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bezverooelz sence eat ea STHOTds-oneoy -srvaaa AORADECIMENTOS Hs alguns anos, na Universidade de Coldmbia, em Nova York, coordenei um semindri iniulado “Some Puzzles for Theory” [alguns Quebea-Cabegas paa a Teodia. Em torno de ua mesa, felemos alguns textos findadores da teria Ite ‘na, texos tio como dfinves eva aealiagao jé no nos Constrange mais. Postertormente, me Soxbonne, dediguel Un ‘nso a teora da ertura, Desta ve, dante de um pablico fnumeroso, forme necessi fazer un discuso mags sem ‘eauncir wns abordagem sporti, Ese lv & fro deswe trabalho, € agrdego aos esticanes que 0 tomaram possvel Desde a publeagto de La Trofme République des Ltres la Terceica Republica das Letras] (883), ertiearam-me wirias ‘eae 0 ft de haverinterompido a pesqusa no momento et que ela se tena interessante: espervam pelo fim da hist, ‘sa Quarta os uma Quinta Republica das Letras. Como des. ‘crever o momento em que hist terra fl substiufda pela worl, € como natat 0s episdos eguintes, sem que nosst opr historia intelecteal neles se integre? Para romper & fio tutsinal e pas fm 3s contovesias, decid escevee um ‘ne liv, Les Cing Paradaxes dela Modernté [Os Cinco Pare a Mosernidadel 1989), do qual este € também 3 continuagio. Sou rato a Jean-Lue Gaiboni, que me estou Sh cecreve-lo, asim como a Mare Escola, a Andre Guyaux, Pais Lombardo ea Syvie Threl-calleteas, que oreleram, Duis eshogas do Capitulo I foram pblicados com os tulos de “Allégore et Philologie" [Alegora e Filologial, em Anna Dol e Caria Locaell, Ed, Retort Interpretasione, om, lulzoni, 194, © "Quelques Remargues Sur la Méthode des Passages Palle" (Algumas Obscrvagdes sabre o Método ‘has Passagens Paraleas), Stud di Lteratura Francese, 0.22 1997, assim como uma le sive parla Powe, i Rentrera parla Fendt” Ixpulsem & stil pela Porta, eke Voltard peta Janell, teat 0 105, marco 1997, © un Tragmento ta Capitulo Vil “ante ewe and the Canon’ Sainte-Beuve e 0 Clone), der Language Notes CX, 1995, J terroncho ‘ert Naw nt 8 Te eps ten & m A hte trate do nr Inga mt ¢ prema ‘pune decease {ta a © cre a ina = tee ‘hr dee nn met de oe Tes leper Fao « ceri Nae aso ‘seve ei 2 lng did Dat msl om ent Ths de do cpt ‘re pon ‘nna tem, eto eae et © para 0 QUE RESTOU DE NOSSOS AMORES? ope Siren ino Demin da pbx to ao tons “pangs!” Parodiando uma célebre frase: “Os franceses nto tém a mente tedrica"Pelo menos até a explosio dos anos sessenta ‘ictenta, A teorla Utereia vveueatlo seu momento de gd, foo sa do prosélito the houvesse, de repent, permite ‘esata quase un séeulo de atraso Simo de segundo, Os ‘dos IteretosFranceses to conheceram nada semelhante wo formalism reso; 20 circlo de Praga, a0 New Crem ‘nglo-americano, sem falar da eslisicn de Leo Spitzer nem ‘Gn topologia de Emst Robert Curtis, do antipostviamo de lenedetto Croce nem da erica das varlantes de Glanfranco ‘Contin ov ainda da escola de Genera e da erica da cons ‘nein, ou mesmo do antteorsno deiberado de FR. Levis € ‘de seus dsefpulos de Cambridge. Par contrabalancar todos ‘ses movimentos originals e inluentes que ocuparam a pr tei metade do século XX na Furopa ema America do Nowe, 5 poderiamos ctr, na Panga, a "Poti" de Valery, segundo ‘© tuo da eitedra que oeupou no Colegio de Fanca (1936) ~efémera dlscplina, cujo progresso fo! loge Inerrompido. pela guerra, depois pela morte, etlver as sempre eng. tities Houre de Tare Pewee cle Tarbes), cle Joan Paha G94), tateando confusamente a defnigio de wma reterica ‘eral, alo instrumental, da lingua: esse “Tudo € retcries", ‘que desconstrugao deveria redescabsir em Nietsche, pot volta de 1968, O manval de René Wellek ¢ Austin Warren, Theory of Literature (Peoria da Literatvesl, publicado. nos Unidos em 1949, ‘dos anos sessenta), em expanta,japones, sano, lem, oreano, port, dinamanqes, ervcroat,greyo mesmo, sce eeu, meno, nian ea, mas no em anc ‘oma no qual 0 fol puieado em 1971, como Wal de La Theorie Litraie (N Teoria Literal, wt dos primcios da cole “Poeique", nas Eations dy Seu, Sem muna ter flo parte da colegto de bolo. Em 1960, povco antes de morer, Spitzer atu ese ara e ese solamentoFanceses a tres ‘toces: um velho sentimento de superioridade Higado a uma tealigao ieriia¢imelectual continua © eminente; 0 espinto eral dos estudos lteeios, sempee mareado pelo postismo lentifico do século XIX, 9 procura das eausas; 4 predom ‘nme da pra excoar de expicagio de texto, io de una ‘esrigho ancilar das formas Inerras, mpedindo o desen- ‘olvimenta le métodos formais mais solsticados, Acrescen- lara de bom grado, mas isso € evident, a auséncia de uma Tingdistica e de uma filosofia da lingsagem comparivels as ‘que invadiam as universdades de lingua stem ou inglest, Alesde Gotlob Frege, Bertrand Russel, Ludwig Wingenstein fe Rudolf Carnap, assim como fraca incidéneta da faciga0 Ihermendutiea tansformada, encanto, na Alemanha, inte: ‘amente, por Edmund Hussed e Mactia Heldegges im seguid, as cosas mudaram apidamente — als, come ‘cram a se mover, no momento em que Spitzer fazin aquele Ulagnéstco sever —, atl pono que, por uma muito euros reversio que leva 4 refer tea francesa vive, momen: taneamente, algada 3 vanguarda dos estudos ieririos no ‘mundo, um poveo como se tivésemos, até entdo,recuado para sitar melhor, a menos que wm tl fosso, subitamente Teanspost, tena permitide iavenar 2 pélvoea com umn in cnc © om ardor tas que dram a flusio le wm aean¢o, ‘durante exses minficos aos sestenta, que se estenderam, de fato, de 1963, fim da gucrr da Argel, até 1973, com opr aelzo choque petoeio, Por volta de 1970, a tori iterdes ‘estava no age exerla um inenso atativo sabre ox jvens {di minha gerago. Sob wiras denominagdes — "nova cr “poatiea’, “estrotalisno","semiologia" “eanatologia”—, ei bhava em todo seu esplendor. Quem viveu esses anos fee ficos 36 pode se lembrardeles com nostalgia. Uma cortente povlezosa arastava a todos nds Naquele tempo, a imagem do ern, expan pel on, secon, pe ‘ofan Tose no ¢ as, exstaente,o qua. A teria iio ullse,vatfonenrse em nto, mons pen Maen Suge, reqdenemene to dda quanto a expr (eens acter qe ela sacs eno, enepament. Aca (Ege rc cian desi xc dees eon. iia (ited jvem ascii ambos e ataente do fia do eect, ea toe ti Mp dis. Depot do frees dos amos sexenta a anos in eee eis renee n= aa pasar oss ho emai ds frm noe da extalade as eagles ec to conocer tres desrvavnetios na Panga Sera» caso de cna acre da ster sobre o extudos frances, {nus loa eter mo tena comseguid abla er profi TRaL2 poms dary rovisoramente? A exliacso — Sela Geet parece niente, po anova eis, seer tena dread os mio da vel Sorbonne, esate solamente aa Eacagao nacional, soberido sara secu. Tae” po so then a ea reset gi Empossivel, ho, pasar nam eoncuno sem “Wine atin suts eo pepo a naratloga, Un “tt gue apa ders peo de texto gue fet Soe nbe é homo ou heterodepenc, “single a tettive, de Mocaliagao tntema” ou eters” alo & Sty sin como or ence dung sorta de una hipdlage, saber a data de nascent Moi. Para comprcendcr 9 sngulriade do nsino see da penta a Fangs € preciso te sempre em pee pendcia hioic d universidade em Feag80 meno de ads de proenores 0 ensino sec Beis Peomo se nos tvesemon roid antes de 1980, de tt equ tet como apt eon 2 pe vie. dn poco de podca ede naratologa para explicor BPR pA vn rfc, asim como aguas geaeDe8 Sos te. de Gost aso vose i eee wena aguas reels, wugues © atl pata itrnon concurs, O mals eareo estou dade puMfumeceu uma ceria clenla Je aporo 2 sucrossinta Seoueagto de exo a ‘eo fo, Fang, nfo de pale asp qe ates fomniva em 1989 eno een dee nae cols! pee nto ter sto read. Os tears tow