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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, o jornal impresso é


um dos meios comunicativos que mais dispõe de assuntos que permitem uma
reflexão sobre as diferentes situações sociais e culturais e que pode proporcionar ao
educando inúmeras formas de compreender o mundo.
Para trabalhar a leitura, nada melhor do que explorar o jornal, pois este traz
diversos tipos de gêneros jornalísticos como: notícias, reportagens, editoriais,
crônicas, charges, entrevistas e etc. que podem ser trabalhados de diversas formas.
O acesso às informações por diferentes linguagens contribuem para o
desenvolvimento da competência da leitura e será a base para que o aluno crie o
senso crítico e reflexivo sobre o que lê. Maria Alice Faria (2009, p.11), reforça essa
ideia quando diz que como formador do cidadão, se a leitura do jornal for bem
conduzida, ela prepara leitores experientes e críticos para desempenhar bem seu
papel na sociedade.
O uso dessa ferramenta é uma novidade e vem acrescentar a escola o apoio
ao conhecimento com o exercício da leitura e escrita, de modo que proporcione aos
alunos informações a respeito do que acontece na sociedade. Com isso, haverá
maior interação entre os jovens, fazendo com que eles possam desenvolver o
aprendizado em seus cotidianos, e torne a leitura um recurso pedagógico dinâmico,
sendo compreendido e interpretado por eles dentro e fora da sala de aula.
A característica mais acentuada de um leitor proficiente, segundo Kleiman A.
B. (1992, p.51), “é sua flexibilidade na leitura. Ele não tem apenas um procedimento
para chegar aonde quer, ele tem vários possíveis, e se um não der certo, outros
serão ensaiados”. Por isso, o ensino de estratégias de leitura consiste em tentar
reproduzir as condições que dão ao leitor proficiente essa flexibilidade e
independência. Em suma, o professor deve se preocupar em trabalhar uma
diversidade de práticas de leitura criando oportunidades para que o aluno encare a
leitura como uma atividade prazerosa, a qual exige um engajamento de aprendizado
nos termos de Kleiman e Moraes S. E. (2008, p. 129), “o sujeito cognitivamente
engajado mobiliza seus conhecimentos para fazer sentido de uma situação”.
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A partir desse contexto, este trabalho tem como objetivos trabalhar a leitura e
a escrita de forma significativa, destacando o jornal e sua importância como
instrumento de ensino e que além de promover uma leitura crítica do aluno,
incentiva-o ao hábito da leitura o que de certa forma, contribui para desenvolver
neste a capacidade de argumentação. Com isso, o educando vai sentir entusiasmo
para buscar outros meios de leitura, podendo ampliar seus conhecimentos, e
expressar seus interesses.
O desejo que levou a pesquisa foi a partir do contato direto com os alunos e
professores de uma escola da rede estadual. Pude notar a necessidade de utilizar o
jornal como recurso de ensino, pois a partir dele o educador trabalharia os
conteúdos programáticos em cima da realidade dos alunos e desta forma facilitaria a
compreensão.
A metodologia utilizada foi qualitativa e quantitativa, o método de pesquisa
bibliográfico e de campo e os instrumentos utilizados foram questionários diferentes
com perguntas fechadas para alunos e professores.
O trabalho foi dividido em três capítulos assim distribuídos; no primeiro
capítulo demos uma visão geral do trabalho, no segundo tratamos da importância da
utilização do jornal na sala de aula, no terceiro como utilizar o jornal na sala de aula,
no quarto indagamos por que o jornal na escola?, O quinto capítulo discorre sobre a
metodologia e por últimos nossas considerações finais.

2 A HISTÓRIA DO JORNAL NO BRASIL


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Em 1906, tentou-se em Pernambuco, fazer funcionar um prelo e este foi


bloqueado pela autoridade colonial. Antônio Isidoro, em 1746, abriu uma tipografia
no Rio de Janeiro que logo foi fechada, em 1747, pela Carta Régia de 10 de maio,
esta proibia a impressão de livros ou papéis soltos. Antes de ser preso e ter seu
prelo destruído, Antônio chegou a publicar o impresso Exame de Bombeiros.

Segundo Cecília Pavani (2003, p.12) o surgimento de jornais no Brasil marca


o “momento em que deixamos de ser colônia para ser sede do próprio governo
metropolitano, com a instalação da Família Real no Rio de Janeiro”.
Avisos comerciais e outros, eram trazidos pelo jornal Gazeta do Rio de
Janeiro que era reflexo da sociedade brasileira da época e estes, eram lidos por
padres, transmitidos pelos vendedores de folhinhas ou pendurados à porta da igreja.
Porém, o Correio Braziliense surgiu como o primeiro jornal independente e publicava
leis e regulamentos mercantis, se dedicava aos problemas brasileiros e exerceu
forte influência no movimento que culminou com a Proclamação da Independência,
em 1822. Com isso, Costa se tornou o patrono da imprensa brasileira. Com a sua
morte, em 1823, aos 49 anos, o seu jornal foi censurado, apreendido, proibido e
processado e não só no Brasil, mas em Portugal sua leitura é violação da lei.
A Gazeta do Rio de Janeiro começa saindo aos sábados, em seguida passa a
sair quartas e sábados e mais tarde sai terças, quintas e sábados.

Gazeta do Rio de Janeiro começou a circular em setembro de 1808


Em três meses, dos 32 exemplares publicados no Jornal Gazeta, 19 eram
extraordinárias. A notícia sobre "uma fermentação geral em todo o Portugal" contra
os invasores franceses foi o primeiro assunto da edição extraordinária. A
dependência do correio marítimo faz com que as notícias do Correio Brasiliense
acabem chegando atrasadas, mas isso não impede que as informações
internacionais do Correio contestem as notícias da Gazeta sobre a incursão
(invasão) e ocupação de Portugal e Espanha pelo exercito brasileiro. A Gazeta se
coloca unilateralmente em relação a esses fatos e a divulga como um veículo oficial,
embora a nota afirme o contrário. A Gazeta, com pequenas restrições como algumas
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notícias breves e anúncios locais, serve apenas para os relatos,


manifestos, ordens e contra ordens militares, decretos, exortações, editais.
Após a derrota francesa, os atos oficiais começaram a ser novamente
divulgados pela Gazeta, entretanto com mais lugar para notícias e anúncios. Não
era cobrado nada para ter um anúncio publicado, porém a Gazeta determinava
valores para venda independente e assinaturas. Com o tempo, o jornal passou a
cobrar uma tarifa pelos anúncios publicados. Desde o início, o jornal criou uma regra
de movimentação que usa pontos de vendas (livrarias) e serviço de assinaturas com
entrega domiciliar, recebendo com antecipação o pagamento da assinatura. O
Correio Brasiliense é um jornal de pauta variada, já a Gazeta é um órgão instituído
para informar sobre a vida administrativa e a movimentação social do Reino e que,
por ser o único aqui editado, absorve a história de forma documental: edital,
pequenos anúncios, perdidos e achados, leilões e atos do governo.
O Diário do Governo aparece e então, circula a última edição da Gazeta em
31 de Dezembro de 1821. Passa à Imprensa Nacional, nesse período, o acervo da
Impressão Régia, inclusive uma fundição de tipos e a Real Fábrica de Cartas (de
jogo). A Junta Diretora analisava os papéis e livros que se mandava publicar e
fiscalizava para que não fosse impresso nada contra a religião, o governo e os bons
costumes e, por este motivo, a Impressão Régia era subordinada por esse conselho
de censura desde junho de 1808.

