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AS DIFICULDADES DE PROVA NOS CRIMES ECONÔMICOS: A VIOLAÇÃO DOS

DADOS ARMAZENADOS

Palavras-chave:​ Prova; crimes econômicos; dados armazenados.

Diante dos grandes desafios enfrentados na persecução penal dos crimes


econômicos, vem se trazendo a tese de que o artigo 5º, inciso XII, Constituição
Federal, protege apenas a comunicação dos dados, e não estes em si. A relevância
desta tese limitadora ocorreu na evidência de que estes tipos de crimes têm provas
que, normalmente estão armazenadas em dispositivos eletrônicos, e os obstáculos
gerados por uma proteção constitucional aos dados contidos neles, tendem a
comprometer a atuação acusatória.
O Superior Tribunal de Justiça, principalmente após a Operação Lava-Jato,
aderiu esta tese, chegando ao ponto de ser possível criar uma proteção de uma
comunicação impossível (sem conteúdo), mas não dos dados armazenados após
uma intensa conversa.
Discordando inicialmente do Tribunal Superior, parte-se da hipótese que
poderia haver uma outra visão interpretativa do referido dispositivo, sendo esta no
sentido de que a Constituição tenta proteger a privacidade das informações dos
cidadãos, abarcando os conteúdos alvo de uma comunicação, não só enquanto são
transmitidos, mas também quando são armazenados.
Realizando uma pesquisa jurídico-dogmática, busca-se uma compreensão da
temática com uma tentativa de proposição de uma interpretação distinta da
atualmente utilizada, ou a confirmação desta. Desenvolve-se o trabalho a partir do
raciocínio hipotético-dedutivo, contrapondo o atual entendimento jurisprudencial e
com os entendimentos doutrinários constitucionais e penais sobre a temática.
o crime previsto no artigo 10 da Lei 9.296/1996 (Lei de Interceptações
Telefônicas), que reza sobre quebra segredo da Justiça, sem autorização judicial ou
com objetivos não autorizados em lei.

Analisa-se a repercussão gerada pela “Operação Lava-Jato”, que trouxe à tona


um debate muito significativo sobre qual a interpretação que se deve fazer do artigo
5º, inciso XII, da Constituição Federal, frente a proteção dos dados armazenados em
dispositivos eletrônicos.

Referências Iniciais

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,


DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm​. Acesso em 11 de junho
de 2019.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, Quinta Turma. RHC n. 75.800/PR.
Relator: Ministro Félix Fischer. Brasília, 26/09/2016.
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Relator: Ministro Félix Fischer. Brasília, 03/10/2017.
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 9 ed.
Salvador: ​jus​PODIVM, 2017.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 22 ed. São Paulo: Atlas,
2018.

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