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TRÊS FASES DA TEORIA CEPALINA:


UMA ANÁLISE DE SUAS
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES
AO PENSAMENTO ECONÔMICO
LATINO-AMERICANO
Ulisses Pereira dos Santos*
Francisco Horácio Pereira de Oliveira**

Resumo
esumo: A segunda metade do século XX foi um período de intensas transformações na economia
internacional, com muitas inovações teóricas no campo da ciência econômica. Neste contexto, surgi-
ram as principais formulações teóricas dos pesquisadores da CEPAL. Os vários conceitos formulados
pelos cepalinos visaram o entendimento dos problemas relacionados ao subdesenvolvimento econô-
mico. Este trabalho objetivou reunir os principais conceitos teóricos formulados pelos cepalinos, sen-
do estes o da deterioração dos termos de troca, inflação, heterogeneidade estrutural e análise sobre a
tecnologia nas estruturas subdesenvolvidas. Para isto tais conceitos foram dispostos em três fases
visando explicitar a evolução cronológica do pensamento formulado na CEPAL: gênese, afirmação e
renovação do pensamento cepalino. Concluiu-se que há necessidade de se relembrar a contribuição
cepalina, a qual pode ser considerada uma teoria do subdesenvolvimento econômico.
Palavr
alavr as-cha
as-chavve: CEPAL. América Latina. Subdesenvolvimento. Desenvolvimento econômico.
vras-cha

Abstr ac
actt: The second half of the twentieth century was a period of changes in the world economy and
Abstrac
also in the economics science. It was in this context which appeared the main contributions of ECLAC
researchers to the economic theory. Most of the concepts formulated by these researchers were about
the problems of the underdeveloped economies. The paper aims to join the main concepts, like the
trade terms deterioration, the structural inflation and structural heterogeneity and the analysis about
technology in the periphery. These concepts were structured in three phases that describe the evolu-
tion of the ECLAC thought time, this are the genesis, the affirmation and the renewal of the ECLAC’s
though. The paper’s purpose is to remember the ECLAC’s contributions to the economics theory,
which may be consider a theory of economic underdevelopment.
Key-wor
y-words
ords
ds: ECLAC. Latin América. Economic development.Underdevelopment.
JEL classif ication
classification
ication: B2, History of economic thought since 1925. O1, Economic development. O54, Latin America;
Caribbean.

* Mestrando em Economia pelo CEDEPLAR/UFMG. E-mail: ulisses@cedeplar.ufmg.br.


** Mestre em Economia pelo CEDEPLAR/UFMG e Professor do Departamento de Economia da UFMG. E-mail: chico@cedeplar.ufmg.br.

Análise, Porto Alegre, v. 19, n. 2, p. 4-17, jul./dez. 2008


Três fases da Teoria Cepalina 5
1 Introdução mas econômicos dos países dessa região, através
As contribuições teóricas formuladas pelos de estudos empíricos, visando sugerir políticas eco-
cepalinos são aqui apresentadas como constituindo nômicas (Moraes, 1995). A tônica das formulações
uma teoria do subdesenvolvimento econômico; esta cepalinas foi determinada, sobretudo, pelo contex-
visou compreender os principais problemas e ca- to histórico do surgimento dessa instituição. Nesse
racterísticas dos países que formam a periferia do sentido, As idéias formuladas pelos cepalinos bus-
sistema econômico internacional. Logo, este artigo caram identificar tanto os problemas resultantes da
constitui uma resenha dos principais argumentos tardia industrialização da periferia, impulsionada no
cepalinos, os quais solidificaram as bases para a pós segunda guerra, como suas raízes provenientes
constituição e desenvolvimento do pensamento es- de períodos históricos anteriores, como a revolução
truturalista latino-americano ao longo do século XX. industrial, no século XVIII, e seus desdobramentos
Propõe-se, então, uma tentativa de identificar o de- sobre a evolução do capitalismo mundial. Desse
senvolvimento de tais argumentos em três etapas, modo, os técnicos da Cepal, como formuladores de
de acordo com a evolução temporal entre as déca- conceitos como deterioração dos termos de troca,
das de 1950 e 1990. Acredita-se que esta sistemati- inflação estrutural e heterogeneidade estrutural,
zação consegue reunir as principais idéias formula- entre outros (Bielschowsky, 2000 e Rodrigues, 1981),
das por esta instituição a partir da segunda metade tiveram contribuição inquestionável para o surgi-
do século XX, pois abrange a gênese, a afirmação e mento de uma teoria do subdesenvolvimento eco-
a renovação das idéias dessa instituição. nômico. Nesse sentido, “[a CEPAL] não só tornou-
Para isto, o texto é dividido em cinco se- se uma referência indispensável quando se falava
ções, além desta introdução e da conclusão. A se- de América Latina, como também desenvolveu uma
gunda seção do trabalho constitui uma apresenta- teorização própria, na qual combinou-se de forma
ção geral da CEPAL e de sua teoria. A seção três consistente um bom número de inovações concei-
inicia a linha histórica do desenvolvimento da te- tuais” (Bielschowsky, 2000, p. 25).
oria cepalina, tratando da sua primeira grande con- Pode-se identificar que a evolução das idéias
tribuição à ciência econômica, a “teoria da deteri- básicas dessa teoria cepalina do subdesenvolvimen-
oração dos termos de Troca”. Essa seção trata da to caminhou de acordo com a realidade econômica
gênese do pensamento cepalino. A quarta seção dos países latino-americanos. Ou seja, à medida que
dá seguimento a esta linha histórica abordando a esses países se industrializavam e apresentavam
“versão industrialização” da teoria dos termos de novos problemas internos relacionados ao seu pa-
troca e os conceitos de inflação estrutural e hete- drão de desenvolvimento, a teoria cepalina se ade-
rogeneidade estrutural que comporiam a fase da quava de modo a diagnosticar e resolver os dese-
afirmação do pensamento da Cepal. Finalizando a quilíbrios apresentados por essas economias. Logo,
organização temporal das contribuições cepalinas, argumentos e conceitos teóricos formulados pelos
a seção cinco trata do enfoque sobre tecnologia e cepalinos expressam a atualidade do período em
desenvolvimento nos países subdesenvolvidos, que que foram concebidas. Dessa forma, pode-se traçar
surgiu como uma agenda renovada no debate da uma linha histórica com as principais idéias dos
Cepal e por isto pode ser identificada como uma teóricos cepalinos, a qual partiria da teoria da dete-
fase de renovação deste. rioração dos termos de troca das décadas de 1940 e
1950, chegando à abordagem sobre tecnologia da
2 Surgimento e teoria da CEPAL
CEPAL década de 1990. Acredita-se que esta linha históri-
A Comissão Econômica Para América Latina ca pode ser pensada em três etapas que contém as
e Caribe (CEPAL) é um órgão das Nações Unidas, principais contribuições dos cepalinos na formação
criado em 1948, para buscar soluções para proble- da teoria do subdesenvolvimento.

