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Os Estados possuem hoje, como sempre, valores institucionais e estes também se podem
encontrar na ciência das finanças públicas. Por isso, falamos no conceito de instituições
financeiras.
- A aprovação do regime das leis das finanças locais (art. 165, al. q), entre
outras.
Uma vez que o poder de orientação geral da política financeira compete à Assembleia
da República, o Governo possui uma competência subordinada, de conformação,
administração e gestão das finanças públicas. Nesta perspectiva, a decisão financeira
compete ao Ministro das Finanças, que é coadjuvado, normalmente, por três Secretários
de Estado, que completam a estrutura de decisão financeira, juntamente com o
Primeiro-Ministro e o Conselho de Ministros:
- Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que tem a área da receita fiscal.
É importante recordar que todas as entidades que integram o SEE gozam de um estatuto
de independência orçamental, tal como as regiões autónomas e as autarquias locais.
➢ Tribunais Financeiros
São tribunais financeiros nacionais: o Tribunal de Contas e os Tribunais Fiscais. São
estruturas da organização do poder judicial e verdadeiros órgãos de soberania. Foram
criados pela necessidade de exercer o controlo financeiro das receitas, das cobranças
dos tributos e da necessidade de garantir uma regular e eficiente gestão das despesas
públicas.
Diferente foi na Constituição política de 1933 onde aqueles poderes vieram a ser
substancialmente outorgados segundo um regime dualista onde a Assembleia Nacional
e Governo partilhavam competências Financeiras de primeira grandeza.
Este dualismo financeiro que caracterizou a Constituição política de 1933 veio a ser
também adoptado pela Constituição de 1976, embora por razões diferentes. Todavia, o
retorno à “normalidade” deu-se logo depois, sendo hoje inequivocamente monista a
opção de fundo em matéria financeira plasmada na Constituição política de 1976, graças
à revisão constitucional de 1982.
Para além dos princípios especificamente financeiros, existe um conjunto mais vasto de
princípios gerais que são igualmente importantes uma vez que possuem, em alguma
medida, incidência financeira. É o caso, entre outros, dos princípios:
Os princípios do Estado financeiro podem ser gerais ou específicos. São gerais, aqueles
que têm uma manifesta vertente financeira. Tais como:
- O princípio democrático;
Para além dos princípios do Estado financeiro, a Constituição político consagra ainda
um conjunto de objectivos do Estado financeiro, que compreendem tarefas
fundamentais do Estado. Estas podem ser de dois tipos, gerais ou específicas:
- São gerais, por exemplo as previstas no artigo 9º da CRP, tais como a garantia
da independência nacional, a garantia dos direitos e liberdades fundamentais, a defesa
da democracia ou a promoção da igualdade entre homens e mulheres.
A Constituição fiscal
Aqui, alinham-se alguns dados estruturantes sobre a natureza finalista do sistema fiscal,
a saber, um fim essencialmente financeiro, que é o da satisfação das necessidades
financeiras do Estado em primeiro lugar, e, logo depois, um fim não financeiro mas
social, que é o da justa repartição de rendimentos e da riqueza.
Por outro, a reserva de lei é formal pois a lei do imposto deve conter não apenas o
fundamento da conduta da administração tributária, mas também os critérios das
decisões dos casos concretos.
A Constituição creditícia
O recurso ao crédito público não é uma actividade na livre disposição dos Governos
pois o endividamento público não é mais do que impostos diferidos ou futuros. Se assim
fosse, os Governos poderiam facilmente subverter os princípios da legalidade e da
reserva de competência legislativa que existe no lançamento de impostos,
substituindo-os por endividamento público. Assim, o recurso ao crédito público, tal
como o lançamento de impostos, deve ser consentido pelo povo através dos seus
legítimos representantes, a Assembleia da República.
Por outro lado, a actividade financeira do Estado é também levada a efeito através de
um conjunto de instrumentos financeiros (instituições instrumentais), de que se
socorre o Estado financeiro no exercício das suas funções político-financeiras, que são:
- O tesouro público;
- O crédito público;
- A dívida pública;
- O património do Estado.
