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OS OBSTÁCULOS QUE A PRÓPRIA LINGUAGEM, QUANDO EXCESSIVAMENTE

REBUSCADA, PODE IMPOR À COMPREENSÃO E À COMUNICAÇÃO NO ÂMBITO


JUDICIAL.

Ricardo Gomes Menezes*


Marcus Antônio Assis Lima**

Resumo: O objetivo deste artigo é analisar em que medida certos recursos estilísticos, adotados em
determinados discursos jurídicos, podem vir a prejudicar a compreensão e a própria comunicação
no âmbito judicial. Neste intuito, tem-se como ponto de partida a matéria jornalística veiculada pela
Rede Globo de televisão, no Jornal Nacional do dia 22/12/2015, em que se tratou do “floreio
excessivo” e do uso de expressões em latim em alguns enunciados jurídicos, prática que, no dizer
do referido telejornal, ao invés de melhorar o conteúdo da enunciação, dificulta o entendimento
daqueles aos quais se destina. Contribui para a reflexão aqui proposta a noção de ethos, tanto a de
Aristóteles (2012) quanto a de Maingueneau (2011), inclusive para que se possa investigar, nos
limites desta publicação, a origem e os motivos que levam alguns profissionais do Direito a se
excederem no rebuscamento das suas manifestações. Por fim, tendo em vista os conceitos de orador
e de auditório, de Perelman (2014), propõe-se a adequação dos discursos jurídicos aos seus variados
destinatários, no intuito de que estes últimos, na medida das suas respectivas capacidades e
limitações, lhes possam prestar alguma atenção.

Palavras-chave: Discurso jurídico. Ethos retórico. Ethos discursivo e pré-discursivo. Teoria da


argumentação.

1. Introdução

Em meio a uma série de reportagens sobre o acordo ortográfico assinado por Brasil e outros
sete países de língua portuguesa, o Jornal Nacional, da Rede Globo, veiculou, no dia 22/12/15,
matéria1 que, para além do excesso de formalismo praticado por um determinado cartório, tratou da
dificuldade de alguns entrevistados para a compreensão de texto elaborado por uma magistrada.
Tendo como foco a crítica ao floreio excessivo da língua e a utilização de termos pouco
conhecidos pelo grande público, a equipe do referido telejornal acompanhou uma aula oferecida aos
servidores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), ali orientados a adotarem, em suas
práticas cotidianas, uma linguagem mais acessível aos destinatários da enunciação.

