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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL - PROSS


DISCIPLINA: Política Social - DIPIC
Prof.ª Dr.ª Rosangela Marques dos Santos

2º Encontro – 03/09/2018

Aluno: Vinicius Pinheiro de Magalhães

Referência Bibliográfica: YAZBEK, Maria Carmelita. Sistema de proteção social


brasileiro: modelo, dilemas e desafios. Seminário Internacional do BPC. Brasília: MDS,
2010. Disponível em:
http://canaldoassistentesocial.com.br/wp-content/uploads/2018/04/sistema-de-
prote%C3%A7%C3%A3o-social-brasileiro.pdf Acesso em: 31 ago. 2018.

Palavras-Chave: Proteção social. Política Social. Estado social. Assistência social.

Comentário Pessoal: Yazbek introduz seu texto tratando das características assumidas
pelos sistemas de proteção social no mundo. Antes de tratar das especificidades do
Brasil, a autora discute a capilarização da lógica de proteção social, que não se restringe
às políticas sociais, mas também faz referência a instituições privadas e tradicionais,
como a família. Contextualiza a emergência das intervenções estatais ante as expressões
da Questão Social. Com a industrialização das cidades, desenvolve-se também, de
forma análoga, a desigualdade e o pauperismo. Sobre essa matéria prima incide as
políticas sociais. Os consensos estabelecidos no contexto do segundo pós-guerra é o
cenário de emergência dos primeiros sistemas de proteção social universais. Aliada a
uma política econômica keynesiana de pleno emprego, esses sistemas propunham maior
acesso a políticas sociais, com vistas a redução da pobreza e desigualdade social.
Entretanto, com o processo de mudança da tendência econômica mundial esse quadro
passa a mudar. O contexto de pleno emprego se esgota e passa a viger um cenário de
intenso desemprego em função da tendência econômica neoliberal. Essa perspectiva
política restringe a natureza universalista dos sistemas de proteção social, retrocedendo
dos modelos de seguridade para os modelos de seguro social. Essa tendência terceiriza
as funções do Estado e fragiliza os compromissos consensuais de proteção social
assumidos pelo mesmo na década de 1940. Valoriza-se então a família, as relações
público-privadas, as organizações sociais, as empresas privadas e as fundações
empresariais como promotoras de políticas públicas(?); numa perspectiva
profundamente privatista e meritocrática.
Em seguida, Yazbek faz uma breve discussão sobre o lugar da proteção social
brasileira. Associa nossa proteção social às práticas de benemerência e assistencialismo
de comunidades religiosas. A partir da década de 1930, com a intensificação das
expressões da questão social, que, de forma restrita, passa-se a fornecer políticas sociais
que intervenham nessa realidade. Entretanto, ainda neste contexto há separações entre
os serviços públicos – oferecidos àqueles que estavam inseridos no mercado formal de
trabalho –, e os serviços privados – aqueles desempenhados pelas instituições de
caridade aos que não tinham carteira assinada. É deste período a criação das primeiras
políticas de proteção social do trabalhador (CLT, férias, décimo terceiro, etc.). A década
de 1950 teve uma forte tendência para desenvolver um projeto desenvolvimentista no
país, tendência que foi boicotada com o golpe de 1964. No contexto de início do
capitalismo monopolista no Brasil (décadas de 1960-70), há a expansão progressiva de
políticas sociais, entretanto trata-se de uma modernização conservadora, pois a lógica
do desenvolvimento voltava-se para fora. É apenas na década seguinte (1980) que se
desenha a possibilidade de construção de um sistema de proteção social universal no
Brasil. Entretanto, esta empreitada, apesar de consolidada com a constituição federal de
88, não saiu do papel, tendo em vista o descompasso histórico dessas experiências com
a tendência econômica mundial. Ainda com esta limitação histórica, o Brasil avança
com a proposta de um sistema de proteção social universal. A autora dá o exemplo da
Assistência Social que, em 2004, constitui-se em política que visa concretizar o texto
constitucional em relação à assistência social como direito. Grosso modo, a seguridade
social no Brasil sempre esteve associada com experiência de benemerência e caridade,
além de estar baseada numa lógica de seguro. Quando se tentou mudar esse quadro no
final da década de 1980 já entrávamos num cenário de restrições econômicas para
experiências desenvolvimentistas e socialdemocratas.
Tratando especificamente da política de assistência social (que compõe um
elemento do tripé da seguridade social), a autora discute os avanços da PNAS e do
SUAS, tratando a referida política como um direito. Chama atenção para o fato de que
esta política tem características de valorização da cidadania, supõe a ampliação dos
benefícios e serviços vinculadas a mesma, qualificação de recursos humanos, expansão
e fortalecimento de mecanismos de participação e controle social, etc. Afirma ainda que
a lógica desta política não pode ser pensada de forma avulsa, é importante trata-la num
contexto intersetorial. Ainda no cenário da assistência social, a autora trata da PBF,
como sendo um programa relevante no processo de efetivação do direito à assistência
social. A intersetorialidade presente nets programa é um desafio para toda a política de
assistência social, pois deve-se associar o direito à assistência social a outros tão
fundamentais quanto. Os desafios apresentados pela autora para o fortalecimento e
defesa de nosso sistema de proteção social ameaçado são: superar o clientelismo
histórico que se desenvolveu nas políticas sociais, em especial na política de assistência
social; ampliar a participação popular e o controle social das políticas sociais públicas;
articulação de políticas focalistas (redistribuição de renda) com as de caráter universal; e
avançar na perspectiva da universalização das políticas sociais, não as restringindo
(focalizando) àquelas de redistribuição de riqueza.

