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Introdução
1. Processo x Procedimento
- Tudo em processo se explica na teoria da ação.
- Poucas pessoas percebem, mas existe uma lógica por trás dos códigos que não é uma
lógica acadêmica, didática; na realidade, as pessoas estabelecem os códigos de acordo
com determinada histórica através da qual aquela determinada ciência se desenvolveu
ou através da ordem lógica do fluxo de informações.
O CPC aborda essas duas lógicas: a lógica do fluxo permeada pela lógica histórica.
- Existe um livro do prof. Ovídio Batista de Teoria Geral do Processo que em seu 1º
parágrafo diz que a processualística civil moderna provém de duas famílias – então ele
começa do começo. Rene Davi dividia o direito em várias famílias: oriental, continental
europeia, etc., e essas, em subfamílias: direito romano e direito germânico, e dentro
disso há uma influência maior de um de outro. Então a história dos institutos
processuais influencia não sob o ponto de vista apenas filosófico.
- Onde está a base da teoria da prova no CPC? Nos poderes do juiz: princípio
inquisitório (art. 130, CPC) e a livre disposição e o livre convencimento do magistrado
(art. 131, CPC). É a base psicanalítica da nossa prova. Mas o ônus da prova está tratado
no art. 332, 333, 334 e depois, a partir do art. 350, CPC, há a forma da realização da
prova (procedimento). Então a teoria da prova está em três lugares distintos do CPC.
- Existe, ainda, influenciando o nosso código, uma fase procedimentalista, que é tão
importante, tão arraigada no inconsciente coletivo de um estudante de direito, que
geralmente não se consegue visualizar de outra forma.
Exemplo: o cara bateu no seu carro com uma Ferrari. Qual a ação que você vai mover
em face dele? “Ação de danos”.
Sobre isso, a metáfora dos vinhos: muitos poucos vinhos são puros de uma uva
só. Acima de determinado percentual, nem precisa colocar qual é a uva.
- A ênfase no fluxo é boa porque você entende uma lógica rapidamente, mas essa
lógica é tão simples que não serve para atingir passos mais profundos, e ao não
permitir o acesso ao sistema, isso provoca acomodação. O processo civil tem 130 anos,
enquanto o direito civil tem mais de 2000 anos – então ele é muito mais intuitivo.
Processo civil é direito publico; direito civil é direito privado. Então eles não
podem nem ser conjugados.
- Você tem que parar de olhar para o direito material e começar a enxergar o direito
processual; e dentro do direito processual, deve parar de olhar o procedimento e olhar
o processo.
Exemplo: medida cautelar: o juiz acabou de extinguir a ação principal. O que ele faz
com a medida cautelar que está em apenso? Há uma cautelar de sustação de protesto,
mas na principal o juiz julga improcedente a ação. O que faz com a medida cautelar? A
medida cautelar é autônoma porque está assegurando outra coisa, a eficácia de direito
material. O cara julgar em primeiro grau não significa nada – ainda tem o segundo
grau, os órgãos de superposição.
- O artigo retrata essa intuição. Agora, este código, apesar de ser de 1916, começou a
tramitar em 1850, junto com o Código Comercial. Em 15 dias o Código Comercial foi
promulgado e demorou 66 anos para a promulgação do Código Civil 1916, que retrata
uma era pré-processual.
Art. 501, CC de 1916: “O possuidor, que tenha justo receio de ser molestado na
posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da violência iminente, cominando
pena a quem lhe transgredir o preceito.”
- Então até o final do século XIX, havia um direito material e dentro desse direito
material, regras procedimentais.
- Então é natural que o nosso código de processo civil hoje ainda traga um livro dessa
época: o Livro IV, de Procedimentos Especiais. Por isso eles não são processo – o Livro
IV não entra no sistema, porque ele reflete uma realidade pré-processual.
Art. 922, CPC: “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em
sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.”
a) Praxismo
b) Materialismo
- Esses são os dois maiores erros de quem estuda processo civil: não compreender tais
vícios. Tais defeitos acabam estabelecendo uma cognição mínima do que é processo.
- O primeiro erro é porque o próprio código estabelece esse conceito de fluxo, as leis
são feitas dessa forma. Não há, por exemplo, um dispositivo tratando da ação
condenatória. O CPC se preocupa absurdamente na assinatura de um mandado – isso
é procedimento e não processo.
- O segundo, é porque houve uma época em que o código era só de direito material
(Código Civil de 1916 – que começou a ser elaborado em 1850, que é uma era pré-
processual). Ainda havia aquela discussão se processo era uma relação jurídica
autônoma ou vinculada ao direito material. Por que isso? Porque na realidade as
pessoas já conseguiam enxergar no processo uma relação com regras próprias. Até o
final do século XIX, início do século XX, ninguém falava em direito processual, não
existia uma cadeira de direito processual. A teoria que vigia na época era
IMANENTISTA.
OBS: Nas Ordenações Filipinas, no livro de procedimentos, pode-se encontrar uma lista
de direitos materiais e a respectiva ação do lado.
- Só para ter uma ideia de como essa vinculação – e, portanto, esse segundo defeito,
materialismo, é compreensível, ele perdurou até o século XIX.
- O fato é que esse conceito é muito importante porque confundir processo com
procedimento é como confundir altura e largura. É preciso ver a evolução do processo
civil.
- Processo civil é uma relação jurídica muito especial; tem uma formatação, tem regras
próprias, diferentes do direito material.
- A cautelar protege a ameaça, que não tem nada a ver com o bem da vida que está
sendo protegido. A cautelar protege justamente o bem, para que se mantenha íntegro.
O fato de o juiz em primeiro grau ter dito que você não tem direito aquele bem, não
quer dizer que o bem não precise continuar a ser protegido. Aliás, é muito comum
julgar improcedente o processo principal, mas julgar procedente a cautelar, porque
entende que o bem ainda precisa ser protegido.
Exemplo: ação de indenização por danos em virtude de acidente de trânsito. Vou pedir
a condenação do réu à indenização por perdas e danos.
- O relator viu que a sua petição inicial estava instruída por dois orçamentos; deu
provimento ao pedido. Mas o lucro cessante ‘não restou suficientemente provado’; e o
dano moral era mero aborrecimento – não deu provimento. O revisor negou
provimento aos danos emergentes; deu provimento aos lucros cessantes; dano moral,
negou provimento. O vogal negou provimento aos danos emergentes e improveu os
lucros cessantes e o dano moral.
- Na virada do século XIX para o século XX havia os códigos judiciários estaduais – cada
estado tinha o seu. A primeira constituição republicana, de influência americana, deu
aos Estados Unidos do Brasil, os códigos judiciários. Já se falava em ação declaratória,
mas era uma coisa muito fluida. Os códigos eram 5% processuais e 95%
procedimentais.
- Aí veio a constituição em 1932 e depois em 1937; a primeira coisa que Vargas fez foi
mudar o pacto federativo, centralizando na União todos os poderes. Os códigos
estaduais viraram o primeiro CPC, em 1939. Esse CPC de 1939 já era 40% processual e
60% procedimental; o CPC de 1973, é quase que 80% processual. O CPC de 2014 será
quase que 95% processual.
- Venceu Windscheid sobre Mutter, a nosso ver, porque era inevitável que o processo
fosse considerado uma relação autônoma, tendo em vista que o judiciário já não se
administrava mais (devido à falta de estrutura, ninguém se preocupava em recorrer ao
judiciário).
- Como não existia uma autonomia da relação processual, a regra era o que o direito
material estabelecia. A teoria imanentista estava gerando uma falência.
Art. 922, CPC: “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em
sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.”
- Se a teoria imanentista define apenas uma única ação para aquele direito, então a ela
ainda se aplicam as feras do século XIX que são de direito material. Como eu só estou
discutindo um direito, ou ele é meu ou ele é seu; a simples contestação já implica num
pedido. Esse é o caráter dúplice das ações possessórias.
- O pedido contraposto hoje é só no rito sumário (art. 278, § 1º, CPC). Reconvenção é
em procedimento ordinário.
- Então, historicamente, o primeiro artigo que se deve ler é o art. 271, CPC.
- Von Bullow visualizou: vou pegar todas as causas do meu sistema imanentista e vou
criar um sistema único para melhorar o fluxo. Ao criar o procedimento comum a todas
as causas, estava criando todo um ramo científico.
- O que é a causa de pedir? É o ato ou fato jurídico que irradiou a lide. Enquanto você
está parado no sinal, não há causa de pedir. Quando o cara bate no meu carro, surge a
causa de pedir. Você tem que olhar o acontecimento, o fenômeno a ser transcrito
nesse silogismo. A CAUSA DE PEDIR é exatamente o fenômeno que irradia não o
direito material, mas o direito processual.
- O prazo para a ação rescisória, de 2 anos, é decadencial, porque propor uma ação é
um direito – por isso decai e não prescreve.
- Então ius passa a ser facultas exigendi. Da relação de direito material para a relação
de direito processual há a causa de pedir. Aplica-se a todas as causas de pedir o
procedimento comum (art. 271. CPC).
Causa de Pedir
- Há procedimentos que nunca vão ser processualizados. O máximo que se pode fazer
é torna-los extrajudiciais – o que se está fazendo no inventário, por exemplo: quando
não há herdeiro menor e há consenso quanto à partilha, pode fazer o inventário de
forma extrajudicial. O mesmo está acontecendo com o divórcio.
- Essa primeira dimensão é muito mais importante do que se imagina, mas ainda não é
o processo.
SISTEMA
Ação
Conhecimento
Processo
Execução
Ordinário
Comum Sumário
Especial
Esse formalismo existe até hoje. Mas o processo civil não tem mais espaço para
esse tipo de formalismo oitocentista.
OBS: O grande pulo do gato de Buzaid foi dar ao processo cautelar autonomia. O que
acontece com uma tutela se advém depois uma sentença em sentido contrário? Elas
estão proferidas no mesmo eixo processual. Agora, se você cria uma tutela num eixo
próprio, o julgamento de uma não necessariamente implica no mesmo julgamento da
outra.
- O processo civil tem suas regras, características próprias que não se coadunam com
os procedimentos do século XIX.
- Você não pode emprestar para o direito o conceito epistemológico das ciências
exatas. Nas ciências humanas a questão é muito mais fluida.
- Bullow partiu de uma premissa, Windscheid, de que o processo era relação autônoma
do direito material, e criou:
Ação
Processo
Procedimento
- Tentou conceber uma relação processual autônoma, que é aquela que está no
código.
1. A Ação Declaratória
- Livro I, capítulo II, CPC, “Da Ação”, no singular. Por conta dessa primeira montagem,
por tradição, o Código não trata das ações, mas só da primeira, a ação declaratória –
- É claro que ele não conseguiu resolver todos os problemas do processo civil no livro
dele. A sua teoria demorou décadas para poder vencer, para poder ir se
implementando aos poucos.
- Ninguém tinha a noção do processo como ramo científico, que ainda não tinha
florescido. Na época, não tinham noção do que estava acontecendo. O Código Civil de
1916 retratava claramente aquela era oitocentista; é claro que nessa época já existiam
os primeiros procedimentos processuais. Essa é uma conclusão que você só chega
estudando a evolução histórica.
2. Procedimento Comum
a) Cognição (cognitio)
b) Execução (executio)
- Bullow concebeu a causa petendi, a causa de pedir, que é exatamente o portal que
separa um ramo jurídico de outro, e, ao fazê-lo, estabeleceu um procedimento comum
a todas as causas.
SISTEMA
Ação declaratória
Conhecimento
Processo
Execução por quantia certa contra devedor solvente
Ordinário
Procedimento Comum Cautelar
Sumário
Procedimentos Especiais
(actio )
Art. 3º, CPC: “Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e
legitimidade.”
- Condições da ação. Liebman conclui que possibilidade jurídica do pedido é uma parte
do interesse de agir (por isso que consagra duas condições, enquanto o art. 267, de
redação anterior, possui três condições da ação).
Art. 5º, CPC: “Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de
cuja existência ou inexistência depender o julgamento da lide, qualquer das
partes poderá requerer que o juiz a declare por sentença. (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1973)”
Art. 6º, CPC: “Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo
quando autorizado por lei.”
- Princípio individualista.
- E depois, no Título II, “Das partes e os procuradores”. Por tradição do nosso direito
processual, a gente só prestigia Von Bullow – o código não traz outras ações, que
- Antigamente, havia 460 ações, uma diferente da outra. Bullow criou uma ação muito
mais complexa que enfeixava todas essas ações, procedimentos e todos os métodos
que elas revelavam num procedimento. Agora as ações são em menor número, mas
são mais complexas – claro, porque tem que absorver o depósito da consignação em
pagamento, a questão da paternidade, dos alimentos, em várias técnicas de tutela, e é
uma nova relação jurídica (é obvio, portanto, que intrinsecamente tornar-se-á cada vez
mais complexa).
Exemplo: um irmão mais novo e um mais velho. Os pais saíram de casa = direito
natural. O mais novo está sentado no sofá com o controle remoto da TV na mão. Qual
é o nome disso? Autotutela.
- Então a execução surgiu antes. Do direito natural, até o direito pré-clássico romano,
só havia execução. Você tinha um procedimento de admissibilidade da ação executiva,
e Roma nunca conheceu a responsabilidade patrimonial; sempre a responsabilidade
pessoal do devedor. Então havia várias formas de execução pessoal: humilhar
publicamente o devedor, “das quebras” (quebrava todo o estabelecimento comercial
do devedor).
- Por exemplo, Mercador de Veneza, um livro do século XVII que reflete essa
responsabilidade pessoal na execução. Por incrível que pareça, quem trouxe a
responsabilidade patrimonial foram os bárbaros e dessa miscigenação é que nasceu o
sistema romano-germânico.
OBS: As Institutas de Gaio foram as primeiras coisas processuais que surgiram. Com a
decadência do império romano, viu-se o direito canônico, extremamente litúrgico,
influenciando o processo de conhecimento que cresceu até ficar absolutamente
inadministrável no século XX, de maneira que foi ganhando, ao longo dos séculos, uma
estrutura dialética cada vez mais complexa (inclusive de recursos, que fez com que ele,
antes apenas uma admissibilidade da execução, se tornasse o que é hoje).
- Desde o direito romano, você tem a constrição sem o contraditório. Ninguém nunca
alegou que a execução por quantia certa fosse inconstitucional. Mas por que ela é
constitucional se há uma norma constitucional impedindo que seja um devedor seja
privado de seus bens sem o devido processo legal? O conceito de privação não é só
expropriação; por que a penhora pode ser feita antes de qualquer defesa?
- Execução tem um segundo nome. O primeiro artigo do Livro II do CPC deixa claro que
a execução é força, não é conhecimento. Isso é um eco do direito romano. Você já
teve a cognição.
- Por que alguns títulos são considerados títulos extrajudiciais? Porque eles travestem
uma manifestação de vontade do devedor. Se o devedor já se manifestou pela
liquidez, certeza e exigibilidade do título, não há porque haver a cognição. O título só
será executivo extrajudicial se houver a participação do devedor.
