Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
antologia grega
Epigramas de
Banquete
e Burlescos
(Livro xi)
ISSN: 2183-220X
Diretoras Principais
Main Editors
Assistentes Editoriais
Editoral Assistants
Daniela Pereira
Universidade de Coimbra
Comissão Científica
Editorial Board
Adriane Duarte Frederico Lourenço
Universidade de São Paulo Universidade de Coimbra
antologia grega
Epigramas de
Banquete
e Burlescos
(LIVRO XI)
Título Title
Antologia Grega. Epigramas de Banquete e Burlescos (Livro XI)
Greek Anthology. Sympothic and Satyrical Epigrams (Book XI)
ISSN
2183-220X
ISBN
978-989-26-2055-8
© fevereiro 2021
ISBN Digital
978-989-26-2056-5 Imprensa da Universidade de Coimbra
Classica Digitalia Vniversitatis
DOI Conimbrigensis
https://doi.org/10.14195/978-989-26- http://classicadigitalia.uc.pt
2056-5 Centro de Estudos Clássicos e
Humanísticos da Universidade de
Coimbra
Filiação Affiliation
Universidade de Coimbra, Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos
Resumo
Os 442 epigramas que constituem o livro XI da Antologia Grega constituem
uma a melhor mostra do género do epigrama satírico da antiguidade grega,
da época clássica à bizantina. Ainda assim, o anónimo escriba do Palatinus
estabeleceu uma subdivisão interna, entre poemas ditos “de banquete”
(sympotika, núms. 1-64) e “burlescos” (skoptika, núms. 65-442). Revela-
doras são as suas palavras sobre estes componentes: “Amplo uso se fez, ao
longo da vida, dos epigramas burlescos, dado que o homem tanto gosta de
burlar-se dos outros como de ouvir os outros a burlar-se do próximo, algo
que, estou em crer, sempre aconteceu entre os antigos, como se mostrará
com os epigramas seguintes”.
Palavras-chave
Antologia Grega, epigrama, banquete, sátira, burlesco
Abstract
The 442 epigrams contained in book XI of the Greek Anthology are the
best sample of the genre of Greek satirical epigram, from Classical to the
Byzantine era. Nonetheless, the anonymous scribe of the Palatinus made
an internal division between sympotic (sympotika, num. 1-64) and satirical
(skoptika, num. 65-442) epigrams. Full of meaning are his words on these
components: “A great use has forever been done of satirical epigrams, since
men is so fond on laughing on others and listening them laughing on their
neighbors, something I believe that always happened between the Ancients,
as the following epigrams demonstrate.”
Keywords
Greek Anthology, epigram, symposium, satire, burlesque
(Página deixada propositadamente em branco)
Autor
Author
7
(Página deixada propositadamente em branco)
Índice
Introdução 11
1. A Antologia Grega 11
2. O livro XI: epigramas de banquete e burlescos 14
Bibliografia 23
9
(Página deixada propositadamente em branco)
Introdução
1. A A ntologia Grega
Parece remontar ao século IV a.C. o hábito de organizar
antologias poéticas de um só autor – de que são exemplo as
diversas Simonidea de que há notícia, com um conjunto de
inscrições atribuídas ao poeta de Ceos, não necessariamente da
sua lavra, muitas delas sequer suas contemporâneas. A prática
ganharia um desenvolvimento mais evidente durante o século
III a.C., quando os próprios poetas terão passado a organizar
coletâneas das suas composições, que assim conseguiam maior
divulgação – Ânite, Asclepíades, Calímaco ou Posidipo são
disso exemplos. A verdade é que o epigrama deixara, há um
século pelo menos, de ter como funcionalidade exclusiva a sua
inscrição na pedra. Chegados ao século III a.C., a sua vertente
ficcional, com os mais diversos temas e propósitos, tinha já
ascendido à categoria de género literário, cedo se transfor-
mando na forma poética de eleição para a maioria dos autores.
Tanto que a reunião antológica de epigramas de diversos auto-
res, como bem explica Alan Cameron (1993: 4), mais do que
uma opção, terá sido uma consequência inevitável.
A Antologia Grega, vulgarmente conhecida como Antolo-
gia Palatina devido ao principal manuscrito que no-la trans-
mitiu, consiste nas edições modernas num vasto conjunto de
epigramas em diversos metros, ainda que maioritariamente em
dísticos elegíacos, organizado em dezasseis livros, e que perfaz
a impressionante soma de mais de quatro mil componentes
poéticos. Trata-se, inegavelmente, do maior florilégio poético
11
Epigramas de Banquete e Burlescos
1
Além dos três florilégios principais, que desde logo nos permitem
a transmissão de epigramas de um vastíssimo lapso temporal, tem-se
como muito provável o uso direto de antologias pessoais de poetas com
ampla presença na Antologia, como já referíamos, como sejam Estratão
(livro XII), Páladas, Rufino ou Leónidas, além de recolhas autorais
como os Simonidea, os Anacreontea ou coletâneas sobre Homero, por
exemplo.
12
Antologia Grega
2
À segunda edição da Anthologia Graeca de Jacobs (21813-1817) se
deve, na realidade, a primeira numeração dos poemas exclusivos da
tradição Planudea, editados em apêndice à referida edição, pelo que é
sua, em rigor, a editio princeps desses textos enquanto livro autónomo.
13
Epigramas de Banquete e Burlescos
3
Diferente o método de Planudes, que reúne os epigramas de
ambos grupos num só, internamente organizado por lemas temáticos,
dispostos por ordem alfabética.
4
Sobre o género, vd. Giangrande (1968: 91-177).
14
Antologia Grega
12, 23, 46), que leva por vezes (não muitas, neste contexto) a
aconselhar moderação (e.g. núm. 49). Com o vinho vai sem-
pre a par o amor (núm. 64), e pode o primeiro ora inspirar
o segundo (e.g. núms. 24, 34), ora torná-lo mais difícil (e.g.
núms. 29, 30). Está finalmente presente, como motivo poético,
o próprio banquete que é cenário e atelier destes epigramas, e
com ela a comida (e.g. núms. 1, 9, 35).
Não é completamente clara a divisão dos epigramas entre as
duas seções no Palatinus, desde logo, como se disse, pela trans-
versalidade do seu assunto. Algo que o escriba parece assumir
na epígrafe à segunda seção (núms. 65-442), quando afirma:
“amplo uso se fez, ao longo da vida, dos epigramas burlescos,
dado que o homem tanto gosta de burlar-se dos outros como
de ouvir os outros a burlar-se do próximo, algo que, estou em
crer, sempre aconteceu entre os antigos, como se mostrará com
os epigramas seguintes”. Seja como for, o certo é que um ainda
considerável número de componentes da primeira seção pode-
ria (e até deveria) incluir esta segunda parte; textos onde o ban-
quete, quanto muito, é apenas o cenário implícito ou referido
de passagem, e nos quais é mais evidente a intenção satírica
que os motiva (e.g. 4, 6, 7, 13-16). Teriam também estes epi-
gramas na sala de banquetes (preferencialmente masculina) um
espaço de laboratório e exibição. Não há ainda muito tempo, L.
Floridi (2012: 632-660) refletiu acerca das relações entre este
subgénero e a literatura dita popular, especulando com toda a
coerência acerca de coletâneas de piadas e anedotas5 que teriam
como principal propósito ser fonte para outros poetas – livros
de que os núms. 438-441 parecem dar mostra.
5
Infelizmente, apenas conservamos um exemplo desse tipo de
material, o Philogelos, cujo terminus post quem costuma colocar-se em
248 da nossa era. Sobre estas coletâneas, vd. J. Bremmer (1997: 11-28).
16
Antologia Grega
6
Sobre o subgénero literário, vd. G. Nisbet (2007: 353-358).
17
Epigramas de Banquete e Burlescos
7
Aristóteles (1448b) teoriza a distinção entre os conceito de geloion
e psogos, exemplificando com o pseudo-Homérico Margites. Adiante
(1449a32-37), quando tenta definir a comédia, refere-se ao conceito de
geloion (“risível”) como uma forma de aischron (“vergonhoso”).
8
Vd. Blomquist (1998: 45-60).
9
Sobre o epigrama de Lucílio, no geral, vd. Crupi (1964); em
particular sobre os seus epigramas burlescos, vd. Lamolda (1990-1995:
187-195).
18
Antologia Grega
10
Vd. Burnikel (1980).
11
Sobre este complexo assunto, e as fontes que podem ter sido uti-
lizadas para a composição deste livro, vd. Aubreton (1972, repr. 2002:
27-39).
19
Epigramas de Banquete e Burlescos
21
(Página deixada propositadamente em branco)
Bibliografia
23
Epigramas de Banquete e Burlescos
24
Antologia Grega
25
(Página deixada propositadamente em branco)
EPIGRAMAS DE BANQUETE
E BURLESCOS
ANTOLOGIA GREGA XI
(Página deixada propositadamente em branco)
I. Epigramas de Banquete
1. DE NICARCO
2. DE CALÍCTER
3. ANÓNIMO
1
As Hermaia, cujo culto se revestia de natureza dionisíaca, contem-
plavam jogos atléticos de crianças e adolescentes.
2
Eurítion, causador da luta entre Lápitas e Centauros (Odisseia
21.295). Cf. núm. 12, que prova que a frase se devia ter tornado
proverbial.
3
Não é claro o sentido do epigrama – que, de todas as formas,
é mais satírico que simposiasta. Seria Teodoro um médico, a quem
pede ajuda para tratar pedras dos rins? E quem seriam estes “finórios”
(aristoi)?
4
Último governante da Lídia antes da tomada de Sardes pelos
Persas, em 546 a.C., Creso era pelo menos desde Arquíloco de Paros
(séc. VII a.C.) modelo poético de riqueza material.
29
Epigramas de Banquete e Burlescos
4. DE PARMÉNION
5. DE CALÍCTER DA MAGNÉSIA
6. DO MESMO
5
Seria uma iguaria frequente dos banquetes. Cf. Ilíada 9.639;
Ateneu 10.432.
6
A prostituição como remédio para a miséria. Cf. o núm. 65.
7
I.e. a esposa é bastante rica, não necessariamente uma prosti-
tuta (embora esse sentido possa ressaltar da tradução). Zeus ofereceu
esta cornucópia às Ninfas como símbolo e fonte de fecundidade e
abundância.
30
Antologia Grega
7. DE NICARCO
8. [DE NICARCO]
10. DE LUCÍLIO
8
O epigrama lê-se, com algumas variantes, numa estela de Cerélia
Fortunata (séc. III), e deve ser essa origem epigráfica que explica a
indicação de anónimo na tradição manuscrita da Antologia.
9
O vento de oeste, de todos o mais favorável à navegação.
