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MODELAGEM, SIMULAÇÃO E ANÁLISE DO TANQUE DE

EQUALIZAÇÃO APLICADO AO SISTEMA DE CONTROLE DE


NÍVEL NA LINHA DE TRATAMENTO DE EFLUENTE

Kellen Jennifer de Carvalho*


Magno Oliveira da Silva**

RESUMO

O conceito deste trabalho trata de um modelo matemático em um sistema de controle de


nível no tanque de equalização na linha de tratamento de efluentes na galvanoplastia. A
fase de equalização é obtida através do armazenamento das águas residuais num tanque, do qual
o efluente vem bombeado para da linha de tratamento. Este artigo demonstra como realizar o
controle de nível no tanque, as várias etapas desse processo para obtenção das variáveis,
utilização de equações físicas, diagrama de blocos e função de transferência. Através
desta modelagem podem ser realizados simulação com a utilização do software (Matlab),
de modo que será gerado os resultados e representado através de gráficos. Com a obtenção
destes dados pode ser analisado a utilização de equipamentos adequados para a linha de
tratamento de efluentes respaldado pela a fundamentação teórica que esse projeto
acadêmico permite.

Palavras chave: Modelo Matemático, Controle de Nível e Matlab.

1. INTRODUÇÃO

O tratamento dos efluentes do processo de galvanização, geralmente, é realizado


por processos em sistemas físico-químicos esses efluentes são classificados como resíduo
perigoso, de acordo com a NBR 10.004, da (ABNT, 2004). Na indústria galvânica, um
fator importante que tem contribuído para a minimização dos efluentes gerados pelas
empresas, é o tratamento das soluções eletrolíticas, que visa a aumentar a vida útil dos
banhos, gerando menor consumo de água e insumos e menor geração de efluentes. Sendo

* Gerente Administrativa na Makel Instalação e Manutenção. Graduando em Engenharia


Mecatrônica na Faculdade ENIAC. E-mail: kellen@instalacaomakel.com.br.

** Diretor na Makel Instalação e Manutenção. Graduando em Engenharia Mecatrônica


na Faculdade ENIAC. E-mail: magno@instalacaomakel.com.br.
assim, esses banhos de deposição metálica são periodicamente recuperados por meio da
filtração para remoção de impurezas e novamente reutilizados, quando não estão
contaminados ou descarta-los, assim afirma Carrara (1997).
Dentre os processos utilizados, as operações unitárias que são usadas no
tratamento de efluentes galvânicos são: Equalização, Neutralização,
Coagulação/Floculação, Precipitação e Filtração.
Para análise será utilizado uma fase do processo (equalização), adquirindo todas
as variáveis necessárias para o controle do fluído dentro do reservatório. Comparando
vazão de entrada e vazão de saída.
Utilizando de métodos e ferramentas para observar essas variáveis dentro de
equações algébricas e diferenciais, tais como: tipo de escoamento, conceito de resistência
e capacitância, diagrama de blocos; desenvolvendo um modelo matemático que poderá
ser usado em software de simulação, trazendo assim planilha gráfica minuciosa para
análise do sistema.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Fundamentação Teórica


Para a definição do processo de tratamento dos efluentes industriais são testadas e
utilizadas diversas operações unitárias. Os processos podem ser classificados em físicos,
químicos e biológicos em função da natureza dos poluentes a serem removidos e ou das
operações unitárias utilizadas para o tratamento, assim ilustrada na Figura 01.

Figura 01 – Esquema do tratamento de efluentes.

Fonte: Própria do Autor


Na etapa de equalização consiste na homogeneização do meio líquido e
minimização de picos de vazões existentes no início do tratamento de efluentes. O tanque
de equalização controla as vazões internas de líquido que variam de acordo com a entrada
e tem a função de manter a mesma vazão de saída para garantir o funcionamento adequado
do sistema de tratamento, na Figura 02, ilustrasse o projeto a ser utilizado para análise do
sistema de controle de nível.

Figura 02 – Layout da Estação de Tratamento de Efluente.

Fonte: Própria do Autor

Ao iniciar a análise do sistema deve ser apreciado o fluxo do fluído, segundo


Brunetti (2008, p.69): “Escoamento laminar é aquele em que as partículas se deslocam
em lâminas individualizadas, sem trocas de massa entre elas, [...] escoamento turbulento
[...] apresenta componentes transversais ao movimento geral do conjunto do fluido. ”
De modo que, através de número de Reynolds pode ser avaliado o tipo de
escoamento, no qual, um número acima de 2400 pode ser considerado como escoamento
turbulento e ao contrário como escoamento laminar.
Por ser tratar de um sistema de controle de nível sendo parte do processo industrial,
será considerado como escoamento turbulento, onde segundo Ogata (2010), deve-se ser
utilizado o conceito de resistência e capacitância. De acordo a Figura 03, demonstrando
as suas variáveis.
Figura 03 – Sistema de controle de nível.

