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RESUMO
O seguinte artigo apresenta e debate os resultados de uma pesquisa realizada com um grupo
de alunos e docentes de uma Escola Municipal, localizada na zona rural do município de
Goianinha/RN. Para avaliar os resultados da pesquisa foram empregados métodos
qualitativos exploratórios que foram coletados por meio de dois questionários. Os
resultados da pesquisa evidenciam que a maioria dos alunos demonstra interesse em
práticas de leitura digital, porém, as limitações da escola e professores no sentido de
oportunizar essas práticas se constituem um ponto desfavorável à sua efetivação. Nossas
abordagens tomam por base alguns pressupostos teóricos dos autores: Soares (2002);
Hayles (2009); Prensky (2004); Ribeiro (2005); Santella (2007); Terra (2015), entre outros.
1. INTRODUÇÃO
O uso dos recursos tecnológicos é uma necessidade recorrente em todas as áreas da vida
humana. Por exemplo, no campo profissional pode ser exigido o conhecimento mínimo de
ferramentas de edição de textos no computador, para quem trabalha em funções de escritório.
Já no campo educacional, poderão ser utilizadas ferramentas que contribuem com o cálculo,
com a leitura e a escrita. Assim, no espaço escolar, esta realidade não é diferente. Conhecer e
manusear a tecnologia em benefício da educação é um fator fundamental para que a escola e o
aluno estejam inseridos na realidade digital.
Uma excelente ferramenta tecnológica para os docentes utilizarem eu suas aulas são os
livros digitais, o uso dessa ferramenta serve de complemento e estímulo para o processo de
1
Graduada em Pedagogia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Coordenadora
Pedagógica concursada pela Prefeitura Municipal de Goianinha/RN.
2
Docente do IFRN-Campus EaD. Mestre em Filosofia (UFC), Especialista em Tecnologias Educacionais e
Educação a Distância (Centro Universitário Barão de Mauá/SP), Graduada em Pedagogia (UFRN).
2
aprendizagem e trazem benefícios para a capacidade produtiva dos estudantes, que além de
disponibilizarem uma série de informações, muitos deles podem ser encontrados gratuitamente
e a leitura pode ser realizada em computadores, smartphones, celulares e outros dispositivos.
Tendo como partida essas colocações, o presente artigo visa discute a inclusão da
literatura digital na escola e oferece contribuições para repensar o planejamento didático,
analisando a diversidade de recursos tecnológicos que os docentes podem empregar no preparo
de situações de aprendizagem que levem o educando a aperfeiçoar as suas práticas de leitura
neste novo conceito.
Por fim, foi feita uma pesquisa com alunos e professores do Ensino Fundamental I de
uma escola rural do Município de Goianinha/RN, interior do Rio Grande do Norte, na qual
foram empregadas metodologias que consentissem examinar os desafios e as possibilidades da
inclusão da literatura digital no contexto escolar. Inicialmente, foi aplicado um questionário
para julgar as preferências de leitura dos estudantes e um segundo questionários para os
docentes, focado em detectar as condições oferecidas pela escola na capacitação e utilização
dos recursos tecnológicos.
Contudo, fica claro que a forma de se navegar tem grande valor ao adaptar experimentos
no conteúdo navegado, uma vez que será por meio da navegação que o leitor se sentirá satisfeito
ou frustrado ao atender ou não às suas expectativas.
Como nos diz Prensky (2004), os alunos nessa paisagem tecnológica são designados
nativos digitais. Para este autor, correspondem aos nativos digitais pessoas que nasceram, e
desenvolveram-se, em meio à ebulição tecnológica, com tais recursos à sua disposição. Essa
questão só nos prova que as novas tecnologias devem fazer parte do cotidiano escolar, não
somente como instrumentos de apropriação tecnológica, mas também como um processo mais
amplo, que faça sentido para os alunos em suas atividades dentro e fora da instituição de ensino.
Terra (2015) chama a atenção para a importância da leitura neste universo digital, pois não há
nada mais contextualizado à leitura do mundo do que o uso de uma obra literária no formato
digital, o qual oferece acesso instantâneo aos mais diversos e ricos materiais.
