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3.

Precursores da Escola Clássica


3.1. Contexto histórico:
Inglaterra e França, 1650-1776
3.2. D. North, W. Petty e R. Cantillon
3.3. David Hume
3.4. A Fisiocracia:
autores e idéias principais
3.5. François Quesnay e
o “Quadro Econômico”

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3.1. Contexto histórico:
Inglaterra e França, 1650-1776

● origens da revolução industrial inglesa


- contexto de revolução científica e revolução
industrial
- recusa da visão orgânica de sociedade
(hierárquica, comunitária e feudal)

● discurso científico sobre a natureza

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● na Inglaterra, fim do Antigo Regime
(parlamentarismo, Revolução Gloriosa) sem
rupturas revolucionárias
- dois séculos (17 e 18) de desenvolvimento
agrícola e comercial, que estabelecem uma
sociedade mercantil
- desagregação do feudalismo
- grande expansão dos mercados externos

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● na França, economia basicamente agrária,
atrasada, encontrava-se com grandes dificuldades
financeiras
- agricultura: duas diferentes realidades, ao norte
ocorre a penetração do capitalismo
- manufaturas: cidade baseada no artesanato,
com objetivo de servir à nobreza (autoridades
locais, pedágios, impostos, tarifas, guildas)
- poder público e impostos

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3.2. D. North, W. Petty e R. Cantillon

● Dudley North (1641-1691)


- rico mercador (Turquia), comissário de
alfândega, funcionário do tesouro
- primeiro mercador a defender o comércio livre
(vantagem mútua, conforme divisão do trabalho)
- Discourses upon trade, 1691 (anônimo)
- comércio beneficia os dois lados, troca de
supérfluos

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● dinheiro: entesourar é empobrecer (consumir
reservas); enriquecer é ter o patrimônio como
condição crescente
- dinheiro é apenas meio de troca pelas
necessidades básicas da vida
- dinheiro pode existir em excesso

● liberalismo amplia os ganhos tanto no comércio


interno como no externo

● taxa de juros depende de oferta e procura de


fundos (não cabe limitar)
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● William Petty (1623-1687)
- Inglaterra, adota a Irlanda
- filho de comerciante pobre, menino prodígio,
obteve grande fortuna; marinheiro, médico,
professor de anatomia, inventor, pesquisador,
parlamentar, empresário do ferro e cobre,
construtor de navios, escritor, estatístico, grande
proprietário de terras
- trajetória aventurosa ilustra a diversidade de
interesses dos pensadores econômicos do século
XVII

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- acompanha as tropas de Cromwell na campanha
da Irlanda, como médico-chefe do exército; atua
na solução do problema de distribuição das terras
aos ocupantes; fundador da Royal Society for
Improving of Nature Knowledge, associação
científica
- pretendeu fundar a ciência positiva das coisas de
governo (sistema fiscal, cálculo da riqueza
nacional, administração pública), a “aritmética
política”

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Verbum sapienti (1664);

The political anatomy


of Ireland ([1672] 1691);

Quantulumcunque
concerning money (1692);

Discourses on
● obras: A treatise on political arithmetick
taxes and contributions ([1672-76] 1690)
(1662);
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● considerado “fundador da Economia Política” e
também “fundador do método estatístico”

● entusiasmo com a noção de equilíbrio (física)


remete à necessidade de compreensão sistêmica
- temas do comércio exterior ficam subordinados a
uma concepção de sistema econômico que parte
do trabalho e da terra

● nacionalista, estatista (absolutismo e


paternalismo) e populacionista

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- a favor do saldo comercial positivo e da proteção
ao mercado interno, mas era a favor do comércio
mais livre
- ganhos de escala com maior população
- entusiasmo pelo emprego total

● impostos proporcionais não afetam riqueza


pessoal: teoria da tributação benéfica

● idéias sobre velocidade de circulação da moeda;


doutrina das necessidades do comércio

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● contra a fixação de limites legais para taxa de
juros e a fixação por lei da taxa de câmbio

● divisão do trabalho: vantagens da


especialização de tarefas para o barateamento
dos artigos

● como precursor dos clássicos, destaca-se pela


ênfase no capital e na produção
- busca de uma teoria do valor e da riqueza: “O
trabalho é o Pai e o princípio ativo da Riqueza,
assim como as Terras são a Mãe desta”
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- riqueza como “efeito do trabalho passado”
- o trabalho necessário à produção e também a
terra (ou ambos) são a medida do valor
- salário de subsistência: “lei determina ... o
bastante para viver”

● teoria dos preços, três categorias: preço natural,


preço político, preço corrente

● preços estão referidos não apenas a oferta e


demanda, mas ao conjunto do sistema de
produção (cadeias produtivas e custos sociais)
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● teoria do valor implícita encaminha noção de
excedente propiciado pelo trabalho