- Onde estavam as tutelas de urgência no século XIX, no século XVIII? Elas já existiam e
estavam dentro das ações, sejam elas quais fossem. A possessória tinha a sua própria
tutela, bem como a consignação em pagamento (art. 899, § 1º, CPC).
Art. 899, § 1º, CPC: “Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar,
desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a conseqüente liberação
parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida.”
- Porque se o próprio autor da ação, que é devedor, reconhece que ao menos aquilo é
devido, isso se chama parcela incontroversa, e desde já ele pode levantar. Isso é uma
tutela.
- Cada ação tinha sua própria tutela de urgência. Mas e se o juiz errar, como ele faz?
Mais do que isso, se o juiz mudar de ideia por algum outro motivo antes da sentença
ou até na sentença? O que acontece com a tutela de urgência que está dentro do
mesmo eixo cognitivo e a sentença derroga a liminar? Ela é extinta.
- O Prof. Buzaid observou que a tutela de urgência, quando não tem a ver com a
sentença, isto é, ela não é antecipatória, mas apenas acautelatória da eficácia da
sentença, essa tutela merecia uma autonomia que a outra não pode ter.
- Por evidente, se eu movo uma ação em face da Unimed, executiva lato sensu, para
instalar uma prótese que o médico me indicou, por falta de cobertura contratual; o
que o juiz defere na liminar? A prótese. É óbvio que isso é a sentença antecipada. Essa
tutela é nitidamente uma parcela substancial da sentença que está sendo antecipada;
diferentemente de uma tutela meramente conservativa, onde você está discutindo,
por exemplo, probidade administrativa contra um prefeito e quer ter certeza que ao
final desse processo o prefeito tenha solvência para pagar essa dívida. Então você
simplesmente congela determinado bem dele. Esse bem não tem nada a ver com a
sentença de improbidade administrativa; mas se essa tutela for interna e a sentença
vier a discordar dela, ela vai junto.
Art. 273, § 2º, CPC: “Não se concederá a antecipação da tutela quando houver
perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.”
Teoria da Ação
1. Ação Declaratória
- Tudo se manifesta através de verbos; as ações são verbos. Qual foi a única ação que
Von Bullow determinou? A ação DECLARATÓRIA, a única que está no código.
SISTEMA
Procedimentos Especiais
(actio )
- Há duas ações: declaratória (expressa no art. 4º, CPC) e constitutiva (intuída) que
mexem na relação jurídica, estabelecem determinado direito, mas você não consegue
buscar uma atuação patrimonial, você não constrange a parte; elas são
autoenunciativas, meramente ENUNCIATIVAS.
- O dualismo romano, cognitio e executio, nos faz intuir uma terceira ação, que é a
ação CONDENATÓRIA. Olhando para o código, pode-se intuir essa terceira ação. Até
porque as relações jurídicas não se resolvem através de meras enunciações. Na ação
condenatória vai haver atuação volitiva ou patrimonial. O nome dessa estrutura, até o
presente momento, se chama teoria ternária das ações. As ações “de danos”, “de
cobrança”, tornaram-se ações condenatórias.
A declaratividade, seja como carga de eficácia, seja como ação, permeia tudo.
- Existem mais duas ações, porque a classificação atual é quinária. Para adentrar as
duas ações, é preciso primeiro entender as diferenças escolásticas. Aliás, as tutelas de
urgência são o grande elemento de choque entre as escolas e que acaba reverberando
inclusive na teoria da ação.
Exemplo: a ação pauliana. ‘A’, detentor do direito, observa ‘B’ que dispôs desse direito
com relação a ‘C’ com o objetivo de blindar patrimonialmente. ‘A’ move uma ação
predominante constitutiva negativa para desconstituir uma relação jurídica
preexistente. O problema é que essa desconstituição vai ser tão radical que vai
desconstituir a relação jurídica entre ‘B’ e ‘C’, de forma que ‘D’, ‘E’, ‘F’ possam se
aproveitar disso. A simples existência de uma intenção de uma ação pauliana implica
no reconhecimento de uma relação jurídica. A aparência externa é de uma
declaratividade, mas na verdade houve uma desconstitutividade radical.
- Antes, nos casos de obrigação de fazer, de dar coisa certa ou incerta, pagar quantia
certa, a ação era condenatória; tudo passava por uma condenação. Só depois do
SISTEMA
Alimentos
Nominada
Conhecimento Inominada
Execução
Cautelar
Comum
Comum
Comum
Art. 644, CPC: “A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se
de acordo com o art. 461, observando-se, subsidiariamente, o disposto neste
Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)”
- Assim como a primeira ação de Von Bullow, única expressamente prevista no código,
é o resultado do enfeixamento de várias outras ações imanentistas. De qualquer
maneira o raciocínio ficou. Através disso, conseguiu-se, pouco a pouco, criar novas
ações. A mesma coisa aconteceu com as tutelas de urgência.
- São medidas de urgência que eram deferidas muito ordinariamente. Desde sempre
há conflitos possessórios e desde que começaram os primeiros rudimentos comerciais,
quando o comerciante entregava ao capitão do navio toda a sua economia para
vender em outros portos sem nenhuma garantia que lhe devolveria o dinheiro. Então
em abas as situações havia tutelas de urgência – não são uma invenção da
humanidade.
- Mas Carnelluti observou que num tipo de tutela – não importa a situação fática –
você adianta a quem possivelmente tem razão o próprio bem da vida. E na outra você
não adiantava; você garantia. Então havia uma diferenciação muito grande, muito
clara de você mexer no mérito da ação ou se você apenas viabilizar algum mérito na
ação.
Exemplo: numa situação de ação possessória, quando eu dou uma liminar e tiro os
invasores do terreno, o nome da ação é “reintegração de posse”. Ora, se eu te dou a
posse liminarmente, estou mexendo no mérito dessa ação. Outra coisa
completamente diferente é o capitão do navio recebe todas as minhas mercadorias e
eu peço uma garantia de que, se um dia ele vender tudo aquilo, ele me dê o dinheiro
de volta. Estou apenas garantindo que haverá mérito na ação.
Exemplo: um prefeito que está sendo acusado de lesar. Qual é a primeira coisa que o
MP, na ação civil pública, vai pedir, liminarmente, em relação aos bens pessoais dele?
A indisponibilidade. Você mexeu no mérito da ação? Não. E essa liminar quer dizer que
você vai ganhar a ação? Não, não mexe no mérito, apenas assegura que, quando vier a
sentença de mérito, ela será executável.
Art. 899, CPC: “Quando na contestação o réu alegar que o depósito não é
integral, é lícito ao autor completá-lo, dentro em 10 (dez) dias, salvo se
- O que é uma ação de consignação? É uma ação do devedor contra o credor quando o
credor se recusa a dar quitação. O devedor deposita o valor que acha devido; o credor
contesta a ação e diz que o devedor deve mais do que o valor consignado. Não há
sentido para o credor não levantar a parcela incontroversa.
§ 1º: quem alega a insuficiência do depósito é o credor, réu da ação. Isso é uma
antecipação de tutela. Mas as pessoas nem entendiam isso como uma tutela de
urgência.
1910 - O grande mérito de Carnelutti foi visualizar os dois tipos de tutelas de urgência.
Então, por volta de 1910, 1911, Carnelutti publicou uma de suas primeiras obras onde
sistematizou as tutelas de urgência e batizou-as empiricamente de “medidas
cautelares” ou “acautelatórias”, que poderiam ser satisfativas ou acautelatórias.
Art. 798, CPC: “Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código
regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas
provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma
parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de
difícil reparação.”
Exemplo: o cliente está com patologia cardíaca, mas pode esperar um pouco. Então o
juiz manda reservar um marcapasso e manda adiantar uma perícia médica – não
ordena implantar liminarmente um marcapasso, que seria uma medida satisfativa
(defere uma medida que é meramente acautelatória, em virtude das circunstâncias do
caso).
1939 - Em 1939, esse sistema, denominado PODER GERAL DE CAUTELA, foi inserido no livro
I, no processo de conhecimento.
1951 - Isso ficou muito evidente quando em 1951 foi editada a nova Lei do Mandado de
Segurança (Lei nº 1.533/51), que consubstanciou tal sistema. No art. 7º, está disposto
que, ao despachar a inicial, o juiz ordenará (item II) que se suspenda o ato coator. Isso
deu um problema hermenêutico, ali pelos idos de 1952, justamente em relação a esse
sistema.
Art. 7º, da Lei 1.533/51: “Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: [...] II - que se
suspenda o ato que deu motivo ao pedido quando for relevante o fundamento e
do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja deferida.”
Exemplo: em 1952, não existiam montadoras no Brasil, então todos os carros eram
importados e houve uma grande importação para o RJ de Cadillac americanos. O fiscal
da aduana, por um problema qualquer de desembaraço aduaneiro, não desembaraçou
os carros. Aí a nata da sociedade carioca consultou um grande advogado da época e
impetrou mandado de segurança. O juiz olhou a lei que dizia que ao despachar a inicial
o juiz ordenará que se suspenda o ato coator. Ora, suspender um ato denegatório, não
- Com agravos e recursos inerentes ao CPC de 1939, chegou-se ao STF, que ficava
também no Rio de Janeiro, Distrito Federal da época. O STF decidiu que o poder geral
de cautela é a discricionariedade do magistrado entre deferir medidas satisfativas ou
acautelatórias. Ora, quando o legislador fala que “se suspenda”, deve-se entender que
significa ou satisfazer ou acautelar. Então o STF disse que o juiz pode não apenas
suspender como pode se substituir à autoridade coatora e determinar que se faça
alguma coisa.
1965 - Há outro caso bastante famoso, ocorrido em 1965, com a Lei da Ação Popular (Lei
4.717/1965).
- “suspensão liminar do ato lesivo”: se pensar como o juiz no caso dos Cadillac, só pode
suspender medidas positivas.
- Buzaid constatou que isso era prejudicial à tutela de urgência. Todas as tutelas de
urgência estavam inseridas dentro de um conceito maior chamado PODER GERAL DE
CAUTELA, dentro do livro relativo ao processo de conhecimento. Caso sobreviesse
sentença em sentido contrário, não subsistiria a tutela; caso a sentença fosse
reformada, muitas vezes não havia mais direito a ser acautelado (o direito já havia
perecido).
- Buzaid pensou em criar algo que mantivesse viva a tutela de urgência ao longo do
processo de conhecimento. Buzaid abarcava a teoria ternária. Então qualquer atuação
patrimonial que eu pretendesse, teria que mover uma ação condenatória; depois que
transitasse em julgado e retornasse à origem, aí então faria uma execução. Então
como Buzaid prestigiava esse sistema, para essas situações ele criou um processo
autônomo.
- Então, por esses dois motivos, Buzaid concebeu um processo autônomo: o juiz não
está obrigado a julgar a ação cautelar no mesmo sentido da ação principal. O objetivo
de Buzaid era gerar AUTONOMIA.
Art. 796, CPC: “O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso
do processo principal e deste é sempre dependente.”
- A sentença terminativa agora é a que julga a execução – não mais a que julga o
mérito da ação, como era antes.
1974 - Quem começou a identificar esses equívocos de design no CPC foi justamente Pontes
de Miranda. Em 1974 ele começou a editar o 1º, 2º e 3º volumes do Tratado das
Ações, onde Pontes concebeu as outras duas ações, que são a ação mandamental e a
executiva lato senso.
Art. 807, CPC: “As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do
artigo antecedente e na pendência do processo principal; mas podem, a
qualquer tempo, ser revogadas ou modificadas. Parágrafo único. Salvo decisão
judicial em contrário, a medida cautelar conservará a eficácia durante o período
de suspensão do processo.”
Art. 810, CPC: “O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a
ação, nem influi no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar,
acolher a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor.”
Exemplo: qual é a natureza jurídica do prazo de 2 anos para ajuizar uma ação
rescisória? É um prazo decadencial.
- Buzaid bolou, para o Livro I, o DIREITO ACAUTELADO, e para o livro II, o PODER GERAL
DE CAUTELA. Basta ver o dispositivo constitucional que o próprio Buzaid inseriu na
carta de 1967: eu tenho direito constitucional à higidez da minha pretensão
processual.
Art. 5º, XXXV, CF: “XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito;”
- Feita essa divisão, fica mais fácil compreender Pontes. Pontes olhou para o Livro III e
pensou: ‘tudo bem, tenho autonomia manifestada fisicamente por meio de um
procedimento próprio, mas há problemas com os efeitos dessas sentenças’.
Art. 888, VIII, CPC: “O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência da ação
principal ou antes de sua propositura: [...] Vlll - a interdição ou a demolição de
prédio para resguardar a saúde, a segurança ou outro interesse público.”
- Interdição é cautelar; “demolição”, do ponto de vista do Pontes, não podia ser. Como
eu, antes da propositura da ação principal, poderia ordenar, em cognição liminar –
muito mais que sumária – uma demolição? O cara ganha a liminar 30 dias antes de
mover a ação principal, e já pode demolir (de repente nem ajuíza a ação).
- É uma situação em que o estado – e não só o particular – pode fazer isso com você.
Art. 888, IV, CPC: “O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência da ação
principal ou antes de sua propositura: [...] IV - o afastamento do menor
autorizado a contrair casamento contra a vontade dos pais;”
- É óbvio que essa norma hoje não tem mais sentido. Essa é a tutela mais satisfativa
que existe. Eram medidas provisórias, mas algumas delas traziam efeitos definitivos. Aí
que entra Pontes de Miranda.
- Pontes começou a se debruçar sobre o DNA das ações para tentar entender que,
numa visão mais básica, na primeira lente do microscópio, você consegue nitidamente
tirar da sentença, em maior ou menor grau, dois elementos básicos: toda sentença de
mérito (portanto toda ação de mérito) possui dois elementos principais: a) um
provimento efetivo; b) acertamento da ação.
- Viu que toda a ação que busque algum mérito e que obtenha esse mérito tem um
efeito concreto (PROVIMENTO EFETIVO), algo que se realiza no mundo concreto, em
- Buzaid teve que fazer escolhas doutrinárias. Por exemplo, até pouco tempo atrás, a
redação do art. 267, CPC, era: ‘extingue-se o processo sem julgamento de mérito’;
agora é ‘sem resolução’. Mas se eu julgo um médico, no despacho saneador, parte
ilegítima para compor aquela lide em que se busca a reparação de danos causados por
erro médico, deixando só o hospital, ele não está declarando a inocência dele? Isso
não é mérito? Extinguiu em face do médico com base no art. 267, CPC; teoricamente,
o medico poderia responder de novo, mas, na prática, não responde mais.
- Se um objeto é impossível, nada vai torná-lo possível. Então quando você extingue
uma ação por carência de ação, é claro que é mérito.