Fonte: Ogata (2010, p 95).

Onde:
Q = vazão em volume em regime permanente, m³/s
K = coeficiente, m2,5/s
H = altura do nível em regime permanente, m
h = pequeno desvio de nível a partir de seu valor de regime permanente
qo = pequeno desnível da vazão de entrada em relação a seu valor
qi = pequeno desnível da vazão de saída em relação a seu valor
A resistência R ao fluxo de líquido nessa tubulação ou restrição é definida como
a variação na diferença de nível necessária para causar a variação unitária na vazão,
conforme “Equação (1). ”

𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑛í𝑣𝑒𝑙,𝑚


𝑅= (1)
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑒𝑚 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒,𝑚3 /𝑠

Como sendo o fluxo turbulento, segue “Equação (2). ”

𝑄 = 𝐾√𝐻 (2)

No qual, a resistência Rt é desenvolvida a partir da “Equação (3). ”

𝑑𝐻
𝑅𝑡 = 𝑑𝑄 (3)
Considerando a “Equação (2) ”, desenvolve-se a “Equação (4). ”

𝐾
𝑑𝑄 = 𝑑𝐻 (4)
2√𝐻

Evoluindo para “Equação (5). ”

𝑑𝐻 2√𝐻 2√𝐻√𝐻
= = (5)
𝑑𝑄 𝐾 𝑄

Sendo assim, “Equação (6). ”

𝑑𝐻 2𝐻 2𝐻
= 𝑅𝑡 = (6)
𝑑𝑄 𝑄 𝑄

Considerando o conceito de capacitância, ainda de acordo a Ogata (2010), no qual,


se enuncia através da diferença na quantidade de líquido dentro do reservatório
provocando uma mudança unitária em sua altura. Podendo ser descrito através da
“Equação (7). ”

𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑑𝑜,𝑚3


𝐶= (7)
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎,𝑚

2.2 Modelagem matemática


Leonardi e Maya (2014), estabelece que a modelagem matemática indicam um
comportamento dinâmico do modelo físico do sistema, sendo constituído por equações
diferenciais e algébricos. Assim também neste artigo de análise do sistema de controle de
nível.

[...]um sistema poderá ser considerado linear se o fluxo for laminar.


Mesmo que o fluxo seja turbulento, o sistema poderá ser linearizado, desde que
as alterações nas variáveis sejam pequenas. Com base na hipótese de que o
sistema seja linear ou linearizado, a equação diferencial desse sistema pode ser
obtida como segue: como o fluxo de entrada menos o fluxo de saída durante
um pequeno intervalo de tempo dt é igual à quantidade adicional armazenada
no reservatório[...] (Ogata, 2010, p. 94).
Desde modo, a “Equação (8) ” a define.

𝐶 𝑑ℎ = (𝑞𝑖 − 𝑞𝑜 ) 𝑑𝑡 (8)

“Equação (9) ” trata da relação entre qo e h é dado a partir do conceito da


resistência.


𝑞𝑜 = 𝑅 (9)

Desenvolvendo a “Equação (10) ” como equação diferencial.

𝑑ℎ
𝑅𝐶 𝑑𝑡 + ℎ = 𝑅𝑞𝑖 (10)

Considerando as condições iniciais como nulas, serão realizados na “Equação


(11) ” a transformadas de Laplace em todos os termos.

(𝑅𝐶𝑠 + 1)𝐻(𝑠) = 𝑅𝑄𝑖(𝑠) (11)

Com a “Equação (12) ” obtém a função de transferência.

𝐻(𝑠) 𝑅
= 𝑅𝐶𝑠+1 (12)
𝑄𝑖(𝑠)

Entretanto, com a “Equação (13) ” o Qo será admitido como entrada,


transformando a função de transferência.

𝑄𝑜(𝑠) 1
= 𝑅𝐶𝑠+1 (13)
𝑄𝑖(𝑠)

2.3 Diagrama de blocos


Segundo Leonardi e Maya (2014, p.56): “Esse processo consiste em uma
representação pictórica ou figurativa das operações e demais relações entre as variáveis
do sistema, incluindo as variáveis de entrada e saída. ”
Ilustra-se a Figura 04, uma representação básica, ou seja, diagrama de blocos do
sistema analisado.