31
Epigramas de Banquete e Burlescos
11. DO MESMO
10
Como Marcial (3.45), Lucílio manifesta-se contra a erudição
que tomara conta dos banquetes romanos, com frequentes recitações
e questões de literatura, gramática ou filosofia, cenas que ficaram de
alguma forma cristalizadas no Satyricon de Petrónio (em especial a do
banquete de Trimalquião). O motivo é recorrente nos epigramas deste
autor e nos que o sucederam (e.g. núm. 127).
11
Cf. nota ao núm. 1.
12
Dois poetas, o primeiro cómico – não confundir com o indivíduo
referido no núm. anterior – e o segundo trágico, envenenados por Filipe
V de Macedónia.
13
Filipe teria perdido um olho em combate. Há um jogo de palavras
em “Caronte dos copos”, sugerindo “o que gosta dos copos”.
32
Antologia Grega
13. DE AMIANO
14. DO MESMO
15. DO MESMO
14
I.e. de pedra, aludindo ao próprio leito da sala de banquete. A
visão da cabeça da Górgona, como é sabido, transformava em pedra.
Quanto a Níobe, foi transformada em rocha por Zeus para aplacar a dor
da perda dos seus filhos às mãos de Apolo e Ártemis, pois vangloriara-se
de ter descendência melhor e mais numerosa do que Leto, a mãe destes.
15
Amiano (o poeta).
16
Em grego, o nome começa por omega, a última letra do alfabeto.
33
Epigramas de Banquete e Burlescos
17. DE NICARCO
18. DO MESMO
17
Solução pouco engenhosa para o jogo de palavras do original, a
partir do final da palavra que em grego significa “lanceiro” (enchesimo-
ros), -moros (“simples”, “tolo”).
18
A mudança de nome – real para o primeiro exemplo, fantasiosa
para os outros dois – era prática corrente dos novos-ricos do tempo
de Nicarco, como atestam os núms. 260 e 358 (cf. também Marcial
4.17). Filostéfano menciona o apego a banquetes e a coroas de flores;
Hipocratipíades relaciona-se também com a ideia de riqueza, pela
referência a cavalos; Dionisiopeganódoro, finalmente, introduz no
aristocrático Dionisiodoro o termo peganos (“arruda”), aludindo ao seu
ofício anterior de jardineiro.
19
I.e., o fulano que não pode pagar quase nada, ou mesmo o ladrão.
34
Antologia Grega
19. DE ESTRATÃO
20
Bubástis era a divindade egípcia assimilada a Ártemis (ou Diana),
protetora das parturientes e dos nascimentos – e a ela, portanto, Filénio
não prestou culto. O epigrama alude ao costume de fingir uma gravidez
que nunca existiu e simular o parto com uma criança abandonada.
21
Deucalião, filho de Prometeu, é o Noé da mitologia grega (cf.
núms. 71, 131). No epigrama, porém, funciona como Zeus, que envia
o dilúvio que destrói todos os mortais. A luta simbólica entre vinho e
água – sinónimo de morte a última – faz deste o primeiro epigrama
realmente simposiasta do livro.
22
No original, três palavras designam, respetivamente, um tipo
exótico de manto, uma tocha de resina e uma espécie de peixe. A crítica
é aos poetas sem conteúdo, que apenas trabalham a forma e o léxico
dos seus poemas.
35
Epigramas de Banquete e Burlescos
21. DE ESTRATÃO
22. DE ESTRATÃO
23
No original, o krater, onde se misturava o vinho com água e
se servia aos convivas. Antípatro associa a verdadeira poesia com as
origens dionisíacas, em especial Arquíloco e Homero (símbolos, respe-
tivamente, da invetiva iâmbica e da épica, dois dos géneros mais caros
ao banquete).
24
O pénis, antes e depois da ereção. Cf. AG 12.242, muito seme-
lhante, do mesmo poeta.
25
O termo drakon significa tanto “dragão” como “serpente”.
26
Rei lendário de Creta (o que mandou construir o labirinto e nele
aprisionou o Minotauro), depois de morto Minos transformou-se num
dos juízes dos Infernos, juntamente com Éaco e Radamanto.
36
Antologia Grega
24. DO MESMO
25. DE APOLÓNIDES
27
I.e., os que não bebem (ou os que bebem água), cujo percurso
rumo ao Hades é mais penoso – porque sempre estão com preocupações
desnecessárias.
28
Às Musas Helicónias dedicara Hesíodo a Teogonia.
29
I.e. vinho da península itálica, romano lato sensu. “Baco”,
“Brómio”, “Lieu” e “Iaco”, qualificativos de Dioniso, são muito frequen-
temente usados ao longo do livro para significar simplesmente “vinho”.
30
Hipocrene, também no Hélicon.
37
Epigramas de Banquete e Burlescos
31
Três cidades da Campânia e da Ligúria conhecidas pela qualidade
da sua argila.
32
I.e., com o qual se faziam as taças e demais utensílios para servir
o vinho.
33
Claramente, para os simposiastas.
34
No original, “cinco pés”.
38
Antologia Grega
29. DE AUTOMEDONTE
30. DE FILODEMO
35
Zenão fundou a escola do estoicismo e morreu em 264 a.C.,
sendo sucedido pelo seu discípulo Cleantes, que morreria em 232 a.C.
O poeta opõe os prazeres efémeros de índole epicurista às meditações
estoicas sobre felicidade.
36
Sátira, na primeira pessoa, acerca da insistência em organizar
festins orgiásticos sem capacidade para responder às suas demandas
eróticas.
37
Como no epigrama anterior, o tema é a impotência sexual.
Plutarco (Teseu 11.3) conta que Térmero esmagava os crânios dos seus
adversários com o próprio crânio, até ser destruído por Héracles.
A comparação pode ser que, como o herói do mito, o sujeito poético,
depois de gastar as energias dos outros, sente falharem as suas próprias.
39
Epigramas de Banquete e Burlescos
32. DE ONESTO
33. DE FILIPO
34. DE FILODEMO
35. DO MESMO
36. DE FILIPO
40
Eram associadas aos banquetes pelo seu perfume forte e mesmo
a capacidade de ajudarem à digestão.
41
O melhor e mais caro dos vinhos.
42
O poeta recusa todos os elementos que se relacionam com os
banquetes mais ricos e sumptuosos, preferindo, na segunda metade do
poema, esses outros mais simples e naturais.
43
I.e., entre as quatro e as cinco da tarde.
41
Epigramas de Banquete e Burlescos
44
É frequente a imagem da espiga de milho para descrever o
eromenos (amante passivo), que, passado o vigor da juventude, mais se
assemelha às palhas e barbas secas que sobejam após a colheita.
45
A estrela mais brilhante da constelação do Boieiro, cujo nasci-
mento se situa a 18 de setembro e o ocaso em novembro.
46
O epigrama refere uma representação plástica, pintura ou relevo,
que depois da refeição seria apresentada aos convivas para, por con-
traste, incitar à fruição da bebida e dos prazeres, findos no momento da
42
Antologia Grega
40. DE ANTÍSTIO
41. DE FILODEMO
42. DE CRINÁGORAS
43. DE ZONAS
44. DE FILODEMO
49
No original, a coronis, pela qual os Alexandrinos assinalavam o
final de uma obra (cf. AP 12.257). A imagem continua essa outra das
“páginas já viradas” do v. 2.
50
I.e., ao morrer. A referência é aos Mistérios de Elêusis, perto de
Atenas, cidade de que Cécrops foi fundador mítico.
51
As taças (kylices) eram preferencialmente de cerâmica.
44
Antologia Grega
45. DE ONESTO
52
Um pouco mais cedo do que no núm. 35 (v. 6). Cf. nota.
53
No dia 20 de cada mês, os discípulos de Epicuro celebravam o
nascimento (em janeiro ou fevereiro) do seu mestre.
54
No canto 8 da Odisseia, Ulisses é bem recebido entre os Feaces.
Estas conversas “mais doces” seriam de assunto literário e filosófico,
mais apropriadas a um banquete epicurista que segue a máxima do
“nada em excesso”.
45
Epigramas de Banquete e Burlescos
55
Primeiro rei lídio da dinastia dos Mermnadas, entre 680-644
a.C., famoso pela sua opulência. Estes primeiros versos recuperam,
portanto, um tema caro a toda a poesia grega (à de banquete em
particular): a recusa da ambição. Os núms. 47-48, transmitidos em
coletâneas separadas como pertencentes a Anacreonte (Teos, 563-478
a.C.) – as Anacreontea de que se fala na Introdução – quebram o ritmo
dos epigramas em dístico elegíaco do livro.
56
Epíteto de Dioniso.
46
Antologia Grega
49. DE EVENO
57
O Carro (Ursa Maior) e Oríon são duas das constelações mais
brilhantes.
58
Normalmente, misturavam-se duas partes de água para uma de
vinho. Eveno, seguindo o tema da moderação na bebida, defende que se
misturem três partes de água, como já aconselhava Hesíodo (Trabalhos
e Dias 596).
59
I.e. se é demasiado forte.
47
Epigramas de Banquete e Burlescos
50. DE AUTOMEDONTE
51. ANÓNIMO
52. ANÓNIMO
60
As duas bases do pensamento científico de Epicuro: a existência
do vazio e dessa matéria eterna primordial e indestrutível, que só livre-
mente podemos traduzir por “átomos”. Cf. Diógenes Laércio 1.330-418;
503-515; 599-634).
61
O tema da brevidade da vida, e consequente necessidade de
fruição, no epigrama dado pelo tópico homoerótico do rapaz que rapi-
damente vê o seu corpo invadido de pelos, com isso perdendo o atrativo
que tinha para os amantes.
48
Antologia Grega
53. ANÓNIMO
54. DE PÁLADAS
55. DO MESMO
56. ANÓNIMO
Medusa.
49
Epigramas de Banquete e Burlescos
63
Cf. nota ao núm. 20.6.
64
Ilíada 4.315; 8.102.
50
Antologia Grega
59. DO MESMO
65
A filha de Zeus e Deméter, símbolo da fertilidade da terra em
geral, e dos cereais em particular, é no poema a deusa tutelar da alimen-
tação que os bêbados recusam por princípio. Com os ritos de Elêusis
se relaciona também Triptólemo (v. 4), o filho de Celeu que Deméter
amamentou quando procurava a filha Perséfone, bem como o próprio
nome místico Iaco (v. 1), nesse contexto dado a Dioniso.
66
Deméter, que aqui simboliza o pão, como Perséfone no epigrama
anterior.
51
Epigramas de Banquete e Burlescos
62. DE PÁLADAS
67
Ilíada 6.261 (“Ao homem cansado, muito o vinho aumenta a
força”).
68
Afrodite.
69
Em Canastra, no promontório de Palene – na Macedónia da
Trácia – teve lugar a gigantomaquia, a luta entre os deuses olímpicos e
os gigantes (cf. Apolodoro 1.6.1-2).
52
Antologia Grega
70
Sem água, i.e., provando vinho sem mistura.
71
Neste ponto, significa o vermelho das rosas. Segundo o mito,
Rodante era uma ninfa de extraordinária beleza pretendida por mui-
tos admiradores. Porque recusava todas as investidas eróticas, Diana
transformou-a em rosa, e aos seus seguidores nos espinhos dessa flor.
