Você está na página 1de 6

Princípios de Disciplina Bíblica

1Co.5.1-13

Uma das doenças mais temidas na história da humanidade chama-se lepra, ou, hoje, Hanseníase. É uma doença que
desfigura o corpo humano. Além dos danos provocados na pele pela bactéria em si, pior ainda são os resultados da
insensibilidade nervosa que faz com que a pessoa se danifique e não sinta nada. O texto que vamos estudar adverte
contra a “Lepra espiritual”. É uma insensibilidade ao pecado, uma tolerância do pecado, tanto na família como na
igreja. Trata-se de pecado não disciplinado. Quando não disciplinamos nossos filhos, nós os condenamos à
insensibilidade ao pecado. Quando não disciplinamos os membros da família de Deus, na igreja, os condenamos à
doença contagiosa de lepra espiritual.

O pai que não disciplina seus filhos, condena-os a serem disciplinados pelo mundo afora. Quem não apanha em casa,
debaixo da mão firme, mas amorosa do papai e da mamãe, apanha lá fora, debaixo da mão muito mais severa e nem
um pouco amorosa.

O mesmo princípio aplica-se à família de Deus. A ilustração predileta na Bíblia para a igreja é de uma família. Assim
como na família tem que haver disciplina se seus membros vão desviar-se do mal, também deve haver disciplina na
igreja se seus membros vão temer a Deus e criar sensibilidade espiritual.

Mas alguns rejeitam esse princípio. Da mesma forma como alguns fazem campanha contra disciplina corporal na
família, há daqueles que creem que disciplina corporal, ou seja, disciplina aplicada pelo Corpo de Cristo é a antítese da
graça. Mas revelam uma compreensão distorcida da graça de Deus. Graça só faz sentido no contexto de justiça!
Onde não existe justiça, graça não faz sentido.

Disciplina é um exercício de amor e graça, libertando o pecador da escravidão do pecado.

1Coríntios que trata da questão: disciplina na igreja (1Co.5.)

Contexto: Tendo tratado de problemas mais “filosóficos” de divisão na igreja, nos cps. 5 e 6 Paulo fala sobre
problemas bem mais específicos, dificuldades e desgraças na família de Deus.

No final do cp. 4 Paulo adotou a atitude de um pai espiritual carinhoso, um pai que ama tanto seus filhos que não
admite que fiquem sem disciplina e correção (4.14,21). Como Provérbios diz, “O que retém a vara aborrece a seu filho,
mas o que o ama, cedo o disciplina” (Pv 13.24). A igreja é uma família. Por isso, 1Coríntios 5 trata do difícil problema
do que fazer com membros da igreja, a família de Deus, que vivem em pecado. Como lidar com pecado na igreja
local?

Assim como muitas igrejas hoje, a igreja em Corinto havia optado pelo caminho mais fácil. Em nome da graça e da
tolerância haviam decidido não fazer absolutamente nada para limpar a igreja do pecado. Talvez pensavam que, pelo
fato de que o espírito já era salvo, não importava o que faziam com seus corpos. Talvez achavam que, uma vez que
chegaram num patamar de compreensão espiritual da graça, tinham total liberdade para fazer com o corpo o que bem
entendiam. Talvez haviam caído no erro do “pré-modernismo”--uma vida sem absolutos, sem padrão, mas de
tolerância total do pecado.

Mas Paulo, quando ouviu o relatório de pessoas da casa de Cloe (1.13) não se continha. Ele escreveu esses capítulos
do livro justamente para corrigir ideias errôneas sobre a igreja, seu testemunho na comunidade, e o lugar de disciplina
na família de Deus.

Vejamos 5 princípios de disciplina para a família de Deus na igreja local.


Disciplina bíblica é uma questão familiar que visa restaurar a reputação de Jesus e
o pecador ao Senhor.

I. Disciplina Bíblica Envolve Denúncia Pública e Apropriada do Pecado (5.1-4)

“Geralmente se ouve” -- a palavra traz a ideia de “chegou a esse ponto”; “de fato”; “acredite eu ou não!” Deixa claro
que o pecado foi abertamente ventilado na comunidade. O testemunho da igreja estava em jogo, e com ele, o nome e
a reputação de Jesus Cristo.