O Tesouro Público
O Tesouro Público mantém toda a sua relevância, continuando a ser a instituição que
centraliza e gere de modo coordenado todos os recebimentos e pagamentos do Estado.
O Tesouro constitui a estrutura central da actividade financeira do Estado e o seu bom
funcionamento reveste-se de grande importância para toda a administração pública. As
tarefas de gestão das disponibilidades de tesouraria estão concentradas no IGCP –
Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, concentrando-se nele a gestão da
totalidade da tesouraria central do Estado e da dívida pública.
O Crédito Público
O Crédito Público é o conjunto de operações levadas a efeito pelo Estado tendo em vista
a obtenção de meios de liquidez (empréstimo público) para a satisfação de
responsabilidades financeiras. Assim, ele pode ser visto de duas formas: instituição
pública ou instrumento financeiro. Esta última denomina o conjunto de operações de
endividamento e de gestão da dívida pública levados a efeito pelo Estado com a
finalidade de obter os meios de liquidez necessários para a cobertura das suas
necessidades e responsabilidades.
A Dívida Pública
Por dívida pública entende-se o conjunto das situações passivas constituídas em
resultado do recurso ao crédito por parte do Estado (crédito público), materializado na
emissão de títulos, colocados no mercado de capitais para que os interessados possam
neles investir, tendo em vista alcançar um dado número de recursos, estimado, para
fazer face aos défices orçamentais.
- Dívida não amortizável – diz-se não amortizável a dívida pública pela qual o
adquirente fica com direito a uma renda perpétua, pela qual recebe rendas anuais, mas
sem qualquer limite de tempo.
Existem vários planos financeiros tais como Planos sectoriais e o Plano das Grandes
Opções do Plano (GOP’s).
Esta instituição financeira vive actualmente algumas vicissitudes, tais como a perda de
generalidade, por um lado, e a ausência de verdadeira discussão parlamentar, por outro.
Todavia, tem uma clara função dirigente e um forte instrumento da estabilidade
orçamental coordenando a actividade financeira do Estado, incluindo a dos subsectores
com independência orçamental.
Por outro lado, existe uma espécie de pré-conformação legal muito expressiva das
despesas públicas, cuja rigidez reduz, na prática, a possibilidade de tomada de
verdadeiras opções de fundo em sede de discussão e aprovação parlamentar do
Orçamento do Estado. A rigidez da despesa retira também conteúdo prático a uma
verdadeira audição dos povos através dos seus representantes, como era intenção da
dogmática liberal de onde a instituição orçamental surgiu.
O Património do Estado
O património do Estado é o acervo dos bens de que o Estado é titular num dado
momento, capaz de satisfazer necessidades públicas, compreendendo ainda as posições
passivas (responsabilidades) de que seja sujeito num determinado momento.
Parte das competências financeiras dos Estados, sobretudo fiscais, mas também quanto
a algumas políticas financeiras relevantes, como é o caso da política monetária, cambial
e taxa de juro, o centro de decisão passou a estar nas instâncias comunitárias como é o
caso da Comissão Europeia, do Parlamento Europeu e do Conselho.
- As Regiões Autónomas;
- As Autarquias Locais;
- A Segurança Social;
Importa ainda reter que o espaço da decisão financeira se alargou em vários sentidos.
Em termos mais amplos, a descentralização é perpassada tanto por fenómenos de infra
como de supra estadualidade. Há novos espaços e centros de decisão tanto em órgãos
intraestaduais, como é o caso das Autarquias Locais, como em órgãos supra estaduais,
extravasando a esfera territorial do Estado como é o caso das competências da União
Europeia, sobretudo em matéria financeira, agora reforçadas no âmbito do Tratado de
Lisboa.
➢ Os subsectores financeiros
O Estado financeiro está reflectido por um conjunto de órgãos muito diversificado,
integrados em diferentes níveis da estrutura administrativa. Assim, podemos distinguir,
desde logo, os seguintes subsectores financeiros:
Ainda que se assista a uma tendência para atribuir autonomia gestionária, financeira e
patrimonial a um leque cada vez maior de serviços, a regra geral é a de que esse regime
de autonomia financeira só é outorgado quando o interesse público o justifica.
