Prezadas e prezados discentes da cadeia de Metodologia e Produção Textual,
Encerra agora o primeiro semestre de vocês na graduação. É apenas o início de
uma longa jornada, com desafios novos a serem enfrentados que até então jamais imaginaram. Sei de todas as ansiedades, dúvidas, inseguranças e dilemas que rodeiam seus pensamentos. Eu mesmo passei por isso anos atrás (como sabem, não direi quantos para não entregar a idade). As disciplinas teóricas do curso são aquelas em que a confiança em nossa própria capacidade intelectual e desejo de seguir na carreira são mais desafiadas, ainda mais no primeiro período! É necessário conversar sobre essas questões. Por isso, decidi, como professor responsável por essa cadeira introdutória, escrever algumas palavras de incentivo, conforto e aconselhamento Possivelmente, alguns de vocês ficaram surpresos (positiva ou negativamente) ao conferirem suas notas no sistema. É muito difícil para um professor dar uma nota, pois toda correção tem sempre uma dimensão subjetiva, por mais criteriosa que seja. Avaliei balanceando compreensão e rigorosidade, buscando a justa medida. Todavia, já adianto que a nota não necessariamente reflete o potencial de cada um – aliás, normalmente não reflete. Nesse momento inicial, em que vocês estão se acostumando com as exigências da vida acadêmica, inadequações de escrita e abordagem são muito comuns. O importante é que sempre procurem os professores para compreenderem quais os equívocos que cometeram nas avaliações. A surpresa desagradável de uma nota menor do que a esperada deve ser entendida como uma oportunidade de aprendizado e correção, não um indício de incompetência intelectual. Suas capacidades não podem ser captadas na frieza dos números. Nos diários, muitos revelaram dificuldades na compreensão dos textos. Ora, de fato, algumas leituras eram mais densas que outras. Sempre haverá leituras complexas, ainda mais quando exploramos novos saberes. Se tem algo que aprendi em todos os meus anos (de novo, não digo quantos!) no ambiente universitário é que somente a insistência e o amadurecimento é que nos torna aptos ao pleno aproveitamento de certos autores. A interpretação, a compreensão de textos, a exposição de ideias e a participação em debates são habilidades que se desenvolvem com o tempo. Não se julguem inaptos por não chegarem prontos na Universidade para fazerem tudo isso, pois ninguém chega. Estou certo que anos adiante, vocês mesmos desenvolverão ideias complexas e a maior dificuldade será a transmissão didática delas. Nunca se comparem com os seus colegas. Talvez alguns aparentem maior facilidade com os debates acadêmicos que vocês. Muitas vezes, não passa disso: aparência. Também cabe dizer que é normal que uns tenham maior acúmulo de leitura que outros, mas não se intimidem com os companheiros que parece terem lido muito mais que vocês. Cada um tem o seu próprio tempo de aprendizado e a jornada intelectual não é uma corrida. Preocupem-se apenas em adquirir disciplina de estudos, respeitando suas próprias limitações (todos nós, humanos que somos, as temos!) e jamais abdicando das demais esferas da vida. Lembrem-se de que são aprendizes e de que aprendem para seu próprio proveito. Aproveitem ao máximo as possibilidades que a Universidade proporciona. Leiam, debatam e engajem-se, mas não se permitam afligirem pelas angústias e oscilações de autoestima, – é, em síntese, a mensagem que tenho a vocês, caras alunas e caros alunos.
Carinhosamente, Bruno Uchoa Borgongino p.s.: sim, meu sobrenome não é acentuado.