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Universidade Estadual do Rio de Janeiro

Faculdade de Educação da Baixada Fluminense

Entre Letras e Sinais: LIBRAS, Interpretação e


Aprendizagem na Escola Regular

RESENHA: JÚNIOR, G.C. ​CULTURA SURDA E IDENTIDADE​:


estratégias de empoderamento na constituição do sujeito Surdo. In:
ALMEIDA, WG., org. Educação de surdos: formação, estratégias e prática
docente [online]. Ilhéus, BA: Editus, 2015, 197 p.

Diego Escobar Alves


Turma 1

Duque de Caxias
Abril, 2019
No Brasil a educação de surdos começa formalmente com a fundação do Imperial
Instituto de Surdos-Mudos, em 1857, direcionado para meninos, e para as meninas,
apenas do início do século XX, surge o Instituto Santa Terezinha, em São Paulo.
Entre as perspectivas citadas no texto, a educação tem como papel o
desenvolvimento do indivíduo e o crescimento da noção de coletividade, mas que deixava
as pessoas Surdas de fora. A educação direcionada a esses foi mais voltada para o
desenvolvimento da comunicação do que a transmissão de conhecimento.
Ao longo das diversas fases do processo educacional, os surdos foram obrigados a
seguir a prática oralista, que no Brasil se caracterizou pela transmissão da LIBRAS por
pessoas não Surdas e nem falantes naturais da Língua de Sinais. Assim, com o
desenvolvimento da comunicação veio a precarização do desenvolvimento da língua
natural e a habilidade de comunicação plena.
Na década de 80, ao longo de várias discussões constatou a relevância na Língua
de Sinais na vida do Surdo, assim, não podendo ser substituída pela Língua Portuguesa.
Este, faria o papel de uma segunda língua, utilizando então do que é chamado de
Bilinguismo, configurando a formação dos Surdos: em primeiro aprendendo a Língua de
Sinais e depois o Português de forma escrita.
Tomando a direção oposta, Quadros (1997), relata que “não é o suficiente que a
escola seja bilíngue, ela precisa ser bicultural para que os surdos tenham acesso a
comunidade ouvinte, mas participante da comunidade surda” (p.32). Ou seja, é suficiente
que haja uma cultura e língua própria da comunidade surda, de forma a interagir com a
cultura ouvinte, e assim, conseguindo espaço para a valorização da cultura surda.
Na prática, contudo, se percebe a falta de discussão acerca da comunidade surda,
através da metodologia empregada, à exemplo a mesma forma de transmissão do estudo
de Português é passada para ouvintes e surdos; a falta de contato dos professores com a
Libras; e a ausência do profissional intérprete.
E por mais que o ensino bilíngue seja um direito estabelecido pela Declaração
Universal dos Direitos Linguísticos (1996), e pela Declaração universal do Direitos do
Homem(1948) ainda não é aplicado no território nacional. Há o modelo de algumas
cidades brasileiras onde a educação bilíngue tem um amparo legal, como a cidade de
São Paulo, onde estabelece a criação de escolas municipais bilíngues para surdos; e o
Centro de Educação para Surdos Rio Branco, que oferece escolarização desde a
Estimulação Essencial até o Ensino Fundamental, 5° ano.
É não é só nas séries obrigatórias, na instância do ensino superior também
encontramos uma pedagogia de ouvintes, onde está presente a dificuldade do sujeito
surdo, como a ausência da língua de sinais no processo de educação formal, revelada em
prática, quando o professor acredita que sorrir, acenar, e falar com o intérprete, viabiliza
uma educação igualitária. Além do desenvolvimento de atividades em Língua Portuguesa
escrita, com os mesmos prazos dos ouvintes.
Tais constatações, assinalam a falta de entendimento da academia perante a
necessidade dos surdos, além de reforçar o caráter eminentemente oral.
Em meios gerais os surdos adentram de forma tardia no ensino regular, sendo
poucos que tem acesso a uma educação bilíngue. Muitos passam a descobrir a
linguagem visual de forma periférica, em rodas de conversa com seus pares.
E os que não conseguem ter acesso, com a Língua de Sinais, acabam desistindo
da luta por uma educação formal, que pode gerar até uma repulsão por esta. Por isso a
importância da criação de escolas bilíngues para surdos, onde a Língua de Sinais seja
colocada como ponto educacional primordial.

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