ee sessnta escent no term scenes pop aoe fotcanonizado,o que nao melhor fms de anes ee 28 Una cba Otros muarim es enter tbatos ‘ito dtnciados de seus pins amore gana a Tesetan Todor oy Genet rentnunrse puts ches eee ‘sie. Matos rolaramse jana vlh sees lea ee ‘isd edeseahera de maninste, como fevelas ak da frie dia genticn. A evi Pique, eee oie Buble exsncment exertion de epg @ see oe 4 com irate, our ute poe seme seen scothendo 0 maismo, 2 soilopa et pcanog sees Acomodonse« no & sais 0 que ea a nein Se ton os scuos erie eso, come tas se eps des convivem na universe, ad Una co sek ae Enconse compari, infest, capone a 2 horace, semontoiterinblo com cutarepecns ‘encom aun a no ser por treo Jess cc «ue vague de umn dala aur, Nao eh ae sue as uta itn, nadie em que ae € masa Sve por que «como sess necestrio cater slinauee ul a peingnc, 2 provocrgo ata do eda eee Or a sbi ese pape, ali, oo ma ste A tora vols, come tuo, e seus problemas seri reds ‘obertos no diem que a ignorinca for Go grande’ ue 2 Produsird tédio Philippe Soller anunciava esse retoree, desde 1960, 20 pefacar a reeligio de. Todoried Ensemble feora do Conjurol — ambicioso volume publieade dummies outono que se sina mai cle 1968 cuj ul fl extra «las matemticas — e 20 reun,talvex com uma suspelta de “terrocsmointeleaval? — como Soller ecoaheeeu posterior ‘mente — a8 assirauris de Michel Foucault Roland Barthes, Jcques Deri, Jolla Kristeva e todo o grupo de Te! Quel o ‘melhor da teora entdo no seu Spice. A teora la, eno, de ‘ento em pops, diva vontade de iver. “Desenvolver a teoree Para nto se atasar na vis", hava decretado Lene, Louis Althusser invocivio pars denominas “Teoria colegio que ‘ila Maspero.Pievte Macherey publicou a, em 1966, fio yin do movimento estuturalit, Pour wre Dorie de a Production Luteraire or una Teor da Prodi Ltesea ‘a qual o sentido marxlsta da tora — cried Meo feascens da cléncia eo sentido formalist — andlise dos rocedimentcslingatieos —entavam em entendmento com ‘dominio da iteratrs. A toorla er rica e mesmo polemica ‘5 miliante — como no ito ingoietante do lvro de Boris Hikhenbaum em 1927, Literary, Tore, Critique, Plémigue Ititeratura, Teoria, Critica, Polemical, em pare traduzido por Tavetan Todoray na sua antologia dos formalistas russos, ‘hori de la Littéramre (Teoia da. Literatura, em 1966 —, nas ambicionava também fundar uma cineia da iteratura. 'O objeto da teoria, excrevin Genette em 1972, “seria no apenas real, mas também a totlidade do viual Iter" (CTormalismo e 0 marxismo eram seus dos pares para jusi- Feat a pesquisa dos invariantes ov dos univers da trae tur, para consklerae as obras individvas mais como obeas possiveis do que come obras eas, como meros exemplos do . stoma lerddo subjacene, mas ebmodas para ating a estn- tnt do que as obras desavalizadas, © apenas potencas Se essa teoria de caeiter ambiguo — ao mesmo tempo rmarastae formalista — Jf una saldo da moda em 1980, 0 ‘que dizee hoje! J formes sufcentementeaingidos pela jgno- "cia ¢ plo téio para desejarmos nowamente a Leora? ‘TEORIA E SENSO COMUM o Um balango, um mapa, d teri terri sera, enretanto, concebvel Fe que forma? Nao seri esse un projto abort Se, como aim Pal de Man, Sceetomch marries mare expostos nas visins das liveaias do Quast Latin —, mas isso nao € motivo para fazer dela uma metafisica nem uma mistca. Nao a tatemos como uma rligito. A teora htersla ro teria sendo um “nteresseterico" No, se estou cero 0 sugerie que ela € também, avez esencalinete, etic, ops tiva ou polémica Porque mio & do lado teérico ou teolépico, nem do lado tic ou pedagogic, que a teota me parece pelacipalmente Interessamtee autétiea, mas pelo combate froze vvificante ‘que empreende conta as Ideas preconcebidas dos estos Ierdrios,« pela resiteneisigualmente determinada que 35 ‘das preconcebidas Ihe opdem. Esperariamos,tlver, de ui halango da teora teria, que depois de ter oferecido sua prépria definigio de Inerstura, como definigio contestivel Trraucse, na verdad, do prineto lugarcomum teri: O que € 2 kena” —, depols de ter presiado una ripida Thomenagen is eorasiteririasantigas, medievase lssicas, desde Aristcles até Bateux, sem eaquecer uma passagem plas poeticas to-oeidentis,arolase as diferentes escolas {que compariharam a atencio teériea no século XX: Forma Tismo risto, esrturalismo de Prag, New Cres amercano, fenomenoiogi alema,pscologia genebres, marxismo items ‘onal, estuturlisme péssteuturalisme franceses, herme neutica,psicanalise, neomarxismo, femiaismo ete Inimeros mua us rupam npeuoes nlizan t hye Ms eee wn ad mo ce ol ‘io impressio, muas vezs, de fazer ertieas multo sensatas ‘ontra as posigdes de seus adversirios, mas visto que estes, ‘conforudos por sua boa consléncia de sempre, no renunclam € continuam a matraquear 0s tedrios se poem também eles 4 falar alto, defendem suas propriasteses, ow antiteses, até 0 ibsurdo,e, asim, anolam sea s mesmas dante de seus vals fencantados de se verem jntiicados pela extvagincla da Posie adverse Basta deta falar nt tedrien €contentaese ‘nm ftertomplo de ver em quando com un “AR!” un paseo ‘Quando enti no sesto ano do pequene lieu Condoreet, nosio velho prfessor de latimefances, que er também pre Feito de sua cidaderinha na Bretanh, perguntava-nos a cada texto de nossa anologia: "Como voces compreendem essa passagen? O que 0 autor quis dize? Onde ests belers do ‘eso ou da press? Em que a visdo do autor € orignal? av as resposts passam e as perguntss pera ‘necem, Estas slo mals ou menos as mesmas. Ha alguras que no cessam de rept de geragao em gordo. Colocavam se antes da teora,j se colocavam antes da histéeia Iter, © ‘se colocam ind depois da teoria, de manera use identi, 2 tl poato que nos perguntamas se existe oma Disra da ‘rea Hees, como existe uma histéria da Filosofia oo dt Tingtistca, ponada de eragbes de conceltos, como 0 agito ‘90 6 complemento. Na critica, os paradigmas nio morrem hanes, juntamse ns 20s oon, coexistem mals ou menos [eficamentee gam idefnidamente com as mesmas noses ogoes que pertencem 2 linguagem popular. Esse @ um thos motives, alex o principal mosvo, da sensagio de repe tick que se experiment, ineviavelmente, dante de umn quid Iistéeo da crea terra: nada de nove sob © so. Ea eos, pssise o tempo tentando apagar terms de uso corente: erat, autor, tengo, seni, interpretag,eepreseniago, conte, fund, Valor, orginalidade, historia, influénca, period, estilo et. Eo que se fer também, durante muito Tempo, em logs ecomva-se aa linguagem cotdiana ema ‘elo linguistic dotada de verdade. Mas 2 lgca formal rouse depois. teen Iterina nao eonsegui desembaracar se ‘hs hnguagem cerrente sabre itertury, a dos ledores dos amadores. Assi, quando a tora se fast, as vas nogtes ressuryem intocidas. £ por serem cnatuals” ou “sensatis™ ‘que aunt nao escapamos delat realmente? Ov, como pens tle Man, 6 porave a6 Jeseitnos esate teoias porgoe a Paderianos dizer, hoje, que quate ninguém Tot tocido peta teri, o que talverseja mais confotivel nto, no reaia mais nada, ov apenas a pequena peda ‘de 1970, x tara ens um contndacuno que puna em queso 4 presmissas da critica tradicional, Objetiovdade, gosto ‘lareza, Barthes asim resumen Cigue e Vr Ceitiea ‘© Verdidel, em 1966, ano magico, os dogmas do “suposto ‘entico™ universtirio, © qual ele queria substitvie por uma “esencia da lara. 4 teora quando as premisss do dis- ‘curso corrente sobre literatura no 40 mas aceitas como ‘evidentes, quando s80 questionids, expostas como cons tagdes histricas, coma convengces. Hm seu comego, fm ‘bém a histéria Iter se funda nun teora, em nome ‘qual eliminou do ensino lterieio a vel