Você está na página 1de 24

LITERATURA

PRÉ-VESTIBULAR
LIVRO DO PROFESSOR

Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do
detentor dos direitos autorais.

I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. —


Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]
360 p.

ISBN: 978-85-387-0573-4

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

Disciplinas Autores
Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales
Márcio F. Santiago Calixto
Rita de Fátima Bezerra
Literatura Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Matemática Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Física Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
Vitor M. Saquette
Química Edson Costa P. da Cruz
Fernanda Barbosa
Biologia Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
História Jefferson dos Santos da Silva
Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Geografia Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer

Projeto e
Produção
Desenvolvimento Pedagógico

Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
A arte como um
todo: necessidade
e manifestação
Mas agora eu vou falar
Nas bravuras de Quirino
Este Quirino beiçola
Foi natural da Bahia
Das terras de chorrochó
Arte: conceito O berço da valentia
Lugar que é proibido
Segundo o dicionário Aurélio, arte é “a capa-
cidade ou atividade humana de criar plástica ou O homem ter covardia
musical, é habilidade, é engenho, é ofício”. O artista,
por sinal, é aquele “que revela sentimento artístico”. Altura: um metro e noventa
Nesse sentido, Leonardo da Vinci foi, realmente, um De quilos: cento e dezoito
grande artista. O mestre renascentista é um verda-
deiro ícone em matéria de arte. Há, no entanto, que Andava sempre risonho
se fazer uma ressalva à teoria de outros grandes Não mostrava ser afoito
mestres que se esquecem de outros tantos artistas. Nunca largou um punhal
Vejamos um exemplo da literatura e pensemos um Um facão, um trinta e oito
pouco sobre o assunto:
Vivia do seu trabalho
Domínio público.

Plantava e criava bode


Em cada festa do ano
Ia dançar um pagode
Dizia: - Em casa estou bem
Só vai em festa que pode”.

(CONCEIÇÃO, Antônio Ribeiro da. o “Bule-Bule”.)


Leonardo da Vinci.

Será que, ao observarmos este texto, podemos


dizer que estamos falando de arte? Como provar isso,
O tremendo duelo de Quirino Beiçola então? Como chegar a esta conclusão? A respeito
com Tomaz Tribuzana dessa dúvida, por exemplo, o escritor Jean Cocteau
afirmou certa vez: “A poesia é indispensável. Se eu
“Valentões eu conheci ao menos soubesse para quê...” (FISCHER, Ernst. A
Vilela, Antônio Silvino Necessidade da Arte. 8. ed. Rio de Janeiro: Zahar,
EM_V_LIT_001

Lampião, Rei do Cangaço 1981. p. 11). “Se eu ao menos soubesse para quê...”.
Esse questionamento ecoa no pensamento daqueles
Zé Garcia e Jesuíno que buscam a conceituação de Arte.
1
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
Arte: manifestações (teatro), a câmera (cinema e fotografia), são alguns
dos instrumentos utilizados na construção do objeto
Assim dizia Bertold Brecht, um dos grandes artístico, que visa provocar uma reação no leitor.
pensadores da arte literária do século XX, a respeito
do teatro: Arte: necessidade
“Nosso teatro precisa estimular a avidez da
inteligência e instruir o povo no prazer de mudar a Para que serve a arte? Que tal afirmarmos que,
realidade. Nossas plateias precisam não apenas saber dentre outras funções, ela serve para nos fazer pensar
que Prometeu foi libertado, mas também precisam fa- e refletir sobre a nossa realidade? Nesse momento,
miliarizar-se com o prazer de libertá-lo. Nosso público você deve estar pensando: “eu não consigo pensar
precisa aprender a sentir no teatro toda a satisfação e nada quando vejo aqueles quadros abstratos das
a alegria experimentadas pelo inventor e pelo desco- salas de exposição”. Pois, se você pensa assim, está
bridor, todo o triunfo vivido pelo libertador”. a caminho de se tornar um perfeito crítico de arte.
(BRECHT, apud FISCHER, 1981, p. 14.) Se a arte contemporânea se mostra, às vezes,
tão abstrata, o que você acha que ela quer dizer com
isso? Das duas uma: ou estamos nos transformando
Digital Juice.

em pessoas essencialmente subjetivas, ou estamos


nos tornando pessoas que não têm muito o que dizer.
Não importa muito chegarmos a uma conclusão, pelo
menos não agora. Precisamos, porém, entender uma
coisa essencial: a arte faz parte da vida de todos nós,
artistas ou não. Como afirma o poeta Ferreira Gullar:

Traduzir-se
Uma parte de mim Uma parte de mim
Fazer rir, fazer chorar. Como a vida. O teatro pul- É todo mundo: almoça e janta:
sa, o palco tem batimentos cardíacos próprios, pelos Outra parte é ninguém: outra parte
corredores e fileiras de cadeiras, sangue e lágrimas Fundo sem fundo. Se espanta.
correm. É a realidade que está ali. É a provocação de
catarses em seu mais alto grau – isso é arte. Quando Uma parte de mim Uma parte de mim
se consegue chegar a esse estágio – o de provocar
É multidão: é permanente:
uma reação em quem está assistindo – aí sim se
chegou aonde se queria. Como nos diz o professor Outra parte estranheza outra parte
Pedro Manuel: E solidão. Se sabe de
repente.
“A unidade de arte reside no fato de que, não im-
porta se com palavras, sons melódicos, cores ou massa,
o artista cria imagens que exprimem seu sentimento Uma parte de mim Uma parte de mim
profundo do mundo.(...) Certo número de atividades Pesa, pondera: é só vertigem:
humanas – como a poesia, a pintura, a arquitetura, o Outra parte outra parte,
teatro, a música, a escultura – cria imagens que expri- Delira. Linguagem.
mem um modo de sentir, o qual, por sua vez, se traduz
numa forma correspondente (a obra de arte)”. Traduzir uma parte
(Arte no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 2 v.) Na outra parte
– que é uma questão
Como podemos ver, a arte se manifesta de mui- de vida ou morte –
tas formas e, naturalmente, todas elas têm a função será arte?
de retratar (ou mimetizar) a realidade, a Vida.
As diferenças existentes entre as várias mani-
festações dizem respeito, na verdade, às ferramentas (GULLAR, Ferreira. Os Melhores Poemas de Ferreira Gullar.
EM_V_LIT_001