72
Afrodite.
53
(Página deixada propositadamente em branco)
II. Epigramas Burlescos
65. DE PARMÉNIO
67. DE MIRINO
Sobre uma velha
1
Para se fazer passar por nova, a velha aperta os lábios que formam
um U (um ypsilon em grego), letra com valor numérico de 400.
55
Epigramas de Banquete e Burlescos
68. DE LUCÍLIO
Sobre uma velha
69. DO MESMO
Sobre uma velha
2
De Deucalião (o Noé da mitologia grega), duas gerações anterior
a Sísifo, descendia a segunda geração dos mortais, renovada pelo dilú-
vio. Hécuba, a esposa de Príamo – como o corvo entre os animais – era
conhecida pela sua longevidade. Cf. núm. 71.
3
A mãe dos deuses.
4
Como os núms. 321-322 e 324-329 do livro VI, estamos ante um
epigrama no qual a soma do valor numérico de todas as letras resulta
num mesmo valor por cada dístico (ou verso, no caso de um só dístico).
Para uma explicação desta caraterística poética de Leónidas de Alexan-
dria, vd. Page (1981: 503-519).
56
Antologia Grega
71. DE NICARCO
Sobre uma velha
5
Cf. nota ao núm. 67.3.
6
Nestor, rei de Pilos, era o mais velho dos generais gregos que
tomaram Troia.
7
Uma superstição antiga dizia que se contava de 1-100 com a mão
esquerda, de 100-1000 com a direita, e de novo com a esquerda.
8
A pergunta é se tudo vai bem no reino dos mortos e continua a
receber os defuntos.
57
Epigramas de Banquete e Burlescos
73. DE NICARCO
Sobre uma velha
74. DO MESMO
Sobre uma surda
9
No original, apenas uma letra ou duas distinguem os pares de
palavras que se enumeram no epigrama, como mostra da surdez cómica
da personagem. O efeito, naturalmente, não se consegue em tradução.
58
Antologia Grega
75. DE LUCÍLIO
Sobre os pugilistas10
76. DO MESMO
Sobre o mesmo
77. DO MESMO
Sobre Estratofonte
10
Esse o assunto dos núms. 75-81.
11
Narciso, na versão mais difundida do mito (Ovídio, Metamorfoses
3.339-510), enamorou-se do seu reflexo nas águas e deixou-se morrer de
inanição. Aqui, está em causa uma imagem de fealdade devolvida pelas
águas, o que parece ter sido uma versão corrente a partir do período
helenístico. Essa é a que parece ler-se num recente papiro de Oxirrinco
(P. Oxy. 69.4711) identificado com as Metamorfoses de Parténio de
Niceia (séc. I a.C. – I d.C.).
59
Epigramas de Banquete e Burlescos
78. DO MESMO
Sobre Apolófanes
79. DO MESMO
Sobre Cleômbroto
12
No tempo de Lucílio, ainda estamos a falar de rolos de papiro,
não de códices.
13
Os papiros com os poetas líricos continham, frequentemente,
anotações para a sua execução musical, do que conservamos apenas
escassíssimos fragmentos.
60
Antologia Grega
80. DO MESMO
Sobre Ápis
81. DO MESMO
Sobre Androleonte
82. DE NICARCO
Sobre os corredores15. [Sobre Carmo]
14
I.e. Delfos, nos Jogos Píticos.
15
Esse o assunto dos núms. 82-86.
61
Epigramas de Banquete e Burlescos
83. DE LUCÍLIO
[Sobre Erasístrato]
84. DO MESMO
85. DO MESMO
16
O amigo correu a seu lado, para puxar por ele, e mesmo assim, de
casaco vestido – marca de amadorismo, quando sabemos que os atletas
corriam nus – cruzou antes dele a linha da meta.
17
O pentatlo.
62
Antologia Grega
87. DO MESMO
Sobre um fulano alto20
88. DO MESMO
Sobre baixos e magrelas
18
I.e., não se tinha ainda movido praticamente nada, tal a sua len-
tidão, ao cabo de um ano – ou de quatro, se os Jogos em causa forem
os de Olímpia.
19
A barra que, caindo ao chão, marcava o início da corrida.
20
Os núms. 87-111, salvo poucas exceções (núms. 96-98), parodiam
defeitos de estatura. Deste grupo, apenas este epigrama não diz respeito
a indivíduos demasiado franzinos (núms. 88-111).
21
Uma braça corresponde a 2,20 metros.
63
Epigramas de Banquete e Burlescos
89. DO MESMO
90. DO MESMO
91. DO MESMO
92. DO MESMO
22
Alusão ao rapto de Ganimedes por Zeus, metamorfoseado em
águia. Vd. núms. 330 e 407.
23
Uma quase absurda hipérbole. De tão baixo, algo que esteja no
chão está ainda alto para Hermógenes.
64
Antologia Grega
93. DO MESMO
94. DO MESMO
95. DO MESMO
24
A relação com o atomismo de Epicuro, já detetável no núm.
50, está presente nos núms. 93, 99, 103 e 149, recebendo mesmo uma
explicação breve no penúltimo epigrama.
25
A cena é uma paródia da luta de Héracles com o leão de Nemeia.
65
Epigramas de Banquete e Burlescos
96. DE NICARCO
97. DE AMIANO
98. DO MESMO
99. DE LUCÍLIO
26
Criaturas aladas de tais dimensões que não deixavam passar a
luz do sol e impediam qualquer colheita de dar fruto, até que foram
vencidas por Héracles.
27
Parece ser um prato o sujeito do epigrama.
28
Frequentemente representadas como aves de rapina com rosto e
seios de mulher, exerciam semelhante ação perniciosa às aves referidas
no v. 1.
29
Esta a interpretação de Planudes, que agrupou o epigrama entre
os dedicados a homens obesos.
30
Pequena localidade próxima a Esmirna, que pretenderia esse
título honorífico.
66
Antologia Grega
100. DO MESMO
101. DO MESMO
103. DE LUCÍLIO
31
Entenda-se, a descer à terra sob a forma de chuva.
32
Pelo contexto, deve tratar-se de um terraço no topo da casa, muito
usado na estação quente.
67
Epigramas de Banquete e Burlescos
104. DO MESMO
105. DO MESMO
106. DO MESMO
33
Dirigindo as rédeas do carro do Sol, Faetonte não conseguiu man-
ter a rota segura que lhe recomendara Hélio, seu pai, arriscando-se a
provocar destruição na terra. Para prevenir tal desastre Zeus fulminou-
-o com um raio, e Faetonte precipitou-se sobre o rio Erídano.
68
Antologia Grega
107. DO MESMO
108. ANÓNIMO35
109. [ANÓNIMO]
34
Gigante filho de Zeus e Elara, que a mãe gerou e deu à luz
debaixo da terra, para evitar a cólera de Hera. Quando cresceu, tentou
violar Leto e, como castigo, foi morto pelas flechas de Ártemis e Apolo.
Após a sua morte, foi condenado a ficar esticado no Hades, preso por
braços e pernas, com abutres comendo-lhe o fígado.
35
O lema sugere uma atribuição, pouco provável, ao imperador
Juliano, aí designado de diabólico e apóstata. O epigrama é dos raros
exemplos compostos no metro iâmbico.
69
Epigramas de Banquete e Burlescos
110. DE NICARCO
111. DE LUCÍLIO
112. DO MESMO
Sobre os médicos36
36
O tema dos núms. 112-126.
37
Pode querer dizer que o médico é tão mau que até as estátuas
deixa cegas, simplesmente, ou que dessa estátua ficou com os olhos, i.e.,
as pedras preciosas que os representavam, aludindo ao custo elevado dos
seus maus serviços oftalmológicos.
70
Antologia Grega
113. DO MESMO
114. DO MESMO
115. DO MESMO
38
No original, klinikos refere-se a um médico que dá consultas ao
domicílio.
39
Ísis e Harpócrates eram divindades originalmente egípcias rela-
cionadas com a medicina. A partir do período helenístico, Ísis passou
a ser identificada com Deméter; Harpócrates, filho da primeira com
Osíris, era sobretudo uma divindade ligada à magia, tendo semelhante
poder de cegar os homens em Juvenal (13.93).
71
Epigramas de Banquete e Burlescos
116. DO MESMO
40
Pode tratar-se do imperador Nero.
41
Rei de Tirinto e de Micenas, foi encarregado pelo Oráculo de
Delfos de exigir a Héracles os famosos doze trabalhos como expiação
pelo assassinato de seus filhos. No Hades, Héracles teve que defrontar
Cérbero, o monstruoso cão de três cabeças que guardava a entrada do
mundo inferior.
42
Não tem sido aceite esta atribuição, desde logo porque todos os
demais epigramas conservados de Estratão de Sardes – os que se reúnem
no livro XII da Antologia Grega – são de temática homoerótica.
72
Antologia Grega
118. DE NICARCO43
119. DO MESMO
120. DO MESMO
121. DO MESMO
43
A atribuição é de Pl. Em P, o epigrama (que parece funerário)
vem na continuação do anterior – sendo, portanto, atribuído ao mesmo
Estratão –, e é repetido adiante no códice, onde o corretor o atribui ao
alexandrino Calícter.
44
A refeição fúnebre, aqui tomada de um dos pratos mais humildes.
73
Epigramas de Banquete e Burlescos
122. DO MESMO
123. DE HÉDILO
124. DE NICARCO
45
Paretónio pode ser o último dos pacientes que Zópiro enterrou,
ou mesmo uma cidade da fronteira líbia de Alexandria, até onde – essa
seria a sátira – há defuntos da responsabilidade desse médico.
46
Os atributos de Hermes psychopompos, i.e., o que leva as almas dos
defuntos para o Hades.
74
Antologia Grega
125. ANÓNIMO
126. ANÓNIMO
127. DE POLIANO
Sobre poetas47
47
Lema comum aos núms. 127-137.
75
Epigramas de Banquete e Burlescos
128. DO MESMO
129. DE CEREÁLIO
48
Cronologicamente, pode tratar-se de L. Eneu Floro, o historiador
contemporâneo do imperador Adriano, que nesse caso seria acusado de
ser um mau poeta, mas que, ainda assim, teria conseguido a vitória num
concurso poético (v.3).
49
Os Jogos Ístmicos realizavam-se a cada dois anos no Istmo de
Corinto, e os Píticos a cada quatro anos, em Delfos. Ambos incluíam
concursos musicais. No epigrama, está em causa a covardia de um
poeta que, ante o talento dos seus adversários – ou antes, a sua mera
existência – inventa uma desculpa de saúde para não participar e evitar
a derrota certa.
50
O Jogo vocabular é impossível de manter em tradução, porquanto
a palavra que traduzimos por “amigdalite” (paristhmia), tem na sua
composição Isthmia (“Jogos Ístmicos”).