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Nesse sentido, a partir da análise relaciona- lhos dos cepalinos, sendo derivada do termo “infla-
da à deterioração dos termos de troca a nascente ção estrutural”. Assim, esta pode ser considerada a
Cepal, de fins da década de 1940 e da década de fase de afirmação do pensamento cepalino.
1950, parte de um estágio em que a solução-chave A questão tecnológica toma real significân-
para conter os desequilíbrios relacionados ao de- cia durante a década de 1990. O contexto desta nova
senvolvimento das economias periféricas é a indus- fase no debate cepalino apresenta a conquista da
trialização. Sendo esta: “[n]ão a industrialização es- estabilização monetária a custas de rigorosas polí-
pontânea que se vinha desenvolvendo induzida por ticas de contenção fiscal por alguns dos países lati-
sucessivas crises no balanço de pagamentos, mas no-americanos, sendo que este período também
sim uma industrialização capaz de manter-se em abarcou uma série de reformas, incluindo privatiza-
ritmo intenso e em condições de eficiência ções e medidas com vistas à liberalização comerci-
máxima”(Rodriguez et al., 1995, p. 94-95). Essa vi- al e financeira. Neste contexto, a Cepal propôs uma
são foi a predominante nos primeiros trabalhos da nova agenda desenvolvimentista que não contra-
Cepal, sendo derivada das análises referentes ao riou as reformas pelas quais passaram os latino-ame-
comércio internacional e seus resultados para os ricanos, e que em muitos casos se vinculou a estas
países centrais e periféricos. Estas análises deram (Bielschowsky, 2000). A nova orientação cepalina,
origem à teoria da deterioração dos termos de tro- que deu origem ao neoestruturalismo, consiste na
ca. Esta temática foi a base das discussões cepali- proposta de transformação produtiva com eqüida-
nas entre o fim da década de 1940 e se concentran- de. Logo, as palavras de ordem no âmbito da nova
do na maior parte dos anos de 1950, constituindo, contribuição cepalina foram progresso técnico e
assim, a primeira fase da produção teórica cepali- competitividade internacional. Essa nova orienta-
na. Esta fase pode ser identificada como a fase da ção cepalina buscou se adequar ao quadro vigente
gênese do pensamento da Cepal. na América Latina, onde as principais economias já
A partir da inserção da indústria na periferia apresentavam estagnados seus processos de subs-
e dos conseqüentes problemas estruturais causa- tituição de importações com utilização de tecnolo-
dos pela falta de planejamento e estrutura em tais gias defasadas frente ao desenvolvimento tecnoló-
economias, a Cepal iniciou uma nova fase que vai gico internacional. Em tal situação os países latino-
de fins da década de 1950 até a década de 1970. americanos já industrializados poderiam ser identi-
Nesta fase, os focos de análise foram os problemas ficados como uma nova periferia, não mais somen-
que obstruíam o desenvolvimento econômico dos te produtora e exportadora de bens de consumo pri-
países periféricos, a partir do processo de industri- mários, mas também de produtos industrializados
alização que já se intensificara naquele período em de qualidade e tecnologia inferiores àqueles produ-
alguns países da América Latina. Assim, surgiram zidos pelos países centrais. Esta terceira e última
as teses cepalinas a respeito da inflação e da hete- fase pode ser considerada como a fase da renova-
rogeneidade estrutural. Estas novas contribuições ção do pensamento da CEPAL.
tiveram importância especial ao considerarem es- Assim, podem-se organizar as idéias cepali-
pecificidades presentes nos países subdesenvolvi- nas, seguindo uma linha histórica, como a que se
dos para a compreensão de seus problemas econô- tentou aqui traçar, a partir da teoria da deteriora-
micos fazendo, desta forma, frente às teorias e polí- ção dos termos de troca, dos anos de 1950, até a
ticas econômicas produzidas nos países centrais, as análise sobre evolução tecnológica, da década de
quais se caracterizaram pela generalização de di- 1990. A seguir, os principais argumentos cepali-
agnósticos e das medidas corretivas. Durante esta nos, constitutivos da teoria do subdesenvolvimen-
segunda fase a denominação “estruturalismo” é uti- to econômico.
lizada pela primeira vez como referência aos traba-

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3 Gênese do pensamento da CEP AL:
CEPAL: A abordagem contábil é relacionada à evolu-
teoria da deterioração dos termos de troca ção das produtividades e renda no centro e na peri-
feria ao longo dos anos. Em outras palavras: “[...]
Durante muito tempo tomou-se como válida não se propõe a investigar as causas da mesma [de-
a idéia da divisão internacional do trabalho. Esta terioração dos termos de troca], e sim as suas signi-
idéia foi base para que a economia global se orien- ficações em termos de renda: as razões pelas quais
tasse de forma tal que alguns países se industriali- tal fenômeno implica a diferenciação do nível de ren-
zassem, o centro, enquanto outros restringissem seu da real média entre os centros e a periferia” (Rodri-
desenvolvimento à produção de bens primários, a guez, 1981, p.51).
periferia. O comércio entre os países produtores de Sabe-se que ao longo dos anos a indústria
bens primários e de bens industriais seria o respon- desfrutou de uma proporção muito maior de inova-
sável por levar os ganhos de eficiência para os dois ções técnicas que a produção primária (Prebisch,
lados do sistema econômico. Neste contexto: 1949), e segundo a idéia que sustentou a divisão
É certo que o raciocínio concernente aos be- social do trabalho, esta maior introdução de inova-
nefícios econômicos da divisão internacional
do trabalho é de incontestável validade teóri-
ções na indústria decorreria em aumentos da pro-
ca. Mas é comum esquecer-se que ele se ba- dutividade do trabalho neste setor o que levaria a
seia numa premissa que é terminantemente uma diminuição de seus preços, de acordo com as
desmentida pelos fatos. Segundo esta premis-
sa, os frutos do progresso técnico tendem a se hipóteses econômicas então vigentes. Neste con-
distribuir de maneira eqüitativa por toda a co- texto, a maior lentidão com que ocorre o progresso
letividade, seja através da queda dos preços,
seja através do aumento correspondente da técnico na periferia, em relação ao centro, levaria a
renda (Prebisch, 1949, p. 71). uma situação onde os preços industriais cairiam mais
Foi a partir da não validade desta premissa rapidamente do que os preços dos bens primários
que Prebisch desenvolveu a teoria da deterioração criando, assim, uma situação cômoda aos países
dos termos de troca. Segundo a qual, a industriali- periféricos (CEPAL, 1949; Prebisch, 1949). Ou seja,
zação tardia da América Latina, principalmente após enquanto o centro se beneficiaria da maior produti-
a Segunda Grande Guerra Mundial, resultou dos vidade proporcionada pelo progresso tecnológico a
desequilíbrios gerados pela distribuição não eqüi- periferia passaria a desfrutar deste mesmo progres-
tativa dos frutos do progresso tecnológico entre pa- so tecnológico do centro através da relação de pre-
íses. Prebisch identificou que os benefícios do pro- ços.
gresso tecnológico se concentraram no centro o que Neste contexto, esta proporcionaria uma dis-
trouxe à periferia perdas em termos de preços rela- tribuição eqüitativa da renda ao distribuir os gan-
tivos ao longo dos anos, contrariando a teoria que hos do progresso técnico entre as partes do comér-
deu base para a divisão internacional do trabalho. cio internacional; eliminaria a necessidade que pa-
As formulações teóricas a respeito da deteri- íses produtores primários produzissem bens indus-
oração dos termos de troca se orientaram em três triais, e que produtores industriais produzissem bens
abordagens: a abordagem contábil, a abordagem dos primários. Este processo chegaria à sua plenitude
ciclos e a abordagem conhecida como “versão in- com a especialização completa das economias, si-
dustrialização” (Rodriguez, 1981; Schwarzer, 1993). tuação na qual seria o centro completamente espe-
Estas diferentes versões não se contrapõem teori- cializado na produção de bens industriais e a peri-
camente, mas são complementares para o entendi- feria em bens primários. Assim, cada economia che-
mento das causas e efeitos da deterioração dos ter- garia o mais próximo possível da eficiência produti-
mos de troca na medida em que esta avançou ao va, sendo que ambas as partes do comércio exter-
longo dos anos. no partilhariam os ganhos do progresso técnico.

