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Fundações Profundas 1

Capítulo V – Fundações Profundas

1 . Estacas

1.1. Esforços nas estacas


a ) Axial de compressão b ) Axial de tração c ) Momento fletor

1.2. Classificação

a ) Quanto ao material
 Madeira;
 Aço;
 Concreto (simples, armado, centrifugado, protendido);
 Mista (aço + concreto)

b ) Quanto ao processo executivo


 Pré-moldadas ou pré-fabricadas
 Moldadas “in situ”

1.3. Principais características

1.3.1 Estacas de madeira


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 Dimensões Mínimas

  25 cm
 Dimensões mínimas:  topo
 base  15 cm
 O segmento de reta que une os
centros de gravidade do topo e da
base tem que estar totalmente dentro
do corpo da estaca.

 Proteção no topo e na ponta.

 Emendas
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 Características:
 Usadas em obras provisórias ou de pequeno porte;
 Em obras permanentes devem permanecer totalmente submersas durante toda a
sua vida útil ou receber tratamento para sua preservação;
 Madeiras mais usadas: eucalipto, peroba do campo, maçaranduba, etc.;
 A cravação é normalmente executada com martelo de queda livre, cuja relação
entre o peso do martelo e o peso da estaca deve ser o maior possível,
respeitando-se a relação mínima de 1,0.
 Comprimento limitado em função da altura das árvores e baixa capacidade de
carga estrutural em função da resistência à compressão das madeiras.
D (cm) Carga de Trabalho (kN)
20 150
25 200
30 300
35 400
40 500
Esses valores representam apenas uma ordem de grandeza, pois
dependem do tipo e da qualidade da madeira.
Fonte: Alonso (1998)

1.3.2 Estacas de aço


São constituídas por perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos, tubos de
chapa dobrada, tubos sem costura e trilhos.

perfis chapas soldadas perfis soldados

tubos laminados tubos soldados

trilhos trilhos soldados trilhos soldados


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 Vantagens:
- são reaproveitadas repetidas vezes em serviços provisórios;
- trabalham bem à flexão;
- têm elevada capacidade de carga estrutural;
- resistem bem ao transporte e manuseio;
- facilidade de corte e emenda;
- facilidade de cravação em quase todos os tipos de terreno (produz menos vibração
no solo);
- têm elevada resistência durante a cravação;
- em pilares de divisa, podem ser cravadas faceando a divisa.
 Desvantagens:
- custo mais elevado;
- corrosão (como solução, usa-se pintar de zarcão ou envolver a parte exposta com
concreto).

As estacas de aço que estiverem total e permanentemente enterradas,


independentemente da situação do lençol freático, dispensam tratamento especial, desde
que seja descontada a espessura indicada na Tabela abaixo.
Classe Espessura Mínima de Sacrifício (mm)
Solos em estado natural e aterros controlados 1,0
Argila orgânica; solos porosos não saturados 1,5
Turfa 3,0
Aterros não controlados 2,0
Solos contaminados* 3,2
*
Casos de solos agressivos devem ser estudados especificamente
Q estr  σ adm aço  S
onde S = área calculada descontando-se a espessura de sacrifício das faces das
seções das estacas
σ adm aço  120 MPa

Obs.: Na prática, usa-se a área nominal e adotam-se valores de 80 a 90 MPa para a


tensão admissível do aço.
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 Emendas

Estaca Tipo/Dimensão Carga de Trabalho (kN)


TR 25 200
TR 32 250
TR 37 300
TR 45 350
Trilhos Usados TR 50 400
2 TR 32 500
2 TR 37 600
3 TR 32 750
3 TR 37 900
H 6” 400
I 8” 300
I 10” 400
Perfis I e H
I 12” 600
2 I 10” 800
2 I 12” 1200
Fonte: Velloso e Lopes (2002)

 Peças Reutilizadas
Deve ser verificada a seção real mínima da peça. A perda de massa por desgaste
mecânico ou natural deve ser de, no máximo, 20% do valor nominal da peça nova. A carga
admissível (ou resistente de projeto) deve ser fixada após análise dos aspectos geotécnicos
de transferência de carga para o solo.
No caso de trilhos, devem ser empregados elementos cuja composição química seja
de aço-carbono comum, devendo ser evitados aços especiais duros, face à dificuldade de
emendas. Se esse tipo de trilho for empregado, o projeto deve especificar os procedimentos
de soldagem.
 Cravação
A cravação das estacas pode ser feita por percussão, prensagem ou vibração e a
escolha do equipamento deve ser feita de acordo com o tipo, dimensão da estaca,
características do solo, condições d vizinhança, características do projeto e peculiaridades
do local.
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Para levar a estaca até a profundidade prevista, sem danificá-la, o uso de martelos
mais pesados e com menor altura de queda é mais eficiente do que o uso de martelos mais
leves e com grande altura de queda.
Quando a cravação for executada com martelo de queda livre, devem ser observadas
as seguintes condições:
- peso do martelo não inferior a 10 kN;
- peso do martelo não inferior a 30 kN para estacas com carga de trabalho entre 0,7
MN e 1,3 MN;
- para estacas com carga de trabalho superior a 1,3 MN, a escolha do sistema de
cravação deve ser previamente analisada.
No uso de martelos automáticos ou vibratórios, devem-se seguir as recomendações
dos fabricantes.

1.3.3 Estacas de concreto

a) Pré-moldadas
- Podem ser de concreto armado ou protendido;
- Podem ser moldadas por vibração ou centrifugação (SCAC – Sociedade de
Concreto Armado Centrifugado)
- Vantagem do concreto centrifugado – é mais leve para uma mesma capacidade
de carga.
 Vantagens:
- possibilidade de se obter concreto de boa qualidade;
- não são atacadas por microorganismos;
- não sofrem o estrangulamento da seção quando atravessam uma camada de
terreno mole.
 Desvantagens:
- tamanhos modulados;
- para o transporte e cravação são necessárias armaduras adicionais.
 Cravação:
A cravação das estacas pode ser feita por percussão, prensagem ou vibração e a
escolha do equipamento deve ser feita de acordo com o tipo, dimensão da estaca,
características do solo, condições d vizinhança, características do projeto e peculiaridades
do local.
Para levar a estaca até a profundidade prevista, sem danificá-la, o uso de martelos
mais pesados e com menor altura de queda é mais eficiente do que o uso de martelos mais
leves e com grande altura de queda.
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Quando a cravação for executada com martelo de queda livre, devem ser observadas
as seguintes condições:
- peso do martelo não inferior a 20 kN;
- peso do martelo, no mínimo, igual a 75% do peso total da estaca;
- peso do martelo não inferior a 40 kN para estacas com carga de trabalho entre 0,7
MN e 1,3 MN;
- para estacas com carga de trabalho superior a 1,3 MN, a escolha do sistema de
cravação deve ser previamente analisada.
No uso de martelos automáticos ou vibratórios, devem-se seguir as recomendações
dos fabricantes.
O armazenamento e içamento de estacas pré-moldadas na obra devem obedecer às
prescrições do fabricante, que deve disponibilizar todas as informações necessárias para
evitar fissuramento excessivo ou quebra das estacas.
 Levantamento por 1 ponto: dimensionar as armaduras para os esforços de
momentos. Levantar pelo ponto onde M+ = M-

 Levantamento por 2 pontos:

 Reforço de armadura:
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 Emenda
Pode ser por concretagem de um trecho necessário ao transpasse das armaduras de
duas estacas ou por soldagem dos anéis metálicos de duas estacas.

