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História Cultural da Imprensa: Brasil 1800-1900

Jornais em tempo de mudança


Ampliação e transformação da imprensa


A partir dos anos 1880, cresce o número de jornais, que
começam criar, gradativamente um publico letrado;

Cresce não só o número de jornais diários, mas também revistas,
periódicos críticos e literários, além de publicações
especializadas em assuntos como, por exemplo, o mundo do
trabalho;

No Rio, capital da República, então com cerca de 500 mil
habitantes, o movimento de ampliação e transformação da
imprensa é mais intenso.
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Ampliação e transformação da imprensa


“Num único ano, 1881, aparecem 95 novos periódicos e, no ano
seguinte, mais seguinte, mais 64. Até o final da década, esses
números permanecem nos mesmos patamares: em 1883,
aparecem mais 56 novos periódicos e no ano seguinte, mais 37.
Em 1888, há outra explosão, contando-se 45 novos jornais e
revistas e, um ano depois, mais 29 outros títulos. Nos dois
últimos anos do século surgem 47 periódicos.”

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Ampliação e transformação da imprensa


Os periódicos passam, nesse período, pela “febre da modernização”, com os
principais jornais do Rio e de São Paulo implementando melhoramentos em
suas oficinas com máquinas capazes de produzir 10 mil exemplares por hora;

Isso ocorre em paralelo à difusão da ideia modernização do próprio país. É a
época do movimento higienista, da proliferação do ideal positivista de
progresso e da busca por uma ideia de civilização eurocêntrica;

Este é um discurso que a própria imprensa incorpora e passa a valorizar e que
se traduz não só na própria transformação, mas principalmente em novo tipo
de urbanismo que substitui velhos prédios e avenidas vistas como símbolos
do atraso colonial.
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Ampliação e transformação da imprensa


“Cria-se, no Rio de Janeiro, desde os anos 1880, e com mais intensidade a
partir da década seguinte, um novo jornalismo que muda o padrão editorial
das publicação. Agora, os textos pretendem, sobretudo, informar, com
isenção, neutralidade, imparcialidade e veracidade, sobre a realidade. E
esse adjetivos se repetem nos periódicos. Editando com destaque as
notícias policiais e reportagens, sob uma capa de neutralidade, e
introduzindo a entrevista nas primeiras páginas, os jornais procuram
construir uma representação ideal da sociedade. A opinião isola-se no artigo
de fundo e a ilustração, substituída, já no século XX, pela fotografia,
publicada ao lado do texto, cumpre também esse papel. A edição ganha um
novo sentido: o de ordenar a sociedade.”
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Ampliação e transformação da imprensa


Nesse período, os principais jornais em circulação no Rio de
Janeiro são: Jornal do Brasil, Jornal do Commercio, Gazeta de
Notícias, Correio da Manhã e O Paiz;

Eles disputam entre si influência e a preferência do público.
Constroem sedes modernas, fazem a divisão do trabalho nas
redações (profissionais como o repórter o paginador surgem
aqui) e oficinas, separam as sessões de informação e opinião,
passam a abordar assuntos como jogo do bicho e carnaval e
passam a fazer promoções.
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Jornal do Brasil

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Jornal do Commercio

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O discurso e os jornais


É nesse contexto que os jornais começam a construir um discurso
sobre a própria imprensa como fiscal do poder, censora dos abusos
cometidos pelas autoridades e porta-voz dos fracos e oprimidos;

Ao mesmo tempo, ao valorizar no seu conteúdo o excepcional, o
extraordinário, o ineditismo, veiculados sempre como
imparcialidade e verdade, os jornais diários vão se constituindo
como “senhores da memória, aumentando seu campo de atuação
e seu poder ao selecionar o que deve ser lembrado e silenciar o
que deve ser esquecido.
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O discurso e os jornais


A partir de 1880, a imprensa passa a se apresentar à sociedade como
lugar de imparcialidade e da neutralidade. “Jornais são a expressão
da verdade porque representam o pensamento da sociedade, graças
à sua popularidade. O jornal é, também, a própria verdade, porque
impresso transforma-se em documento, o que, a priori identifica o
que está contido em suas com a verdade absoluta”;

Estabelece-se, portanto, a ideia de que uma “boa imprensa, digna,
honesta, moralizadora é aquela que se pauta pela busca da verdade,
que prega a conciliação, a ordem e o respeito à lei”.
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