- Então você tem que fazer escolhas quando está fazendo uma lei processual. E nem
todas são as mais certas/ defensáveis. São situações que estão na raiz e que é preciso
transcender um pouquinho mais para alcançar a capacidade crítica.
- Qual é a repercussão disso? O que isso tem a ver com as duas medidas cautelares do
art. 888, CPC? Trata-se, nos dois exemplos, de provimento efetivo.
- O NÍVEL COGNITIVO é o elo que liga as duas tutelas na doutrina italiana. Se eu tenho
a prova inequívoca, que me dá certeza, eu defiro uma tutela mais próxima do que eu
estou buscando na ação principal, que é o provimento efetivo e o acertamento da
ação.
- Pontes entendeu que há equívoco na escola italiana, que coloca como tutela de
urgência (gênero) as tutelas satisfativas urgentes e as tutelas acautelatórias (espécies).
O critério que liga uma à outra é o nível cognitivo. Quanto maior a cognição, mais
satisfativo; quanto menor, mais acautelatório.
Tutelas de Urgência
Nível Cognitivo
Exemplo: um sujeito, classificado num concurso público, discute por que chamaram o
classificado a ele imediatamente subsequente, ao invés de chamá-lo. Se o juiz reserva
a vaga – a medida é acautelatória. Ou então dá a posse e barra o 5º colocado: essa
tutela é satisfativa. Esse é o raciocínio italiano.
DIREITO
Satisfativa
Acautelatória
NÃO DIREITO
- Pontes não fez uma crítica destrutiva a Buzaid. Apenas reconhece que é uma boa
intenção a autonomia, mas com resultados duvidosos. Por conta deste critério de
relacionamento entre as tutelas, o Código de Processo Civil de 1939 havia cometido
um erro ao radicalizar e colocar todas as tutelas no Livro I e Buzaid cometeu o mesmo
exagero levando todas as técnicas de tutela para o Livro III.
- O processo cautelar que Buzaid criou tem uma cognição sumária, tem uma coisa
julgada meramente formal; mas mesmo ele tendo essa cognição muito sumária,
algumas daquelas tutelas chegam a situações incontornáveis, definitivas. Há, na
realidade, um processo cuja arquitetura não suporta o peso da definitividade. O
processo cautelar é leve, é ágil; e para ser como tal, não pode ter uma dialética
gigantesca, não pode ter o peso de uma executabilidade.
IMPORTANTE!
- Para Pontes, a cautelar tinha uma arquitetura muito leve; cognição sumária e
sentença, que faz coisa julgada formal. Tais características não são condizentes com
satisfação – satisfação eu só posso ter no Livro I, que é onde há cognição exauriente e
sentença de mérito (processo de conhecimento).
- Então qual a tutela cuja lógica é ser preservada na pendência do processo principal? É
a CAUTELAR. Agora, se a questão é instalar um marcapasso, não tem sentido decidir
em cautelar – tem que decidir no livro I onde vai haver uma sentença que vai
confirmar essa medida.
- Todas essas execuções podem ser feitas sem a necessidade de uma execução; basta
que se traga a execução para dentro do processo de conhecimento. Quando fez essa
crítica, criticou indiretamente o sistema de tutelas de urgência do código. Na
realidade, Buzaid cometeu o pecado do exagero: essas tutelas sequer são aparentadas
entre si. Até então, a cognição, a prova, o nível de conhecimento, eram o linik entre
elas. Para os italianos, elas eram ‘parentes’ entre si; mas, para poder criticar Buzaid,
Pontes foi no DNA das tutelas.
- Qual a parcela desse binômio que tem repercussão prática no bem da vida? O
Provimento Efetivo. E aquele que se limita apenas a normatizar a situação é o
Acertamento da Ação. Há sempre os dois efeitos, em maior ou menor grau.
- Pontes foi na natureza, na raiz, e viu que há tutelas que são o Provimento Efetivo (e,
portanto, estão dentro da sentença de mérito e delas não tem como se separar); e há
outras tutelas que apenas protegem a eficácia da sentença, mas não antecipam nada.
Na verdade, as tutelas de urgência “nunca se viram” – enquanto a doutrina italiana as
entendia como ‘parentes entre si’.
- Aí ele esbarrou no grande dogma que sustentava a escola italiana: nulla executio sine
titulo (nula a execução sem título). Título, para Buzaid, era a sentença de mérito
transitada em julgado – porque, caso contrário, não seria líquida, nem certa, e muito
menos exigível antes do trânsito em julgado.
- Era necessário quebrar esse dogma: para poder conceber o Provimento Efetivo antes
do Acertamento da Ação ter transitado em julgado, era preciso conceber novos tipos
de ações. Naquela época, não era possível o efeito da condenação o antes de a
condenatória ter transitado em julgado.
Art. 928, CPC: “Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá,
sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique
previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for
designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não
será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos
respectivos representantes judiciais.”
OBS: O Prof. Eduardo Lamy entende que seja um critério classificatório ou de DNA;
essa diferenciação é importante para definir o sistema, mas enquanto o sistema não se
define, você usa o que tem, joga de acordo com as regras do sistema. É a ideia da
fungibilidade.
a) Ações mandamentais;
b) Ações executivas lato sensu – que englobam as ações executivas sentido
estrito:
i. Execução por quantia certa contra devedor solvente;
ii. Execução por quantia certa contra devedor insolvente (insolvência
civil);
iii. Execução de obrigação de fazer ou não fazer;
iv. Execução de obrigação entregar coisa certa ou incerta;
v. Execução de alimentos.
- Se você tem um procedimento especial que é em forma de estrela, ele não se adapta
a um processo que é um círculo.
- Mas existem outras ações que podem perfeitamente ser processualizadas, podem
evoluir. A ação de imissão de posse virou condenatória, por exemplo – antes estava
nos procedimentos especiais.
- Pelo Código de 1973, uma tutela antecipatória só poderia ser deferida no processo
cautelar – ou simplesmente não tinha tutela de urgência.
- Pontes disse que essas ações adaptáveis não podem ficar no Livro IV; é negar uma
realidade dizer que elas simplesmente não são processo. A partir disso, criou as ações
MANDAMENTAIS e as ações EXECUTIVAS LATO SENSU.
- Com base nessa observação, pontes concebeu que, se quebrasse o mito da ‘nulla
executio sine titulo’, poder-se-ia tranquilamente ter um PE (Provimento Efetivo) antes
de um AA (Acertamento da Ação) se a minha prova assim permitisse.
- O fato de uma coisa ser repetida desde o direito romano não o transformava em
ciência. Para Buzaid, as decisões iam se aperfeiçoando de acordo com a instância. Mas
isso, depois de um, tempo não fazia o menor sentido. Qual é o próximo passo?
Diferenciar as duas ações.
- Von Bullow, em 1868, olhou para o sistema e viu que a declaratividade pairava sobre
tudo, porque até no processo penal todas as ações são, em maior ou menor grau,
declaratórias. Por isso até hoje é a única prevista no CPC, explicitamente, no art. 4º.
Art. 566, CPC: “Podem promover a execução forçada: I - o credor a quem a lei
confere título executivo; II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.”
- Outra coisa completamente diferente é: “o devedor deve, mas não dá para cumprir”.
Então você, juiz, com a sua autoridade, implementa o bem da vida. É EXECUTIVA a
ação cuja força recai sobre o devedor. A ação que, tirando o devedor da linha, o
próprio magistrado, utilizando seus poderes, satisfaz o direito, é MANDAMENTAL.
1977 - Em 1977, José Carlos Barbosa Moreira escreveu um artigo dizendo que a ação
popular não bastava mais para a defesa dos interesses coletivos; nós precisávamos
elaborar uma lei nova, com base nas ações coletivas francesas, para ampliar. Na
verdade, ele quase foi preso pelos militares, porque você tinha que passar a
coletivizar. Estavam nascendo, nesse artigo que ele escreveu, as bases da nova ação
civil pública.
1985 - Em 1985, a Lei da ação civil pública (Lei nº 7.347/85) foi promulgada.
- Satisfativas
- Acautelatórias
Art. 4º, da Lei 7347/85: “Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta
Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico (VETADO). (Redação dada pela Lei nº 10.257, de
10.7.2001)”
Art. 11, da Lei 7347/85: “Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da
prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de
execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou
compatível, independentemente de requerimento do autor.”
Art. 12, da Lei 7347/85: “Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem
justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.”
- A tese de Pontes foi vencendo a formalidade. Por isso é um erro estudar o processo
civil sob a ótica dogmática. Não pode ser assim porque se deve compreender – ainda
mais um ramo científico tão ligado a uma realidade – face à realidade.
- A redação prevê isso: ‘o juiz determinará’; e, logo em seguida, ‘sob pena de execução
específica’. Vê-se nas entrelinhas que há duas ações aí: em uma, o juiz implementa, e,
noutra, obriga a cumprir.
Exemplo: a ação possessória, quando o juiz defere a liminar e manda a polícia federal
desocupar a reitoria; essa ação é executiva. Você tem uma ação executiva quando a
força da jurisdição se exerce sobre o devedor (seja stricto seja lato sensu).
Exemplo: mandado de segurança para dar posse a você num concurso público. Qual a
natureza jurídica? Executiva.
- Uma das grandes achados do Pontes foi descobrir que as ações não são 100% aquilo
que você destina. As ações são, em maior ou menor grau, uma determinada natureza
que você atribui a ela. E Pontes dizia mais: não existem ações 100% puras. Por isso ele
criou um conceito que é o conceito de CARGA DE EFICÁCIA. A carga de eficácia nada
mais é do que, dentro daquela equação, (Sentença de Mérito = Provimento Efetivo +
Acertamento da Ação), a existência, em menor ou maior grau, de um ou de outro.
- Só a descoberta desse fenômeno, fez com que Pontes se aprofundasse nesse estudo
e constatasse, na histologia da sentença ou da ação, que havia elementos de
repercussão diferente dentro de uma mesma sentença. Foi por isso que Pontes, para
poder ver o que é tutela e o que é ação, estabeleceu o chamado somatório 15. Ele
criou uma tabela onde ele colocou, de um lado, a eficácia e do outro, a nomenclatura,
a natureza.
Declaratória
Constitutiva
Condenatória
Mandamental
Executiva
- O somatório sempre tem que ser 15 nas diferentes ações e esse quadro se modifica
de acordo com o caso concreto que é apresentado.
- O artigo fala em “efeitos”. Para eu saber qual a tutela que eu posso pedir antes do
provimento, tenho que ver qual a carga de eficácia.
Exemplo: eu devo a um banco que está me cobrando taxas de juros absurdas. Qual a
ação que se deve mover? Quero revisar o contrato: a ação é constitutiva – vai alterar o
modo de ser da relação que já existe. Mas o banco, por conta do inadimplemento, já
colocou o meu nome no SERASA. Mandar tirar o nome do SERASA, que é o pedido de
antecipação de tutela, é um efeito mandamental da sentença. Então eu já sei que, por
consequência lógica do meu pedido, se eu não devo, o meu nome não tem por que
estar no SERASA.
NATUREZA TUTELA
- Por que pedir tutela antecipada e não cautelar? Porque tem cunho SATISFATIVO.
Exemplo: multa do condomínio por ouvir música alta. Quero suspender sua eficácia =
ação cautelar. As medidas suspensivas são meramente ACAUTELATÓRIAS.
Art. 4º da Lei 7.347/85: “Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta
Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico (VETADO). (Redação dada pela Lei nº 10.257, de
10.7.2001)”
Exemplo: ação civil pública movida pelo Ministério Público para a questão de
improbidade administrativa. Qual a primeira coisa que eu preciso ter certeza quando
eu vi que alguém roubou os cofres públicos? Assegurar os bens.
Art. 11 da Lei 7.347/85: “Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da
prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de
execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou
compatível, independentemente de requerimento do autor.”
- Pontes fez questão de separar bem os sistemas dentro de uma mesma lei.
- “Na ação que tenha por objeto” – isso é uma ação mandamental ou executiva. Essa
determinação, com as astreintes.
Art. 12 da Lei 7.347/85: “Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem
justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. § 1º A requerimento de pessoa
jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à
saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a
que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da
liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das
turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato. § 2º
A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em
julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se
houver configurado o descumprimento.”
- Buzaid defendia que todas as tutelas estariam contidas no Livro III, processo cautelar.
O processo cautelar precisa, para ser deferido, da verificação de dois requisitos:
- Mas, segundo Pontes, a TUTELA ANTECIPATÓRIA só pode ser deferida quando você
tiver um juízo de verossimilhança? Não, se ela está dentro da sentença, você tem que
ter um juízo de certeza. Essa tutela tem que ser definitiva e interinal.
Cautelar Antecipada
Verossimilhança Certeza
Provisório Definitiva
Autônoma Interinal
- São Paulo, no art. 273, CPC, induziu o raciocínio em nome da proteção a um sujeito
morto – Buzaid.
- A filosofia processual que predomina até hoje é a de são Paulo, que defende a
estrutura do CPC de 1973.
- Quarta feira à noite, a Globo entrou com Agravo de Instrumento na origem (à época
era na origem) e impetrou Mandado de Segurança contra ato judicial para dar efeito
suspensivo. Caiu na 5ª câmara cível, do prof. José Carlos Barbosa Moreira, e o relator
deu a liminar para a Globo, na quinta de manhã, cassando a liminar do Fux.
- Quarta feira de cinzas, quando reabriu o fórum, há algo a fazer? A medida cautelar,
tal como criada pelo Buzaid, criava situações irreversíveis, e esse tipo de
incompatibilidade sistemática incomodava os críticos – o carnaval já havia sido
transmitido, a Globo já tinha embolsado os valores de patrocínio e tudo o que podia
haver agora era uma ação condenatória, de indenização. A Manchete teria que ajuizar
uma ação natimorta – porque já havia perdido o direito à transmissão – como ação
declaratória para dar declaratividade aquilo que ele tinha requerido na cautelar.
- São Paulo não admite a existência de ação executiva; então o que eles fazem?
Aproximam os conceitos de tal forma que você não consegue distinguir o sistema de
cargas de eficácia que era preconizado por Pontes de Miranda.
Art. 798, CPC: “Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código
regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas
provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma
parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de
difícil reparação.”
- As medidas “provisórias”. O § 2º do art. 273 fala que não pode ser reversível – então
deve ser provisório. Isso é um estilo de legislação processual à moda italiana. O nome
- A questão ficou ainda mais grave no art. 461, CPC. Até a modificação deste artigo,
devia-se mover uma ação condenatória, e depois ia para o art. 644, CPC, redação
antiga:
Art. 644, CPC: “Na execução em que o credor pedir o cumprimento de obrigação
de fazer ou não fazer, determinada em título judicial, o juiz, se omissa a
sentença, fixará multa por dia de atraso e a data a partir da qual ela será
devida. (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) Parágrafo único. O
valor da multa poderá ser modificado pelo juiz da execução, verificado que se
tornou insuficiente ou excessivo. (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)”
- Redação nova:
Art. 644, CPC: “A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se
de acordo com o art. 461, observando-se, subsidiariamente, o disposto neste
Capítulo.” (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Art. 461, CPC: “Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se
procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado
prático equivalente ao do adimplemento.”