utilizadas pelos artistas para apresentar suas obras. 2. ed. São Paulo: Global, 1985.)
A linguagem (literatura), as tintas e os pincéis (pintu-
ra), o cinzel e o mármore (escultura), o texto e o palco
2
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
A arte literária resta a alegria de estar só, e mudo.
De que se formam nossos poemas? Onde?
Você já parou para pensar na palavra “palavra”?
Que sonho envenenado lhes responde,
Já se imaginou desconstruindo o signo linguístico
tradicional e buscando um sentido diferente para se o poeta é ressentido, e o mais são
um termo não usual? nuvens?
“Palavras, palavras, palavras.” (In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética,
São Paulo: Abril Cultural, 1982.)
“No princípio era o verbo”.

(João, 1:1)

Domínio público.
“Uma palavra posta fora do lugar
estraga o pensamento mais bonito”.

(Voltaire, filósofo francês, séc. XVIII)

“Quando as palavras não podem ser


mais dignas que o silêncio, é melhor
a gente calar-se. E esperar.”
Carlos Drummond de Andrade.
(Eduardo Galeano, escritor uruguaio)

“Palavra puxa palavra, uma ideia traz “Um artista só pode exprimir a
outra, e assim se faz um livro, um experiência daquilo que seu tempo e
governo, ou uma revolução; alguns dizem suas condições sociais têm para oferecer.
mesmo que assim é que a natureza (...)
compôs as suas espécies”. A experiência do artista precisa apreender
as novas relações sociais de
(Machado de Assis)
maneira a fazer que outros também
Dentro do processo de criação da arte literária, venham a tomar consciência delas.
a palavra ocupa, assim, um papel de destaque. Os (...)
escritores necessitam dela para poder compor sua Mesmo o mais subjetivo dos artistas
obra. E o processo que se dá é muito semelhante ao
trabalha em favor da sociedade. Pelo
garimpo, com suas mãos e mentes ávidas por des-
cobrir o mais puro dos diamantes – a palavra exata simples fato de descrever sentimentos,
para se encaixar no espaço exato de um texto, como relações e condições que não haviam
no poema de Carlos Drummond de Andrade: sido descritos anteriormente, ele
comaliza-os do seu ‘Eu’ aparentemente
Conclusão
isolado para um ‘Nós’; e este ‘Nós’
Os impactos de amor não são poesia
pode ser reconhecido até na subjetividade
(tentaram ser: aspiração noturna).
transbordante da personalidade de um
A memória infantil e o outono pobre artista.
vazam no verso de nossa urna diurna. (...)
Que é poesia, o belo? Não é poesia, A arte pode levar o homem de
e o que não é poesia não tem fala. um estado de fragmentação a um
Nem o mistério em si nem velhos nomes estado de ser íntegro, total. A arte
poesia são: coxa, fúria, cabala. capacita o homem para compreender
EM_V_LIT_001

a realidade e o ajuda não só a


Então desanimamos. Adeus, tudo!
suportá-la como transformá-la,
A mala pronta, o corpo desprendido,
3
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
Se compararmos as duas utilizações da palavra
aumentando-lhe a determinação de
“oceano”, veremos que, no primeiro texto, temos a
torná-la mais humana e mais palavra dicionarizada, em seu contexto referencial.
hospitaleira para a humanidade”. No segundo caso, o vocábulo aparece destituído de
seu sentido tradicional, mas com uma relação que
(FISCHER, 1981, p. 56-57) tangencia a realidade. Pois apresenta uma recriação
de sentido por parte do autor, que faz uso artístico
da palavra, ao contrário do verbete de dicionário,
Segundo Fischer, tem de haver uma realidade
em que a linguagem tem uma função prática. No
que permeia a arte. É importante ter isso em mente
verbete a linguagem é um meio, na letra da canção
porque não basta escrever um enunciado de palavras
ela é o fim.
e querer que isso se torne arte. Algumas condições
precisam ser seguidas. É preciso que a literaridade
seja respeitada, ou seja, tem de haver, naquele enun- Denotação e conotação
ciado, uma série de intenções voltadas para a própria
mensagem, com uma linguagem que não se restringe
ao óbvio como afirmou o poeta Ezra Pound:
Denotação
“Literatura é linguagem carregada de significa-
do. Grande literatura é simplesmente a linguagem car- Denotação é a significação objetiva da palavra; é
regada de significado até o máximo grau possível”. a palavra em “estado de dicionário”. Cabe aos textos
denotativos o papel de fornecer o sentido literal das
Texto literário e não-literário palavras, de acordo com o que se vê.
Nos dicionários, é importante salientar que,
Até agora, pudemos perceber que nesse caso, a carga semântica não é conduzida pelo
contexto, mas por convenções prévias, de conheci-
a) a literatura é uma manifestação artística;
mentos já apresentados anteriormente.
b) o material da literatura é a palavra explorada
em todos os campos (sentido, som, grafia);
Conotação
c) o escritor é ideológico, ele é uma voz da rea-
lidade e da vida das pessoas. Conotação diz respeito a toda uma compreensão
contextualizada, inusitada e original. Quanto mais
Observando estas características, pode-se
subjetiva for a obra, tanto mais conotativa será.
perceber, mais claramente, a diferença entre texto
literário e não-literário. `` Exemplo:
`` Exemplos: Observe o texto abaixo, publicado no jornal O Globo,
no dia 19 de setembro de 2004:
1) oceano. s. m.1. A vasta extensão de águas salgadas
que cobre a maior parte da Terra; mar. 2. Cada uma Governo e prefeitura gastam mais com propaganda
das grandes porções em que se dividem essas águas:
•• Em ano de eleições municipais, a governadora do
o Pacífico, o Atlântico, o Índico, o Glacial Ártico e o
estado, Rosinha Matheus (PMDB), e o prefeito
Glacial Antártico.
do Rio, César Maia (PFL), candidato à reeleição,
reservaram mais verbas para fazer propaganda de
(Minidicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 494)
suas administrações. Na comparação com 2003, a
média mensal de gastos do governo com publicida-
2) Vem me fazer feliz
de subiu 99,8%, e da prefeitura 20,26%. Este ano,
porque eu te amo o estado já gastou mais em publicidade que em
saúde.
Você, deságua em mim,
E eu oceano Podemos dizer que esse texto é um caso típico
de denotação. Como ficaria um texto conotativo a
Esqueço de amar partir daquele acontecimento? Muito simples, bas-
É quase uma dor taria que o escritor contasse o mesmo caso com uma
preocupação maior de criar uma mensagem talvez
EM_V_LIT_001