● teoria primitiva da renda como resíduo

● importância do “capital” (arte x trabalho comum)

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● Richard Cantillon (1680?-1734)
- irlandês, radicou-se em Paris, banqueiro rico
- precursor dos fisiocratas: “empresário” (risco
remunerado pelo lucro, normal) e teoria do valor
(papel da terra e do trabalho, oferta e demanda)
- Essai sur la nature du commerce en général,
([1730-34] 1755): diálogo com Locke (questões
monetárias) e Petty (conceitos de renda e riqueza)

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● excedente de exportação é positivo, mas cedo
ou tarde há reversão do saldo positivo

● Cantillon quer estudar a riqueza pelo comércio


- começa por explicar o direito à propriedade e à
renda excedente da produção agrícola
- distingue os grupos sociais por sua função no
processo produtivo e sua parcela na apropriação
- terra dá origem a três rendas: da terra
propriamente, cabe aos proprietários; sustento do
empresário rural e seus trabalhadores e animais;
lucro do arrendatário
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● teoria do valor e do preço:
- papel da terra e do trabalho como custos e
medida do valor intrínseco (natural)
- oferta e demanda determinam flutuações do
preço de mercado em torno ao valor intrínseco
- preço de mercado: depende de proporção entre
a quantidade disponível e o dinheiro oferecido
- valor intrínseco: medida da quantidade de terra
(fertilidade) e de trabalho (quantidade) que entra
na produção
- valores intrínsecos não variam; preços de
mercado tem variação diária
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● a seqüência Petty-Cantillon-Quesnay
- herdam de Petty o problema do par terra-
trabalho, em oposição ao metalismo

● Petty: riqueza é produção de mercadorias,


vinculada ao trabalho (população;
esforço/sacrifício), que determina o preço natural e
o preço (valor do dinheiro)
- mas o valor mede-se por trabalho e/ou por terra
(que também é fonte da riqueza)

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● Cantillon: riqueza = mercadorias; valor = terra e
trabalho
- terra é fonte ou matéria para extração da riqueza
(coisas úteis e conforto); trabalho é a forma de
produzir riqueza

● diferenças de Cantillon (frente a Petty):


- trabalho = custo de subsistência, equivalente à
quantidade de terra necessária para gerá-la (dado
o estado da técnica)
- não refere população à riqueza nem trabalho
(sacrifício) ao valor
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- par terra-trabalho serve à tentativa de
estabelecer medida rigorosa de valor em terra
- medida interessa pela concepção de excedente
baseada nos poderes produtivos da agricultura
(base do sistema fisiocrático)
- articula produção do excedente com os fluxos
produtivos e de rendimentos; estes últimos
relacionam-se com a circulação monetária

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3.3. David Hume
● 1711-1776, Escócia
- de espírito cético e pensamento não-ortodoxo
- tutor de um marquês e funcionário público
inferior
- escreveu prolificamente em sua terra natal, tendo
enriquecido com os direitos autorais
- filósofo, lógico, historiador e economista; escritor
de transição do período mercantilista para a
escola clássica e o liberalismo
- oposição aberta aos dogmas mercantilistas
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● Political Discourses, 1752

● economia política é:
- investigação sobre a natureza do comércio e da
riqueza e seus efeitos na grandeza do Estado e na
felicidade dos indivíduos;
- “as nossas paixões são a causa única do
trabalho, e o trabalho (que inclui todos os esforços
mentais e físicos) é o meio de comprar da
natureza toda a riqueza do mundo”

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● teoria do comércio internacional – mecanismo
de preço-fluxo de moeda, relacionado com teoria
quantitativa da moeda
- conforme Cantillon, entrada de metais levaria ao
ocaso econômico nacional, cedo ou tarde
- em Hume, crescimento econômico é estimulado
é estimulado com a entrada de metais (elevação
de preços, lucros e juros no curto prazo) e a maior
produção a longo prazo reduz lucros e juros,
levando à maior auto-suficiência comercial

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● Hume segue teoria monetária de Locke para
propor a existência de um mecanismo de
equilíbrio internacional, que opera sem a
intervenção do governo (ver caps. V e VI)

● comércio livre beneficia a todos; no longo prazo


diminuem as diferenças entre as nações, porque
as mais pobres podem concorrer com melhores
preços nos artigos mais simples, depois mais
complexos

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● homens e mercadorias são a verdadeira força
econômica, a “grande roda da circulação”; dinheiro
é apenas um “óleo lubrificante”
● agricultura e indústria são mutuamente
necessárias e comércio cresce com elas
● elasticidade da demanda: esboço do conceito,
na discussão do impacto dos impostos
● impostos indiretos recaem sobre assalariados e
não sobre o produto líquido dos proprietários

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