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CÁLCULO DAS DERIVADAS ESPACIAIS E TEMPORAL NO MÉTODO DOS

ELEMENTOS DE CONTORNO APLICADO À EQUAÇÃO


ESCALAR DA ONDA

Fábio Leal Jarandilla

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

___________________________________________
Prof. Webe João Mansur, Ph.D.

___________________________________________
Prof. José Antonio Marques Carrer, D. Sc.

___________________________________________
Prof. José Claudio de Faria Telles, Ph.D.

___________________________________________
Prof. Luiz Fernando Taborda Garcia, D. Sc.

___________________________________________
Prof. Luis Paulo da Silva Barra, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


SETEMBRO DE 2005
ii

JARANDILLA, FÁBIO LEAL


Cálculo das Derivadas Espaciais e
Temporal no Método dos Elementos de
Contorno aplicado à Equação Escalar da
Onda [Rio de Janeiro] 2005.
IX, 92 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,
M. Sc., Engenharia Civil, 2005).
Dissertação – Universidade Federal do
Rio de Janeiro, COPPE.
1. Cálculo das Derivadas Espaciais e
Temporal utilizando Variáveis Complexas
2. Método dos Elementos de Contorno
3. Equação Escalar da Onda
4. Problemas de potencial
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
iii

Aos meus pais,


Juan e Antônia.
E aos meus tios,
Vanderlei e
Genosita.
iv

AGRADECIMENTOS

Aos meus irmãos Dely e Gabriel cujo amor e carinho serviram como apoio para
a conclusão de mais uma etapa de minha vida.
Aos meus primos (e também irmãos, porque não?) Katiusha e Andrei pelo
companheirismo e pela amizade durante todos estes anos de convívio diário.
À minha namorada Priscila cuja paciência, compreensão e incentivo foram
fundamentais para o cumprimento desta jornada.
Aos meus avós Primitivo e Aida, João Antônio e Ercídia pelas lembranças,
ensinamentos e experiências de vida transmitidas. Vó Ercídia, essa conquista também é
sua, obrigado!
À toda minha família pelo apoio e incentivo.
Aos meus grandes amigos Alberto dos Santos, André Concatto, Antônio Maciel,
Cristiano Ventilari, Edson Geraldo, Fábio Wendell, Fábio Moreira, Gilvan de Souza,
Gilberto Martins, Júnio dos Reis, Kátia Kelly, Lucinha, Marcelo Eurípedes, Marco
Antônio, Samuel Francisco, Sandra Isabel e Sérgio de Lima. Uma conquista só é
grande quando é realizada ao lado de grandes amigos.
Ao professor Webe, pessoa e orientador admirável.
Aos amigos da COPPE e do LAMEC pelos conselhos, momentos de
descontração, discussões e debates. A troca de experiências é um ponto de partida para
o crescimento pessoal e profissional.
À todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho.
E, em especial, ao amigo e professor Carrer cujo exemplo de dedicação, amizade
e companheirismo ficará, certamente, registrado como grande lição de vida.
v

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.).

CÁLCULO DAS DERIVADAS ESPACIAIS E TEMPORAL NO MÉTODO DOS


ELEMENTOS DE CONTORNO APLICADO À EQUAÇÃO
ESCALAR DA ONDA

Fábio Leal Jarandilla

Setembro/2005

Orientadores: Webe João Mansur

José Antonio Marques Carrer

Programa: Engenharia Civil

O presente trabalho tem por objetivo apresentar um método alternativo para o

cálculo das derivadas espaciais e temporal da equação integral de contorno em

problemas transientes de potencial. Tais derivadas não serão mais calculadas através de

equações integrais apropriadas e sim, por intermédio de um procedimento alternativo

em variáveis complexas. A estabilidade dos resultados justifica o emprego de tal

artifício, conforme exemplos anexados ao trabalho.


vi

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.).

THE COMPLEX VARIABLE METHOD APPLIED TO THE COMPUTATION OF


SPACE AND TIME DERIVATIVES OF THE BEM INTEGRAL EQUATION FOR
INTERNAL POINTS

Fábio Leal Jarandilla

September/2005

Thesis Supervisor: Webe João Mansur

José Antonio Marques Carrer

Department: Civil Engineering

This work presents an alternative method for the computation of the derivatives

of the Boundary Integral Equation for potential transient problems. The derivatives are

computed numerically by the so-called complex variable method. The use of the

proposed technique is justified by the stability results presented at the end of this work.
vii

ÍNDICE

Pág.
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 01

1.1- Preliminares 01
1.2- Pesquisas Bibliográficas 02
1.3- Tópicos Desenvolvidos 04

CAPÍTULO 2 – A TÉCNICA DAS VARIÁVEIS COMPLEXAS 06

2.1- Introdução 06
2.2- A Técnica das Variáveis Complexas 07
2.3- Exemplos Preliminares 09
2.3.1- Exemplo 1 10
2.3.2- Exemplo 2 12
2.3.3- Exemplo 3 14

CAPÍTULO 3 – A EQUAÇÃO INTEGRAL DE CONTORNO PARA


PROBLEMAS TRANSIENTES DE POTENCIAL
GOVERNADOS PELA EQUAÇÃO ESCALAR DA
ONDA 17

3.1- Introdução 17
3.2- A Equação Escalar da Onda 18
3.3- Funções Delta de Dirac e Heaviside 20
3.4- A Solução Fundamental para Problemas de Potencial
Tridimensionais 23
3.5- Equação Integral para Problemas Tridimensionais 25
3.6- A Solução Fundamental para Problemas de Potencial
Bidimensionais 30
3.7- A Representação Integral de Volterra 33
viii

CAPÍTULO 4 – CÁLCULO DAS DERIVADAS ESPACIAIS E


TEMPORAL COM A TÉCNICA DAS VARIÁVEIS
COMPLEXAS 41

4.1- Introdução 41
4.2- Implementação Numérica da Equação Integral de Contorno
via Formulação Padrão 43
4.3- Implementação Numérica da Equação Integral de Contorno
Desenvolvida a partir do Método θ-Linear 54
4.4- As Derivadas da Equação Integral de Contorno 57
4.4.1- Derivada Espacial 57
4.4.2- Derivada Temporal 59
4.5- Exemplos Numéricos 60
4.5.1- Chapa Retangular 61
4.5.2- Cavidade Circular 70

CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA


TRABALHOS FUTUROS 78

5.1- Considerações Finais 78


5.2- Sugestões para Trabalhos Futuros 80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 81

APÊNDICE A – SOLUÇÃO FUNDAMENTAL BIDIMENSIONAL PARA


A EQUAÇÃO ESCALAR DA ONDA 84

APÊNDICE B – INTEGRAÇÃO AO LONGO DA CURVA DEFINIDA


PELO CONTORNO Γ 87
ix

APÊNDICE C – EXPRESSÕES ANALÍTICAS PARA AS DERIVADAS


ESPACIAIS E TEMPORAL DA EQUAÇÃO INTEGRAL
DE CONTORNO 90
1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1- Preliminares

A análise numérica tem se consolidado, cada vez mais, como uma ferramenta
capaz de auxiliar a ciência na compreensão dos fenômenos físicos e de suas
singularidades. O avanço tecnológico e o aperfeiçoamento das diversas técnicas de
modelagem proporcionaram o subsídio necessário para que uma considerável gama de
problemas físicos, dentro dos diversos campos da Engenharia, e das ciências em geral,
pudesse ser analisada de forma eficiente e consistente. Como conseqüência, a difusão
do emprego de procedimentos numéricos na resolução de problemas deixou de ser
apenas uma tendência e tornou-se uma realidade.

A opção por um determinado método encontra-se freqüentemente condicionada


à natureza do problema estudado. Neste trabalho optou-se pelo emprego do Método dos
Elementos de Contorno (MEC), devido a sua reconhecida eficiência e precisão quando
utilizado na solução de problemas dependentes do tempo. Acrescente-se a essa
justificativa a elegância da formulação apresentada.

Independentemente do tipo de problema em estudo, a formulação do MEC recai


sempre em uma equação integral. O estabelecimento da equação integral básica do
método depende do conhecimento prévio da denominada solução fundamental, que
nada mais é do que a função de Green do problema singular correlato ao analisado. A
solução fundamental pode ser interpretada, dentro das técnicas de resíduos ponderados,
como a função de ponderação para erros no domínio e no contorno do problema. Em
determinados problemas, perante a inexistência de fontes pontuais e de condições
iniciais, a análise numérica fica restrita à resolução de integrais no contorno. Tal
característica torna-se interessante, por exemplo, quando problemas com domínios
2

infinitos são analisados. Neste caso, como apenas o contorno necessita ser discretizado,
constata-se, facilmente, a eficiência do MEC frente a outras técnicas numéricas.

Para a solução numérica do problema, deve-se discretizar o contorno e o


domínio (quando necessário); a versão discretizada da equação integral básica, ou
equação integral de contorno, é então escrita para todos os nós do contorno, dando
origem a um sistema de equações algébricas. Para a solução do sistema, condições de
contorno naturais e essenciais são especificadas. Resolvido o problema no contorno,
parte-se para o cálculo das incógnitas no domínio. Estas são determinadas diretamente
através da soma das contribuições dos elementos do contorno discretizado: uma vez
definidas as incógnitas básicas do problema, qualquer variável característica do
fenômeno pode ser obtida (deformações, tensões, etc) concluindo, dessa forma, a
análise numérica do problema.

Dentro de um projeto de pesquisa, o ganho computacional, a acurácia e a


estabilidade dos resultados são algumas das características responsáveis pelo respaldo
de uma formulação para a análise de um determinado fenômeno. Tendo esses aspectos
em mente, este trabalho baseia-se num procedimento alternativo para o cálculo de
derivadas, no espaço e no tempo, da equação integral de contorno para problemas
transientes bidimensionais governados pela equação escalar da onda. Tais derivadas
não serão calculadas tal como apresentado por Carrer e Mansur [01], mas por
intermédio de uma aproximação por variáveis complexas, definida conforme
procedimento indicado em Lyness e Moler [02].

1.2- Pesquisas Bibliográficas

Serão descritos aqui, de maneira sucinta, os trabalhos que forneceram os


subsídios necessários à realização desta pesquisa.
3

Com respeito à linha de pesquisa da qual o presente trabalho faz parte (o


problema de potencial), é importante lembrar que os primeiros trabalhos foram
apresentados por Mansur e Brebbia [03].

Mansur [04] analisou problemas transientes de potencial regidos pela equação


escalar da onda e seu estudo tornou-se referência de várias pesquisas. A representação
integral de Volterra (equação integral de contorno para o problema bidimensional) foi
obtida a partir do Método dos Resíduos Ponderados e de soluções fundamentais para
domínios infinitos. Objetivando a implementação numérica do problema, as integrais no
tempo são calculadas analiticamente, após a regularização do integrando, e as integrais
espaciais são calculadas numericamente, com o emprego da quadratura Gaussiana.

Carrer e Mansur [01] publicaram um estudo onde o conceito de parte finita de


uma integral (PFI), introduzido inicialmente por Hadamard [05], foi empregado. Os
autores demonstraram a equivalência entre o emprego do conceito de parte finita de
integral e o processo de regularização descrito por Mansur [04] quando, como é usual
em formulações do MEC dependentes do tempo, a integração no tempo é calculada
analiticamente. Note-se ainda que expressões mais compactas são obtidas com o
emprego de PFI.

Yu, et al. [06] desenvolveram um estudo visando à estabilidade da formulação


padrão do MEC em problemas transientes governados pela equação escalar da onda. O
intervalo de tempo utilizado foi definido conforme procedimento baseado no método de
Wilson θ e os resultados obtidos mostraram-se tão ou mais estáveis do que os
apresentados pela formulação padrão.

Gao, Liu e Chen [07] realizaram uma análise de problemas com plasticidade
utilizando o MEC. As tensões internas foram calculadas de acordo com os conceitos
estabelecidos por Lyness e Moler [02], comprovando sua eficiência para o cálculo de
derivadas.

Soares, et al. [08] apresentaram o cáculo das componentes de tensão e de


velocidade em problemas de elastodinâmicos através de formulações desenvolvidas via
MEC. Neste trabalho, dois procedimentos foram utilizados: as equações integrais
4

apropriadas e a aproximação das derivadas por variáveis complexas. Os valores


numéricos obtidos, em ambos os casos, mostraram-se bastante consistentes.

Mansur e Carrer [09] apresentaram as expressões analíticas das derivadas


espaciais e temporais aplicando à representação integral de Volterra o conceito de PFI.
As expressões encontradas foram definidas de acordo com a posição da frente de onda e
foram apresentadas em sua forma completa, uma vez que as condições iniciais não
foram desprezadas. Funções de interpolação linear e constante, para o potencial e o
fluxo, respectivamente, foram empregadas durante a implementação numérica e os
resultados foram considerados satisfatórios.

1.3- Tópicos Desenvolvidos

A seguir, será feita uma descrição sucinta dos capítulos que constituem o
trabalho.

No capítulo dois, apresenta-se a Técnica das Variáveis Complexas (TVC). As


derivadas de uma dada função real f ( x ) são determinadas através do procedimento
desenvolvido por Lyness e Moler [02]. No final do capítulo, derivadas de funções
analíticas são calculadas numericamente e os resultados apresentados são comparados
com os fornecidos por soluções analíticas e pelo Método das Diferenças Finitas.

No capítulo três, problemas transientes bidimensionais de potencial são


descritos. A equação escalar da onda, que representa o fenômeno físico, é apresentada e
parâmetros utilizados posteriormente no desenvolvimento numérico da representação
integral de Volterra são definidos.

No capítulo quatro, apresenta-se a implementação numérica para a resolução da


equação integral de contorno. Também são apresentadas as expressões utilizadas para o
cálculo das derivadas espaciais e temporal, oriundas do desenvolvimento da equação
5

integral segundo a Formulação Padrão e o método de θ -linear. A fim de atestar o


emprego da Técnica de Variáveis Complexas, os resultados obtidos são comparados
com as soluções analíticas disponíveis e, na ausência destas, com os resultados
provenientes dos procedimentos numéricos mencionados.

No último capítulo, o de conclusões, além de comentários gerais também são


apresentadas sugestões para desenvolvimentos futuros.

Objetivando permitir maior clareza e compreensão do trabalho, três apêndices


também foram incluídos.
6

CAPÍTULO 2

A TÉCNICA DAS VARIÁVEIS COMPLEXAS

2.1- Introdução

O cálculo das derivadas de funções reais nem sempre se apresenta como um


problema de fácil solução. Freqüentemente, durante a determinação das expressões
analíticas das derivadas, torna-se necessário o emprego de artifícios matemáticos
complicados, ou mesmo rebuscados, tal como pode ser observado em Mansur e Carrer
[09].

De certa forma, a dificuldade no cálculo das derivadas está relacionada à


natureza das funções que as originam. Do mesmo modo, o estudo de funções cujas
derivadas apresentam singularidades torna-se mais trabalhoso quando pontos próximos
às descontinuidades são analisados.

Com o objetivo de solucionar os problemas descritos e facilitar a análise


numérica de um determinado problema, várias técnicas de diferenciação de funções
foram desenvolvidas e encontram-se, atualmente, disponíveis na literatura. A opção por
uma determinada técnica está relacionada à acurácia e estabilidade dos resultados e às
facilidades apresentadas durante a modelagem de um determinado fenômeno.

Neste trabalho, destaca-se o procedimento descrito por Lyness e Moler [02], que
consiste no desenvolvimento de uma formulação bastante simples para o cálculo de
derivadas de funções reais a partir do emprego de variáveis complexas. Este
procedimento tornou-se a base de desenvolvimento desta pesquisa e será denominado,
aqui, de Técnica das Variáveis Complexas (TVC).
7

Pretende-se apresentar, neste capítulo, uma explanação detalhada sobre os


procedimentos descritos na TVC, relatando as características e parâmetros decorrentes
do seu emprego. Este estudo é importante, pois fornece os fundamentos necessários
para o desenvolvimento descrito no capítulo quatro, onde os cálculos das derivadas
numéricas da equação integral do MEC, correspondente à equação escalar da onda são
determinados com o auxílio deste procedimento.