- Note-se que o art. 461 fala em “AÇÃO” – se nós estamos no Livro I, é ação no sentido
cognitivo.
OU Sentença
Se procedente o pedido
DETERMINARÁ
Satisfatividade
Declaratórias
Referibilidade
Constitutivas
CAUTELAR ANTECIPADA
Quando estou falando de ações MERAMENTE ENUNCIATIVAS, onde não tenho nenhum
tipo de repercussão patrimonial e, onde, portanto, o AA (Acertamento da Ação) é muito
maior que o PE (Provimento Efetivo), todas as tutelas de urgência estão nessa situação
do centro, em que a SATISFATIVIDADE é igual à REFERIBILIDADE.
- Agora, numa ação mandamental ou executiva lato sensu, que não são meramente
enunciativas, mas auto-executivas, o elemento dominante na equação do Pontes é o
PE (Provimento Efetivo).
- Então há uma tranquilidade para, vendo a evolução das ações, conseguir massa
crítica suficiente para definir o posicionamento a seguir.
- O art. 273, CPC, traz a tutela antecipatória em gênero, e algumas espécies. O art. 461,
traz outra espécie (§ 3º).
Exemplo: o feto, de certa forma, não é um acessório da mãe? Sim, mas não é a mesma
coisa que a mãe; ele tem vida própria, tem direitos, diferentes dos da mãe.
- O grande desafio de Pontes de Miranda era quebrar o mito da nulla executio sine
titulo.
- Você não pode dar satisfação onde você não tem mérito. Só pode haver satisfação
onde há sentença de mérito. Cautelar até tem sentença que resolve o mérito cautelar,
mas ela faz coisa julgada formal. Então é uma questão muito mais que procedimental.
Exemplo: uma briga entre o Banco BV, que está sob a intervenção do banco central e
uma construtora. A construtora ajuizou uma ação para conseguir a disponibilidade dos
bens para poder negociar (ela quer muito mais do que os efeitos da tutela; ela quer a
tutela mais antecipada possível). O juiz deferiu a tutela. A financeira interpôs agravo de
instrumento, ressaltando que o banco BV está sob a intervenção do banco central.
Intervenção é exatamente uma medida de suspensão dos atos passados. Não há
sentido o Banco central intervir para investigar o futuro. O relator entendeu que não
havia nenhum AA (Acertamento da Ação) no agravo e indeferiu a tutela (PE).
Art. 273, § 6º, CPC: “A tutela antecipada também poderá ser concedida quando
um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.
(Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)”
Art. 84, CDC: “Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento.”
- Então o CDC tem quase a mesma redação que o art. 461, CPC.
- Essa tutela é antecipatória, cujo gênero está previsto no art. 273, CPC.
- “impor multa diária ao réu”: em 1973, isso era execução de obrigação de fazer – mas
os paulistas chamam de mandamental.
- A escola paulista só não aceita que a sentença em que o juiz atua sobre o devedor é
executiva. Eles aceitam a tutela executiva, mas a ação não. Porque se o cara não
cumpriu a multa diária até a sentença, é porque ele não vai cumprir; transforma a
multa em condenação, e transforma a sentença no resultado prático equivalente.
1910 1939 1951 1952 1965 1973 1977 1985 1990 1994
Medidas CPC Mandado de Lei da Ação CPC Artigo Lei da CDC CPC
cautelares Livro I Segurança Popular Livro III José Carlos Ação Art. 84 Art. 273
(urgência) Poder Dec. Art. 5º, § 4º Autonomia Barbosa Civil e 461
Geral de Art. 7º Moreira Pública
Cautela Arts. 4º,
11 e 12
- Satisfativas
- Acautelatórias
OBS: Astreinte não é multa contratual; é uma pressão sobre o devedor feita pelo poder
judiciário. É uma constrição psíquica com que visa o estado compelir a vontade
abstrata de alguém. Durante algum tempo, entendeu-se que astreinte tinha que se
proporcional e pedagógica. Depois, entendeu-se que era muito subjetivo, e que tinha
que ser o valor da obrigação, numa aplicação simétrica do art. 474, CC. Depois, viram
que também não estava dando certo, e aí Luiz Fux disse que a autoridade do judiciário
não tem preço.
- Em 1973, o próprio Buzaid usava a astreinte para fazer uma execução – ele não
admite quando ela vem para o processo de conhecimento.
- Tirar o nome do Serasa na primeira turma do STJ, só podia ser por tutela antecipada;
na segunda, por medida cautelar; na terceira, por medida cautelar antecipatória.
Ninguém estava se entendendo.
- Segundo Cândido, eu posso tanto pedir medida cautelar interinalmente, como uma
tutela antecipada.
Exemplo: o sujeito moveu uma medida cautelar de exibição contra o Banco Santander
– tem que ser provisória, verossímil e autônoma, referível. O juiz, em primeiro grau
cometeu um erro: em medida cautelar, deferiu tutela executiva e impôs uma multa
diária. Sentença cautelar é título executivo para alguma coisa? Não, porque só faz
coisa julgada formal. Pela multa diária, veio a sentença, o advogado ajuizou a execução
e o banco embargou. O juiz disse que a tutela cautelar, por ser provisória, não é título
executivo, a sentença não é de mérito, e extinguiu. Chegou ao TJSC, o juiz manteve a
sentença.
- Eu posso deferir cautelares interinais; não recolho custas, mas a grande vantagem da
cautelar é autonomia. Pede exibição na inicial.
Art. 273, § 2º, CPC: “Não se concederá a antecipação da tutela quando houver
perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. (Incluído pela Lei nº
8.952, de 13.12.1994)”
- Então você nunca pode deferir uma tutela antecipatória; na realidade, duas
intepretações são possíveis:
a) Você tem que ver qual ponta do eixo é mais irreversível, porque o não
deferimento da tutela pode gerar uma situação ainda mais irreversível.
b) Ou então, pode-se interpretar como uma reiteração daquela palavra
efeitos: eu não posso deferir a própria tutela, mas apenas efeitos dela.
- Semeou-se uma grande confusão: porque os paulistas diziam que podia tudo, mas, na
prática, surgiam os problemas, até que veio a reforma da reforma. Na realidade,
Cândido está se referindo à reforma da reforma do art. 273, CPC, que foi em 2002.
Art. 273, § 7º, CPC. “Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer
providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os
respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do
processo ajuizado.”
- É o tal duplo sentido vetorial. Isso quer dizer que pode deferir tutela antecipatória lá
na medida cautelar, como Cândido diz? Não.
SISTEMA
Declaratória
Constitutiva
Alimentos
Nominada
Conhecimento Inominada
Execução
Cautelar
Comum
Comum
Comum
A tutela ANTECIPADA específica nós chamamos de: a) executiva lato sensu. Mas
a tutela antecipada pode ser também: b) mandamental; ou c) efeitos da
condenação.
- O fato é que todas elas são classificadas como tutelas de urgência, então qualquer
delas deve atender aos requisitos: fumus boni iuris e periculum in mora.
ANTECIPADA Mandamental
Efeitos da condenação
TUTELAS DE URGÊNCIA
Satisfativas urgentes
Fumus boni iuris
Exceção:
Abuso do direito de defesa (art. 273, II, CPC)
TUTELAS DE EVIDÊNCIA
Parcela incontroversa (art. 273, § 6º, CPC)
Periculum in mora
- Princípios gerais
- Processo de conhecimento
- Teoria da ação e da jurisdição
- Processo de execução
- Partes e procuradores
- Recurso
- Teoria dos atos processuais
- Disposições Transitórias
- Tutelas de urgência e evidência
- Se Luiz Fux tentou manter boa parte dos dispositivos do CPC de 1973 com outro
entendimento, é porque o CPC de 1973 já havia repetido as disposições do CPC de
1939. No CPC de 1939, todas as tutelas de urgência estavam no processo de
conhecimento, Livro II. Buzaid pegou os poucos dispositivos e trouxe para o CPC.
Art. 469, III, CPC: “Não fazem coisa julgada: [...] III - a apreciação da questão
prejudicial, decidida incidentemente no processo.”
Art. 470, CPC: “Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se
a parte o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for competente em razão da matéria e
constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.”
- Buzaid poderia ter colocado esse artigo 470 como um parágrafo, mas esse é um estilo
de redação.
Art. 47, CPC: “Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela
natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para
todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de
todos os litisconsortes no processo. Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor
que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo
que assinar, sob pena de declarar extinto o processo.”
Binômios Processuais
1. Primeiro Binômio: AUTONOMIA
- O art. 796 e o 797, CPC, têm uma relação muito próxima explicando a questão da
autonomia, exemplificando uma relação de autonomia.
Art. 796, CPC: “O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso
do processo principal e deste é sempre dependente.”
- Essa norma era a mesma que no Código de 1939 e lá fazia sentido a relação de
“dependência”, num conceito de direito material, porque todas as tutelas eram
internas ao processo de conhecimento. Logo, a sentença fulminava a tutela de
urgência.
Art. 797, CPC: “Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei,
determinará o juiz medidas cautelares sem a audiência das partes.”
- Agora há um terceiro plano; neste plano, nós vamos encontrar respaldo numa outra
norma constitucional que fala que a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário
lesão ou ameaça a direito.
- A ameaça também é a um bem jurídico. Por isso que o prof. Ovídio fala em direito
material a uma cautela – eu tenho o direito material também de que esse lápis
continue íntegro até o final da minha discussão para saber quem é o dono. Eu tenho o
direito a discutir e tenho direito à integridade do bem da vida que está sendo
discutido.
- Aqui estamos num outro plano, o do direito material a uma cautela. E o direito a uma
cautela, como não implica em dizer quem é proprietário ou não, não estou derrogando
o direito de ninguém. Mas isso cabe ao processo de conhecimento.
- Então é apenas uma situação diferente onde a Constituição diz: você tem o direito a
discutir e o direito de que a discussão chegue a um fim útil. E mais do que isso: ainda
tem o direito de que isso aconteça de forma tempestiva. O objetivo é que o tempo
processual não interfira na integridade do bem.
Dar uma liminar implica num efeito concreto de uma ação que nada tem a ver com a
ação principal. A concessão de uma liminar é a reafirmação da autonomia, é o
exemplo da autonomia, é o exemplo de referibilidade – é a liminar quer liga o direito
material de cautela ao direito material acautelado.
- No sistema de 1973 eu posso deferir uma tutela no livro I? Não. As reformas vieram a
partir de 1994.
CONVICÇÃO
- Na teoria da prova, o magistrado tem ampla liberdade para chegar a uma convicção;
dentro do princípio inquisitivo do art. 130, esse sistema se comunica com o sistema do
ônus probatório (que cabe a quem alega, é estático; no novo código vai ser cabe a
quem pode provar, e vai ser, portanto, dinâmico) e há uma intermediação entre a
prova e o magistrado. A soma desses três elementos gera a convicção do magistrado.
Essa é a base do entendimento do que é o poder geral de cautela; você demonstra a
plausibilidade, a verossimilhança, estabelece uma prova do perigo da demora.
Art. 402, CPC: “Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova
testemunhal, quando: I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal
o documento emanado da parte contra quem se pretende utilizar o documento
como prova; II - o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente,
Art. 798, CPC: “Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código
regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas
provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma
parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de
difícil reparação.”
- No novo CPC, basta ter o fumus boni iuris – e não os dois requisitos do CPC de 1973.
- Ovídio não gosta da expressão “medidas provisórias” porque, assim como acontece
no processo legislativo, “medida provisória” é norma e estabelece efeitos definitivos.
Então Ovídio gostaria que não fosse tal expressão, porque para ele, algo que é
‘provisório’, por exemplo, no processo legislativo, é uma medida que será substituída
por uma lei, mas que já antecipa os efeitos da lei que virá e, mesmo que não vire lei, os
efeitos concretos que ela gerou, permanecerão.
- O estilo Fux de redigir é tão diplomático que ele não entra em encrenca: ele
simplesmente tirou o adjetivo ‘provisório’ e não tomou partido escolástico.
Art. 799, CPC: “No caso do artigo anterior, poderá o juiz, para evitar o dano,
autorizar ou vedar a prática de determinados atos, ordenar a guarda judicial de
pessoas e depósito de bens e impor a prestação de caução.”
- O art. 798, CPC, descreve o poder geral de cautela e o art. 799 o exemplifica.
Art. 804, CPC: “É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia
a medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado,
poderá torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente
preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa
vir a sofrer. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
- Então ele pode, para se convencer, marcar audiência de justificação (aqui está
falando de convencimento); ou não precisa se convencer, mas exige que haja garantia
da solvência caso esteja errado (caução). São medidas de prudência.
- “substituída”: ela continua eficaz. Isso é uma norma ética do Código de Processo Civil.
Se na execução, que é forçada, deve-se escolher o meio menos gravoso ao devedor
(art. 620, CPC), mais ainda deve-se observar tal aspecto em se tratando de cautela.
Art. 807, CPC: “As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do
artigo antecedente e na pendência do processo principal; mas podem, a
qualquer tempo, ser revogadas ou modificadas. Parágrafo único. Salvo decisão
judicial em contrário, a medida cautelar conservará a eficácia durante o período
de suspensão do processo.”
- Isso é o efeito meramente formal das decisões cautelares. Não existe preclusão.
Art. 810, CPC: “O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a
ação, nem influi no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar,
acolher a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor.”
- “nem influi no julgamento desta”: porque direito material de cautela não se confunde
com direito material acautelado.
- Existe uma última norma avulsa que lida com processo, mas não está vinculada a
binômio nenhum.
§ único: nesse caso, a sentença cautelar terá sido condenatória, de mérito. E aqui há
uma segunda exceção.
- E aí, para poderem emendar o soneto, tem que transformar a cautelar numa
condenatória; tem que proferir uma segunda sentença em cima da primeira que fez
coisa julgada meramente formal, para atingir uma recuperação daquilo que o juiz
errou ao deferir.
Exemplo: O cara foi lá, buscou e apreendeu todos os veículos da sua transportadora. Aí
depois viu que não devia ter feito isso. Na própria cautelar o juiz profere a sentença,
condena, e qualquer prova que você quiser fazer você vai fazer na liquidação.
Dispositivos Procedimentais
- Nessas disposições gerais, há sete dispositivos procedimentais.
Art. 800, CPC: “As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e,
quando preparatórias, ao juiz competente para conhecer da ação principal.
Parágrafo único. Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida
diretamente ao tribunal.”
- Esse § único também traduz uma situação estranha. Isso quer dizer que, julgada a
ação principal em primeiro grau, eu já tenho que ajuizar a medida cautelar
diretamente no segundo grau.
