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TEORIA DE VÔO DE ALTA

VELOCIDADE

Histórico

Nos anos 40, os aviões foram se tornando mais velozes e, em


decorrência disso, começaram a surgir fenômenos até então
desconhecidos dos engenheiros e construtores, passando a ser tratados
como “problemas de compressibilidade”. Em manobras de mergulho, a
grandes velocidades (próximas à velocidade do som) surgiam:

- Mudança de equilíbrio do avião (o avião se tornava pesado de


nariz); e

- Fortes vibrações na cauda e em todo o avião.

E, vez por outra, o piloto não obtinha respostas dos controles de


vôo (profundor e leme de direção). Alguns cientistas diagnosticaram o
problema como sendo “flutter” (vibração cíclica, de alta frequência).
Outros atribuíram esses fenômenos à compressibilidade o que foi
confirmado e corrigido.
COMPRESSIBILIDADE E INCOMPRESSIBILIDADE

Uma substância é considerada compressível quando ao se


lhe aplicar pressão o volume diminuir; e incompressível, se o
contrário. Na prática, os líquidos e sólidos são considerados
incompressíveis, pois somente quando submetidas a pressões
muito elevadas reduzem, mesmo que minimamente, seus
volumes a valores insignificantes; e os gases, ao contrário,
sofrem significativas redução de volume quando pressionados.
Daí, pode-se dizer que os gases são substâncias compressíveis.
PONTO DE ESTAGNAÇÃO

É um ponto do aerofólio no qual a velocidade dos filetes de ar


é zero e a pressão é máxima. Nas baixas velocidades a variação
de pressão e densidade nesse ponto é pequena e, portanto, o
efeito da compressibilidade é desprezível; ao contrário, nas altas
velocidades, sofrem grandes variações e por isso passa a ser
considerado compressível.
A partir de que valor pode-se definir o limite de “alta” e “baixa”
velocidade? A maior parte das publicações que tratam do assunto
considera como 250kt o limite de “baixa” e “alta” velocidade.
VELOCIDADE DO SOM

Na verdade, o som é uma série de impulsos de pressão que


chegam aos nossos ouvidos em determinada frequência. Um avião
em deslocamento também produz pequenos impulsos de
pressão os quais nada a têm ver com compressibilidade, exceto a
velocidade com que se propagam. Assim, para serem
transmitidos, necessitam de um meio, no caso o ar atmosférico,
onde possa ser comprimido e então propagado. A velocidade
de propagação do som no ar depende apenas da temperatura
segundo a fórmula:

Fórmula

(1:1)

a – velocidade do som na temperatura absoluta T


a0 - velocidade do som na temperatura absoluta T0
ɵ = T/T0

Exemplificando - a velocidade do som nas condições ISA - nível do mar, é


340,29 m/s. Nas condições ISA 30.000 pés (t = -44,4°C), a velocidade do
som será:
√273−44⋅44
a = 340,29
= 303,15 m/s
273+15
IMPULSOS DE PRESSÃO

Escoamento subsônico

Escoamento supersônico
NÚMERO de MACH (cientista austríaco)

É a relação entre a velocidade do avião (TAS) e a velocidade


do som a uma mesma temperatura. É, portanto, um número
adimensional. Mach 1.0, por exemplo, significa 100% da
velocidade do som; e Mach 0.70, 70% da velocidade do som.

Fórmula (1.2)

Segundo o número de Mach os vôos podem ser classificados


em:

Subsônicos - M < 0,75;


Transônicos – 0,75 < M < 1,2;
Supersônicos –1,2 < M < 5; e
Hipersônicos - > 5.
MACH CRÍTICO

Para produzir sustentação os filetes de ar, ao passarem


pelo extradorso, aceleram devido à curvatura do aerofólio e em
alguns pontos a velocidade é mesmo superior à velocidade de
deslocamento do avião. Se aumentarmos a velocidade do avião
pode ocorrer que em algum ponto da asa (próximo à fuselagem)
a velocidade desses filetes de ar atinjam a velocidade do som.
Quando isso ocorrer a velocidade do avião (em número Mach) é
chamada Mach Crítico.
ONDAS DE CHOQUE

Se aumentarmos a velocidade do avião acima do Mach crítico,


em alguns pontos, os filetes de ar estarão em velocidades
supersônicas e em outros permanecerão subsônicas. A
passagem do regime subsônico para supersônico é suave,
entretanto de supersônico para subsônico surge a “onda de
choque”.