Objetivando atestar a acurácia da técnica, algumas funções reais são analisadas.


Esta análise é apresentada no final do capítulo e os resultados obtidos são comparados
aos resultados fornecidos por soluções analíticas e pelo Método das Diferenças Finitas
(MDF).

2.2- A Técnica das Variáveis Complexas

Lyness e Moler [02] tiveram a engenhosa idéia de substituir a variável real, de


uma função real f ( x ) , por uma variável complexa, x + ih . Este procedimento
originou uma função complexa f ( x + ih ) e introduziu ao problema um novo
parâmetro, h , interpretado como um intervalo suficientemente pequeno prescrito na
parte imaginária da variável.

A nova função complexa f ( x + ih ) pode ser expandida em série de Taylor


conforme apresentado a seguir:

df ( x ) h 2 d 2 f ( x ) h 3 d 3 f ( x ) h 4 d 4 f ( x )
f ( x + ih ) = f ( x ) + ih − −i + + ... (2.2.1)
dx 2 dx 2 6 dx 3 24 dx 4

Para o cálculo da derivada primeira da função real f ( x ) , o segundo termo do


lado direito da equação deve ser isolado:
8

df ( x ) h2 d 2 f ( x ) h3 d 3 f ( x ) h4 d 4 f ( x )
ih = f ( x + ih ) − f ( x ) + +i − + ... (2.2.2)
dx 2 dx 2 6 dx 3 24 dx 4

Dividindo ambos os lados da equação (2.2.2) pelo parâmetro h , encontra-se:

df ( x ) 1⎡ h2 d 2 f ( x ) h3 d 3 f ( x ) h4 d 4 f ( x ) ⎤
i = − ⎢ f ( x ) − f ( x + ih ) − 2
−i 3
+ 4
+ ...⎥
dx h⎣ 2 dx 6 dx 24 dx ⎦
(2.2.3)

Por hipótese, h é um número real pequeno. Esta característica permite que os


termos que apresentam tal variável em potências de ordem igual ou superior a dois
sejam desprezados. Logo, a equação (2.2.3) passa a ser expressa por:

df ( x ) f ( x ) f ( x + ih )
i =− + (2.2.4)
dx h h

Extraindo a parte imaginária dos termos de ambos os lados da expressão (2.2.4),


a equação que define o cálculo da derivada primeira da função real f ( x ) em função de
variáveis complexas é obtida. Essa equação é escrita como:

df ( x ) Im [ f ( x + ih )]
= (2.2.5)
dx h

onde o símbolo Im denota a parte imaginária da função f ( x + ih ) .

Analisando a expressão anterior, constata-se que o cálculo da derivada primeira,


tal como apresentado pela TVC, é bastante simples. Esta característica torna-se
importante e pode ser explorada com sucesso, principalmente quando o cálculo de
derivadas de funções reais mais complicadas, funções com singularidade, por exemplo,
torna-se necessário.

Diferentemente do que ocorre no MDF, na aproximação por variáveis


complexas, definida pela expressão (2.2.5), não existem operações algébricas
envolvendo dois ou mais valores da função; conseqüentemente, o cálculo de derivadas,
9

para um pequeno valor de h , torna-se viável. Esta característica é importante, uma vez
que aproxima os valores obtidos numericamente dos seus respectivos valores analíticos.

As derivadas de ordem superior podem ser obtidas sem maiores complicações.


O procedimento de cálculo é análogo ao apresentado anteriormente. Deste modo, a
expressão que define, por exemplo, a derivada de segunda ordem da função real f ( x )
é dada por:

d 2 f ( x ) 2 [ f ( x ) − Re [ f ( x + ih )] ]
= (2.2.6)
dx 2 h2

onde o símbolo Re denota a parte real da função f ( x + ih ) .

Diferentemente do que ocorre na equação (2.2.5), a expressão (2.2.6) apresenta


operações algébricas entre funções. Esta característica influencia diretamente os valores
numéricos das derivadas. Para uma dada função real f ( x ) os resultados numéricos
provenientes do cálculo da derivada segunda apresentam-se menos precisos que os
resultados obtidos com o emprego da derivada primeira.

É importante ressaltar que os cálculos de derivadas de segunda ordem e/ou de


ordem superior não fazem parte do escopo deste trabalho. No próximo item, no entanto,
objetivando ressaltar as características e particularidades da TVC, resultados
decorrentes do cálculo de derivadas segundas são apresentados juntamente com as
análises numéricas desenvolvidas para as derivadas de primeira ordem.

2.3- Exemplos Preliminares

A seguir, exemplos que atestam a aplicabilidade do cálculo das derivadas,


através de uma aproximação de variáveis complexas, são apresentados. As soluções
10

analíticas e o MDF são utilizados para verificação da acurácia e, portanto, da


viabilidade de utilização em problemas mais complexos, da formulação empregada.

2.3.1- Exemplo 1

A fim de analisar a TVC como ferramenta de cálculo da derivada primeira de


uma função real f ( x ) , o esforço cortante em uma viga biapoiada, submetida a um
carregamento uniformemente distribuído (ver figura 2.3.1), deve ser determinado neste
exemplo.

2kN/m

8m

Figura 2.3.1 - Viga biapoiada sujeita a uma carga uniformemente distribuída.

Tendo em vista a solicitação externa imposta e as características geométricas do


problema, a expressão que define o momento fletor atuante no elemento estrutural
analisado é dada por:

f (x ) = M (x ) = 8 x − x 2 (2.3.1)

Como a derivada primeira do momento fletor M ( x ) corresponde ao cortante


R ( x ) da viga, a expressão analítica desta derivada é definida como:

d M (x )
R (x ) = = 8 − 2x (2.3.2)
dx
11

A derivada de primeira ordem da função M ( x ) também pode ser calculada


através da aproximação por variáveis complexas explicitada no item 2.2:

=
[
dM ( x ) Im 8( x + ih ) − ( x + ih )
2
] (2.3.3)
dx h

Conforme apresentado na figura 2.3.2, os valores numéricos obtidos na


expressão anterior foram comparados graficamente à solução analítica da derivada.
Durante este cálculo, o intervalo h utilizado é definido por um número real que se
aproxima da ordem de precisão da máquina ( h = 10 −25 ).

10

8
TVC para h = 1.0E-25
6
ANALÍTICA
4
R(x) = dM(x)/dx

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
-2

-4

-6

-8

-10
x

Figura 2.3.2 - Derivada primeira da função M ( x ) .

A simplicidade da função real f ( x ) apresentada em (2.3.1) se traduz, dentro da


TVC, na própria expressão analítica para o cálculo da derivada primeira, apresentada
em (2.3.2).
12

Mesmo que os valores numéricos fornecidos pela TVC tenham sido


considerados satisfatórios, existe ainda a necessidade de se verificar o emprego da
técnica em situações nas quais as funções reais apresentem algum grau de
complexidade. O próximo exemplo atende a este objetivo, uma vez que uma função
que apresenta singularidade é analisada.

2.3.2- Exemplo 2

Neste exemplo, a aplicabilidade da TVC para o cálculo das derivadas numéricas


de uma função singular é verificada. A partir da variação do parâmetro h , valores
numéricos das derivadas de primeira ordem são obtidos em um ponto próximo à
descontinuidade.

A seguinte função singular f ( x ) é analisada:

f (x ) =
1
(2.3.4)
(1 − x )2

A expressão analítica da derivada primeira é:

df ( x ) 2
= (2.3.5)
dx (1 − x )3

Conforme discutido anteriormente, a derivada numérica da função f ( x )


também pode ser obtida através da aproximação por variáveis complexas descrita
abaixo:

df ( x ) 1 ⎡ 1 ⎤
= Im ⎢ 2 ⎥
(2.3.6)
dx h ⎣ (1 − ( x + ih )) ⎦

A formulação convencional de diferenças finitas centrais é empregada a fim de


se obter uma referência numérica para o cálculo da derivada:
13

df ( x ) f ( x + h ) − f ( x − h )
= (2.3.7)
dx 2h

A influência da escolha do intervalo h é avaliada através dos resultados


fornecidos pela formulação de variáveis complexas (equação (2.3.6)) e pela formulação
em diferenças finitas (equação (2.3.7)). As derivadas foram calculadas no ponto
x = 1.001 ; portanto, próximo ao ponto x = 1.000 , onde ocorre a singularidade. O valor
d f (0.001)
analítico da derivada para esta situação é: = − 2.0 x10 9 .
dx

A tabela 2.3.1 fornece os valores numéricos das derivadas para diferentes


valores de h .

Tabela 2.3.1 - Valores numéricos da derivada primeira da função f ( x )

Intervalo h TVC MDF


1.0000000E-004 -1.960320848E+09 -2.040608101E+09
1.0000000E-005 -1.999319748E+09 -2.000400060E+09
1.0000000E-006 -1.999715641E+09 -2.000003999E+09
1.0000000E-007 -1.999719629E+09 -2.000000041E+09
1.0000000E-008 -1.999719633E+09 -1.999999988E+09
1.0000000E-010 -1.999719672E+09 -2.000000164E+09
1.0000000E-012 -1.999719637E+09 -2.000177861E+09
1.0000000E-014 -1.999719610E+09 -1.998408697E+09
1.0000000E-016 -1.999719679E+09 0.0000000E+000
1.0000000E-017 -1.999719613E+09 0.0000000E+000
1.0000000E-025 -1.999719685E+09 0.0000000E+000
1.0000000E-035 -1.999719681E+09 0.0000000E+000

Observando a tabela 2.3.1, verifica-se que o MDF fornece resultados


satisfatórios até o intervalo h = 10 −14 . No entanto, seus resultados tornam-se imprecisos

para valores menores do que h = 10 −14 .


14

A TVC, por sua vez, fornece bons resultados mesmo em intervalos definidos
com a mesma ordem de grandeza que a precisão da máquina ( h = 10 −35 ). Esta
característica ressalta a estabilidade da técnica bem como sua validade para o cálculo de
derivadas de funções reais que apresentam singularidade.

2.3.3- Exemplo 3

Neste exemplo, a derivada segunda de uma função real singular f ( x ) é


calculada em um ponto próximo à descontinuidade mediante a variação do parâmetro
h . Os valores numéricos para a derivada de segunda ordem são comparados aos
valores obtidos pelo MDF.

A seguir, apresenta-se a função singular f ( x ) analisada durante o processo:

f (x ) =
1
(2.3.8)
x

onde a derivada primeira é definida por:

df ( x ) 1
=− 2 (2.3.9)
dx x

A expressão analítica que define a derivada de segunda ordem da função


apresentada é dada por:

d 2 f (x ) 2
= 3 (2.3.10)
dx 2 x

Conforme explicitado no item 2.2, tem-se:


15

d 2 f (x ) 2 ⎡1 ⎛ 1 ⎞⎤
= 2 ⎢ − Re ⎜⎜ ⎟⎟⎥ (2.3.11)
dx 2 h ⎣x ⎝ x + ih ⎠⎦

A derivada segunda, definida a partir da formulação convencional de diferenças


finitas centrais, é dada por:

d 2 f (x ) 1 ⎛ 1 1 ⎞
= ⎜⎜ − + ⎟
⎟ (2.3.12)
dx 2
2 h ⎝ ( x + h ) ( x − h )2
2

Os valores numéricos da derivada segunda são calculados no ponto x = 0.001 .


Este ponto é vizinho ao ponto de singularidade da função f ( x ) . O valor exato da
d f (0.001)
derivada para esta situação é: = 2.0 x10 9 .
dx

A tabela 2.3.2 apresenta os valores numéricos das derivadas para diferentes


valores de h .

Tabela 2.3.2 - Valores numéricos da derivada segunda da função f ( x )

Intervalo h TVC MDF


1.0000000E-004 1.980207139E+009 2.000400060E+009
1.0000000E-005 2.000749583E+009 2.000400060E+009
1.0000000E-006 2.094992602E+009 2.000004000E+009
1.0000000E-021 9.499489806E+035 0.0000000E+000

Através de uma simples análise da tabela anterior conclui-se que, diferentemente


do que ocorre nas derivadas primeiras, a TVC mostrou-se pouco eficiente para o cálculo
das derivadas segundas, pelo menos para o exemplo estudado. Esta característica limita
o cálculo da derivada segunda a valores de intervalo da ordem de 10 −5 .

Mesmo que o cálculo de derivadas segundas não constitua o foco principal deste
trabalho (apenas derivadas primeiras da equação integral de contorno serão calculadas),
16

entende-se que este tipo de estudo é importante, uma vez que esclarece as
particularidades da ferramenta de cálculo utilizada, além de demonstrar a estabilidade
dos resultados obtidos com o seu emprego, durante a variação do parâmetro h .
17

CAPÍTULO 3

A EQUAÇÃO INTEGRAL DE CONTORNO PARA PROBLEMAS


TRANSIENTES DE POTENCIAL GOVERNADOS PELA
EQUAÇÃO ESCALAR DA ONDA

3.1- Introdução

Nas ciências, de uma maneira geral, e nas engenharias, em particular, é de


grande importância a representação, ou modelagem, dos problemas físicos por meio de
equações diferenciais e, tão importante quanto o estabelecimento das equações
diferenciais é a sua solução. Devido à complexidade das equações, nem sempre a
solução analítica do problema analisado é fácil de ser determinada. Neste caso, a
atenção é voltada para a resolução numérica das equações (tal ênfase recebeu grande
impulso com o desenvolvimento dos computadores), o que possibilita a análise de
diversos fenômenos físicos, de grande valia para o desenvolvimento da ciência.

Dentro deste contexto, atenção especial é dedicada ao estudo da equação escalar


da onda. Esta, em virtude de suas características, proporciona uma análise precisa de
diversos problemas existentes na engenharia, tais como: movimentos transversais de
cordas, movimentos longitudinais de barras, movimentos transversais de membranas,
etc. Neste sentido, os problemas de potencial bidimensionais, regidos pela equação
escalar da onda, tornam-se objeto de estudo deste capítulo.

Durante o desenvolvimento do capítulo, apresenta-se também o estudo do


problema de potencial tridimensional onde a equação diferencial (equação escalar da
onda) é reduzida a uma equação integral através de uma sentença em resíduos
ponderados e do emprego de uma solução fundamental. Esta, aliás, nada mais é do que
a solução de Green do problema correlato ao estudado e pode ser interpretada como
18

sendo o efeito decorrente da aplicação de um impulso unitário no ponto fonte ξ , para o


instante t = τ . Tal solução é empregada para a ponderação de erros no domínio e no
contorno do problema. Durante esta etapa, a função Delta de Dirac, presente na solução
fundamental, é essencial para o desenvolvimento matemático apresentado.

De acordo com Mansur [04], o problema bidimensional é formulado a partir do


método da Descendência, ou seja, a solução fundamental do problema 2D é proveniente
da integração da solução fundamental do problema 3D em relação a uma das três
direções (representada, neste trabalho, pelo eixo coordenado X 3 ). Uma vez obtida a

solução fundamental do problema bidimensional parte-se para o objetivo final deste


capítulo, o desenvolvimento matemático que origina a representação integral de
Volterra.

Deve-se destacar a importância dos trabalhos realizados por Mansur e Brebbia


[03] e Mansur [04], devido ao seu pioneirismo. O desenvolvimento teórico realizado
neste capítulo baseou-se nos referidos trabalhos científicos.

3.2- A Equação Escalar da Onda

O problema de potencial é apresentado esquematicamente na figura 3.2.1. O


problema é constituído por um domínio Ω , homogêneo e isotrópico, e por um contorno
regular Γ . Este, por sua vez, é dividido em Γ 1 e Γ2 , conforme as condições de
contorno prescritas. O sistema de coordenadas adotado é o sistema de coordenadas
cartesianas.
19

X2 Γ = Γ1 + Γ2

Γ2

Γ1
X1

X3

Figura 3.2.1 – Descrição do problema

A equação escalar da onda, para o problema de potencial proposto, é apresentada


a seguir:

1 ∂ 2u
∇ 2u − =−γ (3.2.1)
c 2 ∂t 2

onde u é o potencial, c é a velocidade de propagação da onda, ∇ 2 é o operador


laplaciano e γ é a função, dependente do espaço e do tempo, que descreve a
distribuição das densidades de fontes no domínio.