1
Íntegra da matéria jornalística disponível no portal da Rede Globo: http://g1.globo.com/jornal-
nacional/noticia/2015/12/unificacao-da-lingua-portuguesa-nao-consegue-passar-por-barreiras-legais.html.
* Graduado em Direito e pós-graduado em Direito Médico-Hospitalar pela Universidade Católica do Salvador, pós-
graduado em Direito Processual Civil pela Universidade Federal da Bahia, com Mestrado em andamento em Letras:
Cultura, Educação e Linguagens pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, sob a orientação do Prof. Dr.
Marcus Antônio Assis Lima. Membro do Grupo de Pesquisa: Práticas, Escritas e Narrativas – GPPEN, Professor do
curso de Pós-Graduação em Direito Médico da UCSAL e advogado;
** Pós-doutorado em Media & Communications pelo Goldsmiths College/University of London (2013/2014), concluiu
o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Minas Gerais em
2008 (linha de pesquisa: Análise do Discurso) e o mestrado em Comunicação e Sociabilidade, pela mesma
universidade, em 2000; graduou-se em Jornalismo em 1991. Atualmente é Professor Titular, dedicação exclusiva, do
Curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, e professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação
em Letras: Cultura, Educação e Linguagens, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Grupo de Pesquisa:
Práticas, Escritas e Narrativas - GPPEN.
No mesmo sentido, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) promoveu, no ano de
2005, uma “campanha pela simplificação da linguagem jurídica” 2, cujo principal objetivo foi a
reeducação linguística nos tribunais e nas faculdades de Direito, visando à mudança de alguns
hábitos por parte de juízes, advogados, promotores e outros profissionais da área jurídica, em prol
da utilização de uma linguagem mais direta e objetiva, a permitir uma aproximação maior entre o
Poder Judiciário e a população como um todo.
A partir da mencionada reportagem, veiculada por um importante meio de comunicação
brasileiro, assim como das iniciativas da AMB, no ano de 2005, e do TJRJ, com o oferecimento de
palestras aos seus servidores, no ano de 2015, é possível concluir, no nosso entendimento, que há
uma preocupação, inclusive da própria comunidade jurídica, em viabilizar, sempre que possível,
uma comunicação mais clara e objetiva com os diversos interlocutores que dialogam com a Justiça.
Acreditamos, também, tendo em vista a citada matéria do Jornal Nacional, assim como a
campanha da AMB e as mencionadas aulas do TJRJ, que existe uma inclinação, por parte de alguns
profissionais do Direito, para o rebuscamento excessivo da linguagem em suas manifestações. Daí
porque, partindo da premissa de que há certa predisposição ao floreio, às vezes excessivo, de alguns
discursos jurídicos, preocupa-nos, para além da provável incompreensão de tais enunciados, a
possibilidade da não concretização do ato comunicativo em si, inclusive entre os próprios
profissionais do Direito, como consequência de uma enunciação alheia ao esquema “orador-
auditório” (PERELMAN, 2014).
Corrobora a nossa inquietação, que não se restringe ao aspecto meramente acadêmico, a
decisão proferida no ano de 2015 pela Suprema Corte norte americana 3, cujos ministros, em
julgamento de processo disciplinar contra advogado que apresentou, à própria corte, uma petição
repleta de termos rebuscados, advertiram-no, como também aos demais advogados que ali atuam,
sobre o dever de adotarem, em suas peças, uma linguagem mais clara e objetiva.
No Brasil, Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, em artigo que
escreveu para o jornal Folha de São Paulo 4, propôs aos enunciadores do discurso forense que evitem
submeter o mundo jurídico à “linguagem empolada e inacessível” e às falas e escritas prolixas, que
“consomem sem dó o tempo alheio”. Segundo Barroso, falar difícil, em outra época, era tido como
expressão de sabedoria. Nos dias atuais, porém, entende o ministro que a virtude está na capacidade
de se comunicar com clareza e simplicidade, de maneira a conquistar o maior número possível de
interlocutores.
2
Sobre a “campanha pela simplificação da linguagem jurídica”, promovida pela Associação dos Magistrados
Brasileiros, ver site: http://www.amb.com.br/novo/?p=2118. Acesso em 7 de abril de 2016;
3
Dito posicionamento da Suprema Corte dos EUA, no julgamento do processo disciplinar contra o advogado Howard
Shipley, encontra-se no site: http://www.conjur.com.br/2015-abr-05/suprema-corte-eua-exige-simplicidade-peticoes.
Acesso em 11 de abril de 2016;
4
O texto do ministro Luis Roberto Barroso encontra-se disponível no site:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1707200808.htm. Acesso em 13 de abril de 2016.
Ditas proposições institucionais de maior equilíbrio ao rebuscamento da linguagem jurídica
servem-nos, aqui, não só como estímulo para a investigação das origens e dos motivos que levam
alguns enunciadores a se excederem no floreio, mas, principalmente, para sugeri-los que atentem
para o tipo de auditório ao qual se dirigem, e para a logicidade do conteúdo que enunciam. Afinal,
“para que uma argumentação se desenvolva, é preciso, de fato, que aqueles a quem se destina lhe
prestem alguma atenção” (PERELMAN, 2014).

2. O rebuscamento do discurso jurídico

Em sua investigação acerca da mudança estrutural da esfera pública, Habermas (2014),


reportando-se à Grécia antiga, descreve-nos a figura do típico patriarca grego como aquele cidadão
livre, o qual, na sua condição de detentor de autonomia privada, também estaria legitimado para
participar da vida pública, deliberando sobre os assuntos de interesse da cidade.
Na sociedade grega retratada por Habermas (2014), apesar de a vida pública não se restringir
a um local específico, a deliberação sobre economia, leis e política costumava se desenvolver em
praça pública, espaço onde havia “campo livre para a distinção pela honra” (HABERMAS, 2014, p.
97). Ou seja, ainda que os cidadãos transitassem entre iguais (“homoioi”) na esfera pública, cada
um, neste mesmo espaço, procurava se destacar dos demais (“aristoiein”).
Era “no diálogo dos cidadãos uns com os outros” (“léxis”), portanto, que os acontecimentos e
os fenômenos se verbalizavam e se configuravam, ou seja, vinham à linguagem e adquiriam forma
(HABERMAS, 2014, p. 97). As virtudes, que, em certa medida, chegaram a ser catalogadas por
Aristóteles, eram mantidas e encontravam o seu reconhecimento na esfera pública (helênica), onde
era possível, e até mesmo necessário, destacar-se por meio da aptidão para o discurso.
Segundo Manuel Alexandre Júnior, doutor em filologia clássica e professor catedrático da
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em sua introdução à Retórica de Aristóteles (2012:
XIV):