Referência Bibliográfica: DAGNINO, Evelina; OLVERA, Alberto; PANFICHI, Aldo.


La disputa por la construcción democrática en américa latina. Programa
Interinstitucional de Investigación-Acción sobre Democracia, Sociedad Civil y
Derechos Humanos. D.R. 2006.

Palavras-Chave:

Comentário Pessoal: Os autores introduzem o texto com uma nota de apresentação


preliminar. Chamam atenção para o fato de que o ensaio trata da disputa pela construção
de um projeto democrático e participativo na América Latina; projeto este que vem
sendo ameaçado pelo projeto neoliberal. Ainda na introdução os autores propõem uma
nova leitura para compreender a disputa pela construção democrática no contexto da
América Latina. Criticam perspectivas de análise desse processo que reduzem a
democracia à sua consolidação eleitoral nos países latinoamericanos. Além desse
processo, os autores defendem que devem ser considerados os processos que
desencadearam uma profunda insatisfação popular em relação a estas democracias, e
também, os experimentos democrático-participativos caracterizados pela extensão e
ampliação de direitos nesses países. Também criticam a homogeneidade com que
teóricos tratam a sociedade civil. Criticam ainda a concepção dicotômica entre
sociedade civil e sociedade política, e, por último, criticam a ideia simplista de
construção democrática unilateral, como se a sociedade civil, homogênea e apartada da
sociedade política, fosse a protagonista pela construção da democracia na América
Latina. É numa perspectiva crítica a estas concepções que os autores propõem analisar a
disputa pela construção da democracia na América Latina.
Num primeiro momento do texto, os autores debatem sobre os conceitos de
democracia. Tecem uma crítica ao que eles chamaram de democracia elitista, aquela
representativa, estritamente relacionada com o direito político. A crítica sobre esta
concepção elitista de democracia chama atenção para o fato de que essa lógica
democrática separa a sociedade civil da política. Apresentam outra proposta de
democracia, aquela participativa e deliberativa. Nesta concepção de democracia a
sociedade civil está implicada na sociedade política. É possível falar, inclusive, numa
democracia Estatal, para além daquela restrita ao voto. O fortalecimento deste conceito
de democracia é uma estratégia para a consolidação democrática no contexto
latinoamericano, ademais, apenas lançando mão desse conceito de democracia se
compreende a cidadania no seu sentido amplo e a heterogeneidade do Estado, na medida
em que a democracia consolida-se mediante participação e deliberação popular, não é
algo de cima para baixo.
Em seguida, os autores apresentam alguns conceitos analíticos que teóricos vêm
utilizando para pensarem a democracia latinoamericana. Teóricos a serviço de uma
concepção de democracia elitista discutem a categoria sociedade civil como vinculada
ao terceiro setor. Essa concepção de sociedade civil engloba uma diversidade de
instituições de caráter ideológico profundamente distinto; o que despolitiza e
homogeneíza esta categoria. O conceito de espaço público também tem sido utilizado
para legitimar o caráter público de instituições privadas defendidas pela lógica do
terceiro setor. O conceito de espaço público também precisa ser disputado, a fim de que,
espaços verdadeiramente públicos componham a plenitude da sociedade civil. Outra
categoria discutida é o de capital social. Com este conceito diversas instituições do
terceiro setor têm sido legitimadas por sua suposta vinculação com o "social", trata-se
de uma verdadeira "empatia" com o "serviço social". Tratado dessas categorias elitistas
para pensar a sociedade civil e a construção democrática na América Latina, os autores,
em seguida, discutem as categorias analíticas que lançaram mão para pensar essa
realidade.
Como um contraponto aos conceitos de sociedade civil e terceiro setor
defendidos por teóricos da democracia elitista, os autores conceituam a sociedade civil
como um conglomerado de atores de projetos e ideologias heterogêneas. A
heterogeneidade da sociedade civil, inclusive, lança luz sobre o caráter conservador e
clientelista de diversas instituições. No contexto de transição democrática da América
Latina, ficou claro o espaço da sociedade civil como um lugar democrático e
progressista, na medida em que protagonizava a luta contra um sistema político déspota.
Entretanto, após a transição, no contexto do neoliberalismo, instituições e organizações,
as mais diversas, ocupam esse lugar, assumindo a ideologia da cooperação e da
despolitização da sociedade civil. Os autores defendem uma perspectiva analítica que
lance luz sobre o caráter heterogêneo e político da sociedade civil, pois, na medida em
que engloba instituições democráticas e movimentos sociais progressistas, incluem,
também, organizações conservadoras e clientelistas.
De forma semelhante, os autores também tratam o Estado como heterogêneo. As
inovações organizacionais do Estado, o caráter dos três poderes, o processo de
descentralização política que ocorre em muitos Estados e processos de governabilidade
de coalizão são exemplos fatídicos da heterogeneidade dos Estados latinoamericanos.
Ademais, a própria sociedade civil está implicada na legitimação da sociedade política
(governo e parlamento), neste sentido não se pode dicotomizar o Estado. No Estado
estão relacionadas a sociedade civil e política, se de forma colaborativa ou conflitiva
dependerá das (in)convergências dos projetos de sociedade e dos projetos políticos
defendidos pela hegemonia dessas duas instâncias.
Conceituadas algumas categorias analíticas para compreensão da disputa
democrática na América Latina, os autores discutem ainda os projetos políticos
