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A Política de Accountability Social Na América Latina (Enrique Peruzzotti) PDF
A Política de Accountability Social Na América Latina (Enrique Peruzzotti) PDF
NA AMÉRICA LATINA1
ENRIQUE PERUZZOTTI
Professor, Departamento de Ciência Política e Estudos Internacionais, Universidade
Torcuato Di Tella, Buenos Aires, Argentina.
peruzzot@utdt.edu
1
“La política de Accountability social en América Latina”. Tradução do original em espanhol de Daniela
Mateus de Vasconcelos.
1
Nos debates que ocorrem na região acerca dos desafios e obstáculos que
confrontam as novas democracias, geralmente encontramos dois importantes corpos de
literatura que, apesar da sua complementaridade, raramente se juntam. Por um lado, uma
literatura que tende a assumir que a existência de uma imprensa independente e de
uma sociedade civil sólida e autônoma são dois elementos que contribuem para moldar e
melhorar a qualidade da vida pública e institucional dos regimes representativos. Por
outro lado, os trabalhos acerca da qualidade institucional das novas democracias, que
tendem a chamar a atenção para os importantes déficits institucionais que afetam a
maioria das novas democracias, particularmente no que refere à atuação das agências de
prestação de contas. O presente artigo pretende fazer uma ponte entre ambas discussões
e analisar o papel que exerce a sociedade civil e a imprensa autônoma enquanto agentes
informais de prestação de contas. Nas próximas páginas me concentrarei na análise de
uma nova forma de politização que está se desenvolvendo em várias das novas
democracias e que tem como objetivo primordial fortalecer e aperfeiçoar o
funcionamento dos mecanismos de controle e supervisão das instituições representativas.
As primeiras seções descrevem a forma de funcionamento de tal política e ressaltam
algumas de suas conquistas, enquanto a última seção adverte acerca de alguns aspectos
dos riscos potenciais de tal tipo de iniciativas.
2
por uma preocupação comum em melhorar a transparência e a accountability da ação
governamental1. Tal conjunto de atores e iniciativas incluem diferentes ações
destinadas a supervisionar o comportamento de funcionários ou agências públicas,
denunciar e expor casos de violação da lei ou de corrupção por parte das autoridades, e
exercer pressão sobre as agências de controle correspondentes para que ativem os
mecanismos de investigação e sanção que correspondam. Este conjunto heterogêneo de
atores sociais desenvolve novos recursos que se somam ao repertório clássico de
instrumentos eleitorais e legais de controle das ações de governo.
4
funcionamento dos mecanismos de prestação de contas6. Desde sua perspectiva, O’Donnell
considera que tais déficits são de uma magnitude tal que é necessário elaborar um subtipo
particular de tipologia que dê conta das características distintivas desta forma de
poliarquia. As poliarquias que finalmente se instalaram em boa parte do continente, afirma
O’Donnell, diferem substancialmente do modelo de democracia representativa baseado
na prestação de contas que predomina nos países ocidentais. A característica distintiva das
novas poliarquias é que o processo de delegação de autoridade política não está sendo
complementado com mecanismos efetivos de accountability. Embora as eleições
autorizem os representantes políticos, ainda não existe uma rede de agências capazes de
controlar e castigar as ações que possam ser qualificadas como ilegais ou corruptas7.
Este déficit é precisamente a lacuna central desta nova geração de ativismo cívico.
5
Dentro deste diverso leque de formas associativas que integram os atores da política
de accountability social, se distinguem dois principais atores e formas de intervenção
social: a) os movimentos sociais conjunturais de setores sociais diretamente afetados pelas
ações estatais discricionárias; e b) as associações civis altamente profissionalizadas e de
caráter permanente. Ambos atores, como veremos, são cruciais para a política de
accountability social e, cada um deles, cumpre um papel específico na difícil e sinuosa
tarefa de melhoria do desempenho institucional das novas democracias. O terceiro ator
não se origina no campo associativo civil, mas está representado por um setor do
jornalismo independente que, em algumas ocasiões, recebe e dá visibilidade às
denúncias ou iniciativas deste setor e, em outras, se converte ele mesmo em um
protagonista da política de acountability social ao dar origem às próprias denúncias, sendo
estas frutos de suas investigações ou do que recebem como “vazamento” off the record
graças ao cultivo de contatos com fontes governamentais.