Desde Homero a Grécia é eloquente e se preocupa com a arte de bem falar. Tanto a
Ilíada como a Odisseia estão repletas de conselhos, assembleias, discursos; pois
falar bem era tão importante para o herói, para o rei, como combater bem 5.
Quintiliano admira sem reservas essa eloquência da Grécia heroica, reconhecendo
nela a própria perfeição da oratória já a desabrochar 6. É a oratória antes da retórica;
o que naturalmente supõe uma pré-retórica, uma “retórica avant la lettre” bem
anterior à sua definitiva configuração como ciência do discurso oratório 7

5
Essas eram as duas virtudes neles apreciadas. Fénix, por exemplo, acompanhou Aquiles por ordem de seu pai, Peleu,
para “o ensinar a falar bem e a realizar grandes feitos” (Ilíada, 9.443);
6
Instituto oratória, 10.1.4651;
7
Vide “Sobre los orígenes de la oratória (I)”, Minerva, Revista de Filología Clássica, 1, 1987, 17.
Ainda em sua introdução à Retórica aristotélica (2012: XVI), Júnior discorre sobre o que seria
a inspiração para “a criação de uma arte que pudesse ser ensinada nas escolas e habilitasse os
cidadãos a defenderem as suas causas e lutarem pelos seus direitos”. Segundo ele, a origem da
retórica, enquanto “metalinguagem do discurso oratório” (ARISTÓTELES, 2012: XVI), remonta ao
ano 485 a.C. A esse respeito, está dito:

Foi, porém, na Sicília que a retórica teve a sua origem como metalinguagem do
discurso oratório. Por volta de 485 a.C., dois tiranos sicilianos, Gélon e Híeron,
povoaram Siracusa e distribuíram terras pelos mercenários à custa de deportações,
transferências de população e expropriações. Quando foram destronados por efeito
de uma sublevação democrática, a reposição da ordem levou o povo à instauração
de inúmeros processos que mobilizaram grandes júris populares e obrigaram os
intervenientes a se socorrerem das suas faculdades orais de comunicação.

Com base nas referências acima, especificamente no que aqui se elege como prováveis
motivos e fontes de inspiração para a tendência ao floreio do discurso jurídico, é possível crer que,
dentre as qualidades atribuídas aos indivíduos historicamente legitimados para o ato da enunciação,
em especial no que se refere à capacidade de influenciar no posicionamento do julgador, a
eloquência, ainda hoje, goza de significativa importância.
Todavia, na visão de Aristóteles (2012, p. 6), qualquer outra qualidade que não o argumento,
especificamente o argumento lógico, não passa de mero acessório à retórica, afinal, segundo ele,
somente “os argumentos retóricos são próprios dela” (ARISTÓTELES, 2012, p. 6). Logo, atributos
como a mera capacidade de expressar-se com desenvoltura, assim como alguns sentimentos e
“paixões da alma”, quando destituídos de “prova lógica”, de nada servem, na concepção
aristotélica, para afetarem o assunto, uma vez que influenciam apenas o juiz.
Posiciona-se a teoria aristotélica, então, especificamente no que se refere à “arte do discurso
judicial”, com um olhar crítico frente aos que se ocupam, prioritariamente, com questões externas à
retórica, a exemplo daquelas voltadas ao que deveriam ou não “conter o proêmio ou a narração, e
cada uma das demais partes do discurso8”. Aliás, como já pontuado acima, ditas questões visam,
primordialmente, ao “modo como poderão criar no juiz certa disposição” (ARISTÓTELES, 2012, p.
8).
Colhemos em Aristóteles (2012), portanto, a premissa de que, nos discursos judiciais daquele
tempo, não bastava demonstrar-se a exatidão do que se afirmava, porquanto havia “toda a vantagem
em cativar o ouvinte” (ARISTÓTELES, 2012, p. 8). Deduz-se daí, pois, que a tendência ao
rebuscamento da linguagem forense, por parte de alguns dos seus enunciadores, talvez provenha, ao
que tudo indica, do desejo destes em ganharem a simpatia dos seus julgadores.

8
“Os manuais de retórica criticados por Aristóteles demoravam-se no tratamento de cada uma das partes do discurso: ou
seja, o proêmio, a narração, as provas e o epílogo” (ARISTÓTELES, 2012, p. 8).
Importante destacarmos, aqui, que a preponderância da estética e do estilo, na elocução 9 de
alguns oradores, vem de longa data. Afinal, segundo Júnior (ARISTÓTELES, 2012), Crisipo,
Cleantes e os estoicos, naquilo que contemplavam como a arte de bem falar, tendiam “para o
privilégio da componente estético-estilística, em detrimento da eficácia argumentativa”
(ARISTÓTELES, 2012:XXIV).
Aliás, sobre o cuidado dos enunciadores em assumirem determinados gestos, comportamentos
e outras características em suas elocuções, ao se pronunciarem perante os juízes de sua época, é
possível encontrar, na história, indícios mais longínquos, revelados através de antigas leis escritas.
Como exemplo, transcrevem-se, abaixo, os artigos 25º e 26º, do livro oitavo, do “Código de
Manu”10, juntamente com o seu artigo 23º, que determinava, por sua vez, a conduta dos que
deveriam julgar:

Art. 23º Colocando-se na cadeira em que ele deve administrar a justiça,


decentemente vestido e concentrando toda sua atenção depois de haver prestado
homenagem aos guardas do mundo (Lokapalas), que o rei, ou o juiz nomeado por
ele, comece o exame das causas.
Art. 25º Que ele descubra o que se passa no espírito dos homens, por meio dos
sinais exteriores, pelo som de sua voz, a cor de sua face, seu porte, o estado de seu
corpo, seus olhares e seus gestos.
Art. 26º Conforme o estado do corpo, o porte, a marcha, os gestos, as palavras, os
movimentos dos olhos e da face, se advinha o trabalho interior do pensamento. 11

Extrai-se desse registro histórico, portanto, o intuito dos enunciadores de se posicionarem, no


momento da elocução, de uma determinada maneira, premeditando a fala, equalizando a voz e
adequando a postura, referindo-se aos fatos, então, de um modo todo peculiar, a fim de cativar o
juiz, nele provocando “certa disposição”.
Nesse sentido, também, Méhész (1969), com o propósito de examinar o caráter do antigo
advogado romano, elege o método clássico de Quintiliano, segundo o qual “a defesa é o reflexo fiel
da conduta e descobre os segredos acerca do caráter do orador” (MÉHÉSZ, 1969, p. 166), dando-
nos conta, tal qual afirmavam os gregos, de que o advogado falava como vivia, de maneira tal que a
qualidade da sua defesa refletisse, fielmente, a vida que levava.
Ainda segundo Méhész (1969), a conduta do antigo advogado romano era pautada, dentre
outras virtudes, na dignidade e no valor da postura ao falar, que, segundo o referido autor, revelava-
se em público, durante a defesa oral do advogado. Para Méhész (1969), o ato de defender com

9
Parte da retórica que trata da seleção e disposição das palavras e frases (HOUAISS, 2009);
10
A Manu, descendente de Brahma (o criador do universo, para a religião hindu), atribui-se o título de um dos mais
antigos legisladores do mundo. A rigor, não há certeza quanto à data de promulgação do seu código, que remonta,
segundo se estima, ao período entre 1300 e 800 a.C;
11
Conteúdo acessado, em 13 de abril de 2016, através da Biblioteca jurídica virtual vinculada ao laboratório de
informática jurídica da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, no endereço eletrônico:
http://www.infojur.ufsc.br/aires/arquivos/CODIGo_%20MANU.pdf;
dignidade, na antiga Roma, estava reservado aos mais ilustres advogados, que se destacavam,
também, pela eloquência.
Outro aspecto que entendemos de suma importância, e que se extrai da dissertação de Méhész
(1969, p. 175), diz respeito à “filotimia” na Roma antiga, ou seja, ao apreço que os antigos
advogados romanos nutriam pela honra, pela fama e pela glória. No dizer dele, “o advogado na
antiga Roma, durante a sua defesa, necessitava do aplauso e da ovação” (MÉHÉSZ, 1969, p. 175).
Termina Méhész (1969, p. 181), pois, a sua dissertação, com a citação de um hino inspirado
por Ênio12, no qual são exaltadas as virtudes que deveriam compor o caráter do antigo advogado
romano, como transcrito abaixo:

A glória de um homem é o engenho


A luz do engenho é a eloquência
Ao advogado eloquente e valente,
com razão, chamam Maestro de
persuasão e flor do povo13

Todas essas evidências, quando somadas, servem à proposta de se estabelecer, aqui, aquilo
que apontaria para uma possível origem, bem assim para uma das motivações de alguns
enunciadores optarem, na construção dos seus discursos, pela utilização de um linguajar mais
rebuscado. Aliás, tendemos a crer que a própria construção do “eu social” 14, por uma parcela dos
enunciadores do discurso jurídico, também se opera com pompa e circunstância.
O próprio código de ética e disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil 15, guiado por
princípios que “formam a consciência profissional” e “representam imperativos da conduta” dos
advogados, ao tempo em que trata do “dever de urbanidade”, a eles impõe o emprego de uma
linguagem “escorreita” e “polida” em suas enunciações.
Segundo Houaiss (2009), uma das definições do adjetivo “escorreito” aponta para algo que
apresenta bom aspecto. Já no que se refere ao adjetivo “polido”, diz-se tratar, por extensão de
sentido, daquilo que recebeu polimento, e, no sentido figurado, do que expressa fina educação e
cortesia (HOUAISS, 2009).

