A busca de informações nos diversos
Cabe
meios de comunicação
1 Introdução
Na atualidade, os meios de
comunicação influenciam a formação de
uma pessoa, seja positivamente ou não,
oferecendo uma avalanche de
informações oriundas do mundo inteiro.
Mas o que interessa é desenvolver o
senso crítico da leitura, a partir do
material advindo dos meios de
comunicação, seja escrito ou falado.
Conversaremos também sobre a
importância dos indicadores oficiais,
considerando as séries históricas
produzidas pelo IBGE. Os indicadores
permitem conhecer melhor a realidade
que vivemos, através de informações
que ajudam a comparar a qualidade de
vida do país com a de outras nações, ou
mesmo entre as diferentes regiões
brasileiras.
2 A importância da atualização
As diferentes disciplinas, em inúmeras
aulas, destacaram a importância do
exercício da leitura, em especial
daquelas científicas, fruto de pesquisas.
No entanto, acompanhar a dinâmica de
vida através dos meios de comunicação
é fundamental. É preciso acompanhar os
acontecimentos históricos, a vida social
sendo construída no aqui e agora, sendo
publicados nos meios de
comunicação.
O material publicado nos meios de
comunicação merece um olhar
cuidadoso para que se desenvolva uma
leitura crítica, buscando a relação dos
acontecimentos atuais dentro de um
contexto histórico, e considerando que
as decisões atuais são desdobramentos
de uma realidade anterior.
Os textos jornalísticos, por exemplo,
não oferecem um conteúdo coerente
entre presente, passado e futuro.
ao leitor desenvolver a percepção crítica
do mundo, buscando o estabelecimento
das necessárias conexões entre os fatos
presentes com suas causas (passado) e
possíveis consequências (futuro).
A formação acadêmica passa hoje
obrigatoriamente pela habilitação do
aluno para ler os meios de
comunicação, desenvolvendo o olhar
investigativo ao buscar os significados
históricos das publicações.
Para Caldas (2006), discutir as tensões,
os conflitos, os problemas éticos que
envolvem a construção da notícia na sua
relação com o mercado não é tarefa
menos importante para dar a real
dimensão do processo de produção da
mídia e das contradições inerentes a
este.
"O exercício do debate sobre os meios
de comunicação, em especial a mídia
escrita visa promover o debate sobre o
papel da imprensa; desenvolver a leitura
crítica do jornal; promover o respeito a
diferentes opiniões; aproximar os alunos
das questões do cotidiano; ajudar o
aluno a se expressar melhor e com
maior confiança em si; contribuir para
que o aluno desenvolva o exercício da
escrita; contribuir para que conheça
melhor o mundo em que vive; contribuir
para o exercício da cidadania e
colaborar para a construção de um
conhecimento mais amplo e
multidisciplinar etc." (CALDAS, 2006)
Aprender sobre o mundo editado pela
mídia, a ler além das aparências, a
compreender a polifonia presente nos
enunciados da narrativa jornalística, não
é tarefa fácil, mas desejável para uma
leitura crítica da mídia. Discutir a
responsabilidade social da imprensa, do
jornalista, compreender as intrincadas
relações de poder que estão por trás da
composição dos veículos; capacitar
professores e alunos para entender os
sentidos, o significado implícito no
discurso da imprensa não são tarefas
fáceis.
Exigem muito mais que a competência
do fazer jornalístico e o entendimento
claro de que a linguagem utilizada pela
mídia encerra múltiplas interpretações,
razão pela qual a leitura da mídia na
escola não deve restringir-se à leitura de
um veículo, mas à pluralidade dos
meios. É necessário reconhecer,
portanto, que a linguagem é, por
natureza, ideológica. Prossegue Caldas
(2006, P. 8), descrevendo que:
“Toda linguagem é ideológica porque,
ao refletir a realidade, ela
necessariamente a refrata. Há sempre,
queira-se ou não, uma transfiguração,
uma obliqüidade da linguagem em
relação àquilo a que ela se refere. Por
usar a própria natureza de mediadora
entre nós e o mundo, a linguagem
apresenta sempre, inelutavelmente, um
descompasso em relação à realidade.”
3 Sobre a formação crítica
Aprender a pensar e refletir sobre os
conteúdos noticiosos auxilia
diretamente nas formas autônomas de
pensar o mundo. Como destaca
Zanchetta Jr. Apud Caldas (2006, P. 9):
(...) para levar o aluno à reflexão
histórica e superar o caráter introdutório
e isolado predominante no trabalho com
a imprensa e outro, talvez se devam
enfatizar os conteúdos, mas
principalmente as características dos
gêneros e das práticas jornalísticas,
além do funcionamento dos meios de
comunicação na sociedade
contemporânea. Mais do que
sensibilizar pela surpresa, pela urgência
de solução para os problemas sociais e
ambientais, pela abordagem do
comportamento juvenil, estimular o
aluno a perceber-se como agente
midiático e não como receptor passivo
de conteúdos ou cliente dos meios de
comunicação na contribuição para que
ele possa se situar como indivíduo e
como parte de uma coletividade.”