76
Antologia Grega
130. DE POLIANO
131. DE LUCÍLIO
132. DO MESMO
51
Assim designava Calímaco (séc. III a.C.) o macaco.
52
A expressão deve ser de Parténio de Niceia (séc. I a.C. – I d.C.).
53
O início da Ilíada. Cf. núms. 132 e 140.
54
Cf. núm. 104 (com nota), a propósito de Faetonte. Quanto a
Deucalião, Lucílio partilha da opinião de Estratão (núm. 19, com nota),
e faz dele responsável pela destruição humana.
77
Epigramas de Banquete e Burlescos
133. DO MESMO
134. DO MESMO
135. DO MESMO
Não mais, não mais, Marco, chores esse rapaz, antes a mim,
muito mais morto do que o filho que tens contigo!
Compõe agora as tuas elegias para mim, meu carrasco, os trenos
55
Cena de desafio para uma competição poética pessoal, na qual
Lucílio se serve do desafio de Diomedes a Glauco (Ilíada 6.143).
78
Antologia Grega
136. DO MESMO
137. DO MESMO
56
Os núms. 135-137 satirizam os poetas elegíacos que persis-
tentemente compõem versos para a morte de familiares e amigos.
Conservamos na Antologia o exemplo f lagrante de Gregório de
Nazianzo (livro VIII), que no séc. IV ainda conservava essa prática.
57
Referência à humilhação que supôs o resgate do cadáver de Hei-
tor, seu filho, na Ilíada (24.460-517).
58
Como os companheiros de Ulisses, que por isso naufragaram
e morreram. Lucílio satiriza esses poetas que oferecem os melhores
banquetes, para logo servirem os piores epigramas.
79
Epigramas de Banquete e Burlescos
138. DO MESMO
Sobre os gramáticos59
139. DO MESMO
140. DO MESMO
59
Núms. 138-140.
60
Todo o vocabulário gramatical do último verso pretende, no
original – e de alguma maneira em tradução – ter uma ambiguidade
sexual. De resto, já o termo que traduzimos por “barbudo” no v. 1
(pogon) traz em grego a sonoridade de “debochado” (pygon).
61
Odisseia 3.271.
80
Antologia Grega
141. DO MESMO
Sobre os oradores62
142. DO MESMO
Nos comuns mais faltaria, nos a vós, nos ditos três vezes
por frase senhores do júri, ou nos no caso a lei diz-me,
nos ergo, nos meditai pois, nos quarenta e nos com efeito
exercitado, e mais os por Zeus! e os não, por Zeus!,
Críton é finalmente um orador e ensina muitas crianças.
Por elas, acrescentará ainda nada a dizer, dizei e a si.64
62
Núms. 141-152.
63
Os Espartanos. Lucílio critica os oradores que em tribunal, para
defender as causas mais corriqueiras, recorrem a exemplos históricos e
míticos imponentes. No caso, o recurso à batalha das Termópilas (480
a.C.) e às lutas entre Persas e Espartanos.
64
Epigrama de dificilíssima versão. O poeta satiriza o uso de pala-
vras e expressões arcaizantes, algumas delas tiques de oradores antigos
como Demóstenes (séc. IV a.C.).
81
Epigramas de Banquete e Burlescos
143. DO MESMO
144. DE CEREÁLIO
65
Vd. nota ao núm. 116.2.
66
Em vida, teria sido o primeiro mortal a derramar o sangue de
um familiar; no Olimpo, onde foi o primeiro suplicante dos deuses,
tentou violar Hera, sendo fulminado por um raio e lançado no Tártaro,
onde foi preso a uma roda em chamas e condenado a nela girar pela
eternidade. Aristóteles (Poética 18) considerava-o o tema patético por
excelência dos trágicos.
67
Poeta contemporâneo do autor, de quem nada mais sabemos, mas
que volta a ser referido no núm. 246.
68
Vd. nota ao núm. 107.3.
69
Desconhecido.
82
Antologia Grega
145. ANÓNIMO
146. DE AMIANO
147. DO MESMO
148. DE LUCÍLIO
70
Seria a sua terra natal, acerca da qual parece considerar que se
falava um grego menos correto. Na verdade, aí se falava um grego mais
próximo do velho dialeto arcádio, afastado do grego clássico (ático).
83
Epigramas de Banquete e Burlescos
149. ANÓNIMO
150. DE AMIANO
151. ANÓNIMO
152. DE AMIANO
71
Refere-se a uma estátua fortemente realista.
72
O chapéu de três pontas, típico dos viajantes e uma das insígnias
de Hermes.
73
I.e., se é um verdadeiro orador, não tem porque lembrá-lo.
74
Cf. núm. 145.
84
Antologia Grega
153. DE LUCÍLIO
Sobre os filósofos75
154. DO MESMO
155. DE AMIANO
75
Núms. 153-158.
76
O nome da escola e dos seus praticantes deriva de kyon (“cão”),
animal que passou a ser um dos seus símbolos. É sobretudo contra os
Cínicos, com efeito, que este grupo de epigramas investe, realçando
esses e outros elementos identificativos, como sejam a barba longa,
o bastão, a carteira, ou o manto – uma espécie de samarra (cf. núm.
157.3).
85
Epigramas de Banquete e Burlescos
156. DO MESMO
157. DO MESMO
77
Preferimos a leitura kakostomaton (à letra, “que fazem mal à
boca”) proposta por Scaliger à lição de P kakostomachon (“que fazem
mal ao estômago”), embora a imagem pornográfica também pudesse
estar nesta última versão, se tomássemos stomachos com o sentido
original de “orifício”.
78
I.e., de expressões e tiques de linguagem – a maior parte deles
detetáveis nos Diálogos platónicos – e do aspeto tradicional do sábio
despojado, como nos epigramas anteriores.
86
Antologia Grega
159. DE LUCÍLIO
Sobre os adivinhos80
160. DO MESMO
79
O epigrama critica o uso das insígnias tradicionais de Diógenes
de Sinope, o modelo do filósofo cínico, pelos autodenominados filósofos
do seu tempo. No último verso, o “leão” é Héracles (e por extensão
Diógenes, que dele se dizia descendente).
80
Núms. 159-164.
81
Marte e Saturno – no epigrama dados pelos nomes gregos, Ares
e Cronos – são signos de pequena e grande desgraça, respetivamente.
82
Constelações anunciadoras da morte, frequentes nos vaticínios
destes adivinhos, que apenas profetizam desgraças.
87
Epigramas de Banquete e Burlescos
161. DO MESMO
162. DE NICARCO
163. DE LUCÍLIO
83
Cf. nota ao núm. 160.1.
84
As previsões (sempre óbvias) são dadas a Hilas, Onésimo e Méne-
cles, respetivamente.
88
Antologia Grega
164. DO MESMO
165. DO MESMO
Sobre os avarentos87
166. ANÓNIMO
85
Filósofo e matemático egípcio, que passou a simbolizar a arte da
astrologia (cf. Juvenal 6.581, 677).
86
No original, meteoros lembra o Sócrates das Nuvens de Aristófa-
nes (v. 226). Cf. núm. 354.7.
87
Núms. 165-173.
88
Uma moeda de cobre vale ¼ de óbolo.
89
Epigramas de Banquete e Burlescos
167. DE POLIANO
Tens dinheiro, mas sabe porque não tens nada: tudo na usura!
Assim, nada disfrutas para que outro o desfrute.
168. DE ANTÍFANES
169. DE NICARCO
170. DO MESMO
89
O que, tradicionalmente, se colocava sobre a boca do cadáver
para pagar ao barqueiro infernal.
90
Antologia Grega
171. DE LUCÍLIO
172. DO MESMO
173. DO MESMO
90
O último verso, ausente de qualquer manuscrito, deve ser uma
reconstrução dos editores da Aldina.
91
Epigramas de Banquete e Burlescos
174. DE LUCÍLIO
Sobre os ladrões91
175. DO MESMO94
176. DO MESMO
91
Núms. 174-184.
92
Deve tratar-se do grupo escultórico de um templo, à imagem da
famosa (e eterno tema de poesia) pintura de Apeles, a Vénus Anadio-
mene. O epigrama parece parodiar um outro de Antípatro de Sídon
(AP 16.178).
93
No epigrama de Antípatro referido na nota anterior, são Hera
e Atena quem pronuncia estas palavras, dando-se por vencidas ante a
beleza insuperável de Afrodite.
94
Os núms. 175-177 e 183 formam uma subsérie sobre ladrões de
estátuas dos deuses.
92
Antologia Grega
177. DO MESMO
178. DO MESMO
179. DO MESMO
95
Entre as suas múltiplas atribuições ligadas ao ofício do comércio,
Hermes era também o deus dos ladrões. Um dos raros epigramas em
trímetros iâmbicos da coleção.
96
Numa palavra: profetas, oráculos e ladrões, tudo farinha do
mesmo saco.
93
Epigramas de Banquete e Burlescos
180. DE AMIANO
181. DO MESMO
182. DE DIONÍSIO
183. DE LUCÍLIO
97
Todo o epigrama joga com o duplo sentido das palavras. Pólemon
é, pelo nome, “o belicoso”; igualmente, os Idos (o 13º ou 15º dia do mês)
ecoam o sentido “se dás” (i.e., se há uma tentativa de suborno), como
as Nonas (5º ou 7º dia do mês) podem ter o sentido de “se o compras”
(vd. epigrama e nota seguinte). Simplesmente, estamos diante de um
juiz corrupto que sempre condena.
98
Suprimidas as três primeiras letras de Antonios, fica-se com onios
(“subornável”, “à venda”).
99
Fala a vítima de furto, um porco, que os ladrões querem oferecer
à divindade em sacrifício, fazendo-o passar por um leitão. O jogo de
palavras é com a terminação do diminutivo em grego (-idion), que
sozinho significa “próprio”.
100
Vd. nota ao núm. 160.
94
Antologia Grega
184. DO MESMO
185. DO MESMO
Sobre citaredos, atores trágicos e cómicos104
101
Verso proverbial, inspirado em Hesíodo (Trabalhos e Dias 265).
102
O nascimento do astro no céu, momento de pior augúrio.
103
O modelo mítico de Héracles, que roubou as maçãs do Jardim
das Hespérides (o jardim dos deuses, com frutos de ouro, guardado por
estas ninfas do poente), e cujo corpo foi queimado ainda vivo no Monte
Ida, antes de subir ao Olimpo.
104
Núms. 185-189.
105
Segundo Aristófanes (Rãs 303-341), era um ator de estilo muito
marcado que, embora trágico, provocava o riso. Náuplio fora o respon-
sável pela destruição de navios gregos no regresso de Troia, acendendo
tochas que os levaram a naufragar no cabo Cafareu em Eubeia, ou na
ilha de Míconos. E parece que o seu poder destrutor é tal, que só de ser
representado é funesto para os Gregos.
106
Nero ou Vespasiano.