- Quando você julga em segundo grau, o RESp e o RE não tem efeito suspensivo (542, §
2º, CPC – conferir); logo, a parte já pode começar a execução, e se for a execução de
uma tutela, mais complicado ainda. Apenas esse tipo de situação é exceção a essa
regra, isto é, eu até posso ter interposto o REsp, mas ele tem uma característica.
Art. 542, § 2º, CPC: “Recebida a petição pela secretaria do tribunal, será
intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista, para apresentar contrarrazões.
(Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001) [...] § 2º. Os recursos extraordinário
e especial serão recebidos no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 8.950, de
1994)”
Art. 496, CPC: “São cabíveis os seguintes recursos: (Redação dada pela Lei nº
8.038, de 1990) I - apelação; II - agravo; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de
1994) III - embargos infringentes; IV - embargos de declaração; V - recurso
ordinário; Vl - recurso especial; (Incluído pela Lei nº 8.038, de 1990) Vll - recurso
extraordinário; (Incluído pela Lei nº 8.038, de 1990) VIII - embargos de
divergência em recurso especial e em recurso extraordinário. (Incluído pela Lei
nº 8.950, de 1994)”
- Os Embargos de Declaração, em regra, não são recurso. Os arts. 464 e 465, CPC,
tratavam dos embargos de declaração – não eram tratados no capítulo de recursos;
eram apenas um incidente de integração da decisão – por isso nada melhor que
interpor para o próprio juiz. Então ele perde a primeira característica recursal, que é a
hierarquia.
- Por conta dessa questão da isonomia e não mais da justiça – a ênfase está muito mais
na aplicação isonômica do que propriamente na questão de fazer justiça – eles são
recursos chamados também de bifásicos, isto é, tem um exame de admissibilidade
dividido em duas fases: no tribunal de origem e no de destino.
- Essa situação, para fins do § único do art. 800, é muito importante, porque mesmo
interposto o Recurso Especial, se ainda não foi submetido a uma admissibilidade – e
enquanto não for submetido à primeira fase da admissibilidade – faz com que a
cautelar seja proposta no tribunal a quo.
- Será requerida no tribunal a quo, exceto se não for feita a análise da admissibilidade.
- Isso induz a pensar que a primeira coisa que se deve imaginar é a competência; e na
realidade não é, porque topologicamente a primeira coisa que se faz é o
endereçamento da peça. A primeira coisa a ser pensada não é a competência, e sim o
pedido.
- Pelo código de 1939, o juiz poderia determinar medidas urgentes com base em fato
notório. Então, isso é justamente para evitar a derrogação de um dos paradigmas do
direito processual mais conservador, (art. 2º, CPC – princípio da inércia jurisdicional,
um dos dois dogmas que marcavam a presença do direito italiano na nossa
processualística civil): “petição escrita”.
- “esta ação é referível a uma ação declaratória em que buscar-se-á ‘A’, ‘B’, ‘C’, etc.”.
Art. 798, CPC: “Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código
regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas
provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma
parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de
difícil reparação.”
- Deve-se determinar a prova, explicar para que ela serve, e então fará uma petição
apta, e não inepta.
- O valor da causa cautelar é inestimável, porque você não consegue estimar o valor da
segurança jurídica. Direito material acautelador não se confunde com direito material
de cautela. Então fixa num valor mínimo.
OBS: mandar ajustar o valor da ação cautelar ao valor da ação principal é loucura. É
confundir o objeto de lides completamente diferentes.
Art. 809, CPC: “Os autos do procedimento cautelar serão apensados aos do
processo principal.”
- Lidar com esse art. 809 pode dar a impressão de que o processo cautelar é realmente
um acessório do principal.
- O § único do art. 800 trata sobre competência para mover a medida cautelar quando
for interposto o recurso. Como aplicar o 809 se o recurso está tramitando aqui em
cima e eu vou ajuizar a medida lá no juízo a quo? Então o art. 809 não é cogente; você
anexa um ao outro se for o caso.
- O prazo para ajuizar a ação principal é de 30 dias. Mas se nós observarmos o fluxo de
prazos, o prazo para contestar é de 5 dias. Se o réu foi citado e é revel na contestação,
o juiz pode julgar a cautelar antes de ajuizar a principal. E se o réu recorrer?
- Então é óbvio que o art. 809, por ser uma norma meramente procedimental, deve ser
interpretado de acordo com as demais normais procedimentais e, acima de tudo, de
acordo com as normas processuais.
Art. 802, CPC: “O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento
cautelar, para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido, indicando as
provas que pretende produzir. Parágrafo único. Conta-se o prazo, da juntada
aos autos do mandado: I - de citação devidamente cumprido; II - da execução
da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após justificação
prévia.”
- Essa caução serve para o problema do art. 812, que é a segunda exceção à regra de
que a cautelar não faz coisa julgada material. A primeira exceção é a prescrição e
decadência; a segunda, prejuízo ao réu (torna-se uma sentença condenatória – isso
está previsto no art. 811, CPC).
- Para que pleitear numa petição menor se eu posso fazer a petição maior e já pedir a
tutela da tutela? Na visão do prof., não há mais sentido a medida antecedente.
- Ada preconizava o seguinte: todo mundo pede tutela com base no art. 273, cautelar
ou antecipatória. Então vamos positivar o 273-A até o F e vamos estabelecer o
seguinte: quem ajuíza o pedido só formula o pedido de tutela de urgência – não
formula mais nada, não precisa deduzir o pedido final, não precisa dar o valor da causa
original, é só um pedido de tutela pela tutela. Ganhou a medida? Ótimo; cumpra-a e
você não precisa fazer mais nada. A outra parte, se quiser, é que, no mesmo eixo da
medida que você propôs, formulará o pedido para que, após uma longa instrução,
tenha uma sentença que casse essa decisão – é quase que o sistema romano
germânico original.
- Você pega a tutela e se você ganhar a outra parte move uma mini ação rescisória
dessa tutela. Mas o ônus é de quem não tem a prova inequívoca – e quem tem a prova
inequívoca se beneficia. Existem alguns problemas estruturais nessa tese.
Exemplo: vamos supor que a outra parte não ajuíze o pedido. Tem um dispositivo, o
art. 273-B, que diz que essa tutela conservará a eficácia indefinidamente. Pode isso?
Não.
Art. 803, CPC: “Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo
requerido, como verdadeiros, os fatos alegados pelo requerente (arts. 285 e
319); caso em que o juiz decidirá dentro em 5 (cinco) dias. (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Parágrafo único. Se o requerido contestar no
prazo legal, o juiz designará audiência de instrução e julgamento, havendo
prova a ser nela produzida. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)”
- 5 dias para contestar, 5 dias para julgar, 15 dias para apelar. Ou seja: o processo pode
subir e você nem ajuizou ainda o principal; vai aplicar o 809? Não.
§ único: porque se não tiver, julga de plano. Mesmo que o cara não recorra da medida
cautelar, ele pode ganhar no processo principal.
Art. 806, CPC: “Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias,
contados da data da efetivação da medida cautelar, quando esta for concedida
em procedimento preparatório.”
- Que data é essa? O prazo para propor a ação passa a correr da data da efetivação;
intimar a parte ou juntar o mandado não quer dizer que a medida já foi surtir efeitos.
Se foi indeferido, nem começa a contar o prazo para propor ação principal.
Audiência de
Contestação Instrução e
Julgamento
Art. 802
800
Citado para Art. 806
contestar 30 dias para
801
(prazo 5 dias) Art. 803 propositura da
Revelia 5 dias para o juiz Ação
decidir
Art. 804/ 805
Medida cautelar
inaudita altera
parte
Art. 808, CPC: “Cessa a eficácia da medida cautelar: I - se a parte não intentar a
ação no prazo estabelecido no art. 806; II - se não for executada dentro de 30
(trinta) dias; III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem
julgamento do mérito. Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a
medida, é defeso à parte repetir o pedido, salvo por novo fundamento.”
Inciso I: aí há uma questão processual. Vocês ajuízam uma medida cautelar inominada
– o prazo é de 30 dias a contar da juntada do mandado de intimação devidamente
cumprido aos autos. O problema é que existem medidas cautelares nominadas que
não são preparatórias, mas apenas preventivas.
Exemplo: para a concessão do arresto eu preciso ter um título liquido e certo. Mas
vamos supor que ele só seja exigível no ano que vem. Mas a fraude já está sendo
perpetrada agora. Eu ajuízo a medida cautelar agora, mas quando vou ajuizar a ação
principal? Ano que vem; se não, o que acontece com a ação principal, se estou
ajuizando a ação antes do implemento do prazo contratual? Eu não tenho interesse de
agir.
- Então há uma diferença. Esse inciso I, apesar de ser na essência procedimental, traz
um pequeno universo processual que é exatamente essa diferenciação: quando estou
Inciso II: por exemplo, a separação de corpos. Mas o advogado experiente ganha a
liminar, e a guarda no bolso; por quê? Porque pode haver um acordo. A medida
cautelar de bolso é muito útil por um simples motivo: você só negocia em posição de
superioridade. Mas tem prazo; se não vai cessar a medida porque ela perde a sua
eficácia.
Inciso III: se transitar em julgado a decisão que o juiz prolatou extinguindo o processo
principal com relação de mérito.
- Os artigos 800, 801, 802, 803, 806, 808, 809 e 812 são todos procedimentais. Os
artigos 796, 797, 798, 799, 805, 805, 807, 810, são processuais. O art. 808, inciso I, traz
uma nuance processual, que á diferenciação entre preventiva e preparatória.
- Observando-se as medidas acima elencadas, infere-se que uma não tem nada a ver
uma com a outra. Então Buzaid, mais uma vez, embaralhou as normas, e seguiu uma
ordem que estava nos procedimentos acessórios do Código de Processo Civil de 1939,
acrescentando algumas coisas da Legislação Comercial. Não se pode, a princípio,
extrair uma lógica.
- Por exemplo, o arresto, a exibição e os alimentos provisionais. Essas três medidas são
referíveis a que direitos materiais? Nos alimentos provisionais, a medida se reporta ao
pai, a direito de família; na exibição, há uma medida cautelar cuja única função é exibir
um documento, um bem; e, por fim, no arresto, o intuito é resguardar patrimônio.
- É importante ter isso em mente para poder entender que 60% das cautelares
nominadas são assecuratórias de crédito. E aí que se começa a entender um nicho
secreto do Código de Processo Civil: pode-se enxergar uma intenção política. Se eu
tinha um poder geral de cautela que previa indisponibilidade de bens, caução, por que
repetir de novo essas cautelares nominadas? Se a caução é uma medida cautelar
dentro do poder geral de cautela do magistrado, que pode até ser deferida de ofício,
por que eu preciso de uma medida cautelar de caução? Se nos arts. 352 e seguintes,
do CPC, está a exibição de documentos, para que a medida cautelar? Para entender
isso, é preciso voltar um pouco no tempo.
- Nos idos de 1961, 62, o Brasil já estava amadurecendo uma opção política, seja ela de
esquerda ou de direita, que já estava sendo gestada desde 10 anos antes, na época do
Governo Vargas.
- A eleição para presidente, na época, não era a mesma que para o vice; então era
possível eleger um presidente e um vice-presidente de partidos diferentes. Foi o que
aconteceu, por exemplo, com Jânio Quadros, presidente, de direita, e João Goulart,
vice-presidente, de esquerda. Havia aquele sonho de que o socialismo daria certo, um
incentivo ao golpe de esquerda. Aliado a isso, houve a crise em virtude da construção
de Brasília.
- O Brasil não tinha o Banco Central, uma rede financeira que lhe desse respaldo. Em
1964, só um terço da população brasileira era empregada, o país era eminentemente
agrário, o índice de analfabetismo era gigante. Havia uma necessidade de reformar e
modernizar o Brasil. A intenção econômica era organizar a economia do Brasil de
alguma forma – que não fosse através do socialismo. Em 1965, quando viu-se que não
haveria eleições, as coisas começaram a recrudescer. As cassações começaram.
- O Brasil, com esse perfil político, com essa situação econômica e com esse perfil
social, era um país em que não havia, por exemplo, uma garantia de emprego, não
havia absolutamente nada que estimulasse produção econômica. Então eles geraram
condições que, na cabeça deles, seria a melhor forma de fazer isso e surgiu a época
denominada o milagre econômico (a partir de 68, 69, o Brasil começou a crescer).
- Por conta desses três perfis, político, social e econômico, os economistas da década
de 60 concluíram que um dos primeiros problemas a ser resolvidos no Brasil era o
CRÉDITO. Por isso que Buzaid deu vazão a isso. Se havia um Poder Geral de Cautela tão
eficiente, por que precisava das medidas cautelares nominadas?
- Por exemplo, no Brasil da década de 60, tudo tinha que terminar em prisão, de uma
forma ou de outra: havia as prisões por desobediência e as prisões do depositário
infiel. À época, isso era um elemento de persuasão. Então, o crédito, qualquer que
fosse ele, tinha que ser recuperado mediante a tutela do magistrado. O magistrado
não tinha saída: presentes determinados requisitos previstos pelo banco ou pelo fisco,
a dívida tinha que ser paga – para incutir no brasileiro a cultura de pagar as dívidas.
- Havia um triunvirato porque Costa e Silva sofreu tanto ao baixar o AI 5, de 1968, que
no final de dezembro de 1968 teve um aneurisma cerebral. O vice, que fi mais uma
tentativa pós Castello Branco de acalmar a direita era um civil, chamado Pedro Aleixo –
que, por ser um civil, não poderia assumir. Então, fecharam o congresso nacional,
baixaram uma nova Carta Constitucional, e recrudesceram o regime. Foi um golpe
dentro do golpe; e aí surgiu toda a indústria da tortura no Brasil.
- O decreto 911 foi baixado por um triunvirato, sem nenhuma previsão constitucional,
num período em que o Congresso Nacional estava fechado, não foi legalizado num
momento de normalidade constitucional e, ainda assim, é considerado válido.
- O decreto começa, no artigo 3º, com busca e apreensão. No artigo 4º, ele vira ação
de depósito, nos mesmos autos. Por que? Qual a estratégia? É uma alienação
fiduciária; o comprador é o fiel depositário daquele bem. Inadimpliu? Manda buscar e
aprender. Caso não encontrasse, o credor podia transformar, nos mesmos autos, uma
medida cautelar em procedimento especial de jurisdição contenciosa, ação de
depósito, para sair um mandado de prisão e mandar prender o cara. Isso é só um
exemplo do clima que o Brasil vivia nessa época.
- Hoje em dia não vale mais a conversão em depósito, porque o STJ já decidiu que não
cabe mais a prisão civil do depositário infiel.
- Quando alguém queria positivar uma norma na época, era comum eles darem um
revestimento, um brilho, um lustro de autenticidade, de legalidade.