Associativismo Civil
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para demandar a apresentação periódica de uma declaração juramentada de bens por
parte dos funcionários públicos, monitoramento do processo de formulação e
implementação de orçamentos públicos nos diferentes níveis de governo, vigilância dos
processos e campanhas eleitorais, supervisão da conduta da instituição policial, etc.
Os atores que integram este grupo são setores profissionais, com reconhecidos
contatos com a sociedade civil transnacional, e com organismos e governos estrangeiros.
Boa parte destes grupos recebe financiamento de fundações estrangeiras e, em
alguns casos, representam as filiais locais de organizações transnacionais. Este subgrupo
associativo se diferencia de outros partícipes da política de accountability social pelo
nível de reflexividade de suas propostas: implicam uma diversidade de think tanks
cidadãos destinados a pensar e desenvolver políticas e iniciativas a partir de uma
ótica societal. Estes atores geram um recurso vital para o exercício da prestação de
contas social: produção de fontes de informação autônomas, que servem para suprir
vazios informativos estatais ou mesmo para desafiar as cifras ou dados oficiais.
Também representam uma força de inovação através da produção de projetos e
sugestões de reforma ou melhoria institucional. Devido aos recursos e
capacidades requeridas, estas organizações costumam recrutar seus membros nos
setores altamente educados da sociedade civil e sua área de influência é geralmente
reduzida aos setores de tomada de decisões.
Movimentos Sociais
Jornalismo de denúncia
9
politizadas ou que se mostram reticentes a intervir, certamente um alto grau de
exposição e de apoio popular incrementa o grau de ameaça que a denúncia representa
para aquelas agências e/ou oficiais involvidos. Embora os meios de comunicação sejam
um outlet indispensável para alcançar visibilidade, é também verdade que aqueles
escândalos que emergem dos movimentos ou iniciativas sociais tendem a captar mais a
atenção do público que os escândalos que se referem exclusivamente aos conflitos entre
setores da elite16. Além disso, a presença de atores sociais autônomos representa para o
jornalismo uma rica fonte de informação alternativa, que rompe com a marcada
dependência do jornalismo da região de fontes ou “vazamentos” oficiais, que torna mais
difícil a manipulação das dinâmicas de determinado escândalo por parte das elites
políticas17
11
acerca do problema e modificar os índices de tolerância social com relação ao fenômeno.
Em vários países da região, por exemplo, se registraram alguns avanços em
desnaturalizar certas práticas ilegais por parte da instituição policial e militar, a partir
do surgimento de movimentos e organizações que denunciavam casos concretos de
violência policial contra jovens de áreas urbanas populares ou de maltrato aos conscritos
por parte de seu s superiores. Por exemplo, a morte de dois conscritos no Chile e na
Argentina deu origem a um grande protesto e mobilização que, no caso argentino, levou
ao fim do serviço militar obrigatório. Da mesma forma, no Peru, a Coordenadoria
Nacional de Direitos Humanos, uma rede nacional de organizações de defesa dos direitos
humanos, repetidamente questionou a prática militar de recrutamento obrigatório de
conscritos em certas áreas rurais do país.
Em diferentes ocasiões, se observa a criação de associações ou ONGs
destinadas a supervisar, gerar información alternativa à oficial e elaborar propostas de
reforma institucional de determinadas agências públicas. Os exemplos vão desde o
monitoramento das forças policiais, das autoridades eleitorales, a elaboração e execução
dos orçamentos públicos. Por exemplo, uma importante conquista de diversos grupos de
protesto que emergiram em distintos países como consequência do enraizado
problema da violência e brutalidade policial sobre setores populares, foi o eventual
estabelecimento de organizações permanentes de supervisão das forças policiais. Neste
caso concreto, movimentos sociais que surgiram com demandas específicas de
esclarecimento e justiça para um caso concreto se unificam e estabelecem uma
organização que vai adotar uma visão mais ampla e sistêmica do problema. Estas
organizações não somente atuam como sistema externo de alarmes de incêndio que
se ativam quando se produzem violações aos direitos humanos por parte dos oficiais de
polícia. Além desta função, desenvolvem um processo de avaliação sistemática dos
problemas institucionais de tais agências e desenvolvem propostas de reforma
institucional18. Como destacamos anteriormente, estes vigilantes permanentes
representam cruciais think-thanks cidadãos que refletem acerca das maneiras em que se
pode melhorar a qualidade e a eficiência das instituições públicas.