2.1 ESTABILIZAÇÃO

De acordo com Juarez Bahia (1990, s.n.f) em 1844, os serviços de correios


passam a entregar correspondências a domicilio e acaba estimulando a circulação
de jornais. O jornal atualidade, editado no Rio de Janeiro, mobiliza entregadores
(negros, ex-escravos, mulatos) para venda separada regular na cidade, em 1858.
A partir daí, passou a se organizar uma estrutura de venda que iria
aprimorando com o tempo. Até então, os jornais eram vendidos em assinaturas por
via postal, livrarias, lojas de moda e em 1872 os jornais passam a ser
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comercializados em quiosques que começaram a tomar conta das ruas do Rio de


Janeiro e São Paulo. Eles ficam na parte interior do quiosque junto de outros
produtos. Já no século XX, passam a ser vendidos em bancas de jornal e revistas
como hoje em dia.
Jornais e revistas que irão se formar no Brasil tem como modelo a Gazeta.
Num período de doze anos, de 1808 até 1820, os únicos jornais que tiveram o
privilégio de ter licença de impressão foram A Gazeta do Rio de Janeiro e a Idade
D’Ouro do Brasil. Até 1821 o Rio de Janeiro só conhecia a Impressão Régia como
tipografia. A imprensa brasileira tem o ano de 1821 como marco, pois marca uma
etapa de liberdade de expressão do pensamento. Em 28 de Agosto é decretado por
D. Pedro, príncipe de Portugal, com a volta de D. João VI o fim da censura prévia a
toda matéria escrita, tornando no Brasil livre a palavra impressa. Este ato provém da
decisão das Cortes Constitucionais de Lisboa em defesa dos livres-arbítrios e apaga
em terras de Portugal, uma nódoa de três séculos por ação do poder do rei, dos
bispos e da Santa inquisição.
Os primeiros jornais e revistas não oficiais surgem na Bahia, após a Gazeta.
Em 1812, Idade D’ouro do Brasil apresenta a primeira revista impressa no Brasil,
chamada As Variedades ou Ensaios de Literatura que traz símbolos maçônicos. A
primeira mulher a desempenhar funções de direção na imprensa no Brasil foi
V.A.Ximenes de Bivar e Velasco, filha do redator de Idade D’ouro e as Variedades,
ela fundou e administrou o jornal das Senhoras na Bahia, em 1852. O jornal falava
sobre modas, literatura, artes, teatro e crítica e circulou de 1852 a 1855. O
compilador foi o primeiro jornal de Minas, escrito em 1823.
O Precursor das Eleições passa a circular em Ouro Preto. O Olidense, um
órgão estudantil, circula em Olinda e Recife. Também em 1823, o Diário de
Pernambuco se torna o jornal mais antigo em circulação da América Latina. Em 1º
de Outubro de 1827 é lançado o Jornal do Comércio. A imprensa de 1808 a 1880
reflete os atos políticos revolucionários que viabilizam a Independência e por isso foi
uma etapa de marcante atividade planfetária.

2.2 SEGUNDA FASE


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Segundo Juarez Bahia (1990, s.n.f) a segunda fase da imprensa brasileira


começa em 1880, setenta e dois anos passados da instalação do pesado material
de impressão da Gazeta do Rio de Janeiro. É um tempo de mais investimentos que
inicia ao jornal a dimensão de empresa. A tipografia perde o seu caráter artesanal
para entrar numa linha de produção que exige aparelhamento técnico e manipulação
competente.
Pequenos jornais  de discutível qualidade desaparecem com mais frequência
que na fase anterior. Uma imprensa mais sólida, nos anos da Abolição e da
República, está associada a uma tipografia mais renovada em relação aos primeiros
pioneiros. As empresas deixam de improvisar, buscam fixar posições de mercado
duradouras, mediante a organização. A economia assinala duas transições: uma
para o trabalho assalariado e outra para um sistema industrial. 
O âmbito restrito de um jornalismo mais literário e mais político já não atende
às exigências da sociedade, de um país em transformação. A
imprensa então deve situar-se num plano de interesse público de identificação com
os sentimentos de valorização da ordem jurídica, de aperfeiçoamento das
instituições e de conquistas sociais voltadas para o individuo.
O Jornal do Brasil nasce com a primeira Constituição Republicana. Seu
número inaugural é de 9 de abril de 1891. A Carta Magna que se manteve em vigor
até 1930 é de fevereiro de 1891. O JB aparece com a República, é de
tendência liberal e inclinação conservadora, mas não aceita vínculo partidário.
Assume a condição de jornal livre e independente. A morte de Pedro II leva o JB a
dar uma edição especial sobre "O grande morto". É uma forma de
manifestar a sua simpatia pela monarquia. Joaquim Nabuco assina dois artigos
preconizando a restauração da monarquia e em 16 de dezembro de 1891 a redação
é atacada a bala por invasores que gritam: "Mata, mata Nabuco". O ministro da
Justiça responde a Nabuco que não poderia "garantir a vida dos jornalistas que
trabalham nos jornais monarquistas".
Dois dias depois, aparece no cabeçalho uma linha: Sociedade Anônima
Jornal do Brasil. Em maio de1893 Rui Barbosa assume a direção do JB. No
cabeçalho aparece como redator-chefe. O estilo do jornal muda. Os fatos políticos
tem predominância sobre notícias policiais. A linguagem é dura, direta. Rui quer um
jornalismo livre, independente e "dentro da lei".
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Floriano Peixoto acusa o JB de incitar a Revolta da Armada. Na madrugada


de 10 de outubro, o jornal é assaltado e ocupado militarmente. Rui se exila na
Inglaterra. De Londres escreve para o Jornal do Commercio. O JB só reaparece um
ano e quarenta e cinco dias depois.
Na revolução de 30, o JB, então legalista, é alvo de vandalismos e deixa de
circular por uma semana. Em 1937 sofre censura por condenar o Estado Novo. Em
64, igualmente, apesar de ter apoiado o movimento contra João Goulart. E enfrenta
a seguir as limitações à liberdade de imprensa editadas pelo regime militar e que
culminam no longo período de arbítrio sob o Ato Institucional 5. O JB é o último dos
grandes a ingressar no processo editorial eletrônico, nos anos 80.
Os governos republicanos de Deodoro e Floriano fecham vários jornais em
todo o país. O primeiro historicamente a sofrer violência, a Tribuna Liberal (1888-
1889), do Rio de Janeiro, provoca intensa repercussão e expõe
uma nascente república pouco tolerante com a imprensa em comparação com o
Segundo Império. 