Estaca Dimensão (cm) Carga de Trabalho (kN)


20 x 20 400
Pré-moldada Vibrada 25 x 25 600
Quadrada 30 x 30 900
35 x 35 1200
ϕ 22 400
Pré-moldada Vibrada
ϕ 29 600
Circular
ϕ 33 800
ϕ 20 350
Pré-moldada Protendida
ϕ 25 600
Circular
ϕ 33 900
ϕ 20 300
ϕ 23 400
ϕ 26 500
ϕ 33 750
Pré-moldada Centrifugada
ϕ 38 900
(Seção Vazada)
ϕ 42 1.150
ϕ 50 1.700
ϕ 60 2.300
ϕ 70 3.000
Fonte: Adaptada de Alonso (1998) e Velloso e Lopes (2002)

Observação: Estaca Mega

Elemento de Estaca Mega de Concreto


- diâmetro.....................300 mm
- carga de trabalho.........CT = 700 kN
- carga de cravação........CC = 1050 kN

 Vantagens:
- Podem ser utilizadas em lugares confinados;
- Não provocam vibrações;
- Cada estaca é submetida a uma prova de carga.
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 Desvantagens:
- Custo maior;
- Tempo de execução elevado.

b) Estacas moldadas “in situ”


O método de execução consiste em se efetuar uma perfuração no terreno e
preenchê-la com concreto.
 Vantagens:
- Algumas destas estacas podem ser executadas sem cravação;
- Evitam o problema de transporte;
- Podem ser executadas no comprimento, sem cortes ou emendas.
 Desvantagens:
- Nas estacas executadas com revestimento recuperável, pode ocorrer
descontinuidade do fuste ou desalinhamento quando se estiver executando uma
estaca adjacente;
- Não há controle da concretagem;
- Possibilidade de desalinhamento ou estrangulamento do fuste ao se atravessar
camadas moles.

Observação: Estacas Escavadas com Trado Mecânico, sem Fluido Estabilizante


(Estaca Broca)
O método de execução consiste na abertura de um furo com trado espiral mecânico (a
NBR 6122/2010 não faz menção ao trado manual), sem uso de revestimento ou fluido
estabilizante; limpeza completa do fundo da perfuração com a retirada do material
desagregado durante a escavação; colocação da armadura (com estribo helicoidal) e
lançamento do concreto (com fator água / cimento baixo). Aplicar golpes de um pilão para
promover o adensamento do concreto.
A concretagem deve ser feita no mesmo dia da perfuração, por meio de um funil com
comprimento mínimo igual a 1,5 m, para orientar o fluxo do concreto.
 Características:
- Comprimento limitado;
- Só podem ser executadas em solos argilosos;
- Sua profundidade é limitada ao nível do lençol freático;
- Não se devem executar estacas com espaçamento inferior a 3 diâmetros em
intervalo inferior a 12 h. Essa distância refere-se à estaca de maior diâmetro.
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D (cm) Carga de Trabalho (kN)


20 150
25 200
Fonte: Velloso e Lopes (2002)

Observação: Estacas Strauss


O método de execução consiste na cravação de um tubo de ponta aberta, com limpeza
de seu interior por meio de sonda ou piteira. Ao se atingir a profundidade desejada, será
lançada água no interior dos tubos para sua limpeza, sendo a água e a lama totalmente
retiradas pela piteira.
O concreto é lançado por meio de um funil no interior do revestimento, em
quantidade suficiente para se ter uma coluna de 1,0 m, que deve ser apiloado com o auxílio
de um pilão metálico, visando à formação de um “bulbo” na base da estaca. Igual volume
de concreto será novamente lançado e executado novo apiloamento, iniciando-se a remoção
dos tubos de revestimento, com auxílio de um guincho mecânico. Esta operação se repetirá
até que o concreto atinja a cota desejada, com a máxima precaução, a fim de impedir sua
descontinuidade, completando assim, eventuais espaços vazios e preenchendo as
deformações no subsolo.
Para estacas armadas, a gaiola de armadura deve ser introduzida no revestimento
antes da concretagem.
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 Características:
- Pela leveza e simplicidade do equipamento que emprega, pode ser utilizada em
locais confinados, em terrenos acidentados, ou ainda no interior de construções
existentes com pé-direito reduzido;
- O processo não causa vibrações;
- Facilidade de locomoção dentro da obra;
- Para a garantia da continuidade do fuste, deve ser mantida, dentro da tubulação,
durante o apiloamento, uma coluna de concreto suficiente para que ele ocupe todo
o espaço perfurado e eventuais vazios no subsolo;
- A concretagem para estaca Strauss é feita até um pouco acima da cota de
arrasamento da estaca, deixando-se um excesso para o corte da cabeça da estaca;
- Esse tipo de estaca não deve ser utilizado em areias submersas ou em argilas
muito moles saturadas;
- A ponta da estaca deve estar em material de baixa permeabilidade para permitir as
condições necessárias para limpeza e concretagem;
- O diâmetro mínimo para execução de estacas armadas é de 32 cm;
- Consumo de cimento não inferior a 300 kg/m3;
- Abatimento ou Slump Test entre 8 cm e 12 cm para estacas não armadas, e entre
12 cm e 14 cm para estacas armadas;
- Não se devem executar estacas com espaçamento inferior a 5 diâmetros em
intervalo inferior a 12 h. Essa distância refere-se à estaca de maior diâmetro.
D (cm)* Carga de Trabalho (kN)
22 200
27 300
32 400
42 700
52 1.070
Fonte: Falconi, Souza Filho e Fígaro (1998)
* Diâmetro externo do revestimento
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Observação: Estacas Franki