presentes neste contexto. Conceituam projetos políticos como sendo projetos coletivos,
com finalidades de transformação social. Trata-se de uma perspectiva para a sociedade.
O projeto político, portanto, assume um caráter societário e, consequentemente,
classista. Os projetos políticos e/ou societários não têm apenas uma dimensão
ideológica e abstrata, mas concretizam seus projetos nas diversas instituições que
compõem a "sociedade civil". Exemplo disso é a estreita vinculação neoliberal de
organizações não governamentais, o que mostra uma relação intrínseca entre projeto
político, projeto societário e instituições sociais.
Os autores ainda propõem a discussão sobre os projetos políticos específicos que
estão em disputa no contexto da América Latina, a saber: o autoritário, o neoliberal e o
democrático-participativo. Tratam estes projetos não como categorias abstratas, mas
como representações de ações políticas concretas.
Os autores descrevem as características dos projetos políticos presentes na
América Latina. O projeto autoritário é aquele centralizador. Sua relação com a
sociedade civil é mínima, a tendência desse projeto político é de dicotomizar o Estado,
supervalorizando a sociedade política autoritária, a despeito da sociedade civil. A
população é despossuída dos direitos políticos, apesar de, em alguns contextos,
perceber-se um aumento dos direitos sociais. Entretanto, a relação de Estado e
sociedade civil é uma relação de tutela e clientelista. Essa é a marca do projeto
autoritário que está em latência no contexto da América Latina, em função da
insatisfação popular com a democracia representativa.
Em relação ao projeto político democrático-participativo os autores também
elegem algumas características. Esse projeto tem uma concepção divergente de
democracia. Aqui é fortalecida uma perspectiva participativa e deliberativa de
democracia. São valorizadas experiências de controle social e prestação de contas, a fim
de tornar as instituições públicas, mediante controle da população, efetivamente
públicas. Outra característica deste projeto é sua valorização dos direitos de cidadania e
a ampliação destes. Superando a concepção de cidadania clássica esse projeto valoriza a
incorporação de novos direitos. No que se refere à dimensão política, esse projeto
incorpora novos atores no processo de diálogo na relação Estado-Sociedade civil. Não
existe uma relação dicotômica entre estas instâncias.
Em relação ao projeto neoliberal no contexto da América Latina, os autores
tocam nas questões centrais que caracterizam esse projeto. Trata-se de um projeto com
profundas características de terceirização de responsabilidade na aplicação de direitos
sociais. Essa função passa a ser exercida pelo terceiro setor, instância "neutra" entre o
Estado e o Mercado. Essa pretensa neutralidade do terceiro setor sugere uma ideologia
de solidariedade, colaboracionista e despolitizada. Nessa perspectiva não existem
conflitos entre interesses do Estado e Sociedade Civil. Aqui a sociedade civil é
homogeneizada e associada, quase que exclusivamente, a instituições como ONG's. A
despeito desse projeto neoliberal, muitas experiências democrático-participativas têm
sido identificadas no contexto da América Latina, entretanto sem características
vultosas, tendo em vista o cenário mundial propício ao desenvolvimento do
neoliberalismo. Diversas constituições federais consolidadas no momento de transição
democrática dos países latinoamericanos têm mecanismos de participação popular que
fortalecem a democracia participativa. Entretanto, essas tendências são amortizadas pela
dinâmica econômica mundial que incide nos projetos econômicos dos países, tornando
o Estado mínimo para o social e máximo para o Mercado.
Finalmente, os autores pretendem analisar as relações entre sociedade civil e
Estado no contexto latinoamericano a partir de trajetórias de ativistas das duas
instâncias (sociedade política - sociedade civil). A hipótese do estudo é a de que não
necessariamente exista uma relação conflituosa entre estas duas instâncias, podendo
dialogar para a construção de uma democracia-participativa. Em análise das trajetórias
de ativistas identificou-se que, em muitos casos, o ativista da sociedade civil passa a
compor instâncias de poder no contexto da sociedade política. Os autores mostram essa
realidade como uma tendência de interlocução de Estado e sociedade civil no processo
de construção de uma democracia participativa, desde que essa relação seja balizada por
um mesmo conteúdo do projeto político. As trajetórias dos ativistas também
demonstraram que, se por uma lado com a incorporação de ativistas da sociedade civil -
especialmente no âmbito do Brasil - promoviam mudanças significativas nas políticas
desenvolvidas pela sociedade política, por outro, muitos desses quadros de ativistas
conviveram com um processo de estagnação na mudança, em virtude da aderência do
Brasil no contexto do neoliberalismo. De qualquer forma, essa relação Estado-sociedade
civil é frutífera, na medida em que desencadeia redefinições nas duas esferas, sobretudo
nas políticas administradas pela sociedade política. Concluindo, a análise das trajetórias
de ativistas que transitaram da sociedade civil para instâncias de poder da sociedade
política demonstrou que marcas do ativismo pessoal também influenciam no
desenvolvimento de ações programáticas nas instâncias de poder. Pode-se citar o caso
de ativistas feministas e indígenas. Grosso modo, a análise das trajetórias de atores que
transitaram da sociedade civil para o Estado, mostrou a possibilidade de interlocução
frutífera entre estas instâncias, desde que mediadas por um projeto democrático-
participativo.