tetrica, mas essa teoria perdeu-te ou eduleorowae A medida que a hist ie Fira fo se identfcando com a Instivigo escolar e univers recuperada, como disiamos. Vinte anos depois, 0 que st preende, talvez mais que o conflito violento entre a histria a teota ler, € a semelhanca das perguntas levantadas or uma e por outa nos seus primordos entsiastas, sobre- tudo esa, sempre a mesma: °O que é literatura” Permanéncia das peeguntas, conteadicio efraglidade das respostas: dai resulta que Sempre perinente partir das rogdes populares que a teoria quis anular, at mesmas que voltaram quando a teoria se enfraqueceu, 8 fim de nao 36 Fever as respostas opostivas que ela propos, mas também tentar compreender por que essasrespostas nao resoveramn ‘de uma vez por todas a5 velhas perguntas.Talvez porque a teoria, a eusta de sua uta contia a Hidea de Letna, tenha levado seus argumeatos longe demas e eles tela se ol tado contea ela? A cada ano, diante de novos estadantes, € preciso recomecar com as mesmas figuras de bom senso € Ulehés iepninives, como mesmo pequews dimers de enigmas ov de lugares comuns que balizam 0 dscutso cor Fente sobre a Ieraturs, Examinael alguns, os mals rei teates, porgue é em tomo deles que se pode constuir una apresentagio simpaica da teora ltrdela com todo 0 vigot ‘de sua just cera, ca mesina maneiea como ea os combateu PEORIA E PRATICA DA LITERATURA Algumasditngdespreliminares so indspensivels, Prime ramente, em diz tearla —e sem que sejt preciso ser mar ‘sta — pressupoe wma peti, ow uma prix, dante da qual &teoria se coloca, ov da qual ela elabora uma teoia. Nas fuas de Genova, algumas slastazem este lett: “Sala de Teoria.” Nao se fiz af teora da Meratura, mas ensinase 0 codigo de tnste- a tora €, pols, o cédigo oposto diego te veiculos, € 0 codigo da dire. Qual € porto a diego, ‘50a pica, que a tora ds Herts eos, fo 6, organiza Imai do que regulamenta? Nao é parece, a propia literatura No seatido de edigo,diditia, ox melhor, deonologa da propria pesquisa litera, a teora da Itertura pode parecer tina disipina nova, em todo caso ulterior ao nascimento da pesquisa Heres no Séeulo XIX, quando darelorma dis univer $dades européis,e posterormente das americans, segundo ‘modelo germainico, Mas sea palavea€ elativamente nova, 8 cola, em sl mesma, é relatvamente antiga odes dizer que Platte Asstelesfaziam toda da te ratura quando clasicavam os gnerositerdron na Replica ‘Cha Patca, eo modelo de teoria da Merstura ainda €, hoje, pura ngs, a Ptioa de Avsteles, Platdo © Aritees faa tee pore se nteresavam pelts ators gers ot! mesmo tiniveras plas consaes Ierirlascontdas nas Obras pat ‘lites, eto, por exemplo, os goneos, a8 foams, os mods, stig Sen se oan ors int id ipo Red ae in fhocmativas que Platdo queria excluir os poctas da Cidade, ‘Aualimente,embora ate da erica e da poeta, erevaloize soa tadigo age ¢ Ase, TTT TMeratura como ramo da esética que feflete sobre anatureza © fungio da arte, a definigio de belo © de valor. Mas a teoris da literntura nio ¢ filosofia da Iiertars, no € expe: Coli nem abs, 2s SURES 0 ff discursos sobre a Iteraturs, a cies ea hla teria, {que ela questiona, problematiza,e cujispriticas organiza. A ‘eoria da literatura nao € 2 policia das letras, mas de cera forma sva epistemologi [Nem nesse sentido ¢ verdadeiramente nova, Lanson, 0 fundador da histéria teria francesa, na vida do sceulo XIX pio XX, jd diia de Ernest Renan de Ele Faget, os crticos Iteririn que 0 precederam — embors Faget Fosse ‘eu contemporineo nt Sorbonne, Lnsono jlgiva ultapas Sado —, que nao tahun “eoda litre”? ra uma mania Dold dees der que, sue ols, era impressions inp mo sas 9 i 2%. (GGHRRNEETRBA Oii0 3 ance, ene prentn ter un tors 0 que mos que hist tera © tera ‘Mo ao incompatvel. © apco era rsponde necesarament aun tiogt0 polteay ov opastivs Ceca, no seta etmolgico do termo} ————————— conforme o uso marsista, mas nio apenas marca, dss ‘ogdes: 0 temo Meola. Ene a priticae a teora, esas ‘nstalads a Weologia. Uma teoria dina a verdad de ma prs ica, enuncata stas condicoes de possibildade, enguanto 4 Segundo Assim, a teria rage a pitcas que us atericas ov ante teéricaeAgindo assim, cia inst como bodes expisteros Tanson, que pensava possi, com aHilolog eo positivism teadiclonal de seus adversiron (homens de cultura ou de bom Deore, urgueses, Mais Fecentemente, depo's de ums ‘a etic Uerira (que hava sklo representa por Faget), fesim como se levantou contra a assocaglo frequente dos dois (primero o positismo ra histria do texto, depois © humanism na interpretagio), cea ocome aos austen lor fs que, depos de um esudo munucioso das fntes do romance fde Prevost, passim sem problemas # julgamentos sass sobre a realidade psicoldgia c sobre a verdade humana de Manon, como s© ea esivesse a nosso lado, uma jovem de Resumamos Fratiese de uma consiencia critica (ums rites da Weologa litera, uma reflexso terri (uma dabna cite, Baudelaire ¢, sbretwd, desde Mallee Apresentemos logo o exemplo: empreguel uma série de smo que cover din em 8 meats, lao elo Deixemos erature part 0 proxino capitulo ‘crminemos mais de pert os Jol ult Lerme “mona, cttrica,mstoua Por enti Iter comprcero um discus sobre a obras IMerdrias que acentut a experncia da letra, que descreve Imerpreta, avalla sent e cefeo que as obras exercen ‘que suipis ao longo do seculo XIX, mas eonhecia, lis, co © nome de filslogia, Scholarship, Wissenschaft, o pesuis, erguniar ela aos eros, ‘oss tudo vai bem ene levores que compartham das mess ‘ormas que se entendem por meas palaves, mas, se M30 € © caso, a crea (a conversa) transforma ogo em dilogo Se surdos. Nao se trata de reconeliarabordagens diferentes, ‘mas de compreender por que cas so eferentes. (CHHUENOREMALUEERIUND. Ove poo voce at Prom aoccnoee ‘Uma vez reconhecida ques TextosIterdrios possver tapos dstnvos, voc® os rata como documentos histricos,procutando neles sas eausasFactuas ‘ida do autor, quadro social ¢ cultura infengdes ttestadan, ontes. © parsdoxo sala 2 olhos: voce explica pelo contexto ‘um objeto que he Interessa precisamente porque e=capa 8 ‘esse content e sobrevve ele ‘Ateorla protests sempre contra o implicto:incmods, cla 6 0 proteeus (o protentante) vel escola. Hla pede ‘conta, no aol #opiniao de Proust em Le Temps Reronvy 0 Tempo Redescobertl, pelo menos naquilo que diz respeito 308 estos ltriris: "Lima obra onde hi teora € como um ‘objeto no qual se deiea a marea do prego.” A teoda quer ‘hero prego, No tem nada de abstrito, az pergioss, aquelas perguntas sobre textos particulares com os qua historia ores e cricos se deparam sem cesar, mas cas respostas lo dadas de ater ‘TEORIA OU TEORIAS Empreguel,at€ aqul, a pala @BHDpo singular, como se 56 houvesse uma teora, Or, todo mundo jf onvi fala que 1h teria teria, a teora do senor flano ce tl, a teoria dd sennoraflana de al. Ent2o, teria ou ‘um povico come 1 tata teorias quanto teériees, como nos dominios em que a experinentagao & pouco praicavel, A teora ato 6 como a Sigebe ou a geometta: 0 profesor de teoria ena Sua tor ‘que Ihe permite, como a Lanson, pretender ques outs a0 ‘ém nenhuma. Perguatar-me-o: qual €2 sua tori? Respon sderel-nenhuna. Eé isto que da medo: gosaiam de saber ‘qual €3 minha doutina, ae que € precio abrgar a0 longo Aleste iv. Hstejam trangalos, ou ainda mais preocupados. Hu mio tenho fé —o proterausé sem fée sem li, € 0 eterno advogado do dlabo, ou 0 diabo em pessoa: Forse fu nom pensart cb’ oko fist! Como Dante he faz dizer, “Talver ‘no pensasses que ey fosse wm legion" Info, canto XX¥I, 122-123) —, nenhuma douti, senao a da duvidahiper bolic diane de todo dscurso sobre a Iterana, A