A situação envolvia imoralidade. A palavra pode ser abrangente, tratando de qualquer tipo de fornicação ou aberração
fora do plano de Deus para a vida sexual. Mas Paulo define o caso específico como sendo de incesto.

“possuir a mulher de seu próprio pai” — Parece que alguém da igreja, um suposto irmão, estava dormindo com sua
madrasta. Sabemos que foi com a madrasta porque não diz, “com sua própria mãe.” Também parece que ela ainda
era casada com o pai dele, pois é chamada “a mulher de seu próprio pai”. Conforme lemos no VT, foi um ato de
incesto, confusão e desonra ao pai (Dt. 27.20, 22.30, Lv 18.6,8). O que deixa o apóstolo ainda mais indignado é o fato
de que, nem entre os gentios pagãos, alguém ousaria fazer tal coisa. Códigos civis da época proibiam tal besteira.
Mas a igreja em Corinto ficou orgulhosa por esse exemplo de tolerância! (Ler v.2)

A denúncia de Paulo nos vss. que seguem deixa claro que pecado público, que envolve e denigre o nome de
Cristo na igreja local, tem que ser tratado publica e abertamente. O “cristão” é um “pequeno cristo” na
comunidade, intimamente associado com Cristo e com a igreja local. Somos vigiados pela comunidade ao nosso
redor, gostando ou não! Não adianta varrer os problemas debaixo do tapete, como tantas igrejas tentam fazer
hoje—ignorar o problema, na esperança de que vá embora. Quando um pecado afeta o bom nome de Cristo na
igreja local, precisa ser tratado aberta e definitivamente.

“andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar” — Em vez de confrontar o pecado e o pecador, em vez
de lamentar (a palavra é forte, e traz a ideia de luto num velório, como se um membro da família tivesse morrido), eles
andavam estufando seu peito como se fossem os “bons”! Por algum deslize incompreensível, achavam que “o amor
cobre multidão de pecados”—mas não pecados confessados e, sim, abertos, públicos, e sujos! E o tempo todo, o
leproso estava contaminado o corpo, a família, da igreja local e o nome de Jesus!

No VT: Eli, Samuel, Davi, pais de família que condenaram seus filhos à lepra espiritual por não confrontarem,
corrigirem e disciplinarem seus filhos.

“Que fosse tirado do vosso meio...” Como devia ser tratado esse pecado aberto, público?

Vv. 2b-4 mostram o caminho da disciplina. Parece muito duro, abrupto e até mesmo precipitado. Por que Paulo não
aconselhou 3 visitas na casa do ofensor? Por que não seguiu os passos de Mt 18? Por que ele não “paparicou” o
pecador para ver se não voltasse à igreja? A Bíblia não diz que não devemos julgar nosso irmão?

Ao invés disso, Paulo julga o ofensor, e afirma que está fazendo isso dentro da autoridade do nome de Jesus
(conforme o próprio Jesus faria). Temos que entender que a Bíblia nos manda não julgar os motivos e as motivações
do coração do irmão e do ministro do Evangelho. Mas nos chama, sim, para julgar pecado, discipliná-lo, quando esse
se encontra na família de Deus.

A disciplina tem que ser severa, em casos de pecados graves, porque os resultados de não
disciplinar são muito piores!
Mt 18.15-20 diz que, quando o irmão peca “contra ti”, devemos primeiro abordá-lo particularmente, depois com uma
testemunha, e finalmente para a igreja toda. Gal 6.1 também nos instrui a abordar um irmão que for “supreendido”
numa falha para corrigi-lo e restaurá-lo. Mas repare que os textos tratam de pecado particular, ou inesperado, que
ainda dá para resolver entre os dois, e que não envolve um líder da igreja (1Tm 5.19,20). Mas, em 1 Co 5, o ofensor já
sabia que estava errado, mas pecava assim mesmo.

Pecado aberto, claramente conhecido como pecado, mas repetidamente cometido por um suposto irmão, que
não se arrepende, membro da família, merece uma disciplina imediata, severa e pública.

Em 1Co 5 Paulo lida com um pecado que envolveu o nome de TODA a igreja, um pecado suficientemente grave, em
que o pecador não se arrependeu. Paulo pula todos os passos de Mt 18 e vai diretamente para o único passo que,
nesta altura, seria capaz de restaurar o ofensor e o nome da igreja! Parece ser o caso quando se trata de pecado
aberto, claramente conhecido como pecado, mas sem arrependimento.