95
Epigramas de Banquete e Burlescos
186. DE NICARCO
187. DE LEÓNIDAS
188. DE AMIANO
189. DE LUCÍLIO
107
Pela etimologia do seu nome (apollymi) Apolo é considerado, por
vezes, “o destruidor”.
96
Antologia Grega
190. DO MESMO
Sobre barbeiros111
191. DO MESMO
192. DO MESMO
Sobre os invejosos112
108
Uma das Erínias, a vingadora da morte. Deve tratar-se da tradi-
cional máscara com serpentes em vez de cabelos.
109
No qual estava gravada a cabeça da Górgona.
110
Citação de Ilíada 4.1 (e passim).
111
Núms. 190-191.
112
Núms. 192-193.
97
Epigramas de Banquete e Burlescos
193. ANÓNIMO
194. DE LUCÍLIO
Sobre os caçadores
195. DE DIOSCÓRIDES
113
O poema satiriza o género dos epigramas votivos, reunidos no
livro VI da Antologia Grega.
114
Falamos de representação pantomímica, baseada sobretudo na
coreografia e na caraterização dos artistas. Os Galos eram sacerdotes
de Cibele – assimilada pelos Gregos a Reia –, mais conhecidos pelo seu
aspeto efeminado e pela castração ritual a que se submetiam. Cf. AP
6.51 (com nota), 173, 217, 219-220, 237, exemplos de epigramas votivos,
o género aqui parodiado.
115
Eurípides tinha composto uma peça intitulada Teménidas, na
qual se contariam as façanhas dessa família de descendentes de Héra-
cles. Vd. Pausânias 2.28. Hirneto (v. 4) era filha de Témeno e esposa de
Deifontes, a quem o primeiro entregara o poder, passando por cima dos
seus herdeiros masculinos. Estes tentaram persuadir a irmã – heroína
98
Antologia Grega
196. DE LUCÍLIO
Sobre os feiosos117
197. DO MESMO
198. DE TEODORO
200. DO MESMO120
201. DE AMÓNIDES
120
Não é segura a atribuição a Leónidas de Alexandria, desde logo
por não estarmos ante um epigrama isopséfico. Vd. nota ao lema do
núm. 70.
121
I.e., fugiriam de uma extremidade à outra do mundo conhecido,
do qual o país dos Partos designa o limite oriental, e as Colunas de
Héracles o ocidental.
100
Antologia Grega
202. ANÓNIMO
203. [ANÓNIMO]
204. DE PÁLADAS
Sobre um orador egípcio
122
No original, um instrumento de forma curva – como todos os
referidos – que servia para servir a carne.
123
À letra, “que pesam uma litra” (c. 327 gr.).
101
Epigramas de Banquete e Burlescos
205. DE LUCÍLIO
Sobre glutões124
206. DO MESMO
207. DO MESMO
124
Núms. 205-208.
125
Como no núm. 207.2, trata-se de entregar a um escravo, às ocul-
tas, os restos de comida.
126
Tema frequente da sátira latina. Cf. Marcial 2.37.
127
Para limpar a sala de banquetes, já que soube, no dia anterior,
limpar por completo a mesa.
102
Antologia Grega
208. DO MESMO
209. DE AMIANO
Sobre um usurpador de terras
210. DE LUCÍLIO
Sobre os covardes129
128
Vd. nota ao núm. 168. Iro foi o mendigo que tentou expulsar
Ulisses do próprio palácio, no regresso do herói.
129
Núms. 210-211.
130
O dístico sofreu distintas interpretações. Como o entendemos,
o som do carvão e do louro pisados faz este soldado covarde recordar a
guerra, provocando-lhe terror.
103
Epigramas de Banquete e Burlescos
211. DO MESMO
212. DO MESMO
Sobre os pintores133
131
Pólemon e Estratoclides têm na sua etimologia o sentido de
“dados à guerra”, pelo que prefere amigos de nome Lisímaco (“avesso à
guerra”), com o mesmo propósito tomado como nome de personagem
desde Aristófanes.
132
A cena descrita no canto 13 da Ilíada.
133
Núms. 212-215.
134
Segundo o mito, no final da vida a dor pela perda dos filhos
provocou a metamorfose da viúva de Príamo em cadela.
104
Antologia Grega
214. DE LUCÍLIO
215. DO MESMO
135
Ou “dos festivais de Ísis”, segundo outra leitura, que se relacio-
naria com o deus referido no mesmo verso. Vd. nota seguinte.
136
Deus egípcio dos mortos e moribundos, condutor das almas no
submundo, Anúbis era representado com cabeça de cão (ou de chacal)
e venerado juntamente com Ísis.
137
Cf. núms. 19, 104 e 131 (com notas). Cada uma das pinturas
merece o castigo da morte, por via do elemento natural mais associado
a cada herói.
138
Mau pintor e marido enganado.
105
Epigramas de Banquete e Burlescos
216. DO MESMO
Sobre os lascivos139
217. DO MESMO
218. DE CRATES
139
Comum aos núms. 216-225.
140
I.e., dizia ser um erastes (o amante ativo) e afinal prefere ser
eromenos (o passivo, pela norma só aceitável, entre os Gregos, entre os
12 e os 17 anos).
141
Deve tratar-se de Quérilo de Samos, autor de uma epopeia sobre
as guerras Medo-Persas.
142
No século IV a.C., compôs uma Tebaida e uma Lídia, poema
erótico e místico. Consta que Platão (o filósofo) o preferia a Quérilo
(Proclo, Acerca do Timeu 1.90).
143
Compôs, no séc. III a.C., pequenas epopeias de temática
histórica.
106
Antologia Grega
220. ANÓNIMO
Sobre um fulano chamado Alfeu
221. DE AMIANO
144
Uma série de sentidos eróticos está implícito na seleção vocabular
do original, sobretudo nos termos de crítica literária. No caso, parece
clara a alusão ao sexo oral.
145
Filetas de Cós, poeta elegíaco do séc. IV a.C.
146
O epigrama joga com o duplo sentido do verbo philein (“amar”
e “beijar”), criando no original a (aparente) contradição “se me amas,
não me ames...”, e com isso sugerindo a promiscuidade do destinatário.
147
O nome do amante corresponde com o de um rio do Peloponeso
ocidental. Segundo o mito, Alfeu apaixonou-se pela ninfa Aretusa
e perseguiu-a até à Sicília, por terra, acabando por unir-se a ela, já
metamorfoseada em fonte (cf. Pausânias 5.7.2).
107
Epigramas de Banquete e Burlescos
222. ANÓNIMO
225. DE ESTRATÃO150
148
No original, ambos os nomes têm de facto o mesmo número de
letras, sugerindo o primeiro o substantivo comum “lábios” e o segundo
o verbo “lamber”.
149
Priapo costumava ser representado em estado de ereção, com um
falo no mínimo desproporcional.
150
Variação sobre AP 12.210, do mesmo autor.
108
Antologia Grega
226. DE AMIANO
Sobre malvados151
227. DO MESMO
228. DO MESMO
229. DO MESMO
151
Núms. 226-238. O epigrama parece ter eco em Marcial (9.29.11-
-12): Sit tibi terra levis mollique tegaris harena, / ne tua non possint eruere
ossa canes.
152
Nome próprio e signo do zodíaco.
153
Cf. nota ao núm. 160.1.
154
Como é sabido, Édipo só matou o pai Laio. Quanto à mãe e aos
irmãos (os filhos desta e também seus filhos), entende o epigrama que
foi responsável indireto pelas suas mortes.
109
Epigramas de Banquete e Burlescos
230. DO MESMO
231. DO MESMO
Uma letra menos e serias uma fera156 – por uma letra não és
[humano!
E mereces muitas, tu, dessas de que te separa uma só letra!
233. DE LUCÍLIO
Sobre homens de leis
155
I.e., de muitas stauroi (“cruzes”). Mastaura, uma cidade da Lídia,
podia ser a terra-natal deste Marco.
156
Tirando o M inicial do seu nome, ficamos com arkos, forma
equivalente a arktos (“urso”).
110
Antologia Grega
234. DO MESMO
235. DE DEMÓDOCO
236. DO MESMO
157
Fedro deveria dinheiro a Rufo, pelo que se preocupa não em
pintar um retrato, mas em falsificar uma nota de pagamento nunca
efetuado.
158
Estrabão (1.5.12) transmite um epigrama idêntico de Focílides de
Mileto (séc. VI a.C.), que apenas muda os habitantes de Quios do v. 1
pelos de Leros. Da última cidade era Demódoco, o autor do epigrama, e
por isso teria, já no séc. V a.C., feito uma paródia do epigrama original,
mantendo o nome de Procles e mudando a sua terra natal.
111
Epigramas de Banquete e Burlescos
237. DO MESMO
238. [ANÓNIMO]
239. DE LUCÍLIO
Sobre os malcheirosos161
159
Está em causa a entrega de cargos oficiais (e consequente corrup-
ção), pelo imperador Justiniano, a figuras do exército e da aristocracia
capadócia, por influência de João da Capadócia, prefeito pretoriano do
Oriente entre 532 e 541.
160
I.e., quando se tornam soldados.
161
Núms. 239-242.
162
Homero (Ilíada 6.182) realça a exalação de fogo por este monstro
com corpo de cabra, cabeça de leão e cauda de serpente.
112
Antologia Grega
240. DO MESMO
241. DE NICARCO
163
Hefesto forjara para Eetes, rei da Cólquide, dois touros de pés e
boca de bronze, que exalavam fogo ao respirar. Jasão teria que domá-los
e pô-los a arar a terra para conseguir o tão desejado velo de ouro. Cf.
Apolónio de Rodes, Argonáuticas 3.215.
164
Para punir a impiedade de que fora alvo, Afrodite fizera com
que todas as mulheres de Lemnos cheirassem mal, o que fez com que
os maridos as desdenhassem e elas, em retaliação, assassinassem todos
os homens da ilha.
165
Um dos chefes gregos que invadiu Troia, Filoctetes foi ferido
no tornozelo e, posto que a ferida gangrenou, abandonado na ilha de
Lemnos pelos companheiros, que aí regressariam mais tarde para lhe
pedir as armas de Héracles, necessárias para tomar a cidade.
113
Epigramas de Banquete e Burlescos
242. DO MESMO
243. DO MESMO
Sobre um balneário frio
166
A cena passa-se na Macedónia, onde o mês Elafebólion recebia
o nome Distro. O nome do governador, por cujo mandato se faz a
contagem do tempo, deve ser fictício. Pode, como pretende o lema por
influência talvez do epigrama seguinte, satirizar um balneário público
cuja caldeira estivesse sempre avariada, mas também a lentidão de
Onésimo.
114
Antologia Grega
245. DE LUCÍLIO
Sobre um barco danificado e pesado
246. DO MESMO
247. DO MESMO
167
As Nereides.
168
Como esse barco fenício que Posídon transformou em pedra
(Odisseia 13.162).
169
Vd. nota ao núm. 143.4.
170
Vd. nota ao núm. 14.2.