12
simbólicas que determinam o destino eleitoral ou laboral dos representantes ou
funcionários sob suspeita. A derrota eleitoral, a renúncia ao cargo, sanções judiciais ou o
ostracismo público são algumas das consequências que podem acarretar as denúncias
cívicas ou jornalísticas. Em certos casos, o castigo simbólico vai além de uma acusação
individual e se estende a uma agência, poder ou partido político. Através da pressão
social e da exposição pública, estas iniciativas sociais forçam uma rede de agências de
controle que, de outra maneira, se mostraria reticente a intervir, a tomar a frente do
assunto e iniciar procedimentos judiciais ou administrativos destinados a investigar e
castigar os supostos atos de ilegalidade. A ativação de agências de controle pode
ocorrer de maneira direta ou indireta. A ativação indireta é produto da pressão social
exercida por a l g u m movimento ou organização ou por algum escândalo midiático
que, devido aos custos e m t e r m o s d e i m a g e m que a denúncia gera ao
governo ou às autoridades envolvidas, as agências ou funcionários públicos interveem
na questão, seja forçando a renúncia dos funcionários suspeitos, iniciando um processo
administrativo ou judicial, estabelecendo uma comissão parlamentar de investigação, etc.
A ativação é direta quando os atores sociais diretamente recorrem diretamente às
agências horizontais. Nas últimas décadas, a região observou um aumento significativo
da judicialização de conflitos, muitas vezes protagonizada pela sociedade civil e
incentivada pela criação de novas ferramentas legais que facilitam o recurso ao poder
judiciário por parte dos cidadãos. A ação direta de inconstitucionalidade, as ações de
tutelas, os amparos legais, o surgimento de um movimento de direito de interesse público
representam algumas novas ferramentas constitucionais na região que contribuíram
para melhorar o acesso de certos setores ao poder judiciário para reclamar por seus
direitos ou para denunciar casos de arbitrariedade estatal19. Por exemplo, a criação no
Brasil do Ministério Público, após a reforma constitucional de 1988, introduziu um ator
institucional acessível e aberto às reivindicações cidadãs, fomentando um notável
crescimento do uso da estratégia judiciária por parte da sociedade civil20. Outras agências
horizontais que foram objeto de interesse da sociedade civil são as Defensorias do Povo
estabelecidas, nos últimos anos, em vários países da região e, no caso do Brasil, as
comissões de investigação parlamentar.21
13
IV. A política de accountability social: rumo à criação de um círculo virtuoso de
melhoria da qualidade institucional das novas democracias
14
Em princípio, a política de accountability social aponta para tematizar determinados
déficits institucionais e força a encarar processos de reforma ou de melhoria institucional.
É neste sentido que argumento que esta forma de politização representa um importante
complemento que tende a reforçar os processos de institucionalização e de melhoria
institucional ao destacar e castigar atos de captura institucional, de clientelismo ou de
corrupção governamental. Em certos casos se observa um desejável círculo virtuoso que
tende a melhorar o desempenho das instituções representativas, assim como dos
mecanismos de prestação de contas. Ao reforçar os mecanismos institucionalizados de
desconfiança, a política de accountability social contribui para fortalecer os laços de
confiança entre a classe política e os cidadãos: a existência de mecanismos efetivos de
desconfiança institucionalizada sustenta o vínculo representativo ao permitir a
generalização da confiança social nas instituções representativas. Estas fornecem ao
cidadão uma rede de dispositivos de segurança que fazem que com o sistema ative
mecanismos efetivos de sanção nos casos em que sua confiança seja traída.