A fotografia reduz o espaço do desenho, porém não afeta a caricatura, que se


define nas prioridades da charge, do cartum etc. O século XX coloca a notícia como
prioridade para o jornalismo brasileiro. A informação diária se difunde.
  Os jornais criam concursos para atrair leitores e garantir índices elevados
de venda avulsa e de publicidade. De 1924 em diante, com o rádio,
o jornal perderá o monopólio da descrição dos fatos esportivos, sendo obrigado a
dividir uma cobertura exclusivamente sua. Até que aparece a televisão para
dominar, porém a vantagem da narrativa precisa, do detalhe que o leitor pode
conferir na fotografia ou no desenho. Os anos 20 marcam o início da circulação de
dois dos grandes jornais: O Globo, do Rio, e A Folha de S. Paulo (então Folha
da Manhã).
A Noite, fundado por Irineu Marinho em 1911, passa logo depois ao controle
de Geraldo Rocha. Em fins dos anos 20, é um jornal influente, dinâmico. Popular,
explora a reportagem policial, os fatos da cidade, os eventos esportivos. Ágil, bem
elaborado, conquista o mercado da tarde com notícias exclusivas. Mais competitiva
que qualquer outra, a imprensa do Rio encontra em A Noite o modelo de vespertino
que se torna exemplar e que vai inspirar iniciativas semelhantes, até que em fins dos
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anos 60 a produção indústria determina novas regras de veiculação e inviabiliza os


jornais da tarde,
restaurando a predominância dos matutinos.
A Noite começa a declinar em 1937, com a censura e a ditadura
que cairão em 1945. Rocha é adversário de Getúlio Vargas e é obrigado a fugir para
o exterior. O grupo privado de A Noite deixa de existir em 1940, com a criação por
decreto das Empresas Incorporadas ao Patrimônio da União (todas
as organizações do jornalista Geraldo Rocha, incluindo o vespertino e as rádios
Nacional e Mayrink Veiga). O título principal de Rocha (A Noite) prolonga sua
existência até1962, alternando a sua propriedade, interrompendo várias vezes a sua
circulação, alterando a aparência e perdendo em qualidade.

2.3 TERCEIRA FASE

A terceira fase da imprensa brasileira registra, com o Estado Novo, um dos


mais lamentáveis episódios da história do jornalismo latino-americano. É quando
se dá o advento da censura, a partir de 1939, estruturada no Departamento de
Imprensa e Propaganda (DIP). A expansão industrial do jornalismo não se
interrompe, pois os recursos governamentais empregados na publicidade dos atos
oficiais beneficiam os meios de divulgação.
Em 1985, a nação liquida a ditadura. São abolidos instrumentos de opressão,
a imprensa readquire sua plena liberdade. O governo cria em 1953 a Lei de
Imprensa. Porém, o AI 2 baixado pelo general Castelo Branco em 1965 dá chances
ao presidente da Republica de violar a liberdade de imprensa. Essas graves
restrições às liberdades aumentam com o AI 5 de 1968, que fecha o Congresso
Nacional e censura qualquer manifestação do pensamento. Muitos jornais são
invadidos, depredados ou fechados pela Polícia.
O Correio da Manhã desaparece de circulação. O Estado de S. Paulo e o
Jornal da Tarde têm suas edições apreendidas. Os atentados atingem os grandes,
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médios e pequenos veículos que ousam desafiar com a notícia a censura militar. A
Tribuna da Imprensa é submetida a repetidos atos de violência, entre os quais oito
anos de censura prévia. Seu diretor foi preso várias vezes, a redação invadida e
violada em atentado não esclarecido. Última Hora sobrevive até 1971, quando seu
fundador é obrigado a vendê-la.
A imprensa alternativa nesse período acusa um rigor da censura ainda maior
que a grande e média imprensa. O Pasquim teve seus diretores e principais redatore
redatores presos. Só após o fim do AI 5, com a liberdade de imprensa e a abertura
política, a anistia e as eleições, nos anos 80,os meios de comunicação fazem o
balanço da tortura, do terrorismo, da censura e do autoritarismo.
A história do jornal no Brasil continua sendo escrita e documentada nos dias
de hoje e toda a sociedade é coadjuvante dela. No moderno jornalismo mundial.
Nas últimas décadas do século XX ela reflete a própria situação do país. Quatro dos
dez principais jornais da América Latina circulam em São Paulo e no Rio de Janeiro:
O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Globo e Folha de S. Paulo. Não existe
mais a censura e a repressão do Estado, somente os interesses comerciais de cada
publicação. Hoje a imprensa brasileira ocupa lugar relevante na sociedade.
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3 A CONTRIBUIÇÃO DO JORNAL PARA A COMUNICAÇÃO

Os meios de comunicação são artifícios que permitem a comunicação entre


pessoas, contribuindo com o processo de transmissão de informações. Ao longo da
história, o homem sempre desenvolveu formas para se comunicar: sinais, desenhos,
cartas, criação de alguns objetos, etc.
Aos poucos, ao longo do tempo, os meios impressos de comunicação, mais
como uma estratégia de vendas do que outra coisa foram se dando conta da
importância de estimular os professores a utilizarem esses meios como forma de
apoio didático-pedagógico.
A utilização do jornal na sala de aula é uma prática que auxilia na aquisição
da linguagem, na ampliação do vocabulário, na capacidade de analisar discursos e
na própria inclusão do aluno, como cidadão, na sociedade, além de predispô-lo
favoravelmente à leitura de livros.
Apesar de todo o conhecimento tecnológico no campo da comunicação, ler
rapidamente e entender o que se lê continuam sendo uma habilidade essencial para
todo e qualquer tipo de aprendizagem. Por essa razão, criar condições que
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estimulem o hábito da leitura em sala de aula é essencial para propiciar a plena


formação do cidadão.
O jornal é um meio dinâmico de ensino, que pode promover a
interdisciplinaridade e a integração de conhecimentos e práticas no contexto escolar.
São diversas as possibilidades de trabalho com o jornal. O que proporciona ao aluno
informações e atividades que induzem a uma leitura do cotidiano, despertando um
leitor critico e consciente do que ocorre ao seu redor. Segundo as palavras do
educador Paulo Freire "a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra"
(1990, p.11).

Os fatores de relevância pessoal e acessibilidade do texto são fundamentais


no domínio da leitura, e ler de modo competente abrange muito mais do que o
domínio de mecanismos básicos. Para Adams (1994, apud Pavani 2003, p. 14)“ ler é
e deve ser uma habilidade que a pessoa desenvolve continuamente (...) o proveito
que se tira da leitura depende do que se dá a ela – a leitura em seu sentido
produtivo único é sempre um desafio em matéria de pensamento ativo e
compreensão”. Devendo ser ensinada.

(...) ler é uma habilidade altamente desenvolvida; não é mera aceitação


passiva dos esforços dos outros. Não é de estranhar, portanto, que a
quantidade de leitura se correlacione em alto grau com a educação da
pessoa; a pessoa precisa ser educada para ser capaz de ler; e deve ter
prática suficiente de leitura ler bem. A fim de ler com prazer e com
facilidade, é necessário prática contínua, exercício contínuo, contínuo
aperfeiçoamento desta habilidade. (ASHEIN, 1956, apud PAVANI, 2003, p.
20).

Um jornal pode contribuir para a formação dos seus leitores, como por
exemplo, exercer pedagogia social, informando sobre como contribuir com pequenos
gestos para a reciclagem dos lixos ou para a salvaguarda do ambiente.
Nos anos de 1960, o educador brasileiro Paulo Freire, assim como Freinet,
acreditava na prática pedagógica comprometida como forma de reduzir a evasão
escolar e formar educandos críticos. Uma das técnicas que defende é a elaboração
do jornal escolar como um dos instrumentos que considera essenciais para motivar
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a escrita, “contribuindo para o desenvolvimento social e cultural do educando”


(ELIAS, 1997, p. 101).
O jornal na sala de aula é uma atividade fundamental para a comunicação
entre a comunidade escolar, pois aproxima ainda mais o aluno de sua realidade,
uma vez que proporciona a oportunidade de vivenciá-la e registrar suas próprias
conclusões.