Uma solução particular da equação (3.2.1) é obtida a partir das condições iniciais

⎧ ∂u ( x ,0 )
⎪ = v0 (x )
⎨ ∂t em Ω , no instante t = 0 (3.2.2)
⎪⎩u ( x ,0 ) = u0 ( x )

e das condições de contorno do problema:


20

u = u , em Γ 1
(3.2.3)
∂u
p = u,i ni = = p , em Γ 2
∂n

r
onde ni é a componente segundo X i do vetor unitário n , normal ao contorno Γ e

du
dirigido para fora do domínio, e p é uma derivada direcional do potencial ( ),
dn
denominada fluxo.

Na segunda expressão de (3.2.3), a derivada direcional do potencial é


representada com o emprego da notação indicial.

3.3- Funções Delta de Dirac e Heaviside

Para a obtenção das funções de Green, denominadas soluções fundamentais na


literatura relativa ao MEC, são empregadas funções Delta de Dirac (figura 3.3.1). Neste
sentido, o conhecimento das características e particularidades desta é ponto-chave para
o desenvolvimento das formulações do MEC.

Inicialmente, a função Delta de Dirac para problemas unidimensionais é


apresentada:

δ (ξ , x ) = 0 , em x ≠ ξ
(3.3.1)
+∞
∫ δ (ξ , x ) f ( x ) dx = f (ξ )
−∞
21

δ(ξ,X) +∞

X
ξ

Figura 3.3.1 - Função Delta de Dirac

As expressões que definem o comportamento da derivada da função Delta de


Dirac são apresentadas a seguir:

δ n (ξ , x ) = 0 , em x ≠ ξ
(3.3.2)
+∞
∫ δ n (ξ , x ) f ( x ) dx = (− 1)n f n (ξ )
−∞

∂ n δ (ξ , x ) ∂ n f (x )
onde δ n (ξ , x ) e f n (ξ ) são derivadas de ordem n dadas por e ,
∂x n ∂x n x =ξ

respectivamente.

A definição da função Delta de Dirac pode ser facilmente extrapolada para os


domínios bi e tridimensionais. Neste sentido, tem-se:

δ (ξ , x ) = 0 , em x ≠ ξ
(3.3.3)

∫ Ω δ (ξ , x ) f (x )dΩ = f (ξ )
22

onde ξ e x são chamados, respectivamente, de pontos fonte e campo, e pertencem ao


domínio Ω .

Em problemas bidimensionais, como se verá adiante, as funções de Green,


correspondentes à equação (3.2.1), empregam a função Heaviside (ver figura 3.3.3)
definida como:

H (ξ , x ) = 0 , se x < ξ
(3.3.4)
H (ξ , x ) = 1 , se x > ξ

Η(ξ,X)

X
ξ

Figura 3.3.3 - Função Heaviside

A expressão que define a relação entre as funções Delta de Dirac e Heaviside é


apresentada a seguir:

d H (ξ , x )
= δ (ξ , x ) (3.3.5)
dx

Outras propriedades das funções apresentadas são utilizadas no desenvolvimento


deste trabalho. Uma completa discussão sobre assunto encontra-se disponível em Jones
[10] e Lighthill [11].
23

3.4- A Solução Fundamental para Problemas de Potencial

Tridimensionais

O MEC vincula a solução de um determinado problema ao conhecimento prévio


de uma solução fundamental que pode ser interpretada, dentro das técnicas de resíduos
ponderados, como uma função de ponderação para erros no domínio e no contorno do
problema. Deste modo, a solução da equação (3.2.1) para um domínio infinito, onde
atua uma fonte concentrada definida por

γ = 4π δ (ξ , x )δ (t − τ ) (3.4.1)

é a solução fundamental do problema tridimensional.

Em (3.4.1) τ é o instante de tempo em que a fonte (impulso) é aplicada.

Reescrevendo a equação (3.2.1) a partir das considerações mencionadas, tem-se:

1 ∂ 2u*
∇ 2u* − = − 4π δ (ξ , x )δ (τ ,t ) (3.4.2)
c 2 ∂t 2

onde u * é a solução fundamental, que corresponde ao efeito de um impulso unitário


aplicado no ponto x = ξ , no instante t = τ .

De acordo com [12] e [13], a solução da equação (3.4.2), solução do problema


tridimensional para um domínio infinito, é dada por:

⎡r ⎤
δ ⎢ − (t − τ )⎥
u * (x ,t ;ξ ,τ ) = ⎣ ⎦ = c δ [r − c(t − τ )]
c
(3.4.3)
r r
24

r r
onde r = x − ξ é a distância entre o ponto campo x e o ponto fonte ξ , sendo o vetor
r r
x − ξ definido conforme figura 3.4.1.

X2
Γ

ξ r r Ω
x −ξ
x
r
ξ
r
x

X1

X3

r r
Figura 3.4.1 - Vetor x − ξ

A solução fundamental u * apresenta, ainda, as seguintes propriedades:

r r
1- Causalidade: u * ( x ,t ;ξ ,τ ) = 0 , quando c (t − τ ) < x − ξ ; (3.4.4)

2- Reciprocidade: u * ( x ,t ;ξ ,τ ) = u * (ξ ,−τ ; x ,−t ) ; (3.4.5)

3- Translação temporal: u * ( x ,t + t 1 ;ξ ,τ + t 1 ) = u * ( x ,t ;ξ ,τ ) ; (3.4.6)


25

3.5- Equação Integral para Problemas Tridimensionais

Os procedimentos iniciais que irão originar a representação integral de Kirchhoff


(equação integral de contorno para problemas tridimensionais), a partir de uma equação
diferencial (equação escalar da onda), são apresentados, resumidamente, neste item.

Utilizando a equação (3.2.1) e reescrevendo-a para um instante de tempo t = τ , a


seguinte equação diferencial é obtida:

1 ∂ 2 u ( x ,τ )
∇ u ( x ,τ ) − 2
2
= − γ ( x ,τ ) (3.5.1)
c ∂τ 2

O mesmo procedimento pode ser aplicado junto à equação (3.4.2); logo:

1 ∂u * ( x ,t ;ξ ,τ )
∇ 2 u * (x ,t ;ξ ,τ ) − = − 4π δ (ξ , x )δ (τ ,t ) (3.5.2)
c2 ∂τ 2

Visando a determinação da representação integral de Kirchhoff, torna-se


necessário admitir a existência de duas distribuições de potencial, u e u * , que
satisfazem, respectivamente, as equações (3.5.1) e (3.5.2). A figura 3.5.1 apresenta as
regiões Ω + Γ e Ω * + Γ * onde os potenciais são distribuídos. Por hipótese, admite-se
que a região Ω + Γ está totalmente contida na região Ω * + Γ * e que as mesmas
propriedades físicas são compartilhadas por estes dois conjuntos.

Como a solução fundamental apresentada no item anterior está vinculada a um


domínio infinito Ω * , deve-se garantir que as condições de radiação e de regularidade,
equações (3.5.3) e (3.5.4), respectivamente, sejam atendidas. Cabe ressaltar que
procedimento similar ao descrito deve ser empregado quando a solução fundamental
não estiver particularizada a domínios infinitos (vide referências [14], [15] e [16]).
26

X2

Γ Γ∗
Ω Ω∗

X1

X3

Figura 3.5.1 - Região Ω * + Γ * que contém Ω + Γ

⎛ ∂u* 1 ∂u* ⎞
limr → ∞ r ⎜⎜ + ⎟⎟ = 0 (3.5.3)
⎝ ∂r c ∂t ⎠

lim r →∞ u * = 0 (3.5.4)

Conforme indicado em [17], [18] e [19], os erros de aproximação numérica


devem ser ponderados no domínio e no contorno do problema. Tal procedimento
origina a seguinte sentença de resíduos ponderados:

t+ ⎛ 2 1 ∂ 2u ⎞ t+ t+
∫ ∫Ω ⎜⎜ ∇ u − 2 2 + γ ⎟⎟ u* dΩdτ = ∫ ∫ ( p − p )u* dΓdτ − ∫ ∫ (u − u ) p* dΓdτ
0
⎝ c ∂τ ⎠ 0 Γ2 0 Γ1

(3.5.5)

∂u *
onde p* = e t + = t + ε , sendo ε um número real arbitrariamente pequeno (este
∂n
procedimento impede que o limite superior de integração coincida com o valor “de
pico”da função Delta de Dirac).
27

Os procedimentos que serão empregados para a determinação da representação


integral de Kirchhoff, a partir da equação integral definida em (3.5.5) oriunda da
equação escalar da onda, baseiam-se no trabalho de Mansur [04]. Deste modo, a
integral espacial que contém o operador laplaciano ∇ 2 na equação (3.5.5) pode ser
desenvolvida empregando-se a seguinte relação:

∫Ω (∇ u )u (
dΩ = ∫ u , j u * ) (
dΩ − ∫ u u *, j ) dΩ + ∫ u u *, jj dΩ
2 *
(3.5.6)
Ω ,j Ω ,j Ω

As formulações desenvolvidas pelo MEC são caracterizadas pelo


desenvolvimento de integrais de contorno envolvendo as incógnitas do problema. Neste
sentido, o teorema da Divergência

∫Ω f j,j dΩ = ∫ f j n j dΓ
Γ
(3.5.7)

desempenha um importante papel, pois estabelece relação entre as integrais de domínio


e de contorno do problema, permitindo que as primeiras sejam substituídas pelas
segundas.

Aplicando o teorema da Divergência aos dois primeiros termos do lado direito


da equação (3.5.6), tem-se:

∫Ω (∇ u )u dΩ = ∫ u * u , j n j dΓ − ∫ u u *, j n j dΓ + ∫ u u *, jj dΩ
2 *
(3.5.8)
Γ Γ Ω

Ou então, conforme expressão (3.2.3):

∫Ω (∇ u )u dΩ = ∫ u * p dΓ − ∫ up* dΓ + ∫ u ∇ 2 u * dΩ ( )
2 *
(3.5.9)
Γ Γ Ω

∂ 2u
Por sua vez, a integral no tempo que contém , na expressão (3.5.5), pode ser
∂τ 2
desenvolvida através de uma dupla integração por partes. Assim, escreve-se:
28

1 ⎡⎛ ∂u * ⎞ ⎤
+
t
t+ ⎛ 1 ∂ 2u ⎞ * t + ∂u ∂u
*

∫0
⎜⎜ 2
⎝ c ∂τ

2 ⎟

u dτ = 2 ⎜ u ⎟ − ∫
c

⎢⎝ ∂τ ⎠ 0 ∂τ ∂τ
dτ ⎥

(3.5.10)
⎣ 0 ⎦

E, finalmente:

⎡ ⎤
+
t+ t
t+ ⎛ 1 ∂ 2u ⎞ * 1 ⎢⎜ u * ⎟ − ⎛⎜ ∂u
⎛ ∂u ⎞
*
⎞ t+ ∂ 2 u* ⎥
∫0
⎜⎜ 2
⎝ c ∂τ ⎠
⎟ u dτ = 2
2 ⎟
c ⎢⎝ ∂τ ⎠ 0 ⎜⎝ ∂τ
u ⎟⎟ + ∫ u
⎠0 0 ∂τ 2


(3.5.11)
⎣ ⎦

Substituindo as expressões (3.5.9) e (3.5.11) em (3.5.5), encontra-se:

t+ t+ t+
∫ ∫Ω u ∇ 2 u * dΩdτ + ∫ ∫Γ p u * dΓ dτ − ∫ ∫Γ p u dΓ dτ
*
0 0 0

⎡ t+ t+ ⎤
1 ⎢⎛ ∂u ⎞ ⎛ ∂u * ⎞ t+ ∂ 2u* ⎥ t+
− 2 ∫ ⎜ u ⎟ − ⎜⎜
*
u⎟ + ∫ u
⎟ d τ d Ω + ∫ ∫ γ u * dΩdτ
c Ω ⎢⎝ ∂τ ⎠ 0 ⎝ ∂τ ⎠0 0 ∂τ 2
⎥ 0 Ω
⎣ ⎦
t+ t+
=∫ ∫Γ ( p − p )u dΓdτ − ∫0 ∫Γ (u − u ) p dΓdτ
* *
0 2 1

(3.5.12)

A fim de simplificar a expressão anterior, p pode ser substituído por p e u por


u , em Γ 2 e Γ 1 , respectivamente. Logo, através de manipulações algébricas, a
expressão (3.5.12) pode ser reescrita como:

⎛ 2 * 1 ∂ 2 u* ⎞

t+
∫Ω ⎜⎜⎝ ∇ u − c 2 ∂τ 2
t+
( t+
⎟⎟ u dΩdτ + ∫ ∫ p u * − p * u dΓdτ + ∫ ∫ u * γ dΩdτ
Γ Ω
)
0 ⎠ 0 0

t+
1 ⎡⎛ ∂u * ⎞ ⎛ ∂u ⎞⎤
+ 2 ∫ ⎢⎜⎜ u ⎟⎟ − ⎜ u * ⎟⎥ dΩ = 0
c Ω ⎣⎝ ∂τ ⎠ ⎝ ∂τ ⎠⎦ 0
(3.5.13)

Tendo em vista a expressão (3.5.2) e a propriedade da causalidade


29

τ =t + τ =t +
⎛ ∂u * ⎞ ⎛ ∂u ⎞
⎜⎜ u ⎟⎟ = ⎜ u* ⎟ =0 (3.5.14)
⎝ ∂τ ⎠ ⎝ ∂τ ⎠

a equação (3.5.13) pode ser escrita como:

∫ (p u )
t+ t+ t+
−∫ ∫Ω 4π δ (ξ , x )δ (τ ,t )u dΩdτ + ∫ *
− p * u dΓ dτ + ∫ ∫Ω u γ dΩdτ
*
0 0 Γ 0

∫Ω (v u )
1
− *
0 0 − v0 u0* dΩ = 0
c2
(3.5.15)

∂u *
onde u = u * *
ev = *
.
∂τ
0 τ =0 0
τ =0

Aplicando as propriedades da função Delta de Dirac ao primeiro termo do lado


esquerdo da equação (3.5.15), a seguinte equação integral é obtida:

t+ t+
4π u (ξ ,t ) = ∫ ∫Γ p( X ,τ )u * ( X ,t ;ξ ,τ ) dΓ ( X ) dτ − ∫ ∫Γ p ( X ,t ;ξ ,τ )u( X ,τ ) dΓ ( X ) dτ
*
0 0

∫Ω v (x ,t ;ξ )u (x ) dΩ (x ) + c ∫Ω u (x ,t ;ξ )v (x ) dΩ (x )
1 1
− *
0 0
*
0 0
c2 2

t+
+∫ ∫Ω u (x ,t ;ξ ,τ )γ (x ,τ ) dΩ (x )dτ
*
0

(3.5.16)

A partir da equação (3.5.16), pode-se obter a equação integral de Kirchhoff, que


constitui a base do MEC para problemas de propagação de ondas escalares em três
dimensões. Para tanto, inicialmente substitui-se a expressão da solução fundamental
(3.4.3) e a de sua derivada em relação à direção normal em (3.5.16) e, em seguida,
encontra-se uma forma limite para essa equação, na qual o ponto fonte pertença ao
contorno. O leitor deve reportar-se a Mansur [04] para maiores detalhes relativos à
representação integral de Kirchhoff. Neste trabalho pretende-se, a partir da equação
(3.5.16), obter a equação integral para problemas 2D.
30

3.6- A Solução Fundamental para Problemas de Potencial

Bidimensionais

O problema bidimensional pode ser considerado um caso particular do problema


tridimensional, onde o potencial u é função de apenas duas coordenadas retangulares,
conforme apresentado a seguir:

u ( x.t ) = u (x1 , x 2 ,t ) (3.6.1)

Esta característica pode ser atribuída para a derivada direcional do potencial p ,


para a densidade da fonte γ e para as condições iniciais do problema u0 e v0 . Neste

caso, as grandezas mencionadas também independem da coordenada retangular x3 .