(Djavan, Ao vivo, Vol. 1, 2000) oculta nas entrelinhas, também chamada de men-
sagem subliminar.

4
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
`` Exemplo: c) Qual é o objetivo real da apresentação da figura fe-
minina segundo este molde?
Eleições 2004
Rosinha no governo? `` Solução:
Ou a César o que é de César? a) O poema de Vinícius de Moraes retrata o amor do
eu lírico pela mulher amada, num sentimento de
Verbas?
devoção espiritual e carnal.
Sim.
b) O poeta apresenta a mulher amada a partir de duas
Saúde. abordagens distintas: idealizada romanticamente
e sexualizada, com dois movimentos claros. Para
Não.
mostrar a natureza romântica da amada, ele apre-
Então? senta os vocábulos “flor” e “amor”. É, no entanto,
Marketing e divulgação. na apresentação da natureza erotizada da mulher
que a descrição atinge seu auge: “lúbrica”, “nomes
feios”, “marca dos meus dentes”, “uma cadela”.
Marco Antonio Pinheiro, escrito especialmente para esta publicação.
c) O eu lírico objetiva promover a desmistificação da
mulher amada e aproximá-la de uma realidade
mais nua e crua.
2. (Elite) Não há vagas

1. (Elite) Leia o poema abaixo, de autoria de Vinícius de Ferreira Gullar


Moraes, e responda às questões que seguem:
Soneto de Devoção

IESDE Brasil S.A.


Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios

Essa mulher, flor de melancolia


Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria
vagas
Essa mulher que a cada amor proclama Não há

A miséria e a grandeza de quem ama


E guarda a marca dos meus dentes nela

Essa mulher é um mundo! – uma cadela O preço do feijão


Talvez... – mas na moldura de uma cama Não cabe no poema. O preço
Nunca mulher nenhuma foi tão bela! Do arroz
Não cabe no poema.
a) A literatura (no caso, a poesia) é uma manifestação Não cabe no poema o gás
artística. Diante desse questionamento, e imbuído
do conceito de que a arte retrata uma realidade, Luz o telefone
que tema é apresentado no “Soneto de Devoção” A sonegação
de Vinícius de Moraes? Do leite
b) O poeta apresenta dois movimentos de abordagem Da carne
do tema. Que movimentos são esses e como ocorre Do açúcar
EM_V_LIT_001

o “corte” temático? Justifique com, pelo menos, três Do pão


expressões do texto.
5
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
O funcionário público Era quatro condução
Não cabe no poema Duas pra ir
Com seu salário de fome Duas pra voltar
Sua vida fechada Hoje depois dele pronto
Em arquivos. Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
Como não cabe no poema E me diz desconfiado:
O operário “Tu tá aí, admirado,
Que esmerila seu dia de aço ou tá querendo roubar?”
E carvão meu domingo tá perdido
Nas oficinas escuras vou pra casa entristecido
dá vontade de beber
– porque o poema, senhores, e pra aumentar o meu tédio
está fechado: eu nem posso olhar pro prédio
“não há vagas”. que eu ajudei a fazer.

(In: Zé Ramalho. 20 Super Sucessos. Polydise.)


Só cabe no poema
O homem sem estômago Texto II
A mulher de nuvens Construção
A fruta sem preço
Chico Buarque de Holanda
O poema, senhores,
Não fede Amou daquela vez como se fosse a última
Nem cheira. Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
a) Que realidade temática é apresentada pelo poema E atravessou a rua com seu passo tímido
“Não há vagas”?
b) Com que sentido o eu lírico do poema expressa sua Subiu a construção como se fosse máquina
opinião sobre a poesia de alguns escritores? Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
`` Solução:
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
a) O poema “Não há vagas” discute a própria realidade
do fazer poético, ou seja, ele aborda a poesia e suas
concepções, criticando os textos que se afastam do Sentou pra descansar como se fosse sábado
cotidiano das pessoas e não retratam a vida. Comeu feijão com arroz como se fosse príncipe
b) O eu lírico se apresenta crítico e irônico, manifes- Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
tando-se claramente contra certos poetas que se Dançou e gargalhou como se ouvisse música
distanciam da realidade do mundo.
3. (Elite) Leia os textos abaixo e responda à questão que E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
segue. E flutuou no ar como se fosse um pássaro
Texto I E se acabou no chão feito um pacote flácido
Cidadão Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.
Lúcio Barbosa
(In: Chico Buarque de Holanda. 50 anos – O político. Polygram.)
Tá vendo aquele edifício moço?
EM_V_LIT_001

Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
6
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
Texto III 4. (Elite) Leia o texto abaixo e responda às questões que
seguem:

Eugênio Proença Sigaud. In: Nico-


la. Acidente de Trabalho.
Autopsicografia

Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega fingir, que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Texto IV
Não as duas que ele teve,
Invadido na Barra prédio inacabado há 30 anos.
Mas só a que eles não tem.
Cerca de 380 famílias da própria Zona Oeste e da
Baixada ocupam de madrugada torre projetada por
Niemayer E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Daniel Engelbercht, Júlia Dias Carneiro Esse comboio de corda
e Luiz Ernesto Magalhães Que se chama coração.
“Prédio que começou a ser construído na década de
1970 permanece inacabado e é invadido por pessoas O poeta constrói seu texto por meio de um jogo de
carentes”. palavras presente na primeira estrofe. Como se estrutura
“A frase, que bem que poderia ser a sinopse do filme esse jogo?
Redentor, em cartaz nos cinemas, retrata a situação
`` Solução:
vivida desde a madrugada de ontem numa das duas
torres projetadas por Oscar Niemeyer no Bosque O poeta trabalha coma as palavras “fingidor”, “finge”,
Marapendi, antigo Athaydeville, na Barra da Tijuca. Até “fingir” e “dor”, chegando mesmo a causar uma confusão
hoje sem vidros nas janelas nem instalações hidráulicas entre “fingidor” e “finge-dor”.
ou elétricas, o prédio Abraham Lincoln, na Avenida
5. (Elite) A partir das relações observadas entre os textos
das Américas 1.245, foi invadido por pelo menos 380
abaixo, responda à questão que segue:
famílias da própria Zona Oeste e da Baixada, segundo
os ocupantes.”
Texto I
(O GLOBO, 19 set. 2004)
Haiti
Questão:
Caetano Veloso e Gilberto Gil
Que relações podem ser observadas nos textos
citados, se pensarmos no conceito de Arte e suas quando você for convidado pra subir no adro
manifestações?
da fundação Casa de Jorge Amado
`` Solução: pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
A grande questão que envolve os quatro textos é temá- dando porrada na nuca de malandros pretos
tica. Existe uma realidade envolvida – a dos prédios em de ladrões mulatos e outros quase brancos
construção e da miséria que os cerca. Tratados como pretos
O fato real é apresentado pela reportagem do jornal O (e são quase todos pretos)
Globo. Os outros textos trabalham, de forma interdisci- e aos quase brancos pobres como pretos
plinar, o tema abordado, sempre conduzindo o leitor a
como é que pretos pobres e mulatos
um desfecho trágico, que parece ser o fio condutor dos
textos – por meio da poesia ou da pintura, na verdade, e quase brancos quase pretos de tão pobres são
EM_V_LIT_001

discute-se a realidade da pobreza, do desemprego e dos tratados


subempregos no país. e não se importa se olhos do mundo inteiro
possam estar por um momento voltados para o largo
7
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
onde os escravos eram castigados `` Solução:
e hoje um batuque um batuque O texto de Marco Morel aborda a revolução haitiana a
com a pureza de meninos uniformizados de escola partir de concepções históricas, ou seja, baseia-se em
secundária um fato real e o discute, apresentando, inclusive, um
em dia de parada posicionamento que remete o leitor a uma consciência
crítica acerca do ocorrido. A forma do texto é prosaica,
e a grandeza épica de um povo em formação
sua linguagem é referencial e a discussão é objetiva, não
nos atrai, nos deslumbra e estimula depende de contextualizações.
não importa nada: nem o traço do sobrado
Já o poema-canção de Gil e Caetano vai pelo caminho
nem a lente do Fantástico, nem o disco de Paul Simon oposto. Apesar de abordar a mesma questão, o Haiti
ninguém, ninguém é cidadão aparece apenas como mote para outras discussões:
se você for à festa do Pelô, e se você não for racismo, preconceito, luta de classes e cultura popular
pense no Haiti, reze pelo Haiti não no Haiti, mas na Bahia e no Brasil.
o Haiti é aqui – não é aqui É um texto poético e, por conseguinte, artístico, justa-
mente por se distanciar da discussão histórica e retratar a
(In: Elza Soares, Do Cóccix Até o Pescoço, Maianga Discos, 2002.) realidade a partir de uma preocupação com a mensagem
que se transmite ao leitor. A forma é poemática (versos),
sua linguagem é figurada, com ritmo e melodia, e a
Texto II temática depende de todo um contexto.
O Haiti não foi aqui A relação entre os textos é visível. Outros textos poderiam
estar aqui presentes, desde que falassem dos negros e
Marco Morel
do preconceito com que são vistos pelas sociedades
burguesas pós-Revolução Industrial.
Manipuladas pela elite escravista, as notícias
sobre os horrores da revolução haitiana, no
final do século XVIII, causaram pânico no Brasil.
Isso dificultou a compreensão sobre o que se
passou de fato naquele país do Caribe. Com base no texto, responda às questões de números
1 a 3.
“O Haiti não era aqui, mas muitos achavam que podia ser. “Desenhar para ele é uma coisa; pintar é outra. No
Foi há duzentos anos que aconteceu a independência desenho se afirma, na pintura se esconde. Pela linha
da colônia francesa de São Domingos, nas Antilhas, cuja fala com extraordinária precisão estilística, preciosismo,
parte oeste passaria a se chamar Haiti. Tornou-se marcante audácia, e vai, por vezes, até a elegância, mesmo
na cena internacional o exemplo da única insurreição mundana; pela cor, ele se retrai e silencia. (...) Dessa
de escravos na história da humanidade considerada fase, entre 1939 e 1940, nos deu algumas telas que
vitoriosa. Após uma década de sangrenta guerra civil, ainda hoje interessam pela essencialização dos valores
negros rebelados acabaram à força com o escravismo, a plásticos, o desprezo dos detalhes anedóticos para
dominação colonial e proclamaram a independência de seu só guardar os que definem o ambiente e, sobretudo,
país. Corações e mentes mobilizavam-se em torno desse marcam a atmosfera, principal tema delas. (...) A
episódio incandescente, cuja notícia ultrapassou fronteiras e esquematização das formas, sobretudo o ovoide
viajou pelos mares. Aqui, o impacto do movimento haitiano das cabeças sem pormenores fisionômicos, lembra
foi intenso, espalhando medo e esperanças”. Modigliani. Realmente, o ar que se respira nessas telas
(In: Nossa História, ano 1, n. 11, p. 58. Publicação editada pela Biblio-
é o ar da “escola de Paris.”
teca Nacional.) (PEDROSA, Mário. Dos Murais de Portinari aos Espaços de Brasí-
lia. São Paulo: Perspectiva, 1981. p. 143-144.)
Questão:
Ambos os textos remetem à mesma temática: o Haiti. 1. (FGV) Segundo o texto, a obra de Dacosta é notável:
Há, no entanto, diferenças significativas quanto à forma,
à linguagem e à abordagem do tema. Aponte algumas a) pela temática.
destas diferenças e teça comentários que justifiquem a b) pelo desenho.
EM_V_LIT_001