3.1 O JORNAL COMO APOIO PARA A FORMAÇÃO DE ALUNOS LEITORES

A partir da segunda metade do século XIX começaram a surgir no país, livros


de leitura destinados especificamente às séries iniciais da escolarização substituindo
as cartilhas ou materiais manuscritos. Um pouco depois, mas ainda no século XIX,
outras séries de livros de leitura foram editadas, com ilustrações em cores, e lições
que traziam conteúdos das diversas áreas do conhecimento. Alguns textos
buscavam oferecer as crianças além de instruções, ensinamentos morais.
Para Richard Bamberger (1987, p. 92) o desenvolvimento de interesses e
hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que começa no lar,
aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora, através das
influências da atmosfera cultural geral e dos esforços conscientes da educação e
das escolas públicas.

Foi afirmado anteriormente que, ao experimentar a leitura, o leitor executa


um ato de compreender o mundo. De fato o propósito básico de qualquer
leitura é a apreensão dos significados mediatiza dos ou fixados pelo
discurso escrito, ou seja, a compreensão dos horizontes inscritos por um
determinado autor em uma determinada obra. (SILVA, 1987, p.43)

Além de funcionar como fonte de consulta mais atualizada e servir, ao


mesmo tempo, como uma forma de aproximar os alunos da realidade. Ao pôr o
aluno em contato com o meio jornal, espera-se estar formando leitores cada vez
mais leais, no futuro. Moran analisa os meios de comunicação como um instrumento
didático-pedagógico:
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Os meios podem ser utilizados também como instrução, informação, formas


de passar conteúdos organizados, claros e sequenciados. Principalmente o
vídeo instrucional, educativo, é útil para o professor, porque lhe dá chance
de completar as informações, reforçar os dados passador pelo vídeo. Eles
não eliminam o papel do professor. Antes ajudam-no a desenvolver sua
tarefa principal que é a de educar para uma visão mais crítica da sociedade.

(1991, s.n.f).

A sociedade passou a ser mais complexa, mais postos de trabalhos surgiram


e a necessidade de escolarização tornou-se evidente mudando os costumes, os
hábitos culturais, e a educação passou a ser vista como necessária ao
desenvolvimento econômico e cultural.

3.2 AS PRÁTICAS DE LEITURA EM SALA DE AULA

Utilizar a mídia na escola é o primeiro passo para a leitura do mundo. Em


Toda linguagem é ideológica porque, ao refletir a realidade, ela
necessariamente a refrata. A essa diferença substantiva entre a linguagem e o real
acrescentam-se as diferenças adjetivas, quer dizer, as variações próprias às
posições históricas e sociais dos agentes que a produzem e consomem.
(SANTAELLA, 1996, p. 330-331)

Os percursos metodológicos entre as áreas de comunicação e educação vêm


sendo trilhados há muito tempo, de forma paralela, sem que os especialistas desses
campos do conhecimento consigam chegar a um denominador comum para a
interface necessária no uso adequado da mídia na escola. Nas sociedades
modernas, em que os meios de comunicação interferem diretamente na
formação/deformação das pessoas, sejam elas crianças, jovens ou adultos, não há
mais como negar a importância para resultados mais eficazes nos procedimentos
pedagógicos das escolas.

A formação de cidadãos, atributo da escola, passa hoje obrigatoriamente


pela habilitação do cidadão para ler os meios de comunicação, sabendo
desvelar os implícitos que a edição esconde; sendo capaz de diferenciar,
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entre os valores dos produtores dos meios, aqueles que estão mais de
acordo com a identidade de sua nação; reconhecendo os posicionamentos
ideológicos de manutenção do status quo ou de construção de uma variável
histórica mais justa e igualitária. E, para isso, a escola não pode esquecer-
se do ecossistema comunicativo no qual vivem os alunos. Ou seja, ou a
escola colabora para democratizar o acesso permanente a esse
ecossistema comunicativo ou continuará a operar no sentido da exclusão,
tornando maiores os abismos existentes. (BACCEGA, 2003, p. 81)

A recente pesquisa Retrato da Leitura do Brasil, realizada pela Câmara


Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL),
Associação Brasileira de Editores de Livros (ABRELIVROS) e Associação Brasileira
de Celulose e Papel (BRACELPA), traz um perfil preocupante do leitor brasileiro.
Com um universo de 5.503 entrevistas de 40 cidades brasileiras, representando uma
população estimada em 86 milhões de pessoas (correspondente a cerca de 40% da
população do Brasil), os resultados revelam que 61% dos brasileiros adultos
alfabetizados têm pouco ou nenhum contato com os livros. Além disso, de acordo
com os dados divulgados pela revista Carta Capital (9/ 11/2005, p. 22), na Região
Sudeste “apenas 7% dos estudantes alcançaram níveis ‘adequados’ de leitura”.
Segundo dados do diagnóstico sobre os Programas de Jornal na Educação
Embora os objetivos educativos anunciados pelas empresas na pesquisa da
ANJ sejam legítimos, na prática, a avaliação dos próprios responsáveis pelos
respectivos programas indica que os resultados mais favoráveis (61%) estão
concentrados na formação de novos leitores, no conhecimento do aluno sobre o
processo de produção dos jornais (74%), na aproximação da escola das questões
do cotidiano (76%) e na contribuição para que o aluno conheça melhor o mundo em
que vive (60%), além de contribuir, também, para o exercício da cidadania (57%).
Em contrapartida, a promoção do incentivo à leitura é baixa (24%), assim como
favorece pouco a criação do jornal escolar (28%).
Os objetivos para a prática de alunos leitores em sala de aula são
principalmente: o incentivo a leitura; o estímulo para uma leitura crítica, o que ajuda
o aluno a se expressar melhor e com maior confiança em si; contribuir para que
escreva melhor; contribuir para o aprendizado informal da língua; colaborar para que
o aluno conheça melhor o mundo em que vive; e que facilite a construção de um
conhecimento mais amplo e multidisciplinar do aluno.
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4 POR QUE O JORNAL NA ESCOLA?

O jornal é também um registro da história, no seu dia a dia. Isto, entretanto,


leva o aluno a adquirir a competência necessária para ordenar e compreender esse
caos aparente. Para tanto, ele aprenderá a relacionar o passado com o presente,
buscando as origens dos fatos e a refletir sobre as consequências daquilo que
ocorre dia após dia, numa projeção da história para o futuro.
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Finalmente, por todos estes fatores, o jornal se transforma numa ponte entre
os conteúdos teóricos dos programas escolares e a realidade. Segundo Maria Alice
Faria (2009, p.12):
Para os alunos o jornal:
- é o mediador entre a escola e o mundo;
- ajuda a relacionar seus conhecimentos prévios e sua experiência pessoal de vida
com as noticias;
- leva-os a formar novos conceitos e a adquirir novos conhecimentos a partir de sua
leitura;
- ensina-os a aprender a pensar de modo crítico sobre o que lê;
- estabelece novos objetivos de leitura.
Segundo Carmen Lozza (2009, p.68):
Para os professores, enfim, o jornal é um excelente material pedagógico (para
todas as áreas) sempre atualizado, desafiando-os a encontrar o melhor caminho
didático para usar esse material na sala de aula. Para Carmen (2009, p.72) a
presença de jornais na escola pode e deve estar associada à ampliação do prazer
de ler no sentido mais amplo possível (...).