Processo executivo:
- Formação de bucha de brita e areia aderida ao tubo;
- Cravação do tubo de ponta fechada com aplicação de golpes do martelo na bucha,
por dentro do tubo;
- Após atingir-se a nega, expulsão da bucha e formação de uma base alargada,
lançando-se concreto com baixo fator água/cimento (igual a 0,18), e apiloando-se
com o martelo;
- Na confecção da base, é necessário que os últimos 0,15 m3 sejam introduzidos
com uma energia mínima de 2,5 MN x m para as estacas com diâmetro igual ou
inferior a 450 mm, e de 5,0 MN x m para as estacas com diâmetro de 520 mm e
600 mm. Para as estacas com diâmetro de 700 mm, os últimos 0,25 m3 devem ser
introduzidos com uma energia mínima de 9,0 MN x m.
- Colocação da armadura de fuste, pré-montada com vergalhões longitudinais e um
estribo helicoidal, que deve ficar ancorada na base;
- Concretagem do fuste, com concreto seco (fator água/cimento = 0,36),
apiloamento e concomitante retirada do tubo, deixando-se uma altura mínima de
concreto dentro do tubo, até atingir pelo menos 0,30 m acima da cota de
arrasamento;
- As negas de cravação do tubo devem ser obtidas de duas maneiras em todas as
estacas: para 10 golpes de 1,0 m de altura de queda do pilão, e para 1 golpe de 5,0
m de altura de queda do pilão;
- Pelo menos 1% das estacas, e no mínimo uma por obra, deve ser exposta abaixo
da cota de arrasamento e, se possível, até o nível d’água, para verificação da
integridade e qualidade do fuste;
- Não se devem executar estacas com espaçamento inferior a 5 diâmetros em
intervalo inferior a 12 h. Essa distância refere-se à estaca de maior diâmetro;
- Concreto com consumo de cimento não inferior a 350 kg/m3.
ESTACA TIPO FRANKI
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 Vantagens:
- Comprimento compatível com a necessidade técnica;
- Grande aderência ao solo (atrito lateral);
- Maior capacidade de resistência de ponta (alargamento da base).
 Desvantagens:
- Grande vibração do solo durante a cravação (obras vizinhas);
- Possibilidade de seccionamento do fuste em solos moles.

Variantes da estaca Franki:


 Com perfuração prévia

Utiliza-se a perfuração para atravessar uma camada superficial mais resistente,


iniciando-se, a partir daí, o processo padrão.
 Mista
Repete o padrão (Franki) até o alargamento da base;
Coloca-se um elemento pré-moldado no comprimento necessário.

É usada quando se têm problemas para atravessar uma camada mole, de modo a
evitar o estrangulamento do fuste.
 Tubada
Mesmo procedimento padrão até concretar o fuste; a diferença consiste em que
neste método, o tubo permanece no local. É utilizado, por exemplo, para concretagem
dentro d’água.
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Carga de Trabalho
D (cm) Carga de Trabalho (kN)
30 450
35 650
40 850
45 1.100
52 1.500
60 1.950
70 2.600
Fonte: Maia (1998)
Pesos e Diâmetros dos Pilões
Diâmetro da Estaca (cm) Peso do Pilão (kN) Diâmetro do Pilão (m)
30 10 0,18
35 15 0,18
40 20 0,25
45 25 0,28
52 28 0,31
60 30 0,38
70 34 0,43

Observação: Estacas Escavadas com Uso de Fluido Estabilizante


O processo consiste na colocação de um tubo guia metálico com comprimento não
inferior a 1,0 para direcionamento da ferramenta de perfuração; execução do furo até a
profundidade de projeto, mantendo-se a perfuração com lama tixotrópica ou polímero
sintético até quase a superfície; colocação da armadura (gaiola montada externamente);
desarenação (retirada da areia no fundo da perfuração); concretagem submersa (utilizando-
se um tubo – tremonha).
 Características:
- Estacas de grande diâmetro (maior ou igual a 60 cm);
- Escavação utilizando-se lama tixotrópica ou polímero sintético, a fim de evitar o
desmoronamento das paredes da perfuração;
- A escavação é feita simultaneamente com o lançamento do fluido estabilizante,
cuidando-se para que seu nível esteja sempre no mínimo 1,5 m acima do lençol freático;
- Procede-se, em seguida, ao processo de desarenação e colocação da armadura;
- Tratando-se de polímero, a decantação é imediata, não necessitando de
desarenação, mas apenas limpeza do fundo.
- A concretagem deve ser feita até, no mínimo, 0,50 m acima da cota de
arrasamento;
- Pelo menos 1% das estacas, e no mínimo uma por obra, deve ser exposta abaixo
da cota de arrasamento e, se possível, até o nível d’água, para verificação da integridade e
qualidade do fuste;
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- Não se devem executar estacas com espaçamento inferior a 5 diâmetros em


intervalo inferior a 12 h. Essa distância refere-se à estaca de maior diâmetro;
- A lama deve satisfazer às especificações relativas a densidade, viscosidade, pH e
teor de areia;
- Devem-se controlar as seguintes propriedades do fluido estabilizante: Densidade,
Viscosidade, pH e Teor de Areia;
- O concreto deve ter consumo de cimento mínimo de 400 kg/m3, fator
água/cimento menor ou igual a 0,6, e abatimento ou “slump test” igual a 22 ± 3 cm.

 Vantagens:
- Não causa vibração;
- Capacidade de carga elevada.

 Desvantagens:
As mesmas das estacas moldadas in-situ.
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D (cm) Carga de Trabalho (kN)


60 1.100
70 1.500
80 2.000
100 3.100
120 4.500
140 6.200
150 7.100
160 8.200
180 10.100
200 12.500
Fonte: Saes (1998)
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Observação: Estacas Raiz


 Processo executivo:
- Furo revestido;
- Colocação de armadura;
- Concretagem com tubo injetor, colocando-se argamassa de cimento e areia;
- Revestimento vai sendo retirado enquanto é injetado ar comprimido para fazer o
adensamento.

A estaca raiz é um tipo de estaca injetada. Ela é moldada no próprio local com
argamassa, injetada sob pressão após a perfuração. As estacas raiz possuem elevada tensão
de trabalho, tem seu fuste rigorosamente contínuo e são armadas ao longo de todo o seu
comprimento. São utilizadas para fundações normais, estabilização de taludes e também
para reforços de fundações.
A perfuração é realizada por roto-percussão com circulação de água ou ar
comprimido, em direção vertical ou inclinada (de 0 a 90°), por meio de ferramentas que
podem atravessar terrenos de quaisquer materiais, inclusive rochas, alvenarias e concreto
armado, solidarizando as estruturas atravessadas.
Essa perfuração se processa com tubo de revestimento munido na extremidade de
uma coroa de perfuração adequada às características do terreno. O material cavado é
eliminado continuamente por água, lama ou ar comprimido, introduzido por dentro do tubo.
Esse fluído, juntamente com o solo escavado, reflui pelo espaço entre o tubo e o terreno
(externo), permitindo uma perfeita lubrificação da coluna, facilitando a penetração.
Depois de completada esta etapa e com o revestimento ainda no furo, coloca-se a
armadura e lança-se a argamassa de baixo para cima com o auxílio de um tubo de
concretagem. Com o lançamento da argamassa no fundo, a água utilizada na perfuração vai
sendo empurrada para cima até completa expulsão. Durante a concretagem, procede-se a
retirada do encamisamento, ao mesmo tempo em que se aplica pressão na argamassa já
lançada através de ar comprimido. Essa compressão é realizada várias vezes, até total
execução da estaca, acrescentando a cada vez a quantidade de argamassa necessária para
completar o preenchimento da tubulação.
Devido à utilização de pressão de concretagem, a estaca raiz apresenta o fuste com
rugosidade e expansões, e tende a aumentar o diâmetro quando atravessa horizontes de
menor distância. Isso propicia uma ótima resistência por atrito lateral. A argamassa
utilizada é dosada com consumo de cimento da ordem de 500 a 600 kg/m3 de areia, fator
água/cimento entre 0,5 e 0,6 e aditivos fluidificantes. Tendo em vista a pequena dimensão
dos equipamentos, se comparados com outras máquinas para execução de fundações, tais
estacas são uma boa solução para espaços pequenos e encostas íngremes, onde é difícil a
instalação de bate-estacas tradicionais. Além disso, a execução de estacas raiz causa
mínima perturbação ao ambiente que a circunda.
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 Características:
- Estacas de pequeno diâmetro (até 10 cm);
- Normalmente utilizada para reforço de fundação;
- Além de não causar vibração, pode ser executada em lugares confinados;
- Argamassa com consumo de cimento não inferior a 600 kg/m3 e agregado
constituído por areia e/ou pedrisco;
- Não se devem executar estacas com espaçamento inferior a 5 diâmetros em
intervalo inferior a 12 h. Essa distância refere-se à estaca de maior diâmetro.