15
O caso argentino representa uma útil ilustração de alguns dos potenciais riscos
de tal política. Na Argentina dos anos noventa coincidiram os dois fatores de risco
anteriormente mencionados. Por um lado, houve uma percepção generalizada por parte
dos cidadãos de que muitas agências horizontais se mostravam reticentes em cumprir seu
papel de monitoramento ou que mesmo seu funcionamento se encontrava distorcido
devido a pressões políticas. Por outra parte, durante os dois governos de Carlos Menem
(1989-1999) o contexto público argentino esteve repleto de suspeitas de corrupção e
ilegalidade no comportamento dos funcionários públicos. Estas denúncias eram
sistematicamente desdenhadas pelos funcionários públicos e, somente em poucas
ocasiões, os funcionários sob suspeita receberam sanções judiciais. A gravidade e a
periodicidade das revelações da i m prensa contribuiram para gerar certa “fadiga de
escândalos” entre os argentinos26 e simultaneamente contribuiu para expandir um
manto generalizado de suspeita na totalidade do corpo político. Estes sentimentos
sociais se traduziram em uma crescente divisão entre a sociedade política e a sociedade
civil, distância esta que foi potencializada pela persistente reticência do governo
menemista em responder as persistentes vozes que demandavam maior transparência na
ação de governo. A eleição do governo de coalizão eleitoral da Aliança (integrada
fundamentalmente pela União Cívica Radical e o FREPASO) pareceu abrir uma porta de
reconciliação e gerou importantes expectativas de mudanças naqueles setores do
eleitorado que se viram cativados pela ênfase do discurso da Aliança na
necessidade de mudança fundamental na forma de fazer política e na sua promessa de
maior transparência no exercício do poder. Lamentavelmente, tais esperanças tiveram
uma vida efêmera. Nos primeiros meses de governo, a administração presidida por
Fernando de la Rua se viu involvida em um escândalo de corrupção de grandes
dimensões, pois implicava no pagamento de subornos por parte do poder executivo a
certos senadores da oposição para que aprovassem determinada legislação no
Congresso. Este escândalo não acarretou somente a quebra da coalizão de governo, m a s
colocou por terra toda a esperança social de reforma institucional ou
m o r a l . A expectativa social de mudança que a renovação eleitoral havia ocasionado se
transformou abruptamente rápido em raiva e frustração social com o sistema político. O
primeiro indício preocupante do estado de humor social latente com a política foi o
impressionante aumento do chamado “voto de protesto” e das obstenções eleitorais nas
16
eleições legislativas que ocorreram no mês de outubro de 2001. No entanto, foi em
dezembro de 2001 que o descontentamento se fez patentemente visível; naquele
momento milhares de cidadãos se mobilizaram espontaneamente em Buenos Aires e
outras cidades do país com a consigna que se vayan todos. Os panelaços e,
posteriormente, as assembléias populares que pretendiam rescindir o contrato
representativo que ligava os representantes políticos com os cidadãos são um dramático
exemplo dos custos envolvidos quando são ignoradas as dem andas sociais por uma
reforma institucional e maior transparência na ação do governo.27
***
17
1
Ver, Catalina Smulovitz e Enrique Peruzzotti, “Societal Accountability in Latin America:
Journal of Democracy, volume 11, número 4, 2000; Enrique Peruzzotti e Catalina Smulovitz,
“Accountability Social, la otra cara del control” em Enrique Peruzzotti e Catalina Smulovitz
(editores) Controlando la política. Ciudadanos y Medios en las Nuevas Democracias
Latinoamericanas, Buenos Aires, Editorial Temas, 2002.