relação entre os textos.

8
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
c) pelo colorido. 4. “Catar feijão se limita com escrever...”
d) pelo pormenor. João Cabral assegura que a técnica da composição é
também um(a):
e) pela originalidade.
a) agir instintivo.
2. (FGV) Ainda segundo o texto, a aproximação possível
entre Dacosta e Modigliani firma-se: b) constante atitude de renovação.

a) na profusão de detalhes no retrato. c) colagem despreocupada.

b) no caráter fisionômico do ovoide corporal. d) processo de seleção.

c) na essencialização dos valores anedóticos. e) questão de vontade.

d) na simplificação das formas humanas. 5. As palavras-chumbo são:

e) na pintura cubista de praias provincianas. a) os verbos.

3. (FGV) Dê os significados dos termos ou expressões: b) as intraduzíveis.


“preciosismo”, “pormenores fisionômicos” e “ar que se c) as de sentido essencial.
respira”.
d) os substantivos.
a) Muito precioso, traços faciais, influência que se
capta. e) as de pouco uso.

b) Insistência demasiada, minúcias físicas, luminosida- 6. As palavras-palha:


de ambiente. a) prejudicam a pureza artesanal da frase.
c) Delicadeza, formato dos olhos, combustível intelectual. b) provocam a ambiguidade semântica.
d) Muito precioso, compleição corporal, filiação estética. c) embelezam o estilo do autor.
e) Delicadeza, traços faciais, influência que se capta. d) tornam enxuto o sentido da frase.
e) obstruem a leitura.
Catar Feijão
7. Palavras-eco são:
João Cabral de Melo Neto a) incoerentes.

Catar feijão se limita com escrever; b) incompreensíveis.


joga-se os grãos na água do alguidar c) indigestas.
e as palavras na da folha de papel; d) extravagantes.
e depois, joga-se fora o que boiar. e) redundantes.
Certo, toda palavra boiará no papel,
8. Nas palavras-eco:
água congelada, por chumbo seu verbo:
a) é menor, quase nula, a taxa de informação.
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e o oco, palha e eco. b) há mais qualidade e quantidade de informação.
Ora, nesse catar feijão entra um risco: c) há obscurecimento da informação.
o de que entre os grãos pesados entre d) é maior a taxa de informação.
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
e) há informação de conteúdo original.
um grão imastigável, de quebrar dente.
9. O papel torna-se água congelada. Referência do poeta:
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá a frase seu grão mais vivo: a) à capacidade criativa do homem.
obstrui a leitura flutuante, flutual, b) ao valor artístico da composição linguística.
açula a atenção, isca-a com o risco. c) à perenidade da palavra impressa.
d) à efemeridade das ideias humanas.
EM_V_LIT_001

e) ao talento inventivo da humanidade.

9
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
10. O chumbo também é uma referência: 17. “...soprar nele, e jogar fora o leve e o oco, palha e
eco.”
a) ao valor dramático da palavra.
Estes dois infinitivos diferem dos demais no poema
b) à técnica da impressão gráfica.
porque possuem valor:
c) à dificuldade de escrever. a) optativo.
d) à monotonia linear da palavra escrita. b) nominal (substantivo).
e) à responsabilidade social do artista escritor. c) imperativo.
11. “...pois, para catar esse feijão, soprar nele...” referência d) hipotético.
à:
e) condicional.
a) oratória bombástica.
18. No penúltimo verso da 2.ª estrofe, o poeta utiliza um
b) clareza do estilo. curioso recurso estilístico:
c) ornamentação supérflua da frase. a) conjuga regularmente um verbo irregular.
d) depuração do estilo. b) dá valor concreto a uma palavra de sentido abs-
e) perigosa ambiguidade das palavras. trato.
12. Que palavra o poeta omite no 3.° verso da 1.ª estrofe? c) troca os sufixos das duas palavras aliterantes.
13. Essa omissão, bem característica do autor, produz um d) muda a classe gramatical de uma palavra.
expressivo efeito de natureza: e) emprega palavras do mesmo número de sílabas.
a) morfológica. 19. Tornadas sinônimas, as palavras fluviante e fluvial ca-
b) fônico-semântica. racterizam:
c) morfossintática. a) o estilo monótono, excessivamente claro e bem
comportado.
d) morfofonêmica.
b) o estilo romântico, etéreo, sonhador, de uma poesia
e) sintática. decadente.
14. O efeito produzido por essa omissão artesanal con- c) o hermetismo da poesia moderna.
siste:
d) as modernas inovações semânticas em que os
a) na aproximação de dois monossílabos átonos su- poetas buscam a originalidade.
gerindo, semanticamente, a folha branca de papel.
e) os achados gráficos da poesia concretista.
b) na supressão da palavra que possui vogais iguais
às das palavras que a cercam na frase. 20. O eco em palavras é o(a):
c) em fazer predominar os monossílabos átonos sobre a) tautologia.
as demais palavras do verso. b) rima.
d) na alteração semântica porque passou a palavra c) inexpressividade semântica.
folha.
d) gíria.
e) na ausência do verbo, sugerido pelo encontro das
duas combinações átonas. e) abuso de metáforas.