teria da ‘erator, vej-a como wa stitude analticae de aporias, uma aprendizagem etic Cee. um ponto de visa metaccico ‘Visindo interrogar, questionar os pressupostor de todas at prt ets Cer sent ample, a Que see” perp, Hividentemente, ha teoris particulares, opostas, diver fo vanos aderit a esta ou aguels tei: vamos ene de AANA RAGTROGTEERA lero, ou se, soe todo discus — eco, hisrico, eco "i respeito da ieratura. Tentaemos ser menos ingboues, ‘Ateoria da Itertura€ una apreiiagem ca mdo-ngenuidade “Em matéia de cates rir, esrevia Jalen Gracg, "todas as palavas que conduzem a cieyorts so armada" Ua ous peer ato pina kl 8 Simos pecigt, OD Ss Perinente ess dstingto” Segundo, por exempl, © modelo {ha Distoria da erature ds bisa err siese erst 4 andlise, 0 quadro da Iteraturt em oposigio 2 csipina ‘olga, como o manual de Lnson, tse dela Litérare Prangaise Misra da Literatura Princesa, de 1898, frente 9 Revue d'Histoire Linéraire dela France, fusdada em 1894), como no man de Welleke Warren que 70 titulo em inglés, Theory of Literate [Teoria da Liter == da beratura:¢ela que aia que temos sempre via feria © ‘qu, se pensamos mo ta, € porque depentdemos da teora Alominante num dado Ivgat © nim dado momento. A teors teria se Menta ube oe for sts eusos do inicio do século XX, marcadon, na verdad, pelo maraismo. Como lembrava de Man, a tora irda pass 2 exist quando a abordagem dos textos Iteriros no € mais Fundada em conskderagoes nao linghisueas, considers es, por exemple, histones ov exeicas; qvando o objeto de dsciseto ‘no € mals 0 sentido on 0 valos as modaldades de prodea0 de sentido ou de valor® Ess dias descrgbes da teora Ite Flea (erica da ideologa,andise inghisticn) se fortslecem ‘mutuamente, pois a erica da ideologia € uma dendnela da Hlyso lingdisiea Ga idea de que a Lingua a literatura s20 ‘evidentes em s! mesins):a teora erdria expo o cdigo © & Infelizmenc, essa distingao (teoia da Ineratura veesus teona iterana), lara em ingles, por exempo, fo! ablteraca tem Fanots:o lio de Wellek © Waren, Theory of Uiterature, fol waduzido —tardainene, como dissemos — com o uiulo 1a Theorte Literate ery 1971, enquanto a antoogia dos forma las russos, de Tevetan Todoroy, foi publica, alguns 10s antes, pelo meso extor, com otulo Théorie de fa Lteature (966) preciso sxaminar ese quasma para melhor nos site Como i se ter compreendido,uizome das das tres a teoria da teats: reflexdo sobre a8 nogdes persis, principio, os entrios: da teora lterira: a erica a0 bom senso Hleririo a releréncia 20 formalismo. Nio se tat, pois, de fornecersecitas. A teora nao € 0 método, a técnica, ‘© mexerico. Ao conto, o objetivo €tomnar-se desconsiado tle todas a reeias, de desfazerse deas ela rflexo. Minka Imencio na €, oranto, em absoluo, felitar as cosas, mas ser vigilante, suspeltos, eatin, em poveas palavas:eitco ‘ou lOnico, A teria € una escola de onl, A LITERATURA REDUZIDA A SEUS ELEMENTOS Sobre que nodes exercer,agurar nosso esptito ees? A relagao entre a tera € o senso comum é natralmente conf toss. E, pois, o discurso corente sobre a iteratura, desig rando os alvos da teoria, que permite coloear melhor 3 teria 1 prova Or, ted dscuro sobre lkeratur, todo estudo Teri est sujet, nasa base, a algumas grandes quesies, ‘sto ¢, 4 um exame de seus pressupostos relativamente 3 um pequeno nimen de nogoes fundamentais. Todo diseuso sole erat assume posko — implicitamente o mas das ‘eaes, a algunas vezes explictamente — em eagle a esas pergaas,cuj conjuto define uma cerca dela de trata 0 que € ler? Qual é a rela entre Meru © autor? (Qual € a relago entre Iterator e realidade? Qual é a relaio entre Hteatura © ler? (Qual 64 relate entre eeatue e linguagem? ‘Quando falo de um lve, consieu0 forcosamente hipéteses sobre esas definigdes, Cinco elementas sao Indispensivels (ict ee TTD Tso aevescenaria duas questes que no se sam ext erie 90 mesmo nivel e que dizem respeto, precisamente, 2 Mliruse 2 erica que hipéteseslevantamos sobre a tans Touma, o movimento, evolugio lerirs, «sobre o valor, I oriinaidade, 2 pertinénca tera? Ou ainda: como com Peendemos a radigto Iterin, tanto no seu aspecto dina fio (a sea) quanto no sev aspecto esto (0 valoe? ss sete qustbes encabegam cada capitulo do meu lv eee snes einstein ais dei tiuos inspiidos no senso comum, iso etemo combate ente a tora eo senso comum qe di I eoria seu sentido. Quem abe um Livro tem estas nogdes ‘om mente Reformulados umm pouco mais Teoseamente, 05 ‘qvatto peimeiros ttulos poderam ser os sequintes:Iiterarie- Ase, tengo, represenagao,recepco. Em rlagio a08 és itis — esto, sto, valor —, parece que nao hd mosvo pura dsinguie fala dos amadores da clos profssionas: uns 8 recorrem 34 mesma plas ara cada pergunta, gostria de mostrar a vaciedade de respostas posivel, nao tanto conn dacqelas que Foran ‘laas na historia, mas das que se fazem hoje! 0 pojeto mao & ‘de uma hisria dele, nemo de um quadro ds dournas Terdrias. A teora da literatura € uma ligao de relativism, mio de pluralismo: em outas palavras, varias respostas 580 possivels, lo compossveis;aceitvels, ado compativels: a0 Inwes de se somarem numa visso total © mais compet, elas se excluem mutuamente, porque nto chamam de itera, ‘mio qualiicam como leva a mesma cols: alo Visim @ Aiferentes aspects do mesmo objeto, mas a diferentes bjetos. ‘Antigo ou modemo, sineronico ou diacrico, inriaseco ot ‘exurinseco: no € possival tudo 20 mesmo tempo. Na pesquisa Tera, mais € menos", modvo pelo qual devemos escolher. ‘Am disso, se amo a literatura, minha escolha fi fol feta Minhas decisOes Merrias dependem de normas extraerd. las — ies, existencais —, que regem outros aspectos da Por outro lado, essis sete questdes sobre a Iieratura no so Independentes, Fontan um sisters. Em outas pala 4 resposta que dou a uma delas restinge as opeoes que se shrem para responder 3s ours per exemple, se acento © papel do autor, € possvel que nie dé tanta importincia & Tinga se insisto na eraredade, mnimiza 0 papel do ler, se destaco a determinagio hist, diminao a contibuigne do genio ete. Esse conjunto de escoltas ¢ solidi. E por Isso que qualquer questao pemite uma entada saisfitocta zo sistema, © sugere todas te outras. Usa tna, inten, por exemplo, talver sejasuficente, para titar de todus elas por isso mbm que a ordem de anslse desas questdes 6, no undo, indiferente: poderse tr ma carta 40 seas ‘seguir psa. Escolh pereod as hundamentando-me noma herarguia que eoresponde, também ea, 40 senso coat, 9 qual, em relacao 2 hteratua, pensa mais no avtor do que no Tetor, na materia mais do que na miner, ‘Todos os lugares da teorla ser assim visiados, salvo, tlver, 0 neo tatremos dese queso beevemente, quando Falarmos da recepe20), porque o genero nto fl uma causa ‘élebre di tora litera ds anos essena.O nero € ua -generlidade, a mediagdo mas evcente ene & ob ind ‘dvale a Iteratura. Ora, por um lad, teria desconfla das cevidéncias, por outro, visa 08 universal, saa lista tem qualquer coisa de provocaedo, visto que nels constam, simplesment, as ovehas negas da teoi ite ‘ria, moinhos de vento conta os quais ea se esfalfo pars forjar concetos saltares. Que nio se veja ai, entretanto, ‘enkiuma alicia! Invent os iniigos dt tora parece: me ‘melhor, © nico meto, em todo o caso 0 mais econmico, ‘le examinslos com confianga, de wagar seus pass, teste ‘munhar sua enerla tornla viva, asim como ain € indi pensivel, depois de mais de um século, descrever arte Imovlera atavés das convengdes que a negaram, afin, alvez sejanos levados a cence eo amp Iie- rivio", apesa ds dfeencas de posigo ede opin, as vezes exacerbadas, part além das quereas