O domínio Ω e o contorno Γ originam-se, por sua vez, da interseção de um


cilindro infinito, com eixo paralelo ao eixo coordenado X 3 , com o plano formado pelos

eixos coordenados X 1 e X 2 (ver figura 3.6.1).

X2

−∞

.
α
S

Γ2D
Ω2D

X1

+∞
X3

Figura 3.6.1 – Definição do problema bidimensional


31

Note-se que a solução fundamental do problema 2D pode ser obtida a partir da


solução fundamental do problema 3D. Neste caso, o primeiro termo do lado direito da
equação (3.5.16) deve ser redefinido como:

t+ t+ +∞ t+
∫ ∫Γ
0 3D
p u *3 D dΓ 3 D dτ = ∫
0 ∫Γ 2D
p ∫ u *3 D dξ 3 d Γ 2 D dτ = ∫
−∞ 0 ∫Γ 2D
p u *2 D dΓ 2 D dτ (3.6.2)

onde u *2 D é a solução fundamental do problema bidimensional e dξ 3 é um infinitesimal

do ponto fonte ξ em relação ao eixo coordenado X 3 .

Transformações similares à apresentada podem ser utilizadas junto às demais


integrais da equação (3.5.16). Deste modo, para um ponto fonte ξ pertencente ao
domínio Ω , uma equação integral, similar à equação (3.5.16), é obtida. Seguindo o
procedimento habitual do MEC, trata-se, depois, de encontrar uma forma limite dessa
equação, forma essa na qual o ponto fonte ξ pertence ao contorno Γ = Γ 2 D . Assim, a
seguinte equação integral é obtida (para maiores detalhes, ver Mansur [04]):

t+
4π c(ξ )u (ξ ,t ) = ∫ ∫Γ p( X ,τ )u ( X ,t ;ξ ,τ ) dΓ ( X ) dτ
*
0

t+
−∫ ∫Γ p ( X ,t ;ξ ,τ )u( X ,τ ) dΓ ( X ) dτ
*
0

∫Ω v (x ,t ;ξ )u (x ) dΩ (x ) + c ∫Ω u (x ,t ;ξ ) v (x ) dΩ (x )
1 1
− *
0 0
*
0 0
c2 2

t+
+∫ ∫Ω u (x ,t ;ξ ,τ )γ (x ,τ ) dΩ (x )dτ
*
0

(3.6.3)

onde:

+∞
u * = u *2 D = ∫ u *3 D dξ 3 (3.6.4)
−∞

∂ *
p* = p*2 D = ∫
+∞

−∞
p*3 D dξ 3 =
∂n
u2D( ) (3.6.5)
32

u 0* = u 02
*
D = u2D
*
(3.6.6)
τ =0

∂u *2 D
v0* = v02
*
D = (3.6.7)
∂τ τ =0

Note-se, na equação (3.6.3), a presença do coeficiente c(ξ ) , calculado como:

α
c(ξ ) = (3.6.8)

onde α é o ângulo apresentado na figura 3.6.1.

Da definição segue que, para contornos suaves, c(ξ ) = ½. A equação integral


para pontos internos é obtida considerando c(ξ ) = 1 na equação (3.6.3).

Substituindo a equação (3.4.3) na expressão (3.6.4) e aplicando o


desenvolvimento matemático descrito no apêndice A, tem-se a solução fundamental de
problemas bidimensionais:

u * ( x ,t ;ξ ,τ ) = H [c(t − τ ) − r ]
2c
(3.6.9)
(
c2 t −τ 2 − r 2 )

A partir das equações (3.6.9) e (3.6.3) dá-se início à formulação que origina a
representação integral de Volterra. Este procedimento é apresentado no item 3.7 a
seguir.
33

3.7- A Representação Integral de Volterra

O objeto de estudo deste item é o desenvolvimento matemático da representação


integral de Volterra.

De modo a atender tal objetivo, o segundo termo do lado direito da equação


(3.6.3) deve ser desenvolvido a fim de que a derivada espacial da função Heaviside, que
aparece no cálculo de p* , seja eliminada. Logo, tem-se:

t+ t+ ∂u * t+ ∂u * ∂r
∫ ∫Γ
0
p* u dΓ dτ = ∫
0 ∫Γ ∂n
u dΓ dτ = ∫ ∫
0 Γ ∂r ∂n
u dΓ dτ (3.7.1)

Substituindo a solução fundamental, definida pela equação (3.6.9), na expressão


(3.7.1), obtém-se:

t+ ∂u * ∂r t+ ∂ ⎡ ⎤ ∂r
H [c(t − τ ) − r ]⎥ u dτ dΓ
2c
∫Γ ∫ 0 ∂r ∂n
u dτ dΓ = ∫ ∫
Γ 0 ∂r

⎢⎣ c 2 (t − τ )2 − r 2 ⎥⎦ ∂n
(3.7.2)

onde a derivada apresentada é dada por:

∂ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
H [c(t − τ ) − r ]⎥ = ⎢ ⎥ H [c(t − τ ) − r ]
2c 2cr

∂r ⎢ c 2 (t − τ )2 − r 2
⎣ ⎥⎦ ⎢
⎣ (c 2
(t − τ )2 − r 2 )
3 ⎥


+
2c
[H [c(t − τ ) − r ] ]
c 2 (t − τ ) − r 2 ∂r
2

(3.7.3)

Desenvolvendo a derivada da função Heaviside (equação (3.7.3)), a partir da


relação definida em (3.3.5), tem-se:


[H [c(t − τ ) − r ] ]= ∂ [1 − H [r − c(t − τ )] ]= − δ [r − c(t − τ )] (3.7.4)
∂r ∂r
34

Substituindo a expressão (3.7.4) na equação (3.7.3), encontra-se:

∂ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
H [c(t − τ ) − r ]⎥ = ⎢ ⎥ H [c(t − τ ) − r ]
2c 2cr

∂r ⎢ c 2 (t − τ )2 − r 2
⎣ ⎥⎦ ⎢
⎣ (c 2
(t − τ )2 − r 2 )
3 ⎥

δ [r − c(t − τ )]
2c

c 2 (t − τ ) − r 2
2

(3.7.5)

E substituindo a equação (3.7.5) em (3.7.2), obtém-se:

t+ t+ ∂u * ∂r
∫ ∫Γ
0
p* u dΓ dτ = ∫
Γ ∫ 0 ∂r ∂n
u dτ dΓ

t+ ∂ ⎡ ⎤ ∂r
H [c(t − τ ) − r ]⎥ u dτ dΓ
2c
=∫ ∫ ⎢
Γ 0 ∂r ⎢ c 2 (t − τ )2 − r 2 ⎥ ∂n
⎣ ⎦

⎧ ⎫
t+ ⎪ ⎪ ∂r
H [c(t − τ ) − r ]− δ [r − c(t − τ )]⎬ u dτ dΓ
2cr 2c
=∫ ∫ ⎨
Γ 0
(
⎪⎩ c 2 (t − τ )2 − r 2 )3
c 2 (t − τ )
2
− r2 ⎪⎭ ∂n

(3.7.6)

Utilizando a notação

L = L(r ,t ,τ ) =
2
(3.7.7)
c (t − τ ) − r 2
2 2

L0 = L(r ,t ,0 ) =
2
(3.7.8)
c 2t 2 − r 2

o segundo termo do lado direito da equação (3.7.6) pode ser desenvolvido conforme
demonstrado a seguir:
35

t+ ∂r t+ ∂r
δ [r − c(t − τ )] cLu δ [r − c(t − τ )]
2c
∫Γ ∫ 0
c 2 (t − τ ) − r 2
2 ∂n
u dτ dΓ = ∫Γ ∫0 ∂n
dτ dΓ

ct + ∂r ∂r
= ∫Γ ∫ Lu δ [cτ − (ct − r )] d (cτ ) dΓ = ∫Γ ∂n [uL] dΓ
0 ∂n cτ = ct − r

∂r ct − r ∂
= ∫Γ ∫ [Lu ] d (cτ ) dΓ + ∫Γ ∂r u0 L0 H [ct − r ]dΓ
∂n 0 ∂ (cτ ) ∂n

t+ ∂r ⎡ 2 L3 ∂u ⎤ ∂r
= ∫ ∫Γ ⎢ c (t − τ ) u + L ⎥ H [c(t − τ ) − r ]dΓ dτ + ∫ u L H [ct − r ]dΓ
0 ∂n ⎣ 4 ∂τ ⎦ Γ ∂n 0 0

(3.7.9)

Finalmente, substituindo as expressões (3.7.7), (3.7.8) e (3.7.9) em (3.7.6), tem-


se:

⎡ ⎤
t+ t+ ∂r ⎢ 2uc[c(t − τ ) − r ] ⎥ H [c(t − τ ) − r ]dΓ dτ
∫ ∫Γ p u dΓ dτ = − ∫ ∫Γ
*
0 0 ∂n ⎢ 2
(
⎣ c (t − τ ) − r
2 2 3
) ⎥

t+ ∂r ⎡ ∂u ⎤
⎥ H [c(t − τ ) − r ] dΓ dτ
2
−∫ ∫Γ ⎢
0 ∂n ⎢ ∂τ c 2 (t − τ )
2
− r 2 ⎥⎦

∂r
H [ct − r ]dΓ
2u0
−∫
Γ ∂n c 2 t 2 − r 2

(3.7.10)

Na equação (3.6.3), na primeira integral de domínio à direita da igualdade, o


termo que contém a derivada temporal da solução fundamental, para o instante τ = 0 ,
também deve ser desenvolvido a fim de que a derivada temporal da função Heaviside
seja eliminada. Assim, pode-se escrever:

⎡ ∂u * ⎤
∫Ω
u0 v0* d Ω = ∫

u0 ⎢ ∂τ ⎥ d Ω
⎣ ⎦ τ =0
(3.7.11)

Substituindo a expressão (3.6.9), que define a solução fundamental para


problemas bidimensionais, na equação (3.7.11), encontra-se:
36

⎧∂ ⎡ ⎤ ⎫⎪

H [c(t − τ ) − r ]⎥ ⎬ dΩ
2c
∫Ω 0 0 Ω = ∫Ω 0 ⎨ ∂τ ⎢
*
u v d u
⎪⎩ ⎢⎣ c 2 (t − τ )2 − r 2 ⎥⎦ ⎪
⎭ τ =0


⎪ 2c 3 t
= ∫ u0 ⎨ H [c(t − τ ) − r ]

(
⎪⎩ c 2 (t − τ )2 − r 2 )3

∂ ⎫⎪
+
2c
[H [c(t − τ ) − r ] ]⎬ dΩ
c 2 (t − τ ) − r 2 ∂τ ⎪⎭
2
τ =0

(3.7.12)

Aplicando a propriedade da função Heaviside descrita a seguir:


[H [c(t − τ ) − r ] ]= c ∂ [H [c(t − τ ) − r ] ] (3.7.13)
∂τ ∂r

na expressão (3.7.12), obtém-se:


⎪ 2c 3 t
∫Ω 0 0
u v *
d Ω = ∫Ω 0 ⎨ 2
u H [c(t − τ ) − r ]
(
⎪⎩ c (t − τ )2 − r 2 ) 3

2c 2 ∂ ⎫⎪
+ [H [c(t − τ ) − r ] ]⎬ dΩ
c (t − τ ) − r 2 ∂r ⎪⎭
2 2
τ =0

(3.7.14)

Ou ainda:

⎡ ⎤
2c 3 t 2c 2 ∂
∫Ω 0 0
u v *
d Ω = ∫Ω 0 ⎢⎢
u H [ct − r ]+ [H [ct − r ] ]⎥ dΩ (3.7.15)
⎣ (c t 2 2
−r )
2 3 c 2 t 2 − r 2 ∂r ⎥

A fim de desenvolver o termo que contém a derivada da função Heaviside, um


sistema de coordenadas polares é utilizado (ver figura 3.7.1).
37

X2
r r
n
t r
v
Γ rΓ (λ ) X
ξ
Ω λ
X1

Figura 3.7.1- Sistema de coordenadas polares para o


problema bidimensional

onde ξ é o ponto fonte, posicionado na origem do sistema de coordenadas do problema,


r r
v é o vetor unitário definido segundo a direção do segmento ξX , t é o vetor tangente
r
unitário perpendicular ao vetor normal n e rΓ (λ ) é a distância entre o ponto fonte ξ e
o ponto campo X , determinada em função do ângulo λ .

rΓ (λ ) = r (ξ , X ) = X − ξ (3.7.16)

Com base na mudança de coordenadas proposta, o segundo termo do lado direito


da equação (3.7.15) (chamado de I durante este desenvolvimento) pode ser escrito
como:

2c 2 ∂ λ 2 r = rΓ (λ ) 2c 2 ∂
I = ∫ u0 [H [ct − r ] ]dΩ = ∫ ∫ ru0 [H [ct − r ] ]d r dλ

c 2t 2 − r 2 ∂r λ1 r = 0
c 2t 2 − r 2 ∂r
(3.7.17)

onde λ1 = 0 e λ2 = 2π .

Se a equação anterior é integrada por partes, a seguinte expressão é obtida:


38

rΓ (λ )
⎡ ⎤ ∂
I =∫
λ2

λ1
2c 2
⎢r u0 2 2 2 H [ct − r ]⎥ dλ − ∫
λ2

λ1 ∫
r =rΓ ( λ )

r =0 ∂r
( )
ru0 c 2 L0 H [ct − r ]dr dλ
⎣ c t −r ⎦ 0

(3.7.18)

E, através de manipulações algébricas, tem-se:

2c 2
I = ∫ u0 [rΓ (λ )]
λ2
rΓ (λ ) H [ct − rΓ (λ )]dλ − ∫ u0 c L0 H [ct − r ]dΩ
1 2
λ1
c 2t 2 − (rΓ (λ )) Ω r
2

∂u0 2 3
−∫ c L0 H [ct − r ]dΩ − ∫ u0 c r H [ct − r ]dΩ
2 L0
Ω ∂r Ω 4
(3.7.19)

Conforme procedimento descrito no apêndice B, a seguinte relação matemática é


estabelecida:

∂r (ξ , X )
∫λ f [rΓ (λ )] rΓ (λ ) dλ = ∫Γ f [r (ξ , X )] ∂n( X ) dΓ ( X )
λ 2
(3.7.20)
1

Levando-se em conta a relação (3.7.20), o sistema de coordenadas polares pode


ser substituído por um sistema de coordenadas cartesianas. Logo, pode-se escrever:

2c 2
u0 [rΓ (λ )] rΓ (λ ) H [ct − rΓ (λ )]dλ
λ2
∫λ 1
c 2t 2 − (rΓ (λ ))
2

∂r (ξ , X ) 2c 2 u 0 ( X )
=∫ H [ct − r (ξ , X )]dΓ ( X )
Γ ∂n( X ) c 2 t 2 − r 2 (ξ , X )

(3.7.21)

Utilizando as expressões (3.7.8), (3.7.19) e (3.7.21) e substituindo-as na


expressão (3.7.15), determina-se a seguinte relação:
39

⎧ ⎡ ⎤ ∂u ⎫
⎪ ⎢ 2c 2 (r − ct ) 2c 2 2c 2 ⎪
∫Ω u0 v dΩ = − ∫Ω ⎨u0 ⎢ 2 2 2 3 + r c 2 t 2 − r 2 ⎥+ 0 ⎬ H [ct − r ] dΩ
*

⎪ ⎣ (c t − r ) ⎥ ∂r
0

⎦ c t −r ⎪
2 2 2
⎩ ⎭

∂r 2c 2
+∫ u0 H [ct − r ]dΓ
Γ ∂n c 2t 2 − r 2
(3.7.22)

Substituindo as expressões (3.7.10) e (3.7.22) na equação integral definida em


(3.6.3) tem-se, finalmente, a expressão para o cálculo de potencial em problemas
bidimensionais:

t+ t+ ∂r ⎛ v⎞
4π c(ξ )u (ξ ,t ) = ∫ ∫Γ p u * dΓ dτ − ∫ ∫Γ ∂n ⎜⎝ B u + u
* *
⎟ dΓ dτ
0 0 c⎠

1 ⎛ ∂u u ⎞ 1 t+
+ ∫ ⎜ − B0* u0 + u0* 0 + u0* 0 ⎟ dΩ + 2 ∫Ω u0* v0 dΩ + ∫ ∫Ω u γ dΩ dτ
*

c ⎝Ω ∂r r ⎠ c 0

(3.7.23)

onde v é a velocidade dada por

∂u
v= (3.7.24)
∂τ

e B* e B0* são funções dadas, respectivamente, pelas equações abaixo:

2c [c(t − τ ) − r ]
B* = B* ( X ,t ;ξ ,τ ) = H [c(t − τ ) − r ] (3.7.25)
(c 2
(t − τ ) 2
−r 2 3
)

B0* = B0* ( X ,t ;ξ ) = B* ( X ,t ;ξ ,0 ) (3.7.26)

Ressalta-se que a equação (3.7.23), definida para o cálculo de potenciais em


pontos no contorno Γ , também pode ser usada para a determinação de potenciais em
pontos pertencentes ao domínio Ω . Neste caso, de forma similar à apresentada no
problema tridimensional, o parâmetro c(ξ) = 1.
40

Uma outra particularidade do problema diz respeito às singularidades definidas


na equação (3.7.23). Através de uma análise detalhada, constata-se que dois tipos de
singularidades ocorrem. O primeiro tipo ocorre nas integrais das condições iniciais,
quando r = 0 , e nas integrais de contorno, quando r e c(t − τ ) são simultaneamente
nulos. O segundo tipo de singularidade ocorre nos pontos localizados no contorno e na
densidade da fonte, quando r = c(t − τ ) , e nas integrais de condições iniciais, quando
r = ct . Estas singularidades são discutidas em [04].