15. Os grãos que boiam: 21. As palavras-pedra, valorizadas pelo autor porque dão à
frase seu grão mais vivo, são aquelas que:
a) são pesados.
a) atraem o leitor pela sugestão plástica de beleza.
b) são duros.
b) surpreendem o leitor, rompendo, com a presença, a
c) estão descascados. estrutura semântica da frase.
d) estão murchos ou bichados. c) agradam o leitor, explicando passagens obscuras.
e) são verdes. d) estranham o leitor por serem muito pouco comuns
EM_V_LIT_001

16. Justifique sua resposta à pergunta anterior. na língua.

10
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
e) entediam o leitor por dizer o que outras anteriores 20 elide sujeito e objeto.
já disseram.
Não dramatizes, não invoqueis,
22. Paronomásia: recurso estilístico que consiste na apro- Não indagues. Não percas tempo em mentir.
ximação intencional de palavras homônimas, parônimas,
Não te aborreças.
ou etimologicamente aparentadas.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
Ex.: De nada vale o meu vale!
25 vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de
O autor utilizou a paronomásia na:
/ família
a) 1.ª estrofe, 2.° verso.
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
b) 2.ª estrofe, 6.° verso.
Não recomponhas
c) 2.ª estrofe, 2.° verso. tua sepultada e merencória infância.
d) 2.ª estrofe, 4.° verso. Não oscilas entre o espelho e a memória em
dissipação.
e) 1.ª estrofe, 7.° verso.
30 Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Procura na Festa Estão paralisados, mas não há desespero,
1 Não faças versos sobre acontecimentos. 35 há calma e frescura na superfície intata.
Não há criação nem morte perante a poesia. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Diante dela, a vida é um sol estático, Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
não aquece nem ilumina. Tem paciência, se obscuro. Calma, se te provocam.
5 As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais Espera que cada um se realize e consume
/ não contam 40 com seu poder de palavra
Não faças poesia com o corpo, e seu poder de silêncio.
esse excelente, completo e confortável corpo, tão Não forces o poema a desprender-se do limbo.
/ infenso à efusão lírica. Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro Não adules o poema. Aceita-o
são indiferentes.
45 como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no
10 Nem me reveles teus sentimentos, espaço.
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa Chega mais perto e contempla as palavras.
viagem.
Cada uma
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
tem mil faces secretas sob a face neutra
15 Não é música ouvida de passagem; rumor do mar nas
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
/ ruas junto à linha de espuma. 50 pobre ou terrível que lhe deres:
O canto não é o movimento das máquinas nem o
Trouxeste a chave?
/ segredo das casas.
Repara:
Não é música ouvida de passagem; rumor do mar nas
ermas de melodia e conceito
/ ruas junto à linha de espuma.
elas se refugiaram na noite, as palavras.
O canto não é a natureza
55 Ainda úmidas e impregnadas de sono,
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
/ significam. (ANDRADE, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo.
A poesia (não tires poesia das coisas) In: Poesia Completa e Prosa – organizada pelo autor. 3. ed.
EM_V_LIT_001

Rio de Janeiro: Aguilar, 1973. p. 138-139.)