interminiveis que o snimam, repose sobre um caajunio de pressupostos © de rengas partlhados por todos. Pers Bourdieu julgava que intaneponivls, stems sian, memos de tala OF ‘Trata-se de arombaressasflsasjanelas, ess contradigdes tnigoeias, ses paradoxos fatais que diaceram 0 estudo erdso; uatase de ressie 2 altersava aucontiia entre a teoria 0 senso comum, ene tudo ox nada, porque a verdide st sempre no entelugae A LITERATURA (0 estudos lero fala ds Ieratura das mais diferentes ‘mancras. Concordam, eneetanto, sum ponto: diane de todo festudo Iertio, qualquer que sia seu objetivo, a pimeka ‘questo a ser colocad, embora poco toric, € da defini ‘ele forece (ou te) de ova cat © tent Ierrior © ‘Ive torn esse estudo Herdrio? Ou como ee define se qual. ‘Sadesitenriae do texto Mtondrio? Numa pala, que € pata fle, explicta ou implicamente, a literatura? Cenamente ssa primeira questo nto € independente das que se seguiio. Indagaremos sobre seis outros termos ot ‘ogdes cu, ais exitamente, sobre a ela do texto trio com seis outta aogoes: a intencio, a realdade, a recepcio, A lingua, s historia e 0 valor. Essa sis questOes poderiam, Portanto, ser reformoladas, acrescentando-se a cada uma © epiteto lero, 0 que, infelizmente, 28 complica mas do que 25 simplifies: © que ¢ itencio litera? (0 que ¢ realidade bterila? © aque € recepgolitersta? © que ¢ lingua hersia? © que € hiséria erin? (0 que ¢ valor ltecivio? On, emprega-se,fequentement, 0 adjtivo Menino, assim como 0 substntvo fteratura, como se ele no levantasse problemas, como se se acreditasse haver win consensa sobre © que € literirio € o que nto 0 €. Arstteles,entetanto, 8 observava, no inicio de sua Poetica, a inexistencia de um termo genérico para designar 20 mesmo tempo os dislogos scerlticos, os textos em pros eo verso “A arte que usa peas 2 Tinguagem em prosa Ou vesos [J ainda nao secebeu un home até 6 presente” (1447228409). Hi © nome e a coisa ae | in. (© nome Haruna, certamente nove Gat do ina do sécuto XIX; anterormente, a dteraa,conforme a etimologis eam ss insrigoes, eset, a erudigto, ou 0 canhecimento das Tetras; ainda se diz “€Iteraur), mas fxo no resolve 0 enigma, ono prova a exténia de numeroxos textos intulados Qutst.ce que Ar10 que Ere! Tost}, 1898), “Qu Estee {Que la Potsier 10 que Poesia] Jakobson, 1933-1939, (Gu asrce que ia Limeraure? (0 que E Literatura} (Cartes Du Bos, 1938, Jean-Paul Sartre, 1947) Atal ponto que Barthes renonciou 1 uma definigio, contentando-e com esta brine deira “A lheratura € aquilo que se ensina, © ponto final.” Fo! uma bela tutologia. Mas pode-sedize outa colst que ‘no “Literatura € Ikeratura?, ov seja “Literatura € 0 que se cama aque agora de lteratun” 0 fidsofo Nelson Goodman (1977) propos substiuir a pergunta °O que € ate” (What is at?) pela pengunta "Quando é arte” When i ar) Nao seria ‘becersri fazer mesmo com Ieratura?Afinal de contas, exisem multaslinguas nas quals 0 temo leratua é ita ‘ivel, ox nio existe wma palavea que the seja equvalente ‘Qual 6 esse campo? Essa categoria, esse objeto? Qual 6a sun *iferengaespectfica”” Qual € a sua natureza? Qual € a ‘2 Fangio? Qual € sua extensio? Qual sua compreensio? & recessriodefinir ieratura para definie 0 estudo lterieo, ‘mas qualquer definigao de Ineaturs n20 se torna 0 enunciado ‘de uma noma exalted? Nas vars nics encotri-s, {eum laa, a estate Lerarurae, de outo, a estante Feed, ‘de um lad, vos para a escola e, de outo, los para 0 lane, comose a Lteyatua esse a Rego entediante, 2 Fedo, 4 Ieraura dived Sela possvelultapassar esa clasii ‘ago comercial epriien? 'A aporia resulta, em divide, da contradigio ene dois Pontos de vista possveise igualmente legimos; ponto de vista contextual (histrico, psicolégic, sociolégio, insti ‘onal e panto de vista tetualCingbistico)-A hers, a ‘ estudo lneririo, esta sempre imprensada nee dss aor dagens iredutiveis: uma abordagem istrict, no sentido Amplo (o texto como documento), una abordage hing tie ( tex como fato da lingua, a literatura como ame da Tings) Non anos essen, uma nova quere entre anos fermodeenes despertou a velha guera de teinceitas cate Setinigho tern de Ieratur, acetvels as da, mas abs Tmitadas, Genet, que fuga “oa” a pergunta “0 que €ent> tua?" ela é mal eolocada — suger, ntretant, stingir tls egies tertoscompementares um rine contain, panto pelas convengOes, logo fechado — wm soneto, ont Fomanee pertencem de deo Meratura, mesmo que nig Uielets re um exime condictona logo abet dependente {Te uma apreciag revogavel —a inelusto, na Iitertura, dos Penscesensamentosl de Pascal on de Lt Sorter (A Feit cil de Michelet depend dos indivkluos © das epocas* Descrevamos literatura sucessivamente: do ponto de vita ta extensdo eda comprocnado, depois da func eda forma, ‘ev sepia, a forma do comtidoe da forma da expres ‘Reancemos dissociando,seguindo o metodo ania da deo tomia platniea, mas sem demasiadasiusdes sobre nosis ‘Shances de sucesso, Como a questo “O que & litera” & {holdvel dessa maneira, 0 primeigo capitulo ser o mais ito Alene Tiveo, mas todos os capitals seointes contingas poses de uma definigo satisfaéea de eras, [A EXTENSAO DA LITERATURA No semigo mas ampl, ier toque € meso (on means anasto ote oss es ee tetsu se aa ets on 3: ei sma, Ea scope sarerponsc nx ic Sethe qu compen a es wk autor quis dizer, ou se podemos subé-4o fazendo um esforo —e se ato 0 sabemos porque mo fizemos esforgo sufciente —, mio € preciso Interpretaro texto. A explicago pela Intengo tena, pois, & eres herria inl (ero sonho da histria Meri). Alem disso, a propea eoriatrna-se supéua se 0 sentido € incen- Clonal, objetivo, histrico, nto ha mais necessidade nem da fries, nem tampouco da erica caries pars separa 0 feticos. asta tabalhae mais um pouco e terse a Solu. A intencio, ¢ mais ainda o prdpsio ator, ponta de partis habitual da explicapio ltrira desde 0 sel XIX, const tuiram o Iigar por exceléncia do conto ent os antgos (a —_— 7 histria trina) & os modemos (4 nova ern) nos anos essen. Foucault pronutciou uma conferéncia elec, 196, imelada °QuiEa-ce qu'on Auteue” [0 que E um Avi Barthes haviapublicado, em 196, un artigo cj lo om Distco, “La Mote de L’Auteur” [a Aote do Auto, tornou 5 20s olhos de sus partidos, assim como de seus adversaen, © slogan antchumanists da ciéneia do texto, Td as nogde> lerdeas wadicionais podem, als, ser remetidas 2 nocao de Jmeng0 do autor, ou dea se deduzitem. Assn também, todos fs anticonceitos ds teoria podem partir da morte do avtor ‘Mumava Barthes {ee cut noe ped Esse ero ponto de parti da nova extica: 0 autor nto er senio o burgués, a encarnagdo da quintessenia dt Kdeologt ‘apialista. Em toro dele se organizam, segundo Barthes ‘os manuais de historia lteriiae todo o ensina da literature "A explicagdoda obra € sempre procurada do lado de quem 2 produziu como se, de uma maneira ov de outs, a abet Fosse uma confisso, mo podendo representa outra coiss aque alo a confidenca, ‘Ao autor como principio produtor ¢ explicatvo da ters tura, Barthes substitu a lingagem, impessoal e andoima, pouco a pouce reivindicads como mtr exclusiva da liters. tua por Mallarmé, Valery, Prous, pelo surrealism, e, enim pel ingots, para a qual o autor nonce € mals que aquele ‘que esereve, assim como ett ndo auto sendo 0 que diz eu"? assim como Mallarmé ja peda “o desaparecimentelocutrio ‘do poeta, que cede a inclatva bs palaveas= Nessa compa "glo ene o autor e o pronome da primeira pessoa recone cove a teflonto de Emile Benveniae sobre "ls Nator det Pronoms” (A Natureza dos Pronomes] (1956), que teve una grande ifluéncia sobre 4 novs eric. O autor cede, ols, © Tuga principal a escitur, 20 