115
Epigramas de Banquete e Burlescos
248. DE BIANOR
249. DE LUCÍLIO
171
O vento do sul.
116
Antologia Grega
250. [ANÓNIMO]
Sobre um gordo
Este gordo, pintou-o bem o pintor! Ao diabo com ele,
se duas escórias, não uma, temos agora de ver!
251. NICARCO
Sobre os surdos
252. DO MESMO
Sobre um malcheiroso
172
No que realmente parece uma “conversa de surdos”, a resposta
do juiz versa sobre outro caso.
173
O jogo de palavras do original, assente no duplo sentido de
philein (“amar” e “beijar”, como no núm. 219), não se pode manter em
tradução. A acreditar no lema, são os beijos desse indivíduo malcheiroso
que são odiados.
117
Epigramas de Banquete e Burlescos
253. DE LUCÍLIO
Sobre dançarinos sem talento174
254. DO MESMO
174
Dançarinos, ou seja, atores de pantomima, como já no núm. 189.
175
Odisseia 19.163.
176
Cf. nota ao núm. 14.2.
177
Capaneu, um dos sete generais que atacou Tebas, era conhecido
pelas suas dimensões gigantescas, tendo apenas caído da muralha por
ser fulminado por Zeus.
178
Filha de Éolo, Cânace suicidou-se com a espada que lhe dera o
seu pai, após cometer incesto com o irmão Macareu. I.e., era a oportu-
nidade para o fulano se suicidar.
118
Antologia Grega
255. DE PÁLADAS
Sobre um dançarino sem talento
256. DE LUCÍLIO
Sobre uma velha
257. DO MESMO
Sobre um médico
179
Dafne, perseguida por Apolo, foi transformada em loureiro para
assim escapar ao seu pretendente divino.
180
Rei de Iolco e pai de Medeia, morto pelas filhas, levadas por
Medeia a acreditar que, se o cortassem em pedaços e o cozinhassem,
este renasceria jovem. Heliodora é personagem frequente dos epigramas
de Meleagro.
119
Epigramas de Banquete e Burlescos
258. DO MESMO181
Sobre o pugilista Aulo
259. DO MESMO
Sobre alguém que tinha um cavalo selvagem
260. ANÓNIMO
181
Devia estar entre os núms. 75-86.
182
Zeus, patrono de Olímpia.
183
Há um jogo de palavras, em grego, entre “crânio” (kranion) e
“capacete” (kranos), o último dos quais costumava de facto ser oferecido
pelos pugilistas como tributo à divindade.
184
Por onde o cavalo de Troia entrou na cidade.
185
Sátira à rápida ascensão social, a partir do jogo de palavras bou-
leuein (“governar”, mais literalmente “ser boulethes”), e doulein (“ser
escravo).
120
Antologia Grega
261 ANÓNIMO
262. ANÓNIMO
263. DE PÁLADAS
264. DE LUCÍLIO
Sobre um avarento
186
Alusão ao ritual mágico de que fala Teócrito (Idílio 2), que
consistia em simbolicamente fazer descer a lua para a tornar propícia.
Porque este era um ritual feminino, o epigrama deve ter um sentido
erótico e referir-se a uma cortesã, de nome Selene, que certa noite os
rapazes de Faros fizeram desembarcar de um navio e violaram.
187
Menandro, quase dez séculos volvidos, continua a ser apreciado
na Alexandria do séc. IV.
121
Epigramas de Banquete e Burlescos
265. DO MESMO
Sobre um tipo lingrinhas
266. DO MESMO
Sobre o feio
267. ANÓNIMO
188
I.e., os Romanos não são como os Pigmeus, conhecidos pela sua
estatura baixa, que caçavam estas aves.
189
Os núms. 267 e 268 podiam incluir o grupo dos epigramas sobre
narigudos (núms. 196-203).
122
Antologia Grega
268. DE AMIANO
269. [ANÓNIMO]
270. [ANÓNIMO]
Sobre uma estátua do Imperador Anastácio, no Euripo191
190
Paródia à substituição da cabeça de uma estátua de Héracles pela
do imperador Lúcio Cómodo Hércules, no séc. II.
191
No Hipódromo de Constantinopla. Anastácio, imperador
bizantino entre 491-518, ficou conhecido pela aposta na remodelação
arquitetónica e artística da nova capital do Império, tendo importado
e mandado construir um vasto conjunto de estátuas para exibição
pública. A Écfrase de Cristodoro às estátuas dos Balneários do Zêu-
xipo, por exemplo, é-lhe dedicada (AP 2.403-404). Ao invés, a sua ação
política, económica e militar recebeu grandes críticas, das quais este
epigrama e o seguinte são eco.
123
Epigramas de Banquete e Burlescos
271. [ANÓNIMO]
Sobre o mesmo assunto192
272. [ANÓNIMO]
Sobre os pervertidos
192
Falso. Apenas o destinatário é o mesmo.
193
Cila e Caríbdis são as alegorias mitológicas, respetivamente, de
um rochedo e um redemoinho no estreito de Messina, normalmente
fatais para os navegantes.
124
Antologia Grega
274. DE LUCIANO
276. DE LUCÍLIO
194
Hermes, que teria nascido no monte Cilene, na Arcádia, é invo-
cado nas suas atribuições de condutor das almas ao Hades.
195
Um orador do tempo de Adriano, de quem Filóstrato escreveu a
biografia (Vidas dos Filósofos 1.23).
196
Page (1981: 17-18) atribui com reservas o epigrama a Apolónio
de Rodes, que com Calímaco protagonizou, em Alexandria, uma
importante polémica sobre arte poética, a respeito da obediência ou
necessidade de subversão do estilo homérico.
197
No original, “de madeira”.
198
O segundo verso é de sentido pouco claro.
125
Epigramas de Banquete e Burlescos
277. DO MESMO
Sobre um preguiçoso
278. DO MESMO
Sobre um gramático cornudo
279. DO MESMO
Sobre um gramático
280. DE PÁLADAS
Sobre o cirurgião Genádio
126
Antologia Grega
281. DO MESMO
Sobre Magno, médico talentoso
282. DO MESMO
Sobre alguém que está sempre doente
283. DO MESMO
Sobre o Prefeito Demonico
199
Como Homero designa Hades, deus dos Infernos (Ilíada 20.61).
Só um entendimento irónico faz do epigrama uma burla.
200
Cidade da Eubeia. Tentámos, com êxito relativo, manter a
sonoridade do jogo de palavras do original, traduzindo a forma verbal,
com o sentido de “espoliar”, por descalcificar.
127
Epigramas de Banquete e Burlescos
284. DO MESMO
Sobre o mesmo
285. DO MESMO
Sobre o mesmo
286. DO MESMO
201
Os Lotófagos (à letra “os que comem a flor de lótus”) eram um
povo do norte de África. Podia ser esse o local de nascimento de Demo-
nico, mais tarde tornado cidadão de Cálcis.
202
O lobo (lykos) era imagem comum para o erastes, o amante ativo.
203
No original, o topónimo Antioquia permite a leitura implícita
anti-ocheuein (“sair por trás”). Todo o epigrama parece sugerir que este
Demonico, aqui chamado Licáon, é um homossexual que assume o
papel de passivo, como no núm. 216.
204
O epigrama é um desenvolvimento do núm. 283.
205
Os dois primeiros versos correspondem a duas sentenças atribuí-
das a Menandro (núms. 133 e 413).
128
Antologia Grega
287. DO MESMO
288. DO MESMO
Sobre barbeiros [e alfaiates]
289. DO MESMO
Sobre um banqueiro
206
Deve referir-se a um barbeiro cujas navalhas nunca estão devi-
damente afiadas.
207
Com uma mão tomava nota, provavelmente numa tabuinha de
cera, e com a outra contava as moedas.
129
Epigramas de Banquete e Burlescos
290. DO MESMO
Sobre o mesmo
291. DO MESMO
Sobre Nicandro
292. DO MESMO
Sobre um filósofo que se tornou Prefeito [de Constantinopla]
durante o governo de Valentiniano e Valente210
208
Se no epigrama anterior as contas se faziam pelos dedos, aqui há
recurso a uma espécie de ábaco, que muito livremente vertemos por
“calculadora”.
209
Marcial (12.47) também critica este tipo de poetas a metro, que
fizeram fortuna por vender muitos e maus versos. Não sabemos quem
foi, no entanto, este Nicandro.
210
Segundo Planudes, tratava-se de Temístio da Paflagónia, um
sofista famoso do século IV. No entanto, Valentiniano e Valente gover-
naram juntos em 374, e Temístio teria sido Prefeito (e precetor do filho)
de Teodósio, em 384.
130
Antologia Grega
293. DO MESMO
Sobre um fulano a quem ofereceram um cavalo coxo
294. DE LUCÍLIO
211
I.e., do carro celeste (simbólico) da filosofia, para o carro de prata
que de fato estaria previsto para as deslocações de cada Prefeito, como
o código Teodosiano, pouco posterior, revela.
212
Cf. núms. 166-168.
213
I.e., o vinho (Dioniso) é tão mau que só serve para temperar
salada, como no núm. 396.4.
131
Epigramas de Banquete e Burlescos
296. DE TÍMON
Sobre Cleantes
297. ANÓNIMO
Sobre uma mulher bêbada
298. ANÓNIMO
214
Cleante de Asso, na Mísia, filósofo estoico que, a partir de 264,
sucedeu a Zenão à frente do Pórtico.
215
Fazendo os cálculos, se a medida do original corresponde ao
sextarius de época bizantina. Seja como for, que ainda haja muito vinho
serve o propósito de realçar a bebedeira e o egoísmo desta mulher. O
epigrama, que pode ser inspirado numa pintura mural, parece uma
132
Antologia Grega
299. DE PÁLADAS
Sobre um insolente
300. DO MESMO
Sobre um insolente
Falas muito, meu amigo, mas não tarda vais estar estendido
[na terra!
Cala-te mas é, e enquanto vives prepara-te para a morte!216
301. DO MESMO
Sobre o mesmo
302. DO MESMO
303. DO MESMO
304. DO MESMO
305. DO MESMO
134
Antologia Grega
306. DO MESMO
Sobre uma prostituta
307. DO MESMO
308. DE LUCÍLIO
309. DO MESMO
217
Vd. nota ao núm. 284.2. No caso deste epigrama, além de pros-
tituta a destinatária é caça-fortunas.
218
Como Hefesto, primeiro esposo de Afrodite que ela enganou
com Ares (Odisseia 8.266 sqq.). Hefesto transformara-se no símbolo
dos maridos enganados.
219
Cf. núms. 87-109. O núm. 102 deve ser imitação deste epigrama.
135
Epigramas de Banquete e Burlescos
310. DO MESMO
311. DO MESMO
312. DO MESMO
Sobre um poeta
220
Cf. núm. 276.