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Porém, como foi identificado por Prebisch, presários da periferia elevem a produção para au-
esse processo não ocorreu; pelo contrário, o autor mentar seus lucros.
identificou um processo oposto que decorreu ao lon- Porém, a fase descendente do ciclo econômi-
go dos anos em perdas para a periferia, mesmo com co traz conseqüências muito ruins para a periferia
a evolução tecnológica mais acentuada no centro. na medida em que, da mesma forma em que au-
Este autor verificou, através de uma série histórica mentam com maior rapidez na fase ascendente, os
que refletia a relação de preços entre os produtos preços primários tendem a cair de forma mais ace-
primários e industriais entre 1876 e 1947, que hou- lerada nesta fase. Isso ocorre devido às interações
ve queda significativa do poder de compra da peri- entre os empresários e os trabalhadores ao longo do
feria, o que favoreceu claramente aos países cen- ciclo econômico. Nesse sentido, o aumento da de-
trais (Prebisch, 1949). Ou seja, os preços dos produ- manda na fase ascendente converte-se em aumen-
tos industriais não caíram como se esperava em re- to na demanda por mão-de-obra e salários na peri-
lação aos preços dos produtos primários. Assim, a feria (CEPAL, 1949). Já a fase descendente demons-
renda do centro cresceu mais do que a sua produti- tra uma queda nos lucros, reflexo da pressão exer-
vidade; enquanto na periferia o processo foi oposto. cida pelo excesso de oferta e baixa demanda, ou
“Em outras palavras, enquanto os centros preserva- seja, a disparidade se inverte. Contudo, no centro
ram inteiramente o fruto do progresso técnico de esta queda nos lucros não é repassada diretamente
sua indústria, os países periféricos transferiram para aos salários, pela rigidez salarial, fruto da organiza-
eles uma parte do fruto do seu próprio progresso ção dos trabalhadores desses países; por outro lado,
técnico” (Prebisch, 1949, p. 83). Essa interpretação isso não ocorre na periferia:
do processo de deterioração dos termos de troca é A desorganização característica das massas tra-
conhecida como abordagem contábil, sendo apre- balhadoras na produção primária, especialmen-
te na agricultura dos países da periferia, impe-
sentada no Estudio Económico de America Latina de-as de conseguirem aumentos salariais com-
1949 (CEPAL, 1949). paráveis com os que vigoram nos países in-
A segunda forma de interpretar o processo dustrializados, ou de mantê-los com amplitu-
de similar. A contração da renda – seja ela sob
de deterioração dos termos de troca, a abordagem a forma de lucros ou salários –, portanto, é
dos ciclos, busca explicitar as causas do fenômeno menos difícil na periferia (Prebisch, 1949, p. 87).
da deterioração dos termos de troca (Rodriguez, Sabe-se que a maior parte do processo pro-
1981). Segundo esta abordagem, durante a fase as- dutivo ocorre no centro, onde os salários constitu-
cendente do ciclo há um aquecimento da deman- em a maior parte dos custos de produção (CEPAL,
da, que possibilita uma situação em que as rela- 1949). Porém, a já citada rigidez faz com que a pres-
ções de preço passam a favorecer os produtores de são sobre o lucro exercida no centro seja transferida
bens primários. Isso ocorre porque há uma dispari- para a periferia onde é mais fácil a contração dos
dade entre oferta e demanda, principalmente no caso custos de produção através da contração dos salári-
dos bens primários; há uma certa demora no ajuste os, face à desorganização sindical e à correspon-
da oferta após a modificação da demanda, elevan- dente falta de rigidez salarial, aliada à grande ofer-
do os preços desses bens em caso de aumento da ta de trabalhadores. Este último fator pode ser con-
procura. Com isto, a combinação entre demanda ele- siderado uma característica estrutural determinan-
vada e oferta com demora em se ampliar levaria a te para o sucateamento da renda interna nos perifé-
uma transferência da lucratividade dos centros para ricos e que, se não eliminada, tende a perpetuar a
a periferia através da maior velocidade com que ocor- deterioração dos termos de troca ao longo do tempo
rem os aumentos dos preços primários em relação nessas economias.
aos preços dos produtos industriais (Prebisch, 1949). Esta forma como o centro transfere a pressão
Este aumento da lucratividade faz com que os em- ocorrida na fase descendente do ciclo econômico