texto, ou ainda, 20 “escriplor, ‘que no ¢ jamais sendo um “sueto™ no sentido gramatcal ov Hngaistico, um ser de papel, ndo uma "pessoa" no seme Plcoogco, aso seo da enunclato que mo presse 3 evetieiarto watt prod com ea, ale ager. Donde fe teqe, sla qe 4 cia no po repress “pir Aeolutamente id aneror 2 sua enunclao, e GUC cs texto €um eco de cagoes™ 3 noqio de intetealdade fe fre, tne ea, ds mone do aio Quanto explo, fin desaparece com © autor, pois que no ha sentido sco, rig, no principio, no fondo do texto, Eni, Oo 10 ddonove stern que ve ded tenets da norte do anor, Slee eno o or, 0 lgar onde a unidade do texto se rode, no seu dein, no ta um rigen, a ete Lor ‘lo mals pessoal que o autor ecenemente demolide, © ele se ener tmem 4 uma ingore € esse ale que trantém reunidos, num dco cmpo, todos ox eas de Que Comat 3 eres * Como se v8, tudo se mantém: 0 onjunto da tora litera pre ligaese 3 premissa da morte do autor, como 2 qualquer ‘ute de seus tens; masa more do autor €o primeio, pore ‘le mesmo se opoe 20 primeio prineplo da histéia Ite fasta. Quanto 4 Barthes, ele Ihe confere 20 mesmo tempo tina tonaliade dogma: "Sabemoe agora que tm texto." © politica: “Agora nto somes mais vtimas de... Como previsto, !Nteotia coincide com uma erica da ideologia a excritrs ‘texto “libera uma atividade que poderiamos chamar de ‘ontateoldgie, propriamente revolucondria, pois tecusae deter 0 sentido 6, fnalmente,recusae Deus estas hipasases, 1 rario, acacia lei" Estamos em 1968: a queda do autor, ‘que assinala a passagem do estrutualismo sisemtico 20 és-estruturalsmo desconstrutr,acompanha a rebel2o aati sutontria da primavera. Com afnalidade de, e antes de exe uta © autor, fl necessiro, no entanto, dentiie-lo a0 ind uo burguts, pessoa psicologia, e asim reduira questao td autor 8 da explicagao do texto pela vida pela biografia, rout qs a hstrn tarsi auger, com vida, as que ‘lo recobre certmente todo 0 problema da intencio, e230 fo esolve em absolut, Em °O que f um Autor, o argumento de Foucault parece depender,tmibém ele, da coaftontagio coajuntutl ene a histrla lterdsia e-@ positivism, donde The vieram ertcas * sobre a maneiea como tratava os nome proprio € 0 nomes ‘de autor em Les Mots eles Chose As Palas © a, Cosh ‘enificando al “formagoes dscurivas” em mais vasas ¢ ‘agas que a obra de flano ou belrano Darwin, ar, Frew) Assim, apolando-se na Itertuct modesna, jue tea Visto Ponca pouco 0 dessparecnento,o enfraquccinet do atom, de Mallurmé — “admitido que o volume ni tra nent signatirio” — a Becket e « Maurice Blanchot, ele define + “fungao autor” como uma constueao histrica © ideoloica, como a projet, em terion mais ov menos pscologizantes; do tratamento que se di 20 texto. £ cera que a more do suitor tz, como conseqhéact, a polssemia do texto, pro ‘mogio do letor, ¢ uma libedade de comentiro até entio slesconhecia, mas, pot lta de una verdad eflexto sobre 2 natureza das relagdes de itengo ede interpretaguo, nao € do leit come substuto do suitor de que se estar fan? Hs sempre um autor: se 0 Cervantes, €Plete Ménard Para que a pés-teoria nao sefa um retoeno A pré-teoria,€ preciso também sair da expeculardade da nova erie © da Istria teria que marearam essa controvéria,e permi- tiram reduzir autor 2 um principio de cavalcade € 4 um testade-ferro, antes de elimiasl. Liberada dese confronto imigico e um pouco duséro, parece mas diel guardat 6 sutor numa loa de accessories. Do outro lado da intengao- do autor hi, na verdade, a intenga0. Se € possivel que Autor seja um personagem modemo, no sentido sociologic, © problema da intengto do autor nto data do racionalisoy, {do empirismo e do capitalism. Ble € muito antigo, sempre festeve presente, e 20 faclmente solucionavel. No upos dda morte do autor, confundese © autor biogrilico ow solo 'opico, significando um lugae no cinone histérico, com 0 ‘or, no sentido hermendutico de st Inengo, ov intenco nade, como crittio da iterpeetaczo:a"fungio do autor ‘le Foucault simboliza com pereigao essa reduio, Depois de termoslembrado como a retica trtava a inten lo, veremos que esst questi foi profundamente renovada pela fenomenologae peta hermeneutic. Set uma tl cons” ‘cia na eitiea dos anos sesenta sobre o tema da morte do autor, ela nto seria o eesultado da trasposig do problema hhermenéutico da intenc20 e do sent, now tomers miter sSmplicados e mas fame negocives ca historia ert? ee — VOLUNTAS F ACTIO © debate sobre a intengao do autor — sobre @ autor exnquantointencio —€ muito antigo, bem andor aos tempos Imodeenos. Nao sabemoe bem, ais, se poder ser de outa forma. Atalmente, endese a reduzit a reflerao sobre = Inengio 2 tese do dualism do pensamento e da linguagem, {qve dominou por molto tempo a flosofia ocidenta. Na ver Alive, a tese dais un peso ao intencionalism, mas a enuncia contemporinea de dualismo nem por isso resolve ‘problema da itengio. C mito da invencao da eseitora no Tato, de Patio, & bem conhecide: Plato afima que a exci turn € state da palava como a palavra Ulaga) € distante do pensamento (alanoia).Na Podrica de Aristcles, a dual tue do contedidoe da forma ests no principio ds separaca0 ‘entre a histxa (nutbas) sua expresso (lex). Eni, oda ‘tradigio retéia distngue a tntento (busca das ideas), © 1 elocuti emprego ds palavas) eas imagens que acentoam ‘sa opasieao so numeross, como a8 do corpo da roupa ses parllismnos 20 ma embaragosos que esclarecedores, pois que fazem deslzar a questo da intengao para 0 esl {A reticaessea, em zo do quadrojudiciro de sua patie original, nto pod deiae de fazer uma distina0 pra Imitca entteuntengo e ado, como sugere Kathy Eden na ermenewicsand the Rbeorical Tradition \& Heemenéutica ea Tradigio Retrcal (1997), obra 8 val muito devem as dlstingdes que se seguem, Setendemos a esque? € porque ‘onfundiaas habalmeate os dois principios heementuticos “listintos — na teria, se no na peitiea — sobre os qual se Tundamentava a snrepretcio scrip, prinetpios que ela ex- vrai da traigo retia: um pencipio furiice eum principio ‘eultco® Segundo Cicero e Quiniliano, os eedecos que Aleviam explicar textos escitos recoramy habitualmente & “erengs rien ene tnento acto ou vtuntase septum hho que concerne a essa a¢20 particular que € a esertra {(Gicero, Bo Order, 2H; Quitiliano,Insituseses Ora ‘tas, Vx, 2) Mas fin resolver ess deenea de agen Juridica, esses mesmos retricos adotavam habitvalmente lum método estilistico, ¢ srocuravam os textos ambiti- ‘dads que hes permissem pasar do serpum volute 36 Py —_— Ambigidades eram interpeetadas como Indios de wma ‘oluntas distin do serum O aor enquantointengao € 0 aor enquanto esto eram multe vezesconfundidos una isting juridica — voluntase seritum — Tol acu pot ‘uma distingioestlisiea — sentido proprio e sent figura, ‘Mas sua coincidéneia na peti mo deve nos dei Inorse ‘que se tat de dois prineipios diferentes em teria, Santo Agostaho repetil essa diferenca de tipo juraico entre © que querem dizer t palavras que um autor utiles ara exprimir uma inteng20, Ino, a signifleagio semantien, ‘©0.que o autor quer dizer wlizando ess palais, ito € 4 Intengo dlanodica, Na disingao entre o aspectolingisico & ‘aspect psicol6gico da combnicag, sua prefertncia rec, conforme todos os tratados de retoica da Antighklade, na Iengio, prviegiando assim a roluntas Je um auton por ‘oposieao ao sriptum do texto. Ea Doutrina Crista (Xi, 1D Agostinho apomta 0 ero interpretativa que consist cm preferir 0 sripum 3 voluntas, sendo sia relagio anloge 2 4 alma (antmuc), ou do esp (apie), e do corpo do ‘qual sto prisionetos. A decsto de fazer depender here euticamente 0 sentido da Inten¢20 nao é, pois, em