D (cm) * Carga de Trabalho (kN)


10 100 - 150
12 100 - 250
15 100 - 350
16 100 - 450
20 100 – 600
25 250 – 800
31 300 – 1.100
41 500 – 1.500
Fonte: Alonso (1998)
* Diâmetro final em vez de diâmetro do tubo. A Carga de
Trabalho depende da armadura utilizada.
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Observação: Estacas Escavadas com Injeção ou Microestacas


 Características:
- A perfuração é feita com sonda rotativa com tubos metálicos (revestimento) ou
rotopercussiva por dentro dos tubos no caso de matacão ou rocha;
- Esta estaca é armada e injetada, com calda de cimento ou argamassa, através de
tubos com válvulas “manchete”, visando aumentar a resistência por atrito lateral;
- Esse tipo de estaca comporta duas variantes com relação à armadura: na primeira
delas introduz-se um tubo metálico com função estrutural, dotado de manchetes para a
injeção, e, na segunda, a armadura é constituída de barras (ou gaiola) e a injeção é feita por
meio de um tubo plástico também dotado de manchetes;
- As válvulas manchete devem ser espaçadas de, no máximo, 1,0 m;
- A primeira injeção, denominada “injeção de bainha”, ser feita a partir da
extremidade inferior do tubo e deve preencher o espaço anelar entre o tubo e o furo. As
demais são feitas de baixo para cima, em cada manchete, verificando-se os volumes, as
pressões e critérios de injeção previstos em projeto.
Fundações Profundas 20

- A argamassa a ser utilizada deve ter fck ≥ 20 Mpa, consumo de cimento não
inferior a 600 kg/m3, fator água/cimento entre 0,5 e 0,6 e o agregado deve ser areia.

Observação: Estacas Hélice Contínua Monitoradas


 Características:
- Perfuração executada com trado helicoidal contínuo até a profundidade de projeto;
a partir daí, injeção de concreto pela própria haste do trado, puxando-o sem rotação;
- O concreto é bombeado pelo interior da haste, cuja ponta é fechada durante o
processo de escavação por uma tampa para evitar a entrada de água ou contaminação do
concreto pelo solo, sendo aberta pelo peso do concreto no início da concretagem;
- O concreto a ser utilizado deve ter consumo de cimento não inferior a 400 kg/m3,
abatimento ou “slump test” igual a 22 ± 3 cm, fator àgua/cimento menor ou igual a 0,6 e
agregado constituído por areia e pedrisco;
- A colocação da armadura, em forma de gaiola, deve ser feita imediatamente após a
concretagem e sua descida pode ser auxiliada por peso ou vibrador;
- Não se devem executar estacas com espaçamento inferior a 5 diâmetros em
intervalo inferior a 12 h.
Fundações Profundas 21

D (cm) Carga de Trabalho (kN)


27,5 350
30 450
35 600
40 800
42,5 900
50 1.250
60 1.800
70 2.450
80 3.200
90 4.000
100 5.000
Fonte: Antunes e Tarozzo (1998)

Observação: Estaca Hélice de Deslocamento Monitorada ou Estaca Ômega


 Características:
-As estacas tipo ômega foram introduzidas no Brasil em 1997 e são estacas
moldadas "in loco" desenvolvidas como uma evolução das estacas hélice contínua, com
deslocamento lateral do terreno, sem o transporte de solo à superfície, resultando numa
melhora do atrito lateral.
- A diferença da estaca ômega para hélice contínua está relacionada ao transporte do
solo à superfície. O primeiro tipo de estaca não retira o solo, que permanece comprimido ao
redor do fuste da estaca.
- As vantagens de utilização da estaca ômega estão em sua rápida execução, As
vantagens de utilização da estaca ômega estão em sua rápida execução, com poucos ruídos
e alta capacidade de carga. Sua produção diária, em oito horas de trabalho, varia de 120 a
200 metros lineares. O "sobre consumo" de concreto varia de 5 a 30 dependendo do solo.
- A carga de trabalho deverá ser fixada após análise do perfil geotécnico e podem
ser executados com diâmetros de 30 cm até 60 cm, e comprimentos até 35m. A carga
admissível pode chegar a 2000 kN.
 Fases Executivas:
1. Penetração por movimento de rotação e, eventualmente, força de compressão do
trado. O tubo central é fechado por uma ponta metálica que será perdida. A
penetração é levada até a profundidade prevista;
2. Introdução da armadura no tubo (em todo o comprimento da estaca). A
armadura pode ser introduzida no tubo central do trado em forma de gaiola ou
feixe, antes da concretagem ou ao fim da concretagem pela equipe ou com
ajuda de um pilão ou vibrador;
3. Retirada do tubo por movimento de rotação no mesmo sentido e, eventualmente,
esforço de tração. Simultaneamente, o concreto é injetado. Enchimento do tubo
com concreto plástico. O concreto utilizado é caracterizado pela mistura de
Fundações Profundas 22

agregados (pedrisco e areia), o consumo mínimo de cimento é de ordem de 400


kg/m3, o fator água/cimento deve ser menor ou igual a 0,6 e o abatimento deve
ser de 22 ± 3 cm.

Observação: Estacas Trado Vazado Segmentado

A estaca trado vazado segmentado é executada mediante a introdução no terreno,


por rotação, de um trado helicoidal constituído por segmentos rosqueados acopláveis,
dispostos na própria perfuratriz em um sistema mecânico denominado alimentador de
hélices. Os trados ou hélices possuem um tubo central vazado, com uma tampa metálica na
sua extremidade inferior para evitar que haja entrada de solo ou água durante a perfuração.
Fundações Profundas 23