Neste trabalho, deve-se reafirmar que não serão consideradas condições iniciais
e, tampouco, fontes pontuais presentes no domínio. No entanto, o desenvolvimento da
equação integral de contorno em sua forma completa é importante, pois apresenta os
parâmetros e as características do problema de potencial e disponibiliza as informações
necessárias para que estudos posteriores sejam desenvolvidos.
41

CAPÍTULO 4

CÁLCULO DAS DERIVADAS ESPACIAIS E TEMPORAL COM A


TÉCNICA DAS VARIÁVEIS COMPLEXAS

4.1- Introdução

Este capítulo tem por objetivo apresentar um procedimento alternativo para o


cálculo das derivadas numéricas espaciais e temporal de problemas de potencial
governados pela equação escalar da onda.

Conforme apresentado no capítulo dois, o cálculo da derivada de uma função


real f ( x ) está vinculado à determinação de uma função complexa f ( x + ih ) . Este
conceito pode ser estendido ao problema de potencial desenvolvido no capítulo três.
Neste caso, a derivada numérica do potencial u ( x ) está relacionada à determinação de
um “potencial complexo” u ( x + ih ) , e as implementações numéricas utilizadas para o
cálculo do potencial e de sua derivada diferem apenas pela natureza das variáveis
empregadas.

O procedimento usual para a resolução dos problemas desenvolvidos via


formulações dependentes do tempo do Método dos Elementos de Contorno (MEC)
consiste na determinação analítica das integrais temporais da equação de Volterra.
Neste caso, o emprego de funções de interpolação linear e constante, no tempo, para o
potencial e sua derivada direcional, respectivamente, é aconselhado. A imposição de
variação linear implica em continuidade, que é desejável para o potencial, mas que não
necessariamente ocorre na derivada direcional e pode conduzir a resultados muito
imprecisos; com o emprego de funções de interpolação constantes, as descontinuidades,
ou saltos, que podem ocorrer ao longo do tempo na derivada direcional, são bem
representados.
42

Segundo Carrer e Mansur [01], quando a integração no tempo é desenvolvida


analiticamente, uma equivalência entre as expressões apresentadas em [04] e as
expressões desenvolvidas via parte finita de uma integral (PFI) é verificada. Neste caso,
a expressão (3.7.23) pode ser substituída pela equação integral definida em [01],
originando expressões analíticas mais compactas. Estas expressões estão vinculadas às
posições da frente de onda da solução fundamental e serão apresentadas mais
detalhadamente no decorrer deste capítulo.

No que tange às integrais de contorno da representação integral de Volterra,


ressalta-se que a integração no espaço pode ser desenvolvida numericamente por
intermédio da técnica da quadratura de Gauss. Segundo Mansur [04], o uso de funções
de interpolação lineares para o contorno Γ resulta em resultados satisfatórios para o
cálculo das incógnitas do problema.

Um método alternativo para a determinação dos potenciais em problemas de


propagação de onda é apresentado em [06]. Neste caso, o intervalo de tempo utilizado
está vinculado ao intervalo definido pelo Método de Wilson θ . Diferentemente do que
ocorre em [01] e [04], admite-se variação linear no tempo tanto para o potencial quanto
para o fluxo.

Uma vez calculadas as incógnitas no contorno e no domínio, parte-se para o


cálculo das derivadas espaciais e temporais. Por intermédio da TVC, as derivadas
numéricas da representação integral de Volterra são calculadas através das formulações
apresentadas em [01] e [06].

Exemplos que atestam a eficácia da técnica são apresentados no final do


capítulo. Os resultados provenientes do emprego de variáveis complexas são analisados
e comparados com as soluções analíticas disponíveis e também com os resultados
oriundos das formulações desenvolvidas em [01] e [06].
43

4.2- Implementação Numérica da Equação Integral de Contorno via

Formulação Padrão

Segundo Carrer e Mansur [01], as expressões analíticas das integrais temporais


da representação integral de Volterra, desenvolvidas a partir do conceito de parte finita
de uma integral (PFI), apresentado por Hadamard [05], são equivalentes às expressões
analíticas desenvolvidas em [04].

Quando tal conceito é empregado, a equação (3.7.23) pode ser substituída pela
seguinte expressão equivalente:

t+
4π c(ξ )u (ξ ,t ) = ∫ ∫ u * ( X ,t ;ξ ,τ ) p ( X ,τ ) dτ dΓ ( X )
Γ 0

∂r
− ∫ PF ⎡⎢ ∫ u *r ( X ,t ;ξ ,τ )u ( X ,τ ) dτ ⎤⎥ dΓ ( X )
t+

Γ ⎣ 0 ⎦ ∂n
1 ∂r *
u 0 ( X ,t ; ξ ) u 0 ( X ) dΓ ( X )
c ∫Γ ∂n

∫Ω u ( X ,t ;ξ ) v ( X ) dΩ ( X )
1
+ *
0 0
c2
1 ⎡ u 0* ( x ,t ;ξ ) ⎤
+ ∫ ⎢ − B0* ( X ,t ;ξ )⎥ u 0 ( X ) dΩ ( X )
c Ω⎣ r ⎦
∂u 0 ( x ) t+
+
1
∫ u *
( X , t ; ξ ) d Ω ( X ) + ∫ ∫ γ ( x ,τ )u * ( X ,t ;ξ ,τ ) dτ dΩ ( X )
∂r
0
c Ω Ω 0

(4.2.1)

onde PF indica a parte finita da integração no tempo e a função u *r ( X ,t ;ξ ,τ ) é


definida por:

u *r ( X ,t ;ξ ,τ ) = H [c(t − τ ) − r ]
2cr
[c (t − τ ) ]
3/ 2
(4.2.2)
− r2
2 2
44

O segundo termo do lado direito da equação (4.2.1) representa a seguinte


expressão:

PF ⎡⎢ ∫ u *r ( X ,t ; ξ ,τ ) u ( X ,τ ) dτ ⎤⎥ = limτ →t − r / c
⎣ 0
t +


{∫ U (X ,t;ξ ,τ )u(X ,τ )dτ
τ

0
*
r


− U * ( X ,t ;ξ ,τ )u ( X ,τ )⎬
1
c ⎭
(4.2.3)

onde

U * ( X ,t ;ξ ,τ ) =
2c
[c (t − τ ) ]
1/ 2
(4.2.4)
− r2
2 2

U r* ( X ,t ;ξ ,τ ) =
2cr
[c (t − τ ) ]
3/ 2
(4.2.5)
− r2
2 2

Como a equação integral que governa o problema de potencial bidimensional foi


apresentada em sua forma completa, uma particularização pode ser feita, uma vez que
as integrais de domínio referentes às condições iniciais e à fonte pontual não fazem
parte do escopo deste trabalho. Deste modo, a expressão (4.2.1) pode ser reescrita
como:

t+
4π c(ξ )u (ξ ,t ) = ∫ ∫ u * ( X ,t ;ξ ,τ ) p ( X ,τ ) dτ dΓ ( X )
Γ 0

∂r
− ∫ PF ⎡⎢ ∫ u *r ( X ,t ;ξ ,τ )u ( X ,τ ) dτ ⎤⎥ dΓ ( X )
t+

Γ ⎣ 0 ⎦ ∂n
(4.2.6)

A implementação numérica da equação (4.2.6) implica na discretização do


contorno Γ em um conjunto de pontos nodais X j , j = 1,2 ,... , J ; e na discretização do

tempo em um conjunto de instantes t n , n = 1,2 ,... , N . Por conseguinte, o potencial


45

u ( X ,t ) e sua derivada direcional p ( X ,t ) podem ser representados numericamente


conforme apresentado a seguir:

⎧ J N

⎪ u ( X , t ) = ∑∑ φum (t ) η j ( X ) u mj
⎪ j =1 m = 1
⎨ J N
(4.2.7)
⎪ p ( X ,t ) = φ pm (t ) η j ( X ) p mj
⎪⎩ ∑∑
j =1 m =1

onde η j ( X ) é a função de interpolação espacial e φum (t ) e φ pm (t ) são as funções de

interpolação no tempo utilizadas para o potencial e o fluxo, respectivamente.

Os coeficientes u mj e p mj são definidos a seguir:

⎧⎪u mj = u (X j ,tm )
⎨ m
⎪⎩ p j = p (X j ,tm )
(4.2.8)

Quando a equação (4.2.6) é reescrita para um ponto fonte discreto ξ i e para um

instante de tempo t n , e o potencial e suas derivadas são substituídos pelas aproximações

descritas em (4.2.7), o seguinte sistema de equações algébricas é obtido:

J N J N
4π c(ξ i )u = − ∑∑ H
n
i
nm
ij u m
j + ∑∑ Gijnm p mj (4.2.9)
j =1 m =1 j =1 m =1

onde

⎧ nm ∂r (ξ i , X ) ⎡ t n φ m (τ ) u * ( X , t ; ξ ,τ )dτ ⎤ dΓ ( X )
⎪⎪ H ij = − ∫Γ ∂n( X ) η j ( X ) PF
⎢⎣ ∫0 u r n i ⎥⎦

⎪G nm = η ( X ) t n φ m (τ ) u * ( X , t ; ξ ,τ ) dτ dΓ ( X )
⎪⎩ ij ∫ Γ j ∫0 p n i

(4.2.10)
46

Como é usual em formulações do MEC no domínio do tempo, as integrais


temporais foram calculadas analiticamente. Os intervalos de tempo ∆ t , nos quais o
tempo de análise é dividido, são constantes e podem ser definidos como:

∆ t = t m +1 − t m (4.2.11)

O cálculo dos coeficientes H ijnm e Gijnm , por sua vez, pode ser realizado com o

auxílio da técnica de translação no tempo (ver expressão (4.2.12)). Tal técnica prima
pela elegância e eficiência da implementação numérica, evitando que operações
redundantes sejam executadas durante a determinação das incógnitas do problema.

⎧⎪ H ijnm = H ij(n +1)(m +1)


⎨ nm ( n +1 )( m +1 )
(4.2.12)
⎪⎩Gij = Gij

Conforme mencionado anteriormente, durante a resolução das integrais


temporais nas expressões definidas em (4.2.10), a utilização de funções de interpolação
linear φum (figura 4.2.1) e constante φ pm (figura 4.2.2) é bastante conveniente. Logo,

para o intervalo de tempo [t m ,t m +1 ] , tem-se:

⎧1, t m ≤ τ ≤ t m +1
φ pm (τ ) = ⎨ (4.2.13)
⎩0 , τ < t m ou τ > t m +1

⎧⎪φumI (τ ) e φumF (τ ), t m ≤ τ ≤ t m +1
φ (τ ) = ⎨
m
(4.2.14)
⎪⎩0 , τ < t m ou τ > t m +1
u

onde φumI (τ ) = (τ − t m ) e φumF (τ ) = 1 (t m+1 − τ ) .


1
∆t ∆t
47

φum (τ )

φumF φumI
1

τ
tm t m+1
∆t

Figura 4.2.1 – Função de interpolação linear φum

φ pm (τ )

φ pm
1

τ
tm t m+1
∆t

Figura 4.2.2 – Função de interpolação constante φ pm

Através da posição da frente de onda (ver figura 4.2.3) é possível ilustrar


graficamente os instantes de tempo onde os coeficientes H ijnm e Gijnm são nulos.

A variável que define a posição da frente de onda é denominada tempo retardado


t r . Tal grandeza é representada pela expressão:

r
tr = tn − (4.2.15)
c
48

H [c(tn − τ ) − r ]
φumF φumI

τ
tr tn tm t m +1
r/c ∆t

Figura 4.2.3 – Função de interpolação linear para o potencial no contorno

Com o auxílio das funções de interpolação apresentadas em (4.2.13) e (4.2.14) e


do tempo retardado determinado em (4.2.15), Carrer e Mansur [01] definiram as
expressões analíticas das integrais do tempo da equação (4.2.10). Estas expressões
foram determinadas a partir da posição da frente de onda e serão reutilizadas durante o
cálculo das derivadas da equação integral de contorno, quando a Técnica das Variáveis
Complexas for empregada.

De acordo com a posição da frente de onda, três casos podem ser definidos:

1- Caso 1: tm + 1 = tn , tm < tr < tm + 1 ;

Para a posição de frente de onda indicada na figura 4.2.4, onde o tempo


retardado t r encontra-se no intervalo [t m , t m +1 ] , as correspondentes integrais temporais
são definidas como:

U * φ pm (τ ) dτ
tm+1
gm =∫ (4.2.16)
tm

hIm = PF {∫ tm +1

tm
}
u *r φu I (τ ) dτ + u *m
1
c
(4.2.17)

hFm = PF {∫ tm +1

tm
u *r φu F (τ ) dτ } (4.2.18)
49

H [c(tn − τ ) − r ]

τ
tm tr tm+1 = tn
∆t

Figura 4.2.4 – Posição de frente de onda para o Caso 1

A tabela 4.2.1 apresenta as expressões analíticas dos referidos coeficientes.

Tabela 4.2.1 – Expressões analíticas dos coeficientes hIm , hFm e g m

∆t hIm ∆t hFm gm

2 A1 2 A1 A2 ⎛ r ⎞
− − 2 ln⎜⎜ ⎟⎟
cA2 cr ⎝ A1 A2 + A3 ⎠

onde:

A1 = c(tn − tm ) − r (4.2.19)

A2 = c(tn − tm ) + r (4.2.20)

A3 = c(t n − t m ) (4.2.21)
50

2- Caso 2: tm + 1 < tn , tm < tr < tm + 1 ;

Conforme indicado na figura 4.2.5, o tempo retardado t r encontra-se presente no


intervalo [t m , t m +1 ] .

H [c(tn − τ ) − r ]

τ
tm tr tm +1 tn
∆t

Figura 4.2.5 – Posição de frente de onda para o Caso 2

As integrais que definem os coeficientes g m , hIm e hFm possuem as mesmas

expressões já apresentadas para o Caso 1, que pode ser considerado um caso particular
do Caso 2. As expressões analíticas estão definidas na tabela 4.2.2 abaixo.

Tabela 4.2.2 – Expressões analíticas dos coeficientes hIm , hFm e g m

∆t hIm ∆t hFm gm

2 A1 A4
2
2 A1 A2 ⎛ r ⎞
− − 2 ln⎜⎜ ⎟⎟
crA2 cr ⎝ A1 A2 + A3 ⎠

onde:

A4 = c(tn − tm + 1 ) + r (4.2.22)
51

3- Caso 3: t m +1 < t r .