Santo ‘Agostino, sento um easo particular de uri elca suboud nando 0 corpo e a carne 40 espcto ou 2 ala (se 0 compe isto deve ser respeiado e amado, mo € or ele mest) ‘Agostinho toma o partido da leurs exprtal do text, cota 8 Teitura camal ou corpo, e identifica o corpo com lets do texto, a leiura camal com a da letra, Enttecnto, asin como o corpo merece respet, lets do texto deve ser prese. ‘ada, no por si mesma, mas como ponto de partda d inter- pretagto expat A distingio ete a interpretag segundo a came ea inter retio segundo o espirito nde é propria de Agostino, que Assumiu o binémio paulino da letra ¢ do espitto —-a lees mata, mas o espsto viviica —, que de rigem e de naturera no clic, ms jr, como ma tadiaoretriea, S30 Paulo nio faz sento substi o par retrico gee rhelon © dianota equivalente do pat lating serptum e volun, pelo ar gramma e pnema, ou letra expt, sais familia 205 Iudeus aos quals se dig? Mas a distineao ente a lea © 0 ‘spit, em Sio Paulo, ob aed entre a Inerpetaga corpora 2 interretagao espa, em Sto Agostino, que endemos 4 rometer eatin, ¢, em principio, a tansposieao crit he tm distingio que dz espe 4 receca jue, a Ido ea et inno. Sia Bnaidade, 0 erttanisne primitive, @permanccer sempre Hgtal pois que ne tat de jstiiae & Tet nova conte 4 el mossi A ddiicuklade esti, entetanto, ne ato de que Agostino, como os outros reGrcos, nao hesiou em apliae © méiodo ftlitco para extrair a intengao da let, procedimento que evo multos de seus sucessores ecomentadores, até ns, a conlundiinterpretaio espa, depo juridico,procurando Sespito sob a Teta, imexpretagio Nguativa, de tipo est Tstico, procuranda © sentido figurado 0 lado do renido proprio, Envetant, mesmo se etpiicamenteo eruzamenta Ur toterpretasao espinal © da iterpetagio figratva ‘ult vezes realizado em Agostihe,teoricament,e cont fio nds, ele no reduz um tipo de interpretagao ao outto, fut identifica nunca a lnteypeeaae espltul com a ine pretaglo figurative, nso confunde a Sisingo jridica entre Feira © o esi adapagao crs de scriptum e volta, ‘acto e intentio — con a distingo estlistica ent 0 sentido Ter sigifato propria ¢o seni figurado (signifieatto. Imanslata) Somos nos que, utllzardo 2 expressio semido lent de maneiraambigua, 20 meso tempo pars designar 0 sentido cocporal opao 20 sentido ese, eo sentido propo ‘posto ao sentido figurado, confuncimos uma distngso fr ‘lca (hermenéutica) © uma disingdo eslistiea (Semana) -Agostinho, como Cicero, mantém pois una fe separa centre distingao legal do espirtoe da lets (ou carne), © 2 Ulstingao estlisica do sentido figuado e do sentido lteal {ov proprio), mesmo que sua propia pritca hermenéutica Instore com frequéacs os dois pasepios de inverpretacdo. 1 wadigto retrie situa as duas principaisdficuades da Imterpreagao dos textos, por um lado, ha dstincia ene 0 texto ¢ a Intengio do autor, por outro, ma ambiguidade ou tscuridade da expresao, set ela iatenconal oa a. Pode Fiamos ainda dizer que o problema da intencio psicologica (letra ters espe) refere'se mais pariculaemente A prineiea parte da retériea, a inventa, enquento que 0 problema da Shscuridade semdatca (Seni Ie versus sentido Figuado) feferese mais particularmente& teria parte da retrica, 8 catia i =" ALEGORIA E FILOLOGIA “Tendo perdido de visa as quangas di antiga retcia, tenemos, a interpreta das icuklade ds texto exh © problema da intengio a0 do estilo. Or, essa confuse 20 0 que chamamos tracicionalmente de alegorta? A interpre lacie alegéricaprocura compreender a inten ocula de un texto pelo decifamento de suas figuras. Os tstados de rete rie, de leero a Quiniliane, nto sabiam nunca onde eolocae ‘alegoria. Ao mesmo tempo figura de pensamento € topo, ‘mas tropo em muitas palvas(metforaprolongad send 2 definite habiuaD, la € equivoca, como se futuasse entre 2 primetea pare da eeléiea, a sneenii remetendo 2 um ‘questo de intenc2o, ea tree parte, a elo, remetendo 21m problema de esl. alegora, por intermédio da qual toda Idade Média pensou a questo da inteng2o,repousa, ‘a realidade, na superposieio de dois pares (ede dois pin. ‘ipios de interpretagi) tearicamente distints, um jaraco © ‘outro esilisico, A alegora, no sentido hermenéutico tradicional, € um smétode de interpreta dos textos, mancia de continua 4 ‘explica um texto, uma vez que es separado de seu contexto ‘original e que a inengdo do seu autor no € mais econhecivel, ‘5 € que ela jo foi" Entre os grepos, a alegoria tinha por ome hyponota,consderada como 0 sentido dculto ou subter- Fineo,pereebido em Homero, a parti do seulo VI, para dae ‘uma signifeagao aceltavel agulo que se tornara estan, € para desculpar 0 comporamento dos deuses, que parecia doravante escandaloso. A alegoiainventa um outro seatid, ‘osmologio, psicomintco,acelevel sob a letra do texto: et Ssobrepde una distingio etlitica 2 uma dstingo joridica ‘Tratasse de um modelo exegcico que serve para awalizar um texto do qual estamos dstanciados pelo tempo ou pelos ‘costumes (de qualquer forma, pela cute). Nos nos reapro~ pianos dele, enprestando-Ine um outzo sentido, wm sentido ‘culto, espirtual, figurative, um sentido que nos conver Aatualmente. A norma da interpretgio alegérica, que permite Separar hoas e mis interpretagdes, no €&inteng20 original 0 decorum, a convenienca stl ‘A alegoria € uma Interpretagao anaerOnica do passado, ‘uma leurs do antigo, segundo 0 modelo do novo, um at6 Irmendnco de apropos ag el sto Aion Teltores A exegese polis da ib era do mis deacobet de profes do Chao em Homer, Moe Oil, comes spreendemon 0 toga Mah sopra dam nanan toposes pa ea tin sete sono urn exo sg emance, ett, + ere qua da ens, aque amin do esto ridic €doregio eatin, tt slog ato rselveIncinment. O que 0 temo et Alera 0 clnle com o que qu eps Hoc, Geom que mere que ds mero cra em mere 2 inte de ets que sv ees pomestres es trun oa da am 0 fio Tet, 9 casio, ‘elo do ve revlado, save aide plo dogma iN inopto divin do textos saradn. Se Deus gu ino o pret, en leptin etna bats ca que rl qe eur ramen mano dus opens der Ma © queer dow autores a Arild, uses toe Dan colicou aim, nono done" porqve, teams quent em vo arr do suai ee, Stas obs no emi ncomptvlcon'o Novo Tene? fewe dlema qu Rael sora mo plo de Garg, ocomando, princi. ttre se ona mai ao Smo" cofoone sagem do ox da mets, Jo hbo {fe no far mone, ou da feta de Socrates cm sea Womendando, dopo de abropemente mada de Geo immerse po dP voua qu Honea ‘Hevendo lade» ds te pesado mas legen toe he atbulam Parco, Here do Pom, Basu, homie” Nt, ds le omer no pens sso, ao as the Ovo em tina se prefigiragis do latina que neomvamos nas Mtmorfoses Encanto, Rabelais 0 Chics aqules que Wem use rao ta ada cu at Samar nos soon ace pene gue ae cdl fava pst exe sentido ciao nas uss obs. fim cute pla, aguas gue lerem em Grad uin Sr eatndalon, como aces qv ennrrem i Md eho cm Homero ou Ovo, se responsive por ts, mas noo prop Rabel aim, parts Wert _— responsabilidad, near sua intengio, Rabelals desfaz a onfuso habitual e reencontt ani distin retrieve 2 pitti © © calisica: ARSON’ declearent legate fem Gargannua responderio pot st mestnos. Nessa mesma Siregi, Montagne evocard logo depos 0 “leiloesuicent ‘gue encontra nos Baas mals sentido do que oexcror qu sl desar Als, relendo-se, ele acaba descobrindo sentilon {que ele mesmo descontiec. Mas se Rabelals © Montaigne, como 0s antigos retsricos, entre eles Cicero e Agostino, desefavam, anda que eum grand Salis, que a inten Toss dstinguida da alegri, esta nda viveriabelos dias, sté 0 momento em que Spinoza, opal da Hlologia, pedisse, no Tratado Teolégico- Politico (1670) que Dili Fosse lids como um document