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CRISE DEMOCRÁTICA NO BRASIL

DIEGO GODINA SANTOS: SLIDES, APRESENTAÇÃO


GLEICE KELLY RAMOS: APRESENTAÇÃO, INTRODUÇÃO
SARA RODRIGUES DOS SANTOS: APRESENTAÇÃO,
DESENVOLVIMENTO DOS TEMAS E ELABORAÇÃO DAS
QUESTÕES
INTRODUÇÃO
A República no Brasil foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889, momento que deu
fim ao Período Imperial que se iniciou em 1822 após a Independência. Com tudo, no decorrer da
história, a democracia sofre conturbações: cassações políticas, governos autoritários, crises
econômicas e eleições suspensas. Tudo isso contribuiu para a insatisfação da população,
agravando, assim, os problemas que já estavam circulando o país. Logo, surgiram revoltas
populares referentes a assuntos governamentais como: a revolta da armada, revolta federalista,
guerra dos canudos, revolta da vacina, revolta da chibata, guerra do contestado e o tenentismo.
Além disso também se teve a Intentona Comunista, durante o governo de Vargas, que foi
radicalmente falando, um golpe à democracia que acabara de iniciar-se.
A Primeira República, o República Velha teve inicio com o governo provisório de marechal
Deodoro da Fonseca, que renunciou pouco depois e foi substituído por Floriano Peixoto que teve
o apoio popular para radicalizar a luta contra monarquistas. Após o governo de setores militares,
tem-se a política do Café com Leite, onde controlava o poder as oligarquias agrárias (São Paulo
e Minas Gerais). Com o rompimento dessa política formou-se a Aliança Liberal que colocou
Getúlio Vargas no poder, este por sua vez, realizou uma série de reformas que eram favoráveis a
população, todavia, aos poucos, foi tirando a liberdade de expressão do povo, aumentando as
tensões populares que já estavam alarmantes.
Após todo o período do governo, com eleição indireta, de Vargas tem-se a consolidação de
uma redemocratização que sobretudo assegurou o crescimento do país, porém não resolveu os
problemas gerados em governos passados, pelo contrário, deram sucessão a eles, agravando-os.
Neste contexto, encaixa-se uma profunda crise democrática.
Para entendermos a crise democrática precisamos, primeiramente, entender o conceito de
democracia, que se trata de um regime político em que a soberania é exercida pelo povo, onde
todas as importantes decisões políticas estão com o povo. Diante disso, a crise democrática é
justamente o período em que a democracia se encontra fragilizada e a população "perde" sua
importância nas decisões políticas.
Os principais fatores que contribuíram para essa crise foram, primeiramente, a crise
política, econômica e social carregada de governo a governo e posteriormente a instauração da
ditadura militar (um período de repressão e de perseguição militar que impedia as pessoas de
terem liberdade de expressão), repressão política diante classes sociais e atitudes errôneas
cometidas por presidentes durante seus respectivos governos.

A CRISE DEMOCRÁTICA NO BRASIL

CRISE NOS GOVERNOS PÓS ESTADO NOVO DE VARGAS


Após a experiência de um governo autoritário, o Brasil passou a viver um processo de
redemocratização que deu sequência a um crescimento do país, seguido de crises
socioeconômicas.
Dutra, eleito pela população, mas principalmente pelo apoio de Vargas à sua campanha,
deu o primeiro passo para o efetivo rompimento com a política ditatorial estodonovista, criou uma
nova constituição garantindo liberdade de expressão, imprensa e organização partidária.
Entretanto, a influência internacional no território brasileiro, sobre tudo dos Estados Unidos
durante a Guerra Fria, acarretou no rompimento com a União Soviética, levando a perseguição a
políticos e ideais comunistas no território nacional.
Após Dutra, tem-se novamente a presença de Vargas como governante do país, eleito pelo
voto direto, dessa vez, adotou uma medida de nacionalização da economia. As principais medidas
que marcaram o caráter nacionalista dessa reforma foi a limitação da remessa de lucros ao exterior
e da entrada de multinacionais no país, além da criação da campanha “o petróleo é nosso” e a
criação da Petrobras. Todavia, o aumento em cem por cento do salário mínimo proposta pelo seu
governo foi considerada uma reforma de “natureza comunista”, além disso o nome de Vargas
estava associado a tentativa de assassinato do jornalista Carlos Lacerda, que realizava diversas
críticas ao governo de Vargas. O aumento da pressão popular fez com que Vargas cometesse
suicídio, porém há, ainda hoje, muitas controvérsias referentes a esse momento histórico.
Após diversos governos temporários, tem-se a eleição, por voto direto, de Juscelino
Kubitschek. A imposição ao seu governo era muito forte, uma vez que seus inimigos não
acreditavam que tudo que ele estava propondo poderia sair do papel, pois o país estava cheio de
dívidas externas, todavia para o esplendoroso plano de “50 anos em 5” e a construção de Brasília
Juscelino necessitaria de mais empréstimos. A desproporção entre o dinheiro investido em
desenvolvimento industrial e energético e o dinheiro investido em alimentação e educação foi o
verdadeiro erro do governo JK.
O último presidente eleito por voto direto, antes do golpe de 64, foi Jânio Quadros, que
durou apenas alguns meses no poder. Jânio adotou medidas que desagradou grande parte daqueles
que o apoiavam. Pela pressão de parceiros políticos, Jânio decidiu renunciar como uma tentativa
de levar o povo as ruas e efetivar a sua volta ao poder, entretanto isso não ocorreu. O fim desse
período ficou marcado por uma crise financeira aguda causada pela intensa inflação e pelo
crescimento da divida externa, fatos que terão grande relevância para a compreensão do próximo
tópico.

