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QUESTÃO 01

Imagine a seguinte situação hipotética:


CARLOS, por meio de um site da internet, importou da Alemanha para o Brasil 50 sementes da
substância conhecida popularmente como maconha (cannabis sativa linneu).
Quando as sementes chegaram ao Brasil, via postal, o pacote foi inspecionado pelo setor de
Alfândega da Receita Federal no aeroporto, que descobriu seu conteúdo por meio da máquina de
raio-X e avisou ao Delegado de Polícia Federal.

a) Existindo crime na situação apresentada, qual seria a incidência penal?


b) Qual o entendimento do STF acerca do assunto? Qual seria o entendimento acerca do tema no
STJ?
c) CARLOS poderia ser indiciado pelo crime de contrabando, de acordo com o entendimento
prevalente no STF?
O STF entende que não há crime na importação de sementes de maconha.
Desse modo, a semente da cannabis sativa não é, em si, droga (não está listada na Portaria) e
também não pode ser considerada matéria-prima ou insumo destinado à preparação de droga ilícita.

O que é considerado “droga” para fins penais?


O parágrafo único do art. 1º da Lei nº 11.343/2006 prevê que, para uma substância ser considerada
como "droga", é necessário que possa causar dependência, sendo isso definido em uma lista a ser
elencada em lei ou ato do Poder Executivo federal. Veja:
Art. 1º (...) Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias
ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados
em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.

O art. 66 da mesma Lei complementa esta regra:


Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1º desta Lei, até que seja atualizada
a terminologia da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas substâncias
entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da Portaria
SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998.

Assim, o conceito é técnico-jurídico e só será considerada droga o que a lei (em sentido amplo)
assim reconhecer como tal. Mesmo que determinada substância cause dependência física ou
psíquica, se ela não estiver prevista no rol das substâncias legalmente proibidas, ela não será tratada
como droga para fins de incidência da Lei nº 11.343/2006 (ex: álcool).

Este rol existe? Onde ele está previsto?


O rol das substâncias que são consideradas como “droga”, para fins penais, continua previsto na
Portaria SVS/MS nº 344/1998, considerando que ainda não foi editada uma nova lista.
Perceba, portanto, que estamos diante de uma norma penal em branco heterogênea (em sentido
estrito ou heteróloga). Isso porque o complemento do que é considerado droga é fornecido por um
ato normativo elaborado por órgão diverso daquele que editou a Lei. A Lei nº 11.343/2006 foi
editada pelo Congresso Nacional e o seu complemento é dado por uma portaria, editada pela
ANVISA, autarquia ligada ao Poder Executivo.

Tetrahidrocanabinol (THC)
Tetrahidrocanabinol, também conhecido como THC, é uma substância psicoativa encontrada na
planta Cannabis Sativa, mais popularmente conhecida como maconha.
A quantidade de THC na maconha pode variar de acordo com uma série de fatores, como o tipo de
solo, a estação do ano, a época em que foi colhida, o tempo de colheita e consumo etc.
A THC é prevista expressamente como droga na Portaria SVS/MS nº 344/1998, da ANVISA.

Sementes de maconha não têm THC


Os frutos aquênios da cannabis sativa linneu não apresentam na sua composição o THC.
A planta da cannabis sativa linneu está prevista na lista “E” da Portaria SVS/MS 344/1998.
Ocorre que essa Portaria prevê apenas a planta como sendo droga (e não a sua semente).
Assim, a semente de maconha não pode ser considerada droga.

O § 1º do art. 33 da LD prevê que também é crime a importação de “matéria-prima” ou


“insumo” destinado à preparação de drogas. A semente de maconha poderia ser considerada
como “matéria-prima” ou “insumo” destinado à preparação de drogas?
Também não.
A semente de maconha não pode ser considerada matéria-prima ou insumo destinado à preparação
de drogas. Isso porque ela não é um “ingrediente” para a confecção de drogas. Não se faz droga
misturando a semente de maconha com qualquer coisa. Dito de outro modo: não se prepara droga
com semente de maconha. Isso porque a semente de maconha não tem substância psicoativa (ela
não tem nada em sua composição que atue no sistema nervoso central gerando euforia, mudança de
humor, prazer etc.).
Em seu voto, o Ministro Gilmar Mendes assentou:
“Na doutrina, afirma-se que a matéria-prima, conforme Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, é a substância de que podem ser extraídos ou produzidos os entorpecentes que causem
dependência física ou psíquica (GRECO FILHO, Vicente; RASSI, João Daniel. Lei de
drogas anotada. 3ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 99). Ou seja, a matéria-prima ou
insumo devem ter condições e qualidades químicas para, mediante transformação ou adição,
por exemplo, produzirem a droga ilícita, o que não é o caso das sementes da planta Cannabis
sativa, que não possuem a substância psicoativa (THC)”.