Hipermídia3 é o conjunto de meios que permite acesso simultâneo a textos, imagens e sons de modo
interativo e não linear, possibilitando fazer links entre elementos de mídia e controlar a própria navegação.
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O mundo atual anda cada vez mais focado nas tecnologias digitais, deste modo, é
evidente que o docente acompanhe esse novo fato. Para isso, é necessário que o mesmo procure
formas de se capacitar. Nesta linha de pesquisa, Soares comenta que,
A tela como ambiente de escrita e de leitura traz não apenas novos formatos de acesso
à informação, mas também novas metodologias cognitivas, novas formas de
conhecimento, novas maneiras de interpretar e de escrever, enfim, um novo
letramento, isto é, um novo estado ou condição para aqueles que exercem práticas de
escrita e de leitura na tela. (SOARES, 2002, p. 152).
Nesse sentido a autora Santaella (2007), destaca que “a cultura escrita não levou a oral
ao desaparecimento, a cultura das mídias não levou a cultura de massas ao desaparecimento, as
novas tecnologias da inteligência não diminuíram a importância das precedentes, a escrita e a
imprensa” (SANTAELLA, 2007, p. 128).
Portanto, praticar o uso das novas tecnologias em sala de aula, em particular do livro
digital, é uma maneira de tornar a aula mais atrativa, aproximando o estudante da realidade em
que está inserido, uma vez que os mesmos cresceram em meio à abundância dos recursos
tecnológicos.
Sobre essa questão Ribeiro (2005, p. 129) afirma que “todas as novas formas de ler que
parecem ser vilãs são na verdade novas possibilidades de leitura”. O leitor irá acionar
aprendizados e táticas apropriadas a essas modificações, entretanto, sem rejeitar o repertório
que já foi assimilado. As vivencias com novos formatos de leitura intensificam novas práticas
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e ativam aquelas já usadas pelo leitor. Como afirma Soares (2002), não é apenas a tela do
computador que gera um novo tipo de letramento, mas todos os mecanismos de produção,
reprodução e difusão da escrita e da leitura no mundo digital.
2. METODOLOGIA
O presente artigo nos traz uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa. Os
participantes desta pesquisa responderam a dois questionários (APÊNDICE A e B), compostas
de 12 e 11 questões todas fechadas, sendo 12 professores e 22 alunos de uma Escola da Rede
Municipal de Ensino de Goianinha - RN, localizada em área rural e periférica que atende alunos
oriundos de famílias de baixa renda, de ambos os sexos, na faixa de 9 a 14 anos de idade.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Gráfico - 1 Gráfico - 2
Idade Você aprecia ler?
8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos Sim Não
14% 14%
23% 18%
18% 86%
27%
6
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
Gráfico - 3 Gráfico - 4
Prefere Por que não aprecia ler? Opta por Você tem acesso à Internet?
jogar na assistir
internet televisão Sim Não
24% 0%
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
Gráfico - 6
Gráfico - 5 De qual ferramenta tecnológica
Onde você acessa a internet? você acessa a internet
Casa Colégio
Celular Tablet Notebook
Casa do colega Biblioteca pública
0% Computador Outros
Outros
5% 9% 4%
0% 9% 9%
64%
86% 14%
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
Gráfico - 7 Gráfico 8
O que você prefere ler? Gênero de histórias preferidas
Livros Terror Romance Suspense
Jornais Comédia Outros
Revista
32% 27%
39%
14%
48% 23%
5% 4%
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
7
Gráfico - 9 Gráfico - 10
Você já leu um livro literário digital? Gostou do contato com a leitura
digital?
Sim Não Sim Não 0%
18%
82%
100%
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
Gráfico - 12
Gráfico - 11
Se você tiver acesso à versão digital do
Qual modo de leitura você gosta
livro literário, há chances de você ler
mais?
mais?