Inicia-se a perfuração normalmente, através do trado ajustado na perfuratriz, até que


se atinja uma profundidade máxima, que é igual ao comprimento do trado, que varia de 4 a
6 metros. Ao se atingir essa profundidade, caso não seja a determinada no projeto da obra,
os profissionais treinados da empresa travam o trado contra o solo e encaixam outro
segmento de trado para que assim consiga se atingir a profundidade desejada, até onde seja
necessário. Esses trados, tanto o primeiro quanto os segmentos, são vazados, para que o
concreto usinado, bombeado, possa passar por eles, e o primeiro trado tem uma saída em
sua ponta para que possa se lançar o concreto usinado desde o fundo da estaca até a
superfície, conforme o trado é retirado, fazendo com que a estaca, devido à presença da
água, não desmorone, permanecendo íntegra e resistente. Após a retirada do trado e dos
segmentados, logo com a estaca concretada, insere-se a ferragem no interior da estaca,
finalizando assim a execução da estaca hélice.
A haste central é preenchida, de baixo para cima, com argamassa, mediante bomba
de injeção, por meio de tubo plástico. A tampa é então aberta.
Após o preenchimento da haste central, inicia-se a extração do trado com o emprego
de perfuratriz, complementando-se o volume de argamassa por gravidade, sempre que
houver necessidade.
A argamassa utilizada é caracterizada pela mistura de agregados (pedrisco e areia),
o consumo mínimo de cimento é de ordem de 600 kg/m3 e o fator água/cimento deve ser de
0,5 a 0,6.
Após o término da perfuração e antes do início do lançamento da argamassa,
procede-se à descida da armadura no interior da haste central do trado. A armadura pode ser
montada em feixe ou em gaiola.
Não se devem executar estacas com espaçamento inferior a 5 diâmetros em
intervalo inferior a 12 h.
Fundações Profundas 24

1.4. Capacidade de carga das estacas

1.4.1 Fórmulas dinâmicas


(para estacas cravadas com bate estacas)

WH  R s  z

onde:
W - peso do bate estaca
H - altura de queda
R - resistência do solo
s - nega
z - perdas no processo
a) Fórmula de Brix (caráter geral)

1 W2  P H
R  
FS W  P 2
s
onde:
R .......... carga admissível
FS ........ fator de segurança (varia de 4 a 10)
W ......... peso do pilão
P........... peso da estaca
H .......... altura de queda do pilão
s ........... nega
Adaptação para estaca Franki:
1 W 2  Pt H
R tubo   
5 W  Pt  2
s

 A 
R estaca  0,75  R tubo  0,3  0,6  b 
 Af 
onde:
Pt .......... peso do tubo
Ab......... área da seção transversal do bulbo
Af ......... área da seção transversal do fuste
Fundações Profundas 25

b) Fórmula Dinamarquesa (para estacas metálicas)


1 η HW 2 η  H  W  L
R  s0 
2,0 s Ap  E
s 0
2
onde:
 .......... eficiência (normalmente 0,7)
s0 .......... recalque elástico da estaca
L .......... comprimento da estaca
Ap......... área da seção transversal do perfil (tabelado)

E .......... módulo de elasticidade 2,1 10 6 kgf/cm 2 
c) Fórmula de Hiley (para estacas cravadas com bate-estacas diesel)
1 2HW W
R  
4,0 sk WP
onde:
k ........... perdas no processo k  c1  c 2  c 3
c1 .......... deformação elástica do capacete de cravação (valor conhecido
antes)
c2 .......... deformação elástica da estaca (medida na obra)
c3 .......... deformação elástica do solo (medida na obra)

Críticas às fórmulas dinâmicas


1. Admite-se que o comportamento da estaca para carregamento estático seja
idêntico ao oferecido durante a cravação;
2. Não levam em conta a capacidade de carga das camadas de solo situadas abaixo
da ponta da estaca;
3. Não levam em conta a redução da resistência da estaca decorrente do efeito de
grupo;
Fundações Profundas 26

4. Não levam em conta qualquer efeito temporário conseqüente da cravação e que


venha a afetar a capacidade de carga da estaca;
5. As fórmulas dinâmicas só dão bom resultado para solos arenosos
As fórmulas são usadas para verificar a homogeneidade do estaqueamento.
Observação: determinação da nega no campo
a) Últimos 50 cm
n golpes  50 cm 50
 s
 1 golpe  s n
b) 10 golpes com H  1,0 m

10 golpes  x cm x
 s
 1 golpe  s 10
c) 1 golpe com H  5,0 m
valor direto de “s”

1.4.2 Correlação com ensaios de campo


Método de Aoki-Veloso (SPT)

Q rup  Q p  Q AL ....... capacidade de carga

Q p  q s  A p ............. resistência de ponta, na ruptura

kN
qs  ................. pressão de ruptura na base
F1
Ap ............................. área da seção transversal da ponta (área da base)
k ................................ depende do tipo do solo de apoio (no exemplo, k = k3)
F1 ............................... depende do tipo de estaca
N ............................... número de golpes na ponta da estaca (no exemplo, N = n9)
Fundações Profundas 27

QAL  U   qli  li .... resistência de atrito lateral, na ruptura


U ............................... perímetro da seção transversal do fuste
li................................. comprimento da estaca na camada
αi  k i  Ni
q li 
F2

N i ............................. número de golpes médio na camada

n1  n2 n3  n 4  n5  n 6 n7  n8
No exemplo: N 1  N2  N3 
2 4 2
i ............................... depende do tipo de solo
ki................................ depende do tipo de solo
F2 ............................... depende do tipo de estaca
TIPO DE SOLO K (MPa) α (%)
Areia 1,00 1,4
Areia siltosa 0,80 2,0
Areia silto-argilosa 0,70 2,4
Areia argilosa 0,60 3,0
Areia argilo-siltosa 0,50 2,8
Silte 0,40 3,0
Silte arenoso 0,55 2,2
Silte areno-argiloso 0,45 2,8
Silte argiloso 0,23 3,4
Silte argilo-arenoso 0,25 3,0
Argila 0,20 6,0
Argila arenosa 0,35 2,4
Argila areno-siltosa 0,30 2,8
Argila siltosa 0,22 4,0
Argila silto-arenosa 0,33 3,0

Tipo de Estaca F1 F2
Metálica 1,75 3,50
Pré-moldada 1 + D/0,80 2F1
Franki 2,50 5,00
Escavada 3,00 6,00
Raiz 2,00 4,00
Hélice Contínua 2,00 4,00

Na tabela anterior, D entra em metros. D é o diâmetro da estaca, quando ela tem


seção circular, ou a altura, quando ela tem seção quadrada, hexagonal, etc.
Fundações Profundas 28

Q rup
Q adm  FS  2,0
FS

Observações importantes:
a) Estacas metálicas ou vasadas

Qp  qs  Ap

Q AL  U   q li  l i

A p .......... área do retângulo b  h  ou do círculo π  r 2 

U ............ perímetro do retângulo 2b  h  ou do círculo 2 π  r 


Atenção: A área e o perímetro são calculados desta forma apenas quando se
está utilizando o método de Aoki-Veloso.

b) Estacas Franki
 Para projeto:
D b  1,5  D f
 Para estacas já executadas:
3
4 4 D
Vc  π  R b  Vc  π  b 
3

3 3 8
1 6  Vc
 Vc   π  Db  Db  3
3

6 π
Fundações Profundas 29

c) Estacas escavadas
 NBR-6122: 80% do carregamento têm que ser
absorvidos por atrito lateral.
 Q p  Q AL

Qadm   2,0  adotar o menor dos dois
 Q AL
 0,8

d) Cota de arrasamento
É a cota do topo das estacas, a qual, às vezes, não coincide com o nível do terreno.
 O solo que está acima da estaca não
influi para o cálculo da resistência
lateral.
 Os valores de N são contados a partir do
topo da estaca:
N li  n2

 O valor de l1 também é calculado a partir


do topo da estaca.