O GOVERNO AMBÍGUO E CONTURBADO QUE DEU FIM A UM CENÁRIO


PROBLEMÁTICO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA.

O governo de Goulart tem seu início em janeiro de 1963. Assumindo o governo no


regime presidencialista, Goulart ainda gerava dúvidas na população em relação a
capacidade que o seu governo teria para superar a crise econômico-financeira, atenuar as
graves tensões sociais e afastar crises políticas que desgastavam o poder executivo. O
cenário tornava-se ainda mais conflitante com as diversas classes sociais e camadas
políticas opinando de forma antagônica sobre as reformas que deveriam ser feitas para a
recuperação do país.
Tendo em vista a situação acima citada, o Executivo afirmou que seu plano de
governo seria eficaz no combate aos impasses e as dificuldades pelos quais o país estava
passando. A então proposta foi denominada “Plano Trienal de desenvolvimento
econômico-social: 1963-1965” e procurava conciliar o combate a inflação com uma
política de desenvolvimento abrangente que permitisse o país a voltar a crescer,
retomando as taxas de crescimento semelhantes às do final dos anos 50. O plano apesar
de parecer mais um daqueles de “salvação nacional” criados em outros governos, não era,
pois assegurava que os trabalhadores só teriam melhoras de médio a longo prazo. Neste
contexto, os formuladores do Plano contavam com a “colaboração” e o “patriotismo” da
classe trabalhadora.
Antes de concluirmos a questão do Plano do governo de João Goulart, devemos
assinalar algumas coisas. A composição do ministério presidencialista de Goulart
representava nitidamente seu caráter ambíguo durante o governo. Isso porque no
ministério podia-se encontrar desde conservadores e nacionalistas até os setores militares.
Expressava-se, assim, os dificultosos compromissos feitos por Goulart para assumir o
poder, sendo eles a conciliação de nacionalistas radicais e conservadores, além de
reformistas, antirreformistas e simpatizantes socialistas.
No início, empresários industriais apoiaram a proposta do governo, entretanto esta
teria que lidar com seus primeiros abalos, que mesmo iniciais já causaram grande
alvoroço na política. Os protestos advinham de todos os setores: sindicais, nacionalistas
e esquerdistas, sendo assim, o caráter reacionário do governo Goulart estava sendo
denunciado. Agravaram-se ainda mais as críticas quando os efeitos negativos da
eliminação de subsídios ao trigo e ao petróleo começaram a afetar os salários das classes
populares. Sendo assim diversas classes uniam-se para condenar a Plano Trienal. O
mesmo governo nacionalista que tirava subsídios e cortava investimentos públicos, estava
prestes a adquirir, por 188 milhões de dólares, doze usinas energéticas norte-americanas.
Pode-se observar, assim, que Jango, era manipulado pelo governo dos Estados Unidos,
uma vez que estava disposto a adquirir um “ferro velho” para o seu país. O estado crítico
que se encontrava o país deixou bem claro que o Plano Trienal não desacelerou a inflação
e nem acelerou o crescimento.
Sendo assim, o fiasco do plano fez com que o governo de Goulart elaborasse novas
propostas. Uma das soluções encontradas foi as reformas de base (agrária, fiscal, eleitoral,
etc.). Pode-se destacar dentre essas reformas a reforma agrária que prometia uma
distribuição de terras igualitária aos trabalhadores rurais, as reformas de base que previam
maior intervenção do Estado na economia nacional e a ampliação do direito ao voto aos
analfabetos e baixas patentes militares. Entretanto os setores da esquerda contestavam
essas reformas de base, uma vez que reformas sociais e econômicas, diante da
desigualdade social crescente, continuariam sendo somente uma promessa diante da
demanda das classes populares e trabalhadoras. Além disso as reformas de base
desencadearam uma reação negativa dos proprietários de terras, parcelas das forças
armadas e favoráveis a implantação dos interesses políticos estadunidenses no Brasil.
Logo, em março de 1964, os generais Artur da Costa e Silva, Castelo Branco e
Cordeiro de Farias reunidos no Rio de Janeiro avaliaram a conjuntura e articularam
medidas contra o governo de João Goulart. Assim, no dia 20 do mesmo mês, Castelo
Branco emitiu uma circular aos oficiais do estado-maior indicando que as medidas de
João Goulart ameaçavam a segurança nacional. Em 31 de março, o general Olímpio
Mourão Filho convocou as tropas sediadas em Minas Gerais para dirigirem-se ao Rio de
Janeiro e instaurar um regime militar. Dessa maneira, no 1º de abril de 1964, foi realizado
o golpe que deu início ao regime militar.
Jango pensa em reivindicar o poder, entretanto, mesmo estando no Brasil, Mourão
afirma que a vaga de presidência estava vaga, assim Jango vai para o Uruguai e Ranieri
Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados é nomeado presidente interino e o General
Costa e Silva edita o Ato Institucional nº1 (AI-1), esse ato marca por vez a consagração
de uma crise democrática uma vez que permite a cassação de políticos e suspende os
direitos políticos da população, declarando que em dois dias haveria uma eleição indireta
para a presidência do país. Através dessa eleição o marechal Castelo Branco. Com o
mandato definido até dezembro de 1966, o general criou o SNI (Serviço Nacional de
Informações) e outros três Atos Institucionais, responsáveis por assegurar a “ordem” no
país. Os militares só deixariam o poder em 1985 e o Brasil só teria uma eleição direta
novamente em 1989.