12
Ênio ou Enio (em grego, Ένυώ), seria, na mitologia grega, uma antiga deusa conhecida pelo epíteto “Destruidora de
Cidades”. Dizia-se que quando ela dava o golpe final, o seu corpo se transformava em fogo.
13
La gloria de un hombre es el ingenio / La luz del ingenio es la elocuencia / Al abogado elocuente y valiente com
razón le llaman Maestro de persuasión y Flor del Pueblo.
14
Segmento da personalidade que se objetiva em termos de tipificações socialmente válidas. O “eu social”, na visão de
Berger e Luckmann, na obra A construção social da realidade, é subjetivamente experimentado como distinto do eu em
sua totalidade, chegando mesmo a defrontar-se com este. BERGER, Peter L. A construção social da realidade: tratado
de sociologia do conhecimento |por| Peter L. Berger |e| Thomas Luckmann. 34. ed.; tradução de Floriano de Souza
Fernandes. Petrópolis, Vozes, 2012.
15
O código de ética e disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil impõe aos seus membros, no artigo 45, capítulo VI,
em que trata do dever de urbanidade, o emprego de linguagem escorreita e polida. Código disponível no site:
http://www.oab.org.br/visualizador/19/codigo-de-etica-e-disciplina. Acesso em 23 de abril de 2016.
Ditas exigências, relacionadas à conduta e à escrita, terminam por pautar, em nossa
concepção, a própria postura de alguns profissionais do direito, sobretudo em seu ambiente
cotidiano de atuação, a exemplo dos fóruns, das salas de audiência e dos tribunais, onde as
insígnias, os hábitos, os gestos e a retórica os identificam e os destacam dos demais indivíduos
presentes, como decorrência da conformação das suas atitudes a um padrão que, além de ético,
costuma ser estético.

3. Do ethos retórico, de Aristóteles, ao discursivo, de Mainguenau

O caráter do orador (ethos), em Aristóteles, assume considerável importância no discurso


judicial (ou forense), uma vez que a maneira como se apresenta, e como é recebido pelos ouvintes,
influencia, em muito, no sucesso da persuasão e nas decisões do julgador. Ou seja, para ser ouvido
e, acima de tudo, para contar com a adesão ao seu enunciado, era preciso que o orador ocupasse um
lugar de destaque na Grécia antiga, posição passível de ser alcançada, como pudemos vislumbrar
acima, através do domínio da arte retórica.
A preocupação, pois, com a postura dos enunciadores, a envolver as virtudes enumeradas por
Aristóteles, como a prudência e a benevolência16, devia-se à vantagem que uma eventual
predisposição do auditório de maneira favorável à tese trazia para o embate jurídico. Neste sentido,
a reputação do orador perante os demais membros da pólis era especialmente considerada.
A enunciação, portanto, tende a ser recepcionada como boa, válida, verdadeira e merecedora
de crédito, quando parte de enunciador dotado de confiança. Afinal, na concepção aristotélica, é
natural que tenhamos mais crença na probidade moral, na sinceridade, lealdade, competência e
discrição daqueles aos quais creditamos, previamente, ditos valores. Contudo, não se pode
descuidar, sob o ponto de vista da retórica aristotélica, que o crédito e a fé no enunciado resultam,
em especial, do próprio discurso, e não apenas das perspectivas prévias do auditório quanto ao
caráter do orador.
Assim, de acordo com o entendimento aqui adotado, compõe o ethos do enunciador forense,
para além da sua vestimenta (o terno, a toga etc) e da sua postura (expansiva, altiva...), uma
linguagem que tende ao requinte, porquanto originária, como já tivemos oportunidade de verificar,
de uma tradição que remonta aos tempos dos antigos códex, bem assim da cultura helênica, onde a
habilidade para falar bem, somada à reputação do orador, integrava o rol das grandes virtudes.
Todavia, é preciso olhar um pouco além da superfície, em busca de algum conteúdo nesses
enunciados pomposos, principalmente para que se possa evitar a noção enganosa, que alguns ainda
hoje alimentam, de que a retórica pouco mais seria do que uma:
16
Em Aristóteles (2012), apontavam-se três causas capazes de tornarem os oradores persuasivos, sendo elas a prudência
(phronesis), a virtude (aretè) e a benevolência (eunoia).
“mera manipulação linguística, ornato estilístico e discurso que se serve de
artifícios irracionais e psicológicos, mais propícios à verbalização de
discursos vazios de conteúdo do que à sustentada argumentação de
princípios e valores que se nutrem de um raciocínio crítico válido e eficaz”
(ARISTÓTELES, 2012).

