modernização (1950 – 1960). In: _______; História cultural da imprensa. Rio de Janeiro: Editora Mauad X, 2007, p. 149 - 156 PG CITAÇÃO COMENTÁRIO 14 De acordo com o espírito do tempo dos anos JK, 9 em que desenvolvimentismo e modernização são palavras de ordem, também os jornais diários mais importantes da cidade apressam-se em se transformar e, o mais importante, construir aquele momento como marco fundador de transformações decisivas no campo jornalístico. 15 O que se procura construir naquele momento é a 0 autonomização do campo jornalístico em relação ao literário, fundamental para a autoconstrução da legitimidade. 15 A mítica da objetividade [...] é fundamental para 0 dar ao campo lugar autônomo e reconhecido, construindo o jornalismo como a única atividade capaz de decifrar o mundo para leitor. 15 Os jornais, ao priorizarem, a partir daí, um 1 conteúdo enfeixado pela ideia de imparcialidade contida nos parâmetros do lide e na edição, no qual o corpo de copy-desk ganha destaque, e ao promoverem a padronização da linguagem, constroem para a imprensa o espaço da neutralidade absoluta. Com isso, passam a ter o reconhecimento do público como lugares emblemáticos para a difusão da informação, ainda que a carga opinativa não tenha sido alijada das publicações. 15 Os jornais atuam como força dirigente superior, 1 mesmo que em função de objetivos específicos se liguem a um ou a outro grupo e, dessa forma, exercem o papel de estado maior intelectual do partido orgânico. 15 Percebendo como fundamentais para a sua 2 existência três elementos básicos – o público, a força coercitiva, centralizadora e disciplinadora e o elemento de articulação que possibilita o contato moral e intelectual -, é possível ver, pois, as ações no sentido de construir uma imprensa moderna [...] como movimentos de um partido orgânico, cuja principal função é promover a articulação entre os grupos dominantes [...] e o público para o qual devem ser difundidas. 15 O poder da palavra é de quem detém essa palavra, 3 ou seja, não só o discurso, mas também a formalização da maneira de falar. 15 A eles [os jornalistas] cabem não só divulgar, 3 informar, mas sobretudo tornar público e revelado. As suas relações com o poder vão, portanto, além dos limites das relações explícitas com o Estado e com grupos que detêm o poder político num determinado momento. 15 As relações de comunicação são relações de poder 3 e a língua como sistema simbólico é instrumento de conhecimento e construção do mundo, sendo suporte de poder absoluto, na medida em que através dela se codifica o mundo social (Bourdie, 1982 e 1990) 15 E nada mais condizente com o momento social da 3 década de 1950 do que se transformar mais do que em porta-vozes da modernização, mas em seu próprio emblema, produzindo um jornalismo em padrões completamente diversos do que fora feito até então [...]