Referência Bibliográfica: ARRETCHE, Marta T. S.. Políticas sociais no Brasil:


descentralização em um Estado federativo. RBCS Vol. 14 no 40 junho/99, p. 111-141.

Palavras-Chave:

Comentário Pessoal: Trata-se de um texto que expõe a modificação da lógica de


administração do Estado. Discute o Estado unitário (centralizador), característico do
período da ditadura militar, que se baseava em eleições indiretas na definição das
administrações secundárias. Como contraponto também trata do Estado Federativo que,
ancorado na constituição de 88, retoma as eleições diretas e investe na descentralização.
A autora afirma que a década de 90 apesar de ter modificado a lógica administrativa do
Estado promoveu uma descentralização heterogênea. Apesar da autonomia dos entes
federativos tornam-se necessárias formas de indução dos entes a participarem do projeto
de descentralização. Obviamente que, se a descentralização não representa vantagens
políticas e sociais muitos estados e municípios não terão aderência a esta proposta, o
que o resultado da pesquisa da autora mostrou: uma profunda heterogeneidade no
processo de descentralização das políticas sociais em diferentes estados.

Referência Bibliográfica: LESBAUPIN, Yvo. Brasil: a sociedade civil desde a


democratização (1985-2000). In: Caravelle, n°75, 2000. Nouveaux Brésils –
Fin de siècle. p. 61-75; doi : https://doi.org/10.3406/carav.2000.1258

Palavras-Chave:

Comentário Pessoal: Trata-se de um texto que objetiva discutir a natureza da sociedade


civil no período de fins da ditadura militar até os anos 2000. Passa, em primeiro lugar,
pela exposição dos governos democráticos que sucederam o regime autoritário. Sarney,
Collor, Itamar Franco e, por fim, FHC, a despeito do desenvolvimento de uma
constituição que se configurou progressista, foram responsáveis por adensarem um
direcionamento neoliberal para o Estado brasileiro.
Neste contexto o autor expõe os principais componentes da sociedade civil que,
neste momento, resistiram às políticas de austeridade: MST, Movimento operário e
sindical, Movimento indígena, as igrejas, as organizações de profissionais da justiça, as
prefeituras democrático-populares, as ONGs e os novos espaços de organização
popular. Para o autor o cenário é defensivo apesar da diversidade desses setores
progressistas que compõem a sociedade civil no período referido.

Referência Bibliográfica: MUSTAFÁ, Maria Alexandra da Silva Monteiro;


ANSELMO, Gisele Caroline Ribeiro; SILVA, Salyanna de Souza. Democracia e justiça
social em tempos de golpe sob a égide do neoliberalismo. R. Katál., Florianópolis, v.
21, n. 2, p. 416-426, maio/ago. 2018; DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-
02592018v21n2p416

Palavras-Chave:

Comentário Pessoal: As autoras analisam a conjuntura do golpe de 2016 que ocorreu


no Brasil a partir do contexto de ascensão do neoliberalismo. Fazem um panorama do
cenário mundial no que se refere ao avanço do neoliberalismo em detrimento das
políticas universais defendidas pelos Estados de bem-estar social. Em seguida tratam da
natureza do neoliberalismo, afirmando ser esta lógica uma forma de romper com o pacto
da justiça social, que se configura em estratégia para beneficiar o capital em crise.
Exemplificando o caráter antidemocrático e ditatorial do neoliberalismo as autoras
expõem a conjuntura do golpe de 2016 que se engendrou no Brasil. Tratam desse
contexto como sendo uma ofensiva do capital internacional para desconstruir o desenho
e as ações relacionadas à justiça social que se desenvolveram nos últimos anos no país.
Com vistas a tomada da hegemonia do capital internacional as autoras mostraram que o
neoliberalismo tem poder de até promover um golpe de Estado para garantir sua
capilarização.
Referência Bibliográfica: SARTRE, Jean-Paul. Prefácio. In: FANON, Frantz. Os
condenados da Terra. Tradução de José Laurênio de Melo. Rio de Janeiro: Civilização
brasileira, 1968, p. 3-21.

