existência de petróleo na região do Farol de
Lamego, Alberto Ribeiro, “Planície do São Tomé, o óleo somente jorrou no dia 22 de
novembro de 1974 e a concessão dos royalties,
Solar e da Senzala”, Rio de Janeiro, 1937. base do desenvolvimento da cidade nos últimos
Rodrigues, Hervé Salgado, “Campos - Na 20 anos, aconteceu em 27 de dezembro de 1985.
Taba dos Goytacazes”, Imprensa Oficial, O então presidente José Sarney esteve em Campos
Niterói, 1988. dos Goytacazes, juntamente com o senador Nelson
Machado, Gastão, “Os Crimes Célebres Carneiro, para anunciar a boa nova. A produção
de Campos”, Ind. Grágicas Atlas Ltda. de mais de um milhão de barris/dia representa
hoje mais de 90% de todo petróleo produzido no
Campos dos Goytacazes, 2ª Edição, 1965.
Brasil.
9
Autor do livro “Subsídios para a História
do Jornalismo em Campos”, editado em 1927.
_______________________________ Em 1900 ele lançou a idéia da criação de uma
1
Faculdade de Filosofia de Campos Escola de Jornalismo em Campos, considerando
2
Manoel Múcio da Paixão Soares, filho de o grande número de jornais circulando na cidade.
portugueses, nasceu em Campos dos Goytacazes “A cogitação não teve em mira outro escopo senão
em 15 de abril de 1870 e faleceu em 23 de fazer de cada diretor de jornal“– dentro da
Dezembro de 1926. Foi professor de História do Constituição e sem abdicar de sua razão – um
Liceu de Humanidades de Campos, primeiro regulador moral das questões que se
deputado estadual na primeira Constituição Re- deblaterassem nos entrefios de sua gazeta (...)
publicana, pelo Partido Operário, e fundador da De qualquer forma, porém, a tentativa visava um
Associação Caixeiral de Campos (hoje Sindicato bem comum, pela pressuposição de que os
dos Empregados no Comércio de Campos). diplomados por aquela escola procurariam
3
Guimarães, Theofilo, (“Subsídios para a His- manter, por todos os meios e modos, a honra e
tória do Jornalismo de Campos”, Rio de Janeiro, a moral de seus títulos (...)
1927) assinala, no entanto, que o Correio Cons- 10
O Jornal – “25 de Março” era abolicionista
titucional Campista é de 1831 e que antes dele e opositor da política editorial do “Monitor
já existiam os jornais “O Goytacaz” e “Pharol Campista”. Os escravocratas, por diversas vezes,
Campista”. determinaram o empastelamento do jornal de Luiz
4
O escritor Múcio da Paixão se refere ao Carlos de Lacerda, cuja importância na abolição
jornalista Hypólito José da Costa, que publicava, dos escravos é considerada igual ou superior a
em Londres, o jornal “Correio Brasiliense”, cuja de José do Patrocínio.

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