Por outro lado, a independência financeira não significa autossuficiência financeira uma
vez que o financiamento das regiões autónomas depende em parte de fundos do
Orçamento do Estado.
Ainda, de acordo com a LFRA – Leia de Finanças das Regiões Autónomas, elas
possuem poder tributário próprio, podendo proceder à adaptação do sistema fiscal
nacional.
As autarquias locais podem ser definidas como pessoas colectivas territoriais dotadas de
órgãos representativos, que visam a prossecução de interesses próprios das populações
respectivas.
A actividade financeira das autarquias locais é exercida através dos respectivos órgãos
autónomos com responsabilidade na sua circunscrição territorial. As autarquias possuem
órgãos próprios com competência para a aprovação dos instrumentos financeiros e
orçamentais bem como competências administrativas e financeiras para as concretizar.
A lei fundamental consagra o princípio de que as autarquias locais possuem receitas
próprias provenientes da gestão do seu património e cobradas pelas utilidades que
prestam. No regime de finanças locais, consagram-se alguns princípios que constituem
corolários lógicos deste valor fundamental, a saber:
Por outro lado, do princípio da autonomia financeira dos municípios e das freguesias
resultam ainda os seguintes poderes:
Este subsector é constituído por entidades munidas de um regime especial que integra
hoje poderes orçamentais e fiscais, estando autonomamente integrado no Orçamento do
Estado.
Aqui estão alguns desses princípios mais salientes, conforme o artigo 63º da CRP:
Este subsector é composto por serviços integrados e serviços e fundos autónomos pelos
que os seus recursos acham-se dispersos pelo Orçamento do Estado. A Segurança Social
compreende assim vários sistemas, financiados de forma diferenciada, tais como o
subsistema de solidariedade, o subsistema de protecção familiar ou o subsistema de
acção social.
Por “fiscal federalism” devemos entender a divisão das funções do sector público
financeiro entre os diferentes níveis de governo. Ao proceder a essa divisão, tem-se em
vista melhorar o desempenho do sector público e a prestação dos seus serviços,
garantindo uma boa articulação entre as competências e os recursos e instrumentos
financeiros.
Ler páginas 179, 180, 181, 182 e 183 – parece pouco importante!
A União Europeia tem orçamento próprio e receitas próprias para além das
contribuições financeiras dos Estados-Membros. Existem vários órgãos da União
Europeia envolvidos no processo financeiro da União.
Os maiores desafios para assegurar o êxito a longo prazo da UEM são dois:
Ainda que o projecto europeu tenha começado pela vertente económica e que as
primeiras metas se dirigissem para a construção do mercado único, a verdade é que os
desequilíbrios regionais, económicos, sociais e culturais têm sido um obstáculo à
integração. Assim, rapidamente se compreendeu que a eficiência económica
pressupunha uma convergência ao nível do desenvolvimento das regiões.
Contudo, esta disciplina não foi suficiente para evitar que alguns Estados apresentassem
situações de défice e de endividamento excessivo.
Para além destas, a UE ainda possui outras receitas de menor expressão, tais como juros
e coimas, taxas sobres os rendimentos pagos aos funcionários da União, rendimentos
próprios.
A gestão orçamental supõe que exista uma correlação estável e adequada entre as
despesas previstas e as receitas estimadas. Existe, no artigo 310º do Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia uma regra parecida com a Lei-travão que consta do
artigo 167º da Constituição política portuguesa, nos termos da qual a Comissão se deve
abster de propor quaisquer medidas que envolvam ou tenham impactos significativos no
aumento da despesa, quando não seja dada a garantia expressa de que essas propostas
ou medidas podem ser financiadas nos limites dos recursos próprios da Comunidade,
previstos.
A Comissão Europeia tem de prestar contas ao Parlamento Europeu sobre a forma como
foram efectuadas as despesas. O TFUE obriga a Comissão a apresentar anualmente ao
Parlamento Europeu e ao Conselho um relatório de avaliação das finanças da União
baseado nos resultados obtidos, nomeadamente em relação às indicações dadas pelo
Parlamento Europeu e pelo Conselho.