(2005, P. 1.5).
DICA: Então a mídia, em geral, nunca é
um retrato fiel de como as coisas
aconteceram, mas indica o
acontecimento para que possamos
buscar o entendimento dos fatos dentro
de uma perspectiva histórica, a partir da
realização de uma leitura crítica.
Leremos mais a respeito a seguir.
O desenvolvimento do conhecimento e
da formação crítica de leitores não
ocorrerá pela leitura de um único canal
de comunicação, mas justamente pela
comparação entre eles, sejam jornais,
internet, rádio, televisão, entre outros,
isto é, a partir da percepção e do
reconhecimento de diferentes visões e
interpretações de um mesmo fato que é
possível realizar uma leitura do mundo
que desvenda o que está por trás da
informação encontrada na mídia.
Caldas (2006) fala que o uso da mídia
na sala de aula é para auxiliar os alunos
rumo à construção de seus próprios
pensamentos e opiniões sobre os
acontecimentos. E não para aceitar a
notícia como verdade absoluta.
4 Introdução de debates
É preciso informar e ampliar o debate
para reconhecer que no mundo da
globalização, o papel da mídia é
fundamental para a democracia de um
país.
Os meios de comunicação de massa e,
particularmente, os eletrônicos podem
funcionar como parte de uma
engrenagem de produção capitalista que
impede uma visão externa crítica. Como
exemplo, temos o mercado da “fofoca”
e “os jornais sangrentos”, bem como
uma série de programas televisivos que
induzem e incentivam o leitor a
permanecer desinformado, ou melhor,
bem informado em conteúdos poucos
úteis a transformação do seu modo de
vida.
SAIBA MAIS: Agora, com relação à
televisão: A maioria da população
brasileira tem este instrumento como
sua única fonte de informação. O papel
político da televisão no Brasil é único
em todo o mundo. Uma força poderosa,
potencializada pela falta de acesso a
outras fontes de informação e
entretenimento - jornais, livros, filmes,
peças teatrais.
5 Indicadores sociais
Enfim, até agora vimos como é
importante acompanhar os meios de
comunicação para contribuir no
desenvolvimento de uma leitura crítica
da realidade. O grande educador
brasileiro Paulo Freire nos diz que “se
os homens são os produtores dessa
realidade e se esta se volta sobre eles e
os condiciona, transformar a realidade
opressora é tarefa histórica, é tarefa dos
homens.” (2002, P. 32)
A partir de agora, vamos passar para
segundo objetivo desta aula que é a
reflexão sobre os indicadores sociais
oficiais, tais como aqueles produzidos
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
http://estaciodocente.webaula.com.br/
cursos/don132/docs/
11PS_aula02_doc01.pdf
6 Utilização dos indicadores
A crescente demanda por informações
estatísticas no país é observada em
diversas áreas, mas principalmente na
área social. Por exemplo, atualmente, a
taxa de mortalidade infantil, a taxa de
analfabetismo, o nível de desemprego, o
grau de indigência e pobreza, o Índice
de Desenvolvimento Humano, dentre
outros, são conceitos frequentemente
citados nos jornais, na mídia eletrônica,
nos debates políticos.
Cada vez mais se observam jornalistas,
lideranças populares, políticos e a
população em geral se utilizando de
Indicadores Sociais para avaliar os
avanços ou retrocessos nas condições de
vida da população, apontar a eficácia ou
ineficácia de políticas públicas ou
defender suas prioridades sociais.
As áreas que mais aparecem na mídia
em geral têm sido às de educação,
habitação e saneamento,
desenvolvimento social, mercado de
trabalho e saúde. No entanto, podemos
ir até a fonte das informações para ter
uma visão mais completa da situação.
7 O que significa ir até a fonte das
informações?
O Ministério do Planejamento vem se
utilizando dos indicadores socais
divulgados na publicação Radar Sociais
do IPEA, que apresenta uma
organização temática bastante similar à
Síntese de Indicadores Sociais do IBGE,
com o intuito de retratar a situação
brasileira em diversas áreas (trabalho,
renda, educação, saúde, moradia e
segurança).
Então, concluímos que acompanhar as
notícias econômicas e sociais,
considerando os rebatimentos no modo
de vida da população é de fundamental
importância na área social.