2
Analisei os processos de inovação política em Enrique Peruzzotti, “Towards a New
Politics. Citizenship and Rights in Contemporary Argentina”, Citizenship Studies, volume 6,
número 1, 2002; “Redefiniendo la Representación Política: la sociedad civil y el sistema
representativo en los noventa” Política y Gobierno, Vol. XI, Núm. I, I semestre de 2004; e em “La
Democratización de la Democracia: Cultura Política, Esfera Pública y Aprendizaje Colectivo en
la Argentina Posdictatorial”, em Isidoro Cheresky e Inés Pousadela (editores), Política e
Instituciones en las Nuevas Democracias Latinoamericanas, Buenos Aires, Paidós
Editorial, 2001, pp. 289-307. Três importantes contribuições coletivas para a análise das
mudanças ocorridas nas sociedades civis da região são Alberto J. Olvera (coordinador), Sociedad
Civil, Esfera Publica y Democratización en America Latina, Mexico, Mexico, Fondo de Cultura
Económica, 2003; Aldo Panfichi (coord.), Sociedad Civil, Esfera Pública y Democratización en
America Latina, Andes y Cono Sur, Lima, Pontificia Universidad Católica del Perú y Fondo de
Cultura Económica, 2002; Evelina Dagnino (coord.), Sociedad Civil, Esfera Publica y
Democratización en America Latina, Brasil, Mexico, Fondo de Cultura Económica, 2003.
Também é importante o livro de Leonardo Avritzer, Democracy and the Public Sphere in
Latin America, Princeton, Princeton University Press. Para uma análise do conflito entre
constitucionalismo e democracia que o populismo introduziu na América Latina, ver Enrique
Peruzzotti, “Constitucionalismo, Populismo y Sociedad Civil. Lecciones del Caso Argentino” en
Revista Mexicana de Sociología, Vol. 61, número 4, octubre-diciembre, 1999, pp. 149-172.
3
O conceito de accountability horizontal denota o funcionamento de um sistema interestatal de
pesos e contrapesos destinado a controlar ou castigar as ações ou omissões por parte dos
funcionários ou organismos do Estado que possam ser consideradas ilegais. Com respeito ao tema
ver: Guillermo O’Donnell, “Horizontal Accountability en New Democracies,” em Andreas
Schedler, L. Diamond, e M. F. Plattner (editores.) The Self-Restraining State. Power and
Accountability in New Democracies, Boulder, Colorado, Lynne Rienner, 1999; “Horizontal
Accountability: The Legal Institucionalization of Mistrust” em Scott Mainwaring e Christopher
Welna (editores), Democratic Accountability in Latin America, Oxford, Oxford University Press,
2003.
4
As eleições representam para O’Donnell um mecanismo institucional de prestação de contas
18
de caráter vertical.
5
Ver O’Donnell, “Horizontal Accountability: The Legal Institutionalization of Mistrust,” op. cit.;
Piotr Sztompka, Trust. A Sociological Theory, Cambridge, Cambridge University Press, 1999,
capítulo 7; Susan Rose-Ackerman, “Trust, Honesty and Corruption: Reflection on the state-
building process,” Archives European of Sociology, vol. XLII, número 3 (2001), p. 543.
6
Para um interessante debate acerca de se tal déficit nos mecanismos de prestação de contas é
peculiar da região ou representa um problema generalizado de toda democracia, ver: Adam
Przeworski, “Accountability Social en America Latina y mas allá” e Guillermo O’Donnell
“Acerca de varias accountabilities y sus interrelaciones” ambos em Enrique Peruzzotti e Catalina
Smulovitz (Eds.), Controlando la Política. Ciudadanos y Medios en las nuevas democracias,
Buenos Aires, Editorial Temas, 2002.
7
Guillermo O’Donnell, “Delegative Democracy,” Journal of Democracy, vol. 5, número 1, 1994;
Guillermo O´Donnell, “On the State, Democratization, and Some Conceptual Problems: A Latin
American View with Glances at Some Post-communist Countries” em Guillermo O´Donnell,
Counterpoints. Selected Essays on Authoritarianism and Democracy, Indiana, Notre Dame,
University of Notre Dame Press, 1999.
8
Enrique Peruzzotti e Catalina Smulovitz, “Accountability Social: la otra cara del control” op.
cit.