A figura 4.2.6 apresenta a frente de onda em relação ao intervalo de tempo


integrado:

H [c(tn − τ ) − r ]

tm tm +1 tr tn τ
∆t

Figura 4.2.6 – Posição de frente de onda para o Caso 3

O coeficiente g m é definido pela expressão (4.2.16). Os coeficientes hIm e hFm ,

por sua vez, são determinados a partir do desenvolvimento matemático das seguintes
expressões:

U r* φu I (τ ) dτ + U m*
tm +1 1
hIm = ∫ (4.2.23)
tm c

U r* φu F (τ ) dτ − U m* +1
tm +1 1
hFm = ∫ (4.2.24)
tm c

A tabela 4.2.3 apresenta as expressões analíticas das integrais relacionadas em


(4.2.16), (4.2.23) e (4.2.24).
52

Tabela 4.2.3 – Expressões analíticas dos coeficientes hIm , hFm e g m

∆t hIm ∆t hFm gm

2 A4 2c∆t 2 A2 2c∆t ⎛ A A + A6 ⎞
− − 2 ln⎜⎜ 5 4 ⎟⎟
cA2 ( A1 A4 + A2 A5 ) cA4 ( A1 A4 + A2 A5 ) ⎝ 1 2
A A + A3 ⎠

onde:

A5 = c(t n − t m +1 ) − r (4.2.25)

A6 = c(tn − tm + 1 ) (4.2.26)

As expressões analíticas das derivadas espaciais e temporais dos coeficientes


hIm , hFm e g m , desenvolvidas em [20], foram apresentadas no apêndice C.

Uma vez determinadas as expressões analíticas das integrais no tempo, parte-se


para a resolução numérica das integrais de contorno. Neste caso, o contorno Γ pode
ser aproximado por intermédio de um conjunto de elementos Γ j , j = 1,2 ,... , J , e o uso

de funções de interpolação torna-se necessário. Como mencionado anteriormente, a


experiência garante que funções de interpolação lineares (ver figura 4.2.7) conduzem a
bons resultados no que tange à geometria do problema. Logo, as coordenadas
geométricas dos pontos do contorno podem ser definidas a partir de um conjunto de
funções de interpolação, que é apresentado a seguir:

⎧⎪η Ij e η Fj , X ∈Γj
η =⎨
j
(4.2.27)
⎪⎩0 , X ∉Γj

1−ε 1+ε
onde η I = e ηF = . Sendo ε uma grandeza adimensional definida no
2 2
intervalo [− 1,1] .
53

ηm

η Fm 1 η Im

-1 0 1
ε

Figura 4.2.7 – Função de interpolação linear para a discretização do contorno

Como a função de interpolação η é apresentada em termos do parâmetro


adimensional ε , uma mudança de coordenadas deve ser efetuada para o cáculo das
integrais.

As integrais de contorno, por sua vez, são calculadas com o emprego da técnica
da quadratura de Gauss, resultando no sistema de equações algébricas apresentado na
expressão (4.2.9) e as incógnitas do problema podem ser determinadas através de um
algorítmo numérico existente na literatura (Gauss, Gauss-Seidel ou Jacobi).

Durante o processo de implementação numérica o aparecimento de


singularidades torna-se evidente, merecendo tratamento especial. Tais singularidades
restringem-se ao instante de tempo t n = t m e a situação onde o ponto fonte e o ponto

campo coincidem, isto é, quando ξ i = X j . Neste trabalho, o procedimento dado às

singularidades envolvidas é equivalente ao tratamento apresentado por Mansur [04].


54

4.3- Implementação Numérica da Equação Integral de Contorno

Desenvolvida a partir do Método de θ-Linear

No que concerne à linha de pesquisa desenvolvida, é objetivo deste trabalho


aferir os resultados oriundos da TVC durante o cálculo das derivadas numéricas.
Entende-se que o respaldo científico de um determinado procedimento é angariado
mediante comparação dos valores numéricos obtidos com os resultados oriundos de
técnicas existentes na literatura. Nesse sentido, o emprego da técnica apresentada em
[06] é justificado como instrumento de aferição do procedimento alternativo de cálculo
introduzido neste trabalho.

Segundo a formulação definida em [06], a estabilidade da Formulação Padrão do


MEC, em problemas transientes governados pela equação escalar da onda, está
vinculada ao intervalo de tempo adotado. Entende-se como Formulação Padrão a
procedimento discutido no item anterior, onde o processo de integração no tempo foi
desenvolvido a partir do emprego de funções de interpolação no tempo lineares e
constantes, para o potencial e o fluxo, respectivamente.

O método denominado θ -linear possibilita que aproximações lineares no tempo


para o potencial e o fluxo sejam admitidas; é necessário, entretanto, que o último
intervalo de tempo seja definido como segue:

θ ∆t = t n +θ − t n (4.3.1)

onde θ ≥ 1 .

O emprego do método θ -linear na implementação apresentada no item 4.2 está


vinculado à substituição do intervalo de tempo definido em (4.2.11) pelo intervalo
apresentado em (4.3.1). Logo, para os instantes de tempo t n +1 e t n +θ , a relação entre as
incógnitas do problema pode ser definida conforme apresentado a seguir:
55

⎧ n +1 1 n +θ θ − 1 n
⎪⎪u i = θ u i + θ u i
⎨ (4.3.2)
⎪ p n +1 = 1 p n +θ + θ − 1 p n
⎪⎩ i θ
i
θ
i

De forma similar à indicada em (4.2.9), a solução do problema de potencial


depende da resolução do sistema de equações algébricas:

J J J N J N
4π c(ξi )uin +θ + ∑ H ij(n +θ )(n +θ ) u nj +θ − ∑ Gij(n +θ )(n +θ ) u nj +θ = ∑ ∑ Gij(n +θ )m p mj − ∑∑ H ij(n +θ )m u mj
j =1 j =1 j =1 m =1 j =1 m =1

(4.3.3)

onde

∂r (ξ i , X )
⎧ (n +θ )m
⎪ H ij =− ∫
Γ ∂n( X ) ⎢⎣ 0
[
η j ( X )PF ⎡ ∫ φum (τ ) B* ( X ,t n +θ ;ξ i ,τ )
t n +θ


⎪ 1 dφum (τ ) *
⎨ +
c d τ
] ]
u r ( X ,t n +θ ;ξ i ,τ ) dτ dΓ ( X )

⎪G (n +θ )m = η ( X ) tn +θ φ m (τ ) u * ( X ,t ;ξ ,τ ) dτ dΓ ( X )
⎪ ij ∫Γ j ∫0 p n +θ i


(4.3.4)

∂r (ξ i , X )
⎧ (n +θ )(n +θ )
H
⎪ ij = − ∫Γ ∂n( X ) j η ( X ) PF
⎢⎣ ∫0
[
⎡ tn +θ φ n +θ (τ ) B* ( X ,t ;ξ ,τ )
u n +θ i

⎪ 1 dφun +θ (τ ) *
⎨ +
c dτ
] ]
u r ( X ,t n +θ ;ξ i ,τ ) dτ dΓ ( X )

⎪G (n +θ )(n +θ ) = η ( X ) tn +θ φ n +θ (τ ) u * ( X ,t ;ξ ,τ ) dτ dΓ ( X )
⎪ ij ∫Γ j ∫0 p n +θ i


(4.3.5)

As integrais no tempo presentes nas equações (4.3.4) e (4.3.5) podem ser


desenvolvidas analiticamente, conforme apresentado no item 4.2. Entretanto, como a
função de interpolação no tempo da derivada direcional do potencial φ p é linear (ver
56

figura 4.3.1), as expressões analíticas oriundas do método θ -linear não coincidem com
as expressões desenvolvidas no item anterior.

Quando se adota θ = 1 recai-se na Formulação Padrão, na qual foi admitida


função de interpolação constante, no tempo, para o fluxo.

Para o intervalo de tempo [t m ,t m +θ ] , a função de interpolação φ p é expressa por:

⎧⎪φ pmI+θ (τ ) e φ pmF+θ (τ ), t m ≤ τ ≤ t m +θ


φ m +θ
(τ ) = ⎨ (4.3.6)
⎪⎩0 , τ < t m ou τ > t m +θ
p

φ pm +θ (τ )

φ pmF+θ φ pmI+θ
1

τ
tm t m +θ
θ∆ t

Figura 4.3.1 – Função de interpolação linear φ p

Os demais procedimentos apresentados no item 4.2, no que tange à


implementação numérica da representação integral de Volterra, podem ser reutilizados
neste item.

As incógnitas u in +θ e pin +θ são determinadas mediante a resolução numérica do


sistema de equações algébricas obtido a partir de (4.3.3). Substituindo a solução do
57

sistema nas expressões definidas em (4.3.2) tem-se a solução final do problema de


potencial, onde as incógnitas u in +1 e pin +1 são determinadas.

4.4- As Derivadas da Equação Integral de Contorno

O procedimento apresentado no capítulo dois (TVC) é utilizado tendo em vista o


cálculo numérico das derivadas espaciais e temporais da equação (4.2.6). O emprego da
TVC, entretanto, ficará restrito à determinação de derivadas primeiras em pontos
pertencentes ao domínio do problema.

Em virtude da simplicidade da abordagem numérica, os conceitos apresentados


neste item, e aplicados à Formulação Padrão, podem ser facilmente estendidos à
formulação θ -linear.

4.4.1- Derivada Espacial

Conforme procedimento definido no capítulo dois, o cálculo da derivada de uma


função real f ( x ) está vinculada à substituição de uma variável real x por uma variável
complexa x + ih , o que origina uma função complexa f ( x + ih ) .

Estendendo este conceito à derivada do problema de potencial bidimensional ou,


mais precisamente, à derivada espacial da equação integral (4.2.6), torna-se necessário;
inicialmente, definir a direção segundo a qual deseja-se calcular a derivada. Neste
trabalho, o cálculo das derivadas espaciais do potencial u (ξ ,t ) será determinado pelas
r r
direções dos vetores unitários i e j .

Conforme figura 4.4.1, o vetor posição do ponto fonte ξ é dado por:


58

r r r
ξ =ξ X i +ξ X j
1 2
(4.4.1)

onde ξ X 1 e ξ X 2 são as coordenadas retangulares do ponto fonte ξ .

Para o cálculo da derivada espacial do potencial segundo a direção definida pela


coordenada ξ X k , deve-se substituir ξ X k pela sua respectiva variável complexa,

representada por ξ X k + ih .

X2

r
n
X r
ν
ξ
r
ξ
ξX r
2
j
r X1
i
ξX 1

Figura 4.4.1 – Problema bidimensional definido de acordo


com as coordenadas cartesianas

Logo, a equação integral de contorno pode ser escrita em termos de variáveis


complexas como (note-se que, na notação utilizada abaixo, ξ representa o ponto fonte
no qual uma de suas coordenadas recebeu um acréscimo complexo)

4π u (ξ , t ) = ∫ u * (X , t ; ξ ,τ ) p ( X ,τ ) dτ dΓ ( X )
t+

Γ ∫ 0

∂r
− ∫ PF ⎡⎢ ∫ u *r (X , t ; ξ ,τ )u ( X ,τ ) dτ ⎤⎥ dΓ ( X )
t+

Γ ⎣ 0 ⎦ ∂n
(4.4.2)
59

Comparando as equações (4.2.6) e (4.4.2), nota-se que as expressões das


equações integrais são idênticas; consequentemente, o procedimento numérico é o
mesmo. O programa computacional desenvolvido para o cálculo da equação (4.2.6)
pode, portanto, ser reutilizado para o cálculo da expressão (4.4.2), desde que a variável
real, segundo a qual se deseja calcular a derivada, seja declarada como variável
complexa.

De posse dos valores u (ξ ,t ) , as derivadas numéricas podem ser obtidas


diretamente pela expressão

[
∂u (ξ ,t ) Im u (ξ ,t )
=
] (4.4.3)
∂ξ X k h

4.4.2- Derivada Temporal

O cálculo da derivada temporal da equação (4.2.6) é efetuado da mesma forma


que o cálculo da derivada espacial. Neste caso, o instante de tempo t é substituído pela
sua respectiva variável complexa t + ih , o que dá origem à seguinte equação integral:

t+
4π u (ξ ,t + ih ) = ∫ ∫ u * ( X ,t + ih;ξ ,τ ) p ( X ,τ ) dτ dΓ ( X )
Γ 0

∂r
− ∫ PF ⎡⎢ ∫ u *r ( X ,t + ih;ξ ,τ )u ( X ,τ ) dτ ⎤⎥ dΓ ( X )
t+

Γ ⎣ 0 ⎦ ∂n
(4.4.4)

Comparando a equação (4.2.6) com a expressão (4.4.4), torna-se evidente, mais


uma vez, que as expressões das equações integrais são idênticas; logo, o procedimento
numérico também é o mesmo. As mesmas considerações definidas para o cálculo da
derivada espacial podem ser estendidas para o cálculo da derivada temporal.

Uma vez obtidos os valores de u (ξ ,t + ih ) , a derivada temporal pode ser


facilmente calculada pela expressão
60

∂u (ξ ,t ) Im[u (ξ ,t + ih )]
= (4.4.5)
∂t h

4.5- Exemplos Numéricos

A eficácia do procedimento alternativo para o cálculo de derivadas (TVC) é


discutida neste tópico. Com este intuito, dois problemas foram analisados (chapa
retangular e cavidade circular) e as derivadas numéricas obtidas foram comparadas às
soluções analíticas disponíveis do problema ou com outras soluções numéricas.

No que tange à implementação numérica do problema de potencial, algumas


características devem ser ressaltadas. As condições de contorno ( u e p ) prescritas, por
exemplo, não sofreram variação durante a análise transiente.

Conforme discutido no item 4.2, a resolução numérica das integrais no contorno


foi desenvolvida a partir da técnica da quadratura de Gauss, onde quarenta pontos de
Gauss foram utilizados para integração de cada elemento. Para os instantes de tempo
caracterizados pela distância (grande) da frente de onda em relação ao ponto fonte ξ , o
número de pontos de integração pôde ser reduzido.

No que concerne o intervalo de tempo adotado, o mesmo foi definido a partir de


uma relação descrita em [04]:

(c ∆t )
β= ≤ 0 ,6 (4.5.1)
l

onde l é o comprimento do elemento linear adotado.


61

Quando se utiliza o método θ -linear, uma expressão análoga à (4.5.1) também


pode ser escrita:

βθ =
( cθ∆t ) ≤ 0, 6 (4.5.2)
l

A variação do parâmetro h foi um dos pontos de discussão da Técnica das


Variáveis Complexas. A determinação de uma faixa de valores para esse parâmetro
culminou em derivadas numéricas com boa precisão, conforme pode ser observado nos
exemplos apresentados.

Toda a implementação numérica desenvolvida foi definida computacionalmente


através de um programa codificado em Fortran.

4.5.1- Chapa Retangular

O problema bidimensional representado por uma chapa retangular submetida a


uma solicitação constante ao longo do tempo foi analisado neste item.

Conforme definido na figura 4.5.1, o problema a ser desenvolvido via MEC é


constituído por um domínio retangular cuja maior dimensão é o dobro da menor
( a = 2b ). Em x1 = a foi imposta uma condição de contorno natural do tipo
H (t − 0 ) = − 1 , que pode ser interpretada como um carregamento constante no tempo e
aplicado instantaneamente em t = 0 . Ainda no que concerne às condições de contorno
do problema, para qualquer instante de tempo t , um valor de potencial u = 0 é definido
na extremidade x1 = 0 . Do mesmo modo, nas extremidades x2 = −b / 2 e x2 = b / 2 ,
um valor de fluxo p = 0 é imposto.

A figura 4.5.2 apresenta a discretização do problema mencionado. O contorno


do problema bidimensional foi dividido em 24 elementos lineares, onde nós duplos
foram utilizados para uma melhor representação dos vértices da chapa. O ponto interno
A , onde as derivadas espaciais e temporal foram calculadas, também está definido na
62

referida figura. Em função das condições de contorno e da geometria do problema, os


valores numéricos das derivadas espaciais no ponto interno A foram determinados em
função da direção do eixo X 1 .