Maingueneau (2011), ao tratar do ethos, chama a atenção para o fato de que este é “distinto
dos atributos ‘reais’ do locutor” (MAINGUENEAU, 2012. p. 4). Segundo ele, apesar de
estabelecida uma correspondência entre o ethos e o enunciador, a caracterização deste último, pelo
primeiro, ocorre externamente, ou seja, as características determinantes que os destinatários
atribuem aos enunciadores estão associadas, em última análise, à forma que estes se utilizam para
dizer, assim como aos “dados exteriores à fala propriamente dita”, como a postura, a aparência, os
gestos etc.
Houve, segundo Maingueneau (2011), frequente suspeição, na tradição retórica, em relação ao
ethos. Isto porque, considerando a possibilidade de o orador se utilizar de um “ethos mentiroso”,
também poderia haver, consequentemente, uma inversão de valores entre o ser e o parecer. Daí
porque, justamente como decorrência de tal possibilidade de inversão, é que nos filiamos à crítica –
de inspiração aristotélica, inclusive -, feita aos que priorizam, no discurso jurídico, a forma, em
detrimento do conteúdo.
Embora considere que “o ethos está crucialmente ligado ao ato de enunciação”, Maingueneau
(2011) destaca que os destinatários dos enunciados também constroem “representações do ethos do
enunciador antes mesmo que ele fale”, razão pela qual entende necessária a distinção entre “ethos
discursivo e ethos pré-discursivo”. Num ato comunicacional, portanto, na concepção de
Maingueneau (2011):

Há sempre elementos contingentes..., em relação aos quais é difícil dizer se fazem


ou não parte do discurso, mas que influenciam a construção do ethos pelo
destinatário. É, em última instância, uma decisão teórica: saber se se deve
relacionar o ethos ao material propriamente verbal, atribuir poder às palavras, ou se
se devem integrar a ele – e em quais proporções – elementos como as roupas do
locutor, seus gestos, ou seja, o conjunto do quadro da comunicação. O problema é
por demais delicado, posto que o ethos, por natureza, é um comportamento que,
como tal, articula verbal e não verbal, provocando nos destinatários efeitos multi-
sensoriais.
Além disso, a noção de ethos remete a coisas muito diferentes conforme seja
considerada do ponto de vista do locutor ou do destinatário: o ethos visado não é
necessariamente o ethos produzido. Um professor que queira passar uma imagem
de sério pode ser percebido como monótono; um político que queira suscitar a
imagem de um indivíduo aberto e simpático pode ser percebido como um
demagogo. Os fracassos em matéria de ethos são moeda corrente.
Ao optar pela utilização de uma linguagem jurídica mais rebuscada, bem como pela adoção de
uma postura que transpareça erudição e seriedade, os enunciadores que optam pela linguagem
pomposa, ao que parece, terminam por incorrer no equívoco mencionado acima por Maingueneau
(2011, p. 6). Ou seja, acabam provocando, nos destinatários não familiarizados com aquele
linguajar pomposo, efeitos que vão desde a indiferença ao escárnio, sobretudo quando se conclui,
através de uma leitura atenta, que o conteúdo enunciado, apesar de vistoso, encontra-se vazio de
significado.

4. Teoria da argumentação de Perelman: o esquema orador-auditório

Perelman (2014), ponderando sobre a “comunicação” e as “memórias científicas” de alguns