As novas regras sobre o processo orçamental europeu são mais flexíveis, conferindo à
Comissão um papel mais relevante. Ela pode tomar a iniciativa de procurar a
conciliação das posições do Parlamento e do Conselho Europeu sempre que se verifique
um impasse. Pode, inclusive, criar-se um Comité de Conciliação tendo em vista
alcançar a uniformidade de posições sobre o orçamento comunitário anual.
A Comissão Europeia tem de prestar contas ao Parlamento Europeu sobre a forma como
realizou a execução orçamental pois é ele que exerce as funções de controlo sobre a
execução do orçamento europeu. O Parlamento Europeu exerce um controlo
permanente sobre a gestão dos créditos e avalia os efeitos dos financiamentos realizados
ao abrigo do orçamento comunitário, desenvolvendo uma acção contínua com o
objectivo de detectar e reprimir fraudes.
O controlo do Orçamento da União Europeia pode ser de dois tipos:
Ora, num plano de acção globalizado e aberto e sobretudo quando os Estados se acham
integrados em espaços ou blocos económicos, como é o caso da União Europeia, a
acção concorrencial de uns prejudica os outros. Os Estados têm, de facto, vindo a sofrer
as consequências nefastas das políticas fiscais agressivas dos outros.
Para conter as práticas agressivas dos agentes económicos, têm vindo a ser
desenvolvidas várias iniciativas, a saber:
Em âmbito mais geral constata-se que os sistemas fiscais estão a evoluir rapidamente.
Eis algumas das tendências dessa evolução:
No plano mais teórico assiste-se a uma renovação do interesse pelas matérias mais
orçamentais, na perspectiva normativa e económica, mais na óptica de contenção das
despesas públicas e não tanto na das políticas financeiras. Ganha relevo a questão da
execução orçamental e do controlo da despesa. Por outro lado, assiste-se a um intenso e
alongado movimento de desorçamentação de receita e despesa.
Podemos dizer que as suas razões justificativas se podem alinhar em duas direcções:
Todavia, importa focar que o orçamento é um instrumento central mas não exclusivo da
actividade financeira pública.
Por isso, é possível identificar quatro áreas fundamentais que se sistuam para além da
execução orçamental:
O orçamento não se confunde, pois, com os planos sectoriais e o plano das Grandes
Opções do Plano, os orçamentos de outros agentes económicos, nomeadamente do
sector privado, a Conta do Estado, os orçamentos das pessoas colectivas públicas
dotadas de mera autonomia financeira, administrativa e patrimonial, para mencionar
apenas os mais relevantes.
Assim, o orçamento deve distinguir-se das seguintes realidades com as quais comunga
algumas correlações:
O estudo das regras e princípios orçamentais requer uma análise da actual Lei de
Enquadramento Orçamental.
Ganham especial destaque, nos nossos dias, os princípios da estabilidade e transparência
orçamental.
A importância que é atribuída às regras orçamentais variou no tempo, mas essas regras
subsistem, recuperando fulgor, recaracterizando-se por vezes, sem contudo impedir o
surgimento de regras novas, como é o caso das regras da equidade intergeracional, da
estabilidade ou da transparência orçamental. Estas novas regras contribuem para a
renovação do direito orçamental e para o robustecimento das garantias que delas
promanam.
1) A anualidade orçamental
Todavia, existem factores que levam a uma recaracterização da regra da anualidade, que
são os seguintes:
A propósito da regra da anualidade orçamental importa ainda reter que o registo das
receitas e despesas pode ser realizado segundo as perspectivas do orçamento de gerência
ou do orçamento de exercício.
A regra da plenitude orçamental tem um sentido finalista uma vez que visa conferir
racionalidade e transparência à afectação dos recursos obtidos. Com isso tem-se em
vista tanto fins de ordem política quanto de racionalidade económica: evitar que massas
de receita escapem ao controlo orçamental e, consequentemente, à autorização política,
ao controlo político e até à responsabilização jurisdicional ou parlamentar exercidas
pelo Tribunal de Contas e pela Assembleia da República, respectivamente.
