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AD1 2023.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH
Licenciatura em História - EAD
UNIRIO/CEDERJ

DISCIPLINA:
COORDENAÇÃO:
AD1 2023.1
Nome: Marcos José Vieira Curvello
Matrícula: 23116090062 Polo: Cantagalo

Prezado(a) aluno(a), os critérios de avaliação das questões dissertativas da sua avaliação APE são os
seguintes:
● Correção do português;

● Clareza e qualidade da argumentação (coesão/coerência).


Leia com atenção os dois trechos de textos abaixo. Em seguida, responda o que é pedido.

“o melhor historiador é o que mais se atém aos textos [...] a história não é uma ciência pura,
como a Física ou a Geologia [...]. Ela visa unicamente encontrar fatos, descobrir verdades”
(Fustel de Coulanges apud Luca, 2012, p. 15).

“A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida [...], mas pode fazer-se, deve fazer-se
sem documentos escritos se estes não existirem. Com tudo o que a engenhosidade do
historiador pode lhe permitir usar para fabricar seu mel [...]. Paisagens, telhas. Formas de
campos e de ervas daninhas. Eclipses lunares e cabrestos [...]. Toda uma parte e sem dúvida a
mais apaixonante de nosso trabalho de historiador não consiste num esforço constante para
fazer falar as coisas mudas e fazê-las dizer o que não dizem por si sós sobre os homens?”
(Febvre apud Luca, 2012, p. 17).

Contextualize as duas citações, explicando a relação de cada uma delas com


perspectivas historiográficas. Utilize o artigo de Tania Regina de Luca, Notas
sobre os historiadores e suas fontes (2012) como base. Você também pode
utilizar outros textos que considere pertinentes, inclusive o Caderno
Didático. Faça uma pesquisa na internet sobre os autores de cada texto
citado. Inclua informações sobre eles ao responder.

Como nos mostra Luca (2012), Fustel de Coulanges fala de uma perspectiva oitocentista, caracterizada
por uma visão da História como uma disciplina passível de uma cientificidade positiva, capaz de igualar-se, em
seus métodos e práticas, às ciências naturais. Com isso, esperava-se do historiador profissional uma atuação
fundada "na noção de fato, observação, experimentação, proveniente, sobretudo, da biologia e da física
newtoniana" (LUCA, 2012, p. 14). O objetivo era que ele fosse capaz de obter "resultados seguros, ancorados no
levantamento exaustivo de documentos, submetidos à cerrada crítica, interna e externa, e apresentados numa
narrativa que se pretendia objetiva e científica" (LUCA, 2012, p. 14-15). Compartilhava dessa noção a chamada
escola metódica, que empreendeu, na França, durante a segunda metade do século XIX, um esforço para
sistematizar as regras que deveriam orientar a atuação do historiador.

O papel central do documento como subsídio para a produção do conhecimento histórico é reconhecido
por diferentes correntes de acadêmicos que se puseram a pensar a História enquanto ramo do pensamento
científico, a partir do século 19. No entanto, Luca (2012) nos mostra como a própria noção do que seja
documento se transformou ao longo dos últimos dois séculos.

E é no contexto destas mudanças que se situa a fala de Febvre. Parte da Escola dos Annales, ele é
associado pela autora a um grupo identificado como "renovadores", propunha o deslocamento do eixo do fazer
histórico das personalidades ilustres e do documento escrito e colocá-lo no povo, na coletividade e em suas
interações no tempo e no espaço, em um mergulho em profundidade nos acontecimentos, privilegiando "os
múltiplos vestígios do passado em busca de uma história econômica e social, com vocação totalizante" (LUCA,
2012, p. 18). A proposta, portanto, era a substituição da história-narrativa, caracterizada pelo conjunto de
práticas dos historiadores da Escola Metódica, por uma Ciência em construção, mais familiar ao historiador
contemporâneo, que seja "capaz de manipular instrumentos próprios, alargar o campo de pesquisa e elaborar um
saber seguro e controlado por modelos de inteligibilidade" (LUCA, 2012, p. 18).

Observação: A questão vale dez (10) pontos. A avaliação da resposta deverá considerar a
clareza da explicação e o bom uso da gramática, a pertinência ou correção da contextualização
e das informações sobre os autores, a demonstração da compreensão do(s) texto(s) lido(s) e a
capacidade de referir-se a eles, o esforço de pesquisa e de ampliação da leitura.

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