Seção I – Arresto
Art. 813, CPC: “O arresto tem lugar: I - quando o devedor sem domicílio certo
intenta ausentar-se ou alienar os bens que possui, ou deixa de pagar a
obrigação no prazo estipulado; II - quando o devedor, que tem domicílio: a) se
ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente; b) caindo em insolvência, aliena ou
tenta alienar bens que possui; contrai ou tenta contrair dívidas extraordinárias;
põe ou tenta pôr os seus bens em nome de terceiros; ou comete outro qualquer
artifício fraudulento, a fim de frustrar a execução ou lesar credores; III - quando
o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou dá-los em
anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e desembargados, equivalentes
às dívidas; IV - nos demais casos expressos em lei.”
Inciso I: tem que ser devedor, e, nesse caso, tem que ser sem domicílio; ausenta-se;
aliena bens; ou não paga.
- Então você pode apreender bens do devedor se ele, na condição de devedor, ainda
que não vencida a dívida, ausenta-se, aliena bens ou não paga no vencimento.
Inciso II: O que quer dizer ‘furtivamente’? Não muda a condição objetiva de se
ausentar, porque nenhum devedor que deve muito se ausenta anunciando sua
ausência. Toda forma de ausência é furtiva – não existe isso. Toda pessoa com ou sem
domicilio que fecha o comércio, está intentando uma situação de fraude. Então ele
aliena ou comete outro qualquer artifício fraudulento.
- Ausenta-se
- Ausenta-se
- Aliena bens
- Devedor com domicílio
- Contrai dívidas extraordinárias
- Artifício fraudulento
- Eis o primeiro sintoma de uma espécie de influencia ideológica, mas existem outros.
- Buzaid usou técnicas para disfarçar a real intenção do legislador. No arresto, por
exemplo, o periculum in mora dele nada mais que é que um disfarce para duas
situações muito claras: ou você não paga, ou você comete uma fraude qualquer.
- Buzaid utilizou uma indução subliminar para dizer o seguinte: se você usar a lei com
os seus rigores, cabe o arresto em quase todas as situações. O que resta saber é para
quem cabe em todas as situações? Esse é o periculum in mora.
- Isso tem influência; se o título não venceu ainda, a cautelar não pode ser
preparatória; só pode ser preventiva – não está preparando nada, só está se
prevenindo para que, no dia do vencimento, possa ajuizar a ação executiva, penhorar
um bem, converter o arresto, e segue a execução normal.
§ único: Se o periculum in mora é sempre, o fumus boni iuris também o é; basta que
você seja devedor.
- Quando é sentença, não precisa ser nem líquida e certa; muito menos exigível.
Art. 815, CPC: “A justificação prévia, quando ao juiz parecer indispensável, far-
se-á em segredo e de plano, reduzindo-se a termo o depoimento das
testemunhas.”
- Portanto, nem precisa dessa justificação secreta e de plano (que, por si só, já é
absurda) se for “requerido pela União, Estado ou Município”, ou seja, quando se tratar
de tributo.
- Qual o único credor do mundo para o qual prestar caução é apenas uma operação
contábil? Banco.
- O artigo 810, CPC, traz uma exceção à regra. Então ele está reiterando a exceção e a
regra.
Art. 810, CPC: “O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação,
nem influi no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a
alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor.”
Art. 820, CPC: “Cessa o arresto: I - pelo pagamento; II - pela novação; III - pela
transação.”
Art. 269, CPC: “Haverá resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o
pedido do autor; II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; III - quando as
partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V -
quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.
- Como exposto, Buzaid, trouxe esse Capítulo II dos “Processos Acessórios” do CPC de
39, que não tinham coisa julgada material, que eram meramente assistentes do
processo, instrumentos do instrumento processual. Já que há essa situação de
adaptação de uma legislação antiga a uma situação moderna, Buzaid arrematava,
encerrava o assunto rapidamente. Então dispunha tudo que precisava dispor, e fazia
uma questão remissiva – isso está muito claro, por exemplo, no art. 888, CPC.
Art. 888, CPC: “O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência da ação principal ou
antes de sua propositura: I - obras de conservação em coisa litigiosa ou judicialmente
apreendida; II - a entrega de bens de uso pessoal do cônjuge e dos filhos; III - a posse
provisória dos filhos, nos casos de separação judicial ou anulação de casamento; IV - o
afastamento do menor autorizado a contrair casamento contra a vontade dos pais; V -
o depósito de menores ou incapazes castigados imoderadamente por seus pais, tutores
ou curadores, ou por eles induzidos à prática de atos contrários à lei ou à moral; VI - o
afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do casal; VII - a guarda e a
- Buzaid deixou várias situações em aberto, porque as que ele queria tutelar, ele
tutelou. As questões de política econômica e social do governo, ele já tinha colocado.
- Quanto à ordem dos bens a serem arretados, aplica-se o artigo 668, CPC. Ademais, a
própria contracautela possui previsão na parte da execução, na possibilidade da
substituição da penhora.
Seção II – Sequestro
Art. 823, CPC: “Aplica-se ao seqüestro, no que couber, o que este Código estatui
acerca do arresto.”
- Depois, há o arrolamento de bens (só para situações societárias, que não é tão
invasivo), e depois, há uma situação de força intermediária e que cabe apenas em
Inciso I: a ação principal no sequestro não é mais uma ação condenatória, ou execução
por quantia certa contra devedor solvente. Não se quer mais dinheiro. O que se está
disputando é o seguinte: eu sou o proprietário daquela casa, e não você; eu sou o
possuidor dessa casa, e não você, e essa casa está sendo vilipendiada. Então a
integridade daquele bem cuja posse ou propriedade está sendo disputada, está em
perigo.
OBS! A grande diferença entre o arresto e o sequestro vai acabar. Ambos vão
desaparecer do sistema.
Exemplo: briga entre herdeiros por causa das joias da mãe que foram parar nas mãos
da irmã mais nova. É caso de sequestro.
Condenatória
Arresto
Execução por quantia certa contra devedor solvente
Reivindicatória (propriedade)
Sequestro Possessória (manutenção, reintegração de posse)
Frutos e Rendimentos
Busca e Apreensão
Título Único
Das Medidas Cautelares
Capítulo I Capítulo II
1973
1200 artigos
Asseguração de Prova
Exibição
Asseguração em Direito de Família Justificação
Produção Antecipada
1939
Poder Geral
Legislação
de Cautela
Comercial
1300 artigos Extravagante
Cap. I Cap. II
Disp. Gerais Proced. Caut. Esp.
1973
1200 artigos
- Então vê-se que as normas jurídicas se repetem com frequência, mas o fato de elas
terem o mesmo texto não significa que elas digam a mesma coisa. A norma não existe
sozinha e não se pode interpretar a norma pela norma; deve ser interpretada dentro
de sua história e dentro de sua tipologia, isto é, onde ela se coloca, fisicamente. O
código tem que ter uma lógica sistêmica, que inclui lógica política.
- O Novo Código, de 2014, resolveu enfrentar uma série de crises que o Código de
1973 não estava preparado. Existem hoje, basicamente, três crises que permeiam o
código:
- E não se sabe qual advém de qual, porque todas as três contribuem, de certa forma,
ao agravamento de todas.
- Ninguém ensina teoria da ação, por exemplo, porque ninguém entende a diferença
entre processo e procedimento.
- Há uma crise de ensino, porque, além do que o CPC é dividido pela ordem do código,
seguem o Código como se fosse um plano de ensino (não é). As grandes teorias do
processo civil estão separadas dentro do código. A teoria da ação, praticamente, não
está no código. São opções políticas.
- O Código de 2014 vai tentar enfrentar essas três crises. A crise do ensino jurídico,
através de situações que se manifestem de forma mais clara, e a primeira delas é na
partição do Código. O código tem, aproximadamente, 1100 artigos. Mas, no entanto,
voltou a ter uma partição que seja razoável para viabilizar o ensino, a compreensão do
sistema (claro que com suas restrições).
PARTE GERAL
2014
1200 artigos
PARTE ESPECIAL
- O Livro II do novo CPC trata da jurisdição e ação, que é basicamente a primeira teoria.
- Equivale ao artigo 4º do CPC de 1973. Mas agora, está explícita a ação constitutiva:
“modo de ser”. Uma coisa é declarar a existência, outra, a inexistência, e outra, o
modo de ser.
Art. 4º, CPC 1973: “O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da existência
ou da inexistência de relação jurídica; II - da autenticidade ou falsidade de documento.
Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação
do direito.”
Art. 8º, Novo CPC: “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para
que se obtenha a solução do processo com efetividade e em tempo razoável.”
Art. 9º, Novo CPC: “Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que
esta seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se
aplica à tutela antecipada de urgência e às hipóteses de tutela antecipada da
evidência previstas nos incisos III e IV do art. 306.”
- Isso é para evitar que o juiz pronuncie uma prescrição e a parte diga, por exemplo,
que houve um ato interruptivo – o que protelaria o processo.
- Observe-se que o Didier não as denomina “tutelas de urgência”, porque vai tratar
também das tutelas que não têm urgência, chamadas “tutelas de evidência”.
- Então “tutela antecipada” virou gênero de várias espécies, onde a urgência não é
mais o elemento diferenciador.
- Todas as tutelas serão antecipatórias porque Ovídio já dizia que toda tutela, mesmo
sendo puramente cautelar, já antecipa, ainda que em menor monta. Mas sempre há
um nível de satisfatividade em cautelar, ainda que seja apenas e tão somente para
afastar, como diz Ovídio, uma situação objetiva de perigo.
Tutelas Antecipatórias
Urgência
Satisfativa
Evidência
Quanto à Natureza
Cautelar
Antecedentes
Quanto ao Procedimento
Incidentais
- Independe de custas porque, o fato de ela ser antecedente, não significa que ela vai
correr em paralelo, como acontece hoje. O fato de ser antecedente é simplesmente
porque ela antecede ao pedido principal que vai correr o mesmo eixo cognitivo e não
mais em um eixo em paralelo. Perdeu-se o conceito de ação incidental. Logo, não é
uma ação distribuída por dependência a uma ação principal – ela não existe mais.
- E a medida incidental já foi movida a petição inicial; então ela vai acontecer dentro
do processo.
- Então há mais, seja antecedente, seja incidental, aquela autonomia; voltou a ser uma
tutela interna ao processo de conhecimento, exatamente como o era em 1939.
Art. 297, do Novo CPC: “A tutela antecipada conserva sua eficácia na pendência
do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada, em
decisão fundamentada. Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a
tutela antecipada conservará a eficácia durante o período de suspensão do
processo.”
Art. 807, CPC de 1973: “As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do
artigo antecedente e na pendência do processo principal; mas podem, a qualquer
tempo, ser revogadas ou modificadas. Parágrafo único. Salvo decisão judicial em
contrário, a medida cautelar conservará a eficácia durante o período de suspensão do
processo.”
- Isso é redação do Fux, porque ele está mantendo uma redação familiar; mas, o fato
de terem redações parecidas, não significa que são a mesma coisa.
§ único: suspende o processo quantas vezes quiser, mas o bem continua na mão de
Fulano.
Art. 298, do Novo CPC: “O juiz poderá determinar as medidas que considerar
adequadas para efetivação da tutela antecipada. Parágrafo único. A efetivação
da tutela antecipada observará as normas referentes ao cumprimento
provisório da sentença, no que couber.”
- É o poder geral de cautela. Aqui, Fux foi bastante diplomático, porque não disse se a
medida é ‘provisória’ ou ‘temporária’.
Art. 798, CPC 1973: “Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código
regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que
julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do
julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.”
§ único: a tutela é de evidência, ou seja, é tão claramente a favor de alguém que, para
deferi-la, não há necessidade de haver o periculum in mora – é a chamada ‘parcela
incontroversa’.
- Se a parcela é incontroversa, não existe lide sobre ela, então a execução tem que ser
definitiva. Mas não existe execução definitiva de algo que não seja sentença transitada
em julgado. Então, ao invés de fazerem uma sentença agravável da parcela
incontroversa, de forma que já se possa executar, eles simplesmente dizem aqui que,
no que couber, aplica-se o procedimento do art. 475-O – mas isso é execução
provisória!
- Mas a execução provisória, tem esse problema: ela é provisória. E eu, para conseguir
executar um bem, preciso depositar o mesmo valor do bem – e isso não faz sentido.
- Eis uma crítica ao novo CPC: mudou-se para que tudo ficasse como era antes (il gatto
pardo).
Art. 299, do Novo CPC: “Na decisão que conceder, negar ou revogar a tutela
antecipada o juiz justificará as razões do seu convencimento de modo claro e
preciso. Parágrafo único. A decisão é impugnável por agravo de instrumento.”
§ único: porque lá na teoria dos recursos, está previsto que cabe agravo quando, por
forma de instrumento, e diz precisamente de quais decisões que cabem. Então apenas
para fazer referência a tal dispositivo (ver qual) ele deixa expresso.
Artigo 300, do Novo CPC: “A tutela antecipada será requerida ao juiz da causa
e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal.
Parágrafo único. Ressalvada norma especial, na ação de competência
originária de tribunal e nos recursos, a tutela antecipada será requerida perante
o órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito.”
Art. 800, CPC 1937: “As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e,
quando preparatórias, ao juiz competente para conhecer da ação principal. Parágrafo
Art. 301, do Novo CPC: “A tutela antecipada de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo na
demora da prestação da tutela jurisdicional. § 1º Para concessão da tutela de
urgência, o juiz poderá, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória
idônea para ressarcir os danos que o réu possa vir a sofrer, ressalvada a
impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. § 2º A tutela
antecipada de urgência pode ser concedida liminarmente. § 3º A tutela
antecipada de urgência não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.”
- É o caput do artigo 273 do Código de 1973. Fux, diplomata, não gosta de entrar em
embates; então ele mudou algumas palavras chaves do artigo 273.
Art. 273, CPC 1973: “O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo
prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado
receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de
direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. § 1o Na decisão que
antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu
convencimento. § 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo
de irreversibilidade do provimento antecipado. § 3o A efetivação da tutela antecipada
observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588,
461, §§ 4o e 5o, e 461-A. § 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada
a qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 5o Concedida ou não a antecipação da
tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. § 6o A tutela antecipada também
poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles,
mostrar-se incontroverso. § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer
- Fux adaptou o artigo 273 dessa forma, como aparece no artigo 301 do Novo CPC.
- Então há um elemento de negociação entre os dois institutos. Por que, qual o nome
do título V? Da tutela antecipada – virou o gênero, porque partiram da premissa de
que toda cautelaridade também tem seu nível de satisfatividade ao afastar uma
situação objetiva de perigo.
§ 1º: “Para concessão da tutela de urgência, o juiz poderá, conforme o caso, exigir
caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que o réu possa vir a sofrer,
ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.”
§ 2º: “ser concedida liminarmente”: nota-se o uso de “liminar” como advérbio e não
como adjetivo.
§ 3º: essa irreversibilidade também já está no artigo 273, § 2º, do atual código. A
questão é saber para quem é irreversível.