Mas é possível que o indivíduo plante a semente de maconha e que daí nasça a planta da
cannabis sativa linneu... A planta tem THC (substância psicoativa proibida)...
É verdade. Pode ser que o indivíduo germine a semente, que isso vire uma muda, que ele cultive a
muda e que se torne a planta da maconha.
No entanto, a mera importação da semente não é crime algum porque configuraria, no máximo,
mero ato preparatório da figura típica prevista no § 1º do art. 28 da Lei nº 11.343/2006:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou
colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto
capaz de causar dependência física ou psíquica.
(...)

Nem chega a ser, portanto, ato executório do § 1º do art. 28 porque o agente não iniciou a
semeadura ou o cultivo.

A conduta pode ser considerada contrabando (art. 334-A do CP)?


Existe divergência sobre o tema.
O contrabando consiste na importação de mercadoria proibida (art. 334-A do CP).
A importação de sementes desprovidas de inscrição no Registro Nacional de Cultivares é proibida
pelo art. 34 da Lei nº 10.711/2003:
Art. 34. Somente poderão ser importadas sementes ou mudas de cultivares inscritas no
Registro Nacional de Cultivares.

A semente de cannabis sativa não consta da lista do Registro Nacional de Cultivares (RNC), não
podendo, portanto, ser importada, salvo para tratamentos de saúde (Portaria RDC/ANVISA nº
66/2016).
No entanto, há vários julgados que defendem que não se deve condenar o réu porque não há, neste
caso, lesão ao bem jurídico tutelado pela norma prevista no art. 334-A do Código Penal. Isso
porque, dada a pequena quantidade e a natureza das sementes, considera-se que não há ofensa aos
bens jurídicos protegidos pelo delito de contrabando (proteção da saúde, da moralidade
administrativa e da ordem pública). Esse é o entendimento que prevalece, por exemplo, no TRF3:
HC 67576 - 0010869-41.2016.4.03.0000, Rel. Juiz Convocado Ricardo Nascimento, julgado em
26/07/2016.

Em suma:
Não configura crime a importação de pequena quantidade de sementes de maconha.
STF. 2ª Turma. HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info 915).

Posição do MPF
A 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal possui o entendimento de
que:
• a importação de pequena quantidade de sementes de maconha não configura o crime do art. 33, §
1º nem o delito do art. 28, § 1º, ambos da Lei nº 11.343/2006;
• esta conduta, em tese, amolda-se ao crime de contrabando (art. 334-A do CP);
• a importação de pequena quantidade de sementes de maconha para o plantio destinado ao
consumo próprio induz à mínima ofensividade da conduta, à ausência de periculosidade da ação e o
ínfimo grau de reprovabilidade do comportamento, razões que comportam a aplicação do princípio
da insignificância à hipótese.
• assim, a conduta é tipificada como descaminho, mas deve-se aplicar o princípio da insignificância,
razão pela qual é correta a decisão do Procurador da República que não denuncia o indiciado nestes
casos.

Foi o que decidiu a 2ª CCR, em 09/11/2018, no processo nº 0001111-51.2018.4.03.6181, Relatora


Subprocuradora Geral da República Luiza Cristina Fonseca Frischeisen.
No mesmo sentido é o entendimento do Conselho Institucional do Ministério Público Federal –
CIMPF: a importação de sementes de maconha pela via postal, em pequenas quantidades, não deve
gerar denúncia, ante a configuração da prática do delito descrito no art. 334-A, do CP, e, neste, a
incidência do princípio da insignificância (procedimentos 0008476-98.2014.4.03.6181 e 0002458-
64.2015.4.03.6104).

Qual é a posição do STJ sobre o tema?


O STJ está dividido, por enquanto:

A importação de pequenas quantidade de sementes de maconha configura tráfico de drogas?

