Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha…
Quem com seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o sue esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!
Olavo Bilac AO DIA SETE DE SETEMBRO
Mancebos, que sois a esperança E as montanhas lá do Norte,
Do majestoso Brasil; Repetiram em seus cumes: Mancebos, que inda tão tenros Sempre ser livres ou morte... Sabeis de louro gentil E lá na luta renhida Adornar o pátrio dia, Cada qual luta mais forte. Nosso dia senhoril! Sim, nos combates que, ousados, Travaram cem contra mil, Eis que assomou sobre os montes O mancebo que nascera Além, sobre a antiga serra, Entre mil nuvens de rosa, O dia de nossa terra; Sob este azul céu de anil, Aquele que para a Pátria Forte como um Bonaparte, Milhões de glórias encerra. Batia o forte fuzil.
Foi hoje que o Lusitano, E cada qual no combate
Que o filho de além do mar, Ao ribombar do canhão Despertou com forte brado Queria à custa da vida A Pátria que era a sonhar, Dar à Pátria salvação, Que nem sequer escutava Vingar a terra natal A liberdade a expirar. D'aviltante servidão.
E o brado: — "Livres ou mortos" Eia, pois, flores da Pátria,
Lá nos bosques retumbou; Esp'rançosa mocidade! E mais contente o Ipiranga Que os Andradas e os Machados As suas águas rolou; Do alto da Eternidade E o eco d'alta montanha Contentes vos abençoam Todo o Brasil ecoou. No dia da Liberdade.