Art. 302, do Novo CPC: “O juiz poderá conceder tutela antecipada cautelar de
ofício, incidentalmente, em casos excepcionais ou expressamente autorizados
por lei.”
Art. 2º, CPC 1973: “Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou
o interessado a requerer, nos casos e forma legais.”
- É o princípio da inércia jurisdicional. Tudo bem que já nas reformas da década de 90,
houve um aumento dos poderes do magistrado.
Art. 461, § 5º, CPC 1973: “Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do
resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as
medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e
apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de
atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.”
- A tutela que pode ser deferida de ofício é só a cautelar, porque não tem a vocação da
irreversibilidade. Para a antecipatória, tem que haver provocação. Esse dispositivo é
muito feliz porque explica a questão do parágrafo do artigo anterior.
Importante!
Estabilização da Tutela
- Agora, como a medida é antecedente, e ela vai seguir o mesmo eixo cognitivo – a
única coisa que vai acontecer é que dentro de um prazo, terá que ajuizar um pedido,
que vai ser a ação principal, dentro do mesmo eixo.
- Todo juiz julga a cautelar junto com a principal; então ajuíza a medida cautelar – que
agora vai se chamar “medida antecedente” – e depois do prazo previsto na lei
processual, ao invés de formular uma petição inicial, formula apenas o pedido, e
começa a instruir ambas no mesmo eixo cognitivo. É como se fosse um aditamento;
então não há necessidade de todos os requisitos do artigo 801, do CPC de 1973. Basta
fazer um requerimento sumário de tutela.
Pedido
Petição Inicial
Inciso I: condições da ação que viraram pressupostos processuais. Por isso não há mais
um prazo de 30 dias para umas; é o prazo que o juiz determinar.
Inciso II: não teria sentido ele contestar a cautelar e depois contestar o pedido. Espera
aditar, e depois contesta tudo, porque os argumentos que tiver que gastar, terá que
fazê-lo em Agravo de Instrumento.
Art. 304, § 2º, do Novo CPC: “§ 2º. Não realizado o aditamento a que se refere o
inciso I do § 1º deste artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito.”
- Se o cara não aditou o pedido, ele não confirmou, porque a cautelar precisa de uma
sentença de mérito que lhe dê definitividade.
Art. 808, CPC 1973: “Cessa a eficácia da medida cautelar: I - se a parte não intentar a
ação no prazo estabelecido no art. 806; II - se não for executada dentro de 30 (trinta)
dias; III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do
mérito. Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte
repetir o pedido, salvo por novo fundamento.”
- Esse é um dogma que começou a ser parcialmente quebrado com o advento das
tutelas antecipatórias. O primeiro dogma quebrado foi aquele da nulla executio sine
titulo, em 1994; então é possível haver execução antes de haver o título executivo,
desde que essa execução seja dos efeitos da tutela e não da tutela propriamente dita –
esta reservada para a cognição exauriente.
- Mas esses efeitos antecipados tinham que ter um processo que se seguia e que viesse
uma sentença que a confirmasse. Até hoje, mesmo com a antecipação da tutela, a
cognição exauriente deveria ser seguida, até o trânsito em julgado. Hoje, a toda tutela
se segue um processo; se não, ela perde a eficácia (art. 808, CPC de 1973). Até se
concebe a executio sine titulo; mas não que a executio se torne definitiva sem que haja
uma longa cognição.
- No Novo CPC, pode-se ter uma eficácia definitiva, sem que haja, necessariamente,
uma cognição exauriente. Houve, simplesmente, uma ab-rogação da cognição
exauriente. Então pode haver tutela definitiva, com efeitos definitivos, em cognição
sumária.
- Há situações em que o direito é tão líquido e certo que você compreende que haja
uma coisa julgada mais estável – daí o nome, ‘estabilização da medida’, e não da ação
– para poder justificar essa situação. E aí quem estivesse prejudicado por ela teria que
mover uma ação de cunho constitutivo negativo para desconstituir, e aí sim fazer a
cognição exauriente. Então, ao contrário do sistema de hoje, em que quem pleiteia a
tutela é o mesmo que quem pleiteia a cognição exauriente, quem tem que pedir
cognição exauriente é a parte prejudicada.
- Mas isso traz uma série de problemas filosóficos. Por exemplo, nos casos em que a
urgência é contemporânea à propositura da ação, ou seja, você já tem o interesse de
agir; presentes as condições da ação principal, há pedido de tutela contemporâneo à
ação principal (mas não preciso formulá-lo; basta a tutela).
- Ajuíza o pedido da tutela pela tutela. Ganha a liminar; o sujeito agrava – o agravo não
tem efeito suspensivo. O agravo é julgado, e não interpõe nenhum outro recurso. A
medida fica estável. Aí vem o problema.
§ 3º: primeira pergunta: e se o cara não ajuizar o pedido principal, o que acontece com
a tutela? Hoje, é possível uma tutela conservar a sua eficácia ad eternum? É possível
haver efeito de coisa julgada material sem ser coisa julgada material?
- A tutela pela tutela sem manterá eficaz até que alguma decisão de mérito se
anteponha a ela. Pode ser movida pela parte beneficiada com a concessão da tutela
(que é o que provavelmente vai acontecer) ou pela parte prejudicada. Até porque
quem vai correr o risco de mover a tutela pela tutela e se satisfazer com a estabilidade
dela em primeiro grau ou em segundo grau? Não faz sentido – e essa é a crítica a esse
novo instituto, aparentemente dissociado da prática.
- Então, em 1994, foi quebrado o mito da nulla executio sine titulo. Agora, há uma
tutela que existe por sis só e que prevalecerá até que alguém eleja alguma forma de
contrariá-la.
- As circunstâncias que cercam essa nova medida, traduzem uma situação muito mais
de hipótese acadêmica, do que de hipótese concreta e real.
Art. 273, CPC 1973: “O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo
prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: (Redação dada pela
Lei nº 8.952, de 13.12.1994) [...] II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou
o manifesto propósito protelatório do réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
[...] § 6º A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos
pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. (Incluído pela Lei nº
10.444, de 7.5.2002)”
- No CPC atual, com esses dois novos elementos, como executar? Se a parcela é
incontroversa, não há nem sentença – teria que ser uma espécie de transação, algo
assim. Esse é o problema de emendar um ‘cavalo’ e gerar um ‘camelo’: não há
estrutura para suportar.
- Então há uma peça muito moderna que, teoricamente, traria hoje a solução da lide,
seja por abuso de defesa, ou por parcela incontroversa; mas a dúvida é: o que fazer? A
única solução trazida é que o juiz teria que sentenciar para poder fazer uma execução
que seria, a teor do artigo 475-O, provisória. Mas não faz sentido ser provisória se é
incontroversa.
- Não é titulo nem judicial nem extrajudicial. O que é? Não se sabe. É o problema de se
fazer emendas sem pensar sistemicamente.
Art. 475-O, CPC: “A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo
modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005) I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se
a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; (Incluído
pela Lei nº 11.232, de 2005) II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou
anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e
liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento; (Incluído pela Lei
nº 11.232, de 2005) III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos
que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao
executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e
prestada nos próprios autos. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)”
Inciso II: o próprio conceito de “dúvida razoável” já é indeterminado. Parece ser mais
Poder Geral de Cautela que tutelas de evidência. Onde há discricionariedade, não há
aritmética; e tutela de evidência é aritmética, e não discricionária.
Inciso IV: artigo 461-A – obrigação de entrega de coisa certa. É a parcela incontroversa.
- É “ação”, porque se pode deduzir o pedido principal – já que estarão no mesmo eixo
cognitivo. Deduz-se a medida antecedente e, depois, no mesmo eixo cognitivo, deduz-
se o pedido principal – portanto, pode-se aqui usar o nome de “ação”.
Art. 801, CPC 1973: “O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que
indicará: I - a autoridade judiciária, a que for dirigida; II - o nome, o estado civil, a
profissão e a residência do requerente e do requerido; III - a lide e seu fundamento; IV -
a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão; V - as provas que serão
produzidas. Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do no III senão quando a
medida cautelar for requerida em procedimento preparatório.”
Art. 308, Novo CPC: “O réu será citado para, no prazo de cinco dias, contestar o
pedido e indicar as provas que pretende produzir.”
Art. 310, Novo CPC: “Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser
formulado pelo autor no prazo de trinta dias. Neste caso, será apresentado nos
mesmos autos em que veiculado o pedido de tutela cautelar, não dependendo
do adiantamento de novas custas processuais. § 1º O pedido principal pode ser
formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar. § 2º. A causa de
pedir poderá ser aditada no momento da formulação do pedido principal. § 3º.
Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de
conciliação na forma do art. 335, por seus advogados ou pessoalmente, sem
necessidade de nova citação do réu. §4º Não havendo conciliação, o prazo para
a contestação será contado na forma do art. 336.”
- Se a medida não foi efetivada, a parte não precisa, se não quiser, discutir o direito
principal.
Art. 312, do Novo CPC: “O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a
parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o
motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de
prescrição.”
- Então a parte geral das tutelas de urgência e de evidencia (antecipadas, como coloca
o livro V da parte geral) esgotou tudo o que havíamos visto até agora.
- O Capítulo II do Livro III, do CPC de 1973, que trata das cautelares inominadas, veio
de dois livros do CPC de 1939; alguns, “processos especiais”, alguns, “procedimentos
acessórios” e algumas, “legislações extravagantes”.
1939
Legislação
Extravagante
1300 artigos
Cap. I Cap. II
Disp. Gerais Proced. Caut. Esp.
1973
1200 artigos
PARTE GERAL
2014
1200 artigos
PARTE ESPECIAL
- Quando o Ministério Público ajuíza uma ação civil pública e pede a indisponibilidade
de bens, é arresto? Não, porque não tem título – é poder geral de cautela. Estão
presentes os requisitos para, no mínimo, acautelar.
- Então, essa segunda parte fez um caminho de retorno: houve alguns procedimentos
que vieram em 2014 para o procedimento comum, alguns que vieram como meros
incidentes, em outro capítulo. Então uns vieram para voltar a ser o que eram antes
(procedimento especial) e outros vieram e se tornaram aquilo que sempre foram:
procedimentos acessórios.
Seção V – Exibição
Art. 844, CPC: “Tem lugar, como procedimento preparatório, a exibição judicial:
I - de coisa móvel em poder de outrem e que o requerente repute sua ou tenha
interesse em conhecer; II - de documento próprio ou comum, em poder de co-
interessado, sócio, condômino, credor ou devedor; ou em poder de terceiro que
o tenha em sua guarda, como inventariante, testamenteiro, depositário ou
administrador de bens alheios; III - da escrituração comercial por inteiro,
balanços e documentos de arquivo, nos casos expressos em lei.”
- Há uma medida cautelar para cada tipo de prova. Mas a exibição é bem clara:
somente como procedimento preparatório, porque, quando é incidental, utilizam-se
os artigos do processo de conhecimento.
- Ora, se sempre foram utilizados expedientes que suspendiam o processo, pra que
transformá-los em medidas cautelares? Pode-se transformá-los no que eles sempre
foram: procedimentos especiais.
- Nesse sentido, não são só as exceções dos artigos 302 e seguintes. Qualquer questão
prévia se encaixa nisso. Quando eu arguo a falsidade de um documento, é uma
questão prévia, ainda que não seja denominada de exceção.
Seção IX – Justificação
Art. 861, CPC 1973: “Quem pretender justificar a existência de algum fato ou
relação jurídica, seja para simples documento e sem caráter contencioso, seja
para servir de prova em processo regular, exporá, em petição circunstanciada, a
sua intenção.”
- A mesma coisa é a prova pericial. Se houve um estrago na frente da sua casa, você
não vai esperar o juiz designar perícia para analisar o local.
- O Livro IV, de Procedimentos especiais, também vai deixar de existir, porque no Novo
CPC haverá o Procedimento – e não mais o Procedimento Comum. E aí ele vai se dividir
em Comum e Especial, e os poucos procedimentos que sobreviverem estarão dentro
do Livro I da Parte Especial.
Art. 874, CPC: “Tomado o penhor legal nos casos previstos em lei, requererá o
credor, ato contínuo, a homologação. Na petição inicial, instruída com a conta
pormenorizada das despesas, a tabela dos preços e a relação dos objetos
retidos, pedirá a citação do devedor para, em 24 (vinte e quatro) horas, pagar
- A homologação de penhor legal, assim como a nunciação de obra nova, começa com
uma fase extrajudicial.
- Quais as hipóteses de penhor legal? Aquelas em que você tem direito real sobre bem
de outrem em virtude de lei e não de decisão judicial ou de contrato. É o direito do
hoteleiro sobre as tuas bagagens se você não pagar a conta do hotel; é o direito do
dono de restaurante, sobre o teu carro que está ali estacionado, se você não pagar a
conta do restaurante.
DIVÓRCIO
Guarda e visita
Arrolamento de
Bens
- A separação de corpos é, nada mais nada menos, do que a antecipação principal dos
efeitos da tutela constitutiva negativa da ação de divórcio – vai ter que estar na
sentença também, porque será preciso confirmar essa tutela.
- Então todas elas são satisfativas. Na realidade, não são medidas cautelares
propriamente ditas; são antecipações de tutela.
- Só fica uma dúvida: se acabaram essas medidas cautelares, como resolver o divórcio,
as situações preliminares a todo divórcio? Tudo vai se resolver no Livro V da Parte
Geral: Da Tutela Antecipada, e, também, no Poder Geral de Cautela do magistrado –
vai deferir o que ele entender por bem.
- É exatamente o que acontece hoje com quem não tem papel passado nenhum.
Primeiro, é preciso declarar que são casados; mas sucessivamente, é preciso
desconstituir – ação de reconhecimento e dissolução de união estável. Para tal,
necessário pedir várias tutelas antecipadas: a) separação de corpos com medida
restritiva; b) alimentos; c) regulamentação de guarda. A diferença, é que agora tudo
virou poder geral de cautela.
- Então para onde foram as assegurações em direito de família? Todas viraram tutelas
antecipatórias. Só existe uma tutela cautelar que continua sendo tutela cautelar:
arrolamento de bens.
- O divórcio nada mais é que uma desconstituição com uma série de tutelas
antecipadas a elas inerentes, já que são ações com um relacionamento diferido no
tempo.
Inciso I: Essa é a verdadeira ação revisional, que na verdade é uma ação reconstitutiva.
Pensão alimentícia é relação diferida no tempo. Assim como o aluguel. Se houver
alteração na situação fática ou jurídica, pode revê-la.
- O que sobrou do Livro IV do CPC de 1973, veio para um capítulo dentro do Livro I da
Parte Especial do Novo Código. Então, materialmente, os procedimentos especiais
continuam sofrendo dos mesmos males: incompatibilidade com o processo de
conhecimento.