Palavras-Chave:

Comentário Pessoal: Sartre neste belo prefácio da obra de Frantz Fanon apresenta a
descolonização dos povos dominados pelos europeus como resultado da opressão e
subjugação dos povos negros e indígenas da periferia do mundo. Sartre denuncia o falso
humanismo europeu balizado pela ideia da não violência, mas que perdeu de vista o
carma histórico da violência impetrada aos povos colonizados. A descolonização é um
fenômeno que já está em curso e que colocará necessariamente os povos historicamente
oprimidos contra a burguesia europeia pseudo-humanista, racista e escravagista. O autor
chega a mencionar um processo de revolução socialista vanguardiado pela lógica da
descolonização.

Referência Bibliográfica: SCHEFFER, Graziela; SILVA, Lahana Gomes. Saúde


mental, intersetorialidade e questão social: um estudo na ótica dos sujeitos. Serv. Soc.
Soc., São Paulo, n. 118, p. 366-393, abr./jun. 2014.

Palavras-Chave:

Comentário Pessoal: As autoras introduzem o texto tratando dos princípios basilares


que constituem a saúde mental no contexto da reforma psiquiátrica: integralidade,
universalidade, intersetorialidade, cidadania, etc. Bem como apresenta a relevância de
se investigar o contexto da alta dos usuários da rede de atenção em saúde mental, a fim
de se verificar as relações com a Reforma Psiquiátrica e o PEP do Serviço Social.
Num primeiro momento do texto as autoras desenham o quadro de
desenvolvimento da Política de Saúde mental no Brasil. Tratam dos movimentos sociais
que tensionaram a transformação no campo da saúde mental, a saber: o movimento da
reforma sanitária e o da reforma (equivocadamente chamada) antimanicomial. Nesse
ponto a autora confunde um pouco a história do movimento da reforma psiquiátrica,
homogeneizando a luta antimanicomial com aquela, o que foram coisas diferentes. Em
seguida trata da constituição de 88 como inovação no contexto dos direitos sociais e
universalização da saúde. A partir daí abre-se espaço para aprovação da lei da reforma
psiquiátrica, que fecha os hospitais de lógica manicomial (lei 10.216/2001). A reforma
impetrada na rede de atenção em saúde mental propõe uma atenção multidisciplinar e
intersetorial. Ambas as características permitem atuação do profissional de Serviço
Social com vistas a viabilizar a cidadania dos usuários. As autoras também chamam
atenção para o fato desta reforma ter ocorrido no contexto da contrarreforma do Estado.
O processo de desospitalização foi barato e, portanto, funcional para o Estado
gerencialista. Nessa direção o processo de desospitalização nem sempre vem seguido de
uma atenção extra-hospitalar, ao contrário pode colocar os usuários em situação de rua -
o que aconteceu em muitos casos.
Na última parte do trabalho as autoras expõem os resultados de uma pesquisa
realizada num CAPS de Tocantins. O objetivo foi identificar como se passa o acesso à
rede de saúde mental e o trabalho intersetorial na perspectiva de profissionais e usuários
da referida instituição. O perfil dos sujeitos usuários entrevistados era de maioria
feminina e negra, o que agrava a situação de estigma numa sociedade misógina, racista
e preconceituosa. A concepção de rede de saúde mental exposta pelos profissionais
entrevistados ainda era uma concepção equivocada. No que se refere à perspectiva
intersetorial ficou evidente que é necessário maior qualificação de profissionais
vinculados a instituições extra-CAPS, a fim de que o cuidado em saúde mental se
capilarize na rede, pois o estigma e o despreparo ainda são muito patente, o que foi
ratificado nas experiências trazidas pelas usuárias entrevistadas. Finalmente as autoras
expõem um dado alarmante sobre a ausência de discussão sobre a cidadania na
instituição onde se realizou a pesquisa. Os usuários desconhecem os seus direitos. As
autoras apresentam esse como um desafio que, se enfrentado, permitirá a participação
dos usuários no controle social dos serviços de saúde e também em movimentos sociais.