A desorçamentação comporta níveis, uma vez que há serviços públicos que dispõem de
orçamentos privativos, mas que estão, ainda assim, subordinados ao Orçamento do
Estado, e que existem massas de receita pública que estão totalmente à margem do
orçamento, das suas regras de previsão e execução próprias.
Esta problemática insere-se num movimento que autonomizou cada vez mais áreas da
administração pública através da criação algo profusa de Institutos Públicos, de
Autoridades de Supervisão, das próprias Empresas Públicas do Estado e das Fundações
Públicas, todas elas dotadas em alguma medida, de receitas próprias, sem prejuízo de
beneficiarem de fundos do próprio Orçamento do Estado.
- A independência orçamental;
- A autonomia financeira;
- A autonomia administrativa;
No plano das receitas assiste-se, do mesmo modo, a uma perda de influência da regra da
plenitude orçamental devido a um fenómeno igualmente criticável, que o da
parafiscalidade. Esta designa a realidade pela qual os entes públicos recorrem a formas
de financiamento através de receitas tributárias (taxas em vez de impostos) como forma
de alargar as suas fontes de financiamento regular, para satisfação das necessidades
correntes.
3) A discriminação orçamental
A regra discriminação consagrada nos artigos 6º e 8º da LEO deve ser abordada numa
perspectiva tríplice:
● De especificação, nos termos do qual se requer que cada receita e cada despesa
sejam objecto de suficiente discriminação ou individualização, embora nada
impeça a sua inscrição em globo, por tipo de imposto, como é o caso das receitas
fiscais. Visa-se impedir a constituição de dotações e fundos secretos, mas
admite-se a especificação por programas.
O artigo 8º da LEO prevê que “as receitas previstas devem ser suficientemente
especificadas de acordo com uma classificação económica”. Por outro lado, as
“despesas são fixadas de acordo com uma classificação orgânica, económica e
funcional”.
Em geral, diz-se que há equilíbrio quando existe uma situação de igualdade entre
receitas e despesas orçamentais, podendo significar, todavia, um excedente das receitas
sobre as despesas. Por outro lado, importa ter presente que o equilíbrio pode ser
apreciado antes da execução orçamental, caso em que se fala de equilíbrio ex ante ou
equilíbrio de previsão, assim como em equilíbrio da execução ou ex post, sendo este
muito mais difícil de obter.
Por outro lado, diz-se que há superavit quando a receita prevista é maior do que a
despesa esperada e défice quando ocorre o inverso.
5) A publicidade orçamental
A publicidade cumpre o requisito hoje plasmado como regra geral para todas as leis da
República, de publicitação sob pena de inconstitucionalidade formal, para que sejam
conhecidas e observadas pelos cidadãos e demais agentes económicos.
Mais recentemente surgiram novos princípios, ou regras através das quais claramente se
pretende fazer com que as regras orçamentais acompanhem a realidade. Estes tanto
chamam a atenção para problemas fundamentais das finanças públicas, como procuram
introduzir novos limites e valores estruturantes, verdadeiras balizas à actuação dos
poderes públicos.
1. A equidade intergeracional
A equidade intergeracional equaciona o problema do esgotamento dos recursos dos
povos, a necessidade de conter os défices e a obrigação moral (e legal) de cada geração
viver dentro dos seus parâmetros de riqueza.
2. A estabilidade orçamental
3. A solidariedade recíproca
4. A transparência orçamental
Os orçamentos das despesas são elaborados pelos organismos dos serviços integrados e
objecto de integração pelos serviços próprios do orçamento após aprovação.
Uma vez elaborado, o orçamento tem que ser aprovado pelo Governo. A aprovação em
Conselho de Ministros faz-se mediante discussão prévia embora, no rigor, as grandes
linhas de orientação e as questões de fundo de orientação estratégica do Governo
estejam como que predeterminadas, senão mesmo decididas antecipadamente nas
reuniões que o Ministro das Finanças tem previamente com o Primeiro-Ministro durante
a fase de elaboração.
Promulgação – 4ª Fase
Uma vez referendada, a lei é enviada para publicação no jornal oficial, o Diário da
República devendo, desejavelmente, entrar em vigor no dia um do ano a que respeita.