1. Cumulados
a) Cumulados Simples (A + B)
b) Cumulados Sucessivos (A tem que sobreviver, para que se aprecie B)
2. Alternativos (A ou B)
3. Sucessivos (A se inviabiliza; então, B)
Art. 292, § 2º, do CPC: “É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo
réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. § 1o São requisitos de
admissibilidade da cumulação: I - que os pedidos sejam compatíveis entre si; II - que
seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - que seja adequado para todos
os pedidos o tipo de procedimento. § 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo
diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o
procedimento ordinário.”
- Então o inventário não é compatível o art. 292, CPC. Mas quase todos os outros o
são, principalmente os 6 ou 7 procedimentos especiais que vão permanecer como tal
no Novo Código de Processo Civil. Eles eram procedimentos que já estão previstos no
CPC de 73 ou então vieram de legislação extravagante (por exemplo, a avaliação de
avaria grossa é uma das ações mais antigas do Código Comercial de 1850).
- De 1939 para 1973, vários procedimentos foram extintos. De 1973 para 2014, vários
outros procedimentos serão extintos. A grande dúvida é se a monitória fica ou sai (que
foi uma contramão na história, o único procedimento especial criado de 1990 pra cá).
Há aí nitidamente um saudosismo.
- Os artigos 1.076 e seguintes, do CPC, até o art. 1.102, foram todos revogados. Havia
nitidamente um movimento processual.
Exemplo: mandado de segurança não tem a menor congruência com o CPC. Nem a
coisa julgada a ele se aplica. Então ele não é pra estar no código.
- Por que, então, que não se compatibilizam se essa é uma tendência? Por que incluir a
avaliação de avaria grossa? Por três motivos:
Tradição
Incompatibilidades Procedimentais
1. A Tradição
Art. 927, CPC 1973: “Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou
o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a
continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da
posse, na ação de reintegração.”
- Em 1930, isso podia parecer altamente alienígena. Mas hoje, sabe-se que é uma
tutela antecipatória de cunho altamente satisfativo.
- O que há, aí, então, é apenas e tão somente uma aresta que não se compatibilizava
com o sistema de 1973. Mas o nome dessa aresta hoje é “tutela satisfativa”. Hoje já há
a previsão doutrinária desse tipo de ação (auto-executiva), já há a previsão da tutela, e
aplica-se, quanto ao mais, o procedimento ordinário.
- Mas, mesmo assim, por uma questão de tradição, o Fux resolveu que as três ações
continuariam com procedimento especial. Mas o STJ já decidiu que mesmo as ações de
força velha resolvem-se com tutela antecipatória.
- A tutela antecipatória da ação possessória até 1994 era um obstáculo. Até hoje
existem outros tipos de obstáculo que não se consegue definir processualmente (a
ciência processual não se desenvolveu o suficiente para abranger tais procedimentos
especiais).
- Por exemplo, a ação monitória: é a ação com base em prova escrita, não classificável
como título executivo extrajudicial, emanada do próprio devedor, portanto, que
viabilizar um procedimento sumário cognitivo.
- Na actio duplex, por ser direcionada a um único direito material, ou ele pertence ao
polo ativo ou ao passivo. Então a contestação, na realidade, também é uma pretensão
– essa é uma característica que o processo civil não conseguiu absorver.
- No processo civil, se o réu quiser reivindicar algo, precisa fazer reconvenção (ação
dentro da ação, invertidos os polos). E isso é naturalmente ínsito ao procedimento
especial.
- Fica bem claro, portanto, que essa característica denominada actio duplex ou judicia
duplicia, típica da teoria imanentista, impede a ordinalização de determinados
procedimentos especiais.
- Na realidade, o próprio Fux plantou a solução para esse problema. A reconvenção vai
acabar enquanto ação autônoma; ela vai virar um capitulo da contestação. Ora, o que
é a actio duplex sob o ponto de vista procedimental? Como ela se manifesta no mundo
físico?
Art. 922, CPC 1973: “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido
em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.”
Art. 278, § 1º, CPC: “Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria
audiência, resposta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol de
testemunhas e, se requerer perícia, formulará seus quesitos desde logo,
podendo indicar assistente técnico. (Redação dada pela Lei nº 9.245, de
26.12.1995) § 1º É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor,
desde que fundado nos mesmos fatos referidos na inicial. (Redação dada pela
Lei nº 9.245, de 26.12.1995)”
- Fica bem claro que o conceito de reconvenção está sendo mutacionado para um
novo tipo de contraposição de pedidos que permite a absorção do fenômeno da actio
duplex.
Qual seria então a diferença entre o pedido contraposto e a actio duplex? Esta é uma
conexão pelo direito material, enquanto aquele (pedido contraposto) se conecta à ação
pela relação de fato.
Exemplo: eu bati no carro de ‘B’, mas B foi culpado; faço um pedido contraposto –
mesmo eixo fático. É uma limitação, mas é uma evolução que permitiu ao Didier pegar
o pedido contraposto, o nome ‘reconvenção’ e absorver boa parte das actio duplex.
- Fica claro que a ciência processual cria os seus instrumentos. Isso seria inadmissível
há uns anos atrás.
- A multa do 475-J só agrava ainda mais uma situação de política neoliberal. Só torna o
sujeito mais insensível ao dispêndio de dinheiro.
§ 2º: o réu não consegue título executivo no Livro I. No Livro I, hoje, o réu só consegue
título executivo com a reconvenção.
- O devedor tinha que na inicial comprovar essa mora accipiendi; e como comprovar a
mora do credor? Isso era muito difícil.
- As coisas não eram resolvidas por caução, por tutela antecipatória, de uma forma
unilateral e rápida. Então, por tradição, manteve-se a consignação em pagamento.
Art. 890, CPC: “Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro
requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa
devida. § 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou
terceiro optar pelo depósito da quantia devida, em estabelecimento bancário,
oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção
monetária, cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção, assinado
o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. (Incluído pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994) § 2º Decorrido o prazo referido no parágrafo anterior,
sem a manifestação de recusa, reputar-se-á o devedor liberado da obrigação,
ficando à disposição do credor a quantia depositada. (Incluído pela Lei nº 8.951,
de 13.12.1994) § 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao
estabelecimento bancário, o devedor ou terceiro poderá propor, dentro de 30
(trinta) dias, a ação de consignação, instruindo a inicial com a prova do
depósito e da recusa. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994) § 4º Não
proposta a ação no prazo do parágrafo anterior, ficará sem efeito o depósito,
podendo levantá-lo o depositante. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)”
§ 2º: presunção iuris tantum. Eu movo uma notificação, notifico o devedor; se este
silenciar, presume-se que eu estou liberado. Se o devedor resolver entrar com ação de
§ 3º: é preciso ter a recusa para mover a ação de consignação? Não, porque eu posso
querer a liberação e essa presunção não adianta de nada.
- Então, seja por tradição, seja por incompatibilidade procedimental, essa fase
extrajudicial inviabiliza a ordinalização do processo.
Art. 899, CPC: “Quando na contestação o réu alegar que o depósito não é
integral, é lícito ao autor completá-lo, dentro em 10 (dez) dias, salvo se
corresponder a prestação, cujo inadimplemento acarrete a rescisão do
contrato. § 1o Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde
logo, a quantia ou a coisa depositada, com a conseqüente liberação parcial do
autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. (Incluído pela
Lei nº 8.951, de 13.12.1994) § 2o A sentença que concluir pela insuficiência do
depósito determinará, sempre que possível, o montante devido, e, neste caso,
valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a execução nos
mesmos autos. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)”
Declaratória (quitação)
Condenatória
Art. 895, CPC: “Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o
pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos que o disputam para
provarem o seu direito.”
- Como o STJ entende que prescrição em execução já movida não cabe (fica pendente
para sempre, ainda que não se encontrem bens penhoráveis), ‘A’ considerou que uma
das execuções não tinha sido extinta. Então, moveu ação de consignação em
pagamento contra ‘B’ e contra o credor da execução, depositando o valor em juízo. ‘A’
fez isso para que não se aplicasse o § 1º, do artigo 899, CPC.
Art. 899, CPC: “Quando na contestação o réu alegar que o depósito não é
integral, é lícito ao autor completá-lo, dentro em 10 (dez) dias, salvo se
corresponder a prestação, cujo inadimplemento acarrete a rescisão do
contrato. § 1º Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde
logo, a quantia ou a coisa depositada, com a conseqüente liberação parcial do
autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. (Incluído pela
Lei nº 8.951, de 13.12.1994) § 2º A sentença que concluir pela insuficiência do
depósito determinará, sempre que possível, o montante devido, e, neste caso,
valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a execução nos
mesmos autos. (Incluído pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)”
Art. 898, CPC: “Quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva
legitimamente receber, não comparecendo nenhum pretendente, converter-se-
á o depósito em arrecadação de bens de ausentes; comparecendo apenas um, o
- Todos os títulos têm que ser nominativos. Não há sentido lógico em procurar o
pregão da bolsa de valores (resto do exemplo).
- É uma ação que decorre em virtude de alguma relação subjacente (que não precisa
ser declarada, portanto – por exemplo, ação contra síndico, ação contra o sócio). Esse
tipo de relação societária lato sensu, essa relação associativa, permite que haja a
chamada legitimação para uma ação de prestação de contas.
- Pelo fato de ela ser uma ação bilateral, que pode ser tanto prestada, quanto exigida,
é possível enxergar a actio duplex. Mas a prestação de contas é típica situação clara de
- Então a prestação de contas é uma ação típica para quem tem uma relação jurídica
subjacente, em primeiro lugar; tem legitimação bilateral (tanto pode ser prestada
quanto exigida) – e aí que surge a actio duplex. Ao ser prestada, a pretensão é
declaratória; ao ser exigida, declaratória.
Declaratória
Condenatória
Art. 915, CPC: “Aquele que pretender exigir a prestação de contas requererá a
citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, as apresentar ou contestar a
ação. § 1º Prestadas as contas, terá o autor 5 (cinco) dias para dizer sobre elas;
havendo necessidade de produzir provas, o juiz designará audiência de
instrução e julgamento; em caso contrário, proferirá desde logo a sentença. §
2º Se o réu não contestar a ação ou não negar a obrigação de prestar contas,
observar-se-á o disposto no art. 330; a sentença, que julgar procedente a ação,
condenará o réu a prestar as contas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob
pena de não Ihe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. § 3º Se o réu
apresentar as contas dentro do prazo estabelecido no parágrafo anterior,
seguir-se-á o procedimento do § 1o deste artigo; em caso contrário, apresentá-
las-á o autor dentro em 10 (dez) dias, sendo as contas julgadas segundo o
prudente arbítrio do juiz, que poderá determinar, se necessário, a realização do
exame pericial contábil.”
- Numa análise crítica dos procedimentos especiais, é possível encontrar nas próprias
ações possessórias, consignação em pagamento, etc, um elemento que poderia
tranquilamente implicar na absorção pelo processo de conhecimento – e só não o são
em virtude da tradição.
POSSE PROPRIEDADE
1973
Possessórias Divisória
Ameaça Demarcatória
Turbação Usucapião
Art. 966, CPC: “Assinado o auto pelo juiz, arbitradores e agrimensor, será
proferida a sentença homologatória da demarcação.”
- Eu só posso dividir o que é meu. Para todas as outras situações, há a possessória. Por
isso, por mais que se consiga resolver as demarcatórias pelo rito ordinário, ela nunca
vai se compatibilizar, porque a sentença do juiz possui cunho homologatório (não
obedece ao art. 269, CPC).
- Quanto às POSSESSÓRIAS, há três ações para três situações fáticas – mas elas são
absolutamente irrelevantes.
- Não há o princípio da adstrição ao pedido. Pode ser que, quando você ajuizou a ação,
os caras estavam só ameaçando; no curso da ação, invadiram.
Art. 932, CPC: “O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser
molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou
esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu
determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito.”
Art. 922, CPC: “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em
sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.”
- É a actio duplex.
Art. 928, CPC: “Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá,
sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique
previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for
designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não
- Como a prova documental não foi suficiente, tem que arrolar testemunhas para
proceder a uma justificação prévia. E aí só depois disso é que começa o prazo para
contestar.
OBS! Nas ações possessórias, tem que haver descontinuidade da posse. Porque se eu
nunca tive posse, a ação cabível é imissão na posse. Se eu nunca tive a posse, mas
tenho título de propriedade – não é ação reivindicatória; é ação declaratória de
propriedade.
Exemplo: um fazendeiro de uma cultura de gado – tem uma técnica especial de criação
e gado. Um segundo pretendente pretende comprar sua fazenda, mas quer fazer um
test drive – quer conhecer a fazenda. O fazendeiro autoriza que essa pessoa entre na
fazenda e conviva com o pessoal, com as técnicas. Depois de um tempo, eis que esse
pretenso comprador chama os amigos e toma a fazenda pra ele. Ele tem em mãos
vários e-mails nos quais estava negociando com o proprietário e tem um início de
prova escrita demonstrando que estava comprando a fazenda. Até havia entregado
dinheiro, mas não se sabe ao certo quanto. É um esbulho – então a ação cabível é
reintegração de posse.
- Existe apenas uma exceção, prevista na súmula 487, STF: quando duas pessoas
brigam pela posse, ambas com base na propriedade. Ambas tem escrituras, ambas tem
comprovações de posse de lado a lado, mas, no fundo, ambas demandam a posse com
base na propriedade.
- É uma tutela. Entrega de coisa – art. 461-A, do CPC – ou pagamento, onde teria uma
prova inequívoca. Já existia a tutela antecipatória.
Art. 1.102-C, CPC: “No prazo previsto no art. 1.102-B, poderá o réu oferecer
embargos, que suspenderão a eficácia do mandado inicial. Se os embargos não
forem opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial,
convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo e prosseguindo-se na
forma do Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
11.232, de 2005) § 1º Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e
honorários advocatícios. (Incluído pela Lei nº 9.079, de 14.7.1995) § 2º Os
embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos
próprios autos, pelo procedimento ordinário. (Incluído pela Lei nº 9.079, de
14.7.1995) § 3º Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o
título executivo judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma
prevista no Livro I, Título VIII, Capítulo X, desta Lei.(Redação dada pela Lei nº
11.232, de 2005)”
Apelação
Juiz
Rito Ordinário
Inicial com
prova escrita
(prova emanada
do devedor)
- Então, a monitória, do jeito como foi concebida, não tem razão de ser.
- A monitória seria, nesse primeiro bloco de ações, por tudo e em tudo uma iniciativa
infeliz. Se os embargos cabíveis não tivessem efeito suspensivo nenhum, até poderia
ser eficaz. Quer embargar? Cauciona. Aí haveria um ganho de tempo; então 80% das
ações monitórias redundariam em um fim útil.
- Uma das grandes reformas processuais que o Brasil poderia ter era de mudar esse
estado de coisa.
- “a sentença pode ser modificada” desde que haja uma alteração na situação fático-
jurídica. Isso é um elemento inerente aos procedimentos especiais de jurisdição
voluntária.