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para a periferia traz à tona a relação de subordina- disponível e contribui para que outra parte seja ab-
ção entre estas regiões, e entre as atividades exer- sorvida em atividades correlatas, como os transpor-
cidas nas mesmas. Este processo ocorre basicamen- tes e o comércio, que se desenvolveram paralela-
te via redução da demanda dos centros por bens mente a ela” (Prebisch, 1952, p. 185). Portanto, a
primários na fase descendente do ciclo econômico. teoria da deterioração dos termos de troca pede ser
Dado que as economias periféricas têm seu cresci- considerada o marco inicial da produção teórica ce-
mento sustentado pelo setor exportador que se vin- palina. As idéias de Prebisch, ao identificar um pro-
cula de forma direta à demanda internacional, um blema econômico inerente à condição periférica dos
baixo nível de demanda externa por produtos pri- latino-americanos, abriram as portas para o surgi-
mários decorre em vários efeitos negativos para a mento dessa teoria do subdesenvolvimento que se
economia. Além disso, a evolução das técnicas pro- desenrolaria ao longo da segunda metade do século
dutivas no centro, tais como técnicas de melhor apro- passado.
veitamento dos insumos e a utilização de materiais
sintéticos, possibilitou uma queda relativa da parti- 4 A nova deterioração dos termos de troca,
cipação dos produtos primários no valor dos produ- inflação e heterogeneidade estrutural
tos industriais ao longo do tempo (Prebisch, 1952). A industrialização na América Latina ocor-
Assim, a tendência demonstra que mesmo reu de forma mais intensa a partir da década de
havendo momentos de prosperidade na periferia, 1950 e abriu caminho para a “versão industrializa-
motivados pela demanda externa, a produção pri- ção” da teoria da deterioração dos termos de troca
mária tende a perder importância no mercado ex- (Rodriguez, 1981). Desenvolvida por Prebisch, em
terno. Pode-se também lembrar que, pela maior elas- 1959, esta versão analisa as disparidades nos ter-
ticidade–renda da demanda por produtos importa- mos de intercâmbio a partir de uma nova estrutura
dos na periferia que no centro (Rodriguez, 1981), no econômica da periferia; isto ocorreu com a industri-
longo prazo ocorrerá uma tendência ao desequilí- alização voltada para o mercado interno (Schwar-
brio externo das economias periféricas em momen- zer, 1993). A análise de Prebisch pode ser dividida
tos de elevação da renda interna destas economias. em dois focos, um pelo lado da demanda de produ-
Por esta condição, em momentos de alta da renda tos primários e outro pelo lado da oferta de produ-
nestas economias aumentará a procura interna por tos industriais.
importações, principalmente por produtos industri- Do lado da demanda, a versão assume que,
ais provenientes do centro. Porém, isto ocorreria fren- inicialmente, as produtividades na indústria no cen-
te a um processo de queda no valor das exporta- tro e na periferia são iguais. Com mobilidade de
ções de bens primários em relação aos bens indus- capital, a remuneração deste fator no instante inici-
triais ao longo dos anos conduzindo a uma condi- al, assim como os salários, são iguais nos dois pó-
ção de crescente desequilíbrio nas contas externas los. Porém, as elasticidades–renda da demanda por
dos países periféricos. Isso faz crer que os países importações das duas partes do sistema são dife-
periféricos deveriam buscar novos pilares para sus- rentes entre si, apresentando um maior valor na pe-
tentar seu crescimento econômico, que não somente riferia que no centro (Schwarzer, 1993; Rodriguez,
o comércio externo. 1981). Esta condição remete à queda da participa-
A partir desta concepção, a industrialização ção proporcional da procura por alimentos e produ-
voltada para o mercado interno passaria a figurar tos primários em geral na composição da demanda
como uma alternativa que criaria possibilidades para final do centro, na medida em que a renda aumen-
que estas economias pudessem crescer de forma ta. Além disso, sabe-se que a industrialização da
mais acelerada e com maior solidez. Isto porque “a periferia modifica a composição da demanda inter-
industrialização absorve uma parte da população na por importações, aumentando a procura por bens

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de maior valor agregado e maior densidade tecno- na periferia. Assim, a adoção pela indústria da peri-
lógica, mais especificamente bens de produção. En- feria o padrão tecnológico do centro gera um mode-
tretanto, tais demandas seriam atendidas pela pro- lo econômico incapaz de absorver o excedente de
dução do centro. Deste modo, teríamos um quadro trabalhadores. Logo, mesmo com crescimento vol-
pelo qual, dada uma expansão da renda nos dois tado para dentro, a periferia apresenta um quadro
pólos do modelo, as exportações da periferia perde- de baixos salários e com grande parte da popula-
riam importância na composição da demanda do ção fora das relações de produção capitalistas, man-
centro, enquanto que suas importações de produ- tendo ainda um setor industrial incapaz de maximi-
tos finais, provindos do centro, aumentariam cada zar seu potencial produtivo.
vez mais. Esta situação configura um quadro de A versão industrialização, portanto, conclui
déficits na balança comercial nas economias de in- que permanece um processo de deterioração dos
dustrialização tardia, decorrendo em problemas em termos de intercambio para a periferia, porém re-
seus balanços de pagamentos. sultantes de novos entraves estruturais relaciona-
Pelo lado da oferta podem ser observados dois dos ao modelo industrial que se instalou na maior
problemas estruturais relacionados à debilidade do parte destas economias. Com isto, a versão indus-
mercado interno e ao padrão tecnológico adotado trialização pode ser considerada um avanço na teo-
pela indústria periférica. No primeiro caso, um mer- ria inicialmente proposta por Prebisch se adequan-
cado interno suficientemente forte faz com a indús- do ao novo quadro estrutural presente nas econo-
tria periférica atue com altas margens de capacida- mias latino-americanas entre fins dos anos 1950 e
de ociosa. Deste modo, incorrem em maiores cus- início dos anos 1960.
tos e perdem em termos de produtividade. No que Como já foi citado, as características especí-
tange ao segundo aspecto enquanto avança o tem- ficas da periferia levam a observar que os seus pro-
po os desequilíbrios observados na evolução da in- blemas não podem ser solucionados através das
dústria periférica e a incorporação de inovações tec- mesmas medidas corretivas que são utilizadas para
nológicas no centro, em velocidade muito maior que solucionar os problemas presentes nos países já
a observada no outro pólo do modelo, levam a uma desenvolvidos. Seguindo esta idéia, pode-se fazer
situação de diferenciação das produtividades. Ou referência ao conceito de “inflação estrutural”, que
seja, a produtividade do trabalho aumentaria mais surgiu como uma nova forma de interpretação dos
rapidamente no centro que na periferia. Em tal situ- desequilíbrios inflacionários dos países periféricos.
ação os produtos industrializados provindos do cen- Este conceito buscou confrontar a visão tradicional
tro teriam maior competitividade que os produzidos da inflação, “que, na melhor das hipóteses, permite
internamente. Com isto, para manter a competitivi- apenas delinear a trajetória da inflação na esfera
dade da produção industrial da periferia em relação financeira, nunca conseguiu explicar suas causas e
à produção do centro, os empresários buscariam persistência, e muito menos suas características lo-
reduzir os custos de produção, o que se daria, prin- cais” (Sunkel, 1958, p.312). Assim, além de propor
cipalmente, através do achatamento dos salários. uma nova visão sobre o processo inflacionário, ba-
Some-se a isto o fato de a tecnologia utilizada pela seada na análise dos problemas estruturais que se
indústria periférica seguir os mesmos padrões tec- concentram na periferia, o conceito de inflação es-
nológicos dos países desenvolvidos. Cabe, então, trutural foi uma crítica à interpretação monetarista
ressaltar que tal tecnologia é por natureza poupa- da inflação.
dora de mão-de-obra, devido às condições estrutu- Seguindo o método de análise estruturalista,
rais das economias centrais, onde se verificou ao as pressões causadoras da inflação podem ser clas-
longo da sua industrialização uma crescente escas- sificadas em três frentes: as pressões inflacionárias
sez do fator trabalho, situação inversa ao ocorrido básicas ou estruturais, as pressões inflacionárias cir-