MARCAS DO GOLPE DE 1964 E A REPETIÇÃO DE UM CICLO.

Durante o regime militar, ocorreu a centralização e o fortalecimento do poder Executivo,


caracterizando um regime vetado, uma vez que o Executivo se atribuiu a função de legislar, em
relação aos outros poderes estabelecidos pela Constituição de 1946. O Alto Comando das Forças
Armadas passou a controlar a sucessão presidencial, indicando um candidato militar que era
referendado pelo Congresso Nacional.
Não havia liberdade de expressão entre a população. Tanto os partidos políticos, sindicatos
quanto grupos estudantis e outras organizações sociais foram sofreram interferência do governo.
Os meios de comunicação e as manifestações artísticas foram reprimidos pela censura, gerando
perseguições ainda piores que o Estado Novo, de Vargas, que ficou caracterizado, também, pela
supressão da liberdade. A década de 1960 iniciou também, um período de grandes transformações
na economia do Brasil, de modernização da indústria e dos serviços, de concentração de renda,
de abertura ao capital estrangeiro e do endividamento externo.
Com todo o cenário ruim gerado pelo regime militar, há ainda alguns pesquisadores que
apontam a inteligência e indignação do povo só foram verdadeiramente expressadas durante esse
período de extrema opressão. Após a liberdade do povo ser tomada, ele viu que havia algo mais
importante que a economia e o lazer: seus direitos, o ser cidadão ou melhor o direito de exercer a
cidadania, o direito de representar sua própria nação.
A crise democrática no país deu-se pelas atitudes errôneas subsequentes em vários
governos. Muitos tentam, até hoje, apontar um ou dois presidentes como culpados pelos erros
cometidos lá atrás que influenciam o nosso contexto atual. Entretanto a conjuntura de erros que
geraram o grande problema referente a democracia.
O fato de o povo escolher o seu representante, e o mesmo não atender as necessidades
nacionais, pode ser considerado um golpe à democracia, sendo assim, nosso país vive uma crise
democrática até hoje.
A insatisfação com o governo petista e a adoção de um presidente por mídia ou massa,
mostra que, mesmo com tudo o que ocorreu na história, o povo não despertou totalmente. Sendo
assim o ciclo se repete. Só o que se espera é que dessa vez o povo grite liberdade, antes que a
liberdade tenha que ser redescoberta.

