Você está na página 1de 2

Economia e sociedade na América espanhola

A ocupação e exploração da América foi um desdobramento da expansão marítimo-comercial euro


e elemento fundamental para o desenvolvimento do capitalismo. A colonização promovid
a pelos espanhóis deve ser entendida a partir da lógica mercantilista, baseada porta
nto no Exclusivo metropolitano, ou seja, no monopólio da metrópole sobre suas colônias
.
A organização econômica
A exploração mineradora foi a atividade econômica mais importante na América Espanhola,
na verdade foi a responsável pela colonização efetiva das terras de Espanha, apesar de
já haver ocupação anterior, no Caribe e América Central. O ouro na região do México e a pr
ta na região do Peru, foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma clara política de
exploração por parte da metrópole, que passou a exercer um controle mais rígido sobre s
eus domínios.
A mineração tornou-se responsável pelo desenvolvimento de atividades secundárias, comple
mentares, diversificando a produção nas regiões vizinhas, responsáveis pelo abasteciment
o das minas, com produtos agrícolas - batata, milho, tabaco e cana de açúcar - sendo q
ue os dois últimos destinavam-se à exportação; desenvolveram também a atividade criatória,
ornecendo mulas e cavalos para as minas. Mais tarde a pecuária se desenvolveu na r
egião sul, fornecendo couro e charque à metrópole.
A produção artesanal indígena foi permitida, porém passou a ser controlada pela burocrac
ia espanhola na colônia. Esse "sistema de obrajes" representava, na prática, uma for
ma de explorar a mão de obra indígena, forçado a trabalhar por seis meses, durante os
quais recebia um pequeno pagamento.
A exploração do trabalho indígena
A exploração do trabalho indígena constituiu-se na base da exploração da América, e utilizo
-se de duas formas diferentes: a encomienda e a mita. É importante lembrar-mos que
o colonialismo e o escravismo foram características da política econômica mercantilis
ta.
A encomienda foi um sistema criado pelos espanhóis, e consistia na exploração de um gr
upo ou comunidade de indígenas por um colono, a partir da concessão das autoridades
locais, enquanto o colono vivesse. Em troca, o colono deveria pagar um tributo à m
etrópole e promover a cristianização dos indígenas. Dessa forma o colono de origem espan
hola era duplamente favorecido, na medida em que utilizava-se da mão de obra e ao
mesmo tempo, impunha sua religião, moral e costumes aos nativos.
A mita era uma instituição de origem inca, utilizada por essa civilização quando da form
ação de seu império, antes da chegada dos europeus. Consistia na exploração das comunidade
s dominadas, utilizando uma parte de seus homens no trabalho nas minas.
Os homens eram sorteados, e em geral trabalhavam quatro meses, recebendo um paga
mento. Cumprido o prazo, deveriam retornar à comunidade, que por sua vez deveria e
nviar um novo grupo de homens.
Apesar de diferente da escravidão negra adotada no Brasil, a exploração do trabalho in
dígena também é tratada por muitos historiadores como escravismo. Porém o termo predomin
ante nos livros de história é Trabalho Compulsório.
A ação colonizadora espanhola foi responsável pela destruição e desestruturação das comunid
s indígenas, quer pela força das armas contra aqueles que defendiam seu território, qu
er pela exploração sistemática do trabalho, ou ainda através do processo de aculturação, pr
movido pelo próprio sistema de exploração e pela ação catequética dos missionários católico
É importante destacar o papel dos religiosos no processo de colonização, tratados muit
as vezes como defensores dos indígenas, tiveram uma participação diferenciada na conqu
ista. Um dos mais célebres religiosos do período colonial foi Frei Bartolomeu de Las
Casas que, em várias oportunidades, denunciou as atrocidades cometidas pelos colo
nos; escreveu importantes documentos sobre a exploração, tortura e assassinato de gr
upos indígenas. Muitas vezes, a partir desses relatos a Coroa interferiu na colônia
e destituiu governantes e altos funcionários. No entanto, vale lembrar o poder e i
nfluência que a Igreja possuía na Espanha, e o interesse do rei (Carlos V)em manter-
se aliado à ela, numa época de consolidação do absolutismo na Espanha, mas de avanço do pr
otestantismo no Sacro Império e nos Países Baixos. Ao mesmo tempo, a Igreja na colônia
foi responsável pela imposição de uma nova religião, consequentemente uma nova moral e
novos costumes, desenraizando os indígenas.
A ESPADA, A CRUZ E A FOME IAM DIZIMANDO A FAMÍLIA SELVAGEM
(Pablo Neruda, poeta chileno)
A exploração do trabalho indígena
A sociedade colonial era rigidamente estratificada, privilegiando a elite de nas
cimento, homens brancos, nascidos na Espanha ou América:
Chapetones - eram os homens brancos, nascidos na Espanha e que vivendo na colônia
representavam os interesses metropolitanos, ocupando altos cargos administrativo
s, judiciais, militares e no comércio externo.
Criollos - Elite colonial, descendentes de espanhóis, nascidos na América, grandes p
roprietários rurais ou arrendatários de minas, podiam ocupar cargos administrativos
ou militares inferiores.
Mestiços - , de brancos com índios, eram homens livres, trabalhadores braçais desquali
ficados e superexplorados na cidade (oficinas) e no campo ( capatazes).
Escravos negros - nas Antilhas representavam a maioria da sociedade e trabalhava
m principalmente na agricultura.
Indígenas - grande maioria da população, foram submetidos ao trabalho forçado através da m
ita ou da encomienda, que na prática eram formas diferenciadas de escravidão, apesar
da proibição oficial desta pela metrópole.

Você também pode gostar