5ª Turma: SIM 6ª Turma: NÃO


QUESTÃO 2

Imagine a seguinte situação hipotética:


João, síndico do prédio, brigou com Pedro em virtude de desavenças quanto à prestação de contas.
Pedro escreveu, então, uma carta, distribuída a todos os demais condôminos, na qual dizia que João:
- no mês de 09/2014, desviou R$ 10 mil da conta do condomínio em proveito próprio;
- no dia da assembleia, estava tão bêbado que não conseguia parar em pé;
- que ele era um gordo, feioso e burro

Diante dos fatos apresentados e considerando os crimes contra a Honra previstos no Código Penal:
a) Conceitue Calúnia, Difamação e Injúria, trazendo as diferenças entre os tipos penais;
b) De acordo com o entendimento jurisprudencial dominante, é possível que se impute,de forma
concomitante, a prática dos crimes de calúnia, de difamação e de injúria ao agente que
divulga, em uma única carta, dizeres aptos a configurar os referidos delitos?
c) A situação não caracterizaria ofensa ao princípio que proíbe o bis in idem e que a acusação de
calúnia, por ser mais grave, deveria absorver as demais?
O crime de calúnia está previsto no artigo 138 do Código Penal, e consiste em atribuir
falsamente a alguém a autoria de um crime. Para que se configure o crime de calúnia, é
preciso que seja narrado publicamente um fato criminoso. Um exemplo seria expor, na
internet, o nome e foto de uma pessoa como autor de um homicídio, sem ter provas disso.
Caso alguém seja acusado de calúnia, e puder apresentar provas de que o fato criminoso
narrado é verdadeiro, é possível que se defenda judicialmente, em processo criminal, por
meio de um incidente processual chamado “exceção de verdade”. A pena pelo crime de
calúnia é detenção de seis meses a dois anos e multa.
Prevista no artigo 139 do Código Penal, a difamação consiste em imputar a alguém um fato
ofensivo a sua reputação, embora o fato não constitua crime, como ocorre com a calúnia. É o
caso, por exemplo, de uma atriz que tem detalhes de sua vida privada exposta em uma
revista.
Neste caso, ainda que o fato narrado seja verídico, divulgá-lo constitui crime. A única exceção de
verdade é se a difamação se der contra funcionário público e a ofensa for relativa ao exercício de
suas funções. A pena para este crime é detenção de três meses a um ano e multa.
No entanto, caso o réu, antes da sentença, se retrate cabalmente da calúnia ou da difamação, fica
isento de pena, conforme determina o artigo 143 do Código Penal.Injúria O crime de injúria,
previsto no artigo 140 do Código Penal, ocorre quando uma pessoa dirige a outra algo desonroso e
que ofende a sua dignidade – é o famoso xingamento.
Como se trata de um crime que ofende a honra subjetiva, ao contrário do que ocorre com a calúnia e
difamação, no crime de injúria não é necessário que terceiros tomem ciência da ofensa.
O juiz pode deixar de aplicara pena quando a pessoa ofendida tiver provocado a ofensa de forma
reprovável, ou caso tenha respondido imediatamente com outra injúria.
Não caracteriza injúria a crítica literária, artística ou científica, conforme o artigo 142 do Código
Penal, assim como ofensas proferidas durante um julgamento, durante a discussão da causa, por
qualquer uma das partes. A pena para este crime é detenção de um a seis meses ou multa.
Na hipótese da injúria envolver elementos referentes à raça, cor, etnia, religião origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, a pena é aumentada para reclusão de um a
três anos e multa.
É possível que se impute, de forma concomitante, a prática dos crimes de calúnia, de difamação e
de injúria ao agente que divulga, em uma única carta, dizeres aptos a configurar os referidos delitos,
sobretudo no caso em que os trechos utilizados para caracterizar o crime de calúnia forem diversos
dos
empregados para demonstrar a prática do crime de difamação.
A situação não caracteriza ofensa ao princípio que proíbe o bis in idem , já que os crimes previstos
nos arts. 138, 139 e 140 do CP tutelam bens jurídicos distintos, não se podendo asseverar, de
antemão, que o primeiro absorveria os demais.
QUESTÃO 3