(11) Alguns exemplos de pecados que merecem esse tipo de tratamento estão alistados no vs. 11: impureza (sexual),
avareza (falta de ética nos negócios), idolatria, fofoca (maldizente), beberrice, roubo...

Existem casos na igreja que são suficientemente sérios que envolvem disciplina imediata e severa, para preservar a
reputação de Jesus Cristo associada à igreja local.

Uma palavra de cautela: Quando falamos em tratar publicamente o pecado, não quer dizer que vamos falar
publicamente tudo que o pecador fez. Ef 5.12 diz que é vergonhoso falar abertamente sobre algumas coisas que
pecadores fazem aos ocultos. Temos que tomar muito cuidado para não fazer do pecado uma isca atraente, uma
curiosidade, ou um escândalo na igreja.

II. A Disciplina Bíblica Visa Preservar a Igreja (5.1,2, 6-8)

A. O Testemunho da Igreja (1-2)

A disciplina visa preservar o testemunho da igreja diante daqueles que estão fora dela. Paulo deixa claro que o pecado
se tornara público (1), que eles deveriam ter lamentado disso (2), e que a presença do pecado no meio deles iria
contaminar a igreja toda (5,6).

Temos que lembrar da posição da igreja no primeiro século. Foi uma entidade totalmente inédita, desconhecida,
considerada esquisita ou, pior, uma seita perigosa. Qualquer boato ou crítica poderia prejudicar o testemunho de
Jesus e condenar milhares para o inferno. O pecado na vida do crente não é uma brincadeira. Temos que ser zelosos
pelo nome de Cristo, pois o destino de todos ao nosso redor depende disso!

Somos faróis no meio de um mar em tempestade, a única esperança de vida para pessoas afogando no pecado. Se a
lanterna apagar, ou ficar suja, o que será deles por toda a eternidade? Sujeira na igreja não é brincadeira, mas uma
responsabilidade eterna!

Paulo não tolerava aqueles que toleravam pecado aberto em seu meio!

Assim como os pais precisam obedecer a Deus na disciplina dos seus filhos, os líderes da igreja precisam obedecer a
Jesus na disciplina de seus membros. Não temos escolha, a não ser que queiramos desobedecer a Deus. Na
disciplina dos nossos filhos fazemos isso.
B. A Saúde (Purificação) da Igreja (6-8)

A disciplina também visa purificar a igreja e proteger os próprios membros de contaminação com o pecado.

A lepra era (e é) uma doença contagiosa. Por isso, nos tempos bíblicos, a pessoa leprosa ficava afastada dos outros.
Mas, não é uma doença facilmente contraída. Exige contato prolongado e íntimo com a pessoa infeccionada. Creio
que é por isso que Paulo exige que o pecado seja tirado do meio dos irmãos, para não contagiá-los. Ler 6-8.

A disciplina visa espalhar o temor a Deus no coração de todos (veja 1Tm 5.19,20). A presença de pecado
abertamente tolerado pela liderança da igreja barateia a graça, anula a santidade e soberania de Cristo, e mina
o propósito da igreja. Outros pecadores serão influenciados. Assim como um pouco de fermento na massa de pão
eventualmente espalha para permear tudo, o pecado espalha quando tolerado na igreja. O mau exemplo de um
contaminará a outros. Um fruto podre contaminará toda a cesta de frutos. Um câncer não detectado e tratado irá
espalhar pelo corpo inteiro. Talvez por isso encontramos tantas igrejas doentias hoje. Perdemos o hábito de disciplina
bíblica e familiar na igreja.

Mas disciplina bíblica, séria, graciosa, servirá como lição para os demais. Manterá a santidade providenciada pelo
sacrifício de Cristo (vs. 8). Assim como o irmão mais novo aprende quando vê seu irmão sendo disciplinado; assim
como o simples em Provérbios pode aprender quando vê o tolo sendo disciplinado; da mesma forma a igreja aprende a
correr do pecado quando vê disciplina bíblica levado à sério.

Essa é uma das maiores carências que vejo na igreja hoje. Nos EUA, praticamente não se ouve mais de disciplina na
igreja local. O medo de processos, litígios e mais é tão grande, que as igrejas não mais disciplinam seus membros.
Infelizmente, a igreja brasileira caminha na mesma direção.