ATIVIDADE

1 - (FUVEST-SP/2002) “Na presidência da República, em regime que atribui ampla


autoridade e poder pessoal ao chefe de governo, o Sr. João Goulart constituir-se-á, sem
dúvida alguma, no mais evidente incentivo a todos aqueles que desejam ver o país
mergulhado no caos, na anarquia, na luta civil.” (Manifesto dos ministros militares à
Nação, em 29 de agosto de 1961).

Esse Manifesto revela que os militares

a) estavam excluídos de qualquer poder no regime de democracia presidencial.


b) eram favoráveis à manutenção do regime democrático e parlamentarista.
c) justificavam uma possibilidade de intervenção armada em regime democrático.
d) apoiavam a interferência externa nas questões de política interna do país.
e) eram contrários ao regime socialista implantado pelo presidente em exercício.

* O documento apresentado na questão, deixa claro que os militares tinham interesse em


assumir o governo, já que antecedem os argumentos a serem utilizados para que o
Golpe ou Revolução Militar sejam considerados necessários.

2- O último dos presidentes brasileiros do período democrático de 1945 a 1964


foi João Goulart. Entre os projetos políticos elaborados por João Goulart que
foram considerados populistas, pode(m) ser citado(as):

a) As Reformas de Base.

b) As Reformas de Centro.

c) As Ligas Camponesas.

d) O Projeto de privatização da Petrobras.

e) O Projeto de socialização dos meios de produção.

*As Reformas de Base afirmavam uma série de projetos considerados populistas, como
por exemplo a Reforma Agrária;

3- (FMJ SP) Em 31 de março de 1964, os militares brasileiros, apoiados pelos Estados


Unidos e por parcelas da classe política e empresarial do país, assumiram o controle do
Estado por meio de um golpe. A justificativa para esse golpe de Estado baseava-se na
proteção contra:

a) o comunismo internacional, visto como ameaça às instituições democráticas no


panorama de polarização política pós 2ª guerra.

b) as ditaduras fascistas em franco processo de expansão no continente sul-americano,


já instaladas na Argentina e no Chile.

c) a tentativa dos partidos de esquerda de implantar um regime parlamentarista,


considerado estranho à tradição brasileira.

d) a violação dos direitos individuais garantidos na Constituição que vinha sendo


praticada desde a renúncia de Jânio Quadros.

e) a hiperinflação que paralisava a economia do país, e cuja origem estava no


endividamento externo do período Vargas.

* Além da polarização política pós Segunda Guerra dada pela Guerra Fria, tem-se
também a justificativa de que João Goulart teria um perfil “comunista”, o que
preocupava tanto a política internacional quanto a camada conservadora dos militares.

4- Leia o trecho a seguir e responda as questões abaixo.


“Para entendermos a crise democrática precisamos, primeiramente, entender o conceito
de democracia, que se trata de um regime político em que a soberania é exercida pelo povo, onde
todas as importantes decisões políticas estão com o povo. Diante disso, a crise democrática é
justamente o período em que a democracia se encontra fragilizada e a população "perde" sua
importância nas decisões políticas.”
(Gleice Kelly Silva, estudante da ETEC Aristóteles Ferreira, Santos- SP.)

a) Qual ou quais período(s) da história política do Brasil pode ser relacionado a esse
fragmento? Justifique sua resposta.

R.: Há várias respostas corretas. Entre as principais temos o Estado Novo e o Regime Militar,
ambos governos que centralizaram o poder, suprimindo o exercício da democracia por parte
da população. Além disso as eleições por muitos anos não eram totalmente democráticas,
como por exemplo o voto de cabresto.

b) Em sua opinião, o Brasil vive, atualmente, uma “crise democrática”? Justifique sua
resposta.

R.: A resposta desta questão é pessoal.

5- Sobre o Plano Trienal elaborando durante o governo de João Goulart, responda:

a) O que esse plano pretendia realizar, levando em conta economia brasileira da época?
R.: O Plano Trienal procurava conciliar o combate à inflação com uma política de
desenvolvimento abrangente que permitisse o país a voltar a crescer, retomando as taxas
de crescimento semelhantes às do final dos anos 50

b) O Plano atingiu seus objetivos? Justifique sua resposta.


R.: Não. Levando em conta a política ambígua de Goulart, ao cortar investimentos e realizar
acordos internacionais, caríssimos, temos a seguinte situação ao final do governo: uma
inflação altíssima e nenhuma aceleração no crescimento da economia e do país em si.

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