221
Mais do que um cenotáfio – epigrama escrito para uma sepultura
desprovida de cadáver, pelo fato de este nunca ter sido recuperado,
136
Antologia Grega
313. DO MESMO
314. DO MESMO
Sobre o mesmo assunto
315. DO MESMO
Sobre um ladrão
316. DO MESMO
318. DE FILODEMO
223
Porque nunca de lá saiu.
224
No séc. III a.C., compôs uns Fenómenos, obra de referência para
a astronomia.
138
Antologia Grega
319. DE AUTOMEDONTE
321. DE FILIPO
225
Paródia do costume de outorgar a cidadania a homens de
negócios.
226
O porco era a oferenda tradicional nos sacrifícios de Elêusis,
e daí a alusão a Triptólemo, filho de Celeu, rei de Elêusis, o favorito
de Deméter por via de quem a deusa ofereceu o trigo aos mortais. Cf.
núm. 59.
227
Três reis míticos de Atenas.
228
Um mendigo da Odisseia.
229
Jogo de palavras intraduzível, no original, entre as expressões
assinaladas a itálico, a primeira das quais (antia gonata) ecoa o nome
da protagonista do epigrama.
230
Personificação da censura e da sátira (Hesíodo, Teogonia 214)
139
Epigramas de Banquete e Burlescos
322. DE ANTÍFANES
231
Antigas divindades demoníacas de Creta, hábeis no ofício da
metalurgia.
232
Contra os comentadores de textos antigos, seguidores dos mode-
los helenísticos de Zenódoto (c. 320-260 a.C.) e Calímaco, versa o
epigrama. Sobre Calímaco, neste contexto, vd. núms. 130, 274 e 347.
233
Ambas formas prenominais, homéricas, que davam origem a
tratados inteiros.
234
As discussões sobre os silêncios homéricos. Teócrito (Idílio 6.1)
menciona estes cães.
235
Deve referir-se aos grandes autores da Antiguidade.
236
Poeta helenística, embora uma tradição antiga (e.g. a Suda) a
apresente como contemporânea de Safo.
140
Antologia Grega
323. DE PÁLADAS
Sobre os aduladores
324. DE AUTOMEDONTE
325. DO MESMO
237
No original, korax (‘corvo’) e kolax (‘adulador’).
238
Apolo, o “filho de Leto” do v. 2.
141
Epigramas de Banquete e Burlescos
326. DO MESMO
328. DE NICARCO
239
Epigrama de assunto homoerótico, como os do livro XII da
Antologia. A sátira versa sobre o tópico comum do amadurecimento do
amante, pelo surgimento dos pelos corporais. Cf. e.g. AP 12.33, 34 e 35.
240
O nome significa, etimologicamente, “pequena loba”.
241
A interjeição do original (goi, goi), que apenas ocorre neste texto,
tem sido interpretada como onomatopeia do roncar de um porco.
142
Antologia Grega
329. DO MESMO
330. DO MESMO
242
O epigrama, cheio de ressonâncias homéricas, descreve um trio
sexual por via da paródia da partilha do mundo entre Posídon, Hades
e Zeus. Cf. sobretudo Ilíada 15.190-194, episódio que já deve ter sido
parodiado, em semelhante contexto sexual, por Arquíloco de Paros, no
séc. VII a.C. (fr. 196a).
243
No original, “porco”, com o sentido cómico de órgão sexual
feminino, como na alegoria de Aristófanes (Acarnenses 739, 773 sqq.).
244
Com um sentido sexual e de depravação.
245
Dioniso, que nascera prematuro e acabara de ser gerado nas
coxas do pai, Zeus.
143
Epigramas de Banquete e Burlescos
331. DO MESMO
332. DO MESMO
333. DE CALÍCTERO
246
Vd. núms. 88 (com nota) e 407.
247
I.e. o Hades (a morte), por quem Perséfone tinha sido raptada e
com quem passava parte do ano.
248
I.e., até ao Hades, a outra margem da vida.
249
Em grego, há um jogo de palavras entre “batel [de vinte remos]”
(eikosoros) e “caixão” (soros).
250
Porque é um ladrão.
144
Antologia Grega
334. ANÓNIMO
335. ANÓNIMO
336. ANÓNIMO
251
Um exercício de isopsefia. Somando o valor numérico de todas
as letras, o nome Damagoras e o termo loimon (“peste”) resultam num
mesmo valor. Esta técnica era aplicada a epigramas completos. Vd. nota
ao lema do núm. 70.
252
Segundo Heródoto (6.114), Cinegiro foi o irmão de Ésquilo que,
tentando reter um navio persa no contexto da batalha de Maratona,
perdeu as duas mãos. Cf. AP 16.117.
253
Por volta de 22-23 de dezembro. As Crianças são duas estrelas
da constelação Auriga, cujo nascimento e ocaso eram na Antiguidade
associados a grandes tempestades (cf. Arato, Fenómenos 156 sqq.; Sér-
vio, Comm. Eneida 9.688). Este Carino pode ser Marco Aurélio Carino,
imperador entre 283 e 285, morto pouco tempo depois de conseguir
o poder em consequência de uma expedição asiática não identificada.
254
Uma ninfa irmã de Io, Adrasteia foi identificada pelos Gregos
tardios com Némesis, a vingança.
145
Epigramas de Banquete e Burlescos
337. ANÓNIMO
338. ANÓNIMO
339. ANÓNIMO
340. DE PÁLADAS
255
O mesmo jogo de palavras do núm. 260, com os termos bou-
leuein (“mandar”) e duleuein (“ser escravo”). O epigrama costuma
atribuir-se a Páladas de Alexandria ou Estratão de Sardes.
256
Intraduzível. Enope (“voz”) soa, em grego, como en ope (“no
olho”).
257
No original, o v. 2 joga com os particípios mainomenos (“delirar”,
como as bacantes) e perainomenos (“penetrar”). A tradução fez o que
pôde, usando de muita liberdade.
258
Um político do tempo do autor, apodado pelo nome com que
Aristófanes se referia a Cléon. Falso deve também ser o nome do v. 4,
significando “O todo delícias”.
146
Antologia Grega
341. DO MESMO
342. ANÓNIMO
344. ANÓNIMO
Sobre Metrodoto, dos Azuis, que tinha uma mesa verde
259
Muito mais do que claques desportivas organizadas, estas fações
à volta do Hipódromo de Constantinopla – quatro no total, Verdes,
Azuis, Vermelhos e Brancos – organizavam os jogos, patrocinavam
as esquipas e os aurigas, dos quais depois erguiam estátuas, símbolo
(pela qualidade e quantidade das mesmas) do seu prestígio e poder.
Tinham ainda grande influência política na capital, tendo desencadeado
e patrocinado revoltas políticas.
147
Epigramas de Banquete e Burlescos
345. ANÓNIMO
Sobre Metrófanes
346. DE AUTOMEDONTE
347. DE FILIPO
260
Se o primeiro verso parece sugerir um monge, não é clara essa
associação ao longo do epigrama.
261
Paródia de Odisseia 9.39, aqui como sátira de um banqueiro
falido (vv. 5-6).
262
Cf. núm. 20 e 321 (com notas). A crítica é aos poetas e filólogos
demasiado eruditos de Alexandria.
148
Antologia Grega
348. DE ANTÍFANES
349. DE PÁLADAS
263
Já os versos 3-4 apontavam para os poetas que tentavam, à
maneira dos Aitia de Calímaco, explicar as razões científicas e históricas
de tudo, até do mito.
264
No Egito, o crocodilo simbolizava a justiça (como o leão ainda
hoje). Pode isto sugerir um local de composição para o epigrama?
149
Epigramas de Banquete e Burlescos
351. DE PÁLADAS
265
Os dois Dioscuros, irmãos de Helena de Troia, tutelares do
desporto, e do pugilato em específico.
150
Antologia Grega
353. DE PÁLADAS
266
Nascido em Tarento, no séc. IV a.C., foi um grande discípulo de
Aristóteles e considerado o maior teórico da música.
267
O problema (musical, técnico) fora posto por Aristóteles (Probl.
19.24). A solução do epigrama é naturalmente pouco técnica, inspirada
nas relações humanas e na teoria estoica da “simpatia universal”. De
satírico, o epigrama tem muito pouco.
268
O composto – que funciona em português pela etimologia do
termo “macaco” (pitecos) do v. 1 – mistura o nome do avô (o pai da
rapariga) e do pai destas criaturas. Já Hermólico, pelo nome, nascera
da união de um Hermes com um lobo.
151
Epigramas de Banquete e Burlescos
269
No original, “corta-palhas”, neologismo aparente de Agátias para
designar a finura (exagerada) das investigações deste indivíduo e dos da
sua classe. Todo o epigrama critica os excessos das escolas neoplatónicas
e aristotélicas, que contribuem, no limite, não para o saber, mas para o
total desconhecimento.
270
Embora nada tenha que ver com o assunto da natureza da alma,
pelo menos desde Aristófanes que o termo meteoros (que dá título ao
tratado aristotélico) se aplicava aos pensadores que andavam “com a
cabeça nas nuvens”. Vd. nota ao núm. 164.6.
152
Antologia Grega
355. DE PÁLADAS
356. ANÓNIMO
357. DE PÁLADAS
271
Segundo Calímaco (AP 7.), suicidou-se depois de ler o Fédon
de Platão.
272
Variação sobre um verso de Nono (Dionisíacas 42.181).
273
Cf. Ilíada 3.103. O epigrama é, na verdade, laudatório, e só o
erro explica a sua inclusão neste livro.
153
Epigramas de Banquete e Burlescos
358. [ANÓNIMO]
359. [ANÓNIMO]
360. [ANÓNIMO]
274
Em grego, Dike.
275
Deve tratar-se de Timóteo Eluro – cujo apelido, “Gato”, derivava
do seu porte reduzido e do seu caráter fuinha –, um bispo miafisita que
logrou por duas vezes o posto de Patriarca de Alexandria, no séc. IV.
276
Nome forjado, obviamente, numa mistura do deus egípcio Anú-
bis (normalmente representado com cabeça de cão) e do grego Hermes,
patrono dos ladrões e comerciantes.
154
Antologia Grega
361. DE AUTOMEDONTE
362. DE CALÍMACO
277
Citação da Ilíada 9.503.
278
O verso 4 está corrupto, e dificulta bastante a interpretação do
epigrama. Seja como for, Calímaco usa a amizade proverbial de Orestes
(filho de Agamémnon e Clitemnestra) e Pílades, da Fócida, talvez para
sugerir que os assuntos teatrais podem terminar com qualquer amizade.
De ser assim, haveria relação com AP 9.566, no qual refere a sua parti-
cipação num concurso dramático.
155
Epigramas de Banquete e Burlescos
363. DE DIOSCÓRIDES
364. DE BIANOR
279
O epigrama mais não é do que uma reação conservadora ao
alargamento da atribuição da cidadania a filhos bastardos, sem o que
este Mosco não poderia ter competido em jogos oficiais.