9
A ideia de prestação de contas ou accountability se refere à faculdade de assegurar que os
funcionários públicos prestem contas pela sua conduta, entendendo por isto, tanto a obrigação de
informar e justificar suas decisões de governo e a possibilidade de ser eventualmente sancionados
por elas. A noção de accountability possui uma dimensão legal e uma política. A dimensão legal
do conceito de accountability se refere aos mecanismos institucionais desenhados para assegurar
que as ações dos funcionários públicos estejam demarcadas legal e constitucionalmente. O
conceito de accountability política se refere, ao contrário, à capacidade do eleitorado para fazer
com que as políticas governamentais se adequem a suas preferências. Usualmente se assume que
as eleições são a instituição por excelência para este tipo de controle. No entanto, existe
também uma ampla literatura que destaca as limitações das eleições como mecanismo de
accountability política. Ver, por exemplo, Adam Przeworski, Susan Stokes e Bernard Manin
(editores) Democracy, Accountability and Representation. Cambridge, Cambridge University
Press, 1999; Susan Stokes, Mandates and Democracy.
10
Poder Ciudadano, Associación por los Derechos Civiles, Fundación para el Ambiente e
l os Recursos Naturales (FARN), Coordinadora contra la Represión Policial e Institucional
19
(CORREPI), Coordinadora de Familiares de Víctimas Inocentes (COFAVI), Asociación por los
Derechos Civiles, e o Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS), e CIPEC, na Argentina;
Grupo Propuesta Ciudadana, Foro Democrático, Instituto de Defensa Legal (IDELE),
Coordinadora por los Derechos Humanos, Comisión Andina de Juristas, e Transparencia, no
Perú; Viva la Ciudadanía, Corporación para la Excelencia de la Justicia, as diversas veedurías
ciudadanas, FUNDEPUBLICO, na Colômbia; Auditoria Democrática Andina, Participación
Ciudadana, no Equador; Formación Jurídica para la Acción (FORJA), CODEJU, no Chile;
Viva Rio, Ouvidorias Policiais de São Paulo, no Brasil, são alguns exemplos desta nova forma de
associativismo civil organizado em torno de demandas pela melhoria da qualidade
institucional das novas democracias.
11
Ver O’Donnell. “On the State, Democratization” op. cit. p.
12
Este é particularmente o caso da rede de organizações de direitos humanos e organizações
contra a violência policial, que devido à sua própria origem e missão, tende a atuar com setores
sociais desprotegidos ou sujeitos a discriminação e arbitrariedade por parte das autoridades.
13
Para uma análise específica de estes casos ver: Catalina Smulovitz e Enrique Peruzzotti,
"Societal and Horizontal Controls: Two Cases of a Fruitful Relationship" em Scott Mainwaring e
Christopher Welna (editores), Democratic Accountability in Latin America, Oxford, Oxford
University Press, 2003; Jacqueline Behrend, "Mobilization and Accountability: A Study of
Societal Control in the Cabezas Case in Argentina" em Enrique Peruzzotti e Catalina Smulovitz
(editores), Enforcing the Rule of Law. The Politics of Social Accountability in the New Latin
American Democracias, Pittsburg, Pittsburg University Press, no prelo.
14
Silvio Waisbord, Watchdog Journalism in South America. News, Accountability and
Democracy, New Cork, Columbia University Press, 2000; Waisbord “Interpretando los
Escandalos. Analisis de su Relación con los Medios y la Ciudadanía en la Argentina
Contemporanea” em Enrique Peruzzotti e Catalina Smulovitz (eds.) Controlando la política.
Ciudadanos y Medios en las Nuevas Democracias Latinoamericanas, Buenos Aires, Editorial
Temas, 2002, pp. 289-325; Nicolas Lynch, “Los usos de los medios en el Perú de Fujimori” em
Peruzzotti e Smulovitz, Controlando la Política, op. cit; German Rey, Balsas e Medusas.
Visibilidad Comunicativa y Narrativas Políticas Bogotá, Fescol-Fundación Social-Cerec, 1998;
Heriberto Muraro, Políticos, Periodistas y Ciudadanos, Buenos Aires, Fondo de Cultura
Económica, 1997; Enrique Peruzzotti, “Media Scandals and Social Accountability: the Role of
the Senate Scandal in Argentina” em Peruzzotti y Smulovitz, Enforcing the Rule of Law, op. cit.