CAMADA LIMITE

É a camada imediatamente adjacente à superfície do aerofólio


onde ocorre a desaceleração dos filetes de ar devido a
viscosidade.
CONSEQUÊNCIAS DA ONDA DE CHOQUE

1 – ESTOL DE COMPRESSIBILIDADE

O estol de um aerofólio ocorre devido a perda de energia dos


filetes de ar quando experimentam os efeitos da viscosidade da
“camada limite”. Com essa perda de energia se “descolam” do
aerofólio antes de atingirem o bordo de fuga e, com isso, a
sustentação diminui e o arrasto aumenta. Com a onda de
choque ocorre efeito semelhante e existe uma correlação
significativa entre elas. Quando a onda de choque for de valor
elevado acima do MACH crítico, o aumento da espessura da
camada limite causará um descolamento dos filetes de ar,
provocando, com isso, redução da sustentação e aumento do
arrasto. Entretanto, os efeitos desse tipo de estol são de menor
intensidade que os subsônicos. Os aviões que voam em regimes
transônicos estão sujeitos aos “buffet” de alta e de baixa
velocidades.
DESENHO fig. 10 limite de “BUFFET”

2 – “TUCK UNDER” (Tendência de Picar)

A causa principal é o deslocamento do centro de pressão (CP)


para trás.
PROBLEMAS DE CONTROLE DA AERONAVE

Como os problemas de controlabilidade só apareceram


próximo ao MACH crítico os construtores desenvolveram
métodos para melhorá- los, a saber:

1 - ENFLEXAMENTO DAS ASAS


2 – CONSTRUÇÃO D PERFIS SUPERCRÍTICOS

a – maior raio do bordo de ataque;

b - curvatura do extradorso mais suave; e

c - curvatura em “s” próximo ao bordo de fuga


3 - REGRA DE ÁREA

“ O menor arrasto nos regimes transônicos e subsônicos


é obtido quando as áreas das seções retas do avião ao longo
do eixo longitudinal podem ser projetadas num corpo de
revolução que não apresenta mudanças abruptas de seção ao
longo do seu comprimento”

Se for traçado um gráfico de área da seção reta ao longo do


comprimento, a curva resultante é contínua.
4 – GERADORES DE VÓRTICES

São pequenas asas montadas na superfície da asa, em


determinados ângulos de ataque, cuja finalidade é produzir
vórtices que transferirão energia aos filetes da camada limite,
evitando seus descolamentos.
5 - Número de Mach

Número de Mach é a razão entre a velocidade da aeronave em relação ao


ar (velocidade aerodinâmica) e a velocidade do som nas condições ambientais.
A velocidade do som é função da temperatura do ar externo.

Quanto mais alto o voo, menor é a temperatura do ar externo e, portanto, menor é


a velocidade do som.

VA Velocidade aerodinâmica ( m / s )
M = -------------- = ------------------------------------------------------------------------------
Vel. Som Velocidade do som nas condições de vôo ( m / s )

• Velocidade do som

MSL 1013,2 hPa 15 ºC = 340,4 m/s = 1225,46 km / h

A velocidade do som é uma função da temperatura.

Variação de velocidade do som para cada 1 ºC = 2ft/s 1 ºC = 0,6096 m / s

Variação de temperatura = 0,0019812 ºC/ft ( aproximadamente 2 ºC / 1.000 ft )

Exemplo de cálculo 1:

Calculando a velocidade do som no FL 100 (10.000 ft):

- Ação da temperatura - 0,0019812 ºC x 10.000 ft = 19,812 ºC

1 ºC ----------------- 0,6096 m / s
19,812 ºC --------- x

X = 12,07 m/s (variação de velocidade)


340,4 m / s – 12,07 m / s = 328,33 m / s no FL 100

A velocidade do som pode também ser calculada pela fórmula:

𝑇
VSOM = 340,4 x √
288

RQ = raiz quadrada
T = temperatura do ar em K

Calculando a velocidade do som no FL 100:

T = 15 – ( 0,0019812 x 10.000 ) = - 4, 812 °C = - 4,812 + 273,15 = 268,33 K


Exemplo de cálculo 2:

Considerando a velocidade do som ao NMM, condição ISA de 340 m/s, à


2500 pés com -36°C, a velocidade aproximada será:
1) 306 m/s;
2) 318 m/s;
3) 301 m/s;
4) 324 m/s;

VA Velocidade aerodinâmica ( m / s )
M = -------------- = ------------------------------------------------------------------------
Vel. Som Velocidade do som nas condições de voo ( m / s )

Velocidade do som:

MSL 1013,2 hPa 15 ºC = 340,4 m / s = 1225,46 km / h

A velocidade do som é uma função da temperatura.

Variação de velocidade do som para cada 1ºC = 2 ft/s - 1ºC = 0,6096 m/s
Variação de temperatura = 0,0019812 ºC/ft (aproximadamente 2 ºC / 1.000 ft)

Observe que para realizar este cálculo, existem alguns parâmetros fixos, que
são:

1ºC = 0,6096 m/s


Velocidade: 340 m/s
Variação de temperatura = 0,0019812 ºC/ft

0,0019812 x 2500 pés = 4,953 ºC (arredondando 5ºC)

1ºC ----------- 0,6096 m/s


5ºC---------- X

5ºC x 0,6096 = 3,048

A sua velocidade será de 304,8 m/s

A resposta mais próxima é a alternativa (A) que é 306 m/s


A velocidade do som pode também ser calculada pela fórmula:

T
vSOM = 340,4 RQ ( ---------- )
288,15

T 273 -35 238


vSOM = 340,4 RQ (----------) = 340,4 RQ (-------------) = ------- = 0,826
288,15 288,15 288

RQ 0,826 = 0,90

vSOM = 340,4 x 0,90


vSOM = 306 m/s

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