1.4.3 Provas de Carga


A carga de ruptura de uma estaca pode ser determinada por provas de carga
executadas de acordo com a Norma 12131 da ABNT.
Fundações Profundas 30

1.5. Atrito Negativo


Fundações Profundas 31

 O atrito negativo que uma camada exerce no fuste de uma estaca é decorrente do
deslocamento dessa camada para baixo em relação a essa estaca. Tal processo
está associado ao recalque por adensamento que uma camada de argila
compressível (de consistência mole ou muito mole) pode sofrer em função da
variação de pressão efetiva nela atuante.
 As camadas acima da camada compressível também contribuem para o atrito
negativo, pois, se elas estão apoiadas na argila mole ou muito mole que se
encontra em processo de adensamento, elas também se deslocam para baixo,
relativamente à estaca, contudo sem adensarem.
 Para levar em conta o atrito negativo, calcula-se a pressão admissível da seguinte
forma:
()
QP  Q AL ( )
Q adm   Q AL
2,0
Onde:
QAL(+) – parcela do atrito lateral positivo;
QAL(-) – parcela do atrito lateral negativo.

1.6. Efeito de Grupo


Entende-se por efeito de grupo de estacas ou tubulões como o processo de interação
dos diversos elementos que constituem uma fundação ao transmitirem ao solo as cargas que
lhes são aplicadas. Esta interação acarreta uma superposição de tensões de tal sorte que o
recalque do grupo seja, em geral, diferente daquele do elemento isolado.
O espaçamento mínimo entre estacas ou tubulões deve levar em conta a forma de
transferência de carga ao solo e o efeito do processo executivo nas estacas adjacentes.

Observação da Norma 6122/2010


Fundações Profundas 32

A carga admissível de um grupo de estacas não pode ser maior do que a de uma
sapata de mesmo contorno que o do grupo e assente a uma profundidade acima da ponta
das estacas igual a 1/3 do comprimento de penetração na camada suporte (f). Essas
considerações não são válidas para blocos apoiados em fundações profundas com
elementos inclinados.
 Eficiência do grupo:
carga de ruptura da estaca no grupo
E
carga de ruptura da estaca isloada
Observação de Cintra e Aoki (2011)
Em princípio, a eficiência do grupo depende da forma e do tamanho do grupo, do
espaçamento entre estacas e, principalmente, do tipo de solo e de estaca. Antigamente,
considerava-se que a eficiência podia ser menor que a unidade, de acordo com as fórmulas
de eficiência empregadas à época. Depois, com a realização de ensaios em grupos,
constatou-se que a eficiência, geralmente, é igual ou superior à unidade. Entretanto, a
prática corrente de projeto de fundações por estacas não leva em conta possíveis benefícios
de eficiência de grupo superior à unidade. Assim, na prática, calcula-se a capacidade de
carga apenas do elemento isolado de fundação, com a hipótese de que se tenha E = 1.

1.7. Dimensionamento

 Escolha do Tipo de Estaca


Fatores que influenciam na escolha do tipo de estaca:
- Tipo e porte da edificação;
- Valores das cargas do pilar;
- Terreno (sondagens);
- Construções vizinhas (vibração e níveis de ruído);
- Disponibilidade de equipamento;
- Custo;
- Prazo de execução.
Feita a opção pelo tipo de estaca, define-se o diâmetro ou seção transversal do fuste
a ser adotado, de acordo com as cargas de catálogo de fabricantes ou executores desse tipo
de estaca (Qestr). Se a variação das cargas dos pilares de uma obra for muito ampla, segundo
Cintra e Aoki (2011), pode-se trabalhar com dois ou até três diâmetros diferentes num
mesmo projeto.
Fundações Profundas 33

 Número de estacas

Qpilar - carga transmitida pelo pilar


Q = 1,1 x Qpilar
Q - carga a ser utilizada no dimensionamento (fator 1,1 considera o peso da
fundação)
Q
n (adotar valor inteiro imediatamente superior)
Q estr
n - número de estacas no apoio
Q estr - carga admissível estrutural; carga de trabalho ou carga de catálogo (valores
tabelados nos catálogos dos fabricantes)
Q
Q estaca  ( Q estr )
n
Qestaca - carga que a estaca terá de transferir ao terreno.

 Comprimento das estacas


O comprimento das estacas no terreno deve ser tal que a carga admissível do
conjunto solo-estaca (Qadm) seja maior ou igual à carga que será transferida pela estaca ao
terreno (Qestaca).
Para determinação do comprimento das estacas, deve-se ter em mente as seguintes
informações:
1) Pode haver uma limitação que imponha um comprimento máximo para a estaca.
2) Segundo Cintra e Aoki (2011), há uma diminuição da eficiência do equipamento
com o aumento da resistência dos solos, chegando a provocar a parada da estaca.
Em termos práticos, pode-se estabelecer, para cada tipo de estaca, uma faixa de
valores de NSPT em que costuma ocorrer a parada da estaca. A tabela abaixo
indica faixas de valores que podem ser interpretados como os limites máximos
para penetrabilidade no terreno (cravabilidade e escavabilidade), desde que não
haja recursos adicionais para garantir a penetração exigida.
Fundações Profundas 34

Valores Limites de NSPT para a Parada das Estacas


Tipo de Estaca Nlim
15 < NSPT < 25
D < 30 cm
Pré-moldada de Concreto Ʃ NSPT = 80
D ≥ 30 cm 25 < NSPT ≤ 35
Perfil Metálico 25 < NSPT ≤ 55
Tubada (oca, ponta fechada) 20 < NSPT ≤ 40
Strauss 10 < NSPT ≤ 25
em solos arenosos 8 < NSPT ≤ 15
Franki
em solos argilosos 20 < NSPT ≤ 40
Estacão e Diafragma, com lama bentonítica 30 < NSPT ≤ 80
Hélice Contínua 20 < NSPT ≤ 45
Ômega 20 < NSPT ≤ 40
Raiz NSPT ≥ 60 (penetra na rocha sã)

 Roteiro para determinação do comprimento das estacas


- Dado o tipo de estaca, verificar a faixa de valores de NSPT que podem corresponder
à parada das estacas (chamaremos os limites de Nmín e Nmáx);
- Adotar a profundidade correspondente ao Nmín como primeira tentativa para
definição da localização da ponta das estacas;
- Calcular Qadm pelo Método de Aoki-Veloso e comparar com Qestaca:
Se Qadm > Qestaca → Reduzir em um metro o comprimento da estaca e repetir a
comparação com Qestaca. Repetir o procedimento até que Qadm < Qestaca. Quando
isso ocorrer, adotar a profundidade anterior para definir o comprimento da estaca.
Se Qadm < Qestaca → Aumentar a profundidade em um metro e repetir a comparação
com Qestaca. Repetir o procedimento até que Qadm seja igual ou pouco maior que
Qestaca. Esta profundidade definirá o comprimento da estaca. Se até a profundidade
correspondente ao Nmáx não se conseguir Qadm ≥ Qestaca, aumentar o número de
estacas, calcular o novo valor de Qestaca e verificar qual a menor profundidade que
corresponde ao Qadm igual ou pouco maior que o novo valor de Qestaca.
- Se houver alguma imposição de comprimento máximo para as estacas
(chamaremos de Lmáx), verificar se a profundidade definida é menor que esse
valor. Se for maior, aumentar o número de estacas.
Fundações Profundas 35