Referência Bibliográfica: WARSCHAUER, Marcos; CARVALHO, Yara Maria de. O


conceito “Intersetorialidade”: contribuições ao debate a partir do Programa Lazer e
Saúde da Prefeitura de Santo André/SP. Saúde Soc. São Paulo, v.23, n.1, p.191-203,
2014. DOI 10.1590/S0104-12902014000100015

Comentário Pessoal: Os autores logo na introdução do texto apresentam o contexto da


intersetorialidade, afirmando-a como um desdobramento das propostas de promoção da
saúde, ou seja, uma dimensão da saúde que extrapola a dimensão biológica e se
relaciona com os determinantes do processo saúde-adoecimento. Nessa perspectiva os
autores conceituam a intersetorialidade como um processo de trabalho interconectado
com o objetivo de resolver problemas de saúde complexos. Eles propõem uma
discussão sobre esta categoria no contexto do projeto Lazer e Saúde da Secretaria de
Saúde e de Cultura, Esporte e Lazer de Santo André/SP.
Num primeiro momento do texto os autores caracterizam o projeto Lazer e
Saúde no município de Santo André. Afirmam que o projeto surge através de uma
demanda da sociedade que manifestou interesse por atividades corporais numa das
plenárias de orçamento participativo da cidade. A partir daí começam a surgir no
município atividades corporais especificamente orientais. Em seguida propôs-se a
interlocução dessas atividades com as Unidades de Saúde; dessa interlocução surgiu o
projeto Lazer e Saúde, que objetivava dar qualidade de vida para a população do
município através da promoção da saúde.
Na exposição da metodologia os autores afirmam trabalhar numa abordagem
qualitativa, na medida em que tiveram aproximações com gestores de unidades de Lazer
e da Saúde. Fizeram entrevistas semi-estruturadas com esses profissionais e, em análise
de conteúdo, chegaram às seguintes categorias: dificuldades, aspectos positivos e
Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS).
Um dos temas que apareceram nas categorias que surgiram do conteúdo das
entrevistas foi a ação conjunta. Os autores identificaram que existem dificuldades de
trabalho conjunto, pois a lógica de trabalho ainda está muito departamentalizada.
Outro tema que surge é o "Setor do setor". A prática setorializada identificada no
tema anterior tem um agravante: no próprio setor de trabalho (unidades de saúde)
existem práticas setorializadas, ou, não interdisciplinares. Os autores, entretanto,
chamam atenção para o fato de que mesmo que se faça a crítica à setorialização do
trabalho ela não deve deixar de ser considerada, pois existe uma relação de
complementaridade entre setorialidade e intersetorialidade.
Outro tema que apareceu foi "Pessoas políticas ou políticas das pessoas". Aqui
surgem relatos de uma tendência de pessoalização da política, ou seja, uma política
centralizada em determinadas pessoas; essa lógica acaba dificultando o trabalho
intersetorial, posto que a política se torna maior que as pessoas que a projetaram.
Outro tema que surgiu foi a divisão do próprio programa Lazer e Saúde, na
medida em que se departamentalizaram as ações do Lazer e as ações da Saúde em
atividades desproporcionais, subdimensionando o caráter intersetorial do programa.
No tema "Dono, parceiro ou colaborador" aparecem relatos que ratificam a
dificuldade de estabelecer um trabalho intersetorial, na medida em que a compreensão
em relação ao projeto é a de que existe um dono e um colaborador, ou seja, não se
trabalha numa perspectiva de gestão compartilhada.
Um último tema que surge faz referência à comunicação. Os entrevistados
afirmam a dificuldade de estabelecer relações de comunicação com os departamentos
envolvidos no projeto. Os autores defendem que a comunicação é uma questão central,
pois "comunicar é costurar", isto é, a comunicação une as partes dissonantes e
diferentes, portanto é imprescindível para o trabalho intersetorial.

Referência Bibliográfica: SUNDERMANN, Jorge et al. Democracia Deliberativa:


uma Análise do Decreto nº 8.243. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, São Paulo, v.
21, n. 68, Jan./Abr. 2016, p. 19-41. DOI: http://dx.doi.org/10.12660/cgpc.v21n68.52967

Comentário Pessoal: Os autores introduzem o texto trazendo a problemática da


democracia deliberativa que permeou os debates em torno do Decreto presidencial
8.243 de 2014. O decreto propõe a criação de um Sistema e uma Política Nacional de
participação social, o que fora rechaçado pelo Congresso conservador. Resta saber se
realmente o Decreto apresenta medidas de convergência com a Democracia
Deliberativa.
Os autores empreendem uma revisão de literatura sobre a democracia
deliberativa e a conceituam como processos dialógicos que medeiam as tomadas de
decisão a partir da participação social. A teoria de Habermas é muito utilizada para
balizar o caráter comunicativo das propostas de democracia deliberativa.
Finalmente, os autores discutem a natureza do decreto 8.243/2014 associando-o
à perspectiva da democracia deliberativa, na medida em que propõe maior aproximação
com instâncias que viabilizem a participação social, como os conselhos, conferências,
ouvidorias, etc. Esclarecem os conflitos existentes com a proposta do Decreto e a classe
política, especificamente aquela do legislativo. Concluem defendendo a perspectiva que
o fortalecimento de medidas de participação social está estreitamente relacionado à
democracia deliberativa e à cidadania.