11
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
1. Os versos que melhor sintetizam o tema do poema e 4. Assinale a melhor interpretação do símbolo “a longa,
fixam os conceitos, negativo e positivo, de poesia são: viagem”, no verso 11:
a) v. 1: Não faças versos sobre acontecimentos. a) a morte das pessoas.
v. 56: rolam num rio difícil e se transformam em des- b) a morte da obra literária.
prezo.
c) a imortalidade artística.
b) v. 19: A poesia (não tires poesia das coisas)
d) a sinceridade da expressão.
v. 20: elide sujeito e objeto.
e) a criação literária.
c) v. 12: O que pensas e sentes, isso ainda não é
5. Assinale a melhor interpretação dos v. 19-20: “A poesia
poesia.
...elide sujeito e objeto”:
v. 32: Penetra surdamente no reino das palavras.
a) A poesia pode ser ilógica, com a frase poética sem
d) v. 32: Penetra surdamente no reino das palavras. sujeito e sem objeto.
v. 44: Não adules o poema. Aceita-o. b) A poesia, depois de construída, é independente do
autor (sujeito) e da finalidade que ele teve em men-
e) v. 29: Não oscilas entre o espelho e a memória em
te (objeto).
dissipação.
c) A poesia não é pura expressão de estados d´alma
v. 30-31: Que se dissipou, não era poesia. /Que se
(sujeito) nem pura cópia da realidade (objeto).
partiu cristal não era.
d) A poesia não é o poeta (sujeito) nem o leitor (objeto).
2. Assinale a melhor afirmação sobre a posição de Drum-
mond nas numerosas negativas até o verso 32. e) A poesia não é apenas o espírito do poeta (sujeito),
mas também o corpo (objeto).
a) Drummond só admite poesia que tenha como
tema a própria palavra e não: acontecimentos, vida, 6. Assinale a melhor interpretação dos v. 29-30: “Não
morte, problemas pessoais, sentimentos, natureza, osciles entre o espelho e a / memória em dissipação”.
cidade, máquinas, sociedade, tragédias, sonhos,
a) Não osciles entre o mundo real e o mundo imagi-
infância etc.
nário.
b) Drummond não admite os temas acima, mas é
b) Não osciles entre o espírito e a matéria.
contraditório, pois toda a sua obra contém esses
temas. c) Não osciles entre o bem e o mal.
c) Drummond só não admite esses temas na poesia d) Não osciles entre o passado e o futuro.
moderna de sua geração, por certo aceita-os na
e) Não osciles entre o presente e o passado.
poesia de outras épocas.
7. Um símbolo pode admitir mais de uma interpretação.
d) Drummond não é contraditório; apenas quer frisar
Dentre as seguintes, só uma se poderia aceitar para o
que poesia é, acima, de tudo arte e não pura ex-
símbolo “rio difícil” do último verso, embora possa haver
pressão de sentimentos e ideias.
outras interpretações não indicadas aqui. Assinale-a.
e) Drummond não é contraditório, porque a partir de
a) A continuidade da obra literária através do tempo.
“A Rosa do Povo” mudou de temática, deixando de
explorar aqueles temas referidos acima. b) O conjunto de julgamentos do poema pelos críticos.
3. Assinale a palavra ou expressão do texto que não admite c) O fluxo do espírito do poeta na luta pela expressão.
de forma alguma o sentido metafórico indicado. d) A corrente das paixões vividas pelo poeta.
a) Limbo (v. 42): estado de perfeição. e) A dificuldade de compreensão do poema pela
b) Chave (v. 51): solução. grande massa dos leitores.
c) Iate de marfim, sapato de diamante (v. 24): as aspi- 8. “Procura da Poesia” é uma teoria poética ou metapoema.
rações, os sonhos. Assinale, dentre os seguintes conceitos de teoria literária,
o que não se encontra nessa poética.
d) Esqueletos de família (v. 25): as tradições.
a) A poesia não é apenas meio para comunicar algu-
e) Faces secretas (v. 48): as conotações das palavras
ma coisa, ela tem fim em si mesma.
EM_V_LIT_001

(em oposição à denotação = face neutra)


b) A poesia não é pura expressão de estados d´alma
nem pura cópia da realidade.
12
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
c) A construção do poema resulta de um trabalho in- 13. Dos seguintes versos mais longos do poema, assinale
tenso, de uma luta incessante com as palavras. o que mais se aproxima da linguagem da prosa por sua
estruturação.
d) Os modernistas “tiveram que transferir da palavra a
responsabilidade de geratriz exclusiva da poesia”. a) “As afinidades, os aniversários, os incidentes pes-
(Osvaldino Marques) soais não contam.” (v. 5)
e) O único tema da verdadeira poesia é a palavra. b) “esse excelente, completo e confortável corpo, tão
infenso à efusão lírica.” (v. 7)
9. Das numerosas antíteses do poema, assinale aquela que
melhor destaca a função metalinguística. c) “O canto não é o movimento das máquinas nem o
segredo das casas.” (v. 14)
a) Criação / morte (v. 2).
d) “Não é música ouvida de passagem; rumor do mar
b) Natureza / sociedade (v. 16 e 17).
nas ruas junto à linha de espuma.” (v. 15)
c) Sujeito / objeto( v. 20).
e) “Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada
d) Espelho / memória (v. 29 e 30). significam.” (v. 18)
e) Faces secretas / face neutra (v. 48).
A Coisa Simples
10. Na última estrofe do poema há associação semântica
em torno de uma das seguintes palavras, que é o ponto Certos espíritos dificilmente admitem que uma coisa
de partida das demais: simples possa ser bela, e menos ainda que uma
coisa bela é, necessariamente, simples, em nada
a) ermas. comprometendo a sua simplicidade as operações
b) refugiaram. complexas que forem necessárias para realizá-la.
Ignoram que a coisa bela é simples por depuração, e não
c) noite. originariamente; que foi preciso eliminar todo elemento
d) úmidas. de brilho e sedução formal (coisa espetacular), como
todo resíduo sentimental (coisa comovedora), para que
e) sono.
somente o essencial, não o percebendo, até mesmo
11. Assinale o paralelismo antitético. fugindo a ele, o preconceituoso procura o acessório,
que não interessa e foi removido. Mas pura é a obra, e
a) Não faças versos sobre acontecimentos. / Não fa-
mais perplexa a indagação: “Mas é somente isto? Não
ças poesia com o corpo (v. 1 e 6).
há mais nada?” Havia; mas o gato comeu (e ninguém
b) Não dramatizes, / não invoques, / não indagues. (v. viu o gato).
21 e 22).
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Confissões de Minas – caderno de
c) Teu iate de marfim, / teu sapato de diamante (v.
notas. In: Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 591.)
24).
d) Que se dissipou, não era poesia. / Que se partiu, 14. (Concurso para Prof. Prim. - GB) Assinale o item que
cristal não era. (v. 30 e 31). melhor expressa a ideia central do texto.
e) Com seu poder de palavra / e seu poder de silên- a) A coisa simples dificilmente pode ser bela.
cio. (v. 41 e 42). b) A coisa bela é simples por depuração.
12. Assinale o verso curto que mais valoriza a camada c) A coisa só é bela se lhe eliminarmos todo elemento
ótica (ou gráfica) do poema, corroborando o conteúdo de brilho e sedução formal, todo indivíduo senti-
semântico do verso. mental e o essencial.
a) “são indiferentes” (v. 9). d) A coisa simples é bela originariamente.
b) “Não te aborreças” (v. 23). e) A coisa simples é bela, quando a sua essência é
c) “Não recomponhas” (v. 27). captada imediatamente.
d) “no espaço” (v. 45). 15. (C. Prof. Prim. - GB) O texto desenvolve-se numa opo-
sição entre:
e) “Cada uma” (v. 47).
a) essencial X acessório.
EM_V_LIT_001

b) beleza X sedução formal.