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cunstanciais e as pressões inflacionárias cumulati- rigidez para se adequar às modificações na deman-
vas (Sunkel, 1958). Ainda se podem enfocar os me- da. Tal situação tende a fazer com que os preços
canismos de propagação da inflação. Neste senti- destes produtos passem por rápidas elevações sem-
do, uma das características centrais da análise es- pre que a demanda se elevar.
truturalista é a diferenciação entre pressões causa- A situação observada pela oferta interna de
doras da inflação e seus mecanismos de propaga- alimentos também pode ser verificada na oferta in-
ção, tendo claro que estes são fenômenos diferen- terna de outros bens de consumo básicos, princi-
tes, os quais demandam medidas corretivas dife- palmente produtos manufaturados. Cabe esclarecer
renciadas para o controle dos níveis de preços. que a rigidez de oferta é um problema relacionado,
As pressões inflacionárias básicas derivam da sobretudo, ao baixo nível de investimento interno
incapacidade estrutural de uma determinada econo- nestas economias. No setor industrial observa-se
mia em atender às modificações na demanda interna uma situação particular, mas também vinculada ao
motivadas por aumentos na renda per capita. Ou seja, baixo nível de investimentos. Mesmo havendo gran-
esta causa inflacionária é fruto da pequena ênfase des massas populacionais nestes países, uma gran-
dada pelos países subdesenvolvidos, historicamen- de parte desta população está excluída do mercado
te, à ascensão de um setor econômico voltado para interno, dado que se ocupam de atividades de bai-
atender as demandas do mercado interno. Por isso xa remuneração ou de subsistência detendo baixís-
são também chamadas de pressões inflacionárias simos níveis de renda. Logo o mercado interno po-
estruturais, constituindo a principal fonte dos dese- tencial para o setor industrial é muito maior que o
quilíbrios inflacionários na periferia. Os principais mercado interno real, o que faz com que os empre-
reflexos deste problema é a insuficiência da oferta sários não tenham estímulos a investirem na ex-
interna de alimentos e bens de consumo básicos, os pansão produtiva. Neste contexto, mesmo havendo
baixos coeficientes de importação e os baixos níveis aumento da demanda interna, o empresariado não
de investimento interno, entre outros (Sunkel, 1958). é estimulado a aumentar a capacidade produtiva. A
No que tange à insuficiente oferta interna de resposta inicial dos empresários a este estímulo da
alimentos, apesar da grande maioria destes países demanda consistiria em elevar os preços ao invés
se orientarem para a produção de bens agrícolas, de investimentos. Assim, identifica-se uma nova
há uma espécie de incoerência sistêmica a partir do variação do problema envolvendo a questão inflaci-
momento em que se constata sua necessidade de onária na periferia que diz respeito à racionalidade
importar elevados valores em alimentos básicos para do empresariado e à debilidade do mercado interno
o consumo interno. Isto porque a periferia transfere para bens industriais nessas economias.
grande parte de sua produção agrícola para os paí- Além disso, a lenta evolução da indústria na-
ses centrais, deixando a produção para o mercado cional faz com que exista uma dependência de bens
interno em segundo plano, devido à debilidade do importados para a satisfação de demandas da clas-
mercado interno nestas economias e à maior lucra- se média e, sobretudo, das classes mais altas. Esta
tividade obtida no comércio internacional. Isso le- situação tornou, por muito tempo, estas economias
varia à ineficiência da produção interna de alimen- vulneráveis às elevações nos níveis de preços des-
tos, a qual fica a cargo de poucos produtores, os ses produtos na medida em que a capacidade de
quais não desfrutam dos mesmos níveis de quali- importar dos países subdesenvolvidos tendeu a di-
dade e produtividade alcançados pelos produtores minuir ao longo dos anos. Além disso, a especiali-
que se direcionam a suprir a demanda internacio- zação na produção de bens primários conduziu os
nal. Além disso, a estrutura produtiva voltada ao periféricos a uma situação de déficit estrutural no
mercado interno geralmente apresenta condições ar- balanço de pagamentos, constituindo, assim, mais
caicas de produção, com baixo teor tecnológico e uma fonte das pressões inflacionárias estruturais