 Exemplo

Dimensionar a fundação de um pilar cuja carga a ser transferida ao terreno acima é


igual a 2.000 kN, considerando que serão utilizadas estacas pré-moldadas de concreto
centrifugado com diâmetro de 33 cm, carga de catálogo de 750 kN e que são fabricadas
com comprimento máximo de 12 m, e admitindo duas situações:
a) Não há possibilidade de se emendar as estacas;
b) Há possibilidade de se emendar as estacas.
Solução:
 Carga a ser adotada:
Q = 1,1 x Qpilar
Qpilar = 2.000 kN
Q = 1,1 x 2.000 = 2.200 kN
Fundações Profundas 36

 Número de estacas:
Q
n
Q estr
2.200
n  2,93 → Adotado n = 3 estacas
750
 Carga que cada estaca terá de transferir ao terreno:
Q
Q estaca 
n
2.200
Q estaca   733,33 kN
3
a) Comprimento da estaca sem emendas: L = 12 metros
As três camadas são constituídas por areia argilosa com compacidades
diferentes. Logo, os parâmetros α e K são os mesmos para as três camadas.
K = 0,6 MPa = 600 kPa = 600 kN/m2
α = 3,0% = 0,03
 Resistência de Ponta:
K.N
Qp   Ap
F1
Como a superfície do terreno está na cota + 1,00, uma estaca com 12 metros de
profundidade terá sua ponta na cota – 11,00. Nesse local, o NSPT é igual a 14.
D
Estaca pré-moldada com D = 33 cm → F1  1  ( D em metros)
0,80
0,33
F1  1   1,41
0,80
 .D2  . 0,332
Ap  → Ap   0,086 m 2
4 4
600 x 14
Qp  x 0,086
1,41
Qp = 512,34 kN
 Atrito Lateral
QAL  U   qli  li

αi  k i  Ni
q li 
F2
Fundações Profundas 37

Estaca pré-moldada com D = 33 cm → F2 = 2 x F1 = 2 x 1,41 = 2,82


5 2  3 2  4
Solo 1: N 1   3,2 l1 = 6,0 m
5
47997
Solo 2: N 2   7,2 l2 = 5,0 m
5
9
Solo 3: N 3  9 l3 = 1,0 m
1
U   . D   x 0,33  1,04 m

 0,03 x 600 x 3,2 0,03 x 600 x 7,2 0,03 x 600 x 9,0 


Q AL  1,04 x  x 6,0  x 5,0  x1,0 
 2,82 2,82 2,82 
QAL  1,04 x 122,55  229,79  57,45
QAL = 426,13 kN
QP  Q AL
Q adm 
FS  2,0
512,34  426,13
Q adm 
2,0
Qadm = 469,24 kN < Qestaca = 733,33 kN Não passou
Como não há possibilidade de se aumentar o comprimento das estacas, tem-se
que aumentar a quantidade delas de modo que Qestaca < Qadm.
Como, para o comprimento de 12 m, Qadm = 469,24 kN, tem-se:
2.200
n  4,69
469,24
Logo, deverão ser utilizadas 5 estacas.
Neste caso, cada estaca deverá transferir ao terreno a seguinte carga:
2.200
Q estaca   440 kN
5
Com 12 metros, cada estaca terá uma carga admissível do conjunto solo-estaca
de 469,24 kN, que é maior do que a carga que irá para a estaca.
Se essa estaca tivesse 11 metros, sua carga admissível do conjunto solo-estaca
seria:
600 x 9
Qp  x 0,086
1,41
Qp = 329,36 kN
Fundações Profundas 38

 0,03 x 600 x 3,2 0,03 x 600 x 7,2 


Q AL  1,04 x  x 6,0  x 5,0 
 2,82 2,82 
QAL  1,04 x 122,55  229,79
QAL  366,43 kN
329,36  366,43
Q adm 
2,0
Q adm  347,90 kN < Qestaca = 440 kN Não passou
Logo, deverão ser utilizadas 5 estacas com 12 metros de comprimento.

b) Possibilidade de se emendarem as estacas


Como a estaca é pré-moldada de concreto com D ≥ 30 cm, os valores limites
para a parada das estacas estão no intervalo 25 < NSPT ≤ 35. Pela sondagem, verifica-se que
essa faixa compreende valores entre as profundidades de 20 metros (NSPT = 28) e 22 metros
(NSPT = 30).
1ª Tentativa: L = 20 m
 Resistência de Ponta:
K.N
Qp   Ap
F1
600 x 28
Qp  x 0,086
1,41
Qp = 1.024,68 kN
 Atrito Lateral
9 14  13 16  15 13 14  16  21
Solo 3: N 3   14,6 l3 = 9,0 m
9
 0,03 x 600 x14,6 
Q AL  1,04 x 122,55  229,79  x 9,0  → QAL = 1.238,71 kN
 2,82 
QP  Q AL
Q adm 
FS  2,0
1.024,68 1.238,71
Q adm 
2,0
Qadm = 1.131,70 kN >>> Qestaca = 733,33 kN
Tentaremos reduzir o comprimento da estaca.
Fundações Profundas 39

2ª Tentativa: L = 19 m
 Resistência de Ponta:
600 x 21
Qp  x 0,086
1,41
Qp = 768,51 kN
 Atrito Lateral
9 14 13 16 15 13 14 16
Solo 3: N 3   13,8 l3 = 8,0 m
8
 0,03 x 600 x13,8 
Q AL  1,04 x 122,55  229,79  x 8,0  → QAL = 1.099,30 kN
 2,82 
768,511.099,30
Q adm 
2,0
Qadm = 933,91 kN >>> Qestaca = 733,33 kN

3ª Tentativa: L = 18 m
 Resistência de Ponta:
600 x 16
Qp  x 0,086
1,41
Qp = 585,53 kN
 Atrito Lateral
9 14 13 16 15 13 14
Solo 3: N 3   13,4 l3 = 7,0 m
7
 0,03 x 600 x13,4 
Q AL  1,04 x 122,55  229,79  x 7,0  → QAL = 989,11 kN
 2,82 
585,53  989,11
Q adm 
2,0
Qadm = 787,32 kN > Qestaca = 733,33 kN

4ª Tentativa: L = 17 m
 Resistência de Ponta:
600 x 14
Qp  x 0,086
1,41
Qp = 512,34 kN
Fundações Profundas 40