autores, critica-os por não observarem a insuficiência, em alguns casos, da simples narrativa de
determinados fatos ou da enunciação de “certo número de verdades”, quando desejam “suscitar
infalivelmente o interesse de seus eventuais ouvintes ou leitores” (PERELMAN, 2014, p. 20).
Para ele, a referida atitude é resultado de uma ilusão de que “os fatos falam por si sós e
imprimem uma marca indelével em todo espírito humano, cuja adesão forçam, sejam quais forem
suas disposições” (PERELMAN, 2014, p. 20). Nem todos, segundo Perelman, se encontram na
mesma situação do enunciador, que costuma ser privilegiada, especialmente em se tratando de um
cientista, professor ou membro da comunidade jurídica, como na hipótese aqui em específico.
O que nos interessa desta visão acima é justamente o fato de que é preciso, na medida em que
se toma a palavra para enunciar, seja lá qual for o tema, observar o público ao qual se destina a
enunciação. Afinal, em se tratando do discurso jurídico, por exemplo, mais ainda dos que são
rebuscados, é possível que toda a formalidade no dizer, a par do tecnicismo que também marca este
tipo de enunciação, venha a turvar completamente a percepção do destinatário final da mensagem.
“Como definir semelhante auditório?”, questiona Perelman (2014). Para ele, é difícil
determinar, com a ajuda de critérios puramente materiais, qual o tipo de auditório para qual o
enunciador se dirige. Porém, partindo da premissa de que é indispensável, para o desenvolvimento
efetivo da argumentação, a atenção daqueles aos quais o enunciado se destina, a escolha de um
método nos parece vital.
Segundo Perelman (2014), Cícero teria demonstrado que “convém falar de modo diferente à
espécie de homens ‘ignorante e grosseira, que sempre prefere o útil ao honesto’ e à ‘outra,
esclarecida e culta, que põe a dignidade moral acima de tudo’”. Não que se deva negar a
importância dos termos técnicos jurídicos e a necessidade de rigor em sua utilização. Em verdade, o
que se deve evitar é o uso de uma linguagem pedante, que destoa do habitual, inclusive para o
cidadão bem informado.
Não se pode confundir o tecnicismo, que também costuma marcar a enunciação jurídica, com
o excesso de formalidade. Afinal, apesar de igualmente identificados exageros sob o ponto de vista
da técnica na linguagem jurídica, é possível tolerar, em certa medida e em determinadas
circunstâncias, algumas destas dificuldades inerentes ao processo de compreensão, aqui concebidas
como traço não só da ciência jurídica, mas de outras áreas do conhecimento humano, devido à
imprescindibilidade do domínio de determinada habilidade de cognição, atrelada ao uso de uma
norma culta, visando à assimilação de alguns saberes.
Contudo, não se pode descuidar, conforme aconselha Perelman (2014), do fato de que “as
opiniões de um homem dependem de seu meio social, de seu currículo, das pessoas que frequenta e
com quem convive”, afinal, “tais concepções fazem parte da sua cultura e todo orador que quer
persuadir um auditório particular tem de se adaptar a ele” (PERELMAN, 2014, p. 23).
Em outros termos, o enunciador, no meio jurídico, não deve considerar a palavra
simplesmente em abstrato, ou seja, destacada do contexto do seu uso e dos elementos constitutivos
de tal contexto. Diferente disso, por mais difícil que seja para alguns profissionais do direito,
habituados ao polimento constante da sua linguagem, e à preservação do seu ethos já construído,
entendemos necessário, em alguma medida, abdicar da estrutura meramente formal do discurso,
relacionando-o, sempre que possível, a uma situação cotidiana em que o seu uso faz sentido.
A impressão que se tem, retomando o ponto de partida deste artigo, é que o profissional da
área jurídica, ao levar em conta a prescrição que lhe é feita desde o momento da própria escolha da
sua profissão, que é a de assumir um lugar historicamente reservado aos que dominam a arte de bem
falar, tende a preocupar-se, mais até do que com a capacidade de dotar de logicidade e coerência o
seu discurso, com as vestes e com a ornamentação que o dotará.
É preciso evitar que estes profissionais do Direito, em específico, sob o encantamento
narcísico com a sua própria linguagem, se percam em retórica vazia, em discursos pomposos
destituídos do mínimo sentido. É necessário, antes de tudo, recuperar a função do discurso jurídico
legítimo destes enunciadores, visando, acima de tudo, à qualidade do poder argumentativo dos seus
enunciados, que não se deve confundir com um linguajar difícil e inacessível.
Assim, entendemos caber ao destinatário da enunciação, no caso, ao “auditório”, “o papel
principal para determinar a qualidade da argumentação e o comportamento dos oradores”.
(PERELMAN, 2014, p. 27). Neste sentido, pois, tomando o profissional que prioriza o estilo e a
estética, em detrimento do sentido, como “o homem apaixonado que só se preocupa com o que ele
mesmo sente”, transcrevemos, abaixo, importante lição de Perelman (2014):
O grande orador, aquele que tem ascendência sobre outrem, parece animado pelo
próprio espírito de seu auditório. Esse não é o caso do homem apaixonado que só
se preocupa com o que ele mesmo sente. Se bem que este último possa exercer
certa influência sobre as pessoas sugestionáveis, seu discurso o mais das vezes
parecerá desarrazoado aos ouvintes. O discurso do apaixonado, afima M. Pradines,
embora possa tocar, não produz um som ‘verdadeiro’, sempre a verdadeira figura
‘rebenta a máscara lógica’, pois, diz ele, ‘a paixão é incomensurável para as
razões’. O que parece explicar esse ponto de vista é que o homem apaixonado,
enquanto argumenta, o faz sem levar suficientemente em conta o auditório a que se
dirige: empolgado por seu entusiasmo, imagina o auditório sensível aos mesmos
argumentos que o persuadiram a ele próprio. O que a paixão provoca é, portanto,
por esse esquecimento do auditório, menos uma ausência de razões do que uma má
escolha das razões.
Como os chefes da democracia ateniense adotavam a técnica do hábil orador, um
filósofo como Platão lhes censurava “adular” a multidão que deveriam dirigir. Mas
nenhum orador, nem sequer o orador sacro, pode descuidar desse esforço de
adaptação ao auditório. Cabe aos ouvintes, diz Bossuet, fazer os pregadores. Em
sua luta contra os demagogos, Demóstenes pede ao povo ateniense que se
aprimore, para aprimorar o estilo dos oradores.