Figura 04 – Diagrama de Blocos


Qo (S) Qi (S)
1
𝑅𝐶𝑠 + 1

Fonte: Própria do Autor

2.4 Simulação e Análise


Segue alguns dados do sistema para efeito de análise:
Qo = 0,1 L/s;
Dimensões do tanque = 1,5m (altura) x 2m (largura) x 5m (comprimento)
Capacidade volumétrica = 15m3
Ogata (2010), para cálculo de capacitância, será visto a secção transversal do
tanque, assim segue a “Equação (14). ”

𝐶 = 1,5𝑚 ∗ 2𝑚 = 3𝑚2 (14)

Segundo Brunetti (2008), a equação de Bernoulli em regime permanente segue a


relação de vazão de entrada e saída na “Equação (15). ”

∑ 𝑄𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = ∑ 𝑄𝑠𝑎í𝑑𝑎 (15)

Considerando que na saída do tanque existe uma válvula de restrição, ilustra-se


que na “Equação (16) ” a válvula estará totalmente aberta.

2∗1,5
𝑅𝑡 = 0,1
= 30 (16)

Será considerado também para análise do sistema quando a válvula estará com ½
abertura, ou seja, Rt = 60, conforme segue a “Equação (17) ”.
2∗1,5
𝑅𝑡 = 0,05
= 60 (17)

A partir deste ponto, com o auxílio do software Matlab foi analisado os dados adquiridos
ao longo deste estudo.
Com o aplicativo Simulink, assim mostrado na Figura 05, dispõe a função de
transferência; sinal de pulso em degrau na entrada equivalente a máxima vazão e também o Scope
para projeção de gráficos.

Figura 05 – Disposições dos elementos no Simulink.

Fonte: Simulink (MATLAB – R2016a).

Sendo assim, na Figura 06 o gráfico gerado com tempo de 3000s e sua variável
R=30 e com sinal de entrada em degrau de 0,1 L/s, observa-se o tempo necessário para
chegar a vazão estabilizada, ou seja, aproximadamente 483s.

Figura 06 – Gráfico de vazão com R30.

Fonte: Simulink (MATLAB – R2016a).


Na Figura 07, o próximo gráfico foi alterado ao valor para R=60, de modo que
será analisado o sistema com restrição de ½ abertura da válvula.

Figura 07 – Gráfico de vazão com R=60

Fonte: Simulink (R2016a)

Então na Figura 07 o gráfico gerado com o mesmo tempo de 3000s e


consequentemente variável R=60 e com sinal de entrada em degrau de 0,1 L/s, observa-
se o tempo necessário para chegar a vazão estabilizada, ou seja, aproximadamente 963s.
Com esses dados, obtém a tabela 01 tendo informações com todas as suas
variantes para um controle do sistema.

TABELA 01 – Controle da vazão em relação ao tempo.


Condições Restrição (R) Tempo (s) Entrada (L/s)
Válvula Aberta 30 483 0,1
Válvula ½ aberta 60 963 0,1
Fonte: Própria do Autor

Pode ser incluindo vários dados a partir dessas informações e sempre colhendo
antecipadamente seus resultados, podendo ser utilizado como exemplo, a válvula com ¼
de sua abertura ou diminuição/aumento da vazão.
Ressaltando que tratando de regime permanente, a vazão de entrada é a mesma de
saída, ou seja, está sendo feita o controle de nível do tanque.
3. CONCLUSÃO

Através de técnica e a utilização de ferramentas computacionais foi realizado uma


profunda análise em um tanque de equalização no sistema de controle nível em uma
estação de tratamento de superfície. Por ser tratar de um artigo acadêmico, tornou-se
necessária a boa utilização das técnicas para encontrar as variantes deste sistema, tais
como: bom aprendizado e utilização das equações diferenciais, transformada de Laplace
e a função de transferência.
Pode ser citado também a compreensão da disciplina de mecânica de fluido, onde
tornou-se fundamental o entendimento dos tipos de escoamento, regime permanente e a
equação de Bernoulli. Em relação a análise do sistema, pode ser elencado que com a
restrição em algumas etapas na válvula na saída do tanque, houve consequentemente
variação do tempo para igualar a vazão de entrada com a saída, ou seja, controle de nível.
De modo que, será compreensível para estudo futuro a implementação de uma
automação do sistema, com sensores de vazão na entrada/saída do tanque, ou talvez ainda,
um supervisório com representações gráficas dessas variantes contendo mais informações
e detalhes.

4. REFERÊNCIA

BRUNETTI, Franco; Mecânica dos Fluidos. 2ª ed. Ver. – São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2008. 69-85 p.

CARRARA, S. M. C. M. Estudos de Viabilidade do Reuso de Efluentes Líquidos


Gerados em Processos de Galvanoplastia por Tratamento Físico-Químico.
Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 1997. 119 p. Tese (Mestrado).

LEONARDI, Fabrizio; MAYA, Paulo Alvaro. Controle Essencial. 2ª. Ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2014. 56 p.

OGATA, Katsuhiko. Engenharia de Controle Moderno. 5ª ed. São Paulo: Pearson,


2010. 93-96 p.

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