4.1 COMO UTILIZAR O JORNAL NA ESCOLA

Lozza (2009) em seus estudos sobre jornal e educação, vem reafirmar a


grande importância da utilização do jornal em sala de aula e os pontos positivos
deste recurso quando diz:

O jornal é um meio de comunicação social que informa, opina, possibilitando


aos leitores o contato com um conjunto de informações acerca dos
acontecimentos mundiais que foram considerados e tratados como notícia
pelos responsáveis do veículo. (p. 33)

O professor é responsável pela formação da cidadania e deve sempre buscar


a melhor forma de repassar determinados conceitos aos seus alunos. Existem
inúmeros materiais que podem ser usados com essa finalidade e o jornal é
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considerado como um deles, pois é extremamente positivo ao ser utilizado pelos


educadores, porém de forma sábia, planejada e com objetivos a alcançar.

Produzir um jornal escolar, mural ou impresso, é mais do que transmitir


informações. É, na verdade, uma excelente atividade em grupo, que pede poder de
síntese, liderança, conhecimento prévio da realidade, isto é, a verificação dos
problemas, dos acontecimentos, da cultura, das preferências e das necessidades da
escola.
Seguindo essa linha de pensamento, Lozza nos diz que “a presença de
jornais na escola pode e deve estar associada à ampliação do prazer de ler no
sentido mais amplo possível(...)”(2009, p.72).
Para o educador o jornal é uma das maneiras de trabalhar produção textual e
leitura. Para o aluno, é um exercício diferente e atrativo de cidadania. Algumas dicas
para o professor elaborar o seu jornal escolar:
-   É preciso definir um local para expor o jornal, se ele for mural. Se optar pelo
impresso verifique como será a impressão. Em ambos os casos é preciso definir,
logo no início, o tamanho e as seções (editorias);
-   Escolha assuntos (pautas) e a periodicidade do veículo, lembre-se que é preciso
tempo hábil para elaborar um jornal de qualidade;
-    Distribua as tarefas, o professor fica responsável por coordenar o trabalho;
-    É hora de produzir textos e ilustrações como desenhos e fotografias;
-    É importante fazer a correção ortográfica e, também, que os alunos assinem
textos e ilustrações;
-   O interesse sobre o jornal só acontece se os fatos tiverem uma relação direta com
a vida da comunidade escolar. Seguem algumas sugestões de pautas:
*Entrevistas com alunos, diretor, coordenador ou pais;
*Últimos acontecimentos como olimpíadas escolares, festas do bairro ou na escola.

4.2 CONSTRUINDO O JORNAL NA SALA DE AULA

Realizar o Jornal na Escola é muito mais que divulgar informações, fazer


propagandas e realizar um trabalho em grupo. Busca desenvolver a criatividade, o
29

espírito crítico, a expressão oral e escrita. É conhecer a realidade, os problemas


locais, a cultura de um povo.
Por isso, para os educadores utilizarem os diferentes tipos de Jornais para
enriquecer a prática pedagógica, bem como desenvolver um trabalho com
qualidade, onde os alunos encontrarão mais interesse e, consequentemente,
construirão conhecimentos significativos.

4.1.2 Tipos de Jornais

4.2.1.1 Jornal Mural


É mais simples. Mas nem por isso menos interessante. Defina um bom local
(onde transite muita gente) para montá-lo. A criatividade manda nessa hora.

4.2.1.2 Jornal Xerocado


Método bastante utilizado para a produção de jornais amadores, pois o
resultado da impressão se parece mais com a profissional. Uma das vantagens do
jornal xerocado é poder optar entre fazê-lo no formato convencional, com a folha
aberta e no sentido vertical, ou dobrar as folhas ao meio, no sentido horizontal, e
encaixar uma na outra, como uma revista. Basta datilografar os textos e montá-los,
com títulos e imagens nas folhas e depois xerocar.

4.2.1.3 Jornal Informatizado


Utilizando alguns programas como Word ou Page Maker é possível fazer um
trabalho muito bonito e moderno. Caso a escola possua um scanner, fotos e
imagens scaneadas ilustrarão as matérias. Mas é bom lembrar que, para utilizar
esses recursos, um certo conhecimento técnico é necessário.

4.3 ESCOLHA DO JORNAL

A primeira decisão a ser tomada é: que jornal sua escola está preparada para
realizar? Existem várias opções, algumas mais baratas, outras que exigem um
mínimo de conhecimento de programas para computador. O professor e seus alunos
30

devem decidir, na primeira reunião do grupo responsável pela realização do jornal,


qual é a opção adequada.

- Jornal mural
- Jornal Xerocado
- Jornal informatizado

Decidido isso, definam a periodicidade do veículo (semestral, bimestral,


mensal) e o seu nome - para isso, que tal realizar um concurso na escola? É uma
maneira de estimular a participação de todos para o jornal.

4.4 HORA DE FAZER O JORNAL

O professor deverá coordenar os trabalhos. A redação de um jornal inclui: a


escolha dos assuntos, a distribuição das tarefas, a discussão do material apurado e
o que deverá ser publicado, a produção de textos e ilustrações, a definição de títulos
e páginas.
Na primeira reunião com o grupo, deverá definir quem ficará responsável por
cada área do jornal. O professor poderá contar com o auxílio de um aluno/editor, que
o auxiliará na revisão do material apurado pelos alunos/repórteres,
alunos/pesquisadores, alunos/fotógrafos e assim por diante.

4.4.1 Pauta
Que assuntos serão abordados no jornal? De preferência, aqueles
diretamente ligados aos interesses dos alunos. É bom lembrar que qualquer fato ou
evento ocorrido na escola e/ou comunidade pode ser objeto de matéria.

4.4.2 Matérias

4.4.2.1- Reportagens: Quem? Quando? Onde? Por quê? Como? - estas perguntas
devem ser respondidas no texto. O repórter vai atrás dos acontecimentos, obtém
informações de diferentes fontes (pessoas) e escreve um texto resumindo as idéias
e o fato.
31

4.4.2.2- Entrevistas: As entrevistas do tipo pergunta e resposta, também chamadas


pingue-pongue, são as mais comuns. A opinião de uma pessoa ou seu ponto de
vista sobre determinado assunto são transcritos, juntamente com as perguntas do
repórter. Uma introdução apresenta o entrevistado e o assunto.

4.4.2.3- Artigo: É um texto opinativo (um professor ou um aluno pode falar sobre
algum tema polêmico, por exemplo)

4.4.2.4- Crítica: É a opinião do repórter a respeito de um livro, um filme, um disco,


um programa de TV, etc.

4.4.2.5- Editorial: É a opinião do jornal sobre algum assunto importante e atual. A


equipe do jornal pode definir, a cada edição, quem ficará responsável por ele.

4.4.2.6- Enquete, pesquisa de opinião: Escolha um tema que mereça ser pesquisado
- qual a opinião dos estudantes sobre ele? Outra idéia é descobrir o perfil dos
estudantes da escola através de pesquisas.