Livro Impresso Livro Digital
Sim Não
41% 9%
59%
91%
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
um livro literário em versão digital e os alunos que tiveram essa experiência, alegaram ter
gostado. Já na questão sobre preferência entre livro impresso e livro digital, as respostas foram
bem semelhantes. Com o objetivo de entender o equilíbrio das respostas, foram avaliadas as
faixas etárias dos alunos envolvidos na pesquisa. Concluímos que os alunos mais novos, entre
8 e 9 anos preferem a versão impressa dos livros literários, enquanto os mais velhos, entre 10 a
12 anos optou pela versão digital do livro como favorito. A pergunta final estava relacionada à
probabilidade de ler mais com a inclusão da versão digital dos livros literários. Nesse quesito,
somente 2 alunos afirmaram que ‘não’. Destes alunos, um já tinha confirmado não gostar de ler
e o outro afirmou gosta mais do livro impresso que o digital. No geral, a grande maioria dos
alunos gostaria de utilizar o livro literário no formato digital.
Após conclusão e análise da pesquisa com os estudantes, nota-se que a crise pela qual
passa a educação atual está proclamada nas falas dos sujeitos da pesquisa, pois estes, por meio
de seus vários aspectos sociais, apresentam certo desagrado com ponto de vista conflitante e
oposto frente à realidade escolar na qual estão inseridos, expressando o desejo por uma
educação voltada aos seus interesses, com sentido para suas vidas no momento recente.
Após conclusão e análise da pesquisa, com os alunos pode-se garantir que se for bem
organizada, todas as formas de leitura são válidas. As obras literárias no modo digital vêm
conquistando o seu lugar, todavia isso não o transforma em um adversário da obra impressa,
uma vez que o desempenho e a possibilidade do contato corporal com o livro impresso ainda
são prioridades de muitos estudantes. Com os resultados obtidos, ficou claro que os desafios
para se utilizar as obras literárias em sala de aula são abundantes, porém as possibilidades
derivadas dela se forem bem direcionadas pelo docente, são extensas e eficazes.
No seguimento, encontra-se o resultado adquirido com o questionário que foi dado por
meio de gráficos, que procura expor os maiores desafios encarado pelos docentes quanto ao uso de
novos recursos tecnológicos em sua prática educacional.
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Gráfico - 13 Gráfico - 14
Faixa Etária dos Professores Tempo de serviço no magistério
Menos de 5 anos De 5 a 10 anos
25 a 30 anos 30 a 35 anos 35 a 40 anos 0%
De 10 a 20 anos Mais de 20 anos
40 a 50 anos 50 a 55 anos 0%
25%
8% 17%
67%
67% 8%
8%
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
Gráfico - 15 Gráfico - 16
Com que frequência utiliza as Recursos que utiliza na sala de aula
ferramentas multimídias em sala de
aula para ensina Literatura Datashow Notebook
Smartv Outros
Sempre Quase sempre
Não respondeu
Ás vezes Nunca
0% 0%
Não respondeu
0% 30% 40%
17%
50% 8%
30%
25%
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
Gráfico - 17 Gráfico - 18
Acesso à Internet Local de acesso a internet
50% 50%
100%
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
10
Gráfico - 19 Gráfico - 20
Ferramenta tecnológica que acessa a Já teve formação continuada para o
internet uso das tecnologias digitais em sala
de aula
Celular Tablet Notebook
Sim Não
Computador Outros
0% 0%
32% 32%
32% 100%
4%
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
Gráfico - 21
Vontade de se capacitar para utilizar os
Gráfico - 22
recursos tecnológicos em sala de aula
Tipo de leitura que prefere
Sim Não Livro impresso Livro digital
0%
25%
75%
100%
Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa Fonte: elaborado pela autora da Pesquisa
Gráfico - 23
Já leu um livro digital?