Souza (1991) nos discrimina que no
volume de informações que é veiculado
todos os dias, pois é necessário
identificar os ingredientes, os atores, os
interesses em jogo. Fazer isso é fazer
análise da conjuntura. Sobre a este
assunto vamos mergulhar um pouco
mais nesta publicação, destacando
conteúdos que colaboram a analise da
conjuntura – tais como:
“(...) são necessárias algumas
ferramentas próprias para isso. São
categorias com que se trabalha:
acontecimentos, cenários, atores,
relação de forças, articulação (relação)
entre ‘estrutura’ e ‘conjuntura’” (P. 9)
 E ele ainda apresenta
apontamentos sobre cada uma
delas. Vejamos:
“a) acontecimentos: (...) aqueles que
adquirem um sentido especial para um
país, uma classe social, um grupo social
ou uma pessoa. (...) Existem ocorrências
que se constituem em ‘acontecimentos’
tais como greves gerais, eleições
presidenciais (principalmente se são
diretas...), golpes militares, catástrofes,
descobertas científicas de grande
alcance. Estas ocorrências por sua
dimensão e seus efeitos afetam o
destino e a vida de milhões de pessoas,
da sociedade e em seu conjunto. (...)
Identificar os principais acontecimentos
num determinado momento, ou período
de tempo, é um passo fundamental para
se caracterizar e analisar a conjuntura.”
(P.10)
 Agora vamos passar para a 2ª
categoria registrada por Souza
(1991): Cenários.
“Cenários: As ações da trama social e
política se desenvolvem em
determinados espaços que podem ser
considerados como cenários. (...) Cada
cenário apresenta particularidades que
influenciam o desenvolvimento da luta
e muitas vezes o simples fato de mudar
o cenário já é uma indicação importante
de uma mudança no processo.” (P. 11)
 A 3ª categoria é sobre a
identificação dos atores
envolvidos:
“O ator é alguém que representa que
encarna um papel dentro de um enredo,
de uma trama de relações. Um
determinado indivíduo é um ator social
quando ele representa algo para a
sociedade (para o grupo, a classe, o
país), encarna uma ideia, uma
reinvidicação, um projeto, uma
promessa, uma denúncia. Uma classe
social, uma categoria social, um grupo
podem ser atores sociais.
(...) Instituições também podem ser
atores sociais: um sindicato, partidos
políticos, jornais, rádios, emissoras de
televisão, igrejas.” (SOUZA, 1991, P.
12)
 E agora, passamos para 4ª
categoria que se refere às relações
de forças:
“As classes sociais, os grupos, os
diferentes atores sociais estão em
relação uns com os outros. Essas
relações podem ser de confronto, de
coexistência, de cooperação e estarão
sempre revelando uma relação de força
de domínio, igualdade ou de
subordinação. Encontrar formas de
verificar a relação de forças, terem uma
ideia mais clara dessa relação é
decisivo. (...) Outra ideia importante é a
de que a relação de forças não é um
dado imutável, colocado de uma vez por
todas: a relação de forças sofre
mudanças permanentemente.” (SOUZA,
1991, P. 13).
 E por último, mas igualmente
importante, a categoria
“articulação (relação) entre
‘estrutura’ e ‘conjuntura’”:
“A questão, aqui, é que os dados e informações relacionados ao
acontecimentos, a ação desenvolvida seu campo de estágio.
pelos atores sociais, gerando uma
situação, definindo uma conjuntura, não
se dão no vazio: eles têm relação com a
história, com o passado, com relações
sociais, econômicas e políticas
estabelecidas ao longo de um processo
mais longo. (...) É fundamental perceber
o conjunto de forças e problemas que
estão por detrás dos acontecimentos.
(...) Procurar ver também os sinais de
saída para o ‘novo’, o não acontecido, o
inédito”.

8 Em síntese
Agora que vimos à contribuição de
Souza (1991), vamos costurar todos os
assuntos desta aula. O que isso quer
dizer?
Que as informações e dados advindos
dos meios de comunicação, somados
aos estudos sobre indicadores sociais e
a busca pelo exercício da análise da
conjuntura são elementos que
contribuem para compreendermos
melhor a conexão entre passado e
presente, nos auxiliando nas tomadas de
decisões visando um mundo melhor.
No exercício profissional, o Assistente
Social está mergulhado numa realidade
que não pode ser compreendida e
estudada de forma superficial, visto que
a qualidade da sua intervenção e o
alcance dos objetivos está relacionada à
“leitura” que é capaz de fazer.
SAIBA MAIS: O assistente social tem
um papel importante nesta realidade,
por isto é preciso utilizar instrumentos
que permitem uma leitura aprofundada
da realidade.
Para essa aula, sugerimos que acesse:
Ao final desta aula, dedique-se a
explorar a página do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística
( www.ibge.gov.br/home ). Procure