4.5 DIAGRAMAÇÃO

É normal, após a coleta final, perceber que há mais material do que espaço
disponível, ou que alguns textos ficaram longos demais. Não adianta sacrificar o
visual do jornal para colocar todo o material que há em mãos. Portanto, faça os
cortes que forem necessários e o que restar poderá ser utilizado na edição seguinte.
32

5 METODOLOGIA

5.1 FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA  

O caminho percorrido para investigar como está sendo utilizado o jornal na


sala de aula como instrumento de incentivo a prática da leitura  teve como ponto de
partida, a busca de um amplo referencial teórico, constituído por autores de
destaque nacional e internacional sobre o tema proposto, objetivando ampliar o
nosso conhecimento acerca do assunto, elevando assim o nível de estímulo para
realização da pesquisa, como também o suporte técnico científico necessário a
nossa investigação, analisando o que foi publicado da área, levantando as
publicações existentes nas bibliotecas, sites, revistas
               A pergunta que inquieta: como está sendo utilizado o jornal na sala de
aula? O tema é relevante visto que a leitura é o ponto de partida para as diversas
aprendizagens nos mais variados campos. Com isso, foram surgindo discussões
que percorrem novos caminhos com propostas inovadoras, mas sempre deixando
margens a questionamentos, indagações, estimulando o pesquisador, que traz em si
uma perspectiva do fenômeno que lhe é peculiar, tendo sua parcela de contribuição
a oferecer para aqueles que vislumbram criar novos horizontes conceituais na área
de leitura, visto ser uma área que está em processo constante de inovação.
  Paralelamente à coleta de dados, revimos a literatura anteriormente
selecionada, buscando mais livros e textos referentes ao jornal,  sua história, seu
percurso e o contexto atual da utilização do mesmo em sala de aula.
           

5.1.1 Campo de Pesquisa


33

A base do nosso campo de pesquisa foi uma Escola de Referência da Rede


Estadual localizada no município de Arcoverde - PE a 265 km da capital Recife,
sendo a porta de entrada para o sertão do estado e terra do Cardeal Arcoverde, o
primeiro da América Latina.
Tem como missão ser reconhecida em âmbito regional, pela sua qualidade
em educação, visando o trabalho e às práticas sociais. E procura ser referência em
educação de qualidade a nível nacional.        
A pedagogia aplicada parte dos princípios de que deve preparar os jovens
para a vida social, criando nele o espírito crítico, levando-o a ser formador e
transformador do meio em que vive.
 
5.1.2 A população estudada e a amostra
 
A Escola  selecionada como campo de pesquisa conta em 2012 com uma
população de 38 professores e funcionários, de vários níveis e funções, e de 430
alunos, distribuídos nos diversos níveis.
Pelo fato da Escola  oferecer um ensino de boa qualidade (segundo a cultura
local e regional onde se situa) atrai um corpo discente bastante heterogêneo. É
comum encontrar alunos oriundos de famílias possuidoras de uma situação
financeira estável, e outros provenientes de famílias de baixíssima renda que
realmente desejam estudar.
            Escolhemos para desenvolver nossa investigação os alunos de 1º, 2º e 3º
séries do Ensino Médio.
            O quadro a seguir especifica a amostra solicitada:

SEGMENTOS QUESTIONÁRIO
34

Alunos  92
Professores 11

TOTAL 103
Quadro 1 – Distribuição da amostra

5.1.3 A construção do problema

Considerando-se a necessidade de formarmos cada vez mais e melhores


alunos que sejam leitores, gerou em nós o desejo de   investigar como anda essa
prática em relação à utilização do jornal em sala de aula. A existência da incoerência
entre o processo de formação de leitores  e o resultado deste tal desejo foi o
trampolim que habilitou-nos a buscar através desta pesquisa, construir novos
significados para o uso do jornal em sala de aula tentando mostrar caminhos
alternativos para que a prática do uso de jornal em sala de aula como instrumento
que possa ser mais uma  ponte para o sucesso escolar dos educandos.
Nesta pesquisa, através da comunicação de outras pessoas, buscamos
traduzir os significados expressos pela linguagem, escutamos pessoas preocupadas
em refletir a questão da leitura na  escola, pessoas que buscam o como e a melhor
forma de trabalhar a leitura, buscando novas significações para o processo da
mesma.
Um sistema que na maioria das vezes utiliza apenas o livro didático, limitando
o universo de possibilidades para o uso de outras ferramentas mais estimulantes ,
criativas e de interesse do educando, despertando o gosto pela leitura e melhorando
consequentemente a escrita.

5.1.4 A coleta de dados


35

  Com a definição do objeto de estudo, era necessário que existisse um diálogo


com a realidade, viabilizando uma melhor qualidade na realização do estudo e que
se apresente segundo Minayo (1996, p. 51) como uma “possibilidade de
conseguirmos não só uma aproximação com aquilo que desejamos conhecer e
estudar, mas também de criar um conhecimento partindo da realidade presente no
campo”.
Para tanto foi imprescindível definir a composição da amostra. Para coleta de
dados, realizamos encontro com a Direção do Colégio, para solicitar autorização
para realização da pesquisa, enviamos uma carta convite aos professores
solicitando ajuda na resposta do questionário e aplicamos 1 (um) questionário de
forma direta para os alunos. Ao responder aos questionamentos os sujeitos
investigados interveem na produção da informação buscada, sendo, por
conseguinte, menos objetiva. Segundo Raymond Quivy e Luc Van Campenhoudt
(1995, p.164) “... há aqui dois intermediários entre a informação procurada e a
informação obtida: o sujeito, a quem o investigador pede que responda, e o
instrumento, constituído pelas perguntas a pôr”. Estas são duas fontes de
deformações e de erros que será preciso controlar, para que a informação obtida
não seja falseada, voluntariamente ou não.
Através do contato direto com os alunos e professoras investigados dentro do
seu próprio contexto, houve possibilidade de obter informações sobre a realidade de
cada um, além de captar várias situações que não são percebidas nos
questionários.

5.1.5 A abordagem qualitativa e quantitativa

Optamos pela abordagem qualitativa e quantitativa. Qualitativa,  dada a


natureza do  problema, os objetivos propostos com base no referencial teórico e a
fundamentação técnica em Ludke e André (1986), contemplando os problemas que
emergem do cotidiano escolar, sem deixar de lado os índices quantitativos.
Segundo Minayo (1996, p.22) “a abordagem qualitativa aprofunda-se no
mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e
não captável em equações médias e estatísticas”.
36

            A pesquisa foi desenvolvida in loco no contexto escolar, na sala de


aula,  uma pesquisadora foi agente da investigação, atentando para o que nos
orienta Wolcott, apud Lücke e André (1986, p.14) nos seguintes termos: “a
existência de auxiliares de pesquisa pode ser extremamente útil (...) mas jamais
substituirá a riqueza do contato íntimo e pessoal com a realidade estudada”.
            Durante a pesquisa, procuramos detectar a realidade do que ocorre com o
uso jornal em sala de aula  no cotidiano escolar da Escola campo de pesquisa. O
foco de nossa investigação foi à prática pedagógica dos professores objeto de
estudo  especificamente em relação ao uso do jornal em sala de aula, suas posturas
em relação a essa  prática e o que pensam os alunos em relação ao fato.
          Utilizamos como instrumento de pesquisa o questionário com perguntas
fechadas, atendendo os nossos objetivos.

5.1.6 Os questionários
 
No decorrer da investigação aplicamos  01 questionário direto para 11
professores, e também 01 questionário direto para  92 alunos. Os modelos dos
questionários estão nos apêndices A e B. Aplicamos diferentes questionários para
os segmentos de nossa amostra supracitada. A aplicação dos questionários foi
vantajosa, fornecendo dados quantitativos e qualitativos, num curto espaço tempo e
com respostas precisas e objetivas.Os questionários foram elaborados
com  questões  fechadas, atendendo aos objetivos propostos para a pesquisa.
            Com a aplicação dos questionários colhemos dados significativos tanto em
qualidade quanto em quantidade, enriquecendo substancialmente a nossa pesquisa.
 