Discorra sobre o Princípio da Insignificância, abordando:


a) Natureza jurídica, se há previsão legal, requisitos para aplicação do princípio em tela.
b) De acordo com o entendimento jurisprudencial dominante, é possível a aplicação nos crimes de
moeda falsa e contrabando? E no caso do crime de descaminho?
Não há previsão legal, criação da doutrina e jurisprudência. Tem natureza jurídica de causa
supralegal de exclusão da tipicidade material.
Tipicidade material e formal.
Requisitos objetivos:
mínima ofensividade da conduta, nenhuma periculosidade da ação reduzido grau de reprovabilidade
do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada
Requisito subjetivo: não pode se tratar de criminoso habitual.
Moeda falsa e contrabando não é possível
Descaminho sim, desde que valor inferior a 10/20 mil e não se tratar de criminoso habitual.
QUESTÃO 4

Imagine a seguinte situação hipotética:


O MPF formulou denúncia por crime ambiental contra a pessoa jurídica Sol Nascente e também
contra “João” (um dos gerentes da empresa). A denúncia foi recebida. No entanto, o acusado pessoa
física foi absolvido sumariamente, prosseguindo a ação penal apenas contra a pessoa jurídica.
Como a pessoa física foi afastada da ação penal, a defesa da empresa, invocando a teoria da dupla
imputação, sustentou que a pessoa jurídica deveria também ser absolvida. Segundo o entendimento
atual da jurisprudência:

a) O que vem a ser a teoria da dupla imputação?


b) É possível a responsabilidade penal das pessoas jurídicas por crimes ambientais?
c) É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente
da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome?
QUESTÃO 5

Imagine a seguinte situação hipotética:


No dia 10/10/2018, EDUARDO, maior imputável, de posse de uma pistola, juntamente com o JOSE
de 17 anos, subtrai o celular de JOANA, mediante grave ameaça. Logo depois, agentes da polícia civil
prendem em flagrante e conduzem os autores à Delegacia de Polícia. Sobre o fato em questão e de acordo
com as inovações legislativas e entendimento jurisprudencial acerca do tema:
a) Qual/quais crimes EDUARDO cometeu? Existe a aplicação de qualificadoras e/ou causas de aumento de
pena?
b) Se EDUARDO utiliza uma arma de brinquedo, haverá causa de aumento de pena? É necessário a
apreensão e perícia da arma para incidir a majorante?
c) caso constada pela perícia que a arma empregada apresentava defeito, ainda assim incide a majorante?
d) O fato do menor inimputável já ter passagens anteriores, altera as tipificações possíveis ao caso em tela?
QUESTÃO 6
Diferencie Associação Criminosa e Organização Criminosa. Ainda, aponte a
previsão legal da figura do agente de polícia infiltrado, na legislação brasileira,
exemplificando os tipos penais que a admitem.

Previsão legal
Lei 11.343/06 art. 53, I (lei de drogas) rol não taxativo
Lei 12.850/13 art. 3º, VII e 10 (lei de organização criminosa) (admitindo-se 10 a 14/15,
ou 10 e seguintes, ou 10 e §§)
Lei 13.441/17 alterou o art. 190 do ECA. (Admitindo

A) Tipos penais que a admitem


a) Lei de drogas (11.343/06 rol não taxativo (incidentes em todos os tipos penais
previstas na legislação ou indicando os arts, 28, 33 §§ 2º, 3º e 4º, 34, 35, 36, 37, 38 e
39)
b) Lei de organização criminosa 12.850/13
- Infrações penais praticas por organizações criminosas (art. 1º, §1º e art. 2º)
- Infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente; (art 1º, §2º, I)
- Organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de
terrorismo legalmente definidos. (art. 1º, §2º, II e/ou art. 16 da lei 13260/16).
c) Lei. 13.441/17 altera o art. 190 do ECA em rol taxativo Art. 190
A infiltração de agentes de polícia na Internet com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241, 241
(A a D) dsta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218 -A e B do Codigo penal
QUESTÃO 7

Imagine a seguinte situação hipotética:


No dia 30/10/2018, EDUARDO, maior imputável, de posse de uma faca, juntamente com o JOSE
de 17 anos, subtrai o celular de JOANA, mediante grave ameaça. Logo depois, agentes da polícia civil
prendem em flagrante e conduzem os autores à Delegacia de Polícia. Sobre o fato em questão e de acordo
com as inovações legislativas e entendimento jurisprudencial acerca do tema:
a) Qual/quais crimes EDUARDO cometeu? Existe a aplicação de qualificadoras e/ou causas de aumento de
pena?
b) Se os autores tivessem utilizado uma arma de fogo, caso a mesma estivesse desmuniciada no momento
do crime, incidiria alguma majorante?
c) se os autores tivessem utilizado uma arma de fogo caseira, aparentando estar apta a disparar, quem
deve provar se estava em perfeitas condições de uso? A acusação ou a defesa?
c) caso constada pela perícia que a arma empregada apresentava defeito, ainda assim incide a majorante?
d) O fato do menor inimputável já ter passagens anteriores, altera as tipificações possíveis ao caso em tela?
QUESTÃO 8

Acerca do Estatuto do Desarmamento e entendimento jurisprudencial


dominante:Imagine a seguinte situação hipotética:
a) Diferencie crime de perigo concreto de crime de perigo abstrato.
b) De acordo com essa classificação, em qual delas se encaixariam os crimes de posse e porte ilegal de
arma de fogo?
c) Discorra sobre a tipicidade do posse/porte ilegal de arma de fogo nas hipóteses de arma desmuniciada,
arma de fogo ineficaz, porte/posse ilegal de apenas munição e porte de granada de gás lacrimogênio ou de
pimenta.
d) Posse ilegal de arma de fogo de uso permitido e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito apreendidas
com o autor no mesmo contexto fático caracteriza crime único? Justifique.
QUESTÃO 9

Imagine a seguinte situação hipotética:


João e Maria estavam casados há 10 anos, num relacionamento conturbado. João resolveu dar fim à vida
de Maria e no dia 01/08/2018, comprou ilegalmente uma arma de fogo de uso permitido e passou a portar a
arma diariamente, para defesa pessoal. No dia 01/10/2018, Maria avisou que iria a uma agência da Caixa
Econômica Federal. João a seguiu e, dentro da agência, com dolo de matar, efetuou 3 disparos em Maria,
vindo a falecer. Com a euforia do momento, João passou a destruir os caixas eletrônicos e vidros da
agência bancária. João foi preso em flagrante. Sobre os fatos em questão e de acordo com as inovações
legislativas e entendimento jurisprudencial acerca do tema:

a) Quais as incidências penais cabíveis no fato?


b) O crime de porte ilegal de arma de fogo deve ser absorvido pelo crime de homícidio?
c) Foi praticado algum crime em detrimento da Caixa Econômica Federal? Se sim, qual a incidência?
QUESTÃO 10

Sobre o tema reincidência:


1) A existência de condenação anterior, ocorrida em prazo superior a 5 anos, contado da
extinção da pena poderá ser considerada como maus antecedentes?
2) Conceitue reincidência.

a. Por quanto tempo perduram os efeitos da reincidência?


a.i. Qual o termo inicial da contagem dos 5 anos?
a.ii. Período de prova da suspensão ou do livramento condicional são
computados?
3) Após os 5 anos, a condenação anterior pode ser considerada como maus antecedentes?
QUESTÃO 11

Quais os critérios de interpretação da lei penal? É possível analogia em lei penal? Há


diferença entre interpretação analógica e analogia?
Resposta:
Os critérios de interpretação podem ser divididos quanto ao sujeito de que emana, quanto aos meios
que são utilizados para alcançá-la e, ainda, quanto aos resultados.
No que pertine ao sujeito, pode ser autêntica (pela própria lei), doutrinária (pelos estudiosos – v.g. exposição
de motivos do Código) e judicial (aplicadores do Direito – v.g. súmulas vinculantes). Já quanto aos meios,
pode ser literal (real significado das palavras), teleológica (finalidade da lei), sistemática (análise do
dispositivo no sistema que ele está contido, e não isoladamente) e histórica (busca dos fundamentos de sua
criação no passado, considerando o momento social da época). Por fim, quanto ao resultado, pode ser
declaratória (não amplia nem restringe o alcance da norma), extensiva e restritiva, que alarga ou diminui o
alcance da lei, respectivamente. A analogia, forma de integração da norma, onde o exegeta aplica a uma
hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante, desde que não prejudique o
réu, em atenção ao princípio da legalidade. Assim, admite-se apenas a analogia in bonam partem. Difere-se
da interpretação analógica por ser esta um método de interpretação. Há quem sustente que esta última
pode ser in malam partem.

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