Entende-se aqui, portanto, a partir de Perelman (2014), que a comunicação, no âmbito da


justiça, deve ser aquela que possibilite a interferência, por ambos os interlocutores, na condução do
diálogo. Ou seja, o destinatário da enunciação, ainda que não disponha de conhecimento técnico-
científico sobre o Direito, deve poder expor os seus pontos de vista a respeito dos seus direitos e
garantias, por se tratar do maior interessado nos rumos que estes tomarão.
Se o grande público, em determinada circunstância, não consegue extrair um mínimo de
sentido de uma enunciação jurídica qualquer, e se esta for destinada ao povo, o erro, no nosso
entendimento, não está, como se costuma dizer, na falta de instrução dos destinatários finais do
enunciado, mas, sim, no enunciador, que não se atentou, minimamente, para o auditório ao qual se
dirigiu.
Um cientista que realiza uma grande descoberta para a humanidade e não consegue expressa-
la aos demais, eventualmente por conta da sua linguagem hermética, muito pouco ou nada contribui
para o avanço da ciência, posto que o conhecimento, assim como as descobertas científicas em
geral, somente poderão se firmar e avançar, no seio da sociedade, quando apreendidas, reproduzidas
e, também, confrontadas, tudo no campo da argumentação.
O juiz ou o advogado que conduzem uma demanda ao seu resultado, muito pouco ou nada
contribuem para a sensação de justiça, por parte do beneficiado ou prejudicado pela decisão, acaso
este não saiba nada do que se passa no teor do enunciado. Para que o destinatário final do enunciado
jurídico possa expressar o seu contentamento ou a sua irresignação, independentemente do seu grau
de instrução, é indispensável que ele compreenda, de acordo com a sua visão de mundo, o motivo
pelo qual fora agraciado ou condenado.
5. Conclusão

Assim, especificamente no que se refere ao recorte aqui promovido, ou seja, restringindo-se à


realidade brasileira, onde o costume de alguns enunciadores do discurso forense motivou as
iniciativas institucionais, tanto da AMB quanto do TJRJ, em prol da utilização de uma linguagem
mais objetiva e acessível, ainda é preocupante a forma como determinada parcela da comunidade
jurídica insiste em elaborar os seus enunciados.
Afinal, não é só com os conhecimentos gramaticais, com a legislação, com a boa articulação
das palavras, com a vestimenta e com a postura que devem se preocupar ditos profissionais do
Direito. É imprescindível, sobretudo no contexto em que hoje se vive, de massificação, também, das
demandas judiciais, preocupar-se, o enunciador forense, com o mínimo de logicidade e eficácia dos
seus argumentos.
Há que ser viabilizado, na dialética forense e no debate processual, campo para a
confrontação argumentativa, a qual, muito além do rebuscamento excessivo da palavra, depende de
estratégias relacionadas ao poder de convencimento. Não se ignora, aqui, ser possível, de fato,
influenciar os destinatários da enunciação por meio de características externas à retórica. No
entanto, entendemos que a adesão ao argumento se alcança, de maneira mais eficaz, através da
demonstração lógica da sua validade, e não pelo abuso, na linguagem, da componente estético-
estilística.
E como bem aconselhou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, deve
o enunciador forense considerar, em sua prática cotidiana, que a linguagem, sobretudo no campo do
Direito, não deve ser utilizada como mais um instrumento autoritário de poder, e que a qualidade do
argumento, e não o rebuscamento das palavras, é que deve fazer a diferença em tal comunicação,
uma vez que a virtude, em qualquer diálogo, está muito mais na capacidade de se comunicar com
clareza; incluindo-se no debate, também, aqueles que não possuem a chave de acesso a um
vocabulário desnecessariamente difícil17.
O intuito aqui, portanto, com a propositura de uma maior aproximação do cidadão comum, de
menor repertório vocabular, ao sentido por trás de toda a verborragia do discurso jurídico de alguns
enunciadores, é viabilizar a efetivação da justiça, evitando-se, desta forma, situações em que o
destinatário final de uma decisão, ou de qualquer outra enunciação judicial, fique sem compreender
aquilo que se pretendeu dizer e que, no final das contas, nem mesmo acabou sendo dito.

17
Nas palavras do advogado Luís Roberto Barroso, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, em um de seus artigos
publicados na Folha de São Paulo, intitulado “A revolução da brevidade”.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1707200808.htm. Acesso em 13 de abril de 2016.
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