156
Antologia Grega
368. DO MESMO
280
Em grego, o termo é o mesmo da poção que tomam os compa-
nheiros de Ulisses na Odisseia (10.290).
157
Epigramas de Banquete e Burlescos
369. DO MESMO
Sobre um anão
371. DE PÁLADAS
281
O conhecido início da Olímpica 1 de Píndaro, que já ao tempo
(séc. VI) abriria as coletâneas do poeta.
282
I.e. prata adulterada, um prato que, para cúmulo, perdeu já o seu
valor monetário original.
158
Antologia Grega
373. DE PÁLADAS
Sobre um poeta que jogava aos dados
283
Jogo de palavras intraduzível com Tablíope (“jogo de dados”),
como em AP 9. 482 e 767.
159
Epigramas de Banquete e Burlescos
375. DO MESMO
284
Espirrar era associado a várias superstições, pelo que, espirrar
ante um túmulo, teria uma interpretação necromântica. O epigrama
tem sido relacionado com as leis restritivas de Justiniano (séc. VI) relati-
vas ao divórcio, o que teria levado a distintas estratégias para contornar
essa limitação.
285
Como no num. 365, por exemplo, a sátira reside na suma de
obviedades, quando ditas por um suposto especialista.
160
Antologia Grega
377. DE PÁLADAS
378. DO MESMO
286
Sobre Tício, vd. nota ao núm. 107.3. Não é claro o contexto do
epigrama, mas pode referir-se, simplesmente, a quatro companheiros
de mesa insuportáveis, como sejam gramáticos ou poetas, figuras da
predileção da sátira de Páladas (e.g. núms. 135-137).
287
Hemistíquio colhido de Ilíada 3.101 (= Odisseia 21.24).
288
Literalmente, “que combate o marido” (andromaches).
289
I.e., da Itália (Roma). Alusão às mesmas leis restritivas de
divórcio referidas na nota ao núm. 375. Noutros epigramas, Páladas
queixa-se da sua profissão de gramático (e.g. núm. 303; AP 9.168, 169,
171, 175; 10. 97) e da esposa (AP 9.165-167).
161
Epigramas de Banquete e Burlescos
290
Herói da Tessália, ousou cortar as árvores de um bosque consa-
grado a Deméter e foi condenado pela deusa à fome eterna.
291
Segundo a Odisseia, quando a nau de Ulisses passou junto à
gruta de Cila, os cães saltaram e devoraram seis dos seus companhei-
ros. Mais conhecido é o episódio do Ciclope, que completa o par dos
monstros antropófagos do epigrama.
292
Resposta ao epigrama de Arábio, o Escolasta (AP 16.), contem-
porâneo, sobre a recusa de uma estátua de ouro por um certo Longino.
293
O poeta cita simplesmente um hexâmetro da Ilíada (8.69) como
prova do seu argumento.
162
Antologia Grega
381. DE PÁLADAS
294
Os dias em que ocorrem as crises, muito importantes na medi-
cina hipocrática.
163
Epigramas de Banquete e Burlescos
383. DE PÁLADAS
384. DO MESMO
385. DO MESMO
386. DO MESMO
295
No original, o último verso opões o termo chrite (“cevada”)
com o épico chri (com o mesmo significado). Assim se transforma uma
questão de erudição filológica numa crítica à pobreza dos filólogos como
Páladas. “Chegar a fim de mês” é uma liberdade do tradutor.
296
Em grego, “monge” e “solitário” partilham a raiz monos.
164
Antologia Grega
387. DO MESMO
388. DE LUCÍLIO
389. DO MESMO
Sobre um rico insaciável
297
Apesar das sugestões aventadas, não há como saber quem era este
indivíduo, que por certo saiu vitorioso de uma contenda importante,
fosse ela legal, desportiva, ou de outra natureza.
165
Epigramas de Banquete e Burlescos
390. DO MESMO
Sobre os que simulam amizade para com os homens
391. DO MESMO
Sobre um avarento
392. DO MESMO
298
I.e., até o animal percebeu que, na casa do avarento, não há o
que comer.
166
Antologia Grega
393. DO MESMO
394. DO MESMO
395. DE NICARCO
Sobre o peido
396. DE LUCIANO
397. DO MESMO
398. DE NICARCO
399. DE APOLINÁRIO
300
Para temperar com vinagre, como no núm. 295.
301
Todo o epigrama se constrói a partir da frase proverbial cair do
burro, que por proximidade fónica em grego tem o sentido de perder o
168
Antologia Grega
400. DE LUCIANO
401. DO MESMO
402. DO MESMO
403. DO MESMO
Sobre a gota
305
Citações dos versos 1-3 da Ilíada, o bê-á-bá dos estudos de
literatura grega.
170
Antologia Grega
404. DO MESMO
405. DO MESMO
306
I.e. o vinho de produção italiana (Ausónio). O poeta enumera
uma série de símbolos do banquete, cujos hábitos favorecem o surgi-
mento da doença.
307
Divindades marinhas.
308
Embora pouco claros, estes dois versos parecem significar que,
no verão, por haver mais horas de sol, Nícon tem de levar o nariz
erguido para não o queimar.
171
Epigramas de Banquete e Burlescos
406. DE NICARCO
407. DO MESMO
408. DE LUCIANO
309
Planudes elimina o último dístico, que pode na verdade corres-
ponder a outro poema, dada a imagem distinta que atualiza. Cf. núm.
199, onde a mesma imagem do nariz como cana de pesca é utilizada.
310
Vd. núms. 88 (com nota) e 330.
172
Antologia Grega
409. DE GETÚLICO312
410. DE LUCIANO
311
Cf. os núms. 370, 374 e 398, sobre o mesmo assunto. Hécuba
era a velha rainha de Troia, e Helena, para todos os efeitos, modelo
humano universal de beleza, a causa primeira da guerra de Troia.
312
Outro que não o conhecido autor de epigramas votivos e fune-
rários dos livros VI e VII da Antologia, de quem apenas este epigrama
se transmite.
173
Epigramas de Banquete e Burlescos
411. ANÓNIMO
Sobre um balneário demasiado quente313
412. DE ANTÍOCO
Sobre um fulano disforme
313
Cf. núm. 243, onde Nicarco se queixa exatamente do oposto.
314
A pira que Aquiles (o filho de Peleu) acendeu para Pátroclo (filho
de Menécio), como conta a Ilíada (23.164).
315
Jasão, filho de Éson.
174
Antologia Grega
413. DE AMIANO
414. DE HÉDILO
416. [ANÓNIMO]
Sobre a riqueza
316
Cf. núm. 241, de Nicarco.
175
Epigramas de Banquete e Burlescos
417. [ANÓNIMO]
Sobre uma mulher velha que andava atrás de um moço
419. DE FÍLON
420. [ANÓNIMO]
317
O termo, em grego, tem também sentido fúlico.
318
Provérbio que significa desejar o impossível. Cf. núm. 436.
319
Imagem rebuscadíssima, na qual o nariz (gigante) seria o pon-
teiro, projetado nos dentes, marcas das horas. Pode estar neste epigrama
a fonte do conhecido soneto satírico de Quevedo, Para um nariz,
quando se refere ao alvo da sua sátira como “reloj de sol mal encarado”.
176
Antologia Grega
421. DE APOLINÁRIO
422. DE ANTÍOCO
Sobre um ignorante que fala em público
423. DE HELÁDIO
424. DE PISÃO
320
Contra os aduladores, como no núm. 323.
321
As Erínias perseguiam os autores de crimes de sangue, de que
Orestes (assassino da mãe Clitemnestra) cedo se tornou o paradigma.
Na ausência de qualquer outra referência à Galácia como pátria das
Erínias, deve tratar-se de uma metáfora do caráter destrutivo dos seus
povos.
177
Epigramas de Banquete e Burlescos
425. [ANÓNIMO]
Sobre Placiano, que se casou com uma velha
426. [ANÓNIMO]
Sobre Opiano, magistrado bêbado
427. DE LUCIANO
428. DO MESMO
Sobre um Índio
429. DO MESMO
322
I.e. Pianos, que soaria ao verbo pinein (“beber”).
178
Antologia Grega
430. DO MESMO
431. DO MESMO
432. DO MESMO
433. DO MESMO
434. DO MESMO
323
Cf. núm. 153, com nota, e infra, núm. 434, ambos de Lucílio.
179
Epigramas de Banquete e Burlescos
435. DO MESMO
436. DO MESMO
437. DE ARATO
Sobre o poeta Diotimo
438. DE MENANDRO326
439. DE DÍFILO
324
Cf. núm. 417.4, com nota.
325
Não é clara a identidade deste Diotimo, entre os vários poetas
com esse nome, nem o sentido do epigrama, que pode tanto ser irónico,
como um lamento sincero. No último caso, a sua inclusão no livro XI
seria um equívoco.
326
Os últimos componentes do livro, na verdade fragmentos,
deviam corresponder a epigramas ou sentenças de comédia. Este, em
particular, pode remeter a um passo de Heródoto (1.24), no qual Aríon
confiou na técnica naval dos Coríntios, acabando atraiçoado por eles.
180
Antologia Grega
440. DE PÍTACO
441. DE FILISCO
442. ANÓNIMO
Sobre uma estátua de Pisístrato327
327
Numa Vida de Homero, informa-se que o epigrama estaria
inscrito na base de uma estátua de Pisístrato, o primeiro dos tiranos
atenienses desse nome (entre 546-527 a.C.). Só temos notícia de dois
exílios deste político, que cedo foi considerado o mandante da colação
dos Poemas Homéricos, como os conhecemos. É disso testemunho,
além deste epigrama, Cícero (De Oratione 3.137).
328
Rei mítico de Atenas.
329
Esmirna é apenas uma das hipóteses da Antiguidade para a
pátria de Homero. Com efeito, diversas cidades – cedo organizadas
num grupo mais ou menos estável de sete – disputavam a naturalidade
do poeta, mostra simbólica de poder. Cf. AP 16.297-298.
181
(Página deixada propositadamente em branco)
Índice de epigramatistas
183
Epigramas de Banquete e Burlescos
184
Antologia Grega
185
(Página deixada propositadamente em branco)
Os 442 epigramas que constituem o livro XI da Anto-
logia Grega constituem uma a melhor mostra do géne-
ro do epigrama satírico da antiguidade grega, da época
clássica à bizantina. Ainda assim, o anónimo escriba
do Palatinus estabeleceu uma subdivisão interna, entre
poemas ditos “de banquete” (sympotika, núms. 1-64)
e “burlescos” (skoptika, núms. 65-442). Reveladoras
são as suas palavras sobre estes componentes: “Amplo
uso se fez, ao longo da vida, dos epigramas burlescos,
dado que o homem tanto gosta de burlar-se dos outros
como de ouvir os outros a burlar-se do próximo, algo
que, estou em crer, sempre aconteceu entre os antigos,
como se mostrará com os epigramas seguintes”.
OBRA PUBLICADA
COM A COORDENAÇÃO
CIENTÍFICA