III. Disciplina Bíblica Restringe-se à Família de Deus (9-13)

Paulo deixa bem claro que disciplina começa com a família de Deus, pelo menos com aqueles que têm algum vínculo
com a igreja local. Ler 9-13

Na família, minha responsabilidade é disciplinar meus próprios filhos, não os filhos do vizinho. Os pais deles é que têm
que cuidar deles. Já tenho muito trabalho cuidando da minha própria casa! Da mesma forma, a família de crentes em
Corinto foi responsável por disciplinar seus próprios membros, não os de fora.

Havia uma dúvida entre os coríntios quanto a isso, por causa de uma carta anterior que o Apóstolo havia escrito, mas
que não existe hoje. Ele tinha comentado que, para manter o testemunho da igreja limpo, os crentes não deviam se
associar com os impuros. Mas ele nunca quis dizer que eles deviam separar-se dos impuros do mundo, mas dos
impuros da própria igreja!

Ironia: Nós nos separamos dos “pecadores do mundo” (que devem ser alvos de evangelismo) e não dos “pecadores
da igreja” que são alvos de disciplina. Disciplina começa com a casa de Deus! Somos uma família, e a família cuida
dos seus membros, advertindo-os e disciplinando-os para não caírem nas armadilhas do diabo. Mas nós não nos
separamos dos incrédulos. Ninguém espera que eles vivam a vida cristã. Seu mau testemunho não afeta em nada a
reputação de Cristo na igreja.

Encontramos muitos cristãos hoje que ficam mais preocupados em limpar o mundo do que limpar a igreja! Fazem
marchas para Jesus, campanhas políticas, baixo-assinados e muito mais na tentativa de limpar a sociedade. Outros
afastam-se totalmente dos incrédulos, e formam seus pequenos clubes evangélicos para não ter que lidar com a
sujeira do mundo. Mas Paulo diz que a limpeza deve começar na nossa casa, e não na rua! Deus há de julgar os que
são de fora, mas Ele deu para nós a responsabilidade de cuidar da nossa casa. Disciplina é um negócio de família,
para seus membros e não os filhos do mundo.

IV. Disciplina Bíblica Envolve Separação Visando Restauração (5.2b, 5, 7a, 9-10)

Mas o que é a disciplina bíblica? O texto deixa claro que é exclusão dos benefícios da comunhão da igreja, visando
uma restauração da reputação de Jesus e do pecador à comunidade.

A. Separação do Pecador

a) 5.2 - tirado
b) 5.5 - entregue a Satanás
c) 5.7 - lançai fora
d) 5.11 - nem comais
e) 5.13 - expulsai

Trata-se de um ato formal, público, unânime da igreja local, em nome de Jesus (conforme a Palavra dEle e como Ele
faria). Mt. 18.18-20 diz que quando 2 ou 3 concordam sobre uma questão de disciplina (como testemunhas) Deus
estará no meio, afirmando a disciplina.

Assim como a pessoa leprosa foi mantido à distância para não contaminar os outros, o pecador precisa ficar fora da
comunidade local.

Contexto: Naquele contexto, exclusão da comunhão da igreja foi muito séria. As pessoas já haviam sido
marginalizadas por terem aceitado Cristo. Seria difícil voltar para seus velhos amigos. Ao mesmo tempo, diferente que
os dias de hoje, não podiam simplesmente transferir sua membresia para a igreja na esquina. Não havia outra igreja
na esquina! “Fora” significava fora mesmo, exposto ao mundo, na esfera do diabo, sem amigos, sem apoio, sem
comunhão, considerado como um leproso pelos irmãos da igreja. Esse tratamento de choque foi feito justamente para
fazer com que o pecador caísse em si mesmo, e sentisse tamanha burrice do seu caminho, e voltasse correndo para a
comunhão e proteção da igreja.

“entregue a Satanás”-- Paulo quer que o ofensor seja tirado do círculo de proteção e comunhão que é a igreja local,
removido de debaixo do guarda-chuva de proteção divina da igreja, e colocado, exposto, às chuvas diabólicas. O
processo deve ser tão doloroso, tão prejudicial à saúde espiritual, emocional e física do homem, que mesmo sofrendo
destruição física, sua alma encontrará salvação eterna.