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básicas. O raciocínio é semelhante ao da teoria da canais por onde se propagam os movimentos infla-
deterioração dos termos de troca, apresentada an- cionários. Deste modo, deve-se ter claro em mente
teriormente, onde periferia exporta bens primários a distinção entre as formas de pressão inflacionária
de baixo valor agregado, importando bens finais de e os mecanismos de propagação para que se pos-
alto custo. Os déficits comerciais periódicos levam sam desenvolver formas eficientes de combate às
a constantes desvalorizações cambiais que aumen- elevações sistemáticas nos níveis de preços. Dada
tam os preços das importações incrementando, esta distinção, tem-se que as formas tradicionalmen-
desta maneira, a inflação. Isto devido à falta de te utilizadas de combate à inflação não atuam, ou
diversificação das exportações e à dependência es- atuaram, sobre as suas fontes, mas sim sobre as suas
trutural de importações, ou seja, da incapacidade formas de propagação. Por isso, as medidas que res-
do setor produtivo interno em atender a demanda tringem a demanda interna, com vistas a estabilizar
gerada internamente. Portanto, as pressões infla- os níveis de preços, têm resultados passageiros, dado
cionárias básicas, ou estruturais, provêm dos gar- que seus efeitos recaem somente sobre as manifes-
galos estruturais que se avolumaram durante a for- tações monetárias da inflação, ou seja, sobre os me-
mação destes sistemas econômicos subdesenvolvi- canismos de sua propagação.
dos e que permaneceram ao longo dos anos. A insistência na utilização destas medidas
As pressões inflacionárias circunstanciais de- corretivas traz conseqüências amargas para o de-
correm de fatores exógenos ao sistema econômico senvolvimento das economias subdesenvolvidas,
interno. Assim, podem-se destacar os aumentos nos pois freiam o crescimento econômico, sem que seja
preços das importações e nos gastos do governo mo- solucionada a questão inflacionária (Sunkel, 1958).
tivados por fatores variados, como guerras ou desas- Dado que as medidas de cunho restritivo, utilizadas
tres naturais. Já as pressões inflacionárias cumulati- para a contenção inflacionária, têm como resultado
vas provêm a própria inflação. Ou seja, trata-se da efetivo para a economia o resfriamento do processo
realimentação da inflação, ou inflação inercial. Com de desenvolvimento. Para que seja controlado o pro-
isto, nota-se que as pressões inflacionárias estrutu- cesso inflacionário conciliando crescimento e esta-
rais devem ser consideradas como as principais cau- bilidade de preços deve-se, acima de tudo, buscar
sas da inflação nas economias subdesenvolvidas, en- corrigir os problemas estruturais que resultam nas
quanto as pressões inflacionárias circunstanciais e elevações de preços. Ou seja, a disparidade entre
cumulativas são fontes complementares num processo oferta e demanda não pode ser corrigida somente
de desequilíbrio nos níveis de preços. pelo lado da demanda, como tradicionalmente pro-
Já os mecanismos de propagação inflacioná- posto, mas também pelo lado da oferta. Dessa for-
ria dizem respeito às formas como as diferentes par- ma, segundo o arcabouço de análise da inflação
tes do sistema econômico buscam diminuir os im- estrutural, dever-se-ia buscar diminuir a rigidez de
pactos da inflação sobre si. Em outras palavras: oferta, aumentando a disponibilidade de bens es-
o mecanismo de propagação vem a ser a capa- senciais no mercado interno, o que deve se dar pelo
cidade de os diferentes setores ou grupos eco- aumento e reorientação dos investimentos em seto-
nômicos e sociais reajustarem sua renda ou gas-
res estratégicos com vistas a eliminar os pontos de
to real relativo: os assalariados, através dos re-
ajustes nos soldos, salários e outros benefíci- estrangulamento presentes na economia. Aliado a
os; os empresários, através do aumento dos pre- isto, é preciso buscar soluções para pressões cumu-
ços; e o setor público através do aumento do
lativas e formas de prevenção para pressões inflaci-
gasto tributário nominal (Sunkel, 1958, p. 317).
onárias circunstanciais.
Logo, pode-se entender que as respostas con- Na mesma linha do conceito de inflação es-
cedidas pelos participantes do processo econômico trutural foi também desenvolvido no ambiente da
às elevações nos níveis de preços constituem os CEPAL o conceito de heterogeneidade estrutural. Tal

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Três fases da Teoria Cepalina 13
conceito também visou interpretar desequilíbrios in- e ocupam grande parte da estrutura nacional, mes-
ternos do subdesenvolvimento a partir das suas pe- mo mantendo baixíssima participação no produto
culiaridades históricas e estruturais, surgindo, as- interno. Este processo faz com que ao longo dos
sim, como uma interpretação alternativa à econo- anos intensifiquem-se as desigualdades à medida
mia tradicional. Segundo a concepção da heteroge- que a população permanece nas áreas de baixa pro-
neidade estrutural, os países em desenvolvimento dutividade. Com isto, nota-se que as disparidades
apresentam, muitas vezes, disparidades entre seto- regionais tendem a ser mais concentradas nos paí-
res e regiões. Elas dizem respeito ao grau de mo- ses pobres do que nos países ricos; nestes, as ca-
dernidade de cada setor, à capacidade de gerar trans- madas primitivas têm participação mínima, tanto
bordamentos positivos para seu entorno, às densi- na geração de emprego quanto na ocupação espa-
dades tecnológicas e aos índices de produtividade ço-estrutural (Pinto, 1970).
interna, entre outras. Neste sentido, a distribuição Estas disparidades regionais podem resultar
das diferentes atividades sobre o espaço nacional de uma espécie de “colonialismo interno”. “Não é
pode levar à ocorrência de disparidades regionais difícil encontrar alguns casos e situações nos quais
referentes à maior dinâmica possibilitada pela pre- se discerne uma espécie de “exploração” da “peri-
sença das atividades mais produtivas em determi- feria interna” por parte de seu “centro” (ou setor
nadas regiões em detrimento de outras, onde pre- moderno)” (Pinto, 1970, p. 580). Esta relação pode
valeçam atividades com menor grau de dinamismo derivar, entre outros fatores, de uma relação de pre-
econômico. Assim, formam-se os contrastes regio- ços que não permita que os aumentos da produtivi-
nais recorrentemente verificados nos países subde- dade do centro interno sejam repassados para a pe-
senvolvidos. riferia interna, de uma transferência dos exceden-
Esta condição pode ser observada a partir da tes financeiros gerados na periferia para o centro,
decomposição da economia em três camadas bási- ou de uma distribuição regional desproporcional dos
cas: a camada “primitiva”, que se dedica à produ- investimentos públicos.
ção para subsistência e em menor parcela ao mer- Neste contexto, o que deve se verificar para
cado interno, apresentando baixos níveis de produ- se estabelecer uma análise da heterogeneidade es-
tividade; o “pólo moderno”, que se constitui das trutural é o quanto as camadas se encontram dis-
atividades de exportação, indústria e serviços, com tantes da economia e qual é o grau de coordenação
elevados índices de produtividade; entre estas ha- entre elas no que diz respeito à distribuição da ren-
veria uma camada “intermediária” a qual demons- da entre as diferentes regiões. Contudo, sabe-se que:
tra um nível de produtividade que se aproxima da nas condições atuais, é possível que os setores
média nacional (Pinto, 1970). Esta classificação re- modernos tenham adquirido um grau conside-
rável (embora sempre relativo e condicionado)
mete a uma situação na qual, diferente dos países
de autonomia interna – não externa, convém
desenvolvidos, não há homogeneidade entre as di- notar – , isto é, elas tendem a crescer apoiadas
ferentes camadas, o que possibilitaria uma melhor em suas próprias forças, estabelecendo circui-
tos próprios de receita-despesa, poupança-in-
distribuição da renda entre estas (Pinto, 1979). As vestimento etc. Visto por outro prisma, isso sig-
disparidades entre as produtividades dos setores se nifica que (excetuados os esforços
“retificadores”de política pública) sua tendên-
refletem na remuneração dos fatores empregados; cia “espontânea” aponta na direção de uma ir-
neste sentido, pode-se observar uma concentração radiação menor para a periferia interna e de uma
setorial e regional da renda, agravando os desequi- concentração (ou apropriação) maior de seus
ganhos de produtividade (Pinto, 1970, p. 581).
líbrios internos.
Nos países subdesenvolvidos os setores pro- Com isto, deve-se buscar corrigir as diver-
dutivos que compõem a camada primitiva ainda têm gências internas quanto à produtividade, buscando
uma grande participação no emprego da população canais por onde os ganhos de produtividade das