Durante a análise numérica desenvolvida mediante Formulação Padrão, o


intervalo de tempo utilizado foi determinado através da relação descrita em (4.5.1). As
ponderações definidas em [04] foram atendidas, uma vez que o parâmetro β foi
estabelecido como sendo igual a 0 ,3 .

Para a análise numérica do problema bidimensional, definido a partir do método


θ -linear, os mesmos valores de parâmetros utilizados durante a implementação
numérica da equação integral via Formulação Padrão, foram reutilizados em (4.5.2).
Deste modo, para um valor de θ = 1,4 (valor adotado durante a análise numérica) tem-se
βθ = 0 ,42 .

O histórico do pontencial u para o ponto interno A foi apresentado na figura


4.5.3. Os valores numéricos obtidos pela implementação numérica da equação de
contorno, desenvolvida via Formulação Padrão e via método θ -linear, foram
comparados com a resposta analítica do problema, definida em [21]. Conforme já tinha
sido constatado em [01] e [06], ambas as implementações numéricas resultam em
valores satisfatórios para o problema de potencial apresentado na figura 4.5.1.
63

X2

p =0 p = − H (t − 0 )

X1
b u =0

p =0

Figura 4.5.1 – Problema bidimensional: geometria e condições de contorno

X2

b/2
A X1

b/2

a/ 2 a/ 2

Figura 4.5.2 – Discretização do problema bidimensional


64

0 1 2 3 4

-2
Potencial

-6

Analítica
-10 Formulação Padrão
θ-linear

-14
ct/a

Figura 4.5.3 – Histórico do potencial u para o ponto interno A

Nas figuras 4.5.4, 4.5.5, 4.5.6 e 4.5.7 foram apresentados graficamente os


∂u
valores numéricos da derivada espacial para o ponto interno A . Nas análises
∂x1
realizadas, a TVC foi aplicada junto aos procedimentos desenvolvidos segundo a
Formulação Padrão e o método θ -linear. Os resultados obtidos foram comparados à
resposta analítica do problema. As análises se diferenciam pela variação do parâmetro
h.

As figuras 4.5.4 e 4.5.5 apresentam os valores numéricos da derivada espacial


para valores do parâmetro h da ordem de 10 −35 e 10 −5 , respectivamente. Os resultados
obtidos mostraram-se consistentes e um ligeiro ganho de estabilidade foi apresentado
durante o desenvolvimento da formulação em θ -linear. No que concerne à ordem de
grandeza do parâmetro h , apesar de um valor de precisão de máquina ( h = 10 −35 )
induzir à idéia de uma análise mais refinada, as derivadas numéricas apresentadas na
figura 4.5.4 não introduziram ganho de acuidade quando comparadas aos resultados
apresentados na figura 4.5.5.
65

Na figura 4.5.6, o intervalo na parte imaginária da variável complexa foi tomado


como sendo igual a 10 −1 . Neste caso, a perda de precisão da derivada em pontos
próximos às descontinuidades é constatada em ambos os procedimentos numéricos
analisados. Tal característica é decorrente do não-cumprimento da hipótese admitida no
capítulo dois, onde um valor pequeno de h foi admitido durante a utilização da Técnica
das Variáveis Complexas.

No que tange a figura 4.5.7, os resultados apresentados mostraram-se totalmente


imprecisos. A falta de inconsistência das derivadas numéricas também é oriunda do
valor de h adotado ( h = 10 1 ).

0,5

0 1 2 3 4

-0,5
Derivada Espacial

-1,5 Analítica

TVC Formulação Padrão

TVC θ-linear

-2,5
ct/a

∂u
Figura 4.5.4 – Histórico da derivada espacial para h = 10 −35
∂x1
66

0,5

0 1 2 3 4

-0,5
Derivada Espacial

-1,5 Analítica

TVC Formulação Padrão

TVC θ-linear

-2,5
ct/a

∂u
Figura 4.5.5 – Histórico da derivada espacial para h = 10 −5
∂x1

0,5

0 1 2 3 4

-0,5
Derivada Espacial

-1,5 Analítica
TVC Formulação Padrão
TVC θ-linear

-2,5
ct/a

∂u
Figura 4.5.6 – Histórico da derivada espacial para h = 10 −1
∂x1
67

0,5

0 1 2 3 4

-0,5
Derivada Espacial

-1,5 Analítica

TVC Formulação Padrão

TVC θ-linear

-2,5
ct/a

∂u
Figura 4.5.7 – Histórico da derivada espacial para h = 10 1
∂x1

As figuras 4.5.8, 4.5.9, 4.5.10 e 4.5.11 apresentam os valores numéricos da


derivada temporal do problema bidimensional estudado. De forma análoga à
especificada para a derivada espacial, os valores numéricos da derivada temporal foram
comparados graficamente à solução analítica do problema. Cabe ressaltar que os
mesmos valores de parâmetro h foram utilizados durante o estudo desenvolvido.

As figuras 4.5.8 e 4.5.9 apresentam os valores numéricos da derivada temporal


para h = 10 −35 e h = 10 −5 , respectivamente. Apesar de constatada uma oscilação dos
resultados, principalmente nos pontos próximos às descontinuidades, os valores obtidos
mostraram-se consistentes. Já no que tange ao parâmetro h , verificou-se que os valores
apresentados na figura 4.5.8, quando comparados aos resultados apresentados na figura
4.5.9, não introduziram elementos que justificassem o uso de um intervalo na parte
imaginária da variável tão pequeno.
68

Quando o valor de h = 10 −1 é utilizado (ver figura 4.5.10), o mesmo


comportamento nas respostas é observado nas derivadas fornecidas pela TVC na
Formulação Padrão e em θ -linear, com perda de precisão da derivada numérica nos
pontos próximos às descontinuidades.

No que concerne a figura 4.5.11, os resultados apresentados mostraram-se


totalmente imprecisos. O valor adotado para a variável h responde pela inconsistência
das derivadas numéricas.

0,8

0,4
Derivada Temporal

0
0 1 2 3 4

Analítica
-0,4
TVC Formulação Padrão

TVC θ-linear

-0,8
ct/a

∂u
Figura 4.5.8 – Histórico da derivada temporal para h = 10 −35
∂t
69

0,8

0,4
Derivada Temporal

0
0 1 2 3 4

Analítica
-0,4
TVC Formulação Padrão

TVC θ-linear

-0,8
ct/a

∂u
Figura 4.5.9 – Histórico da derivada temporal para h = 10 −5
∂t

0,8

0,4
Derivada Temporal

0
0 1 2 3 4

Analítica
-0,4
TVC Formulação Padrão

TVC θ-linear

-0,8
ct/a
∂u
Figura 4.5.10 – Histórico da derivada temporal para h = 10 −1
∂t
70

0,8

0,4
Derivada Temporal

0
0 1 2 3 4

Analítica
-0,4 TVC Formulação Padrão
TVC θ-linear

-0,8
ct/a
∂u
Figura 4.5.11 – Histórico da derivada temporal para h = 10 1
∂t

4.5.2- Cavidade Circular

O problema bidimensional representado por uma cavidade submetida a uma


solicitação constante ao longo do tempo foi estudado neste item.

Conforme figura 4.5.12, a cavidade analisada é definida a partir de um círculo de


raio R e a solicitação do problema, representada pelo fluxo unitário p , é imposta
repentinamente ao longo do contorno da cavidade.

Em virtude das características geométricas do problema, o domínio é admitido


como sendo infinito. Deste modo, durante a análise numérica, somente o contorno da
cavidade circular necessita de discretização.

A figura 4.5.13 apresenta a discretização do problema estudado. O contorno do


problema bidimensional foi dividido em 24 elementos lineares. O ponto interno A ,
71

onde as derivadas espaciais e temporal foram calculadas, encontra-se também definido


na referida figura. Os valores numéricos da derivada espacial neste ponto foram
determinados em função da direção do eixo X 1 .

O intervalo de tempo utilizado foi definido a partir da relação descrita em


(4.5.1). Deste modo, as ponderações definidas em [04] foram atendidas e o parâmetro
β foi estabelecido como sendo igual a 0 ,6 .

Estão apresentados, na figura 4.5.14, os valores numéricos do potencial no ponto


interno A .

X2

X1

p = H (t − 0 )

Figura 4.5.12 – Problema bidimensional: cavidade


72

X2

. . . ..
. . . .
. .
. . .
A X1

. .
.. . .
... ..
R R

Figura 4.5.13 – Discretização do problema bidimensional

3
Potencial

Formulação Padrão
1 TVC

0
0 20 40 60
t

Figura 4.5.14 – Histórico do potencial u para o ponto interno A


73

Nas análises apresentadas nas figuras 4.5.15, 4.5.16 e 4.5.17, os valores


numéricos da derivada espacial, calculados para o ponto interno A através da Técnica
das Variáveis Complexas, foram comparados com os resultados numéricos obtidos por
Carrer e Mansur [01]. Seguindo o mesmo raciocínio descrito no exemplo anterior, as
análises numéricas se diferenciam pela variação do parâmetro h .

As figuras 4.5.15 e 4.5.16 apresentam os valores numéricos da derivada espacial


para valores de intervalo da parte imaginária da variável complexa da ordem de 10 −35 e
10 −5 , respectivamente. Os resultados obtidos durante as análises numéricas foram
relevantes, uma vez que nenhuma discrepância entre os valores calculados por Carrer e
Mansur [01] e pela TVC foi constatada. No que concerne a ordem de grandeza do
parâmetro h , a mesma discussão realizada para o problema anterior pode ser estendida
para o problema da cavidade bidimensional. Por conseguinte, a opção por um valor de
h da mesma ordem de grandeza que a precisão de máquina ( h = 10 −35 ) não acarreta,
necessariamente, uma análise numérica mais precisa.

A figura 4.5.17 apresenta os resultados da derivada espacial para um valor de h


próximo à unidade ( h = 10 −1 ). A imprecisão dos resultados é constatada durante o
cálculo das derivadas via variáveis complexas.
74

0
0 20 40 60

-0,2
Derivada Espacial

-0,4

-0,6
Formulação Padrão

TVC

-0,8
t

∂u
Figura 4.5.15 – Histórico da derivada espacial para h = 10 −35
∂x1

0
0 20 40 60

-0,2
Derivada Espacial

-0,4

-0,6
Formulação Padrão

TVC

-0,8
t

∂u
Figura 4.5.16 – Histórico da derivada espacial para h = 10 −5
∂x1
75

0
0 20 40 60

-0,2
Derivada Espacial

-0,4

-0,6
Formulação Padrão

TVC

-0,8
t

∂u
Figura 4.5.17 – Histórico da derivada espacial para h = 10 −1
∂x1

As figuras 4.5.18, 4.5.19, 4.5.20 apresentam os valores numéricos da derivada


temporal do problema bidimensional estudado. De forma análoga à especificada para a
derivada espacial, os valores numéricos da derivada temporal, calculados através da
TVC, foram comparados com os resultados numéricos obtidos conforme procedimento
apresentado em [01].

As figuras 4.5.18 e 4.5.19 apresentam os resultados numéricos da referida


derivada para os parâmetros h = 10 −35 e h = 10 −5 , respectivamente. No que diz respeito
aos valores do parâmetro h , constatou-se que os valores numéricos apresentados nas
referidas figuras foram idênticos.

A figura 4.5.20 apresenta os valores numéricos da derivada temporal para o


parâmetro h = 10 −1 . A inconsistência dos resultados encontra respaldo no valor adotado
para a variável h .
76

0,6 Formulação Padrão

TVC
Derivada Temporal

0,4

0,2

0
0 20 40 60
t

∂u
Figura 4.5.18 – Histórico da derivada temporal para h = 10 −35
∂t

0,6 Formulação Padrão

TVC
Derivada Temporal

0,4

0,2

0
0 20 40 60
t

∂u
Figura 4.5.19 – Histórico da derivada temporal para h = 10 −5
∂t
77

0,6 Formulação Padrão

TVC
Derivada Temporal

0,4

0,2

0
0 20 40 60
t

∂u
Figura 4.5.20 – Histórico da derivada temporal para h = 10 −1
∂t
78

CAPÍTULO 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA


TRABALHOS FUTUROS

5.1- Considerações Finais

Atualmente, com o crescente avanço tecnológico, as variáveis complexas


tornaram-se um artifício matemático bastante utilizado durante o desenvolvimento
numérico de um problema físico. Conforme constatado em [22], [23] e [24], o emprego
da variável complexa simplifica de forma significativa a implementação numérica de
um determinado modelo, viabilizando o surgimento de novas técnicas numéricas na
literatura.

Neste trabalho, a técnica das variáveis complexas (TVC) foi utilizada como um
procedimento alternativo para o cálculo numérico das derivadas espacial e temporal da
equação integral de contorno. As conclusões oriundas deste procedimento, no que
concerne às falhas e virtudes da implementação numérica, são apresentadas neste item
juntamente com um parecer sobre a eficiência da técnica utilizada.

Como a essência da TVC está centrada na substituição de uma variável real por
uma variável complexa, o programa computacional desenvolvido para o cálculo do
potencial pôde ser reutilizado durante a determinação das derivadas da equação integral
de contorno. Em outras palavras, a derivada numérica do problema de potencial foi
obtida a partir de um procedimento numérico similar ao utilizado para o cálculo do
potencial. Esta característica é importante, pois um desenvolvimento matemático,
frequentemente complicado (ver Carrer e Mansur [01]), pôde ser substituído durante o
cálculo das derivadas da equação integral.
79

O emprego da TVC trouxe à tona a necessidade de se empregar uma formulação


numérica baseada no cálculo de funções complexas. Se em um primeiro momento o
emprego da variável complexa apresentou alguma dificuldade, pode-se afirmar que a
mesma foi rapidamente sanada através de um estudo mais consistente do problema de
potencial dentro do domínio imaginário. Tal estudo foi realizado através do
desenvolvimento dos exemplos numéricos apresentados no capítulo dois.

Conforme apresentado no capítulo quatro, importantes conclusões podem ser


evidenciadas a partir dos valores numéricos fornecidos pela variação do parâmetro h .
Para valores de h próximos à unidade ( h = 10 −1 e h = 10 1 ), as derivadas numéricas
mostraram-se imprecisas, inviabilizando, em um primeiro momento, o emprego da TVC
como alternativa para o cálculo numérico das derivadas da equação integral de
contorno. No entanto, quando valores de h da ordem de 10−5 e 10−35 foram adotados,
os resultados numéricos apresentados mostraram-se bastante satisfatórios. Neste caso, a
precisão dos resultados pôde ser avaliada através de uma comparação com as soluções
analíticas e/ou com os resultados fornecidos pelas técnicas apresentadas em [01] e [06].

A opção por uma variável h com a mesma ordem de grandeza que a precisão da
máquina resultou em valores numéricos com igual grau de acurácia que os resultados
provenientes de um intervalo da ordem de 10−5 .

Como uma prática implementação numérica pôde ser introduzida em virtude da


simplicidade da formulação empregada e os resultados obtidos foram bastante
satisfatórios (desde que observadas as considerações emitidas sobre o tamanho do
intervalo h ), a técnica das variáveis complexas comprovou ser um procedimento
eficiente para o cálculo das derivadas espaciais e temporal em problemas governados
pela equação escalar da onda. Logo, o respaldo da formulação em variáveis complexas
foi evidenciado.
80

5.2- Sugestões para Trabalhos Futuros

Em virtude da fácil implementação numérica, a Técnica das Variáveis


Complexas poderá ser utilizada em problemas formulados via Método dos Elementos de
Contorno e/ou Método dos Elementos Finitos.

Se os futuros esforços estiverem concentrados apenas nos problemas


desenvolvidos pelo MEC, estudos posteriores poderão ser realizados em problemas de
potencial com condições iniciais não nulas.