5.1.7 A análise de documentos


 
Acordamos com Lüdke e André quando colocam que
37

os documentos constituem uma fonte estável e rica (...) dão mais


estabilidade aos resultados obtidos (...) uma fonte tão repleta de
informações sobre a natureza do contexto nunca deve ser ignorada,

quaisquer que sejam os outros métodos de investigação escolhidos.

(1986, p.39)

Sendo uma fonte natural de informações, nos deram subsídios na coleta de


dados para que possamos agora fazer o levantamento dos mesmos, construirmos
tabelas, transformarmos em gráficos utilizando o programa word do computador.

5.1.8 Resultados da entrevista com os alunos e professores investigados


38

1. Qual meio você prefere para fazer uma boa leitura?

JORNAL 04

REVISTA 09

LIVRO 55

INTERNET 24

Tabela 01 – Levantamento de dados da questão 1 - alunos

Gráfico 01 - Levantamento de dados da questão 1 - alunos

Com o resultado, nota-se que os alunos ainda preferem o livro para fazer uma
leitura, talvez seja pelo fato de só serem estimulados a utilizar este recurso e se
fosse mais a fundo, chegaríamos à conclusão de que a leitura que eles fazem no
livro é aquela que o professor manda na escola ou, quando vão estudar para prova e
trabalhos escolares.
2. Com que frequência você lê jornal impresso?

SEMPRE 09

ÀS VEZES 55

NUNCA 02

RARAMENTE 26

Tabela 02 - Levantamento de dados da questão 2 - alunos


39

Percebe-se a partir deste resultado, que a falta de incentivo na escola quanto


ao uso do jornal, faz com que os alunos não se interessem pela leitura deste
meio. Portanto, o apoio na sala de aula é fundamental para que o aluno conheça
esse meio de comunicação e se interessem por suas matérias.

3. O jornal impresso deveria ser utilizado com mais freqüência dentro da sala
de aula?

NÃO 02

ÀS VEZES 40

NUNCA 00

RARAMENTE 04

SEMPRE 46

Tabela 03 - Levantamento de dados da questão 3 - alunos

Gráfico 03 - Levantamento de dados da questão3 - alunos

Os alunos acham que o jornal deveria ser utilizado mais vezes na sala de
aula. Apesar de não lerem com frequência, mas, alguma vez o professor utilizou-o
em sala de aula, eles perceberam a importância deste recurso inovador e sentiram-
se estimulados.
40

4. Ao fazer uma leitura, você procura tirar suas próprias conclusões?

SEMPRE 42

ÀS VEZES 45

NUNCA 01

RARAMENTE 04

Tabela 4 - Levantamento de dados da questão 4 - alunos

Percebemos pelo resultado que apesar de não lerem bastante, mas eles
entendem o que estão lendo e cada leitura é inédita. Ratifico o que Magalhães e
Leal colocam em relação: aos textos: “Os textos estão abertos a interpretações
múltiplas, dependendo do intérprete” (2004 p.12)

5. Você se deixa influenciar pela conclusão do autor?

SEMPRE 04

ÀS VEZES 52

NUNCA 14
41

RARAMENTE 22

Tabela 5 - Levantamento de dados da questão 5 - alunos

Gráfico 5 - Levantamento de dados da questão 5 - alunos

É perceptível que muitos alunos ainda não têm uma ideia formada e acabam
deixando-se influenciar pelas palavras de outras pessoas, mostrando com isso que
precisam ser trabalhados em sua autonomia, criticidade, auto-confiança para que
possam pensar por si e defender suas ideias e posições com argumentos coerentes
e firmes.
.

6. Você procura fazer uma leitura crítica de jornais?

SEMPRE 14

ÀS VEZES 37
42

NUNCA 14

RARAMENTE 27

Tabela 6 - Levantamento de dados da questão 6 – alunos

Gráfico 6 - Levantamento de dados da questão 6 – alunos

O resultado é esperado, pois se os alunos não têm o costume de ler jornais,


não compreendem a importância das manchetes, e assim fica muito difícil para eles
pararem para fazer uma análise crítica do que está sendo lido.
Segundo Gabriel Perissé (2011, p. 44) “somos seres pensantes, chamados a ver
mais do que nossos olhos enxergam, a ouvir mais do que nossa audição está
acostumada a captar, a saborear, a experimentar, chamados a tocar a pele da
realidade.”

7. Será que a pressa na leitura pode propiciar um bom raciocínio?

SEMPRE 12

ÀS VEZES 14
43

NUNCA 55

RARAMENTE 11

Tabela 7 - Levantamento de dados da questão 7 - alunos

Gráfico 7 - Levantamento de dados da questão 7 - alunos

É muito importante que os alunos percebam que para o entendimento de uma


boa leitura é necessário compreender o que está sendo lido e, para isso, é preciso
tranquilidade. Corroboro com a ideia de Gabriel Perissé quando ele diz que “a leitura
empenhada, reflexiva, desperta a vida do livro, aciona toda aquela fecundidade que
o autor nos legou ao concluir seu trabalho [...]”.(2011, p.8)

8. As informações propostas pelos jornais possibilitam uma conversa entre


você e seus colegas sobre o que viu nos noticiários?

SEMPRE 49
44

ÀS VEZES 34

NUNCA 05

RARAMENTE 04

Tabela 8 - Levantamento de dados da questão 8 – alunos

Gráfico 8 - Levantamento de dados da questão 8 - alunos

O resultado da coleta de dados comprova que o jornal faz com que as


pessoas interajam e aprendam juntos, pois, em uma conversa com amigos cada um
dá a sua opinião a respeito do assunto e, dessa forma, contribui para aprimorarem
os conhecimentos.De acordo com Vygotsky(1987), aprendemos na interação com o
outro e com o meio.

9. Para você, o jornal é um meio de comunicação social que informa?

SEMPRE 74

ÀS VEZES 16
45

NUNCA 00

RARAMENTE 02

Tabela 9 - Levantamento de dados da questão 9 – alunos

Gráfico 9 - Levantamento de dados da questão 9 - alunos

Um percentual considerável concordou que o jornal é um meio de


comunicação que informa e ele também forma. Segundo Lozza “O jornal é um meio
de comunicação que informa e opina, possibilitando aos leitores o contato com um
conjunto de informações acerca dos acontecimentos mundiais que foram
considerados e tratados como notícias pelos responsáveis do veículo.” (2009, p.33)

10. Uma leitura pode ajudar a tomar decisões?

SIM 66

SEMPRE 05
46

ÀS VEZES 19

NUNCA 00

RARAMENTE 02

Tabela 10 - Levantamento de dados da questão 10 - alunos

Gráfico 10 - Levantamento de dados da questão 10 - alunos

Ler ajuda a pensar. Desse modo, ao desenvolver a reflexão, a leitura permite


construir uma fonte de conteúdos para melhor compreender a nós e ao mundo.
Segundo Perissé (2011,p.11) “A leitura favorece o pensar, o querer e o sentir.
Estimula, inspira, provoca a inteligência, a vontade e a sensibilidade.