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regiões mais ricas transbordem até as regiões mais teóricas de Fernando Fajnzylber, autor de maior rele-
atrasadas. vância na chamada nova Cepal (Welters, 2004), que
Temos que esta segunda fase do pensamen- a tecnologia passou a figurar com maior intensidade
to cepalino se distinguiu da anterior por um motivo nos trabalhos da instituição. Fajnzylber trouxe a tec-
especial: seu contexto histórico. Contexto este, fins nologia para o centro da discussão cepalina como
dos anos 1950 até a década de 1960, no qual a in- ferramenta fundamental para a busca do intitulou
dústria já poderia ser considerada uma realidade crescimento com equidade (Fajnzylber, 1990;
presente nas maiores economias latino-americanas. Schwarzer, 1993).
Porém, como visto, essa industrialização em ambi- Essa nova perspectiva da introdução da tec-
entes periféricos foi fonte de novos problemas es- nologia no processo de desenvolvimento fundamen-
truturais ou de transformação dos antigos. Foi em ta-se na influência da escola neoschumpeteriana
busca de identificar e propor soluções para tais pro- (Schwarzer, 1993; Welters, 2004). Segundo essa es-
blemas que ascendiam frente ao subdesenvolvimen- cola, haveria os países lideres e os seguidores. Os
to que foram construídos os argumentos cepalinos primeiros seriam os responsáveis pela introdução
constituintes da fase de consolidação do pensamento das inovações técnico-científicas, ou seja, pelo des-
nesta instituição. Assim, enquanto na primeira fase locamento da fronteira de conhecimento científico,
a industrialização ainda podia ser considerada em- e os últimos seriam os imitadores que buscariam
brionária, na segunda fase já eram percebidos por seguir os lideres. O desenvolvimento econômico dos
estes pesquisadores os efeitos da industrialização seguidores seria uma conseqüência da criação de
desequilibrada. Cabe ressaltar que durante este pe- um sistema nacional de inovação (Freeman, 1995);
ríodo o estruturalismo latino-americano já ganhara a partir daí seria possível a estas economias absor-
espaço entre as correntes de pensamento, difun- ver e decodificar os avanços na fronteira do conhe-
dindo-se não só neste continente, mas em boa par- cimento científico ao deter condições para aprovei-
te do mundo. tar as janelas de oportunidade (Perez; Soete, 1988).
Isso possibilitaria estas economias fazer o catching
up tecnológico. Este processo avançaria, permitin-
5 Renovação do pensamento da CEP AL: a
CEPAL:
do o sistema nacional de inovação amadureça a
tecnologia no debate cepalino
ponto de levar um determinado país da condição de
A tecnologia sempre esteve presente nas dis- seguidor à condição de líder ao longo do tempo.
cussões cepalinas (Pinto, 1976), podendo ser encon- Foi a partir desta influência teórica que se
tradas referências a este tema já no estudo de 1949, criou uma concepção cepalina dos problemas tec-
entre os primeiros escritos de Prebisch e nas dis- nológicos na América Latina em meados da década
cussões que se estenderam no âmbito desta insti- de 1970 e suas implicações para o processo de sub-
tuição ao longo dos anos. Entretanto, até meados da desenvolvimento (Schwarzer, 1993). Nesse sentido,
década de 1970 a questão tecnológica não foi o foco a análise de Fajnzylber se direciona a investigar dois
dos trabalhos técnicos da CEPAL. As discussões ce- problemas presentes nas economias periféricas: a
palinas, que se voltavam essencialmente para as dis- transferência da tecnologia criada nos centros e a
paridades no comércio internacional (Prebisch, 1949; necessidade da criação de um núcleo endógeno de
CEPAL, 1949), para os problemas inflacionários dinamização tecnológica (Fajnzylber, 1979; 1990).
(Sunkel, 1958) e para a heterogeneidade estrutural Os países subdesenvolvidos apresentam ex-
(Pinto, 1970), trataram os problemas relacionados ao pressivo atraso tecnológico frente aos países desen-
atraso tecnológico nos países subdesenvolvidos ape- volvidos, mesmo sendo grande parte da tecnologia
nas como parte das causas ou implicações dos pro- utilizada na produção interna dos países periféricos
blemas acima citados. Foi a partir das contribuições desenvolvida nos países centrais. Esta condição gera