15
Por exemplo, no setor de ONGs profissionalizadas e com numerosos pontos de contatos
pessoais e profissionais com os membros do sistema político, a pressão social e a exposição
20
midiática não são geralmente a única ou a via principal para transmitir determinada mensagem ou
demanda às respectivas autoridades. Neste sentido, movimentos e atores de base enfrentam
maiores dificuldades de serem escutados e, portanto, muitas vezes se veem inevitavelmente
obrigados a adotar uma estratégia de mobilização com o fim de captar a atenção dos meios e do
público em geral.
16
Ver Waisbord, Watchdog Journalism in South America, op. cit.
17
Ver Peruzzotti, “Media Scandals”, op. cit.
18
Sobre o conceito de “alarmes de incêndio” (Fire Alarms), ver Matthew McCubbins e
Thomas Schwartz, “Congressional Oversight Overlooked: Police Patrols versus Fire Alarms,”
American Journal of Political Science, vol. 28, número 1, fev. 1984, p. 168.
19
Sobre o fenômeno da crescente judicialização da política na região ver, Rogério Bastos
Arantes, Judiciário e política No Brasil, São Paulo, Editora Sumaré, 1997; Rosangela Batista
Cavalcanti y Maria Teresa Sadek, “El impacto del Ministerio Publico sobre la democracia
brasilena: el redescubrimiento de la ley” em Enrique Peruzzotti e Catalina Smulovitz (eds.),
Controlando la política, op. cit., pp.169-191; Luiz Werneck Vianna, Maria Alice Rezende de
Carvalho, Manuel Cunha Melo e Marcelo Burgos; A judicialização da política e das Relações
Sociais no Brasil, Rio de Janeiro, Editora Revan, 1999, pp. 48-70; Catalina Smulovitz,
"Ciudadanos, Derechos y Política" em González Morales, Felipe (editor) Las Acciones de Interés
Público: Argentina, Chile, Colombia y Perú, Santiago de Chile, Escuela de Derecho de la
Universidad Diego Portales, 1997; Catalina Smulovitz, “Judicialization of Protest in Argentina.
The Case of Corralito”, em Enrique Peruzzotti e Catalina Smulovitz (eds.), Enforcing the Rule of
Law, op. cit. Sobre o uso do direito de interesse público por parte da sociedade civil ver Mary
McClymont y Stephen Golub (eds.) Many Roads to Justice (The Ford Foundation: 2000; Felipe
Gonzalez y Felipe Viveros Ciudadanía e Interés Público, Santiago: Cuadernos de Análisis
JurIdico. Facultad de Derecho Universidad Diego Portales: 1998; Felipe Gonzalez Morales Las
Acciones de interés Público, Santiago: Cuadernos de Análisis Jurídico. Facultad de Derecho
Universidad Diego Portales, 1997.
20
Sobre a relação Ministério Público – sociedade civil ver Rosangela Batista Cavalcanti e
Maria Teresa Sadek, “El impacto del Ministerio Publico”, op. cit.
21
Ana Tereza Lemos-Nelson e Jorge Zaverucha, “Multiple Activation as a Strategy of Citizen
Accountability and the Role of the Investigating Legislative Commissions”, em Peruzzotti e
Smulovitz, Enforcing the Rule of Law, op. cit.
22
Alberto Olvera, “Movimientos Sociales prodemocráticos, democratización y esfera publica en
México: el caso de Alianza Cívica” em Alberto Olvera (Ed.) Sociedad Civil, Esfera Pública y
21
Democratizacion en América Latina: México, op. cit.
23
Claus Offe, “How Can We Trust Our Fellow Citizens?,” en Mark Warren (ed.). Democracy
and Trust, Cambridge, England, Cambridge University Press 2001, pag. 76..
24
Stompka, op. cit. Pág. 145
25
Ibid. Pág. 146.
26
Waisbord, op. cit.
27
Para uma genealogia da crise de representação na Argentina, ver Enrique Peruzzotti,
“Redefiniendo la representación Política: la sociedad civil argentina y el sistema representativo en
los noventa” em Política y Gobierno, volume XI, número 1, I semestre de 2004.
22