Referência Bibliográfica: ALMEIDA, Carla; TATAGIBA, Luciana. Os conselhos


gestores sob o crivo da política: balanços e perspectivas. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n.
109, p. 68-92, jan./mar. 2012.

Comentário Pessoal: Logo na introdução do texto as autoras reconhecem os avanços


dos conselhos gestores no processo de construção de uma “institucionalidade
democrática” (p.69). Discorrem sobre a natureza destas instâncias, tratando-as como um
lócus híbrido de participação social para construção e avaliação de Políticas Públicas.
Registram a importância dos governos Lula no processo de criação e capilarização de
novos conselhos gestores nas diversas regiões do país. Ademais, tratam da importância
dessas instâncias de participação social para a reflexão sobre democracias alternativas.
Entretanto, também estão atentas aos limites dos conselhos gestores referentes à sua
natureza democratizante. É no cenário deste problema que Carla Almeida e Luciana
Tatagiba propõem o desenvolvimento de argumentos que problematizem, para além dos
problemas que já foram destacados na literatura, as relações destas instâncias com seus
contextos externos.
As autoras fazem um exercício de avaliação positiva e adequação de
expectativas em relação aos conselhos gestores, expondo três pressupostos. O primeiro
pressuposto refere-se ao fato de as experiências participativas, sobretudo as
representadas pelas instâncias de conselhos gestores, terem tido avaliação positiva no
processo de construção de uma cidadania por dentro do Estado. O segundo pressuposto
refere-se ao exercício de adequar as expectativas em relação aos conselhos gestores,
pois ainda que frutos de “apostas democratizantes” (p. 73) eles não estão “destinados”
(Ibidem) a cumprirem esta tarefa, pois o espaço dos conselhos gestores é o lócus de
conflitos de interesses, representando, apenas, uma possibilidade de democratização.
Nesta mesma direção o terceiro pressuposto ancora-se na ideia de que os conselhos
gestores fazem parte de um projeto mais amplo de democratização do Estado, não sendo
responsáveis por todas as tarefas da empreitada democrática.
Almeida e Tatagiba discorrem ainda sobre a necessidade de ancoragem social
dos conselhos. O ponto de partida para este argumento é o fato de parte da literatura
tratar a sociedade civil como uma representação política homogênea na relação com o
Estado. Decerto que é a sociedade quem confere legitimidade aos conselhos gestores,
entretanto o problema que se coloca é o da “corporativização” do interesse público. São
organizações, as mais diversas, que se incorporam ao aparato de controle democrático
para militar em prol de seus próprios interesses. Daí a necessidade, na perspectiva das
autoras, de construção de audiências públicas dos conselhos gestores. É necessário que
se estabeleçam relações orgânicas entre as instituições da sociedade civil, os
movimentos populares e o interesse público; um verdadeiro processo de ancoragem
social para evitar esse quadro que privilegia alguns em detrimento de todos.
As autoras argumentam também sobre o caráter deliberativo e sobre a natureza
institucional heterônoma dos conselhos. Afirmam existir uma teia complexa de relações
institucionais que interpelam os conselhos (tribunais de contas, ministérios públicos,
legislativo e executivo). Essas relações interinstitucionais atestam o caráter heterônomo
dos conselhos gestores, o que justifica os limites dos processos deliberativos
intraconselhos. Almeida e Tatagiba partem de uma perspectiva de análise que não
superdimensiona o papel dos conselhos nem os responsabilizam de forma imediata
pelos limites deliberativos. Elas defendem que a análise dos conselhos gestores nestes
termos evitariam constatações fatalistas e pessimistas sobre esse tipo de instância de
participação social, além de que se fomentariam estratégias de luta política dentro do
Estado que fortalecessem a autonomia deliberativa dos conselhos neste cenário de
complexas relações interinstitucionais.
Finalmente, as autoras tratam da necessidade de os conselhos gestores das
políticas públicas reverem suas atividades rotineiras. Almeida e Tatagiba demonstram,
de forma elucidativa, como que os conselhos entraram num processo burocrático
endógeno, a partir da década de 1990, no sentido de preocuparem-se demasiadamente
com o momento da implementação das políticas, tornando-se instituições signatárias do
Estado; o que persiste até o momento atual. As autoras defendem que os conselhos
precisam se arvorar em momentos de construção e planejamento de políticas públicas, o
que endossaria o caráter deliberativo-político destas instâncias de participação social.
Essa tarefa aproximaria muito mais os conselhos da sociedade civil, das demandas reais,
dos problemas concretos, do que do aparato burocrático do Estado.
Referência Bibliográfica: BHRING, Elaine et al. O PPA de Lula: um Brasil de todos?
Grupo de Estudos e Pesquisas do Orçamento Público e da Seguridade Social – GOPSS.
Nota de Orçamento Público e Seguridade Social – NOPSS, 2004. Disponível em:
http://www.ts.ucr.ac.cr/binarios/congresos/reg/slets/slets-018-083.pdf Acesso em: 16
dez. 2018.