11. Qual meio você prefere para fazer uma boa leitura?

JORNAL 05

REVISTA 05

LIVRO 07
47

INTERNET 03

Tabela 11 – Levantamento de dados da questão 11 - professores

Gráfico 11 - Levantamento de dados da questão 11 - professores

Pelo resultado da pesquisa, percebemos que há uma divisão quanto a meio


utilizado pelos professores para se fazer uma boa leitura. Mas o livro por ser o
recurso mais utilizado por estes no seu local de trabalho, ainda lidera.

12. Você concorda que a leitura diária do jornal é importante para o seu
desenvolvimento como profissional?

SIM 11
48

NÃO 00

Tabela 12 - Levantamento de dados da questão 12 - professores

Gráfico 12 - Levantamento de dados da questão 12 – professores

Todos os professores sabem da importância de estar por dentro dos


acontecimentos do mundo e por isso concordaram que a leitura do jornal é
importante para eles, pois, é um recurso que sempre está sendo atualizado.

13. Você costuma ler o jornal impresso todos os dias?

SEMPRE 04
49

ÀS VEZES 06

NUNCA 00

RARAMENTE 01

Tabela 13 - - Levantamento de dados da questão 13 - professores

Gráfico 13- Levantamento de dados da questão 13 - professores

Sabemos que o tempo do professor é curto e que muitas vezes até


gostariam de ler sempre o jornal, pois apesar de não lerem com frequencia,
mas sabem da importância desse recurso no seu desenvolvimento
profissional como mostrado no gráfico anterior.

14. Onde habitualmente faz essa leitura?


50

EM CASA 04

NA ESCOLA 05

OUTROS 02

Tabela 14 - Levantamento de dados da questão 14 - professores

Gráfico 14 – Levantamento de dados da questão 14 - professores

Como a pesquisa foi feita em uma Escola de Referência onde os


professores passam a maioria do tempo, é normal que muitos deles leiam o
jornal no local de trabalho.

15. Você acha importante a utilização do jornal impresso nas aulas?


51

SEMPRE 00

ÀS VEZES 07

NUNCA 00

RARAMENTE 00

QUANDO OPORTUNO 04

Tabela 15 - Levantamento de dados da questão 15 - professores

Gráfico 15 - Levantamento de dados da questão 15 - professores

De acordo com o resultado da pesquisa, percebemos que poucos professores


utilizam o jornal em sala de aula, e que os alunos gostariam que fosse mais
utilizado. Está aí a importância desse trabalho, mostrar para eles que muitas
vezes o que pensam não estar dando certo, dá. Percebemos através do
resultado que a grande maioria acha que às vezes é importante utilizar, esses
muitas vezes nem utilizam e quando assim fazem não usam de forma correta. De
acordo com Lozza (2009,p.29) “ a leitura de jornal é um possível instrumento de
abertura para outras leituras. Ao ler o jornal, cada um pode ser levado a ler mais,
ler livros e ler a vida, ler e reler, sempre.

16. Com que frequencia você utiliza o jornal na sala de aula?


52

SEMPRE 00

ÀS VEZES 07

NUNCA 01

RARAMENTE 03

Tabela 16 - Levantamento de dados da questão 16 – professores

Gráfico 16 - Levantamento de dados da questão 16 – professores

A pouca utilização deste meio na sala de aula é que gera no aluno o


desestímulo e por isso preferem a leitura dos livros a outro meio de
comunicação. Os professores devem motivá-los já que concordam que o jornal é
um ótimo meio de comunicação.

17. Você acha que trabalhando com o jornal impresso na sala de aula o
entusiasmo dos alunos será maior?
53

SIM 01

É POSSÍVEL 10

NÃO 00

Tabela 17 - Levantamento de dados da questão 17 - professores

Gráfico 17 - Levantamento de dados da questão 17 – professores

Com o dado obtido, verificamos a escassez do uso do jornal em sala de aula.


Se o professor utilizasse com mais freqüência, teria certeza do entusiasmo dos
alunos, pois se a grande maioria disse que gostaria que o jornal fosse utilizado com
mais frequência como é possível que os alunos não se sintam entusiasmados?

18. Em sua formação acadêmica você aprendeu como usar o jornal em sala de
aula?
54

SIM 01

NÃO 10

Tabela 18 - Levantamento de dados da questão 18 - professores

Gráfico 18 - Levantamento de dados da questão 18 – professores

Como utilizar algo que você não sabe? Está aí a explicação da pouca
utilização do jornal em sala de aula por parte dos professores. É muito difícil fazer
algo quando não se tem costume.

19. A utilização do jornal na sala de aula como suporte para o ensino dos
conteúdos programáticos gera nos alunos uma melhor aprendizagem?
55

SEMPRE 02

ÀS VEZES 09

NUNCA 00

RARAMENTE 00

Tabela 19 - Levantamento de dados da questão 19 – professores

Percebemos pelo resultado que embora os professores usem pouco o jornal


em sala de aula, percebem uma diferença na aprendizagem. Ensinar a gostar de ler
é transformar a leitura numa atividade livre. Se assim não fazem, a aula tende a ficar
chata, cansativa, gerando maus resultados.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir deste trabalho, podemos concluir que é possível utilizar o jornal como
meio auxiliar na educação em sala de aula, mesmo sabendo da existência de
algumas dificuldades para este tipo de atividade. Os jovens leitores estão, hoje,
inseridos em um novo contexto de consumo de informação que interfere em suas
atividades de leitura. Cabe, portanto, à escola, promover o ensino de estratégias de
leitura e o desenvolvimento de habilidades mobilizadas por um leitor proficiente.
Utilizar essa ferramenta em sala de aula é certamente um passo para o
aperfeiçoamento da escrita e até mesmo para a percepção crítica do aluno com
relação à leitura. Começarão a vivenciar a realidade do mundo, o que além de
aguçar a curiosidade, despertará maior interesse em ler cada vez mais. Ao
apresentar o jornal em sala de aula para os alunos que ainda não o conhecem, e
promovendo uma visão geral do que o veículo mostra, despertará neles o gosto pela
56

leitura, pode possibilitar a aproximação entre aluno e professor, tornando a escola


um ambiente viável para o exercício constante da leitura.
O professor é a peça fundamental neste tipo de atividade, pois, é dele
que surgirá a iniciativa de implantar este procedimento em seu cotidiano em sala de
aula. O jornal pode tornar a aula mais dinâmica e participativa, favorecendo
debates ou discussões que permitam o aluno mais ativo. Contudo, mostre a
importância de um trabalho múltiplo e enriquecido, para além do livro didático.
Assim, consideramos que trazer esse meio de comunicação para a escola é
trazer a realidade para as aulas e permitir que os alunos tomem conhecimento dos
fatos e falem sobre eles, através do incentivo e prática constante da leitura. É
também, uma forma de trazer para a sala o debate sobre o valor da vida e temas
atuais que devem ser evidenciados para que possamos ter uma geração cada vez
mais consciente de seu papel enquanto cidadãos.
Essa avaliação positiva deve-se à garantia de atualidade, ao acesso às várias
fontes de informação, à consequente construção de argumentações para discussões
ou produções escritas, reforçando, assim, o papel prioritário da escola, além de
desenvolver no aluno o desejo pela leitura.
57

REFERÊNCIAS

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MEC/SEF, 1997.

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LOZZA, Carmen. Escritos sobre jornal e educação: olhares de longe e de perto.


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