c) sedução formal X resíduo sentimental.
13
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
d) beleza X coisa simples. c) simplicidade / depuração / eliminar / essencial / o
gato comeu.
e) coisa comovedora X coisa espetacular.
d) simplicidade / originariamente / depuração / opera-
16. (C. Prof. Prim. - GB) Assinale a frase que melhor explicita
ções complexas / acessório.
a verdade do texto.
e) acessório / preconceituoso / pura / removido / de-
a) O essencial é ir à raiz da coisa.
puração.
b) O essencial é apreciar o lado externo e trabalhado
21. (C. Prof. Prim. - GB) A expressão o gato comeu cons-
da coisa.
titui um exemplo de:
c) O essencial é apreciar as operações de elaboração
a) uso científico.
da coisa.
b) registro de fala regional.
d) O essencial é eliminar a carga subjetiva e sentimen-
tal da coisa. c) uso estético.
e) O essencial é também pertencer o acessório. d) registro de fala coloquial.
17. (C. Prof. Prim. - GB) No texto, a palavra preconceituoso e) gíria.
indica:
22. (C. Prof. Prim. - GB) Brilho de sedução formal e
a) aquele que tem preconceito racial. resíduo sentimental – são alusões respectivamente
aos poetas do:
b) aquele que preconceituosamente só vê o essencial.
a) Parnasianismo e Romantismo.
c) aquele que despreza o acessório.
b) Modernismo e Romantismo.
d) aquele que dificilmente aceita a beleza da coisa
simples. c) Classicismo e Parnasianismo.
e) aquele que não se deixa envolver pela sedução formal. d) Realismo e Modernismo.
18. (C. Prof. Prim. - GB) O acessório a que se refere o autor e) Romantismo e Futurismo.
na linha 10, foi mencionado anteriormente em:
23. (C. Prof. Prim. - GB) A solução final apresenta pontos
a) depuração / as operações complexas. de contato com:
b) as operações complexas / resíduo sentimental. a) a poesia de Castro Alves e Gonçalves Dias.
c) a coisa simples / uma coisa bela. b) a poesia metafísica de Fernando Pessoa e seus he-
terônimos.
d) depuração / simplicidade.
c) a literatura do início do século XX.
e) todo elemento de brilho e sedução formal / todo
resíduo sentimental. d) o objetivo principal da semana de Arte Moderna
de 1922.
19. (C. Prof. Prim. - GB) Assinale o par que é sinônimo
dentro do texto: e) o poema piada da 1.ª geração do Modernismo.
a) coisa espetacular / coisa comovedora.
b) certos espíritos / o preconceituoso.
c) solução formal / resíduo sentimental.
d) necessariamente / originariamente.
e) essencial / acessório. 24. A ambiguidade é proibida na linguagem referencial.
20. (C. Prof. Prim. - GB) Assinale a sequência cujos elemen- Na linguagem poética, conotativa, a ambiguidade
tos guardam entre si, no texto, afinidades de sentido, isto é fator importantíssimo como recurso expressivo.
é, pertencem ao mesmo campo semântico: Quanto mais ambígua, mais rica se torna esta lingua-
gem. Assim, as várias interpretações possíveis, em
a) simplicidade / beleza / depuração / acessório / pre- lugar de empobrecer o texto artístico, enriquecem-
conceituoso. no, atiçando a curiosidade do leitor/destinatário.
EM_V_LIT_001

b) preconceituoso / sedução formal / resíduo senti-


mental / originariamente.

14
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
Historinha da Ambiguidade (I)

IESDE Brasil S.A.


Aposto
que você
VEJA! Posso não
chutar minha pode!
cabeça!

Acho que me
expressei
mal!!

I. A ambiguidade da história é provocada pela fala


da personagem logo no primeiro quadrinho.
Isso porque ela:
a) não concluiu a primeira frase.
b) não concluiu a segunda frase.
c) juntou ação às palavras.
d) concluiu mal a segunda frase.
e) concluiu mal a primeira frase.
II. Conforme, portanto, a resposta ao item anterior,
pode-se concluir que a ambiguidade foi provo-
cada pela:
a) antítese.
b) elipse.
c) prolepse.
d) metáfora.
e) pleonasmo.
VI. “Aposto que você não pode!”
De acordo com a intenção do falante (1.° quadrinho),
como deveria ser completada esta frase?
De acordo com a ação (2.° quadrinho) do ouvinte,
como foi realmente completada a frase?
O último quadrinho mostra:
a) arrependimento.
b) irritação pela burrice alheia.
c) incompreensão violenta.
d) autocrítica consciente.
e) compreensão bem-humorada.
EM_V_LIT_001

(Apud Roberto, Amaro e Rosa. Comunicação/interpretação.)

15
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
16. Não servem, são mais leves que os outros e devem ser
retirados do conjunto, não vão para a panela, da mesma
forma que as palavras vazias nada acrescentam.
1. E 17. C
2. D 18. C
3. E 19. A
4. D 20. C
5. C 21. B
6. A 22. C
7. E
8. A
9. C
10. B 1. C

11. C 2. D

12. água (na água da folha de papel). 3. A

13. B 4. C

14. A 5. C
EM_V_LIT_001

15. D 6. E
7. C
16
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
8. E
9. E
10. C
11. E
12. D
13. A
14. B
15. A
16. A
17. D
18. E
19. B
20. C
21. D
22. A
23. E
24.
I. B
II. B
III.
a) Chutar a sua (cabeça).
b) Chutar a minha (cabeça).
IV. D
EM_V_LIT_001

17
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_001

18
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_001

19
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br
EM_V_LIT_001

20
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br

Você também pode gostar