Comentário Pessoal: Os autores introduzem o texto discorrendo sobre a inovação que


representou o governo Lula no sentido de abrir espaço de escuta e diálogo parra a
construção do PPA (2004-2007). A proposta dos autores é verificar se as expectativas
em relação ao PPA foram cumpridas no sentido de incorporar as demandas da
sociedade.
O grupo de estudo analisou as diretrizes gerais do PPA do governo Lula.
Identificaram que o Plano propõe uma inflexão no tratamento das Políticas Sociais,
sobretudo em função da regência do Estado nessas questões, e não do Mercado.
Ademais, verificou-se um compromisso com a justiça social, diminuição das
desigualdades sociais e promoção de emprego e renda. O Plano centrou-se numa
estratégia de aquecimento da economia via crescimento do poder de consumo.
Entretanto, o grupo chama atenção para o fato de que essas propostas estão balizadas
num mesmo pilar econômico dos governos anteriores: subsunção ao FMI, ao superávit
primário e à DRU. As medidas inovadoras legitimadas pela participação popular na
construção do PPA, na perspectiva do grupo, estão ameaçadas a descambar na
legitimação do mercado em detrimento das políticas sociais, em função da manutenção
das mesmas estruturas econômicas dos governos anteriores.
Finalmente, com relação a seguridade social, o grupo verificou que, apesar do
anúncio do termo Seguridade, a tendência de investimento ainda é o da focalização. Os
investimentos não aumentaram em relação a períodos anteriores, considerando o
crescimento populacional e inflacionário. Mesmo os investimentos representando 52%
do orçamento do PPA (Previdência com o maior percentual, seguidos da saúde e
assistência) eles não foram investimentos significativos comparados, por exemplo, aos
recursos do PIB destinados para o superávit primário.

Referência Bibliográfica: SALVADOR, Evilasio da Silva. O desmonte do


financiamento da seguridade social em contexto de ajuste fiscal. Serv. Soc. Soc., São
Paulo, n. 130, p. 426-446, set./dez. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0101-6628.117

Comentário Pessoal: O autor introduz seu texto apresentando a problemática da


apropriação do Orçamento da Seguridade Social pelo capital portador de juros, além de
apresentar o objetivo de seu artigo que é discorrer sobre essa apropriação no contexto do
ajuste fiscal e da contrarreforma do Estado, analisando a inflação do Orçamento da
Seguridade Social de natureza fiscal e desonerações tributárias de setores econômicos.
Em seguida, o autor trata da relação entre fundo público da seguridade social
com o ajuste fiscal. Trata o fundo público numa perspectiva maior que o orçamento,
pois o orçamento é um instrumento político-institucional e o fundo público é um
mecanismo de reprodução do capitalismo, viabilizando políticas sociais, desonerações
tributárias e pagamento de dívidas. Em análise dos dados sobre o OSS o autor identifica
uma tendência significativa de desfinanciamento da seguridade, na medida em que
cresce o número de recursos da DRU e das Renúncias Tributárias. O autor, antes dessa
análise de dados, discorre sobre esses mecanismos do ajuste fiscal (DRU e as
Renúncias). Em relação à DRU, que outrora retirava 20% do OSS, afirma que, com a
EC 93/16, passa a retirar 30% de qualquer área até 2023. A situação se agrava quando
se soma essa realidade à EC 95 do congelamento de gastos. A despeito desta tendência
de congelar os gastos sociais não se estabeleceu um teto para o pagamento de juros da
dívida. Em análise de dados de uma segunda tabela referente ao OSS o autor identifica
um aumento de recursos investidos em outras funções, que claramente faz referência a
demandas fiscais desloucadas no orçamento da seguridade, cujo único objetivo é inflar
as contas das políticas sociais.
Além da DRU, que com a EC 93/16 se estenderá até 2023 desvinculando 30%
dos recursos do OSS, o autor discorre sobre outra tendência de retirada de recursos da
seguridade: renúncias tributárias ou gastos tributários. O autor, em análise de dados,
afirma que os gastos tributários (renúncias) cresceram quase que o dobro dos gastos
reais do OSS. Ademais, localiza a maior incidência de gastos tributários: nos impostos
gerais e nas contribuições pessoais (COFINS) (ocorreu uma inflexão a partir de 2013
com o COFINS liderando os gastos tributários). O autor conclui que este cenário
expressa o profundo desfinanciamento da seguridade social, o que com as EC's 93 e 95
tendem a se agravar nos próximos governos. O autor chama atenção para o fato de que
se os recursos não fossem desvinculados das receitas do OSS via DRU nem gastos
tributários o referido orçamento seria superavitário.

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