O campo de problemas físicos onde a formulação poderá ser empregada não se


restringe, no entanto, aos problemas de potencial. O mesmo procedimento poderá ser
aplicado, por exemplo, no cálculo das derivadas em problemas elastodinâmicos em duas
e em três dimensões, com condições iniciais. Tal procedimento acarretará uma
importante contribuição dentro da linha de pesquisa que abrange o cálculo de derivadas
numéricas em problemas governados pela equação escalar da onda.
81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Scalar Wave Equation: Initial Conditions Contributions to Space and Time
Derivatives”, International Journal for Numerical Methods in Engineering, vol. 39, pp.
2169-2188, 1996.

[02] LYNESS, J. N. and MOLER, C. B., “Numerical Differentiation of Analytic


Functions”, Journal of Numerical Analysis, vol. 4, pp. 202-210, 1967.

[03] MANSUR, W. J. and BREBBIA, C. A., Formulation of the Boundary Element


Method for Transient Problems Governed by the Scalar Wave Equation, Applied
Mathematical Modeling, vol. 6, pp. 307-311, 1982.

[04] MANSUR, W. J., A Time-stepping Technique to Solve Wave Propagation


Problems Using the Boundary Element Method, PhD Thesis, University of
Southampton, England, 1983.

[05] HADAMARD, J., Lectures on Cauchy’s Problem in Linear Partial Differential


Equations, Dover Publications, New York, 1952.

[06] YU, G., MANSUR, W. J., CARRER, J. A. M., et al., A Linear θ Method Applied
to 2D Time-Domain BEM, Communications in Numerical Methods in Engineering, vol.
14, pp. 1171-1179, 1998.

[07] GAO, X. W., LIU, D. D. and CHEN, P. C., Computation of International Stresses
in Nonlinear BEM Using a Numerically-exact Complex-Variable Approach, Anais da
conferência Advances in Boundary Element Techniques II, M. Denda, M. H. Aliabadi,
A. Charafi (ed.), Hoggar, Geneva, pp. 201-208, 2001.
82

[08] SOARES JR., D., CARRER, J. A. M., TELLES, J. C. F., et al., Numerical
Computation of Internal Stress and Velocity in Time-Domain BEM Formulation for
Elastodynamics, Computational Mechanics, vol. 30, pp. 38-47, 2002.

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Analysis for the Scalar Wave Equation: Kernels”, Engineering Analysis with Boundary
Elements, vol. 12, pp. 283-288, 1993.

[10] JONES, D. S., Generalized Functions, McGraw-Hill, London, 1966.

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University Press, Cambridge, 1958.

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Hill, New York, Toronto and London, 1953.

[13] ERIGEN, A.C. and SUHUBI, E.S., Elastodynamics, vols. I e II, Academic Press,
New York, San Francisco and London, 1975.

[14] TELLES, J. C. F., On the Application of the Boundary Element Method to Inelastic
Problems, University of Southampton, England, 1981.

[15] CRUSE, T. A., Two Dimensional BIE Fracture Mechanics Analysis, Applied.
Mathematical Modeling, vol. 2, pp. 287-293, 1978.

[16] NAKAGUMA, R. K., Three Dimensional Elastostatics Using the Boundary


Element Method, PhD Thesis, University of Southampton, England, 1979.

[17] BREBBIA, C. A., The Boundary Element Method for Engineers, Pentech Press,
London, 1978.

[18] BREBBIA, C. A. and WALKER, S., The Boundary Element Techniques in


Engineering, Newes-Butterworths, London, 1980.
83

[19] BREBBIA, C. A., TELLES, J. C. and WROBEL, L. C., Boundary Element


Techniques – Theory and Application in Engineering, Springer-Verlag, Berlin and New
York, 1983.

[20] CARRER, J. A. M. and MANSUR, J. W., “Space Derivatives in the Time Domain
BEM Analysis for the Escalar Wave Equation”, Engineering Analysis with Boundary
Elements, vol. 13, pp. 67-74, 1994.

[21] MILES, J. W., “Modern Mathematics for the Engineer”, Beckenbach, E.F. ed., pp.
82-84, McGraw-Hill, London, 1961.

[22] BRACEWELL, Ronald N., The Fourier Transform & Its Aplications, McGraw-
Hill Science/Engineering/Math, 3 edition, London, 1999.

[23] GRAFF, K. F., Wave Motion in Elastic Solids, Library of Congress Cataloging – in
– Publication Data, American Edition, Ohio State University Press, 1991.

[24] DOETSCH, G., Introduction to the Theory and Application of the Laplace
Transformation, Springer-Verlag, Berlin, 1974.
84

APÊNDICE A

SOLUÇÃO FUNDAMENTAL BIDIMENSIONAL PARA


A EQUAÇÃO ESCALAR DA ONDA

Conforme discutido no item 3.6, a solução fundamental do problema


bidimensional origina-se da solução fundamental do problema tridimensional. Logo, a
seguinte equação pode ser definida:

+∞
u *2 D = ∫ u *3 D ( x.t ;ξ ,τ ) dξ 3 ( x ) (A.1)
−∞

Substituindo a equação (3.4.3) na expressão (A.1), tem-se:

δ [r − c(t − τ )]dξ 3
+∞ c
u *2 D = ∫ (A.2)
−∞ r

De acordo com a figura A.1, o ponto fonte ξ pertence ao domínio Ω definido


no plano formado pelos eixos X 1 e X 2 . Logo, a seguinte relação também pode ser
definida:

2
r 2 = R 2 + x3 (A.3)

onde R 2 = (Ri Ri ) e Ri = xi ( x ) − xi (ξ ) , sendo i um sub-índice que varia no intervalo

[1, 2] .
85

X2 Γ


R
ξ
x3
r

x X1

X3

Figura A.1 - Relação dada pela expressão (A.3)

Substituindo a expressão (A.3) na equação (A.2), tem-se:


( ) ⎤
1
+∞
− c(t − τ )⎥ dξ 3
c
u *
=∫ δ ⎢ R 2 + x3 2 2 (A.4)
(R )
2D 1
−∞
2
+ x3
2 2 ⎣ ⎦

Para que a integral da equação (A.4) possa ser determinada, uma propriedade da
função Delta de Dirac é introduzida na expressão (A.5). Esta propriedade pode ser
utilizada sempre que a derivada f ' ( x ) não se anula nas raízes da função f ( x ) .

n
δ [x − x i ]
δ [ f ( x )]= ∑ (A.5)
i =1 f ' ( xi )

Na expressão (A.4), as duas raízes do argumento da função Delta de Dirac são

[ ]
1
± c 2 (t − τ ) − R 2 2 . Logo, tem-se:
2

[ ]
1
= c(t − τ ) c 2 (t − τ ) − R 2
1 1 −
=
2 2 (A.6)
f ' ( x1 ) f ' ( x 2 )
86

Aplicando a propriedade apresentada em (A.5), encontra-se:


( ) ⎤
[ ] ⎧⎪ ⎡
( )
2 2⎤
1 1 1
− c(t − τ )⎥ = c(t − τ ) c 2 (t − τ ) − R 2 ( )

δ ⎢ R 2 + x3 2 2 2 2 δ
⎨ ⎢ 3x − c 2
t − τ 2
− R ⎥
⎣ ⎦ ⎪⎩ ⎣ ⎦

⎤ ⎪⎫

( )
1
+ δ ⎢ x3 + c 2 (t − τ ) − R 2 2 ⎥ ⎬
2

⎣ ⎦ ⎪⎭
(A.7)

Substituindo a expressão (A.7) na equação (A.4) e aplicando o desenvolvimento


discutido em [12] e [13], encontra-se:

H [c(t − τ ) − R ]
2c
u *2 D = (A.8)
(
c t −τ 2 − R2
2
)

Nota-se que quando o parâmetro R é substituído por r a expressão (A.8) torna-


se a equação (3.6.9).
87

APÊNDICE B

INTEGRAÇÃO AO LONGO DA CURVA DEFINIDA


PELO CONTORNO Γ

Neste apêndice, a relação (B.1), usada previamente na seção 3.7, será obtida.

∂r (ξ , X )
∫λ f [r (λ )] r (λ ) dλ = ∫Γ f [r (ξ , X )] ∂n( X ) dΓ ( X )
λ 2
(B.1)
1

Comparando as expressões (B.1) e (3.7.20) constata-se claramente uma mudança


de notação, rΓ (λ ) é substituído por r (λ ) .

r r r
A figura B.1 apresenta os vetores unitários n , v e t que, juntamente com o
parâmetro r (λ ) , definem a posição do ponto campo X em relação ao ponto fonte ξ .

X2
r r
n
t r
r v
Γ j r (λ ) X dΓ
ξ λ
r
Ω i X1

Figura B.1 - Sistema de coordenadas polares para


o problema bidimensional

As seguintes expressões podem ser definidas:

∂λ
∫λ f [r (λ )]r (λ ) dλ = ∫Γ f (r ) r ∂Γ dΓ
λ2
(B.2)
1
88

∂r rr
∫Γ f (r ) ∂n dΓ = ∫Γ f (r )(v .n ) dΓ (B.3)

r
rr r r r r
onde (v .n ) é o produto interno dos vetores unitários v e n , e v = r é um vetor
r

definido segundo a direção do segmento ξX .

r
De acordo com a figura B.1, o vetor unitário r é dado por:

r r
r = r (cos λ i + senλ j )
r
(B4)

Com base nas expressões (B.2) e (B.3), a equação (B.1) é válida quando a
seguinte igualdade for comprovada:

(vr .nr ) = r ∂λ (B.5)


∂Γ

De acordo com a expressão (B.4), as seguintes relações são definidas:

r ⎡⎛ dr ⎞ r ⎛ dr ⎞ r⎤
dr = ⎢⎜ cos λ − r senλ ⎟ i + ⎜ senλ + r cos λ ⎟ j ⎥ dλ (B.6)
⎣⎝ dλ ⎠ ⎝ dλ ⎠ ⎦

r r ⎛⎜ ⎛ dr ⎞ ⎞2
2

dΓ = (dr .dr ) = ⎜ ⎟ + r 2 ⎟ dλ (B.7)


⎜ ⎝ dλ ⎠ ⎟
⎝ ⎠

r
Admitindo que o vetor unitário t , tangente ao contorno Γ no ponto campo X ,
é dado pela expressão

r r r
t = ai + bj (B.8)

r
o vetor unitário n , normal ao contorno Γ no ponto campo X , pode ser definido como:
89

r r
r b i − aj
n= (B.9)
( )
1
a2 + b2 2

r
Para o problema apresentado na figura B.1, o vetor t é dado por:

r
r ∂r ⎛ ∂r ⎞ r ⎛ ∂r ⎞r
t= = ⎜ cos λ − r senλ ⎟ i + ⎜ senλ + r cos λ ⎟ j (B.10)
∂λ ⎝ ∂λ ⎠ ⎝ ∂λ ⎠

r
Com base nas equações (B.9) e (B.10), o vetor unitário n pode, enfim, ser
definido como:

⎛ ∂r ⎞ r ⎛ ∂r ⎞r
⎜ senλ + r cos λ ⎟ i − ⎜ cos λ − r senλ ⎟ j
∂λ ⎠ ⎝ ∂λ
n= ⎝ ⎠
r
1
(B.11)
⎡⎛ ∂r ⎞ 2 ⎤2
⎢⎜ ⎟ + r ⎥
2

⎣⎢⎝ ∂λ ⎠ ⎦⎥

Empregando as expressões (B.4) e (B.11), demonstra-se que:

rr r
v .n = 1
(B.12)
⎡⎛ ∂r ⎞
2
⎤ 2
⎢⎜ ⎟ + r ⎥
2

⎢⎣⎝ ∂λ ⎠ ⎥⎦

E, finalmente, comparando as expressões (B.7) e (B.12) constata-se que a


igualdade definida em (B.5) é válida, conseqüentemente, a expressão (B.1) está
provada.
90

APÊNDICE C

EXPRESSÕES ANALÍTICAS PARA AS DERIVADAS ESPACIAIS E


TEMPORAL DA EQUAÇÃO INTEGRAL DE CONTORNO

As expressões analíticas oriundas do cálculo das integrais temporais da equação


(4.2.6) encontram-se definidas no procedimento numérico realizado por Carrer e
Mansur [01]. Tais expressões foram reapresentadas no item 4.2 e são essenciais para o
cálculo das incógnitas u e p do problema.

De posse das incógnitas do contorno e do domínio, parte-se para o cálculo das


derivadas espaciais e temporais da representação integral de Volterra.

Por intermédio do tempo retardado t r , que define a posição da frente de onda em


função do intervalo [t m ,t m +1 ] , Carrer e Mansur [01] definiram expressões analíticas para
o cálculo das derivadas da equação integral. Logo, três casos especiais podem ser
apresentados:

1- Caso 1: tm + 1 = tn , tm < tr < tm + 1 ;

As expressões analíticas para o cálculo das derivadas espaciais e temporais da


equação integral de contorno estão indicadas nas tabelas C.1 e C.2, respectivamente.

Tabela C.1 – Expressões analíticas para o cálculo de derivadas espaciais

∆t (∂hIm / ∂r ) ∆t (∂hFm / ∂r ) ∂g m / ∂r
2
2 A3 2 A3 2 A3
− 3

cA1 A2 cr 2 A1 A2 rA1 A2

onde os parâmetros A1 , A2 e A3 foram definidos no item 4.2.


91

Tabela C.2 – Expressões analíticas para o cálculo de derivadas temporais

∆t (∂hIm / ∂t ) ∆t (∂hFm / ∂t ) ∂g Fm / ∂t
2
2 A3 2 A3 2c
3

rA1 A2 rA1 A2 A1 A2

2- Caso 2: tm + 1 < tn , tm < tr < tm + 1 ;

As expressões analíticas para o cálculo das derivadas espaciais e temporais da


equação integral de contorno estão indicadas nas tabelas C.3 e C.4, respectivamente.

Tabela C.3 – Expressões analíticas para o cálculo de derivadas espaciais

∆t (∂hIm / ∂r ) ∆t (∂hFm / ∂r ) ∂g m / ∂r


(
2 A3 A6 A2 + cr 2 ∆t
2
) 2 A3
2

2 A3
3
cr 2 A1 A2 cr 2 A1 A2 rA1 A2

onde o parâmetro A6 foi definido no item 4.2.

Tabela C.4 – Expressões analíticas para o cálculo de derivadas temporais

∆t (∂hIm / ∂t ) ∆t (∂hFm / ∂t ) ∂g m / ∂t

(
2 A3 + A6 r
2
) −
2 A3 2c
3
rA1 A2 rA1 A2 A1 A2
92

3- Caso 3: t m +1 < t r .

As expressões analíticas para o cálculo das derivadas espaciais e temporais da


equação integral de contorno estão indicadas nas tabelas C.5 e C.6, respectivamente.

Tabela C.5 – Expressões analíticas para o cálculo de derivadas espaciais

∆t (∂H Im / ∂r ) ∆t (∂hFm / ∂r ) ∂g m / ∂r

2 ⎛ A4 A6 ⎞ 2 ⎛⎜ A2 2 ⎞ 2 ⎛ A6 A ⎞
2 2 2
A7 A7 A3
⎜ − + ⎟ − + ⎟ ⎜⎜ − 3 ⎟⎟
c ⎜⎝ A1 A2 3
r A1 A2 r A5 A4 ⎟⎠ c ⎜⎝ A5 A4
2 2 3
r A5 A4 r A1 A2 ⎟⎠
2 2
r ⎝ A5 A4 A1 A2 ⎠

onde os parâmetros A4 e A5 foram definidos no item 4.2, e

A7 = A3 A6 + r 2 . (C.1)

Tabela C.6 – Expressões analíticas para o cálculo de derivadas temporais

∆t (∂hIm / ∂t ) ∆t (∂hFm / ∂t ) ∂g m / ∂t

(
2 A6 r + A3
2
)− 2 A6 (
2 A3 r + A6
2
)− 2 A3 ⎛ 1
− 2c⎜⎜ −
1 ⎞
⎟⎟
3 3
rA1 A2 rA5 A4 rA5 A4 rA1 A2 ⎝ A5 A4 A1 A2 ⎠

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