 Atrito Lateral
9 14 13 16 15 13
Solo 3: N 3   13,3 l3 = 6,0 m
6
 0,03 x 600 x13,3 
Q AL  1,04 x 122,55  229,79  x 6,0  → QAL = 896,17 kN
 2,82 
512,34  896,17
Q adm 
2,0
Qadm = 704,26 kN < Qestaca = 733,33 kN
Logo, deverão ser utilizadas 3 estacas com 18 metros de comprimento.
Fundações Profundas 41

TABELA DE PERFIS METÁLICOS

a) PERFIS “H”
Largura da Mesa Espessura da
Tamanho Nominal Altura (h) Peso Área
(b) Alma
mm pol mm kgf/m mm mm cm2
101,6 x 101,6 4x4 101,6 20,5 101,6 7,95 26,1
127,0 x 127,0 5x5 127,0 27,9 127,0 7,95 35,6
152,4 x 152,4 6x6 152,4 37,1 150,8 7,95 47,3

b) PERFIS “I”
Largura da Mesa Espessura da
Tamanho Nominal Altura (h) Peso Área
(b) Alma
mm pol mm kgf/m mm mm cm2
11,4 67,6 4,83 14,5
12,7 69,2 6,43 16,1
101,6 x 66,7 4 x 2 5/8 101,6
14,1 71,0 8,28 18,0
15,6 72,9 10,16 19,9
14,8 76,2 5,33 18,8
127,0 x 76,2 5x3 127,0 18,2 79,7 8,81 23,2
22,0 83,4 12,55 28,0
18,5 84,6 5,84 23,6
152,4 x 85,7 6 x 3 3/8 152,4 22,0 87,5 8,71 28,0
25,7 90,6 11,81 32,7
27,3 101,6 6,86 34,8
30,5 103,6 8,86 38,9
203,2 x 101,6 8x4 203,2
34,3 105,9 11,20 43,7
38,0 108,3 13,51 48,3
37,7 118,4 7,90 48,1
44,7 121,8 11,40 56,9
254,0 x 117,5 10 x 4 5/8 254,0
52,1 125,6 15,10 66,4
59,6 129,3 18,80 75,9
60,6 135,4 11,70 77,3
67,0 136,0 14,40 85,4
304,8 x 133,4 12 x 5 1/4 304,8
74,4 139,1 17,40 94,8
81,9 142,2 20,60 104,3
63,3 139,7 10,40 80,6
66,5 140,8 11,50 84,7
381,0 x 139,7 15 x 5 1/2 381,0
73,9 143,3 14,00 94,2
81,4 145,7 16,50 103,6
Fundações Profundas 42

TABELA DE CARGA DE TRABALHO DE ESTACAS


(Valores para anteprojeto dos tipos mais usuais)

a) ESTACAS DE MADEIRA
CARGA DE
DIMENSÃO
TIPO DE ESTACA CATÁLOGO OBSERVAÇÕES
(cm)
(kN)
Φ 20 150
Φ 25 200 Comprimentos limitados.
MADEIRA Podem ser emendadas, porém a resistência é
Φ 30 300
σ = 4 MPa diminuída na emenda.
Φ 35 400
Φ 40 500

b) ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO


CARGA DE
DIMENSÃO
TIPO DE ESTACA CATÁLOGO OBSERVAÇÕES
(cm)
(kN)
20 x 20 400
VIBRADA
25 x 25 600 Disponíveis até 8 m.
Quadrada
30 x 30 900 Podem ser emendadas.
σ = 6 a 9 MPa
35 x 35 1.200
VIBRADA Φ 22 400 Disponíveis até 10 m.
Circular Φ 29 600 Podem ser emendadas.
σ = 9 a 11 MPa Φ 33 800 Podem ter furo central.
PROTENDIDA Φ 20 350
Circular Φ 25 600
σ = 10 a 14 MPa Φ 33 900
Φ 20 300
Φ 23 400
Φ 26 500
CENTRIFUGADA Φ 33 750 Disponíveis até 12 m.
Circular Φ 38 900 Podem ser emendadas.
σ = 9 a 11 MPa Φ 42 1.150 Com furo central (ocas).
Φ 50 1.700
Φ 60 2.300
Φ 70 3.000
MEGA Φ 30 700
Fundações Profundas 43

c) ESTACAS DE CONCRETO MOLDADAS “IN SITU”


CARGA DE
DIMENSÃO
TIPO DE ESTACA
(cm)
CATÁLOGO OBSERVAÇÕES
(kN)
BROCA Φ 20 150
σ = 3 a 4 MPa
Executadas até o N.A.
Φ 25 200
Φ 22 200
Φ 27 300 Executadas até o N.A.
STRAUSS
Φ 32 400 Não indicadas na ocorrência de argilas muito
σ = 4 MPa
Φ 42 700 moles.
Φ 45 1.070
Φ 30 450
Φ 35 550 Tubos até 25 m. (podem ser emendados).
FRANKI
Φ 40 800 Cargas maiores requerem armaduras/bases
σ = 6 MPa
Φ 52 1.300 especiais.
Φ 60 1.700
Φ 60 1.100
ESCAVADA Φ 70 1.500
Escavação estabilizada com lama ou camisa de
Circular Φ 80 2.000
σ = 4 MPa aço.
Φ 100 3.100
Φ 120 340
40 x 250 500
60 x 250 750
BARRETE Escavação estabilizada com lama.
80 x 250 1000
100 x 250 1250
Φ 10 100-150
Φ 12 100-250
Φ 15 100-350
Φ 16 100-450 Diâmetro final em vez de diâmetro do tubo. A
RAIZ
Φ 20 100-600 carga de catálogo depende da armadura utilizada.
Φ 25 250-800
Φ 31 300-1.100
Φ 41 500-1.500
Φ 10 150-700
MICROESTACA Φ 15 300-1.050 Estacas injetadas.
Φ 20 700-1.800
Φ 27,5 350
Φ 30 450
Φ 35 600
Φ 40 800
Φ 42,5 900
HËLICE CONTÍNUA
Φ 50 1.250
σ = 6 MPa
Φ 60 1.800
Φ 70 2.450
Φ 80 3.200
Φ 90 4.000
Φ 100 5.000
Fundações Profundas 44

d) ESTACAS METÁLICAS
CARGA DE PESO/
DIMENSÃO
TIPO DE ESTACA CATÁLOGO METRO OBSERVAÇÕES
(cm)
(kN) (kgf/m)
H 6” 400 37,1
PERFIS I e H
σ = 80 MPa I 8” 300 27,3
(correto é descontar 1,5 I 10” 400 37,7
Podem ser emendados.
mm para corrosão e I 12” 600 60,6
aplicar σ = 120 MPa) 2 I 10” 800 75,4
2 I 12” 1.200 121,2
TR 25 200 24,6
TR 32 250 32,0
TR 37 300 37,1
TRILHOS USADOS TR 45 350 44,6
σ = 80 MPa TR 50 400 50,3 Podem ser emendados.
2 TR 32 500 64,0
2 TR 37 600 74,2
3 TR 32 750 96,0
3 TR 37 900 111,3

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