histric, kt 6, que (0 sentido do texto fosse detemtinado exchusivamente pela relagio com o context de sua redagao. A compreensio em {ermos de ntengio, como jt era o easo quando Agostino leva contra a interpetagiosistematca pela figura, € funda ‘entainente contextual, ou hstrica. A questo da intencio 2 do contexto se confundem, desde enti, em boa parte. A ‘itora sobre os modos de interpretacao ens e medieval no século XVM, com a8 Lizes, representa assim uma volta 30 ‘ragmatismo jurdicn da retriea antiga O slegorismo ana. ‘onico parece intelramente eliminad, Do ponto de visa, racional, uma vez que Homero ¢ Ovidio mio eram cists, ‘seus textos nao podim se leptinamente considerados como legoraseristis "pare de Spinoza, a filologiaaplicada 0$ textos sagrados, depos a todos os textos, visa essencal- ‘mente prevenir © anacronismo exegetico, fazer prevalecer a ‘azo conta 2 autridade ea tdi30, Segundo a boa floes, ‘alegoria eit dos Antigos leptima, © que abe caminho 2 eterpretagao hist, |Hque poderiamos pensar que esse debate fra resolvido thé muto, ou que € abstato, aio seva talver intl lembeae ‘que ele ainda esti vivo, continua a dividir os jurists, em panicuar os consinuetonaliats, Na Franga, 0 regime 130 ‘essou de mudar h dois séclos, ea Constuigio jantamente om ele, e+ Inglaterra nao lem Constituigao eserit; mas nos Estados Unidos, todas as quesides poiteas se colocam, num momento oa nouto, sb a forma de quests legals, to de ‘questes sobre a inerpretagio ea aplicago da Consituiao. ‘Assi se opdem, quanto texos of problems da sociedad, or won lad, os partion de wns "Consuio viva, cons hiscetivel de garantie diceitos sobre us quis as grapes fw no untamconsénca, coro o dreto 40 abortor por tuto, om apo di “itengto original dos pal undadores, parton qs tase de determina eaplica sentido obje- tivo ques linguagem da Constitute taka no modento em {que fol adotia, Como sempre, 38 uss posgdes — alego- tha © orginaia — a insustentdvets, ano ina quanto tuts, Se cada gerago pode redetnir os primeeospinipos, Send te agra, sign que no hs Constiuieao. Mas Como aeeta, numa democrala modern, que em nome de tima Ridelidade nteneto original, supondo-se que ea sca ‘enficivel, os iets dos vivossjam garaidon pela autor Fidade dos mores? Que o mor confisque o vivo, como diz ‘vetho adil jure? Sera neces, por exemplo,perpe- tute preconceis rica do final do século XVI, ratieat ts intengbes escavagistas escriminatéras dos vedatores ‘la Consituigto americana? Aosolhos de muitos literatos, hoje, e mesmo de hstoradores, a ela de que um texto pass um Gio sentido objetivo € quimérica, Alem diss, {partidos di ntengd0 orignal raamentees0 de acordo tenes, e#compreensio do que a Constiuica queria der, ttaaua origem, permanece to indeterminada que, para cada nematva concrda, os modemists podem invocs eaUG30 tanto quanto os sonservadores. Finalmente, + Inerpetagao tle uma Constitu gto, ou mesmo de tod texto, levants a0 somente una questo hstriea, mas tambem uma questo politics, como Ribelas jf o suger FILOLOGIA E HERMENBUTICA ‘A hermenéutic, Iso €, 2 ate de inerpretar os textos, antiga iseipina auxba da teologta,aplicada até entio aos textos ‘agetdos, torsouse, ao longo da século XIX, seguindo a eh dds teclogos protestants lemies do sécolo XVII e rags 40 ‘desenvolvimento da consciénca hntriea europea, a enc {d interpretagto de todos os textos e 0 proprio fundamento {4 filologia dos estudos Iterisios, Segundo Friedrich Schletermacher (17684 du kaos fas bases da here: nut lige no final do eel NVM, ado ate ¢ less, ni esando ah mma rego Imes cose Proprio mundo, tomouse estan eu sen ogal {no mesmo probens que ssegese” de Homer to de oui mancin) He deserter yo, com as ements, resale a sigiaga prints de una ab, uma vee que 2 lesa, Como'a are em see, cok lends Je su'mndo de igen oes ne, ecreve ele, “deve uma parte de sua inteligibilidade A sua destinagao™, donde se seg que" obra dete, arenes de seu contexto prin, pode sum signifeng, ne ee principio hermenéutico da circular dade e da pré-compreensio, ou da antecipacio do sentido, mato aumento, qe fax de nossa condigaohisrca a press posigo de toda experéncia, implica que a reconstnuco do Passado torou-se impossivel "© sentido” firma Heidegger, oooee—r——=C cl tendo too e dat pate, € como um logo do presente com o pasado, como se ema thas trues, esas ms stincls event e resolver de tia 46 vem, simulans idenicanente. Grae 30 cculo hermenéico,s ompreensi ig om sujet 2m obo, tee crv, tdi como avid ctesana, ve demancce {quando o sj cheg 3 compreenio completa do obo. Depots de Schltemacker, Wiel Dithey 833191) reba zat pretenso Malice esausiva, opondo 8 explexao, «que 3 pode erating pelo metodo ckentficoapticad som fenomenon da ntures 4 compreensd, que seo fl mals ‘modesto da hermeneuca da experineta uma. Un texto pole ser conprecnida, as mo podria ser expicdo, po Tuto sone 6 que se are a prjeto ertirad pelos Pera on engl, de irene «de preensto, € aorterame qu agra os € uel de acters are ee Demat pans 0 80, pO Se cea meet orn sm lo a ou fal pos Heeger east ex semen ee Rlnentvos em Brot Temps Tere Tempo) ime scum celo von exper os mos Je oe te cnn compreender, depot a onto aie 0 sete tadceye pao menos Inltvel trarsponitel oor compreento tia exci mas to eeonest® ane cave dss mat eps qo ex fl leno € mis hipeblio™ nas petence ® coat do ato de compreendet “E20 cont, a idcager eapreo da exnrva exe aie as A olga nem prio dex de a eens qc nto pene nana eer i Seo se ig onde enanos ences commons Hoi “Pon Maca nem Heidegger atm especialmente ec WSS ton ters as depos do ev qeston=- we scecl lg, Hance Gases 0, INE Sa esn trevaeode edae « Moda ery Netgseatcs tconst dy hermeneutics desde net che ato seni denen Qua pet sane de rng do ao Premos compen we oe ho earns hitreamente ov cue? a es crn depend ds sos sano HGS? como tod tug — pons Gadaer — 0 etelesinento re Sc rpms €oma eta que Hotondade do ee egvcmon tomar da allengao, no ©» Ya ora [HPS Sieace hemmeneoen para xual comrecnsto thi eure do ol mo sr emBo ransmissio “Ne wee eo deforma ‘ar uma hermenéutics pés-hegelians, pois, no hi mais primado da primeira recepeio, ov do “querer-dizer” do autor, Paartal amplo que sj o termo. De qualquer forma, este Pet rcrdzere ess primer recepgao no restiiriam mada <4 veal para nos @ Segundo Gadamer, a dem cexto no exons ‘nea as intengdes do ator Quando umn texto passa de ui conterto histrico ou cultural a outro, novas ngnificades (avian penn erpren comer, dependente de ertetio relatvos a0 contexto onde ela oor ‘seis possvel conhecer nem compreender ih texto eM a ‘mesmo. Depois de Heidegger, extingulu-se, pols, a herme- névties, segundo Schleermacher. Toda interpretagso & enl30 oncebida como um dialogo entre passada e presente, ou ‘uma dlalédea da questo e da resposta. A dstinia temporal tee toto Mu precns ser preenchid, para explicat nem para compreender, mas com 0 nome de Jusao de borizontestora-se umn ag ineotvele produto da interpreta: es, como ato, por um ldo, fo intépeete er conscncia de suas idlasantecipadas,e por outo, preserva ‘© pasado no presente A resposta que o texto oferece depend , ‘da questio que dirgimos de nosso ponto de visa historia, mas também de nossa Faculdade de reconstrir a questio & ‘qual 0 testo responde, porgue o testo dialogs igualiente com sua propria historia © lvro de Gadame x foi trduido em fancts sto tarde, ‘em 1976, parcialmente. Tirand as conseqUéncins da meta tos, ele se fala contemporinco do debate fancés sobre a literatura dos minava relacio: rando a hevmengutica da questo e da resposta a una con

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