A Lei do Orçamento do Estado tem uma estrutura dual devendo conter obrigatoriamente
o Articulado e os Mapas Orçamentais. Vejamos em que consistem:
Nos anos mais recentes, a actividade da administração pública passou a ser vista como u
processo produtivo que procura alcançar elevados níveis de produtividade, através de
melhorias ao nível da eficiência.
Por outro lado, a Gestão por Objectivos (GPO) ou Gestão Participada por Objectivos,
surge de uma nova abordagem iniciada nos anos sessenta para a gestão das empresas. O
sistema de gestão por objectivos resulta da prática das empresas privadas, tendo sido
adoptado nas administrações públicas na procura de técnicas de gestão de acordo com
objectivos previamente definidos.
A gestão por objectivos pretende ser uma aproximação organizada e sistemática, que
permite focar a gestão em metas alcançáveis, para atingir os melhores resultados
possíveis, face aos recursos disponíveis, sendo utilizada no controlo e direcção de
muitos projectos.
A despesa pública pode ser determinada em função dos denominados orçamentos por
programas ou dos orçamentos de actividades. Estes colocam uma ênfase acrescida
numa gestão mais racional e eficaz centrada numa lógica de actividade ou no
desenvolvimento de uma região, visando melhorias no desempenho e/ou nos resultados,
bem como na reorientação e no controlo.
A orçamentação por programas está prevista no artigo 19º da LEO, que prescreve a sua
aplicação às contas daqueles mesmos organismos e a sua gestão de acordo com as
medidas neles estabelecidos. Os programas contêm medidas, as quais se podem dividir
em projectos ou actividades. Assim, temos:
- Programas;
- Medidas;
- Actividades e Projectos.
Com base nesta característica, os orçamentos por programas vão além da função dos
orçamentos como simples documentos financeiros, aumentando os seus fins e âmbito.
Eles transformam a gestão dos recursos públicos, orientando-a para o cumprimento de
objectivos traçados. E obrigam à avaliação da qualidade da despesa. O Orçamento do
Estado vê reforçada a sua função de boa gestão dos recursos públicos orientada para
metas específicas, permitindo um melhor controlo e a reorientação da despesa pública
em consonância com os planos e directrizes formuladas nas GOP’s – Grandes Opções
do Plano.
A orçamentação de base zero corresponde a uma metodologia que visa impor que, em
intervalos regulares de quatro ou cinco anos, se proceda a uma reavaliação das reais
necessidades financeiras dos organismos e programas do Estado no sentido de verificar
se as verbas que lhe são atribuídas correspondem às necessárias para que possa
desempenhar a sua missão, atribuições e competências.
O instrumento “travão”
Um Governo sem recursos é um Governo que perde muita da sua capacidade para
governar. Assim, tendo em vista acautelar que não se opere o estrangulamento da acção
governativa pela acção financeira, as constituições políticas portuguesas vêm
consagrando o que se designa de Lei ou mecanismo travão.
1) Vinculações Internas
▪ Vinculações de ordem legal – são desta natureza as que resultam da
Constituição política, da lei e dos princípios financeiros do Estado;
▪ Vinculações resultantes da programação financeira do Estado e de
obrigações contratuais, judiciais, da prática de actos administrativos
e outras geradoras de despesa – as que resultam de compromissos
assumidos;
▪ Vinculações resultantes de outros instrumentos financeiros – é o caso
das grandes opções em matéria de planeamento e a programação
financeira plurianual elaborada pelo Governo, ou seja, vinculações
emergentes das Grandes Opções do Plano (GOP’s), dos planos
plurianuais, dos planos sectoriais e das orientações estratégicas neles
definidas.
2) Vinculações Externas
▪ Vinculações resultantes de Tratado ou de Acordo Internacional –
incluem-se especificamente as obrigações decorrentes das obrigações
assumidas pelo Estado português na cena internacional, no âmbito das
organizações de que faz parte.
▪ Vinculações resultantes da integração na União Europeia e na zona
Euro – O TFUE e o próprio PEC (europeu) estabelecem vinculações
significativas que apresentam particularidades por relação com as
indicadas anteriormente.