É difícil entender esse processo. Mas sabemos que há disciplina física por pecado, às vezes levando até a morte (1 Jo
5.16,17, 19;1 Co 11.30; Tg 5.13 ss.)

Mateus diz que seria tratado com “publicano e pecador”, ou seja, alguém totalmente repudiado e rejeitado (não
como alguns dizem, torcendo as Escrituras, que devia ser paparicado para atraí-lo de novo para a fé.)

B. Restauração - Ler 5.5. Existe uma diferença entre castigo e punição.

Na família, não punimos nossos filhos. Não nos vingamos deles. Não procuramos o mal, mas o bem deles. Não
procuramos envergonhá-los desnecessariamente. Da mesma forma, disciplina na família de Deus visa restaurar seus
membros para comunhão plena com a família e com Deus. Não fazemos isso para machucar, envergonhar, ou ferir,
mas restaurar. Mas restauração envolve dor. Por exemplo, Pv.19.19 diz, “Homem de ira tem de sofrer o dano, pois se
tu o livrares, voltará a repeti-lo de novo.”
Restauração acontece em dois níveis:

1) Restaurar a reputação de Jesus na comunidade local (1,2)

2) Restaurar o pecador à comunhão com Jesus e com a comunidade local (5)

Aqui encontramos a graça de Deus. Mesmo que um membro da igreja tenha sujado o nome de Cristo e da igreja local;
mesmo que isso tenha prejudicado a reputação da igreja na comunidade; ainda existe esperança para o pecador. A
disciplina bíblica visa preservar o testemunho de Cristo na comunidade, mas também visa restaurar o pecador.
Queremos punir. Queremos nos vingar pela vergonha que causou a nós, à igreja e a Cristo. Mas temos que perdoar,
quando há arrependimento genuíno.

2Co.2.5-11 é um texto importante na discussão. Na disciplina bíblica, tem que haver equilíbrio. Somos severos,
públicos e imediatos na disciplina, mas também somos graciosos e imediatos na expressão de amor quando o pecador
arrepende-se. Satanás também pode usar o excesso de disciplina para derrubar a igreja e seus membros. Não
sabemos se a mesma situação está em vista em 2 Co 2, mas o princípio se aplica. O que constitui arrependimento
genuíno? À luz de 1Co. 5 e 2 Co 2, além da experiência de disciplina no contexto do lar, quero sugerir que envolve:

1) Confissão do pecado (dizer a mesma coisa que Deus diz sobre ela, sem desculpas)
2) Humildade em pedir perdão (“Pai, pequei contra Deus e contra o senhor”)
3) Tristeza genuína (não por que foi pego; a ficha precisa cair da seriedade da ofensa)
4) Submissão à disciplina estabelecida pela liderança local

Entenda que Paulo não dá a opção de um meio termo aqui. O pecador não arrependido deve ser totalmente
marginalizado, tirado do meio da igreja para não continuar sujando o nome da igreja.

Cautela: Mas uma vez restaurado, ele não dá a opção de ter o homem na igreja ainda tratado como publicano.
Francamente, não vejo espaço para essa posição nas Escrituras. Se está fora, está fora mesmo. Se está dentro, deve
ser recebido, acolhido, perdoado e abraçado, mesmo que seu pecado ainda implique em limitações quanto ao
envolvimento nos ministérios da igreja. Na família, recebemos o filho arrependido de volta, com braços abertos, com
carinho e afirmação de amor. Mas também há consequências. Perde certos privilégios por um tempo. Talvez não
possa brincar fora; ou assistir tal programa; ou passear com o amigo. Continua filho, não deve ficar “de castigo” e
afastado, mas perde certos privilégios.

Conclusão:

Lepra espiritual... uma doença fatal se não tratada. Insensibilidade ao pecado acaba destruindo a igreja local de
dentro para fora. Torna-se uma igreja desmembrada, deficiente, insensível, paralítica.

Disciplina bíblica é uma questão familiar que visa restaurar a reputação de Jesus e o pecador ao Senhor.

Pr. Davi Merkh


http://www.palavraefamilia.org.br/site1/index.php?option=com_content&view=article&id=153:14-principios-de-disciplina-
biblica-na-igreja-1-co-51-13&catid=49:1-corintios&Itemid=111

Você também pode gostar