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Três fases da Teoria Cepalina 15
uma série de conseqüências para estas economias cas (Fajnzylber, 1990). Neste sentido, Fajnzylber
e para seus processos de desenvolvimento. Isso ocor- (1990) constata um processo oposto nos países lati-
re porque a partir da análise do processo de indus- no-americanos ao ocorrido nos países que fizeram
trialização dos países centrais, tem-se que em de- o catching up tecnológico, como Coréia do Sul, onde
terminados estágios de desenvolvimento fatores o Estado concede apoio maciço aos conglomerados
estruturais impedem que a indústria nacional avan- nacionais e onde as transnacionais são de menor
ce. Logo, recorre-se ao capital externo para que este importância na geração tecnológica.
cubra determinadas lacunas no aparelho produtivo Em relação à produção de tecnologia na peri-
nacional. Assim, pode-se identificar a presença mar- feria, Fajnzylber (1990) afirma que esta apenas se
cante das filiais de grandes transnacionais nas eco- dará com a criação de um núcleo endógeno de di-
nomias subdesenvolvidas (Fajnzylber, 1979). Na mai- namização tecnológica. Com isto, “[Fajnzylber] prega
oria das vezes, estas empresas absorvem a maior a necessidade de desenvolver a eficiência do siste-
parcela da mão-de-obra industrial desses países, sen- ma por meio da aprendizagem tecnológica, da cria-
do também as principais exportadoras de manufatu- tividade, da incorporação de tecnologias e da qua-
rados, o que possibilita a elas manter uma importân- lificação da mão-de-obra” (Welters, 2004, p. 115).
cia crucial em tais sistemas econômicos (Fajnzylber, Este núcleo apresenta basicamente as mesmas ca-
1979). A presença dessas transnacionais constitui uma racterísticas de um sistema nacional de inovação e
das possíveis vias de absorção de tecnologia dos a sua criação possibilitaria aos países periféricos
países centrais para os periféricos. Entretanto, a trans- romper com algumas das formas de atraso estrutu-
ferência de tecnologia através das transnacionais é ral, presentes em tais sistemas econômicos como a
condicionada pelos interesses destas empresas (Fa- inserção internacional por meio da exportação de
jnzylber, 1979). Sabe-se que, a importação de má- matérias-primas, o baixo nível tecnológico da in-
quinas e equipamentos constitui uma via de absor- dústria e a precariedade da classe empresarial (Fa-
ção de tecnologia externa; entretanto, as transnacio- jnzylber, 1990).
nais geralmente transferem máquinas e equipamen- Além disso, a presença deste núcleo possibi-
tos já usados nas matrizes e de tecnologia obsoleta litaria maior adequação da tecnologia utilizada in-
para suas filiais nos países periféricos, à medida que ternamente às condições produtivas locais. Assim,
incorpora novas tecnologias de produção nas sedes possibilitaria melhor utilização dos recursos natu-
(Fajnzylber, 1979). Esta seria uma das formas da re- rais internos gerando uma maior eficiência produti-
produção do atraso tecnológico da periferia em rela- va e um melhor aproveitamento dos recursos se com-
ção aos países desenvolvidos. parado à situação de uso de tecnologia importada.
A importação de tecnologia também leva a Também seriam eliminados os desequilíbrios pro-
situações de sub-aproveitamento dos fatores. A tec- vocados pelo descompasso entre a tecnologia utili-
nologia produzida nos centros é poupadora de mão- zada, poupadora de mão-de-obra, e a grande oferta
de-obra o que gera desequilíbrios nas economias de trabalho presente em tais economias. Pelo lado
periféricas, onde há grande oferta do fator trabalho. da competitividade internacional, estes países se
Além disso, cria-se uma situação onde esta tecno- beneficiariam pela melhora na qualidade dos pro-
logia não se ajusta de modo a aproveitar os recursos dutos ofertados no mercado internacional (Schwar-
naturais internos criando uma situação de subutili- zer, 1993).
zação de recursos (Fajnzylber, 1979). Esta contribuição teórica se vincula a uma
A grande presença e valorização das trans- nova preocupação no âmbito da CEPAL, a do cres-
nacionais, ainda, inibem a ascensão das empresas cimento com equidade. Fajnzylber (1990), ao estu-
nacionais, o que impossibilita um avanço da indús- dar o caso dos países latino-americanos, identifica
tria nacional na introdução de inovações tecnológi- a não existência de períodos onde o crescimento se

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deu concomitantemente com a melhora na eqüida- firma também que as contribuições cepalinas par-
de. Esta situação é por ele chamada de “conjunto tiram da análise de problemas inerentes à condição
vazio”. Neste sentido, o progresso técnico seria a de subdesenvolvimento, e, portanto de problemas
peça chave para chegar a este objetivo: históricos vivenciados pelos latino-americanos que
Diversamente do crescimento esporádico, o mudaram de aspecto ao longo dos anos, mas nunca
crescimento sustentado exige uma sociedade deixaram de criar desequilíbrios ao desenvolvimento
internamente articulada e eqüitativa, o que cria
destas economias. Neste sentido, a divisão das prin-
as condições propicias para um esforço contí-
nuo de incorporação do progresso técnico e de cipais idéias formuladas pelos cepalinos em fases
elevação da produtividade e, por conseguinte, visou simplificar a estruturação destas ao longo do
para o crescimento (Fajnzylber, 1990, p. 883-
884) tempo, sendo estes três pontos, a gênese, a afirma-
ção e a renovação do pensamento da CEPAL, cha-
Desta forma, o que se pode concluir diz res-
ves para o entendimento da formação do estrutura-
peito a uma evolução nas discussões cepalinas no
lismo latino-americano.
sentido de levar o progresso técnico ao centro da
Entretanto, a partir da década de 1980, o que
discussão sobre o subdesenvolvimento e a adoção
se observou nos países latino-americanos foi um
da nova proposta, a do crescimento com eqüidade.
processo de detrimento dos ideais desenvolvimen-
Isto demonstra que, após os trinta primeiros anos
tistas, em termos de política econômica como res-
de existência desta instituição, o estágio de desen-
quício do avanço do liberalismo sobre a América
volvimento da América Latina demandava novas pro-
Latina. Nesse sentido, mesmo havendo, ainda, uma
postas e interpretações para seus problemas econô-
consistente produção teórica voltada para o desen-
micos, que foram supridas a partir das contribui-
volvimento econômico, esta foi paulatinamente su-
ções de Fajnzylber. Portanto, podemos assumir esta
focada pela ascensão das teorias alinhadas ao ma-
terceira fase como a fase da renovação do pensa-
instream economics. Identificou-se, então, um pro-
mento cepalino.
cesso intenso de importação de fontes teóricas pro-
duzidas fora da realidade do subdesenvolvimento e
6 Conclusão que por isto não se adequaram às demandas estru-
turais destas economias.
Esta breve estruturação das idéias-chave do
Frente a isto, a teoria cepalina do subdesen-
pensamento cepalino objetivou demonstrar que a
volvimento, apesar de ser, na maior parte, desen-
evolução desta teoria do subdesenvolvimento foi,
volvida entre as décadas de 1950 e 1970, tem gran-
sobretudo, vinculada aos acontecimentos históri-
de relevância ainda hoje, dado que muitos dos pro-
cos que se desencadearam ao longo de mais de 50
blemas apresentados durante sua criação ainda per-
anos. Assim, da teoria da deterioração dos termos
manecem. Com isto, rever estas idéias buscando
de troca à abordagem sobre tecnologia no debate
adequá-las aos problemas atuais coloca-se como
cepalino fica explícita a evolução teórica das idéi-
uma tarefa de demasiada importância, não só ideo-
as estruturalistas ao longo da segunda metade do
lógica, mas teórica, na medida em que se compre-
século XX.
ende a necessidade de que sejam sanados os pro-
Esta linha histórica das idéias cepalinas con-
blemas referentes ao subdesenvolvimento, e que
firma a correlação entre a produção teórica desta
para isto deve-se buscar primeiramente entender
instituição e a realidade econômica das economias
esta condição a que estão submetidos os países que
que foram o principal alvo de estudo da CEPAL. Con-
não figuram no grupo dos desenvolvidos.

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Três fases da Teoria Cepalina 17
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