Sim Não
0%
100%
Os dados indicam que o corpo docente é composto em sua grande maioria de professores
jovens, apenas 17% estão acima de 40 anos, onde 25% têm entre 10 e 20 anos de serviço. Na
sequência, constata-se que 100% dos educadores usam os mais variados aparelhos de
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multimídia oferecidos pela escola e todos alegaram ter acesso à internet, tanto em casa, quanto
na escola, por meios de celulares, computadores e notebook, porém 50% nunca utilizaram os
recursos tecnológicos disponíveis nas aulas de literatura, reduzindo a 17% os que sempre
utilizam e a outra parcela utiliza esporadicamente. Um fato curioso é que 75% preferem livro
digital e apenas 25% preferem o impresso. Tal empecilho pode ocorrer pelo fato de
determinados educadores não estarem habilitados para lidar com este tipo de tecnologia em sua
prática docente, além disso, a escola não oferece treinamento e cursos de atualização, uma vez
que todos alegaram que a instituição não oferece tal recurso, mesmo os professores afirmando
que tem vontade de ser capacitar e aperfeiçoar-se nesta área.
Sobre esta questão Almeida (2005), nos diz que para que o professor possa expandir o
seu olhar para outros horizontes, e desenvolver competências, é importante que ele esteja
engajado em programas de formação continuada. A formação continuada é de suma
importância para o professor que vai edificando a sua prática em sala de aula, sentindo-se seguro
para desenvolver suas habilidades e competências e lidar com os desafios e inovações da
licenciatura. Por essa razão, é indispensável o investimento, desde a sua formação inicial até a
continuada, do profissional da educação, para que ele seja capaz de cooperar cada vez mais no
aprendizado e na introdução das modernas tecnologias digitais na sua metodologia de ensino,
agregando-as às técnicas que habitua empregar.
CONCLUSÃO
O presente artigo teve como finalidade destacar propostas de práticas de leitura de obras
literárias através das tecnologias digitais, como forma de colaborar para o progresso das
atuações pedagógicas desenvolvidas nas escolas, porém apesar de trazer benefícios, essa prática
de leitura possui seu lado negativo.
Conforme o resultado da pesquisa, pode-se verificar que a maioria dos alunos acessam
a internet por meio de celulares, tablets e computadores que são aparelhos com dezenas de
funcionalidades, nesse caso a atenção do leitor pode ser facilmente distraída, tornando a leitura
pouco produtiva.
Por fim, pode-se concluir que o ensino da literatura deve buscar meios de convencer o
aluno-leitor a descobrir, na leitura do texto literário, um ambiente lúdico de reconstrução de
significados, em que sua imaginação seja guiada pelos indícios textuais no ato dinâmico da
leitura. Nesse sentido, observamos no decorrer da pesquisa que há um significativo interesse
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dos educandos em ler as obras no formato digital. Tendo esse ponto como referência, cabe aos
docentes repensarem suas práticas.
Por fim, verificamos que, o papel do docente é o mais importante. Seu planejamento e
pesquisa necessitam ser constantes. Por isso, analisamos a necessidade de atenção e
investimento na formação continuada e também pessoal desse profissional.
REFERÊNCIAS
HAYLES, Katherine. Literatura Eletrônica: novos horizontes para o literário. Trad. Luciana
Lhullier e Ricardo Moura Buchweitz. São Paulo: Global, 2009.
PRENSKY, Marc. Nativos Digitais, Imigrantes Digitais. De On the Horizon (NCB University
Press, Vol. 9 No. 5, Outubro 2001). Tradução do artigo "Digital natives, digital immigrants",
cedida por Roberta de Moraes Jesus de Souza: professora, tradutora e mestranda em educação
pela UCG.
SANTAELLA, Lucia. Redes sociais digitais: a cognição conectiva do Twitter. –São Paulo:
Paulus, 2010.
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
1. Idade?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Outros. Quais?____________________________________
( ) Sim ( ) Não
10. Se você declarou que ‘SIM’ na pergunta anterior, assinale se gostou do contato
com a leitura digital?
( ) Sim ( ) Não
12. Se você tiver acesso à versão digital do livro literário, há chances de você ler
mais?
( ) Sim ( ) Não
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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO
1. Idade?
( ) Sim ( ) Não
8. Você já teve formação continuada para o uso das tecnologias digitais em sala de
aula?
( )Sim ( ) Não
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09. Você tem vontade de se capacitar para utilizar os recursos tecnológicos em sala
de aula?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não